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Copyright© 2017. Victória Torres Ruaro.

1ª edição, Dezembro 2017.


Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, cenários, lugares e
acontecimentos descritos são produtos da imaginação do autor.
Qualquer outra obra semelhante, após essa, será considerada plágio:
como previsto na lei.
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reprodução de qualquer parte dessa obra, através de quaisquer meios-tangível
ou intangível- sem o consentimento escrito do autor.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº.9.610/98 e
punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Os versos das canções aqui reproduzidas foram usados com base no Art.
46 da Lei Brasileira do Direito Autoral.

Edição digital, 2017 | Criado no Brasil.


Título: RUSH – The Redemption.

Diagramação 2020: Victória Torres Ruaro.


Capa, planejamento e texto 2017: Victória Torres Ruaro.
Revisão 2017: Stefany Marinho, Nicoly Marinho.

Esse livro faz parte de uma série.

Livro 01: RUSH.


Disponível na amazon, link abaixo:
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Livro 02: RUSH – The Redemption.


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Livro 03: BLAKE.


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Ruaro/e/B08DWLRQXY/ref=dp_byline_cont_ebooks_1
DEDICADO A: VOCÊ
SINOPSE
Rush O'Riley.
Encontrar o amor era algo que nunca almejei.
Casar? Nunca na vida, ou na morte.
Mas quando Living entrou em minha vida...
Quando atravessou as portas daquele bar... Eu logo me vi afundar em
seu mar cor de rosa.
E eu não queria ser salvo.
Eu queria morrer nas suas ondas.
De repente, não era mais o fodedor de bocetas.
De repente, não me interessava por nenhuma vadia.
De repente, só queria olhar para Live.
Viver para Live.
Viver com Live.
Mas quando se trata de Live ser racional não era o foco.
E por isso eu ferrei com tudo.
Cometi a maior idiotice da minha vida.
E ela se foi.
Ela se foi.
Mas eu não a deixarei ir por muito tempo.
Eu irei buscá-la.
Eu irei desculpar-me.
Eu irei fazê-la me amar novamente.
Eu irei em busca da minha redenção.
Um mês.
Um mês que parece um ano, um milênio.
Um mês havia se passado desde que eu havia deixado meu coração
para trás.
Um novo ano havia começado, mas eu mal tinha percebido isso. Passei
a virada de ano deitada na cama, na casa de Faye, pensando nele.
Agora, definhando sobre a cama, tento fazer ouvidos surdos para as
vozes ao meu redor.
Eu fui forte o quanto pude.
Eu tentei ser.
Mas houve um momento em que eu simplesmente desabei e a realidade,
a minha realidade, finalmente tinha batido em minha porta.
— Você precisa ir ao médico. Sua barriga é bastante visível agora,
apesar de ter apenas mais de quatro meses, ela está anormalmente grande. E
as aulas voltam amanhã, você não terá tempo depois.
— Minha barriga está anormalmente grande, porque eu estou gorda. —
Resmungo.
— Você está linda. — Chad sorri ao dizer.
Eu lhe lanço um sorriso agradecido, ele tem sido um grande amigo nos
últimos dias.
— Eu sei que tenho que ir, ok? Eu só... eu só... — As palavras ficam
presas em minha garganta quando as lágrimas enchem meus olhos.
Eu quero ir ao médio, eu sei que preciso, não estou tomando nada além
de umas poucas vitaminas que o médico passou quando eu descobri a
gravidez e não sei o estado do meu bebê.
Mas ver o meu filho pela primeira vez sozinha, não é o que eu quero.
Eu queria Rush ao meu lado. Queria que ele estivesse presente nesse
momento tão especial.
— Você o queria ao seu lado. — Faye completa.
Eu aceno com a cabeça, incapaz de falar.
Nessas últimas semanas ele não havia me ligado. Não tinha me
procurado.
E eu me perguntava se ele havia desistido de mim, de nós.
O Rush que eu conheço nunca deixaria que eu fosse tão longe.
Por que ele o fez?
Eu o abandonei. Mas o fiz porque ele rejeitou o próprio filho. O
pequeno bebê inocente.
Mas, no fundo, talvez nem tão profundo, eu esperava que ele fosse até
mim e dissesse que esteva errado, que estava tão ansioso como eu por esse
bebê.
Que havia se arrependido, deixando-se levar pelos traumas de sua vida.
Se ele fizesse isso, eu não sei se nos tornaríamos o que éramos antes.
Mas, pelo menos, eu não passaria por isso sozinha.
Eu amo esse bebê e o quero mais que tudo.
Mas a vida não será fácil a partir de agora. E eu não posso ficar com
Faye o resto da gravidez ou da vida. Já havia abusado muito de sua
bondade.
— Irei abandonar a faculdade. — Confesso em um sussurro.
— O quê? — Faye pergunta alarmada. — Você não pode!
— Eu preciso! Tenho dinheiro em uma poupança que meu pai colocou
para mim durante toda minha vida. Era suposto usar esse dinheiro na UC,
mas agora, com esse bebê... eu não posso me dar ao luxo de uma faculdade.
— Mas Rush...
— Rush não nos quer. Não quer o bebê e se ele não quer o bebê,
também não me quer. Eu não quero forçá-lo a nada e não quero implorar
por sua ajuda. — Eu a interrompo. — Além do que, eu já faltei por duas
semanas seguidas... — Dou de ombros.
— Você poderá recuperá-las. Eu posso ajudar-lhe quanto a isso. —
Chad fala, fazendo-me sorri.
Ela entende a ironia de suas palavras e sorri para mim de volta.
No último semestre eu havia ajudado Chad com aulas de tutoria, mesmo
que Rush não soubesse disso, ele era o meu outro aluno, aquele o qual nunca
disse ao meu grande ogro possessivo.
Levantando da cama eu ando até o espelho da parede.
Vejo meus cabelos loiros em uma bagunça e os prendo em um coque.
Ao ver minha imagem refletida no espelho, eu tomo uma decisão.
— Me dê meu celular, por favor. — Peço a Chad que está sentado na
cama.
Ele me passa o aparelho e eu acesso a internet. Entrando na lista de
médicos obstetras de Berkeley.
Discando o primeiro número que encontro, eu marco um horário.
Enquanto falava com a recepcionista, era observada de perto por Faye
e Chad.
Eu não podia mais afundar em minha miséria e na autopiedade. Eu
seria mãe em breve. Uma mãe solteira, para piorar minha situação. E tinha
coisas que eu deveria fazer antes da chegada do bebê. Eu precisava ajeitar
minha vida, colocá-la nos eixos. E ir ao médico, seria o primeiro passo.
Após deixar Rush, eu havia dirigido por ai.
Dormi em um hotel barato na noite seguinte ao Natal e, logo cedo, tinha
procurado Faye, precisando de um ombro amigo.
Pensei em procurar Matt e Max, e meu pai, mas não queria mais
problemas e era isso que conseguiria quando eles soubessem da atitude de
Rush. Então, somente disse que havíamos terminado e não contei sobre a
gravidez, mesmo que me doesse até a alma omitir isso de meu pai.
Faye me abrigou, não tinha ido visitar sua família nesse fim de ano, por
isso estava na cidade. E sem saber do clima estranho que havia entre Chad e
eu, mesmo que eu estivesse dado tutoria para ele por várias vezes nos
últimos meses, ela o tinha chamado para que pudesse apoiar-me também.
De início a ideia não me pareceu boa. Ainda mais levando em conta os
sentimentos de Rush por ele.
Mas, com o tempo, seu apoio tinha sido de grande importância.
E foi com surpresa que recebi seu pedido de desculpas, sobre o pequeno
beijo e toda a confusão que isso causou. E eu também me desculpei com ele
sobre a surra que Rush havia lhe dado.
— Vocês estão certos. — Digo após um tempo. — Eu preciso de um
médico para cuidar de mim e do bebê. Eu estou sendo negligente com ele.
Aliso minha barriga. Ela estava grande, tinha crescido
consideravelmente nos últimos tempos.
— E eu a acompanharei. — Chad sorri quando caminha até mim.
Ele alisa minha barriga por cima da blusa.
— Eu agradeço, mas... não acho certo. Pelo menos não agora, pelo que
pesquisei, talvez veja meu bebê pela primeira vez e descobrirei seu sexo.
Uma onda de decepção passa por seus olhos, mas ele sorri
compreensivo e aperta minha mão que eu tinha colocado sobre a sua.
— Eu entendo.
— Obrigada. — Eu sussurro, agradecida.
Agradecida por seu apoio.
Agradecida por sua compreensão.
— Para quando é a consulta? — Faye pergunta.
— Em dois dias, a médica não tinha vagas para amanhã.
— Live, eu a levarei. — Chad diz.
Olho-o confusa, havíamos acabado de falar sobre isso.
— Não entrarei com você na sala do médico, mas a esperarei do lado de
fora. — Ele continua.
— Eu também, Live. — Faye diz de repente.
Uma lágrima escorre por meu rosto quando compreendo o apoio que
me oferecem.
— Obrigada. — Sussurro em um fio de voz.
Ele limpa minha lágrima com o polegar, o fez muito no último mês. E,
em seguida, beija minha testa.
Faye vem até mim e me abraça.
E eu oro silenciosamente para Deus, agradecida por meus grandes
amigos.
Duas semanas.
Duas malditas semanas.
Ando de um lado para o outro no pequeno estúdio de Bill.
— Dá para sentar por uma porra de momento? — Jax resmunga. —
Aliás, quando foi a última vez que você dormiu? — Ele questiona.
Dormir?
Como se eu conseguisse.
Não dormia havia dois dias, não conseguia fazê-lo. E não o fiz
realmente desde que ela tinha ido embora.
Live.
Live.
Live.
Live e o bebê.
Assim eu passava as horas do dia e da noite. Quando não estava no
estúdio, estava pensando nela. Pensando nela e no bebê.
Jax estava adorando isso, pois eu mergulhava fundo no trabalho para
que não pensasse nela. Não que isso resolvesse, mas ajudava um pouco.
As últimas semanas haviam sido de trabalho intenso, Corine nos
arrumou inúmeros compromissos. E, em três semanas, faríamos uma turnê
por todo os Estado Unidos, abrindo o show da banda Infinit.
Eu não queria correr o país, isso significava ficar longe de Live.
Eu pretendia trazê-la de volta antes da turnê.
— Eu não consigo dormir sem Live. — Confesso.
— Eu nunca pensei que diria isso, mas, cara... obrigado a Deus pela
volta às aulas. — Jax fala aliviado.
As aulas voltariam amanhã e eu seguiria para Berkeley hoje. Passei as
últimas semanas em São Francisco.
Acamparia em frente à Universidade e só sairia de lá quando
conseguisse fala com minha menina.

O sol aparecia no céu quando fui para a UC.
Estacionei meu Silverado em frente ao prédio de Live e a aguardei.
A aguardei por três horas, que se tornaram quatro rapidamente.
Alunos iam e voltavam, mas não via Live em lugar nenhum.
Logo já passavam das três da tarde e a maioria dos alunos que tinha
voltado para as aulas já tinha ido embora.
Quando o sol se escondeu eu finalmente desisti, por hora, e voltei para
casa.
A casa estava um desastre. Não houve arrumação desde que a tinha
destruído e não pretendia fazê-la tão cedo. A sala estava coberta de cinzas do
que costumava ser um sofá e as paredes, antes brancas, estavam negras.
Somente os enfeites de natal haviam sido retirados do jardim por Ash, Blake,
Jax e Ryan.
Subi para o quarto e joguei-me na cama ou o resto dela.
E olhando para o quadro, onde Live repousava como um anjo, eu
adormeci pela primeira vez em três dias.


Horas.
Horas e horas passam e nem sinal de Live.
Batuco meus dedos no volante, quando vejo uma figura familiar. Faye.
Saindo do carro, corro em sua direção.
— Faye. — Chamo quando seguro seu ombro.
Ela, que estava com fones no ouvido, olha-me assustada.
— Mas que porra, cara! Você quer me matar?
— Desculpe, eu...
As palavras acabam quando sou acertado no rosto por sua mão.
— O que diabos... ?
— Isso é por você ser um imbecil! Como pode abandonar Live grávida
por ai?
Olho-a boquiaberto por um segundo, mas volto à realidade quando suas
palavras me batem.
— Ela me abandonou! — Defendo-me.
— Despois de você rejeitar seu próprio filho! De querer matá-lo! — Ela
grita em meu rosto.
Calo-me sem poder defender-me quanto a isso.
Passo as mãos em meu rosto, tentando eliminar o sentimento de culpa e
frustração. Esfrego a palma em minha barba, que agora está grande graças há
duas semanas sem fazê-la.
— Você sabe onde ela está? — Peço por fim.
Ela olha-me por um tempo e, quando acho que irá embora sem dizer
nada, ela fala.
— Nem uma porra de ideia. — Diz encarando-me.
Fecho os olhos por um segundo. Onde ela pode estar?
Seu pai não sabia. Os gêmeos não sabiam e agora, sua melhor amiga
também não.
O desespero sobe por meu corpo e sufoca-me. Ando de um lado a outro,
acertando a parede ao meu lado com um soco.
Encosto minha testa no concreto frio por um segundo antes de virar-me
para Faye. Somente para vê-la andando em direção a seu carro, colocando seu
fone de ouvido.
— Hey. — Grito.
Ela para com os ombros caindo, muito entediada e vira-se para mim com
a sobrancelha arqueada, não se dando ao trabalho de falar.
— Ela nunca mais falou com você depois de... depois de... você sabe.
— Depois de descobrir a gravidez? — Diz debochada.
Aceno em confirmação.
— Na verdade... — diz, me deixando em expectativa — Não. — Sorri
de canto antes de ir embora.
E eu a deixo ir. Muito cansando para sequer mover-me do lugar.
Mas, posteriormente, o faço e colocando o carro na estrada, dirijo para
São Francisco.


