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Herança Mendeliana

Mendel introduz pela 1ª vez o conceito de gene. Ele fez um cruzamento de linhas puras (tem dois alelos iguais,
ou seja, é homozigótico) ervilhas amarelas AA x ervilhas verdes aa, que resultou em ervilhas amarelas Aa (pois
A é dominante). Depois decidiu fazer uma autofertilização, ou seja, Aa x Aa que resultou em AA 2Aa aa. Assim
a proporção fenotípica é de 3:1 (amarelas:verde) enquanto que a proporção genotípica é 1:2:1. Ele verificou
que os resultados eram semelhantes quando realizou cruzamentos recíprocos e então surgiu a 1ª Lei de
Mendel

1º Lei de Mendel: Lei da segregação equivalente – pares de alelos separam-se durante a formação
dos gâmetas.

Herança Mendeliana em Humanos

Critérios para característica dominante autossómica:

1. Machos e fêmeas podem ser afetados. Pode haver transmissão macho para macho
2. Machos e fêmeas transmitem a característica com igual frequência.
3. Gerações sucessivas são afetada.
4. Transmissão para se aparecer uma geração em que ninguém é afetado

Os traços autossómicos dominantes normalmente aparecem com a mesma frequência em ambos os sexos e
não saltam gerações.

Exemplos: Doença de Huntington, Polidactilia, Braquidactilia, Acondroplasia, Hipotricose.

A doença de Huntington é causada pela ação de uma proteína anormal que interfere com a função da proteína
normal. Nesta doença todos que tiverem o alelo HP são doentes, filhos afetados têm pais afetados,
aproximadamente metade dos irmãos são afetados, homens e mulheres são igualmente propensos a serem
afetados (autossómicos)

Critérios para característica recessiva autossómica:

1. Machos e fêmeas são afetados.


2. Machos e fêmeas podem transmitir a característica a não ser que cause morte antes da idade
reprodutiva.
3. Pode saltar gerações.
4. Pais de indivíduos afetados são heterozigóticos ou afetados

Exemplos de doenças recessivas: Fenilcetonúria, Distrofia muscular, Albinismo, Fibrose cística.

O albinismo é um traço autossómico recessivo que aparece porque o individuo homozigótico recessivo não
possui uma enzima necessária para produzir melanina. Homens e mulheres são igualmente propensos a serem
afetados (autossómicos), indivíduos afetados têm descendência não afetada (salta gerações), indivíduos
afetas têm progenitores não afetados, consanguiniedade resulta em filhos afetados, aproximadamente ¼ dos
irmãos apresenta a condição.

As doenças recessivas são doenças do metabolismo causadas por ausência de 1 enzima, normalmente são
mais severas e com sintomas em idades mais jovens e muitas vezes são referidas como Perda de Função.

Fabiana Portela
Resumo:

2º Lei de Mendel: Lei da Segregação Independente: resulta do


alinhamento ao acaso de pares de cromossomas durante a metafase
da Meiose I

Mendel concluiu que a segregação independente dos fatores para duas ou


mais características era um princípio geral, constituindo uma segunda lei da
herança. Assim, ele denominou esse princípio segunda lei da herança ou lei
da segregação independente, posteriormente chamada segunda lei de
Mendel: Os fatores para duas ou mais características segregam-se no
híbrido, distribuindo-se independentemente para os gametas, onde se
combinam ao acaso. A proporção 9:3:3:1

Ao estudar a herança simultânea de diversos pares de características. Mendel


sempre observou, em F2, a proporção fenotípica 9:3:3:1, consequência da
segregação independente ocorrida no duplo-heterozigoto, que origina quatro
tipos de gameta.

Fabiana Portela
Geração F1: 100% VrRr

vr vr
VR VvRr VvRr
VR VvRr VvRr

Probabilidades – Usamos a soma se for: a mãe OU o pai têm a doença (apenas um deles)

Usamos a multiplicação se for: a mãe E o pai têm a doença (ambos)

Segundo Mendel, cada gene é então representado por dois alelos: o alelo dominante e o alelo recessivo.

EXCESSÕES ÀS LEIS DE MENDEL:


1. Expressão genética parece alterar as razões de Mendel.

- Existência de alelos letais, a homozigotia dominante provoca letalidade. Proporção de 2:1 em vez de 3:1
como era nos alelos de Mendel. Um exemplo de alelo letal é o nanismo

- Existência de alelos múltiplos: Um gene pode existir em mais do que 2 formas alélicas numa população pois
pode mutar de muitas maneiras diferentes. A correlação genótipo-fenótipo pode permitir a previsão do curso
de uma determinada doença por teste à nascença ou ainda mais cedo. Tem como vantagem a variabilidade
que concebe à população.

