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28/02/2024, 09:34 A expressividade da linguagem e o trabalho do revisor

A expressividade da linguagem e o trabalho do revisor


Prof. Nataniel Gomes

Descrição

O estilo no texto escrito, qualidades do texto e vícios de linguagem a


partir do trabalho de revisão do texto escrito.

Propósito

Compreender os aspectos estilísticos, as qualidades e os possíveis


vícios no texto escrito para desenvolver a capacidade de produzir,
traduzir e revisar textos.

Objetivos

Módulo 1

O estilo no texto escrito


Identificar a noção de estilo e suas implicações na revisão de texto.

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Módulo 2

Revisão, qualidade do texto e vícios de


linguagem

Reconhecer as qualidades e vícios do texto no trabalho de revisão.

meeting_room
Introdução
"A luta contra o erro tipográfico tem algo de homérico. Durante a
revisão os erros se escondem, fazem-se positivamente invisíveis.
Mas, assim que o livro sai, tornam-se visibilíssimos, verdadeiros
sacis a nos botar a língua em todas as páginas. Trata-se de um
mistério que a ciência ainda não conseguiu decifrar."

(Excerto
atribuído a Monteiro Lobato)

A tarefa de quem escreve, prepara um texto para ser publicado,


traduz ou mesmo revisa pode ser das mais ingratas que existe.
Quando aparece algum tipo de erro, os leitores apontam
imediatamente o equívoco e esquecem-se de todos os acertos do
profissional, seja o tradutor, revisor ou preparador de texto.

No caso de uma tradução ou adaptação, a versão publicada


acaba servindo como cartão de visitas do tradutor ou revisor. Se
ninguém comenta nada sobre o trabalho do profissional, ele foi
bem-sucedido, mas se houver erro, ele logo é percebido e se diz,
apressadamente, que o livro foi mal traduzido ou não teve uma
boa revisão.

Mesmo escritores mais experientes sabem que editar e publicar


um livro é uma tarefa muito desafiadora. Por isso, é tão
importante estudar e se dedicar para fazer um trabalho que tenha
fluência, qualidade e o mínimo possível de erros.

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Em vista disso, vamos aprender neste conteúdo sobre o estilo no


texto escrito, as qualidades de um bom texto e os vícios de
linguagem que devem ser corrigidos ou evitados.

1 - O estilo no texto escrito


Ao final deste módulo, você será capaz de identificar a noção de estilo e suas implicações na
revisão de texto.

Texto e estilo

Nova abordagem do texto


Para produzir, preparar ou mesmo rever textos que tenham reconhecida
qualidade é preciso estudar bastante e dominar a língua que for
utilizada. Também é fundamental conhecer os estilos textuais, de modo
que o texto tenha um estilo que possa chamar a atenção do leitor de
forma positiva, despertando seu interesse para a leitura do material,
sem abrir mão do alcance do público e da qualidade.

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Durante bastante tempo, os professores analisavam os textos,


principalmente as redações escolares, a partir do grau de coerência e
incoerência, de sua legibilidade ou não, simplificando toda a produção
textual em um processo que apenas servia para atribuir nota, em que os
alunos escrevem e o docente lê e corrige. Nesse contexto, eram raras as
atividades de produção textual que exigiam “fluência de ideias, de
reflexão”, que levavam o aluno a “criar e imaginar soluções possíveis”
(SAMPAIO, 2009, p. 2293).

Mas com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Língua


Portuguesa, no final dos anos 1990, surgiram diversas mudanças nas
práticas educativas, seja nos aspectos pedagógicos, seja na confecção
do material didático.

Tais mudanças incluem a leitura e a escrita na língua materna, que


passou a se articular com concepções mais modernas sobre língua,
texto e gêneros textuais. Nesse contexto, as abordagens sobre o texto
apontaram questões que passavam pelo social, pelo cognitivo e pelo
linguístico, o que foi denominado de sociocognitivismo interacionista.
Essa abordagem da língua e do texto revitalizou a forma como a
produção textual era ensinada.

O texto que fora visto enquanto produto a ser


avaliado levando em conta os fatores macro,
micro e superestruturais, relevância e
legibilidade, coesão e coerência, passa a ser
encarado enquanto processo/ação/interação.

(SAMPAIO, 2009, p. 2294)

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Na prática, significa dizer que a forma como se enxerga o texto vem


mudando. Essa mudança deve se refletir tanto na produção quanto na
recepção do texto. É importante que o revisor e o preparador de texto
tenham isso em mente para desempenhar o seu papel de acordo com o
que cada geração necessita.

Sobre esse ponto, a professora e revisora Risoleide de Oliveira comenta


o seguinte:

Conforme mostram os revisores em manuais e


entrevistas, bem como o relato de minha
experiência, a revisão é uma atividade
complexa que pressupõe não apenas o
conhecimento da língua mas também de
práticas socioverbais em diversas esferas da
vida humana, considerando-se as
transformações pelas quais passam a
sociedade e a linguagem no mundo
contemporâneo.

(OLIVEIRA, 2016, p. 144)

A noção de estilo

O linguista e professor Sírio Possenti aborda o conceito de estilo de


escrita a partir das ênfases ou sentidos que são atribuídos a essa noção
tão importante:

A noção de estilo mais corrente é, a rigor,


romântica, e só fez sentido na medida em que
foi compreendida como a expressão de uma
subjetividade (unitária, psicológica). [...] A
escolha tem sido entendida, talvez
injustamente, como uma opção entre
alternativas dadas, seja entre palavras, seja

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entre construções, feita com plena


consciência, quer das alternativas, quer do
efeito (de sentido) que cada uma delas
produziria (também imaginado uniforme,
independentemente do processo de leitura e,
evidentemente, do leitor).

(POSSENTI, 2001, p. 15-16)

Possenti explica que o conceito de estilo de escrita passou por


alterações e foi ressignificado no contexto dos estudos linguísticos.
Isso se deveu ao fato de que o estilo entendido como escolha não pode
ter tal escolha “definida como um gesto que decorre simplesmente de
uma avaliação do peso das alternativas por parte de um sujeito/autor
onisciente e todo-poderoso, livre de qualquer amarra institucional”
(POSSENTI, 2009, p. 16).