Um mês.
Um maldito mês havia se passado, sem que soubesse de qualquer coisa
sobre meu pequeno anjo e nosso bebê.
Aos poucos, a ideia de ter um bebê entrou em minha cabeça. Eu poderia
fazer isso. Uma criança? Eu poderia fazer esse negócio de pai.
Um mês foi tempo suficiente para que eu aceitasse, mesmo que um
pouco relutante, mas nunca revoltado ou amargo, a ideia de que teria uma
criança em minha vida.
Todos os dias, sem falta, eu ia à universidade para procurá-la. Havia
mudado toda a rotina dos nossos ensaios e gravações, fazendo-os à tarde e à
noite, somente para que pudesse ir às manhãs a sua procura.
Mas nunca a encontrei.
Eu acampava em frete ao seu campus, à sua espera, mas ela nunca
apareceu.
Em uma semana começaríamos a turnê e o desespero que me consumia
era insuportável. Jax estava preocupado comigo e com a banda. Percebia que
a ausência de Live estava afetando meu desempenho.
Antes havia a esperança.
Antes da volta às aulas eu tinha a esperança de encontrá-la na UC e os
dias não podiam passar rápido o suficiente para que isso acontecesse. Mas,
agora, duas semanas após as aulas e um mês sem Live, esperança era a última
coisa que eu tinha.
Com um mês sem Live, eu já não era mais o mesmo.
Havia olheiras embaixo dos meus olhos, minha barba já estava enorme,
pois não a tinha tirado em um mês. Minhas roupas eram todas esfarrapadas, o
que deixava Corine com muita raiva, pois já éramos reconhecidos na rua e,
para ela, nossa imagem deveria ser impecável.
Eu também tinha perdido alguns quilos, os caras diziam que eu estava à
beira do irreconhecível. Meu cabelo, que antes ficava pouco abaixo das
orelhas, agora já estava na altura dos meus ombros.
Eu estava em colapso.
E não foram poucas as vezes que os caras tiveram que trabalhar duro
para que eu não entrasse em depressão profunda.
Estacionado em frente à UC, eu bato minha cabeça no volante quando
mais uma manhã se passou, sem que Live tivesse aparecido.
Eu não tinha mais como procurá-la.
Expulsar o inferno fora de seu pai em uma surra, até que ele me dissesse
onde ela estava não me parecia a opção mais inteligente, embora eu estivesse
ficando sem elas.
Eu tentei falar com Live em seu telefone, mas ela nunca me atendeu e,
após duas semanas sem conseguir localizá-la por ele, eu desisti.
Reluto em ligar o carro e colocá-lo na estrada para ir embora. Logo eu
partiria em uma longa viagem com a banda e não mais poderia vir à procura
de Live.
Limpo fora uma lágrima que escorre em silêncio enquanto, com a
cabeça encostado ao volante, eu faço uma coisa que só fiz uma vez na vida.
Eu oro.
Eu oro e peço a Deus que a traga para mim. Peço para que nada tenha
acontecido a ela e ao nosso filho e que me perdoe por todas as vezes que fui
um idiota com ela e com o nosso bebê inocente.
Estou concentrado em oração, quando uma batida em minha janela me
assusta.
Eu pulo ereto, batendo na buzina no processo e olho para Faye, que me
encara com a as sobrancelhas arqueadas do lado de fora do carro.
Eu saio do carro com uma expressão confusa em meu rosto.
Ela me encara e me olha de cima a baixo.
— Você está um lixo. — Ela diz.
Eu não a respondo, essa é a verdade.
— Você é persistente, eu vejo agora. Parece realmente amá-la.
— Eu realmente a amo. — Respondo entre dentes.
Ela descarta minhas palavras, mudando de assunto.
— Você ainda odeia o bebê? — Me pergunta, pegado de surpresa.
— O quê? Não! Eu nuca o fiz, eu só... eu só não o queria, eu estava
confuso, eu nunca quis uma criança em minha vida.
— Mas quis fazê-la.
— Eu fui irresponsável, ok? E fui idiota quando não a apoiei.
Passo as mãos no rosto, frustrado.
Ela suspira antes de dizer.
— Porra, eu espero que você não me faça me arrepender disso. — Olha-
me duro. E eu a encaro confuso. — Eu sei onde ela está. — Diz por fim.
O ar drena de meus pulmões. E eu seguro-me no carro quando uma
vertigem me assola.
— Mas você disse... você disse que não sabia. — Acuso-a.
Ela descarta-me com a mão.
— Eu menti. Mas você parece arrependido o suficiente para que eu o
ajude.
— Onde ela está? — Pergunto urgente.
— Eu não vou dizer.
Diz, mexendo em sua bolsa.
— Mas você falou que sabe onde ela está! — Exclamo alterado.
Porra.
— Exatamente. Eu disse que sabia, mas não que o diria. — Estende-me
um papel. — Esteja aqui amanhã. Às dez em ponto.
Eu pego o papel e a observo sair sem mais.
Olho finalmente para o papel e vejo um endereço escrito.

Às oito horas da manhã eu estou em frente ao endereço que Faye me
deu. E quando percebo que se trata de uma clínica para gestantes, eu engulo
em seco.
Live deve vir aqui às dez.
Será que está bem? Será que sua gravidez é de risco? Ela tem que ficar
em repouso? Ela irá morrer?
As dúvidas assolam minha mente. E a cada dúvida, o desespero ameaça
sufocar-me.
Ela tem que estar bem. Ela precisa estar bem.
Mas se ela está bem, por que viria até uma clínica?
Coloco as mãos na cabeça tentando parar o fluxo de pensamentos sobre
isso. Eu irie enlouquecer se continuar a pensar sobre isso. E agora que estou
tão perto de reencontrá-la, perder minha mente é o último que eu quero.


O tempo passa como uma tartaruga sem pernas.
O ar dentro do Silverado parece cada vez mais escasso.
O fluxo de pessoas na calçada me deixa tonto.
E eu não posso mais esperar para vê-la novamente.
Quando, em uma agonia profunda, resolvo sair do carro para esperá-la
do lado de fora, eu travo.
Congelo onde estou. E em uma respiração ofegante, eu a observo.
Ela caminha pela calçada, parece alheia ao seu redor. Seus cabelos estão
mais longos, mas há olheiras embaixo de seus olhos. Ela parece cansada,
esgotada, mais dura. Não há o brilho tão costumeiro em seu olhar. Não há o
sorriso de orelha a orelha que eu tanto amo.
Eu a deixei assim, eu a fiz ficar dessa forma.
Eu acabei com a mulher que eu amo.
Culpa corrói todo o meu corpo.
Sua forma está mais cheia, desço meu olhar por seu corpo. Seus seios
estão visivelmente maiores, mas é quando eu chego a sua barriga que eu
travo.
Ela não está somente proeminente como há um mês. Agora ela é
totalmente visível e não se pode passar por uma barriga de uma pessoa mais
cheinha. Está nítido que ela carrega um bebê.
Ela para na porta da clínica, tomando uma respiração profunda. E fala
com pessoas ao seu redor que ainda não tinha me dado conta.
Logo reconheço Faye, mas quando observo a outra pessoa, é como se
tivesse voltado no tempo. E o sonho que tive quando ela foi embora, volta
nitidamente em minha mente.
Não.
Porra não.
Ele não irá roubá-la.
Ele não irá roubá-los!
Não caralho. Eu não permitirei.
E tomando finalmente uma atitude, eu salto do carro pronto para tudo.
Principalmente para recuperar minha mulher.
Atravesso a rua determinado.
E quase sou atropelado quando o faço sem sequer olhar para os lados.
Eu não enxergava mais nada. Somente ela e Chad. Mas esse último sumiu de
minha mente quando a encarei de perto depois de um mês.
Ela demora um pouco para me perceber.
Mas, quando o faz, olha-me como se não conseguisse acreditar.
Eu passo o olhar por seu corpo novamente, parando em sua enorme
barriga.
Ela percebe meu olhar e coloca os braços sobre a barriga, como que para
proteger o bebê.
Meu coração sangra com o gesto. Mas lembro-me que eu sou o único
culpado por isso.
— Live. — Sussurro seu nome.
Ela não responde e somente me encara. Como se não conseguisse
acreditar que sou eu.
Eu não me seguro por mais tempo. E antes que ela possa ao menos se
dar conta, eu atiro-me sobre ela, pegando-a em meus braços, mas tomando
cuidado com sua barriga.
— Cristo. Como eu senti sua falta, baby. — Eu cheiro seu pescoço.
Rosas e campos.
Como eu senti falta de seu cheiro.
De seu corpo no meu.
De sua presença.
Ela coloca as mãos em meu peito e empurra-me para longe. E eu a deixo
ir, somente para que ela não ponha forças demais tentando empurrar-me e
prejudique o bebê.
Eu encaro seu rosto e estico uma mão para tocá-la. Com se estivesse
vendo uma miragem e precisasse tocar para comprovar a realidade.
Mas ela impede-me disso, quando balança a cabeça.
De repente uma lágrima escorre em seu rosto.
— Como me encontrou? — Questiona.
— Eu te busquei tanto. — Aproximo-me dela. Querendo pegá-la em
meus braços outra vez. Mas ela dá um passo para trás. — Live, você não sabe
o que eu passei todo esse tempo. Eu estive no inferno. Eu vivo nele.
— E como você acha que eu estive? — Ela chora.
— Eu sinto muito. — Sussurro, sentindo o nó formando em minha
garganta. — Eu sinto tanto. Você não imagina.
Ela fecha os olhos, como se estivesse com dor. E um soluço escapa de
sua boca, mesmo que ela tente reprimi-lo.
— Se eu pudesse voltar atrás, voltar no tempo. Eu não diria o que disse.
— Mas você o fez. E por mais que eu morra por você, querendo você ao
meu lado, eu não consigo esquecer.
— Eu sei. — Sussurro. — Eu não pensei direito Live. Eu sinto sua falta,
baby. Eu a amo tanto.
Caminho até ela, que dá outro passo para trás.
— Não. Eu não sei se posso. Eu quero você ao meu lado, me ajudando
com a gravidez, mas eu, ao mesmo tempo, não consigo. Ainda dói.
— Eu farei a dor ir. Só me deixe fazer isso. — Imploro. — Eu quero me
redimir. Quero te provar que não penso daquela forma... pelo menos não
mais.
Ela coloca a mão em minha frente, como se pedisse para que eu parasse
de falar. E levando a mão à testa, ela espreme os olhos fechados.
— Live? — Chamo-a preocupado.
Ela tenta se apoiar em algo, mas não há nada ao seu alcance e, antes que
ela desmorone no chão, eu a pego em meus braços.
Expulsando o maldito infeliz, quando ele tenta fazer o mesmo.
Eu a pego em meu colo e corro com ela para dentro do hospital.
Sem me importar com mais nada.
— Eu preciso de ajuda. — Digo desesperado à moça da recepção.
Ela olha Live desmaiada em meu colo. E eu quero esmurrá-la quando
ela demora a chamar um enfermeiro com uma maca.
Ele leva Live até um quarto, eu a acompanho. Negando-me a deixá-la. E
o ameaço de morte quando ele pede que eu me afaste para que ele possa
medir sua pressão.
Seguro sua mão a todo o momento, não irei deixá-la.
Nunca.

