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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA GRADUAÇÃO

DISCIPLINA: ANÁLISE DE SINAIS E SISTEMAS UNEC / EAD

AULA 2
2. TRANSFORMAÇÃO DA VARIÁVEL INDEPENDENTE
Em análise de sinais e sistemas é fundamental conhecermos operações que
tornam possível a transformação da variável independente de um sinal.

A transformação da variável independente de um sinal é um processo mate-


mático que consiste em modificar o eixo de tempo de um sinal.

A transformação da variável independente é útil em diversas aplicações, como


por exemplo, no sistema de controle de uma aeronave. Neste exemplo, os sinais cor-
respondentes às ações do piloto são transformados pelos sistemas elétricos e mecâ-
nicos em mudanças no impulso da aeronave, ou mudanças nas posições dos flaps,
leme, ailerons etc, que por sua vez, são transformados pela dinâmica e cinemática do
veículo em mudanças na velocidade e direção da aeronave.
Outro exemplo pode ser um sistema de áudio, cujo sinal de entrada representa
uma música gravada e o sistema modifica o sinal para melhorar características dese-
jáveis, remover ruídos e distorções, equalizar os diversos componentes do sinal etc.
De uma forma geral a transformação da variável independente é útil em diver-
sas aplicações, como no processamento de sinais, na análise de sistemas dinâmicos
e no estudo de fenômenos físicos.
Abordaremos a seguir, três operações úteis e básicas para a transformação
da variável independente: deslocamento, escalamento e inversão.

2.1. DESLOCAMENTO TEMPORAL


A transformação da variável independente conhecida como deslocamento
temporal é realizada através da soma de uma constante ao eixo de tempo, e é útil
para ajustar o tempo de início ou fim de um sinal, por exemplo.

O deslocamento temporal é uma transformação da variável independente de um


sinal que consiste em mudar a posição do sinal ao longo do eixo de tempo.

O deslocamento temporal de um sinal de tempo contínuo 𝑥(𝑡) é dado sim-


plesmente pela soma de um valor constante 𝑡0 ao tempo 𝑡, resultando em um sinal
adiantado ou atrasado 𝜑(𝑡), conforme equação a seguir:

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𝜑(𝑡) = 𝑥(𝑡 + 𝑡0 ) Figura 9: Exemplo de deslocamento temporal.

A figura ao lado ilustra o desloca-


mento temporal de um sinal de tempo
contínuo 𝑥(𝑡).
Se 𝑡0 é um número < 0, logo, te-
remos 𝑡 − 𝑡0 , o que produz um desloca-
mento do sinal para a direita (atrasado)
em |𝑡0 | segundos.
Da mesma forma, se 𝑡0 é um nú-
mero > 0, logo, teremos 𝑡 + 𝑡0 , o que
produz um deslocamento do sinal para
a esquerda (adiantado) em |𝑡0 | segun-
dos.
Fonte: LATHI, B. P.. Sinais e Sistemas Lineares, 2. Ed.
Porto Alegre: Bookman, 2008. Pág. 81.

2.2. ESCALAMENTO TEMPORAL


A transformação da variável independente conhecida como escalamento tem-
poral (expansão ou contração temporal) é realizada por meio da multiplicação da va-
riável independente por um fator desejado.

O escalamento temporal consiste em modificar a escala de tempo do sinal, au-


mento ou diminuindo a sua duração ao longo do eixo tempo.

O escalamento temporal de um sinal de tempo contínuo 𝑥(𝑡) é dado simples-


mente pela multiplicação de um fator 𝛼 ao tempo 𝑡, resultando em um sinal expandido
ou comprimido 𝜑(𝑡), conforme equações a seguir:
𝜑(𝑡) = 𝑥(𝛼𝑡)
Se 𝛼 > 1 teremos o sinal resultante 𝜑(𝑡) comprimido.
Se 𝛼 < 1 teremos o sinal resultante 𝜑(𝑡) expandido.
A figura a seguir ilustra o escalamento temporal de um sinal de tempo contínuo:
Figura 10: Exemplo de escalamento temporal de um sinal x(t).

Fonte: OPPENHEIM, ALAN V.; WILLSKY, ALAN S.. Sinais e Sistemas, 2. Ed. São Paulo: Pearson, 2010. Pág. 7.