Assim, ao contrapor uma abordagem romântica da noção de estilo a um


entendimento alternativo, Possenti nos ajuda a compreender que o
estilo do texto escrito é multifatorial, pois as escolhas não se reduzem à
subjetividade do autor do texto.

[...] a escolha pode ser entendida à moda


romântica, como efeito do cálculo de um
indivíduo, mas pode ser entendida,
alternativamente, como efeito de uma
multiplicidade de alternativas – decorrente de
concepções de língua como objetos
heterogêneos –, diante das quais escolher não
é um ato de liberdade, mas o efeito de uma
inscrição (seja genérica, seja social, seja
discursiva). Portanto, trata-se de efeito de
exigências enunciativas [...].

(POSSENTI, 2001, p. 16-17)

Assim, o estilo de escrita de um autor carrega elementos de escolhas


que têm a ver com os recursos estruturais disponíveis para o autor usar

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no que se refere a alguns aspectos do texto:

O objetivo do autor/texto
A estrutura do texto
A necessidade comunicativa
Um texto e a necessidade comunicativa à qual ele se vincula podem
estar voltados para:

subject Tratar de determinado tema

subject Descrever uma pessoa ou objeto

subject Argumentar, persuadir ou orientar

subject Apresentar fatos ou mesmo informar

Por isso, no momento da construção do texto, é fundamental ter claro


qual o tema, a finalidade, o objetivo, quem é o autor, qual o público a ser
alcançado e como todos esses elementos podem ser notados pelos
leitores. Logo, entender a estrutura e o estilo do texto ajuda no trabalho
da preparação de texto e da revisão.

O meio ou o suporte material do texto também pode ter alguma ligação


com seu estilo. O estilo de escrita num texto que se vale da linguagem
hipermidiática, a ser exibido e lido em meios digitais e de forma
interativa, pode apresentar peculiaridades menos frequentes no texto
impresso.

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Linguagem, estilo e qualidade do


texto
A linguagem mais ou menos formal, o vocabulário mais ou menos
sofisticado, a correção gramatical mais ou menos rígida podem
depender, no texto escrito, do seu contexto de produção e recepção.

Exemplo

Não se espera que um livro acadêmico jurídico apresente linguagem


coloquial e frouxidão na observância da gramática normativa, enquanto
uma obra ficcional que retrata o mundo e a fala de personagens
populares com baixa escolaridade pode apresentar um estilo despojado
e variedades linguísticas.

O revisor muitas vezes está diante de textos que não são do mercado
editorial de livros ou de publicações tradicionais. Ele pode ser um revisor
numa agência de publicidade ou de produtores de conteúdo que
veiculam suas publicações na Internet ou nas redes sociais.

Por isso é importante que a linguagem e o estilo de escrita estejam


adequados à situação de produção e recepção do texto.

Exemplo
Uma peça publicitária que visa alcançar um público mais abrangente
pode fazer uso da oralidade na escrita em vez de se sujeitar
integralmente às regras da gramática normativa. É o que ocorre na
famosa propaganda da Caixa Econômica, que dizia: “Vem pra Caixa
você também”. Se um revisor quiser seguir estritamente a gramática,
deverá corrigir o slogan para “Vem para Caixa tu também” ou “Venha
para Caixa você também”. Mas se ele percebeu que o propósito da
mensagem é se aproximar da oralidade e manter identidade com a

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forma mais coloquial de se expressar, o revisor manterá


intencionalmente o slogan com esses aparentes erros gramaticais.

É claro que, no nosso exemplo, do ponto de vista normativo, a forma


verbal deveria ser “venha” e a contração da preposição deveria ser
evitada, usando “para”, mas o impacto seria menor.

Se a intenção da obra for atingir leitores que não são profundos


conhecedores da gramática, pequenas concessões podem ser feitas
intencionalmente. Por isso é fundamental entender qual é o público-
alvo, o perfil da editora, do autor, os objetivos, a fluência etc.

Se um revisor pensar apenas na questão normativa do


texto, desconsiderando os outros elementos, culturais,
sociais ou ideológicos, pode fracassar em sua missão.

Diante dessas considerações, devemos concordar com Oliveira quando


afirma o seguinte:

A atividade de revisão vai além da correção das


normas gramaticais, uma vez que os
profissionais atentariam também para as
condições concretas de produção, recepção e
circulação do texto em foco.

(OLIVEIRA, 2016, p. 145)

O estilo do texto escrito não deve comprometer a qualidade do texto.


Mesmo de maneira intuitiva, é possível distinguir um texto bom de um
ruim, conforme nos lembra o escritor argentino Ariel Rivadeneira:

Você conhece um texto mal escrito quando ele


lhe dá a impressão daquela voz de aeroporto,
que diz: Atenção, senhores passageiros com
destino a São Paulo, última chamada.
Embarque pelo portão 2. Ou quando ler o texto

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se assemelha a ouvir a voz de um tabelião que


relata uma sequência de informações difíceis
de absorver, principalmente enfatizando o final.

(RIVADENEIRA, 2016, p. 145)

Rivadeneira continua agora apontando as qualidades de um bom texto,


mesmo de maneira intuitiva, que o leitor percebe facilmente.

Um texto é bom quando parece simples e


espontâneo, sem deixar o leitor perceber o
complexo trabalho de elaboração do escritor, e
quando a voz narrativa resulta totalmente
verossímil, incitando o leitor a ler outras vezes
ou a indicar o livro.

(RIVADENEIRA, 2009, p. 29)

O famoso escritor italiano Italo Calvino, no seu livro Seis propostas para
o próximo milênio (1990), apresenta algumas virtudes literárias que
seriam vitais para produzir um texto:

playlist_add_check Leveza

playlist_add_check Rapidez

playlist_add_check Exatidão

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playlist_add_check Visibilidade

playlist_add_check Multiplicidade

A partir das reflexões de Calvino (1990) sobre o ofício de escrever,


poderíamos dizer que escrever não significa registrar uma palavra por
sua aparência ou porque soa erudita; ao contrário, a essência do
significado deve se unir à estrutura do texto para que ele não pareça
artificial ou cheio de clichês.