Quando Live acorda minutos depois, demora a perceber que está em um
quarto de hospital.
Mas quando o faz, leva sua mão rapidamente a barriga. E suspira
aliviada quando a percebe, grande e rígida, por conta da gravidez.
— Oi. — Digo para chamar sua atenção.
Ela tira os olhos de sua barriga e me encara.
Depois, olha para o pequeno curativo em seu braço.
— Eles tiraram um pouco de sangue para fazer um exame. Eu não deixei
que tirassem muito, para não prejudicá-la. Você e ao bebê. — Explico.
Ela sorri de canto, mas seu rosto transforma-se em uma careta, quando o
choro volta à tona.
Entro em desespero.
E sem ter o que fazer para acalmá-la, eu somente imploro, outra vez.
— Me desculpe.
Mas ela não me responde e somente chora.
— Eu fiz isso a você. — Continuo. — Eu sempre soube que não a
merecia e se tivesse te deixado ir antes, você não estaria sobre essa cama
agora. Não estaria grávida de um homem que odeia.
Digo, segurando minhas próprias lágrimas.
— Eu não o odeio.
— Não? — Pergunto esperançoso.
— Eu nunca conseguiria. Eu te amo, Rush. E amo a esse bebê. Ele
nunca será um arrependimento para mim. — Diz chorando.
Mas eu sorrio.
Nunca pensei que a ouviria dizer isso outra vez.
— Só não sei se posso voltar para você. — Diz, arrancando meu sorriso.
— Eu... Live... — Suspiro pesaroso.
Encaramo-nos por um momento, até que a médica entra no quarto.
— Eu a farei voltar, Live. Eu a farei me amar como antes. E te mostrarei
o quanto estou arrependido, até o último dia da minha vida. — Sussurro para
que só ela possa ouvir.
Ela me encara segurando o choro.
— Muito bem. Vamos ver como a mamãe está. — A médica sorri
quando se aproxima. — Olá, eu sou Violet e você deve ser Living.
— Sim, sou eu. — Live responde.
— Eu andei olhando seus exames e não gostei do que vi.
Fico tenso com suas palavras.
Será que Live está doente?
Será que irá morrer?
Será que ela e o bebê estão com alguma doença fatal?
— Você está desnutrida e desidratada. Não anda se alimentando direito
ou tendo os cuidados da gravidez. Você está sendo irresponsável. — A
médica repreende, eu quero chutá-la por falar assim com Live.
— Mas antes de conversamos sobre isso. Vamos ver o bebê. — Ela
continua. — Consegue ir até o banheiro, colocar a camisola do hospital? —
Ao aceno afirmativo, ela continua. — Temos um biombo no consultório, mas
desde que você passou mal, terá que se vestir no banheiro. — Explica.
Eu sigo Live até o banheiro, mas ela me impede de vê-la trocar-se.
Fechando a porta em minha cara.
E eu a espero do lado de fora, muito contrariado.
A médica olha-me curiosa. Encarando as tatuagens e a grande barba.
— Você deve ser o pai. — Ela diz para mim.
— Sim, sou eu. — Respondo em seco.
Ainda irritado por ela ter falado daquela maneira com minha menina e
por Live não me deixar ajudá-la a colocar a camisola.
— Não está cuidado de sua esposa direito, rapaz. Ela passou mal por
algum estresse. Sabe o que pode ter sido?
— Sim.
Eu fui o culpado, outra vez, do sofrimento de Live.
Violet espera mais explicações, mas quando eu não o faço ela diz:
— Em seu estado, Living não pode sofrer estresses. — Alerta.
— Eu ficarei de olho nela. — Digo ao mesmo tempo em que Live sai do
banheiro.
Eu a ajudo ir até a cama.
Ela impede qualquer ajuda minha. Mas, quando não consegue subir na
cama, por conta do tamanho, tanto da sua barriga, quanto o dela mesma, ela
se vê obrigada a aceitar.
E eu, de muito bom grado, a pego no colo e a deposito delicadamente na
cama. Beijando sua testa em seguida.
A saudade querendo esmagar meu peito é tão grande, que eu somente
fico lá, com ela em meus braços e minha boca em sua testa. Ela não se mexe,
parece nem respirar.
E eu aproveito cada momento, cada segundo, fechando meus olhos.
A doutora limpa a garganta e o momento se acaba. E relutante eu a
solto.
Ela evita meus olhos e encara todos os lugares, menos a mim.
— Irei passar um gel em sua barriga, ok? — A médica avisa.
E ao aceno afirmativo de Live, ela espalha o gel pelo seu ventre, fazendo
com que eu encare o lugar.
Eu o encaro fascinado.
Eu o encaro incrédulo.
O nó em minha garganta faz com que seja difícil de engolir. Sua barriga
está tão grande e esticada, porra! Parece que vai explodir a qualquer
momento.
Live percebe minha observação e eu encaro seu rosto quando ela solta
um suspiro trêmulo. Vermelha de vergonha, ela vira sua cabeça de lado,
desviando o olhar. Seu punho se aperta, como que se segurando para não
cobrir-se sobre meu escrutínio.
Eu seguro seu punho com minha mão e o levo até minha boca.
Abaixando em seu ouvido, eu sussurro.
— Nunca, eu quero dizer isso, nunca se esconda de mim. Você é linda.
Era antes e está ainda mais agora. E eu a amo de qualquer maneira.
Beijo um ponto embaixo de sua orelha e me afasto quando ela continua
a se recusando a me olhar.
Ela não me olha, mas vejo quando uma lágrima escorre por seu rosto.
Eu a capturo com meu polegar antes de alisar seu rosto com meus dedos.
Como posso me redimir com ela?
Nada me parece ser o suficiente.
Ela está ferida. Acabada.
Seu coração foi destruído em mil pedaços. E agora, eu só tenho que
descobrir como juntar todos eles e ter minha família de volta.
— Bom, vejamos. — A médica diz chamando minha atenção.
Ela guia um aparelho no ventre de Live e o monitor mostra imagens
borradas.
Isso é o bebê?
Um som preenche o ambiente, fazendo com que eu pule no lugar.
— O que é isso? — Pergunto assustado.
Violet somente ri. E Live a olha curiosa.
— Esse é o som dos batimentos cardíacos do bebê.
Eu encaro a tela com os olhos arregalados.
O som dos batimentos preenchendo o ambiente, só faz com que a
realidade me bata como uma cadela.
É isso, é real.
Quando uma pequena tontura me pega, eu seguro a mão de Live.
Encarando-me, ela vê meu rosto pálido e não solta minha mão, ao contrário,
entrelaça seus dedos nos meus e me dá um sorrisinho reconfortante.
Mesmo que ela seja a única que deveria receber qualquer tipo de
conforto.
Virando-se para Violet, ela diz com a voz suave.
— Já podemos saber o sexo, doutora?
— Se o bebê contribuir, sim. Mas... — A médica franze a testa
encarando a tela.
— O que houve? — Live pergunta aflita. — Tem algo errado com meu
filho?
Ela aperta minha mão com força. Como que buscando forças para o que
vem a seguir.
Eu retribuo aperto, com medo.
Como posso ter um dia desejado que esse bebê não nascesse, mas agora
estou desesperado com o pensamento de que algo ruim possa estar
acontecendo com ele?
Eu tento convencer-me de que isso é somente por conta de Live e como
ela ficaria caso algo ocorresse ao bebê. Mas isso é inútil. E eu admito a mim
mesmo que me mataria por dentro se o bebê não estivesse bem.
— Não, absolutamente. — A doutora diz sorrindo. — Vocês fizeram
algum tratamento para engravidar?
Após olhar-me, Live encara a médica.
— Não.
— Pois bem, temos algo bastante incomum aqui. — Sorri. — Parabéns,
você serão pais de três.
Mas o quê... ?
Arregalo meus olhos quando as palavras entram em minha mente. Três
bebês?
Eu não vou conseguir fazer essa merda, Eu não vou.
Encaro Live e ela retribui o olhar assustada.
Seu rosto pálido me diz que está tão surpresa quanto eu.
Três.
Três.
Três.
A voz da médica ecoa em minha cabeça, como uma piada maldita.
— Rush? Você está bem? — A voz de Live chega a mim com se em um
túnel.
E é o último que escuto antes de tudo escurecer.
Começo a perceber sons ao meu redor.
A voz de Live está perto, bem perto. E eu também sinto sua presença.
— Rush. — Ela chama-me, com o tom aflito.
Lentamente eu abro os olhos, mas volto a fechá-los em seguida, quando
encaro, sem querer, a lâmpada no teto. Coloco a mão na cabeça e gemo com a
dor.
Live acaricia meu rosto quando explica.
— Você desmaiou.
— E provavelmente está com um galo atrás da cabeça. Terá de tirar
algumas radiografias. — A médica fala do meu outro lado. — Já ouviu falar
que quanto mais alto, maior a queda? — Abrindo os olhos eu a encaro
confuso. — Você é muito alto. — Explica.
Um homem negro entra na sala e eu deduzo que ele seja o enfermeiro.
Ele ajuda a levantar-me, mas eu dispenso sua ajuda, quando encaro o
rosto preocupado de Live.
Envergonhado, eu coloco-me de pé, cambaleando no processo.
O que Live vai pensar de mim, agora?
Um maldito maricas.
Ela nunca irá querer um homem tão fraco como eu.
Travo minha mandíbula com os pensamentos.
— Quanto tempo estive fora? — Pergunto.
— Cinco minutos. — A médica responde — Acho que você ficou muito
emocionado com a notícia.
— Notícia? — Pergunto confuso.
Mas a confusão só dura uns instantes. Logo a lembrança do que a
doutora disse anteriormente me bate como um soco no estômago.
Três bebês. Live terá três filhos meus.
Fecho os olhos por um momento. Violet não responde minha pergunta.
Sabe que, por minhas reações, eu me lembrei do porque desmaiei.
Quando abro os olhos, encaro Live. Que tem mãos protetoras sobre sua
barriga. Ela não confia em mim, em minhas reações.
— Vamos continuar a consulta ou você não se sente bem? — A médica
me olha preocupada.
— Estou bem. — Respondo antes de pegar Live no colo e a colocar de
volta na cama.
Ela não pode se estressar. Mas isso foi o que aconteceu quando eu morri
por uns minutos.
Ainda não consigo acreditar no quão maricas eu sou.
Como poderei reconquistar minha mulher, quando não sou homem o
suficiente? Eu desmaiei com a porra de uma notícia.
Claro que, descobrir que serei pai de trigêmeos é uma notícia e tanto,
mas mesmo assim porra!
— Ok. — Violet diz, sentando-se na cadeira ao lado da cama de Live.
Ela posiciona o pequeno aparelho novamente na barriga da minha
menina.
— Vocês terão três bebês saudáveis. — Ela explica. — Querem saber o
sexo?
— Sim. — Live responde ansiosa.
— Aqui, se vocês olharem bem, está o primeiro bebê. Ele está sentado e
é um... menino. — Diz sorrindo para nós.
Um menino.
Um pequeno menino, como eu.
Lágrimas surgem nos meus olhos, mas trato de piscá-las.
Eu encaro a tela, mesmo que não consiga entender o que vejo.
— O segundo bebê está com a mãozinha no rosto. E é outro menino.
Live funga na cama e eu a olho quando ela encara a tela e chora
abertamente.
Eu alcanço sua mão e a aperto.
Ela me encara e, pela primeira vez em um mês, eu vejo o sorriso que
tanto amo. O sorriso de orelha a orelha.
Seus olhos refletem todo o amor que sente pelos bebês. A felicidade por
estar carregando-os. O quanto está orgulhosa de ter dois meninos em seu
ventre e o quanto está ansiosa para saber o sexo do terceiro bebê.
— Agora aqui, temos uma coisa. — A médica diz curiosa.
— O quê? — Pergunto ansioso, antes de Live.
— Os dois meninos estão tampando o sexo do terceiro bebê. Vamos lá.
— Diz a última parte para a tela.
Live solta minha mão e acaricia as laterais de sua barriga, onde não
contém gel.
— Vamos lá, meus amores. Deixem-me ver seu irmãozinho. — Ela
conversa com a sua barriga em tom suave.
E eu me pergunto quantas vezes ela não fez isso no último mês.
Minha mão coça para fazer o mesmo que ela, mas me seguro com medo
de sua reação.
— Oh. Isso é incrível. — Violet diz. — Parece que funcionou, mamãe.
Você tem bebês obedientes aqui. — Ela sorri para a tela, antes de nos olhar.
— Parece que os meninos são protetores com a pequena irmã.
— Isso quer dizer... — Live a encara, incrédula.
— Que o terceiro bebê é uma menininha.
Uma menina.
Aperto a mão de Live como que pedindo forças para não desmaiar outra
vez.
Dois meninos como eu e uma menina como Live.
De repente eu a vejo correr. Com seus longos cabelos loiros, enquanto é
seguida de perto por seus dois irmãos protetores.
Uma emoção, desconhecida para mim até então, me envolve. É um
sentimento puro, que arranca lágrimas dos meus olhos.
Como pude querer tirá-los? Eu nunca me perdoarei por isso.
Eu abraço uma Live ainda deitada na cama e sussurro em seu ouvido.
— Desculpe-me.
Digo somente isso, mas Live entende.
Entende que quero que me perdoe por não aceitar a gravidez no início.
Que me perdoe por não apoiá-la.
Que me perdoe por estar longe por todo esse mês.
E que me perdoe, principalmente, por algum dia querer tirá-los.
Ao fundo, Violet diz que irá nos esperar do lado de fora. Dando-nos
privacidade. Eu não respondo.
Fungo no pescoço de Live. E a aperto em meus braços.
— Rush. — Ela sussurra e eu a encaro.
Ela chora, assim como eu.
— Não me odeie mais. Eu sei que é difícil para você me amar, mas eu
juro que se você deixar, eu irei fazê-la me querer outra vez.
Ela sorri triste.
— Eu nunca deixei de te amar, meu grande menino. — Acaricia meu
rosto quando diz. — Eu desejei a sua presença no último mês, como água no
deserto.
Suas palavras trazem alívio para meu corpo.
— Mas, eu não sei se consigo voltar ao que erámos, ao que tínhamos. É
muito cedo. Mesmo que eu precise do seu apoio na gravidez. — Continua.
— Eu farei com que você acredite em mim. Eu estou tão arrependido
por tudo. Se eu pudesse voltar no tempo...
— Mas você não pode. — Ela me interrompe suavemente. — E isso é
uma coisa boa. Amadurecemos a partir dali.
— Você voltará comigo para casa?
Ela me olha com dor.
— Ainda é cedo para isso.
— Eu só quero cuidar de você, dos nossos filhos.
Quando termino a frase seu rosto treme e então, ela o esconde nas mãos
e chora. Chora inconsolavelmente e eu não consigo acalmá-la.
— O que houve? — Pergunto alarmado. — Eu só... desculpe-me.
— É só que, ouvir você falar sobre nossos filhos dessa forma, tão
diferente de um mês atrás. — Diz com voz abafada.
— Live, eu estava errado há um mês e eu vejo isso agora.
Retiro suas mãos de seu rosto e limpo suas lágrimas.
Mata-me vê-la assim. E mata-me mais ainda, saber que eu sou o culpado
de seu sofrimento.
— Você voltará comigo? — Insisto.
— Eu não sei...
— Não estou pedindo que volte para mim, pelo menos não ainda. Eu só
quero você ao meu lado. Quero cuidar de você. Você está grávida de
trigêmeos e merece ser cuidada 24/7.
Ela sorri e acaricia sua barriga.
— Três bebês. Eu nunca imaginei isso. Meu Deus. — Ela me encara ao
dizer. — Dois meninos como você Rush. Com seus olhos verdes.
— E uma menina loira com olhos amarelos como você.
Ela gargalha.
— Você tem cabelos pretos e eu loiros. Eles são trigêmeos,
provavelmente não serão muito diferentes no que diz sobre a cor do cabelo.
— Eu só espero que todos tenham a sua personalidade, a sua pureza. O
resto, não importa.

Saímos do quarto do hospital, após Live trocar a camisola por suas
roupas.
Chad e Faye esperam sentados no corredor. E caminham até nós, quando
surgimos pela porta.
— Diga-me Live. Menino ou menina? Está tudo bem? — Faye pergunta
ansiosa.
Live pega a mão de sua amiga quando diz.
— Meninos e menina.
— O quê? — Chad pergunta confuso.
E eu rosno. O que isso importa para ele?
— São três. — Live explica. — Eu tenho três bebês aqui dentro. —
Acaricia sua barriga.
— Oh, meu Deus. — Faye leva a mão até a boca, surpresa. — Eu sabia
que seria algo assim. — Sorri emocionada.
Chad leva suas mãos até a barriga de Live.
— Puta merda. Três bebês, Live?
Mas ela não tem a chance de responder, pois eu o empurro longe da
minha menina. Dos meus filhos.
Quem ele pensa que é para tocá-los?
— Nunca mais toque nela! — Eu grito em sua direção.
Mas quando vou para socá-lo, paro no meio do caminho, ao ouvir a voz
aflita de Live.
— Rush.
Ela não pode sofrer stress algum. Não pode ficar nervosa.
Então, eu somente o encaro ameaçadoramente. Deixando a ameaça no
ar.
Volto para Live e posiciono-me em suas costas. Segurando seus braços.
Chad ajeita-se antes de me olhar, raivoso.
Eu rosno mostrando meus dentes para ele.
Maldito.
Se não fosse pelo estado delicado de Live, eu não hesitaria em lhe dar
um soco, antes de obedecê-la.
Faye limpa a garganta e fala.
— Isso é maravilhoso. — Sorri para minha menina, antes de acariciar
sua barriga por cima do vestido.
Seguro o impulso de jogá-la para longe.
Por que todos têm que tocá-la?
Tocar em nossos filhos?
Quando nem eu o fiz.
A médica surge de repente, com alguns papéis em sua mão.
— Vamos até minha sala, para que possamos conversar um pouco? —
Ela guia Live até uma porta branca.
E eu a sigo de perto, não querendo deixá-la longe da minha vista.
Agora que a reencontrei, não a deixarei ir longe.
Live senta-se em uma cadeira e eu acomodo-me ao seu lado. Violet, por
sua vez, senta-se atrás de sua mesa.
— Eu andei analisando seus exames, querida. E você está com anemia.
— Ela vai morrer? — Faço a pergunta em um grito alarmado.
A doutora me olha confusa antes de sorrir.
— Não irá. Mas isso não significa que ela não tenha que se cuidar um
pouco mais. Irei receitar alguns remédios para isso, mas você deve alimentar-
se melhor, mocinha. — Ela repreende Live. — Você está desidratada,
também. E tudo isso pode ser muito prejudicial para o bebê. Os bebês, no
caso. Aqui.
Estica um papel para Live, mas eu o pego antes que ela possa pensar.
— Ai tem as vitaminas e remédios que nossa mamãe tem que tomar.
Além de uma lista de alimentos que não é recomendável ingerir durante a
gestação.
Eu leio todas aquelas palavras sem realmente entender, mas buscando
em minha cabeça a farmácia mais perto daqui.
— Apesar de estar carregando três bebês, você está incrivelmente bem.
Mas deve manter repouso, ok? Sua gravidez não é de risco, apesar de tudo,
mas pode se tornar caso você não se cuide.
— Eu irei. — Live diz ao meu lado.
— Aqui estão as fotos do ultrassom.
Ela entrega uma para mim e outra para Live.
E me custa a acreditar que aquilo são nossos bebês.
— Mas eu só estou vendo um borrão.
— Veja. — Violet me indica no papel. — Esses são os dois meninos. E
essa é a pequena menininha. Ela é menor que os irmãos, mas isso é normal.
Não se preocupem.
Live inclina-se para ver a minha imagem e eu dou-lhe o papel, indicando
os nossos filhos.
Ela olha-os antes de me encarar com um sorriso no rosto.
Eu acaricio sua orelha, antes de beijar sua testa. Sorrindo com minha
própria felicidade.
Eu irei punir-me pelo resto da vida por tentar tirá-los.

Quando saímos do hospital, percebo Live sem graça, como se não
soubesse o que fazer em seguida.
Eu não a culpo por isso, mesmo que me doa sua atitude.
— Venha comigo, Live. — Peço.
— Rush...
— Somente para conversamos. Eu juro.
Ela pensa por um segundo, antes de aceitar.
Despede-se de Faye e Chad para me seguir. Mas Chad a puxa pelo
braço, não a deixando ir.
— Você irá com ele depois de tudo? — Questiona incrédulo.
Eu rapidamente me coloco entre eles e o empurro longe.
— Eu disse para nuca mais tocá-la. — Rosno.
— Está tudo bem, Rush. — Live tenta me acalmar. — Chad, ele é o pai
desses bebês. — Ela explica.
Por que ela tem que dar satisfação para ele?
— Mas ele os rejeitou, quis tirá-los, matá-los.
Leva tudo de mim para não avançar sobre ele.
Foda-se.
— Ele está arrependido, Chad.
— Você acredita realmente nisso? — Ele diz incrédulo. — Não venha
chorar para mim depois. — Ele avisa.
— Chad. — Live diz horrorizada. — Eu não irei voltar para ele, mas eu
não posso fazer isso sozinha, não quando terei que cuidar de três bebês em
breve.
Mais suave, ele responde.
— Eu irei ajudá-la. Você sabe.
— Sim, e o agradeço por isso. Mas Rush é o pai e quer participar da
vida desses bebês, eu não posso negar isso a ele. Mesmo que ele tenha errado
no passado.
Sim, imbecil. Eu sou o pai. Eu sou a porra do dono do esperma.
— Eu espero que você realmente saiba o que está fazendo. — Ele diz
antes de virar-se e ir embora.
Faye o olha por um momento antes de encarar Live.
— Boa sorte. — Beija a bochecha da minha menina, antes de seguir o
idiota.
Live os observa ir embora. Com dor em seu olhar.
Eu tampo sua visão quando me coloco em sua frente.
— Hey. Não fique assim. Você não pode se estressar.
Ela somente acena com a cabeça, antes de ir em direção à rua.
Mas eu não a deixo ir. E pegando-a no colo, eu a levo até o carro. Ela
não reclama, está muito cansada para fazê-lo.
Destravando-o e abro a porta antes de depositá-la no banco.
Eu a coloco lá, mas não a solto. Fico com ela em meus braços,
aproveitando o momento.
Porra eu senti falta disso. Falta dela.
Falta de seu abraço.
Falta de seu cheiro.
Rosas e campo.
Ela não devolve o abraço, mas tê-la em meus braços é o suficiente.
Relutante eu a solto. E coloco seu cinto de segurança, antes de dar a
volta no carro e entrar atrás do volante.