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Observe que na origem, onde 𝑡 = 0 é um ponto fixo, o qual permanece sem
alteração para uma operação de escalamento.

2.3. REVERSÃO TEMPORAL


A transformação da variável independente conhecida como reversão temporal
(reflexão no tempo) é realizada por meio da multiplicação da variável independente
por -1. Dessa forma rotacionamos o sinal em 180° em relação ao eixo vertical. A partir
desta reversão, o que ocorre em algum instante de t no sinal 𝑥(𝑡), também ocorrerá
no instante –t do sinal revertido (sinal espelhado) 𝑥(−𝑡), e vice-versa.
Figura 11: Exemplo de reversão temporal. Sinal original (a);
A reversão temporal consiste em Sinal revertido (b).

inverter a ordem temporal de um si-


nal.

A reversão temporal pode ser


dada simplesmente pela substituição de
t por –t, logo, o sinal 𝑥(𝑡) resultará no
sinal revertido 𝜑(𝑡), conforme equa-
ção a seguir:
𝜑(𝑡) = 𝑥(−𝑡)

A figura ao lado ilustra a reversão


temporal de um sinal de tempo contínuo
Fonte: OPPENHEIM, ALAN V.; WILLSKY, ALAN S.. Sinais
𝑥(𝑡). e Sistemas, 2. Ed. São Paulo: Pearson, 2010. Pág. 6.

3. SINAIS COM SIMETRIAS PARES E ÍMPARES


Em sinais, a simetria é uma propriedade que se refere à relação entre uma
função e sua imagem espelhada. Um sinal é dito simétrico se sua imagem espelhada
for igual a si mesmo, com um deslocamento de tempo ou espaço.

Se o sinal é simétrico em relação ao eixo vertical, isto é, se ele é idêntico ao


seu equivalente espelhado em relação à origem do tempo, ele é considerado um
sinal par.

Matematicamente, para um sinal de tempo contínuo, a simetria par ocorre se:

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𝑥(−𝑡) = 𝑥(𝑡)
Para um sinal de tempo discreto, a simetria par ocorre se:
𝑥[−𝑛] = 𝑥[𝑛]

Se o sinal é anti-simétrico em relação ao eixo vertical, ou seja, se a parte do


sinal à direita do eixo vertical (na origem do tempo) é o inverso da parte do
sinal à esquerda do eixo vertical, ele é considerado um sinal ímpar.

Matematicamente, para um sinal de tempo contínuo, a simetria ímpar ocorre


se:
𝑥(−𝑡) = −𝑥(𝑡)
Para um sinal de tempo discreto, a simetria ímpar ocorre se:
𝑥[−𝑛] = −𝑥[𝑛]
A figura a seguir ilustra um sinal de tempo contínuo par (a) e um sinal de tempo
contínuo ímpar em (b):
Figura 12: Exemplo de sinal de tempo contínuo par (a); ímpar (b).

Fonte: OPPENHEIM, ALAN V.; WILLSKY, ALAN S.. Sinais e Sistemas, 2. Ed. São Paulo: Pearson, 2010. Pág. 10.

Sinais pares e ímpares têm algumas propriedades interessantes. Por exemplo,


a soma de dois sinais pares resulta em um sinal par, enquanto a soma de dois sinais
ímpares resulta em um sinal ímpar. Além disso, a soma de um sinal par e um sinal
ímpar resulta em um sinal que não é nem par nem ímpar (sinal par-ímpar).