Para que um texto tenha qualidade e alcance o público, é fundamental


respeitar certos componentes linguísticos, tais como os citados por
Italo Calvino, usando outra nomenclatura:

Concisão

Escrever de forma objetiva, sem usar o supérfluo.

Correção

A escrita deve estar de acordo com as normas da língua, seja


qual for a modalidade do texto.

Clareza

Dar ao leitor coerência, tornando o texto facilmente


compreensível, assim sugere-se que não se use períodos
extensos e vocábulos rebuscados.

Precisão

Seleção exata da palavra para a ideia que se quer expressar.

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Coesão

Uso lógico de expressões e ideias, unindo-as no texto.

Se a intenção é produzir textos publicitários ou mesmo fazer a revisão


desse tipo de texto, devemos considerar que o objetivo do texto, na
maioria das vezes, é a persuasão. Nesse sentido, o texto se vale de
vários recursos para conquistar a adesão do leitor ou levá-lo a
determinado comportamento. Esses recursos envolvem tanto
informações verdadeiras quanto elementos que podem ser
manipulados, conforme nos lembra Barreto:

Ainda que use informações e verdades (porque


ambas são valiosíssimos recursos para a
persuasão) serão sempre informações e
verdades comprometidas com o objetivo maior
da persuasão, da manipulação em prol de
interesses reais do anunciante.

(BARRETO, 2004, p. 122)

Estilo em diferentes gêneros


discursivos

O princípio da cooperação de Grice

Os diferentes gêneros textuais ou gêneros discursivos demandam


estratégias e estilos próprios na elaboração do texto. No trabalho de
revisão desses textos, o gênero discursivo em questão deve ser levado
em conta.

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O revisor de textos publicitários, por exemplo, deve considerar que os


textos das peças publicitárias vão exigir um trabalho de revisão que
considere as estratégias comunicativas ou os demais aspectos
próprios a esse gênero discursivo.

Em uma propaganda, a comunicação é marcada por meio de intenções,


na qual o falante (anunciante) insinua a compra do seu produto. Sendo a
propaganda um ato de persuasão e tendo também um caráter
informativo, o consumidor é persuadido por meio do texto, seja verbal,
não verbal ou híbrido. Isso pode ser feito de forma implícita, indireta,
com uma linguagem concisa, porém carregada de efeitos e sentidos.

As características e virtudes daquilo que é divulgado


são enaltecidas na propaganda, mas se espera que o
leitor interprete e dê sentido ao texto lido na peça
publicitária, produzindo um tipo de interação.

A essa interação Grice chamou de Princípio de Cooperação. Tal


princípio é dividido em quatro máximas, que fazem muito sentido ao que
foi proposto por Italo Calvino, conforme comentado anteriormente, para
a eficiência e a qualidade do texto, seja de que tipo for. Essas máximas
devem ser consideradas também no trabalho do revisor.

Vejamos as quatro máximas propostas por Grice:

Máxima de quantidade

“Torne seu discurso tão rico de informação(ções), mas não em


excesso, quanto requerido pelo objetivo da comunicação.”
(GRICE, 1975, p. 45).

Faça sua contribuição tão informativa quanto requerido.

Não faça sua contribuição mais informativa do que


requerido.

Máxima de qualidade

“Trate de fazer uma contribuição que seja verdadeira” (GRICE,


1975, p. 45).

Não diga o que você acredita ser falso.

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Não diga senão aquilo para o que você possa fornecer


evidência adequada.

Máxima de relação ou de relevância

“Seja pertinente/relevante.” (GRICE, 1975, p. 45).

Máxima de modo/maneira

“Seja claro, sem equívocos, sintético e ordenado.” (GRICE, 1975,


p. 45).

Evite obscuridade de expressão.

Evite ambiguidades.

Seja breve (evite prolixidade desnecessária).

Seja ordenado.

Cuidados com a paragrafação


Além do cuidado com as informações apresentadas no texto e a
atenção para não incorrer em vícios de linguagem, quem escreve,
prepara o texto ou revisa precisa ter atenção com os parágrafos. Eles
podem ser curtos, médios e longos.

Parágrafos curtos

Os parágrafos curtos geralmente aparecem na notícia, nas colunas


estreitas, já artigos e editoriais geralmente têm parágrafos mais longos.
Vale destacar que revistas populares e livros didáticos destinados a
alunos que estão começando seus estudos costumam usar de
parágrafos curtos.

Exemplo:

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Peça publicitária do Governo do Estado da Bahia.

Parágrafos médios

Os parágrafos médios são comuns em revistas e livros didáticos. Em


geral, o parágrafo médio é constituído por 3 períodos, totalizando algo
entre 50 e 150 palavras. Normalmente, em uma página de livro cabem
cerca de três parágrafos médios, dependendo da diagramação utilizada
e do tamanho do livro.

Exemplo:

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Parágrafos longos

Os parágrafos longos são muito utilizados nas obras científicas e


acadêmicas. Geralmente são textos com muitas páginas, com
explicações complexas, exigindo ideias variadas e especificações, mas
pressupõem que o seu público-alvo tem fôlego para acompanhá-los na
leitura.

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Estilo de escrita e revisão textual
Aprenda mais sobre a noção de estilo de escrita e suas implicações no
trabalho do revisor de texto.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

O linguista Sírio Possenti problematiza a noção de estilo


apresentando diferentes abordagens ou entendimentos desse
conceito. Ele sintetiza essas abordagens em termos de um
tratamento mais romântico da questão do estilo e outro tratamento

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mais alternativo e plural. A diferença está nos tipos de escolhas que


são feitas em cada estilo. Assim, é correto afirmar que

a noção de estilo à moda romântica se define pelas


escolhas do indivíduo, enquanto numa abordagem
A
alternativa há múltiplos fatores que interferem na
escolha.

a noção de estilo à moda romântica se define pelos


múltiplos fatores que interferem na escolha,
B
enquanto numa abordagem alternativa as escolhas
se reduzem à subjetividade do indivíduo.

a noção de estilo à moda romântica enfatiza a


liberdade do indivíduo, enquanto a abordagem
C
alternativa de estilo está focada nas limitações
pessoais e subjetivas.

tanto o entendimento do estilo na abordagem


D romântica quanto nas abordagens mais alternativas
se caracteriza pela ausência de escolhas.

o estilo na escrita é fator dependente das escolhas


condicionadas institucionalmente, o que é
E
reconhecido pela abordagem romântica e pelas
abordagens linguísticas.