Estaciono em frente à cafeteria perto do campus.
A mesma onde tivemos nosso primeiro encontro, mesmo que na época
nós não o chamamos disso.
Eu a guio até a porta e depois até a mesma mesa que sentávamos todas
as vezes que íamos ali.
Ela acomoda-se na cadeira, ao mesmo tempo em que a garçonete chega
para nos atender.
— O mesmo de sempre? — Ela pergunta.
— Sim. — Live sorri para ela. — Mas não o café.
— Oh. Eu vejo o porquê não. — Ela pisca antes de se afastar.
Live encara a mesa muito constrangida de repente.
— Hey. — Chamo-a. — Nunca fique tímida perto de mim.
— É só que... isso é estranho. Depois que eu fui embora, eu rezava todos
os dias para que você me buscasse e falasse o quanto me amava e aos bebês.
— Eu estou aqui agora. — Seguro sua mão sobre a mesa. — Eu a
procurei Live. Acredite em mim. Mas eu nunca a encontrei, até que Faye me
deu uma luz.
— Você está aqui agora, mas eu estou confusa, Rush. Eu o perdoei por
tudo que me disse, mas ainda não consigo ser sua novamente.
— Você nunca deixou de ser minha Live. — Nos encaramos, mas ela
desvia o olhar. — Eu irei partir semana que vem.
Olha-me rapidamente.
— O quê? Pra onde? Por quê?
— Você não tem ouvido as rádios? Estamos no top das paradas. E
iremos em turnê com a Infinit.
— Eu não fiz muita coisa nesse último mês. Eu não tinha cabeça para
ouvir músicas.
— Me desculpe. — Peço, sabendo que tudo isso é culpa minha.
— Está tudo bem. — Dá um sorriso de lado.
— Não está nada bem. Você está carregando três bebês aí dentro e não
um, como era suposto. Você deve ser cuidada, mimada e protegida, como três
grávidas juntas. Eu não posso deixar de fazer isso. Por favor, deixe-me cuidar
de você. É a única coisa que peço. Mesmo que não mereça estar perto de
vocês, deixe-me cuidar da minha família.
— Eu não sei o que fazer. — Ela admite.
— Então me deixe cuidar de tudo, de vocês. Eu juro que não tentarei
nada. Passos de tartaruga aqui. Eu estarei às suas ordens. Só deixe eu me
redimir. Eu farei seu tempo valer a pena.
— Eu...
— Pense sobre isso. — A interrompo. — Diga-me sua resposta amanhã
pela manhã.
— Ok. — Ela sussurra.
A garçonete chega com nossa comida. E Live não perde tempo em
atacá-la.
— Vejo que está com muita fome, querida. Eu trouxe algumas frutas
também. Você está grávida e deve comê-las sempre. — A garçonete explica.
Com a boca cheia, Live acena agradecida, sorrindo com a boca fechada.
Eu a observo fascinado.
Como eu estava com saudades disso.
Desses pequenos momentos. Dessa intimidade.
Ela me pega observando e arqueia uma sobrancelha.
— Não vai comer?
— Não. Estou bem.
— Sobra mais pra mim então. — Dá de ombros.
Eu também estava com saudade disso. Sua fome interminável.
Quando ela come quase toda a comida, ela para e respira fundo.
Parecendo estar muito cheia.
— Satisfeita? — Questiono.
— Sim. — Suspira.
— Onde você esteve por todo esse mês, Live? — Pergunto de repente.
— Com Faye.
— Eu liguei para seu pai todos os dias, mas ele se negava a dizer onde
você estava.
— Eu pedi que ele guardasse segredo. Eu precisava de você, mas estava
muito magoada para permitir que se aproximasse. Eu estou tão confusa,
Rush. — Coloca as mãos no rosto.
—— Eu também fui à UC, mas você não estava lá. Eu fui todos os
malditos dias, durante duas semanas. Mas você nunca esteve lá.
Ela retira a mão do rosto quando fala.
— Eu abandonei a faculdade.
— Você o quê? — Arregalo os olhos.
— Eu tenho que economizar. — Ela justifica. — Serei mãe solteira,
Rush. Isso nunca é fácil. E agora, sabendo que terei três bebês para
sustentar... — Ela balança a cabeça.
Eu a olho raivoso.
— Você não será mãe solteira. Esses bebês têm pai, que sou eu. Eu a
ajudarei e darei até meu último centavo para eles.
— Você não queria ser pai há um mês. — Ela acusa.
Fecho os olhos.
— Você nunca irá me perdoar. Mesmo que eu diga o quanto estou
arrependido. Você nunca irá acreditar. — Constato.
— Não é isso. — Ela sussurra. — Me desculpe. É que... tente entender.
Você não os queria e agora os quer. Do nada. Eu tenho os meus motivos para
estar desconfiada.
— Não foi do nada, Live. Eu fiquei um mês longe de você. Tive tempo
suficiente para pensar na minha vida, em você e no bebê. Bebês. — Me
corrijo. — Quando eu acordei e não a encontrei, eu descobri meu erro.
Mesmo que não quisesse filhos, eu os teria em breve e deveria apoiá-la.
— Oh, Rush. — Ela chora. — Você estragou tudo naquela noite.
— Eu sei querida, eu sei. — Seguro suas mãos. — Eu só quero poder
concertar isso. Dê-me uma chance de provar a você minha redenção. De
reconquistá-la.
Ela abre a boca para falar, mas eu a interrompo.
— Só pense, ok? Amanhã eu irei buscá-la e se você estiver esperando
por mim, eu saberei a resposta.
Ela acena com a cabeça, confirmando.
E eu sei, as próximas horas serão a porra de um inferno maldito.
.
Diga-me sobre não dormir à noite toda.
Foi isso o que me aconteceu.
Após deixar Live na casa de Faye e levar todas as minhas forças para
não beijar e sequestrar ela. Eu dirigi de volta à nossa casa, deitei na cama
simplesmente pensando nela. Nela e nos nossos filhos.
Porra. Três. Três bebês.
Eles serão frágeis, inocentes, puros. E eu posso quebrá-los fisicamente e
emocionalmente, se não fizer a coisa certa. Se não der o passo certo.
Eu não sei se darei conta disso. Eu mal pensei em dar conta de um só
bebê, imagina três.
Isso é a porra de um castigo. Uma piada do destino.
Eu rejeitei um, somente para ganhar três.
Mas eu não estava enojado sobre a ideia de ser pai de trigêmeos.
Apesar dos meus medos, sobre se faria coisa certa, eu tinha um
sentimento de amor sobre isso que me transbordava.
Se falasse sobre isso à Live, ela provavelmente não iria acreditar. Porra,
eu mal acreditava nessa merda.
Mas era exatamente assim que eu estava me sentindo.
Era como se, ao ouvir os batimentos cardíacos e ver suas fotos em
borrões, abrisse a porra dos meus olhos.
E a culpa, que já me corroía por dentro, transbordasse por meus poros. E
naquele momento eu prometi a mim mesmo, que iria dar minha vida por
minha família, iria fazê-los me perdoar por um dia não os querer.
Quando o sol passa pela janela entreaberta, eu levanto e vou para o
banheiro. Entrando no closet, eu procuro algo para vestir. Entretanto, não
tendo muitas opções, já que grande parte das minhas roupas estava em São
Francisco.
Quando estou pronto, eu dirijo o mais rápido que posso para a casa de
Faye. Não passa muito das seis horas da manhã, mas eu não me importo. Eu
irei até lá, irei esperá-la despertar para, em seguida, dar a minha resposta.
Eu queria acordá-la, com beijos principalmente. Mas ela tinha que
descansar, a médica havia recomendado exatamente isso.
Então, pelas próximas horas, eu fiquei somente lá, no carro, esperando a
porra de qualquer movimento na casa, para, por fim, tocar a companhia.
E quando, três horas depois, Faye surge na porta, eu corro fora do carro
em sua direção.
Ela assusta-se inicialmente, mas depois somente revira os olhos.
— Ela está lá dentro, bonitão. — Eu aceno antes de correr para dentro
da casa.
Mas ela me para no caminho e diz.
— Se você voltar a machucá-la, eu juro por tudo que é mais sagrado que
não vai ficar assim. — Ela ameaça.
— Eu nunca a machucarei outra vez. — Digo sincero.
E ela acredita, pois somente arqueia uma sobrancelha, antes de ir para
seu carro na garagem.
Eu entro pela sala e paro, analisando o ambiente. Tudo está calmo e eu
me pergunto onde Live pode estar.
Mas então, eu ouço uma fungada, seguido de um soluço e um choro
baixo.
Meu coração para quando identifico ser Live.
Eu sigo o som por um corredor e, através das portas fechadas, eu
descubro onde ela está.
Deitada de lado em uma cama bagunçada, ela chora agarrada ao
travesseiro. Eu morro com a cena.
Aproximando-me, eu sussurro seu nome baixinho, para que ela não se
assuste.
— Live.
Ela olha por sobre o ombro e me encara no arco da porta.
Mas não diz absolutamente nada, somente funga e limpa com a mão o
nariz escorrendo.
Eu ando até a cama e deito de frente a ela. O travesseiro entre nós. Eu
gostaria de tirá-lo de lá e abraçá-la, mas não quero empurrá-la sobre nós.
— O que houve meu amor? — Pergunto suavemente.
Ela não responde e somente afunda o rosto no travesseiro, como que
para abafar o choro.
E eu não aguento por mais tempo.
Pegando sua mão, eu a levanto e puxo o travesseiro de seu rosto, o
arremessando para longe. Ela me olha intrigada. E não diz nada quando eu
me coloco no lugar do travesseiro. Fazendo com que ela se deite em meu
ombro.
E a partir desse momento eu decido. Eu farei o possível e o impossível
para que ela não chore nunca mais, mas se ela o fizer, eu serei o único a
confortá-la. A pegar suas lágrimas.
Não um maldito travesseiro e nunca, na vida ou na morte, outro homem.
Ela enterra o rosto e meu peito e segura minha camisa com as suas
pequenas mãos.
Eu a abraço enquanto beijo sua testa.
— Shhh. Está tudo bem. — Eu a conforto. — Conte-me. — Peço outra
vez.
— É só que... — Ela soluça. — Eu me despedi de Faye hoje cedo. —
Soluço. — Ela me apoiou tanto. — Soluço.
— Você se despediu...? — Pergunto bobamente.
Isso significa o que eu acho que significa?
Ela irá comigo?
— Sim. — Soluça. — Eu irei com você Rush.
— Está tudo bem. Você poderá visitá-la sempre. — Beijo sua testa. O
lugar mais próximo que ela me deixa de sua boca.
Ela levanta a cabeça e me encara.
Sua mão, que antes estava em minha camisa, sobe para minha barba. E
permanece lá, analisando, testado.
— Você deixou sua barba crescer. — Ela sussurra.
A mão em minha barba sobe, acariciando meu rosto. E eu fecho os olhos
em deleite. Quase podendo gozar por somente esse toque inocente. Mas,
porra, me jugue. Eu amo essa mulher e fiquei um mês do caralho sem, ao
menos, vê-la.
Somente sua imagem já me deixa perto de um orgasmo. O seu toque
então, leva todo o meu ao controle ao teste.
Ela agora toca em meus cabelos.
— Seu cabelo está maior também. — Volta à mão para meu rosto. —
Você está diferente. Fisicamente eu quero dizer.
— Eu não tinha ânimo para mais nada. Muito menos para cuidar de
mim. Mas eu irei tirá-la hoje, baby. E você cortará meu cabelo. — Ela sempre
gostou de fazer isso.
— Não. — Sussurra.
Ela olha para mim e eu encaro seus olhos de volta.
— Desculpe-me, eu irei a um barbeiro. — Eu realmente gostaria que ela
o cortasse, mas ela não quer esse tipo de intimidade comigo.
Meu peito se comprime de dor, mas eu tento afogar o sentimento.
— Não. — Ela diz outra e eu agora a olho confuso. — Eu gosto de você
assim. Não o corte, por favor. — Pede com a voz suave.
Eu não consigo segurar o sorriso que surge em meu rosto.
Ela olha para minha boca antes virar-se de costas na cama, encarando o
teto.
Eu me apoio em minha mão e a observo.
Ela sente meu olhar sobre ela e vira seu rosto em minha direção.
— Desculpe por isso. — Indica a macha em minha blusa.
— Não por isso. — Repondo. Ela sorri com minhas palavras.
E um silêncio desconfortável cria-se em torno do quarto.
E ao mesmo tempo em que eu quero correr com ela para São Francisco,
para que ela não possa mais se livrar de mim, eu não quero sair desse quarto,
com medo que nossa nova cumplicidade se perca fora dessas paredes.
Ela coloca a mão na barriga, e eu sigo o movimento.
Minhas mãos coçam com a necessidade de tocá-la. De senti-la.
— Você pode tocar se quiser. — Ela sussurra, quando me paga olhando.
Eu desvio o olhar envergonhado.
— Não quero deixá-la desconfortável.
— Você não vai. E são seus filhos aqui.
Eu olho para sua barriga, receoso.
Mas decidido, eu finalmente sento-me, encostando-me a cabeceira da
cama, e quando peço para que Live faça o mesmo, ela me olha desconfiada.
Ela senta-se em minha frente, e eu peço que ela fique de costas para
mim. E quando ela o faz, eu abro as minhas pernas e a puxo até que suas
costas estão grudadas em meu peito.
Ela arfa quando sente minha ereção em suas costas. Mas eu não fiz isso
de propósito. Somente não consigo controlar meu corpo perto dela.
Ela fica rígida inicialmente, mas logo relaxa em meu peito.
Eu levo minhas mãos até a barra de sua blusa folgada. E a tiro de seu
corpo, sem tocá-la. E, de repente, Live está somente de calça de moletom e
sutiã.
Eu respiro fundo.
Irei tocar em sua barriga de grávida pela primeira vez.
Então, lentamente eu levo minha mão até ela, meus ouvidos surdos com
o barulho do meu coração, e quando finalmente a toco, a sinto quente, rígida.
Eu fico lá, com minhas mãos em sua barriga, sem saber o que realmente
fazer, mas Live pega minhas mãos e as levam em um passeio por seu
abdômen esticado por nossos filhos.
— É tão grande. — Eu digo fascinado.
— É sim. — Ela concorda com um sorriso.
— E está tão rígida!
— Sim. — Sorri outra vez.
Cristo.
Isso é muito mais do que imaginei. É tão diferente tocá-la em sua
barriga, sabendo que lá dentro está o nosso fruto.
Mas então, eu rapidamente arranco minhas mãos de seu abdômen
quando sinto algo chutá-las.
— O que foi isso? — Pergunto alarmado.
— Oh, meu Deus. — É a única resposta que recebo.
Cristo.
Será que ela os está perdendo?
Será que está morrendo? Pois não é normal algo pulando dentro de você.
Isso não pode ser normal.
Eu me preparo para levantar com Live ainda em meu colo, para levá-la
ao hospital mais próximo.
Meu desespero somente aumenta quando ela começa a chorar.
Eu tento levantar da cama, mas ela me impede.
— Live, por Deus. Temos que ir ao médico! — Eu quase grito com o
medo que tenta me afogar.
— Não, Rush. — Ela sussurra.
E eu fico incrédulo com a calma em sua voz, mesmo que ela esteja à
beira de morrer ou perder os bebês.
— Live! — Digo exasperado.
Tento levantar-me outra vez, mas ela coloca seu peso em meu peito. E
olha para cima me encarando com um sorriso em meio às lágrimas.
Como ela pode sorrir?
— Está tudo bem.
— Como pode estar bem?! Você sentiu a pontada!
Passo as mãos pelos cabelos, quase os arrancando.
— Isso é normal.
Ela segura minhas mãos e as leva de volta para seu abdômen.
— Sinta. Eles estão somente se mexendo.
— Oh. — Digo quando após alguns instantes, eu sinto o chute outra vez.
— Eles nunca haviam chutado. Eu estava preocupada, mas pensei que
talvez eles fossem muito novos para isso. — Ela explica.
E eu assisto e sinto fascinado quando as pontadas acontecem uma e
outra vez.
Eu sempre estou fascinado quando o assunto é a gravidez da minha
menina.
— Eu acho que eles te reconheceram Rush. —— Ela sorri para mim
quando diz.
— Você acha? — Pergunto encantado com possibilidade.
— Sim. Dizem que os bebês podem ouvir a voz da mãe ou do pai dentro
da barriga. Talvez eles somente o ouviram e sabem que você está aqui. —
Sua voz vai morrendo com cada palavra. E eu quase não escuto quando ela
diz. — Finalmente.
Eu estou aqui e não os deixarei jamais.
E segurando as quatro pessoas mais importantes do mundo em meus
braços e minhas mãos, eu me sinto a porra do homem mais feliz do mundo.
Sinto o planeta voltando finalmente para seu eixo natural.

