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AVALIAÇÃO DE AFASIA INFANTIL

Por: Regina Jakubovicz

I. Sintomatologia das Afasias Infantis:

1. Quanto aos Sintomas lingüísticos e não lingüísticos:

Estes sintomas trazem algumas dificuldades, como por exemplo: evoluem muito
rápido e é difícil de relacionar com Afasia Infantil, pois toda a teoria, técnicas e avaliação
diz respeito a Afasia no adulto que divergem bastante, principalmente na classificação.
Esses sintomas mais presentes nas crianças são:

 Mutismo  pode ser a chave para um diagnóstico em uma Afasia Infantil, pois está
muito freqüente no início destes quadros. Tem como característica a redução total de
fala e uma redução global de toda a atividade verbal e gestual (motora), isto é, a criança
fica muda ao despertar do coma, mas ao recomeçar a falar, apresenta problemas na
construção gramatical, denominação, repetição, escrita e leitura; já no mutismo parcial
a criança ainda produz alguns grunhidos. Na maioria das vezes é antecedido de um
trauma psicológico. Pode haver também um distúrbio muscular do aparelho
bucofaringolaringe, mutismo acinético, há a lesão nos músculos fonatórios,
caracterizada pela abertura lenta dos olhos e acorda sem consciência.
 Problemas Articulatórios  é geralmente freqüente e resolvido, de uma certa forma,
rapidamente (na maioria dos casos), há uma ligação no nível de evolução entre os
problemas articulatórios e os distúrbios motores. A característica desses problemas
articulatórios nas crianças é a grande presença do aspecto fonológico regressivo.
 Distúrbio da Sintaxe (agramatismo)  é a simplificação do sintaxe e não um desvio da
gramática. Há tendência em utilizar verbos no infinitivo, não emprega palavras
gramaticais do tipo preposições, pronomes e etc., e há dificuldade em organizar frase
no que se diz respeito a concordância e regência.
 Anomia  pode ser devido a ausência de vocabulário, pois de acordo com a idade não
foi totalmente adquirido ou estar bastante reduzido, ou pode estar ligada com a redução
geral de toda atividade de expressão oral e gestual. Para a recuperação necessita de
pistas semânticas e auxílios para denominar os objetos.
 Problemas de Compreensão  sendo bastante presentes ao que se diz respeito a
crianças com sintomas neurológicos mais severos, com duração de em média doze dias
em coma ou então encontram-se em fase aguda da Afasia. Há dificuldade para
compreender no início, um período de ecolalia seguido de uma fase do uso de
palavras/frases; dificuldade em evocar, seguido de uma distrairia e emprego de jargões
na linguagem oral. De difícil sintomatologia e avaliação em relação à Afasia em
adultos. A criança é, freqüentemente, ansiosa e agressiva.
 Problemas na Língua Escrita  por ser aprendida mais tarde na evolução, na maioria
das vezes, é mais prejudicada do que a língua oral. As seqüelas duram mais tempo e a
recuperação nem sempre é completa. Há impossibilidades de cópia e ditado e há
presença de jargonografia, além de problemas grafomotores e agramatismo ou estilo
telegráfico.
 Distúrbio da Leitura  são menos freqüentes do que os de leitura. Pode haver
dificuldades em letras, sílabas e palavras ou só em palavras. A recuperação é lenta.
 Distúrbios do Cálculo  muito presente em crianças e com recuperação lenta, porém
são mais fáceis do que a reabilitação da lingüística. Há dificuldades no cálculo escrito,
mental e na realização de operações.
 Apraxias e Agnosias  apraxias são impossibilidades de executar determinadas tarefas
motoras, sem haver dano em quaisquer órgão responsável pelo gesto motor. Já as
agnosias são dificuldades em reconhecer o estímulo ouvido, tocado ou sentido sem
dano em nenhum órgão responsável pela recepção e reconhecimento do estímulo. As
Apraxias bucolinguofacial são raras na Afasia Infantil e são transitórias, a Apraxia
gestual e ideatória é quando há uma redução global das atividades expressivas
incluindo gestos motores, uns casos são de rápida recuperação, outros permanecendo a
ausência de gesticulação como em compreender significado dos gestos. Já nas Apraxias
construtivas e Agnosias visoespaciais são transitórias na maioria das vezes,
dependendo muito da idade.

II. Avaliação das Afasias Infantis:

Avalia-se uma criança quando ela está com um atraso severo do desenvolvimento
da linguagem com o objetivo de conhecer os fatores relacionados ao atraso e maiores
informações (nível, comprometimento e etc.) sobre estes.
É essencial que o terapeuta esteja atento aos resultados obtidos e de que maneira
foram colhidos, sem esquecer de repetir a avaliação periodicamente, não esquecendo de
estabelecer um tempo necessário a terapia.
Logo de início faz-se a Anamnese que tem como objetivos: suportes para conhecer
a história/etiologia do paciente e sua patologia, serve para estabelecer o rapport existente
entre paciente/terapeuta e dá subsídios correto para uma futura avaliação.
É composta de dados pessoais (relacionados ao paciente e sua família), motivo da
consulta (a queixa é o mais importante condutor de uma futura terapia), história gestacional
da mãe (do momento da concepção até o parto), histórico do nascimento (relacionado a
todas as reações do paciente desde o momento do seu nascimento), se houve algum
problema anterior ao que se diz respeito aos aspectos do desenvolvimento Motor, como foi
o desenvolvimento da Linguagem (além de analisar a aquisição da linguagem, irá observar
com está a evolução desta de acordo com a terapia voltada a ela), como encontra-se seu
desenvolvimento Social (se é independente em relação as atividades do dia a dia, se sabe
desenhar, se relaciona bem e etc.) e seu estado Psicológico (como costuma ser seu estado,
variável ou não, se condiz com o contexto do momento e etc.).
Estes três últimos (linguagem, social e psicológico) devem ser constantemente
avaliados, pois o objetivo da terapia será prioritariamente voltado a esses
desenvolvimentos. Não esquecendo também de avaliar, junto as anteriores, como anda sua
história educacional (notas, se gosta de freqüentar a escola, como é seu relacionamento
nesta e etc.).
A história Médica também deve ser colhida junto a anamnese, listar doenças,
acidentes, operações, hospitalizações, médicos ainda relacionados a criança. E para
finalizar a Anamnese, deve-se relacionar exames (orofacial, neurológico, perceptual,
psicomotor), testes solicitados (fonético, audiométricos, da linguagem, entre outros) e os
resultados obtidos nestes para a melhor obtenção do Diagnóstico Diferencial ou apenas
uma Hipótese Diagnóstica.

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