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Outra propriedade interessante é que qualquer sinal pode ser decomposto
em uma soma de dois sinais, um com simetria par e outro com simetria ímpar. Essa
propriedade é útil em muitas aplicações, incluindo processamento de imagem e pro-
cessamento de áudio.
Para compreendermos esse fato, devemos lembrar que em um sinal par:
𝑥(−𝑡) = 𝑥(𝑡)
Logo:
𝑥(𝑡) + 𝑥(−𝑡) = 2 𝑥(𝑡)
Dessa forma, podemos definir a componente par de 𝑥(𝑡) como:
1
Ɛ𝑣{𝑥(𝑡)} = [𝑥(𝑡) + 𝑥(−𝑡)]
2
Da mesma forma, devemos lembrar que um sinal ímpar:
𝑥(−𝑡) = −𝑥(𝑡) → −𝑥(−𝑡) = 𝑥(𝑡)
Logo:
𝑥(𝑡) − 𝑥(−𝑡) = 2 𝑥(𝑡)
Dessa forma, podemos definir a componente ímpar de 𝑥(𝑡) como:
1
𝒪𝑑{𝑥(𝑡)} = [𝑥(𝑡) − 𝑥(−𝑡)]
2
Somando a componente par Ɛ𝑣 do sinal e a componente ímpar 𝒪𝑑 do sinal,
teremos o sinal original 𝑥(𝑡):
1 1
Ɛ𝑣{𝑥(𝑡)} + 𝒪𝑑{𝑥(𝑡)} = [𝑥(𝑡) + 𝑥(−𝑡)] + [𝑥(𝑡) − 𝑥(−𝑡)] = 𝑥(𝑡)
2 2
Para o tempo discreto, as definições são análogas ao tempo contínuo. Consi-
deremos, como exemplo, o sinal de tempo discreto:
1, 𝑛 ≥ 0
𝑥[𝑛] = {
0, 𝑛 < 0
A componente par de 𝑥[𝑛] será dada por:
1
Ɛ𝑣{𝑥[𝑛]} = [𝑥[𝑛] + 𝑥[−𝑛]]
2
Logo, a componente par de 𝑥[𝑛] será:
1
, 𝑛<0
1 1, 𝑛 ≥ 0 1, 𝑛 ≤ 0 2
Ɛ𝑣{𝑥[𝑛]} = [{ +{ ] = 1, 𝑛 = 0
2 0, 𝑛 < 0 0, 𝑛 > 0
1
{2 , 𝑛 > 0

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Da mesma forma, a componente ímpar de 𝑥[𝑛] será dada por:
1
𝒪𝑑{𝑥[𝑛]} = [𝑥[𝑛] − 𝑥[−𝑛]]
2
Logo, a componente ímpar de 𝑥[𝑛] será:
1
− , 𝑛<0
1 1, 𝑛 ≥ 0 1, 𝑛 ≤ 0 2
𝒪𝑑{𝑥[𝑛]} = [{ −{ ]= 0, 𝑛 = 0
2 0, 𝑛 < 0 0, 𝑛 > 0
1
{ 2, 𝑛 > 0
Somando a componente par Ɛ𝑣 do sinal e a componente ímpar 𝒪𝑑 do sinal,
teremos o sinal original 𝑥[𝑛]:
1 1
, 𝑛<0 − , 𝑛<0 0, 𝑛 < 0
2 2 1, 𝑛 ≥ 0
Ɛ𝑣{𝑥[𝑛]} + 𝒪𝑑{𝑥[𝑛]} = 1, 𝑛 = 0 + 0, 𝑛 = 0 = {1, 𝑛 = 0 → 𝑥[𝑛] = {
0, 𝑛 < 0
1 1 1, 𝑛 > 0
{2 , 𝑛 > 0 { 2 , 𝑛 > 0
A figura a seguir ilustra a decomposição par-ímpar do sinal discreto do exem-
plo anterior:
Figura 13: Exemplo de decomposição par-ímpar de um sinal de tempo discreto.

Fonte: OPPENHEIM, ALAN V.; WILLSKY, ALAN S.. Sinais e Sistemas, 2. Ed. São Paulo: Pearson, 2010. Pág. 10.

4. MODELOS ÚTEIS DE SINAIS


Os sinais representados pelas funções degrau, impulso e exponencial são
fundamentais na análise de sinais e sistemas, pois servem como a base para a repre-
sentação de outros sinais e também simplificam vários aspectos desses sistemas.
Tais sinais são amplamente utilizados em ensaios e modelagem de sistemas, os

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quais fornecem informações importantes sobre os comportamentos dos sistemas em
diversas áreas da ciência e tecnologia.

4.1. FUNÇÃO DEGRAU UNITÁRIO


A função degrau unitário é muito utilizada em análise de sistemas e sinais,
principalmente para representar eventos que ocorrem em um determinado instante
de tempo, como por exemplo, se um sistema é ligado em 𝑡 = 0, pode-se modelar
esse evento com a função degrau unitário.