Dirijo até nossa casa e, quando estaciono o carro na garagem, peço que
Live não desça do carro, pois somente irei pegar minhas coisas para que
possamos ir para São Francisco.
Ela ficou surpresa quando disse que agora os meninos estão morando lá,
e que também iríamos. Não somente morar lá, mas morar com eles.
Eu somente não disse a ela que a estou levando comigo para a turnê,
mas ela descobrirá em breve.
— Eu irei descer. Ficarei sufocada aqui.
— Não! — Grito.
Ela me olha assustada. E eu arregalo os olhos.
— Desculpe-me. — Peço apressadamente. — Oh, Deus. — Coloco a
mão em sua barriga. — Será que eu os assustei?
— Não, mas não faça mais isso.
— Desculpe. — Peço outra vez.
Ela descarta minhas palavras.
— Eu irei sufocar aqui, Rush. Não tenho uma lembrança muito boa da
última vez que estive aqui. — Olha para a casa em nostalgia. — Mas isso é
nada, perto dos milhares de coisas boas que vivemos.
— Eu sei querida. Mas não se canse, fique aqui.
A verdade, é que não quero que ela veja o estado da casa.
Ela rola os olhos concordando por fim.
Eu apresso-me fora do carro e, quando entro na casa, corro para o
quarto, somente para recuperar algumas coisas. Jogo tudo dentro de um saco
e vou escada a baixo o mais rápido que posso.
Mas paro no meio do caminho quando encontro os olhos arregalados de
Live.
— Meu Deus. — Ela sussurra. — O que aconteceu aqui?
Sai do arco da porta, caminhando até o meio do que era nossa antiga
sala.
Observa as paredes negras, as cinzas do antigo sofá, a televisão
quebrada e os enfeites de natal, que ao contrário dos enfeites do jardim,
nunca foram removidos.
Ela vira-se para mim com os olhos cheios de lágrimas.
Eu desvio o olhar envergonhado.
— Foi você? — Pergunta hesitante.
Eu não encontro minha voz, então somente aceno com a cabeça.
Ela coloca as mãos na boca quando dá um soluço alto. As lágrimas
agora rolam livremente por seu rosto.
— O que eu fiz com você? — Ela pergunta com a voz embargada.
Eu arregalo os olhos com suas palavras.
— Não, Live. Você não fez nada! — Digo, seguro, mas ela não me
escuta.
E chorando, caminha até a cozinha.
Escuto sua exclamação chorosa de surpresa quando a sigo.
Ela agora olha espantada os cacos de vidro no chão, os armários
quebrados e os eletrodomésticos espatifados.
— Live. — Chamo-a preocupado. Ela parece que está em estado de
choque.
Virando-se, ela passa por mim, subindo as escadas o mais rápido que
sua condição permite.
— Foda-se. — Murmuro sobre minha respiração.
Quando chego ao quarto em seu encalço, vejo que agora ela chora
dolorosamente, como se sentisse uma dor na alma.
Parada no meio do quarto, ela olha o caos, o espelho despedaçado, a
porta de madeira rachada e caída para o lado, o abajur jogado no outro canto
junto com o criado-mudo.
— Live. — Caminho até ela, lutando com o nó em minha garganta. —
Desculpe por isso. Irei recuperar e arrumar tudo. — Prometo.
Virando-se para mim, ela joga-se em meus braços. É a primeira vez que
me abraça espontaneamente depois de um mês, mas não posso respirar de
alívio por conta disso. Não quando ela chora copiosamente por culpa minha.
— Perdoe-me. — Sussurro em seu ouvido.
— O que eu fiz com você? — Pergunta outra vez.
— Você não fez nada. — Seguro seu rosto, obrigando-a a olhar-me. —
Eu fiz isso para mim. Eu me destruí, eu me sabotei. Você somente tentou me
amar, mas eu sou fodido demais para isso.
— Não. — Ela balança a cabeça.
— Shhh. Está tudo bem. — Limpo suas lágrimas com o polegar.
— Você... você tentou se matar? — Sussurra e eu quase não consigo
ouvi-la.
— Não. — Sussurro de volta. — Mas eu quase cheguei a isso, Live.
Nesse último mês eu lutei para não cair sobre isso, os caras estavam em meu
pé 24/7. Foi difícil Live.
— Desculpe-me. — Ela pede outra vez.
— Pare. — Digo exasperado. — Você não tem culpa!
— Eu o deixei e...
— Você somente o fez, porque eu a empurrei para isso. Eu não a culpo e
nunca irei. Eu sempre irei culpar-me por isso, por seu sofrimento nesse mês.
E nunca irei me perdoar por não ter aceitado os bebês antes.
Ela olha em meus olhos com a expressão chorosa, antes de encostar a
testa em meu peito e chorar outra vez.
Eu a pego em meu colo, a aninho com cuidado e, sentando na cama, eu
passo a próxima hora consolando-a.

Live dorme em meus braços e eu a carrego até o carro. Aconchegando
uma manta ao seu redor, colocando seu travesseiro, o único que não destruí,
em seu lado, para que ele apoie a cabeça.
Ela dormiu após um tempo em meus braços e, mesmo que eu adore ficar
com ela na cama, velando seu sono, eu tinha um compromisso em breve e
não podia adiá-lo. Já o estava fazendo quando dedicava meu tempo para
procurá-la.
E com tantos problemas, o último que precisava, era de Corine enchendo
minha bunda por adiar outra vez a reunião da turnê.
Quando entro no lado do motorista, ela suspira e move-se em seu sono,
fazendo com que a manta caia de seus ombros. Franzindo a testa, eu coloco a
manta no lugar, antes de ligar o carro.
Está fazendo 25 graus lá fora e eu não quero que ela pegue um resfriado.
Ligando o carro, eu dirijo rumo ao nosso futuro.
Uma sensação de djavú passa por mim.
E a cena de quando a tirei da casa de Matt e Max, para levá-la a morar
comigo, volta em minha mente.
Mas, agora, não somos somente duas pessoas dirigindo para o futuro,
somos cinco.
E, por mais incrível que isso pareça, a ideia não me assusta. Sorrindo
com o pensamento, eu sigo para São Francisco.
Puxo o carro para dentro da garagem da nossa nova casa em São Francisco.
Live, ainda adormecida, está alheia a tudo ao seu redor.
Eu desço do carro e ando até sua porta. Abrindo-a, eu a retiro do carro
com todo o cuidado para não a acordar, mas ela o faz mesmo assim, quando
eu estou a poucos passos da porta.
Esfregando o punho nos olhos, ela me encara.
— Onde estou? — Pergunta confusa.
— Em São Francisco, baby. Você adormeceu ainda em Berkeley e
dormiu a viagem toda.
Ela me olha, lembrando-se porque adormeceu. De que chorou até dormir
em meu colo, no caos do quarto destruído. E, colocando a mão em meu
pescoço, ela enterra o rosto em minha camisa.
Não chorando com antes, mas escondendo algumas lágrimas.
Eu odeio que ela me abrace para se consolar. Quebra a porra do meu
coração.
Mas adoro que ela me busque para isso e não outro, nada mais, ninguém
mais.
Com dificuldade, eu abro a porta com ela em meus braços. Ela está mais
pesada, por conta da gravidez. Mas, ainda assim, é muito leve para que eu a
pegue sem esforço algum.
Os caras estão esparramados no sofá e me encaram surpresos quando
entro com Live.
— Você a encontrou, finalmente. — Black diz levantando-se.
— Sim. Ontem foi o seu primeiro ultrassom. Encontrei-a no hospital.
— Oh. — Eles dizem e me encaram ansiosos.
Ela tira seu rosto do meu peito e os encara.
— Oi. — Diz, sorrindo.
Black anda até ela e beija sua bochecha, assim como Ash, Ryan e Jax.
— Menina você deveria trabalhar na CIA ou FBI. Você definitivamente
sabe sumir do mapa. — Ash diz.
— Estava com saudade da sua comida. — Jax diz, sem ao menos
cumprimentá-la.
Ela revira os olhos, sorrindo.
— Eu estava com saudade de vocês.
— Como foi a ultrassom? — Black pergunta. E os caras encaram-me,
curiosos.
Eu peço para que eles aguardem um minuto e caminho com Live até
meu quarto. Depositando-a sobre os lençóis brancos.
Ela observa o quarto impessoal com uma careta e eu somente dou de
ombros.
— A casa tem quatro suítes. Black e Ash ocupam duas delas e Jax e
Ryan dividem a segunda maior delas e nós dois dividimos a maior. —
Explico para ela.
— Iremos dormir no mesmo quarto? — Arregala os olhos.
— Posso dormir na sala. — Digo prontamente.
— Não, tudo bem. Quer dizer, você não irá me atacar de noite ou algo
assim, irá? — Pergunta, cerrando os olhos.
— Claro que não. — Respondo ofendido.
Ela dá de ombros.
— Por mim tudo bem, então.
— Porra! — O grito de Jax é escutado na porta.
Viro-me somente para encontrá-los lá, todos os quatro, parados na porta,
olhando a barriga de Live.
Jax apressa-se até Live.
— Você comeu a porra de uma melancia, mulher? — Ele questiona.
Sorrindo, ela acaricia a barriga antes de dizer.
— Não. São somente vários bebês.
— Você comeu vários bebês? — Ele grita.
Ela, sorrindo abertamente agora:
— Tem vários bebês aqui. — Ela explica.
— O quê? — Black pergunta incrédulo, também entrando no quarto.
Ash e Ryan o seguem. E já que estão todos aqui, sento-me ao lado de
Live na cama.
— Live está esperando trigêmeos. — Eu digo, beijando sua testa e
alisando sua barriga.
As exclamações de surpresas enchem o quarto.
Jax abraça Live parabenizando-a, antes de abraçar-me.
— Fazedor de filhos do caralho. — Ele diz. E eu faço uma careta em sua
direção.
— Porra, pequena, três bebês. — Black diz ainda muito atordoado com a
notícia.
— Isso não é magnifico? — Ela pergunta para ele.
— Sim, só é... muito. — Ele sorri. — Posso tocar?
Ao aceno afirmativo de Live, ele desce a mão sobre sua barriga. E eu
observo com olhos entrecerrados a cena.
— Isso é tão... estranho. Rígido e tudo mais.
— Digam que são três meninas. Por favor. — Jax implora me lançando
um sorriso debochado.
E meu coração para com o pensamento.
Foda-se.
Eu nunca iria conseguir controlar quatro mulheres em minha vida.
— Não. São dois meninos e uma menina. — Ela diz orgulhosa.
E de repente, o quarto se transforma em um grande caos. Com todos os
meninos questionando e mimando minha menina.
Mas quando ela boceja pela terceira vez em poucos minutos, eu ponho-
me de pé, expulsando-os do quarto. Virando-me para Live em seguida.
Ela me encara com um sorriso.
— Eu estava com saudades disso. Essa bagunça.
— Eu também. — Confesso, caminhando até ela. — Estava com
saudade da grande família que formamos.
— Agora maior do que nunca. — Ela sorri em meio a um bocejo,
acariciando sua barriga.
Pegando um lençol que estava jogado sobre a cama, eu a cubro,
acomodando-o sobre ela.
— Durma. Você está cansada.
— Sim, verdade, mas... — Ela hesita olhando para mim.
— O quê? — Pergunto.
— Você pode ficar até que durma? — Pergunta tímida.
E porra, claro que eu posso. Eu posso tudo para ela, por ela.
Tirando meus sapatos, eu deito-me ao seu lado.
— Você pode coçar minhas costas?
— Sim. — Sorrio.
Ela deita em meu peito e eu acaricio suas costas, até que ela durma.
E quando ela finalmente adormece, eu continuo a acariciá-la. Somente
porque amo tocá-la.

Quando caminho de volta à sala, penso sobre a pequena paz que se
instalou entre nós, após ela ver a destruição da nossa casa.
Ela percebeu que, enquanto ela sofria por minhas palavras, eu sofria por
seu abandono, principalmente por sua falta. E, mesmo que tudo tenha sido
culpa minha, ambos estivemos em um inferno no último mês.
Mas, somente quando estamos juntos, conseguimos visualizar um pouco
do céu, mesmo que ainda não podemos alcançá-lo.
— Um tiro certeiro, hein bonitão. — Jax zomba. — Três em uma
encaçapada só. Maldito seja se você não é o dono da porra mais potente do
mundo, somente perdendo para mim. Se um dia engravidar alguém, pode ter
certeza que será mais de cinco, de uma só vez.
— Caralho, não exagere. — Ryan geme ao seu lado.
— Você quer apostar?
— Cale a maldita boca, Jax. Ninguém irá apostar sobre a quantidade de
bebês que consegue fazer de uma só vez. — Black o repreende.
— Mas eu continuo a dizer. Com certeza minha porra é mais potente
que a de Rush.
Bufando, eu jogo-me no sofá. Ignorando Jax.
— Três filhos, Rush. — Ash sorri em minha direção. — Eu nunca
pensei em você como um pai.
— Nem eu, porra. Nem eu. — Suspiro.
— Como você recebeu a notícia? Quer dizer, dado a forma que você
recebeu a notícia que seria um pai, creio que saber que teria três bebês a
caminho não deve ter sido fácil.
— Porra, não foi. — Eu gemo. — Quer dizer, eu nunca quis um bebê,
três então... mas então, eu ouvir a porra dos corações batendo, vi suas
imagens borradas na tela e eu soube que os queria e que os amaria.
— Parabéns, cara. — Black diz.
— Obrigado. — Sorrio.
— Oh. Eu ia esquecendo! Corine nos espera em uma hora no estúdio.
Última reunião antes da turnê. — Ash comenta.
E eu gemo em protesto, sem querer sair de perto de Live.