Parabéns! A alternativa A está correta.

De acordo com Possenti (2001, p. 16-17), o estilo na concepção


romântica é “um efeito de cálculo do indivíduo”, ou seja, se
caracteriza pelas escolhas individuais ou subjetivas na produção do
texto. Já no entendimento alternativo de estilo de escrita, há uma
multiplicidade de escolhas decorrente de concepções de língua e
de exigências enunciativas; portanto, não se trata de um ato de
liberdade em que a escolha é subjetiva e irrestrita.

Questão 2

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“Há, portanto, uma arte de escrever – que é a redação. Não é uma


prerrogativa dos literatos, senão uma atividade social indispensável,
para a qual falta, não obstante, muitas vezes, uma preparação
preliminar. A arte de falar, necessária à exposição oral, é mais fácil
na medida em que se beneficia da prática da fala cotidiana, de
cujos elementos parte em princípio. O que há de comum, antes de
tudo, entre a exposição oral e a escrita é a necessidade da boa
composição, isto é, uma distribuição metódica e compreensível de
ideias.”
(CÂMARA JÚNIOR, J. M. Manual de expressão oral & escrita. 7 ed.
Petrópolis, RJ: Vozes, 1983.)

Considerando o texto acima e o que você estudou neste módulo


sobre a preparação necessária para a arte de escrever, é correto
afirmar que

é fundamental apresentar ganchos que despertem o


A interesse para a leitura, já que o fundamental é atrair
o leitor, os outros aspectos são secundários.

o mais importante é o grau de coerência,


inteligibilidade do texto produzido, pois a fluência
B
das ideias e a criatividade são aspectos secundários
na redação.

é dispensável o domínio pleno da língua padrão, já


que os estilos de redação dependem
C
essencialmente do autor e das escolhas que faz no
ato de redigir.

o primeiro passo é a identificação dos tipos de texto


e estilos de redação, com o estabelecimento dos
D
objetivos, do tema, da finalidade e do público a ser
alcançado.

a arte da escrita deve ser livre de amarras, as quais


só servem para engessar o autor, prejudicando a
E
qualidade do texto, independentemente do tipo de
texto.

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Parabéns! A alternativa D está correta.

Para se escrever com qualidade, deve-se inicialmente identificar o


tipo de texto e estilo a ser utilizado, partindo para os objetivos, a
finalidade e o público leitor que deve ser alcançado. A partir desses
passos, a produção textual tem mais chance de “fisgar” um número
maior de leitores interessados no tema abordado. Esses elementos
também devem ser considerados pelo revisor do texto.

2 - Revisão, qualidade do texto e vícios de linguagem


Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer as qualidades e vícios do texto no
trabalho de revisão.

O desafio da revisão

Produção e revisão de textos


A produção ou a revisão de um texto para muitos é algo bastante
complexo. Para quem escreve, ver-se diante de um papel em branco ou
uma tela vazia pode causar alguma angústia ou inquietação, fazendo
com que as ideias simplesmente sumam. O revisor também pode se
sentir intimidado para rever a obra do autor. Mas esses obstáculos
podem servir como um trampolim para se desenvolver melhor na arte da
escrita, tanto para quem escreve como para quem vai revisar o texto.

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Por isso, é importante ter a noção de que parte da aptidão da escrita e


da revisão é conquistada ao longo da vida, mediante várias situações,
por exemplo:

playlist_add_check Experiência como interlocutores no ato da


comunicação

playlist_add_check Estudo sistematizado da gramática


normativa

playlist_add_check Contato com as informações e notícias do


dia a dia

playlist_add_check Hábito de leitura

Tudo isso pode contribuir para a criação de algumas condições para a


produção ou a revisão de textos, tais como:

Aprimoramento do vocabulário e domínio da


língua
Ampliação do conhecimento de mundo
Enriquecimento do repertório sociocultural
Esses são aspectos aparentemente simples que devem ser
considerados por quem deseja escrever ou rever textos com um
desempenho melhor.

Vale destacar que, até a Revolução Industrial, o trabalho do revisor, do


preparador e do filólogo se confundia. Assim, o profissional responsável
pela revisão das provas tipográficas, sem compromisso com o conteúdo

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do texto, consolidou-se a partir do século XIX, mas parece estar


voltando ao modelo anterior, como afirma Araújo:

[Do revisor] se exige algo mais que simples


alfabetização [...], na realidade, requer-se um
bom conhecimento normativo da língua,
extrema capacidade de concentração, perícia
suficiente para distinguir as principais famílias
e fontes de tipos, perfeito domínio da maior
quantidade possível dos signos com os quais
assinala, nas provas, aquilo que discrepa do
original, além de razoável cultura geral para
não cometer, ele mesmo, determinados erros
(por exemplo, mandar substituir ‘mercedários’
por ‘mercenários’, ‘românico’ por ‘romântico’ e
assim por diante).

(ARAÚJO, 1986, p. 390)

De acordo com o livro a ser revisado, é possível que sejam necessárias


diversas revisões para que o texto seja publicado da melhor forma
possível, por isso Houaiss (1981, p. 54) diz “que é quase um milagre que
um livro com duas revisões seja apresentável”.

Aspectos ortográficos e gramaticais na revisão

Merece destaque que a revisão de um texto é parte do processo da


escrita e não deve ser pensada à parte da produção textual.

Por meio da revisão é possível corrigir os erros gramaticais e


ortográficos, além de conferir se o texto segue os objetivos propostos.
Para isso, é preciso distinguir o erro gramatical do erro ortográfico.