A função degrau unitário é uma função matemática que possui valor zero para
tempo negativo e valor unitário (igual a 1) para tempo não negativo.

O degrau unitário em tempo contínuo pode ser descrito pela função 𝑢(𝑡) e
em tempo discreto é descrito pela função 𝑢[𝑛]:
1, 𝑡 ≥ 0 1, 𝑛 ≥ 0
𝑢(𝑡) = { 𝑒 𝑢[𝑛] = {
0, 𝑡 < 0 0, 𝑛 < 0
A figura a seguir ilustra a função degrau unitário 𝑢(𝑡) e 𝑢[𝑛]:
Figura 14: Representação da função degrau unitário em tempo contínuo (a) e tempo discreto (b).

Fonte: OPPENHEIM, ALAN V.; WILLSKY, ALAN S.. Sinais e Sistemas, 2. Ed. São Paulo: Pearson, 2010. Pág. 22.
Se quisermos que um determinado si- Figura 15: Representação da função exponencial
que se inicia no tempo igual a zero.
nal comece em 𝑡 = 0, de forma que ele pos-
sua um valor nulo para 𝑡 < 0, podemos sim-
plesmente multiplicar o respectivo sinal
pela função do degrau unitário 𝑢(𝑡). Como
exemplo, se considerarmos um sinal expo-
nencial dado por 𝑒 −𝑎𝑡 , temos um sinal com
duração infinita e que começa em 𝑡 = −∞. A
forma causal deste sinal, de forma que o sinal
se inicie com 𝑡 = 0, é dado por: 𝑒 −𝑎𝑡 𝑢(𝑡), con- Fonte: LATHI, B. P.. Sinais e Sistemas Lineares, 2.
Ed. Porto Alegre: Bookman, 2008. Pág. 91.
forme ilustrado na figura ao lado.

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A função degrau unitário também é muito útil para especificar uma função
com diferentes descrições matemáticas em diferentes intervalos. Podemos utili-
zar a função degrau unitário para descrever tais funções por uma única expressão
válida para qualquer valor de 𝑡.
Como exemplo, vamos descrever a função 𝑥(𝑡) para o sinal da figura a seguir
representado em (a):
Figura 16: Representação de um sinal definido intervalo por intervalo.

Fonte: LATHI, B. P.. Sinais e Sistemas Lineares, 2. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2008. Pág. 92.

Observe que o sinal ilustrado na figura anterior em (a) pode ser separado em
duas componentes 𝑥1 (𝑡) e 𝑥2 (𝑡), mostrados, respectivamente, em (b) e (c).
Desta forma, o sinal 𝑥1 (𝑡) é obtido através da multiplicação da rampa crescente,
representada pela função 𝑡, pelo pulso formado pela soma de dois degraus unitários
[𝑢(𝑡) − 𝑢(𝑡 − 2)]. É como se o pulso “ligasse” a função durante aquele intervalo.
Da mesma forma, o sinal 𝑥2 (𝑡) é obtido da multiplicação da rampa decrescente,
representada pela função −2(𝑡 − 3), pelo pulso formado pela soma de dois degraus
unitários [𝑢(𝑡 − 2) − 𝑢(𝑡 − 3)].
Por fim, a função 𝑥(𝑡) é formada pela soma dos sinais 𝑥1 (𝑡) e 𝑥2 (𝑡):
𝑥(𝑡) = 𝑥1 (𝑡) + 𝑥2 (𝑡)
𝑥(𝑡) = 𝑡[𝑢(𝑡) − 𝑢(𝑡 − 2)] − 2(𝑡 − 3)[𝑢(𝑡 − 2) − 𝑢(𝑡 − 3)]
Logo, de forma simplificada o sinal pode ser dado por:
𝑥(𝑡) = 𝑡𝑢(𝑡) − 3(𝑡 − 2)𝑢(𝑡 − 2) + 2(𝑡 − 3)𝑢(𝑡 − 3)

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4.2. FUNÇÃO IMPULSO UNITÁRIO
A função impulso unitário também é frequentemente usada para representar
um evento instantâneo, como um pulso elétrico ou uma batida de tambor. Em proces-
samento de sinais, a função impulso unitário é usada para analisar a resposta de um
sistema.