Tiro as mechas cor de ouro de sua testa e a beijo levemente em seu
rosto.
— Meu anjo. — Chamo-a levemente.
Ela reluta e, após chamá-la pela quinta vez, ela finalmente abre seus
grandes olhos, me encarando.
— Irei aos estúdios em uma reunião. Está bem para você ficar só? Ou
você quer me acompanhar?
Ela suspira, fechando os olhos.
— Pode ir. — Responde sem tornar a abri-los.
Ela volta a dormir em seguida. Sem me dar atenção.
Sorrindo, eu beijo sua testa, demorando-me lá um pouco mais do que o
necessário. E afagando sua barriga, eu resisto à vontade de beijá-la lá
também, não sabendo como ela realmente iria reagir.

Entro na sala branca e olho as pessoas sentadas na grande mesa redonda.
Aceno em cumprimento, antes de sentar-me em uma das cadeiras vazias.
— Ora, ora. — Corine debocha. — Veja quem resolveu aparecer.
— Não fode. — Rosno em sua direção.
Nunca nos demos bem. Pelo menos não depois que ela chamou Live de
vadia no festival. E apesar dela ser nossa agente/empresária, eu não escondia
minha antipatia por ela.
A vadia de luxo.
Limpando a garganta, Bill começa.
— Bem, hoje eu quero discutir com vocês, como funcionará a turnê.
Claro, vocês já sabem esse discurso de cor, mas houve pequenas alterações.
O primeiro item a ser discutido e que teve alterações é... — Ele para de falar
e olha para a folha em suas mãos.
— Eu gostaria de dizer algo. — Aproveito sua pausa.
Ele me olha com a sobrancelha arqueada, mas indica para que eu
continue.
— Estarei levando Live comigo, conosco.
— Mas o quê? — Corine grita. — Você não pode fazer isso. Temos um
orçamento aqui. Levá-la só significaria mais gastos e você ainda não pode se
dar ao luxo.
— Eu não pedi sua aprovação ou sua opinião. — Rebato. — Ela não
atrapalhará e não afetará o orçamento, tudo o que ela gastar, pode tirar do que
irei ganhar com os shows.
— Não! Isso é inadmissível. — Ela olha para Bill, pedindo seu apoio.
— Pode retirar as despesas de Live da minha parte também. — Jax fala
ao meu lado.
E de um por um, os caras repetem o mesmo discurso. Eu os encaro
agradecido.
Bill nos olha curioso e Corine me lança flechas por seu olhar afiado.
— Bem. Eu não acho que ela traria algum transtorno para a banda, além
de parecer ser a mascote de vocês. — Eu o olho ameaçadoramente, quando
ele a chama de mascote. — Desculpe. — Ele limpa a garganta. — Você pode
trazê-la, Rush. Não vejo mal nisso.
— Bill! — Corine Grita para ele.
— Ela está grávida e precisa de mim, não posso deixá-la aqui.
Bill, então, sorri compreensivamente.
— Eu entendo. Já tive uma senhora grávida em casa, elas necessitam de
atenção. Somente saiba que você será o responsável por ela e que estou
confiando que ela não irá atrapalhar.
Aceno concordando.
— Grávida. — Nossa empresária me olha incrédula. — E ele é seu?
Você tem certeza disso? — Debocha. — Você sabe, vadias nunca sabem
quem é o pai.
Ponho-me de pé e ando em sua direção para ensiná-la uma lição, mas
Black intercepta-me no caminho.
— Ela não vale a pena o mínimo.
Ela sorri para mim do outro lado da mesa, mas vejo a fagulha de medo
em seu olhar.
Se não tivéssemos um contrato com a vadia, eu teria a certeza que ela
nunca mais trabalharia com a banda, mas o acordo selado me impede de
demiti-la.
— Corine. — Bill a repreende.
Ela dá de ombros, como se não se importasse uma merda.
Fecho minhas mãos em punho com a raiva que me consome.
— Não volte a falar dela dessa maneira. Mais uma vez, ela não é você,
não é uma puta como você. Esse é o meu último aviso. Não volte a sequer
pensar em Live. — Rosno em sua direção.
Black convence-me a sentar outra vez.
E eu o faço. Ainda com o ódio por Corine correndo em minhas veias.
E pelo resto da reunião eu me concentro. Concentro-me em não avançar
sobre Corine, cada vez que ela me olha debochada.

A reunião maçante dura mais do que o planejado e somente quatro horas
depois eu consigo voltar para casa, para Live.
Ao meu lado, os caras conversam animadamente sobre a turnê e o
videoclipe que estamos produzindo.
Mas eu estou muito ansioso para embarcar na animação. Muito ansioso
em ver minha mulher e sua grande barriga. Eu acho que estou me viciando
nela.
Entrando na casa, eu sigo direto para meu quarto e quase morro quando
encontro a cama vazia.
Gritando por Live, eu vou até o banheiro, mas o vejo vazio. Voltando
para a sala, eu sigo para a cozinha e encontro cinco rostos olhando-me
curiosos.
— Porra. — Digo quando alcanço Live no meio do cômodo. — Achei
que você tinha ido. — Grudo-a em meu corpo.
Afastando-se levemente, ela me encara. E vejo a angústia em seu olhar,
ao constatar o desespero em meu rosto, por pensar que ela tinha me
abandonado outra vez.
Sorrindo suavemente, ela segura minhas mãos e as leva até sua barriga.
— Somos um time agora. Eu não irei abandoná-lo como da última vez,
Rush.
— Eu somente pensei... eu vi a cama vazia e...
— Está tudo bem. Eu o compreendo. — Ela sorri antes de ficar na ponta
de seus pés e beijar minha bochecha.
Virando-se, ela segue para o forno, deixando-me flutuando por conta do
leve tocar de seus lábios em meu rosto.
Batendo em meu braço, Jax passa por mim, seguindo Live e espiando
por sobre sua cabeça, o que ela está fazendo.
— O que você está cozinhando ai? — Ele pergunta.
Cozinhando?
Cozinhando?
— Cozinhado? — Eu pergunto, alarmado. — Você ficou louca?
Caminhando até ela, eu a tiro de perto do forno colocando-a sentada no
balcão.
— Eu estava com fome e entediada. — Ela me encara.
— Você poderia se cortar, se queimar e outras inúmeras coisas. Você
não pode fazer isso enquanto estiver grávida!
— E você quer o quê? Que eu fique deitada o resto da gravidez?
— Exatamente.
Ela me olha exasperada e pronta para falar algo, mas o apito do forno a
impede disso. Ela pede que eu a tire do balcão, mas eu me coloco em sua
frente, impedindo-a de qualquer movimento.
— Você não irá mexer com fogo. — Eu decreto.
— Rush, eu não estou inválida. Só estou grávida. Grávidas trabalham o
tempo todo, algumas até no dia de terem seus bebês.
— Mas você não é qualquer grávida. Você é a minha grávida. São meus
filhos ai dentro. E se você os queimar com o fogo? Com o vapor quente do
forno? Eles são tão pequenos e sensíveis, Live!
Passo as mãos por meu cabelo. Por que ela não pode simplesmente me
obedecer?
Sua expressão se suaviza e ela sorri divertida antes de acariciar meu
rosto.
— Eles estão protegidos aqui. — Passa a mão sobre sua muito
proeminente barriga. — Nada irá acontecer com eles. Não se preocupe. Não
com eles e não comigo.
— Só não se esforce muito. A médica disse para você descansar.
— Eu irei. — Ela concorda.
Mas algo me diz que ela não irá. Pelo menos não o suficiente de
qualquer maneira.
— Tire a forma do forno par mim, Jax. — Ela pede.
E assim ele faz. Quase tendo um ataque do coração, quando percebe que
Live fez sua incrível lasanha.
— Oh, Jesus. — Ele geme. — Eu estive pedindo por isso. Eu
necessitava disso, Live.
Ela somente sorri em resposta, enquanto eu a tiro do balcão e a coloco
em uma cadeira. Pegando em seguida os pratos e talheres, colocando-os na
mesa.
Eu a sirvo com um generoso pedaço, antes de colocar o meu próprio. E,
assim, em instantes, estamos todos saboreando a deliciosa comida de Live.
— Como seu pai reagiu à gravidez? — Jax pergunta quando estamos
todos na sala após o jantar.
Eu os coloquei para lavar a louça e organizarem a bagunça. Enquanto
levava uma Live, saciada e cansada para o sofá.
Com a pergunta, o rosto de Live fecha e eu rapidamente entro alerta.
— Ele não sabe. — Ela sussurra.
— Oh. — Jax diz surpreso.
Assim como eu.
— Como assim ele não sabe? — Eu pergunto largando seus pés, onde
fazia uma massagem.
— Eu não quis preocupá-lo. Nem ele e nem os gêmeos. Eles somente
sabem que não estamos mais juntos. — Ela dá de ombros. Como se isso não
fosse de muita importância, mas em seu olhar eu vejo o contrário.
Ela está incomodada com isso, está triste e arrasada. E eu não posso
deixá-la assim. Eu tenho que fazer algo sobre isso.
— Iremos resolver isso. — Eu digo.
Ela oferece um pequeno sorriso, antes de levantar-se do sofá.
Despedindo-se de todos, ela segue para o quarto, sem me dar a chance
de levá-la, como eu gostaria.

Quando eu acordo, a primeira sensação que tenho é de paz.
Paz que a muito não sentia.
Foi a primeira vez em um mês que eu dormi realmente. Mesmo que a
qualquer movimentação de Live eu instantaneamente abria os olhos, talvez
com medo que ela fosse embora outra vez.
Mas, apesar disso, essa foi a melhor noite em muito tempo.
Além de paz, eu sinto sossego, amor. Amor do puro e simples.
Quando eu me deitei na cama ao lado de Live na noite anterior, ela já
estava dormindo.
Vestindo uma das minhas camisetas, ela dormia profundamente. E
quando eu me aconcheguei em suas costas, ela instintivamente procurou por
meu calor. Passando meus braços por baixo dela, eu a abracei a noite toda.
E segurando seu ventre com uma mão, eu dormi por boa parte da noite.
Faltavam exatos três dias para sairmos em turnê. E eu ainda não tinha
dito para Live sobre isso, sobre sua participação nela.
Esses últimos dias antes da viagem, estava sendo de muita correria para
a gravadora e para Corine, mas ela tinha nos dado bandeira branca pelos
próximos dois dias para que fizéssemos o que quiséssemos. Menos sujar
nossa imagem.
E então, eu decidi. Iriamos para a comunidade.
Live iria contar ao seu pai sobre sua gravidez e o faria pessoalmente.
Beijando um ponto abaixo de sua orelha, eu preparo-me para sair da
cama sem acordá-la.
Mas congelo quando ela diz.
— Bom-dia.
Eu hesito por um instante antes de respondê-la.
— Bom-dia, baby.
Fico tenso pensando o que ela deve achar sobre a posição em que
estamos. Minha mão em seu ventre, suas costas em meu peito, minha ereção
em sua bunda.
Foda-se, o último não era intencional. Era somente minha ereção matinal
e minha excitação por ela esfregar-se em mim sem que percebesse. Mas, de
qualquer maneira, eu tinha prometido não a atacar à noite.
Ela sai de meus braços e vira-se para me encarar.
— Como foi sua noite? — Eu pergunto.
— Boa. — Ela sorri. — E a sua?
— A melhor em muito tempo. — Mesmo que eu não tenha dormido
mais que quatro horas.
Ela me oferece um sorriso melancólico, ajeitando-se nos travesseiros.
— Posso? — Pergunto indicando sua barriga.
Ela acena com a cabeça.
Deitando-me em suas pernas, eu encaro sua barriga de perto pela
primeira vez. Será que eles podem sentir-me de lá de dentro?
Será que eles sabem que estou aqui e quem eu sou?
Coloco minha mão sobre ela e não passa muito tempo antes que um
chute a acerte.
Eu encaro Live com um sorriso encantado e ela o devolve emocionado.
— Oi. — Sussurro para eles.
Outros chutes movimentam a barriga de Live e eu sorrio achando
engraçado sua forma.
Acaricio-a por um bom tempo e sorrio sempre que um chute acerta
minha mão.
Fechando os olhos, suspiro encostando minha testa em seu ventre. E
com o rosto pressionado contra sua barriga, minha mão segurando-a, eu
adormeço. Entrego-me ao sono, esquecendo o que iria fazer pela manhã.
Adormeço com um sorriso no rosto.
O sorriso de quem está completo pela primeira vez em muito tempo.
O sorriso de quem finalmente encontrou a paz.
— Estou com medo. — Live sussurra ao meu lado.
— Medo? — Pergunto.
— De sua reação. — Ela explica. — E se ele não aceitar?
— Ele irá.
— Como você sabe?
Eu penso sobre isso. Como eu sei que seu pai aceitará os bebês? Eu
somente sei. Não imagino Bernard destratando Live por conta de uma
gravidez.
Talvez ele fique um pouco decepcionado, porque ela abandonou a
faculdade, mas ele é o exemplo vivo de que devemos fazer o que nos der na
telha.
— Ele a ama. — Respondo somente.
— Você também me amava. — Ela diz e eu a encaro.
Ela não joga o que eu fiz em minha cara, somente constata um fato.
— Amo. — Corrijo-a. — Mas eu não sou exemplo de nada, minha vida
nunca foi normal. E mais uma vez, eu me arrependo do que fiz, percebi meu
erro quase que no mesmo dia.
Ela não diz mais nada, somente suspira se aconchegando no banco do
carro.
E eu dirijo pelas próximas duas horas com seu silêncio me
acompanhando.