Em um sentido mais recorrente, a gramática vai tratar dos fatos da


linguagem e das suas leis do bom uso da língua, enquanto a ortografia
regula a escrita correta das palavras, incluindo a acentuação gráfica.

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A escrita correta da língua portuguesa está ligada


tanto à origem das palavras, a chamada etimologia,
quanto aos critérios fonológicos.

A escrita é uma convenção social que envolve diversos países nos quais
determinada língua é tida como oficial. Por isso, é preciso entender os
chamados acordos ortográficos que envolvem os países de língua
portuguesa.

Saiba mais
O primeiro acordo ocorreu em 1931 e tinha o objetivo de promover a
unificação do sistema de escrita de Portugal e do Brasil. Em nosso país,
as reformas ortográficas ocorreram em 1943, 1945, 1971 e 1973. Em
1986, foi realizado um encontro de todos os representantes de países
que têm a língua portuguesa como idioma oficial, quando foi
estabelecido o acordo ortográfico de 1986, mas este não foi
implementado.

O acordo ortográfico mais recente entrou em vigor em 2009, retirando


vários acentos e incluindo oficialmente as letras “k”, “w” e “y” no sistema
de escrita.

Para que os usuários da língua possam escrever de acordo com o que


se espera, eles devem conhecer as regras impostas para a escrita e/ou
consultar um bom dicionário.

A apropriação da ortografia da língua ocorre de


maneira gradativa, constante e ininterrupta. Sua
aprendizagem depende de leitura, escrita, observação
e estudo. Por outro lado, os erros gramaticais referem-
se ao uso equivocado de estruturas da língua, ainda
que as palavras possam estar grafadas de forma
correta.

Algumas palavras ou expressões podem trazer certa dificuldade para


quem escreve ou revisa o texto, por isso é sempre bom estudá-las. O
revisor deve também ter cuidado com as concordâncias verbal e
nominal no texto, especialmente nas frases que apresentam inversão da
ordem sintática.

Em alguns casos, o revisor pode se deparar com questões gramaticais


que não são pacificadas ou que apresentam pontos de vista diferentes
entre gramáticos e linguistas. Nesses casos, quando o texto é uma

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publicação de instituição que possui seu manual de redação, a


orientação é seguir o que estabelece o manual.

Também é interessante cotejar o que dizem os diversos manuais de


redação dos grandes órgãos de imprensa. Além disso, há instituições
públicas, como o Senado Federal, que publicam e disponibilizam seu
manual de redação. Esses manuais são fonte valiosa de consulta, além
das gramáticas normativas de autores reconhecidos como Evanildo
Bechara, Celso Cunha, Rocha Lima e Domingos Cegalla, entre outros.
Também não devemos nos esquecer das chamadas gramáticas de uso
do português, como da professora Maria Helena de Moura Neves, para
mencionar apenas uma.

Procedimentos na revisão

Quatro passos para revisar um texto


Para ter um melhor desempenho na revisão de textos, apresentamos
algumas sugestões de como fazer a fim de ter sucesso nessa
empreitada.

Primeiro passo

Primeiramente, procure os erros ou incorreções gramaticais no texto


que mostrem a falta de domínio da gramática normativa.

Exemplo
Palavras escritas de maneira errada, regência equivocada ou falta de
concordância.

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Segundo passo

Em seguida, procure a coerência e a coesão textual. Junto à coesão,


que estabelece a articulação e a organização interna do texto, a
coerência tem como função a construção dos sentidos. Por meio da
coerência, ocorre a formação de uma cadeia de ideias, que são
concatenadas.

Exemplo
Verifique se há frases em que os conectivos ou articuladores estão
ausentes ou nas quais os conectores utilizados estabelecem relações
ou sentidos que não são coerentes.

Lembre-se de que a coesão e a coerência são fatores de textualidade


interligados ou interdependentes, estando relacionados com a própria
organização e desenvolvimento do texto de modo a tornar o texto um
todo orgânico que produz sentido.

Curiosidade
Pode haver situações em que a coerência do texto é estabelecida por
um título pertinente, adequado ou mesmo criativo. Um título adequado
pode antecipar para o leitor elementos que são chaves na leitura e
compreensão do texto. Por meio do título, o autor pode atribuir clareza e
precisão ao texto.

A coesão e a coerência textual são responsáveis pela organização dos


períodos e parágrafos, dando a ideia de linearidade ou desenvolvimento
ao texto.

Terceiro passo

Em terceiro lugar, verifique se o texto está claro. Geralmente, frases


curtas são ideais para deixar o texto mais claro. O texto informativo, por
exemplo, precisa de objetividade para que o leitor consiga absorver o
conteúdo.

Quarto passo

Em quarto lugar, tenha atenção ao revisar o texto. É impossível fazer um


bom trabalho de revisão com pressa ou muito cansado. É preciso ler
com calma e muita atenção, fazendo pausas necessárias para
descansar e refletir, muitas vezes para pesquisar uma dúvida que
apareceu no texto.

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O ato de revisão faz com que o profissional aprenda sempre um pouco


mais. Por isso, é fundamental ter muita atenção no trabalho.

Inadequações no texto
Quando estiver escrevendo ou revendo um texto, evite o uso de gírias,
clichês, frases inacabadas ou mesmo com um grau elevado de
subjetividade, salvo se no texto houver diálogos ou outra razão que
intencionalmente o exija.

Além disso, é importante:

block Evitar o uso de palavras estrangeiras.

block Desviar-se de repetições de ideias,


palavras, expressões ou períodos, para não
deixar o texto enfadonho e pobre.

block Afastar-se do uso de palavras difíceis ou


pouco usuais. Sem dúvida, a simplicidade é
o melhor caminho para um texto de
qualidade.

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block Não usar expressões genéricas, como


“conjuntura atual”. Qual conjuntura? Com
relação a que? Do que se trata? Geralmente,
o ato de escrever deve evitar que o leitor
tenha dúvidas sobre o que está sendo
proposto.

block Usar sinônimos, para não repetir a mesma


palavra frequentemente.

block Evitar o uso de formas verbais com


auxiliares. Por exemplo, “Ana tinha ido ao
mercado”. A melhor forma é: “Ana foi ao
mercado”.