A função impulso unitário, também conhecida como delta de Dirac, é uma fun-
ção matemática que é nula em todos os pontos, exceto em um ponto específico
𝑡 = 0, onde seu valor é infinito, mas sua integral em todo o eixo real é igual a 1.

Em sistemas lineares e invariantes no tempo, a resposta a um impulso uni-


tário é usada para determinar a resposta do sistema a qualquer outro sinal de entrada.
O impulso unitário é definido por:

𝛿(𝑡) = 0, 𝑡 ≠ 0 𝑒 ∫ 𝛿(𝑡)𝑑𝑡 = 1
−∞

Isso significa que o impulso unitário é uma função que tem uma amplitude infi-
nita em um instante de tempo muito curto (tendendo a zero) e amplitude zero em todos
os outros instantes, com uma área total que é mantida igual a 1.
A figura a seguir ilustra um impulso como um pulso retangular alto e estreito
com área unitária. A largura deste pulso retangular é um valor muito pequeno 𝜖 → 0.
Consequentemente, sua altura é um valor muito grande 1⁄𝜖 → ∞:
Figura 17: Representação de um impulso unitário (a) e sua aproximação (b).

Fonte: LATHI, B. P.. Sinais e Sistemas Lineares, 2. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2008. Pág. 94.

Vamos analisar a multiplicação de um impulso unitário 𝛿(𝑡) por uma função


𝜑(𝑡). Como o impulso possui valor não nulo apenas para 𝑡 = 0, e como o valor de
𝜑(𝑡) para 𝑡 = 0 é 𝜑(0), temos:
𝜑(𝑡)𝛿(𝑡) = 𝜑(0)𝛿(𝑡)
Logo:

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∞ ∞
∫ 𝜑(𝑡)𝛿(𝑡) = 𝜑(0) ∫ 𝛿(𝑡) 𝑑𝑡 = 𝜑(0)
−∞ −∞

Definimos o impulso unitário 𝛿(𝑡) como uma função na qual a área sob o seu
produto com a função 𝜑(𝑡) é igual ao valor da função 𝜑(𝑡) no instante no qual o im-
pulso está localizado.
A relação entre degrau unitário 𝑢(𝑡) e impulso unitário 𝑢(𝑡), de forma gene-
ralizada, pode ser dada por:
𝑡
𝑑𝑢
= 𝛿(𝑡) 𝑒 ∫ 𝛿(𝑡)𝑑𝑡 = 𝑢(𝑡)
𝑑𝑡 −∞

Esse resultado mostra que a função degrau unitário pode ser obtida integrando
a função impulso unitário. Similarmente, a função rampa unitária 𝑡𝑢(𝑡) pode ser obtida
integrando a função degrau unitário. Da mesma forma, a função parábola unitária
𝑡 2 𝑢(𝑡)/2, é obtida pela integração da rampa unitária e assim por diante. Essas inte-
grações sucessivas ilustram como é possível construir uma ampla variedade de sinais
a partir de funções mais simples, como o impulso e o degrau unitários.

4.3. FUNÇÕES SENOIDAIS E EXPONENCIAIS

A função exponencial é uma função em que a variável independente está no


expoente e na base temos um número real, geralmente representada pela cons-
tante de Euler, denotada por “e”.

Um sinal exponencial pode ser matematicamente representado por:


𝑥(𝑡) = 𝑒 𝑠𝑡
Onde 𝑠 é, geralmente, um número complexo, dado por:
𝑠 = 𝜎 + 𝑗𝜔
Onde 𝜎 é a parte real e 𝑗𝜔 é a parte imaginária do número complexo.
Se 𝑠 for um número puramente real, representado apenas por 𝜎, teremos uma
exponencial monotônica 𝑥(𝑡) = 𝑒 𝜎𝑡 , onde:
 Se 𝜎 > 0, teremos um sinal exponencial que cresce no tempo sem oscila-
ções;
 Se 𝜎 < 0, teremos um sinal exponencial que decresce no tempo sem oscila-
ções;
 Se 𝜎 = 0, teremos um sinal constante;