Quando estaciono em frente à cabana de Bernard. Olho para Live, não
ficando surpreso quando a encontro dormindo. Ela o faz constantemente
agora.
E eu não reclamo sobre isso. Pois, quando ela está na cama, eu não
tenho que me preocupar se ela está fazendo algo que a possa prejudicar ou
aos bebês.
Saindo do carro, eu sigo direto para a porta da cabana, mas ela se abre
antes que eu possa bater na madeira com meu punho.
O pai de Live me encara com surpresa, seguido de um suspiro cansado.
— Eu não sei onde ela está Rush. — Ele diz. E eu perco a conta de
quantas vezes eu o ouvi dizer isso no último mês.
Lançando-me um olhar entre tristeza e pena, ele convida-me para entrar.
Mas eu nego com um aceno de cabeça.
— Eu sei onde ela está. — Digo a ele.
Ele encara-me surpreso. Mas sua expressão muda quando a confusão o
toma. Antes que ele possa dizer alguma coisa, eu volto para o carro, abrindo a
porta de Live.
E com todo o cuidado do mundo eu a pego em meu colo.
Em seu sono profundo, ela não acorda quando a levo para dentro da
cabana, para seu quarto. Nem quando seu pai solta um quase grito surpreso
quando vê sua barriga de grávida.
— Mas o quê? — Ele pergunta confuso quando eu o chamo para a sala.
— Como isso aconteceu? Por que ela não me contou?
Ele enche-me com suas perguntas.
— Ela estava com medo de sua reação.
— Mas esperar todo esse tempo para me contar? Com quanto tempo ela
está? Sete meses?
— Quatro, quase cinco.
— Impossível! — Ele exclama. — Sua barriga está muito grande para
isso. Jesus. Diga-me que sua gravidez não é de risco. Diga-me que não vou
perdê-la.
Ele caminha de um lado a outro e eu o encaro sem reação. Não sabendo
como lidar com o homem desesperado.
De qualquer forma eu caminho até ele, guiando-o para a sua velha
poltrona.
— Ela está bem.
Digo para ele que não me escuta, continuando a divagar.
— A mãe dos gêmeos morreu no parto. Eu não posso perder meu bebê.
E não desse jeito.
Suas palavras afundam em meu peito.
Como uma faca encravando lentamente em meu coração.
Até o momento eu não tinha sequer pensado na possibilidade de
acontecer algo com Live em seu parto.
Não tinha recordado que a mãe de Max e Matt tinha morrido ao dar à luz
a eles.
Não tinha pensado na possibilidade de que uma gravidez de múltiplos
possa ser um perigo multiplicado para a mãe na hora do parto.
Eu respiro audivelmente.
O medo correndo por minhas veias.
O pensamento de que se ela não estivesse grávida, ela não correria tais
riscos. O desejo de que ela tivesse me ouvido e interrompido a gravidez
quando isso era possível.
Mas, no instante em que o pensamento me vem, ele vai embora. Eu os
descarto rapidamente, enojado comigo mesmo, o medo tomando conta de
minha mente.
Mas, após pensar sobre isso, eu penso sobre as três pequenas vidas que
eu já amo. Sobre como elas serão dependentes de mim e como me amaram
acima de tudo.
Como somente Live o fez.
E, com isso, o terror aumenta, pois não imagino que posso perder Live
no parto, mas sim, Live e os bebês. Meus três pequenos filhos.
Bernard divaga ao meu lado.
E eu tento sugar o ar, ficou difícil respirar de repente. O aperto em meu
peito é insuportável.
— Filho? — Escuto a voz de Bernard de longe. Ela parece estar bem
distante.
Sinto uma mão guiando-me até o sofá. E minutos depois, um copo com
água é colocado em minha frente.
— Beba. Você está pálido.
Eu tomo o líquido em um gole. Fazendo-o sem realmente perceber.
Somente obedecendo ao pai de Live.
— Expire e inspire. — Ele diz quando percebe minha dificuldade em
respirar. — Acalme-se, rapaz.
Eu tento fazer como ele pede. Agora mais do que nunca eu tenho que
ficar bem, para que eu possa cuidar de Live, não a deixar longe da minha
vista. E garantir que ela tenha a melhor assistência médica do país. Do
mundo.
Quando estou mais calmo, Bernard acomoda-se na poltrona outra vez.
Agora, com ambos calmos. Ou, pelo menos, ele pensa que eu estou, já
que por dentro estou morrendo a cada minuto somente com os pensamentos e
com os, e se, rondando minha mente.
— Diga-me, por que sua barriga está tão grande? — Ele pede.
— Ela está carregando três bebês em seu ventre.
Seus olhos se arregalam e ele me encara incrédulo antes de sorrir.
— Três? Meu Deus.
— Ela está com medo de sua reação. — Digo.
— Mas eu não estou com raiva. Isso é inesperado, mas... é maravilho.
Três netos de uma vez. Eu nunca pensei. Sua mãe ficaria tão feliz.
Ele balança a cabeça, ainda incrédulo, quando lágrimas de felicidade e
emoção descem por seu rosto.
Jogando os pensamentos obscuros de lado, eu tento acompanhá-lo em
sua felicidade. O que não é difícil, já que ela logo reflete a minha própria
quando penso em meus bebês.
— Dois meninos e uma menina. — Digo orgulhoso.
Ele me encara com lágrimas nos olhos quando diz algo que eu nunca
pensei.
— Obrigado.
Dessa vez, sou eu quem tem o olhar incrédulo em meu rosto.
Ele não oferece mais nada e não se importa com a surpresa aparente em
meu rosto.
Perde-se em seu mundo, provavelmente pensando em seus netos.


Apoiado em minha mão eu encaro Live em seu sono.
E não é a primeira vez no dia que eu me pego pensando sobre os riscos
de um parto.
Eu tiro uma mecha dourada que escorre por sua testa, quando digo.
— Eu não posso perdê-la. Perdê-los. — Sussurro para o quarto escuro.
Mesmo que ela nunca me aceite como homem outra vez, o pouco que
tem me dado nos últimos dias, é muito mais do que pensei que teria
novamente.
Em momentos de desespero no último mês, eu tinha a certeza de que
nunca iria tornar a vê-la. Tinha a certeza de que ela nunca mais me perdoaria.
Então, estar com ela aqui, é muito mais do que imaginei.
E eu aceito de bom grado as migalhas que me oferece. Eu nunca
deixarei de lutar por ela, mas se ela não me aceitar outra vez. Eu ficarei feliz
em estar com ela para sempre, somente como pai de seus filhos.
Mas, mais uma vez, eu lutarei por ela até meu último suspiro.
Ela se mexe em seu sono, seu nariz arrebitado enrugando quando ela o
mexe, antes de espirrar. E demora somente alguns minutos para que ela
acorde depois disso.
Ela abre os olhos e somente me encara por um bom tempo.
— Estamos aqui? — Pergunta se referindo a casa de seu pai.
Eu aceno com a cabeça.
Ela geme.
— Ele já sabe, querida. E está muito feliz.
— Está? — Ela pergunta duvidosa.
— Está. — Eu sorrio. — Saiu para contar aos vizinhos inclusive.
Ela sorri genuinamente e eu traço os seus lábios com meu polegar, sem
conseguir segurar-me.
Ela congela com meu toque e eu paro instantaneamente.
— Desculpe-me, eu só...
— Está tudo bem, Rush. — Ela acalma-me.
Sorrio para ela antes de deslizar a mão por sua barriga e somente deixá-
la lá.
Mas então, a lembrança da conversa que tive com Bernard volta à minha
mente. E o pavor deve estar estampado em meu rosto, já que Live observa-
me curiosa e apreensiva.
— O quê? — Ela pergunta.
— Não é nada. — Gaguejo para ela.
— Olha Rush, eu realmente não estou preparada para ser sua agora, mas
eu aprecio o esforço que você está fazendo aqui. Eu realmente o faço.
— Você terá uma vida toda para se preparar. Eu não irei a lugar
nenhum.
Digo antes de beijar sua testa e puxá-la para mim.
Escondendo assim, meu rosto e minhas aflições, de seus olhos
perspicazes.
Querendo ocupar minha mente, eu mudo de assunto.
— A turnê começará em dois dias.
— Oh. — Ela exclama em meu peito.
— Faremos shows por todo Estados Unidos, nas capitais e principais
cidades. O nosso primeiro estado será o Oregon, onde faremos shows em
Salem e Portland. Depois vamos para Washington, onde faremos show em
Olympia e Seattle. E, assim, seguiremos para os estados de Idaho, Montana,
Wyoming, Dakota do Sul e Norte e todo o resto do país, até finalizar aqui na
Califórnia, em Los Angeles.
— São muitos Estados. — Sussurra.
— Cinquenta, para ser mais específico.
— Você ficará muito tempo fora. — Constata.
— Serão cem shows, Live. Quatro por semana, eu viajarei por quase
sete meses com a banda.
— Oh. — Exclama outra vez.
Um silêncio desconfortável se instala entre nós.
Ela processa a informação em sua mente. E eu penso, apreensivo, que
ela pode não querer viajar conosco.
O que seria compreensivo, dado o seu estado.
Ela está com quase cinco meses de gravidez agora. Quando a turnê
acabar, os bebês já terão nascido. Terão cinco ou três meses. Já que, de
acordo com a médica, eles poderão nascer antes dos noves meses. Ao sétimo
mês talvez.
Tento pensar na turnê e nos preparativos para levar uma grávida comigo,
para que minha mente não volte ao seu parto e no risco que isso implica para
eles, o meu mundo.
Tudo isso está sendo processado em minha mente.
Os meus planos de levá-la comigo, também incluem um plano caso os
bebês queiram nascer antes do tempo e caso eles nasçam no tempo certo.
Live treme em meus braços e eu franzo a testa ao observá-la.
Na posição em que estamos, não consigo ver seu rosto, então a viro na
cama, posicionando-me sobre ela.
Quando vejo lágrimas escorrendo por sua face, o desespero de algo
possa estar errado me bate.
— Live, Cristo. Você está com dor? O que está acontecendo? Diga-me!
— Exijo.
Ela balança a cabeça e tenta esconder seu rosto de mim, mas eu a
impeço. Implorando que me diga o que tem.
— Não é nada. — Soluça. — A gravidez me deixa sensível e estou
chorando por tudo. — Soluça. — Esses dias eu chorei com um comercial de
uma lanchonete especializada em frango. — Tenta um sorriso, mas falha
miseravelmente.
— Por que você está chorando agora? — Peço gentilmente, limpando
suas lágrimas.
— Você... você passará tanto tempo fora. — Sussurra. — Os bebês já
terão nascido... e talvez você nem esteja quando isso acontecer.
— Hey. — Seguro seu rosto. — Eu estarei lá quando isso acontecer.
Não perderia por nada. E você irá comigo.
— Com você? — Pergunta confusa.
— Na turnê. — Explico. — Você achou mesmo que, agora que te
encontrei, iria deixar você? Nem em um bilhão de anos, baby.
Ela arregala os olhos, me olhando em choque.
— Mas eu seria um problema, com toda essa barriga.
— Não. Você será meu bálsamo. Meu motivo para continuar com tudo
aquilo, quando estiver cansado. Você e esses três pequeninos aqui. —
Acaricio sua barriga. — Tenho tudo preparado, Live. Tenho até um plano
emergencial, caso os bebês queiram vir ao mundo antes do tempo.
— Mas, mesmo que eles nasçam somente com nove meses, você ainda
estará em turnê por mais três e eu não poderei acompanhá-lo.
Fecho os olhos, sabendo que isso é verdade. Chegará um tempo, em que
ela não poderá seguir conosco.
— Quando chegar a hora, pensaremos sobre isso. — Não quero sofrer
por antecipação, por ficar longe deles.
— Mas, como isso irá funcionar?
— Bem. Viajaremos de avião, entre as cidades. Como são somente duas
cidades por estado, isso é mais conveniente. Teremos um ou dois aviões à
disposição de todos. Das duas bandas, de todos os funcionários e dos
instrumentos. Cortesia, da gravadora e da Infinit.
— Uau. — Exclama.
— Eu sei.
Sorrio aconchegando-me na cama ao seu lado, puxando-a para meu
peito.
— Também providenciei uma maca e uma cadeira de rodas.
— O quê? — Ela diz entre incrédula e divertida. — Por que você precisa
disso?
— Eu não. Você.
— Rush! Estou grávida, não inválida. — Ela protesta.
— Live, você não pode andar por aí. Tem quem manter repouso. Uma
cadeira de rodas é ideal e essencial.
— Eu não irei usar uma cadeira de rodas ou maca. Porra, uma maca!
Eu a olho com uma carata, quando o palavrão sai de sua boca.
— Ok. Sem maca, mas a cadeira de rodas fica.
— Não. — O tom em sua voz é indiscutível.
— Sim, Live. Eu não poderei carregá-la sempre. E isso também não é
bom para os bebês.
Ela suspira emburrada e não fala mais nada.
Aposto que em sua cabeça, ela deve estar pensando que nunca irá usar a
cadeira de rodas.
Ela só não sabe que, quando o assunto é a saúde da minha mulher e dos
meus filhos, nada pode me impedir de fazer o que é melhor para eles.
O amor é um sentimento engraçado, bipolar. Que fere, mas cura. Que levanta,
mas derruba.
Parece doença, parece síndrome, mas é apenas um sentir.
Um sentir que não se pode controlar. Não se pode escolher sobre tê-lo,
apenas sobre vivê-lo. E, mesmo assim, isso é extremamente difícil.
Você não o encontra em qualquer lugar, mas ele te encontra onde menos
se espera.
Eu não esperava encontrá-lo em Live. Eu não esperava encontrá-lo em
qualquer pessoa ou lugar, para ser sincero.
Mas, olhando-a conversar com Blake, com seu sorriso estampado na
cara brilhante e com sua grande barriga que carrega orgulhosamente nossos
frutos, eu só tinha que agradecer o destino ou quem quer que seja, por tê-la
dado a mim.
Por me deixar encontrar esse sentimento nela.
Não poderia ter sido com ninguém mais.
Ninguém iria me compreender e completar como ela. Ninguém jamais
me faria sentir como ela.
Ninguém jamais me faria querer ser melhor.
E, definitivamente, ninguém, a não ser Live, conseguiria derrubar
minhas barreiras e dúvidas sobre o sentimento amor.
Aquele ao qual eu não conhecia de nenhuma maneira, até olhá-la pela
primeira vez.
Caminho até eles e a abraço por trás, colocando minhas mãos
protetoramente sobre sua barriga.
Eu costumava fazê-lo muito e esquecia, por vezes, que não estávamos
juntos. Mas, enquanto ela não tem uma palavra sobre isso, eu não estaria me
privando de senti-la.
— Você está ok? — Pergunto em seu ouvido.
Ela olha para cima me encarando com um sorriso, seus olhos brilhantes,
antes de responder.
— Sim.
— Pegou tudo que precisava?
Ela acena com a cabeça, antes de voltar para a conversa com Blake.
Eles discutem sobre nada importante e eu não presto atenção no que
falam, somente atento-me à sua barriga.
Eu estava fascinado por aquela área em especial no corpo da minha
menina. Eu nunca pensei que um dia poderia curtir uma gravidez, mas agora,
eu não somente fazia, como também estava me viciando no que sentia ao tê-
la grávida em meus braços.
Estava me viciando na sensação de sua barriga rígida em minhas mãos.
Viciando-me nos movimentos que os bebês faziam quando eu cantava
para eles, quando sua mãe dormia.
Viciando-me em cada nova descoberta.
— Vamos lá? — Bill pergunta quando se aproxima de nós.
Ryan, Ash e Jax, seguindo-o de perto.
Estávamos no aeroporto e, em poucas horas, seria nosso show em
Portland. O primeiro show da turnê.
E, mesmo que eu estivesse morrendo por isso, ao mesmo tempo, eu
estava calmo.
Mesmo que eu estivesse com medo e nervoso sobre isso, eu tinha Live
comigo agora e nada mais importava.
Meu nervosismo era destruído toda vez que ela me olhava com aquela
cara doce e dizia o quanto sou bom no que faço e no quanto ela estava
orgulhosa de mim e que os bebês também estariam orgulhosos por terem um
pai tão talentoso como eu.
E era nesses momentos, quando ela falava essas coisas sobre eles,
quando eu admitia o tanto que estava viciado em sua barriga, que eu me
martirizava por tudo o que fiz quando ela me contou sobre a gravidez.
Seguimos Bill para o avião fretado, o mesmo avião aonde iria alguns dos
instrumentos e todo o resto da equipe. Outro avião, menor que esse, já estava
a caminho de Portland com a Infinit. e uma equipe pequena.
Mas nós, como éramos uma banda pequena, não teríamos a cortesia de
um avião mais confortável, seguiríamos em um avião comercial, que estava
alugado para a turnê, com todo o resto da produção.
Ando atrás de Live nas escadas, para apará-la caso perca o equilíbrio.
Depois, acomodo-a em uma das poltronas, antes de seguir para os
fundos do avião.
— A cadeira de rodas está junto com o resto da bagagem? — Pergunto
à aeromoça.
— Sim, senhor. — Ela sorri.
— Bom. — Digo, apanhando um travesseiro e um cobertor, da pilha que
estava ao seu lado.
Caminho pelo corredor de volta para Live, mas estanco por alguns
segundos quando vejo Corine junto a ela.
Voltando a caminhar determinado, eu venço o resto do caminho até elas
e não me incomodo com Corine, quando estendo o lençol sobre Live e a puxo
para frente, para que eu possa colocar o travesseiro atrás de sua cabeça.
Digo a mim mesmo que o lençol é somente para manter o frio longe da
minha menina, mas, a verdade, é que queria esconder a barriga de Live, dos
olhos maldosos e frios de Corine.
Jogando-me ao lado de Live eu finalmente encaro nossa agente, somente
para que eu possa dispensá-la.
— Some daqui. — Digo a ela.
Live olha-me assustada, com seus olhos arregalados.
— Rush. — Ela repreende-me pela grosseria.
— Onde estão seus modos? — Corine pergunta debochada.
Eu não respondo, somente a encaro, deixando a ameaça transparecer em
meu olhar.
— Você sabe. Eu mal tive tempo de dizer “oi” para Live, antes de você
surgir como um anjo vingador. — Ela continua. Depois olhando para Live,
completa. — Bela barriga você tem aí.
Live oferece um de seus sorrisos doces e acaricia sua barriga por cima
do lençol, quando diz:
— Obrigada. Eu estou adorando isso, apesar de todo o desconforto.
— Só tome cuidado. — Corine alerta. E quando Live a olha, curiosa, ela
diz: — Homens costumam trair as esposas quando elas estão grávidas. — Ao
ver o olhar chocado de Live, ela sorri. — Não leve para o pessoal. É somente
difícil se sentir atraído por alguém com uma barriga anormalmente grande,
toda inchada e dolorida. Sem falar as estrias e tudo... ainda mais Rush, sendo
todo sexual e...
— Agora chega! — Grito, atraindo a atenção de todos.
Levantando-me da poltrona, eu alcanço Corine, antes de andar até ela e
aperto seus braços com minhas mãos quando digo:
— Eu a avisei para ficar longe de Live. — Sacudo-a. — Eu disse para
você nem sequer olhar em sua direção...
— Rush. — Black arranca-me da vadia. — Chega.
— Ela estava...
— Isso não é bom, eu sei. Mas não faça nada que poderá se arrepender.
Encaro Corine, quando meu corpo treme com a raiva não descarregada.
Minha visão nublada em vermelho, quando olho no fundo de seus olhos.
Nem o medo puro que cheiro nela e vejo em seu olhar, aplaca minha vontade
de esmurrá-la.
Bill a puxa para longe, repreendendo-a no processo.
Black devolve-me a poltrona.
Respiro fundo tentando me acalmar. Minha respiração audível, saindo
em baforadas altas.
— Acalme-se homem. — Ash diz ao meu lado.
— Eu não consigo. — Rosno.
Ele então indica Live ao meu lado. E quando eu a vejo com a cabeça
encostada na janela, perdida em seus pensamentos, um pouco do meu ódio se
aplaca.
Eu seguro sua mão sobre o braço da poltrona e, quando ela se recusa a
me olhar, mesmo depois de eu insistir, eu resolvo respeitar seu silêncio.
E em nenhum minuto nas próximas horas, eu solto sua mão. Nem
quando percebo que dormiu.