- Alterações à dominância:

• Dominância incompleta – heterozigótico – expressao medida normalmente como um intervalo, por


exemplo, niveis de enzima que estão entre os níveis normais e ausência completa. (cruzas flor
vermelha com flor branca, o resultado em F1 vai ser flor rosa, isto é, não há um alelo dominante de
forma a que os dois alelos juntam-se).
• Co-dominância – marcadores moleculares em pedigress são co-dominantes, como mostra o
genótipo, os dois alelos são co-dominantes, os dois fenótipos vão estar misturados (cruzas flor
vermelha com flor branca, o resultado em F1 vai ser flores com manchas vermelhas e brancas, ao
mesmo tempo).

- Epistasia: albinismo em animais não é uma característica Mendeliana, pois há 2 genes, um para a cor e outro
para permitir se essa cor pode ou não existir (gene epistático). Se o gene epistático permitir outro gene, o
animal é das cores de pele normais, se o gene epistático não permitir outro gene então o animal vai ser albino.

Fabiana Portela
- Variação de Penetrância e expressividade: penetrancia é se tem ou não tem fenótipo, expressividade significa
a intensidade com que tem a característica. Diferentes expressões de um mesmo genótipo refletem o facto
de um gene não atuar sozinho. Fatores como nutrição, exposição a agentes tóxicos, doenças, ação de outros
genes podem influenciar a expressão de um gene.

• Penetrância completa – todos os que herdam a combinação têm alguns sintomas


• Penetrância incompleta – alguns não expressam o fenótipo ou não têm sintomas (polidactilia)
• Expressividade variável – sintomas variam em intensidade em pessoas diferentes (polidactilia)

- Pleiotropia – é um gene que influencia várias funções, dá vários fenótipos. Quando um gene codifica para
uma proteína e essa proteína está em vários tecidos (ex: síndroma de Marfan em que a proteína fibrilina tem
um defeito autossómico)

- Heterogeneidade genética – temos um único fenótipo que pode ser provocado por várias alterações
diferentes (ex: 132 formas diferentes de surdez, é o mesmo gene, mas existem varias causas dessa surdez e,
consequentemente, causa diferentes tipos de surdez)

- Fenocópias: característica provocada pelo ambiente que parece ser herdada, pode produzir sintomas que se
assemelham a sintomas de doença Mendeliana ou imitar padrões herdados por aparecer em parentes.
Talidomina é uma fenocópia da doença hereditária Focomelia que é muito rara, o defeito é causado por
exposição a um teratogénio (droga talidomida)

2. HERANÇA MATERNA E GENES MITOCONDRIAIS:

Os genes mitocondriais são herdados apenas da mãe.

As doenças mitocondriais são resultantes de mutações em genes mitocondriais que afetam então a síntese
proteica ou a respiração celular. Afetam preferencialmente tecidos com muitas mitocôndrias como o musculo
esquelético. Miopatia mitocôndrias refletem-se em músculos francos e flácidos assim como numa intolerância
ao exercício.

Heteroplasmia – uma mutação pode estar presente numa mitocôndria e não noutras, mesmo na mesma
célula. Em cada divisão celular as mitocôndrias são divididas ao acaso pelas células filhas e ao longo do tempo
as células tendem a adquirir mitocôndrias do mesmo tipo (mutantes ou não).

➢ Difere da transmissão dos genes nucleares pois o zigoto recebe genes nucleares dos dois
progenitores, mas os organeloscitoplasmáticos e os seus genes provêem de um só gâmeta, em geral,
do ovo.
➢ O esperma contribui apenas com um pequeno número de genes.
➢ As características transmitidas estão presentes em machos e fêmeas e são transmitidas pela mãe para
a descendência.
➢ Estas características da transmissão citoplasmática exibem uma grande variação fenotípica pois não
existem mecanismos semelhantes à mitose ou à meiose que assegurem que os genes
citoplasmáticossejam distribuídos de uma forma equilibrada.
➢ Como consequência, quer as células quer a descendência contêm diferentes proporções de genes
citoplasmáticos.

A expressão pode variar entre irmãos dependendo do número de mitocondrias contendo mutação que
estavam no oócito que originou cada irmão. Sindroma de Leigh - afecta a enzimaque produz ATP.

Fabiana Portela
Assim, as doenças mitocondriais podem ser:

Homoplásmicas – as muito severas alteram a sintese proteica e produçao de energia não havendo
desenvolvimento embrionario.

Heteroplasmicas – são normalmente mais graves, só produzem sintomas em adulto porque são necessarias
muitas divisoes celulares e muito tempo apra uma celula receber mitocondrias mutados suficientes para
produzir os sintomas.