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A figura ao lado ilustra sinais Figura 18: Representação de sinais exponenciais quando s é um
número puramente real.
exponenciais quando 𝑠 é um nú-
mero real.
Os sinais representados por
funções exponenciais monotôni-
cas são importantes em muitas apli-
cações de engenharia e ciência,
pois muitos sistemas reagem de
forma exponencial a estímulos ex-
Fonte: LATHI, B. P.. Sinais e Sistemas Lineares, 2. Ed. Porto Ale-
ternos. Por exemplo, a carga ou gre: Bookman, 2008. Pág. 97.

descarga de um capacitor em um circuito elétrico RC é uma resposta exponencial


ao estímulo de uma fonte de tensão.
Se 𝑠 for um número complexo, contendo parte real e parte imaginária, temos:
𝑥(𝑡) = 𝑒 (𝜎+𝑗𝜔)𝑡 → 𝑥(𝑡) = 𝑒 𝜎𝑡 𝑒 𝑗𝜔𝑡
Repare que uma função exponencial complexa pode ser representada pelo
produto entre uma função exponencial com expoente real e uma função exponencial
com expoente imaginário. A parte da função com expoente imaginário, pode ser
resolvida com a equação de Euler:
𝑒 𝑗𝜃 = cos(𝜃) + 𝑗 𝑠𝑒𝑛 (𝜃)
Logo:
𝑒 𝑗𝜔𝑡 = cos(𝜔𝑡) + 𝑗 𝑠𝑒𝑛 (𝜔𝑡)
A componente imaginária da função exponencial é, portanto, uma função
periódica, relacionada ao sinal senoidal, onde 𝜔 é a frequência angular. Sendo 𝜔 a
frequência angular em radianos por segundo, teremos a frequência 𝑓 em hertz e o
período 𝑇0 em segundos, dados respectivamente por:
𝜔 1 2𝜋
𝑓= 𝑒 𝑇0 = =
2𝜋 𝑓 𝜔
Aplicando a equação de Euler à componente exponencial imaginária do sinal
𝑥(𝑡), teremos:
𝑥(𝑡) = 𝑒 𝜎𝑡 [cos(𝜔𝑡) + 𝑗 𝑠𝑒𝑛 (𝜔𝑡)]
Se somarmos a tal função uma exponencial com expoente conjugado 𝑠 ∗ = 𝜎 −
𝑗𝜔, teremos:

𝑒 𝑠 𝑡 = 𝑒 (𝜎−𝑗𝜔)𝑡 = 𝑒 𝜎𝑡 𝑒 −𝑗𝜔𝑡 = 𝑒 𝜎𝑡 [cos(𝜔𝑡) − 𝑗 𝑠𝑒𝑛 (𝜔𝑡)]

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𝑒 𝑠𝑡 + 𝑒 𝑠 𝑡 = 𝑒 𝜎𝑡 [cos(𝜔𝑡) + 𝑗 𝑠𝑒𝑛 (𝜔𝑡)] + 𝑒 𝜎𝑡 [cos(𝜔𝑡) − 𝑗 𝑠𝑒𝑛 (𝜔𝑡)]
Logo:

𝑒 𝑠𝑡 + 𝑒 𝑠 𝑡 = 2𝑒 𝜎𝑡 cos(𝜔𝑡)
Por fim:
1 𝑠𝑡 ∗
(𝑒 + 𝑒 𝑠 𝑡 ) = 𝑒 𝜎𝑡 cos(𝜔𝑡)
2
Como uma função senoidal é dada basicamente por:
𝑦(𝑡) = 𝐴 cos(𝜔𝑡 + 𝜑)
Podemos concluir que uma função senoidal é equivalente à soma de duas
exponenciais complexas, onde a amplitude A está relacionada com 𝑒 𝜎𝑡 , a frequência
angular é dada por 𝜔, em radianos por segundo, e 𝜑 é simplesmente um desloca-
mento temporal ou defasagem, dado em radianos.
Se na função exponencial Figura 19: Representação de função exponencial complexa
quando s é um número puramente imaginário.
complexa o expoente 𝑠 for pura-
mente imaginário (𝜎 = 0, 𝑠 =
±𝑗𝜔), sabemos que a parte real da
função será simplesmente um valor
constante:
𝑒 𝜎𝑡 = 𝑒 0𝑡 = 1 → 𝐴=1
Dessa forma, para 𝑠 = ±𝑗𝜔,
teremos um sinal senoidal com
amplitude constante. Conforme fi- Fonte: LATHI, B. P.. Sinais e Sistemas Lineares, 2. Ed. Porto
Alegre: Bookman, 2008. Pág. 97.
gura ao lado.
Os sinais senoidais são importantes na área de sinais e sistemas porque eles
são amplamente utilizados para representar muitos sinais do mundo real que possuem
comportamentos oscilatórios e periódicos. Por exemplo, um circuito LC, composto por
um indutor e um capacitor, onde não há a dissipação de energia, possui uma resposta
natural senoidal. Da mesma forma, o movimento harmônico simples de um sistema
mecânico consistindo em uma massa conectada por uma mola a uma base fixa, um
pêndulo, sinais de áudio, eletrocardiogramas, sinais de rádio e muitos outros, também
possuem respostas senoidais.