Atenção!
A repetição ou redundância pode ser desejável em alguns textos que,
intencionalmente, querem reforçar determinado conceito ou
determinada expressão pouco conhecidos, como pode acontecer num
texto didático ou numa propaganda.

Confira, em seguida, alguns erros que poderiam ser facilmente


resolvidos checando o original traduzido para o português ou mesmo
uma leitura atenta.

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A revista O Espetacular Homem-Aranha.


Edição Definitiva n° 5 (PANINI, 2021)
Apresenta como título da história na página 282 "A primeira
aparição do Camaleão", mas na edição americana marca a
primeira aparição do Canguru e não do Camaleão.

A obra Omnibus - Flash por Geoff Johns n°


1 (PANINI, 2021)
Apresenta, na página 524, este trecho: "cinquenta vezes num
seguindo". O certo seria "cinquenta vezes num segundo".

Curiosidade

Existem diversos casos registrados nos quais a quantidade de erros


encontrada era tanta que o livro precisou ser recolhido. Um caso antigo,
mas muito famoso, foi da Revista Brasileira de Economia, que chegou a
sair no Jornal do Brasil, em 1978. Ali os erros incluíam as fórmulas
matemáticas, ou seja, o revisor aparentemente ficou restrito apenas a
rever o texto em língua materna.

Perceba que são vários os problemas que um revisor pode encontrar em


um texto. Vamos a seguir destacar os vícios de linguagem e o desafio
de lidar com eles na revisão do texto.

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Vícios de linguagem
Os vícios de linguagem são erros comuns ou recorrentes na produção
oral ou escrita em nossa língua. Eles surgem por descuido do falante ou
escritor, quando já fazem parte do cotidiano, ou mesmo por
desconhecimento da gramática normativa da língua portuguesa.

É fundamental que os vícios sejam corrigidos para que o texto não fique
comprometido; assim, vamos abordar alguns desses vícios.

Arcaísmo

O arcaísmo é o uso de palavras que não são mais utilizadas na língua


portuguesa. O uso torna o texto com aspecto de algo ultrapassado ou
anacrônico.

Exemplo

Deve-se evitar o uso da segunda pessoa pronominal no singular ou no


plural com a sua respectiva conjugação verbal, assim como o uso de
formas “quiçá”, “Vossa Mercê” ou “por obséquio”.

Traduções antigas da Bíblia utilizam a palavra “nojo” no sentido de “luto”,


o que pode gerar uma grande confusão para o leitor, ainda que o termo
compareça em expressões presentes em textos legais, como “licença
nojo” para designar o afastamento do trabalho em função de morte de
uma pessoa próxima da família.

Barbarismo
O barbarismo ocorre quando se pronuncia ou se escreve uma palavra
de forma errada. Tais erros podem ser na morfologia, na semântica ou
mesmo no uso de estrangeirismo de maneira equivocada.

Atenção!
Antes de tratar dos erros em relação à língua portuguesa, devemos nos
lembrar de que é mais adequado, na maioria das vezes, não fazer a
opção pelo uso de palavras estrangeiras quando existe o equivalente em
nosso idioma.

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Na morfologia, pode-se citar o plural da palavra “cidadão”, feito


inadequadamente na forma “cidadões”, quando o plural correto é
“cidadãos”. Um dos motivos para essa confusão tem a ver com as
regras para o plural, que apresentam muitas exceções, por isso tanta
dúvida.

De modo geral, a formação do plural em nossa língua ocorre pelo


acréscimo do “s” no final da palavra e, no caso dos substantivos
terminados em “ãos”, o plural é formado pela terminação “ões”.

Exemplo
Plurais terminados em ães: cão – cães; pão – pães; capitão – capitães,
mãe – mães; charlatão – charlatães.

O barbarismo morfológico também pode ocorrer em frases como “Se eu


o ver...”, sendo que a flexão correta da forma verbal deve nos levar a
escrever é “Se eu o vir...”.

O barbarismo semântico pode ocorrer quando o falante confunde uma


palavra com outra, como “Toda vez que vejo José, eu o comprimento”,
no lugar de “Toda vez que vejo José, eu o cumprimento”. A confusão se
dá pela proximidade na produção oral das duas formas, mas
“comprimento” se refere a uma medida, já “cumprimento” é uma
saudação. Assim, o barbarismo é semântico quando se confunde o
significado de palavras que têm sentidos diferentes como em: “Sua
chegada era eminente” em vez de “Sua chegada era iminente”.

Vale destacar mais alguns tipos de barbarismo.

O barbarismo fonético é aquele que altera a pronúncia de uma palavra,


podendo ser até mesmo na sílaba tônica, como em “récorde” em vez de
“recorde” ou “adevogado” em vez de “advogado”.

O barbarismo também pode ser ortográfico, como em “caza” em vez de


“casa”.

Solecismo
O solecismo trata dos erros de regência, de colocação ou de
concordância. Em relação à concordância, há casos clássicos, como o
plural dos verbos haver e fazer com o sentido de tempo transcorrido ou
de existência.

Exemplo
“Hoje fazem cinco anos que o novo código foi aprovado”. O certo é:
“Hoje faz cinco anos que o novo código foi aprovado”, já que o verbo

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“fazer” está sendo usado no sentido de tempo transcorrido.

Um outro caso em que o solecismo é bastante presente é no uso de


pronomes. Na escrita, por exemplo, “Me mande um e-mail para
confirmar”, não é a forma como a gramática normativa aceita, mas
“Mande-me uma mensagem”, no início de um período.

Em relação à regência, encontramos solecismo em “Fui no shopping


fazer compras”, quando deveria ser “Fui ao shopping fazer compras”.

Neologismo

Outro vício de linguagem muito comum é o neologismo. São palavras


que foram inventadas para a língua e ainda não foram incorporadas,
permanecendo como novidade linguística. Além disso, pode haver a
atribuição de um sentido novo a uma palavra que já existe na língua.