Exceção ao efeito genético maternal: heteroplasmia (mistura), quando o mtDNA do esperma passa para o
citoplasma do ovo na altura da fertiliação. Nesses casos o DNA materno e paterno podem recombinar.

3. Linkage:
Genes que se encontram no mesmo cromossoma não se separam normalmente durante a meiose ou seja,
não há segregação independente.

Mapas genéticos – quanto mais distantes 2 genes estiverem num cromossoma, mais provavel é que sofram
crossing-over porque há maior distancia física entre eles. A correlação entre a frequencia de crossover e a
distancia entre os genes permitiu construir mapas genéticos que são diagrmas que mostram a ordem dos
genes nos cromossomas e as disntancia relativas entre eles. A frequencia de recombinação é tanto maior
quanto maior for a distancia entre os dois genes.

Frequencia de recombinação: numéro de recombinantes/ numero total da descendencia.

1 unidade de mapa genético é equivalente a 1% de crossing-over.

Coeficiente de coincidencia: numero de crossing-over duplos observados/numero de crossing-over duplos


esperado.

Interferencia – corresponde ao grau com que o crossing-over pode interferir com outros crossing-over:
interferncia= 1 coeficiente de coincidencia.

Relação com o Sexo:


Cromossomas sexuais
Sexo heterogamético – sexo com 2 cromossomas sexuais diferentes
Sexo homogamético – sexo com 2 cromossomas sexuais iguais.

Humanos – heterogaméticos – cromossoma X e cromossoma Y.

Genes do cromossoma Y são divididos em 3 grupos dependendo da semelhança com genes do cromossoma
X:

➢ Regiões pseudoautossómicas – têm semelhantes no cromossoma X podendo sofrer crossover com


eles. Genes que funcionam com 2 sexos, que participam ou controlam atividades como crescimento
dos ossos, transdução de sinal, síntese de hormonas e recetores, metabolismo energético.

Fabiana Portela
➢ Homólogos X-Y – muito semelhantes com sequencias de certos genes do cromossoma X mas não
idênticos.
➢ Unicos do cromossa Y – SRY (codificam proteínas que participam no controlo do ciclo celular,
regulação da expressão genética).

Mulher – XX Homem- XY

Características herdadas pelos cromossomas sexuais:

- Ligadas ao X: têm diferentes padrões de expressão em machos e fêmeas, os machos são hemizigoticos para
características ligadas ao cromossoma X e fêmeas são autossómicos (são necessárias duas copias para a
expressão de um alelo recessivo)

- Ligada ao Y: são raras pois o cromossoma Y tem poucos genes e muitos são copias do que há no cromossoma
X.

Transmissão ligada ao cromossoma X: Critérios para um traço ligado ao X recessivo

- sempre expresso em machos

- expresso em fêmeas homozigóticas

- transmitido de mãe homozigótica ou heterozigótica para filho

- fêmea afetada tem um pai afetado e uma mãe afetada ou heterozigótica.

Traço ligado ao X recessivo aparece mais nos homens e não é passado de pai para filho.

Daltonismo e Ichthyosis são exemplos de doenças ligadas ao cromossoma X recessivo.

Ligação ao cromossoma X dominante:

- um alelo único manifesta-se em machos e fêmeas embora com maior severidade em machos.

Critérios para um traço dominante ligado ao cromossoma X:

1- Expresso em fêmeas com 1 única copia


2- Expresso mais intensamente em machos
3- Altos níveis de não portadores, devido a letalidade precoce em machos.

Hipertricosis e incotinentia pigmenti são exemplos de doenças ligadas ao cromossoma X dominante.

Transmissão ligada ao cromossoma Y:

- tem um padrão de transmissão distinto

- só está presente nos homens, uma vez que os homens é que possuem cromossoma Y.

- todos os descendentes de um homem com característica ligada ao cromossoma Y exibem essa característica.
Ou seja, pai passa para filhos.

Fabiana Portela
Mutação cromossómica: Ocorrem espontaneamente por acidentes nas células. Ocorre uma alteração na
estrutura cromossómica ou alteração no número de copias de cromossomas. Quanto ao número de copias de
cromossomas temos aneuploidia (conjunto cromossómico que difere do normal por alteração parcial) ou
euploidia (organismos com múltiplos do numero monoploide de cromossomas em que os números pares são
geralmente férteis e os impares inférteis).

O equilíbrio génico é o número de cópias ou a quantidade do produto génico e as alterações do equilíbrio


resultam em efeitos globais sobre a expressão de outros genes, alterações dos genes afetos aos cromossomas.