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Uma função senoidal é uma classe específica das funções exponenciais, ou seja,
uma função senoidal pode ser escrita em termos de funções exponenciais com-
plexas.

Se na função exponencial complexa o expoente 𝑠 tiver parte real e imaginária


(𝑠 = 𝜎 + 𝑗𝜔), teremos um sinal senoidal cuja amplitude varia exponencialmente
no tempo, pois nesse caso a amplitude A será:
𝐴 = 𝑒 𝜎𝑡
Se 𝜎 < 0, teremos um sinal senoidal cuja amplitude decresce exponencial-
mente.
Se 𝜎 > 0, teremos um sinal senoidal cuja amplitude cresce exponencial-
mente.
A figura a seguir ilustra exponenciais complexas, com parte real e imaginária:
Figura 20: Representação de função exponencial complexa quando s possui parte real e parte imaginária. Parte
real negativa (a); Parte real positiva (b).

Fonte: LATHI, B. P.. Sinais e Sistemas Lineares, 2. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2008. Pág. 97.

Pela equação de Euler, na função 𝑒 𝑗𝜔𝑡 , temos 𝜔 representando a frequência


angular da função. Comparando genericamente 𝑒 𝑠𝑡 com 𝑒 𝑗𝜔𝑡 , podemos denominar 𝑠
(𝑠 = 𝜎 + 𝑗𝜔) de frequência complexa.
A frequência complexa 𝑠 pode ser representada em um plano de frequência
complexa, onde o eixo horizontal é o eixo real (𝜎) e o eixo vertical é o eixo ima-
ginário (𝑗𝜔). O valor absoluto da parte imaginária de 𝑠 é |𝜔| (frequência angular), a
qual indica a frequência de oscilação da função exponencial complexa. A parte real
de 𝑠 é 𝜎 indica a taxa de crescimento ou decrescimento da amplitude da função
exponencial complexa. A figura a seguir ilustra o plano de frequência complexa:

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Figura 21: Representação do plano de frequência complexa.

Fonte: LATHI, B. P.. Sinais e Sistemas Lineares, 2. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2008. Pág. 98.

 Para sinais cuja frequência complexa está situada sobre eixo real, a fre-
quência de oscilação é zero, resultando em sinais exponenciais monotoni-
camente crescentes ou decrescentes.
 Para sinais cuja frequência complexa está situada sobre eixo imaginário,
temos senoides convencionais com amplitude constante.
 Para sinais cuja frequência complexa não está situada diretamente sobre os
eixos, mas presente no semipleno esquerdo, temos um sinal exponenci-
almente decrescente, cuja frequência de oscilação depende da sua projeção
no eixo vertical.
 Para sinais cuja frequência complexa não está situada diretamente sobre os
eixos, mas presente no semipleno direito, temos um sinal exponencial-
mente crescente, cuja frequência de oscilação depende da sua projeção no
eixo vertical.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LATHI, B. P.. Sinais e Sistemas Lineares, 2. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2008.

OPPENHEIM, ALAN V.; WILLSKY, ALAN S.. Sinais e Sistemas, 2. Ed. São Paulo:
Pearson, 2010.

OPPENHEIM, ALAN V.; SCHAFER, RONALD W.. Processamento em tempo dis-


creto de sinais, 3. Ed. São Paulo: Pearson, 2012.

OGATA, KATSUHIKO. Engenharia de controle moderno, 5. Ed. São Paulo: Pear-


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NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 29


Professor: Daniel Butters – danielmbutters@hotmail.com

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