Curiosidade

O neologismo pode surgir de forma espontânea pela necessidade de


criação de novas palavras, e até mesmo com fins pejorativos e afetivos.
É o que acontece com: “quadrado” (chato ou conservador), “gato”
(bonito), “laranja” (pessoa que utiliza seu nome para o registro de bens
ou transações financeiras de terceiros, ocultando a identidade do
verdadeiro beneficiário), “mala” (pessoa chata) e “barraco” (arrumar
confusão).

Se no texto a ser revisado o uso do neologismo é intencional e


consciente, cabe ao revisor avaliar sua permanência no texto.

Outras inadequações no uso da


linguagem do texto escrito

Preciosismo e plebeísmo
Às vezes, no trabalho de revisão, encontramos problemas com o uso da
linguagem que apontam para exageros ou inadequações em relação ao
registro da linguagem: muito formal ou demasiadamente informal.
Estamos nos referindo ao preciosismo e ao plebeísmo.

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Preciosismo Plebeísmo

É o uso rebuscado da É o uso de expressões


linguagem, de forma populares na fala ou
exagerada, tendo mais close escrita, com gíria e
destaque do que a calão.
mensagem
propriamente dita.

Cacofonia
A cacofonia corresponde a produções sonoras desagradáveis, de forma
não intencional, produzindo um ruído e um efeito negativo na
comunicação.

Exemplo
Na frase: “Os policiais trabalharão em turno e terão 24 horas de
descanso por cada 12 horas trabalhadas”, os termos destacados
apontam para o cacófato “porcada”.

Devemos ter cuidado com manifestações desse tipo de inadequação,


como:

block Eco

Uso desmedido de palavras com terminações iguais


ou parecidas.

block Hiato

Um tipo de cacofonia na qual ocorre uma sequência


repetitiva de vogais, causando um som
desagradável.

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block Colisão

Sequência repetitiva de consoantes, causando um


efeito negativo no enunciado.

Se não for intencional, como a proposta de fazer humor e atrair a


atenção para determinado público, essas inadequações devem ser
corrigidas.

Ambiguidade
A ambiguidade acontece quando são empregadas palavras ou
expressões apresentando mais de um sentido de forma não intencional,
confundindo o leitor.

O subtítulo de uma matéria publicada pela Folha de S. Paulo em 20 de


setembro de 2004 diz: “Polícia encontra livro roubado de Borges”. A
chamada apresenta duas interpretações para o leitor:

O livro pertence ao acervo de alguém


chamado Borges.
Borges é o autor do livro roubado.
Ao ler o texto referente ao título da matéria, a narrativa acaba explicando
o que a chamada não conseguiu fazer de forma clara.

Polícia Federal da Argentina encontrou um


exemplar da primeira edição de um livro de
poemas de Jorge Luis Borges publicado em
1925 e que havia sido roubado. A obra está
avaliada em US$ 10 mil, e estava em uma
barraca numa feira de livros de Buenos Aires,
segundo informações do jornal Clarin. O
exemplar de Luna de Enfrente pertencia ao

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colecionador Horacio Porcel e foi roubada dele


há menos de um ano.

(LITERATURA. Folha de S. Paulo, Ilustrada, 20 set.


2004.)

Pleonasmo e prolixidade
O pleonasmo é a repetição desnecessária de uma ou mais palavras,
gerando um tipo de redundância. Mesmo em textos literários é possível
encontrar pleonasmos, como no verso “Ó mar salgado, quanto do teu sal
são lágrimas de Portugal”, do poeta Fernando Pessoa.

Ora, a água do mar é salgada, porém o poeta usou o pleonasmo literário


de forma intencional para indicar ênfase por meio do estilo e da
semântica. Esse recurso, entretanto, é inadequado em textos não
literários.

Exemplo
Os pleonasmos viciosos, como “multidão de pessoas”, “hemorragia de
sangue” entre outros, devem ser evitados.

A prolixidade ocorre quando se escreve mais do que era necessário,


produzindo um efeito de “enrolação” no leitor, com explicações
supérfluas ou informações desnecessárias, o que torna o texto
entediante e enfadonho. Por exemplo:

Por decisão unânime de toda a diretoria,


solicitamos aos usuários dos banheiros da
empresa que, após usarem os mesmos, limpem
não só a parte interna da pia, mas também a
externa, bem como o espelho, enxuguem o
chão caso haja nele respingos de água, pasta
dentifrício, saponáceos ou qualquer outro
produto, natural ou químico.

(GRION, 2004, p. 25)

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O texto poderia ser reescrito para transmitir a informação de maneira


mais precisa, sem entediar o leitor. Tanto o autor quanto o preparador de
texto ou mesmo revisor podem resolver o problema mexendo na
composição. Vejamos como fazer.

Logo no início aparece: “Por decisão unânime de toda a diretoria...”. Ora


se a decisão é unânime, é de toda a diretoria. Em seguida aparece:
“...solicitamos aos usuários dos banheiros da empresa que, após
usarem os mesmos...”. Há uma redundância, pois quem usa os
banheiros são os usuários. Depois o texto pede para limpar a parte
interna e externa da pia. Deveria pedir simplesmente para limpar a pia.
Em seguida, apresenta uma lista de palavras técnicas como “dentifrício”
e “saponáceos”. Certamente, um cartaz assim exposto no banheiro não
foi feito por quem faz uso dele. Bastava escrever: “Mantenha o banheiro
limpo”. Uma mensagem assim vai direto ao ponto, principalmente em
um texto publicitário ou informativo.

Para que texto tenha qualidade e alcance o seu público-alvo, deve-se


entender o perfil da editora e a quem se destina para que tenha sucesso
em seu objetivo. A revisão não deve ignorar isso, nem mesmo o padrão
normativo da língua.

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Revisão textual, qualidade do texto e
vícios de linguagem
Veja mais sobre a revisão textual a partir do trabalho de identificação da
qualidade do texto, bem como de seus defeitos ou vícios de linguagem.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

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Analise as afirmativas a seguir e a relação estabelecida entre elas:

I – As inadequações de um texto devem ser consideradas tanto em


sua produção, a fim de serem evitadas, como na revisão, a fim de
serem corrigidas.