Aneuploidia – resulta da não separação dos cromossomas durante a mitose ou meiose – não há disjunção
mitótica ou não há disjunção meiótica. Dá origem a um individuo com número de cromossomas que difere do
normal em parte do conjunto de cromossomas. 2n-2 nulissomia (fatal para diploides), 2n-1 monossomia, 2n+1
trissomia.

A síndrome de Turner é uma doença causada por aneuploidia em que o cromossoma em falta perturba o
balanço energético geral do cariótipo. Do tipo 2n-1.

Dissomia uniparental – 2 contribuições genéticas do mesmo progenitor, 1 cromossoma ou parte dele


representa em dobro o progenitor.

As mutações cromossómicas (alteração na estrutura) podem ser:

➢ DELEÇÃO – ocorre eliminação de um fragmento. Pode ser intragenica se for uma pequena deleção
dentro de um gene ou pode ser multigénica se houver deleção de muitos genes. A síndrome de cri-
du-cha é uma mutação cromossómica onde ocorre deleção de uma parte do braço curto do
cromossoma 5, crianças com esta doença apresentam um atraso no desenvolvimento e choram
semelhante a um gato.
➢ DUPLICAÇÃO – podem resultar de recombinação desigual, é uma fonte de novos genes e famílias
génicas. Podem ser sequenciais quando as duplicações são adjacentes ou por inserção quando o gene
duplicado é inserido algures no genoma.
➢ REPETIÇÃO – síndrome do X frágil onde há repetição do RNAm CGG ou CCG
➢ ISOCROMOSSOMA – o material dos dois braços tem a mesma constituição, mas o outro braço perde-
se, resultada da divisão transversal do centrómero na meiose ou mitose, leva à separação das 2 copias
de braços.
➢ INVERSÃO – pode ser paricentrica quando a inversão estende-se ate ao centrómero ou pode ser
paracêntrica quando o centrómero esta fora da inversão ou seja as duas quebras ocorrem no mesmo
braço.
➢ TRANSLOCAÇÃO – alteração da ordem dos genes, sem perda nem ganho de DNA. A síndrome de
Alagille é uma translocação recíproco entre os cromossomas 2 e 20 e conduz a características faciais
distintas.

Fabiana Portela
Genética quantitativa:

Traços – mendeliano (apenas um gene é responsável por ele); poligénico (mais do que um gene é responsável,
o efeito dos vários genes é muitas vezes aditivo, traços poligénicos puros são raros e são na sua maioria
multifactoriais, ou seja, influenciados pelo ambiente).

O traço poligénico produz frequentemente uma continuidade do fenótipo, é um traço com variação continua.
Cada gene segue as leis de Mendel mas juntos não produzem razoes típicas, todos contribuem para o fenótipo
sem mostrar dominância ou recessividade uns em relação aos outros. Alguns genes, naturalmente, podem ter
maior contribuição do que outros.

Cromatina e Cromossomas:

Genoma – totalidade de informação genética presente nos cromossomas (núcleo, mitocôndrias e


cloroplastos).

Nuclear: O genoma humano haploide tem 3x10 elevado a 9 bp de DNA, contem entre 50.000 e 100.000 genes
e a maioria dos genes são copias únicas do genoma haploide e sequencias Alu estão presentes por todos o
genoma.

Mitocondrial: genoma circular de 17.000 bp e contem menos de 40 genes.

Cromatina- DNA associada a proteínas histonicas e não histonicas, compartimentada em domínios estruturais,
distribuição espacial que parece estar relacionada com a atividade celular e diferenciação.

Cromatina no núcleo interfásico – núcleos eucariotas possuem dois tipos de cromatina que se distinguem pelo
grau de condensação e pela atividade de transcrição.

Eucromatina – descondensada, ativa (corresponde às regiões do genoma capazes de transcrição), sensível à


DNase.

Heterocromatina – condensada geralmente durante todo o ciclo celular, e inativa (não ocorre transcrição). O
estado de condensação e inativação pode ser consequência de 2 situações: o DNA não é codificador, ou o DNA
é codificador mas esta num estado temporário de inativação.

Há dois tipos de Heterocromatina:

- facultativa: varia em diferentes tipos de células e estados de desenvolvimento e constituis 1 ou 2


cromossomas X de células femininas.

- Constitutiva: estrutura complexa caracterizada por um estado permanente de condensação e inativação


genética. Localiza-se em posições idênticas em cromossomas homólogos, em regiões pericentromericas,
telómeros e cromossoma Y. A nível molecular esta associada a DNA altamente repetitivo (DNA satélite).

Efeitos da heterocromatina constitutiva – prolongamento da fase S, ligeiro aumento das frequências de


recombinação genética na eucromatina, não há crossing over, parece ter um papel ativo na regulação genética

Fabiana Portela

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