PORQUE

II – O processo da escrita de um texto também inclui a revisão, que


não deve ser considerada à parte da produção textual.

Assinale a alternativa correta:

A As afirmativas estão erradas.

B A afirmativa I é correta, enquanto a II é incorreta.

C A afirmativa I é incorreta, enquanto a II é correta.

Ambas as afirmativas são corretas, porém a II não é


D
uma justificativa adequada da I.

As afirmativas I e II são corretas, e a II justifica


E
adequadamente a I.

Parabéns! A alternativa E está correta.

O trabalho de produção e de revisão de um texto é algo interligado,


ou seja, a revisão é parte do processo da escrita, não estando
desconectada da produção textual. Tal consideração é uma
justificativa para levar em conta as incorreções ou vícios do texto
tanto na sua elaboração quanto na sua revisão.

Questão 2

Analise as afirmativas a seguir:

I. No trabalho de revisão, as incorreções gramaticais devem ser

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relevadas ou mantidas porque importa passar a mensagem.

II. Embora a correção das inadequações gramaticais seja muito


importante, a revisão vai além dos aspectos normativos e também
avalia a coesão e coerência textuais.

III. Em função da produtividade, o revisor não deve se demorar em


seu trabalho, por isso deve usar técnicas de leitura dinâmica para
acelerar a revisão.

Está correto o que se afirma em

A I somente.

B II somente.

C III somente.

D I e III.

E II e III.

Parabéns! A alternativa B está correta.

A afirmativa I está incorreta porque a busca pelos erros gramaticais


é um primeiro passo no procedimento de revisão do texto. A
afirmativa II está correta porque a coesão e a coerência estão
relacionadas com a organização do texto, a articulação entre suas
partes e o seu desenvolvimento, o que contribui para a produção de
sentido do texto. A afirmativa III está incorreta porque o revisor deve
fazer seu trabalho com muita atenção, sem um olhar aligeirado que
deixe escapar as imperfeições ou inadequações do texto.

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Considerações finais
Aprendemos, ao longo deste conteúdo, que a expressividade da
linguagem nos remete à questão do estilo de escrita, da noção que está
relacionada com o conjunto de escolhas na produção textual. Essas
escolhas dependem de aspectos diversos, principalmente das
demandas enunciativas. No trabalho de revisão do texto, o estilo de
escrita, entre outros fatores, deve ser considerado, sempre na busca de
um texto com qualidade.

Também vimos que tanto a produção quanto a revisão do texto estão


interligadas, o que deve nos levar a observar os critérios de qualidade do
texto e as diversas inadequações textuais na escrita e na sua revisão.
As inadequações que devem ser revistas ou corrigidas não se limitam a
aspectos gramaticais ou ortográficos, mas abrangem também a coesão
e a coerência textuais, além dos aspectos semânticos e os vícios de
linguagem.

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Podcast
Para encerrar, ouça mais sobre a noção de estilo de escrita, qualidade
do texto, a correção das inadequações e vícios de linguagem, além dos
cuidados no trabalho de revisão.

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Leia Revisão textual: para além da revisão linguística, artigo de Sueli


Maria Coelho e Leandra Batista Antunes, publicado na Revista Scripta, v.
14, n. 26, 2010. Nele, é reforçada a noção de que a revisão textual deve
extrapolar a simples correção de questões gramaticais e ortográficas
nos textos. Para além dessas questões, observar parâmetros como o
gênero e a textualidade no material a ser revisado, bem como sua
adequação em relação a normas de publicação, discussão do tema e
aspectos gráficos faz-se fundamental para uma boa revisão textual.

Leia Revisão de textos: da prática à teoria, livro de Risoleide Rosa Freire


de Oliveira, com versão digital disponível no repositório da UFRN. O
material utiliza a exposição dos dizeres e fazeres de revisores de textos
em atividade, esperando contribuir para a compreensão do modo como
os profissionais concebem e praticam a revisão de textos. O livro é
dividido em duas partes: a primeira diz respeito às escolhas teórico-
metodológicas que servem de suporte à atividade de revisão; a segunda
apresenta a reconstituição dos pontos de vista de manuais de revisão,
as conversações e os debates com revisores.

Assista ao vídeo Quadrinhos: estratégias para leitura, interpretação e


revisão textual, apresentado pelo prof. Dr. Nataniel Gomes sobre a
revisão de textos, disponível no canal do NuPeQ, no YouTube. A parte
com dicas de revisão de texto começa em 1:47:00.

Referências
ARAÚJO, E. A construção do livro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

BARRETO, R. M. Criatividade em propaganda. 12. ed. São Paulo:


Summus, 2004.

CALVINO, I. Seis propostas para o próximo milênio. São Paulo:


Companhia das Letras, 1990.

GRICE, H. P. Logic and conversation. In: COLE, P.; MORGAN, J. (ed.).


Pragmatics (syntax and semantics). Nova York: Academic Press, 1975.
v. 9.

GRION, L. Dicas para uma boa redação: como obter mais objetividade e
clareza em seus textos. São Paulo: Edicta, 2004.

HOUAISS, A. Preparação de originais. In: MAGALHÃES, A. et al.


Editoração hoje. 2. ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1981.

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RIVADENEIRA, A. Como escrever um livro: 100 perguntas e resposta. Rio


de Janeiro: Ediouro, 2009.

OLIVEIRA, R. R. F. de. Revisão de textos: da prática à teoria. Natal, RN:


EDUFRN, 2016.

POSSENTI, S. Enunciação, autoria e estilo. Revista da FAEEBA, n. 15, p.


15-21, jan./jun., 2001.

SAMPAIO, M. O. O gênero redação escolar: posicionamentos a partir de


estudo de caso e revisão bibliográfica. In: CONGRESSO NACIONAL DE
LINGUÍSTICA E FILOLOGIA, 13., 2009, Rio de Janeiro. Anais [...]. Rio de
Janeiro: CiFEFiL, 2009, p. 2294-2304.

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