Desembarcamos em Portland no final da tarde.
O show seria em algumas horas e, enquanto eu queria ficar com Live e
fazê-la falar, eu não podia. Tinha que ensaiar com a banda.
Então, foi relutante que eu a deixei no quarto do hotel. Não era um cinco
estrelas, não como o da Infinit., mas era bom o suficiente.
— Voltarei logo. — Aviso.
Ela acena com a cabeça, o único movimente que me diz que está me
ouvindo.
Em seguida, ela se tranca no banheiro e eu não tenho alternativa, a não
ser ir ao ensaio.

A hora passa pelo relógio enquanto as palavras saem da minha boca.
Letra por letra.
Frase por frase.
A música vai se criando, contando uma história. Mas minha mente não
registra nada do que ela conta. Não. A minha cabeça está em Live e no que
ela pode estar fazendo agora. O porquê de seu silêncio.
Dou o meu melhor para que ninguém perceba minha distração e não nos
prenda aqui por mais tempo.
Mas não consigo segurar um suspiro de alívio quando Jax finaliza a
música em sua guitarra.
Bill e Corine batem palmas, quando nos livramos dos equipamentos e
seguimos para onde estão ao lado do palco.
— Muito bom. Perfeito. — Bill nos cumprimenta.
— Sim. Estavam ótimos, apesar de Rush parecer estar um pouco longe
às vezes. — Corine diz, arqueando uma sobrancelha para mim.
Eu a ignoro. Ignoro todos, somente acenando para Blake, como se
dizendo que estou indo, e passo por eles apressadamente. Não podendo
chegar rápido o suficiente ao hotel. À Live.
E quando finalmente o faço, quando eu finalmente alcanço a porta do
hotel, eu a abro suspirando de alívio quando a vejo deitada na cama.
Eu tiro minha blusa e botas antes de juntar-me a ela. Que permanece de
olhos fechados.
Eu puxo suas costas para meu peito, e coloco uma mão em sua barriga,
segurando o impulso de colocar a outra sobre seu seio.
Um chute acerta minha mão e eu sorrio baixinho.
Tento imaginar quais dos meus bebês está se movimentando na barriga
de Live. A minha pequena menina ou um dos meus grandes garotos. Sorrio
outra vez quando mais um chute acerta minha mão.
— Isso é incrível. — Sussurro para mim mesmo.
Mas me assusto quando Live responde.
— Sim. Isso é.
Colocando-me sobre ela, eu a vejo de olhos abertos olhando para a
parede branca em sua frente.
— Eu não sabia que estava acordada. — Digo.
— Só estava descansando quando você entrou.
Suspiro antes de rola-la para deitar-se de costas, para que eu possa
encarar seu rosto.
— O que houve? — Pergunto.
Ela me encara pela primeira vez em algumas horas.
— Nada.
— Não minta para mim, Live. — Alerto.
Ela me olha por um longo tempo, antes de me surpreender com a
pergunta.
— Você dormiu com Corine?
— O quê? — Digo assustado. — De onde você tirou isso?
— Rush. Eu iria entender. Estávamos... estamos separados. Você pode
dormir com quem quisesse, assim como eu e...
— Você fez sexo com alguém, Live? — Pergunto, cerrando meus
dentes.
Travo meu maxilar enquanto espero sua resposta.
— Não. — Ela me responde calmamente. — Mas dado o seu histórico,
eu não iria me surpreender se vocês tivessem...
— Eu não fiz sexo com ninguém além de você, por muito tempo Live.
Desde que a conheci, para ser exato. E eu não pretendo mudar isso.
Ela desvia o olhar.
— Corine age tão territorialista sobre você, que eu não me
surpreenderia, sabe?
Seguro seu rosto, obrigando-a a me encarar e impedindo que desvie o
olhar do meu.
— Escute. Eu a amo, você me arruinou para qualquer outra mulher,
Live. E por eu te amar tanto, eu nunca fiz sexo com outras mulheres, pois eu
sabia que um dia eu a traria de volta...
— Convencido. — Ela murmura.
— E isso a machucaria. — Continuo. — E a última coisa que eu quero
no mundo é feri-la, então eu morreria mil mortes somente para te fazer feliz,
para evitar que qualquer coisa a ferisse. Eu a respeito e jamais irei transar
com outras.
Ela me olha em suspense antes de dizer.
— Eu acredito em você. — Suspira. — Mas então, por que ela age
daquela maneira sobre você?
— Eu não sei. — Bufo, jogando-me ao seu lado. — Ela é insana.
Encaramos o teto, cada um perdido em seus pensamentos. O silêncio
não é desconfortável, mas Live está com suas engrenagens a mil. Eu sinto
isso vindo dela.
Pensamentos rodam sua mente e eu me preocupo com o que pode estar
se passando lá. E não me surpreendo quando ela quebra o silêncio um
instante depois.
— Você ainda sente atração por mim? — Ela sussurra e eu quase não
escuto.
De fato, não acredito no que estou ouvido. Ela realmente perguntou
isso?
— O que você disse? — Pergunto, querendo a confirmação.
Ela não pode ter perguntado isso. Não pode ter este tipo de dúvida.
— Eu perguntei se você ainda sente tesão, desejo, por mim.
Volto-me sobre ela, deixando-a ver toda a descrença em meu olhar.
Como ela pode achar algo assim?
Eu nunca deixei de desejá-la por um só minuto da minha vida desde que
a conheci.
— Você está louca. — Constato. — Como pode pensar algo assim?
Ela bufa, debochada.
— Olhe para mim, Rush. — Diz com raiva.
Mas uma lágrima escorre por sua face, condenando seu disfarce de
mulher forte e me mostrando toda dor por trás do seu pedido.
E, obedecendo-a, eu a olho.
Olho-a de cima a baixo e quando volto para seu rosto, digo:
— Não vejo nada que possa me fazer não a querer.
Ela pula da cama. E eu pulo atrás dela, gritando:
— Não faça movimentos bruscos! Isso pode afetar os bebês. Não os
sacuda assim.
Ela ignora minhas palavras. E deixa-me de boca aberta quando começa a
arrancar seu vestido rosa florido.
Eu vejo sua pele nua sobre os efeitos da gravidez pela primeira vez. E
quase não consigo segurar-me por tê-la dessa forma em minha frente.
— Olha para mim agora. — Ela diz. — Veja isso. — Aponta o pé de seu
ventre. — Olha essas estrias, Rush. O tamanho dessa barriga e dos meus
seios. Veja como mudei. Como eu não me pareço em nada com a mulher que
você conheceu há alguns meses. — Uma lágrima escorre. — Veja. —
Implora com a voz embargada.
Eu vejo.
Eu olho como ela pede.
E admiro cada pedaço que vejo.
Caminho determinado até ela. E seguro seu rosto para mim quando digo.
— Você não se parece em nada com a Live de alguns meses atrás. —
Seus ombros caem em derrota com minhas palavras. — Você está mil vezes
melhor, mais sexy.
— Rush. — Implora.
Deslizo minha mão por seus braços, levando-os até seus seios.
— Seus seios estão mais cheios. — Deslizo minha mão até sua bunda.
— Sua bunda está mais cheia. — Volto até sua barriga. — Seu ventre está
mais cheio. Mas isso é a porra mais sexy do mundo, caralho. Sua barriga leva
meus filhos. Meus. Assim com você é minha. Tem algo meu dentro de você e
foda-se se essa não é a merda mais foda do universo.
— Eu aprecio o que você está tentando fazer aqui, mas...
Eu a interrompo quando a levanto no ar e a coloco sob a cama.
— Eu não me importo com a porra de uma cicatriz, Live.
— Não é uma. São várias.
— Foda-se que eu me importo. Isso é somente a prova da mulher forte
que você é. Essa marca que a gravidez está deixando em você, não significa
nada para mim. — Seguro sua mão levando-a até mim. — Sinta isso. —
Digo, quando sua mão toca meu pau sobre a calça. — Sinta o quanto estou
duro por você. Eu pareço um homem sem tesão, Live? — Ela arfa sentindo
meu membro duro e quente sob o tecido.
— Corine disse que...
— Então tudo é sobre o que ela disse? — Pergunto. — Não dê ouvidos a
ela, não se aproxime dela. Ela é uma vaca mal-amada.
Ela sorri com minhas palavras.
— Você realmente me acha sexy apesar de tudo?
— Apesar de você estar carregando meus filhos e isso ser a coisa mais
extraordinária do mundo? Apesar de você estar sacrificando seu corpo por
meus filhos? — Balanço a cabeça. — Eu nunca deixarei de achar você sexy,
anjo.
Faço sua mão apertar meu pau e solto um gemido quando ela o faz.
— Isso é prova o suficiente do meu desejo? — Digo com a voz rouca.
Ela balança a cabeça, hipnotizada.
Afastando-me dela, eu desço em sua barriga, beijando cada marca que
há ali. Cada estria que surgiu.
Beijo cada canto de seu ventre e morrendo por estar tão perto de sua
boceta. Subo para seus seios, onde deposito um beijo em cada um.
E quando chego ao seu rosto, eu imploro a um sopro de sua boca.
— Deixe-me demonstrar o quanto a desejo.
.
Ela hesita antes de acenar com a cabeça.
Meu coração para por um momento, quando o significado de suas
palavras me afunda.
Ela está me dando acesso a seu corpo intimamente. Deixando-me fazer o
que quiser. Mas eu irei a passos de tartaruga por hora e somente mostrarei o
tanto que a amo e a desejo.
— Obrigada. — Sussurro para ela antes de levá-la para a cama e beijá-
la.
Meu estômago revira em expectativa quando nossos lábios se tocam
pela primeira vez em um bom tempo. Para mim, a primeira vez desde uma
eternidade dolorosa.
Movo minha boca sobre a dela, afundado minha língua em seu calor.
Sondando. Sentindo.
Tudo tão perfeito e tão irreal, que por um momento eu penso estar
sonhando, não querendo acordar, eu continuo com os olhos fechados,
beijando-a.
Tomo cuidado para não esmagar sua barriga. E quebrando, relutante,
nosso beijo, eu movo minha boca em seu rosto. Beijando e acariciando cada
pedaço dele.
Beijo seu pescoço, descendo até o topo de seus seios cheios e sensíveis.
Olhando em seus olhos eu a ajudo a retirar o sutiã e engulo seco antes de
finalmente olhá-los.
Admirado, eu levo minhas mãos até eles, sentido seu peso. Meu coração
batendo a mil por hora agora.
Eu os aperto em minha palma. E ela geme em deleite e dor.
— Eles estão tão sensíveis depois da gravidez. — Ela diz.
Eu a encaro quando desço para eles e coloco o mamilo esquerdo em
minha boca. Encaro-a quando o chupo com vigor e ela se contorce em baixo
de mim.
Encaro-a, não querendo perder nada de sua reação.
Eu mordisco seu mamilo esquerdo, enquanto amasso o mamilo direito
entre meus dedos. Chupo seu broto até que fique uma marca que durará por
vários dias. E quando estou satisfeito, eu mudo para seu seio direito, dando o
mesmo tratamento.
Ela grita quando eu o mordo levemente. A sensibilidade da gravidez
fazendo com que a sensação se intensifique. A linha entre a dor e o prazer é
fina.
Descendo por sua barriga eu a beijo repetidas vezes, antes de chegar à
borda de sua calcinha.
Eu a puxo por suas pernas antes de voltar para ela.
Eu encaro sua boceta e não me segurando eu a abro com meus dedos
provando-a com minha língua. E porra, como eu senti falta desse gosto.
Segurando suas pernas abertas o máximo que ela consegue, eu levo meu
tempo, somente encarando minha boceta.
Seus lábios rosados e encharcados por sua excitação. Seu clitóris duro e
sensível somente aguardando-me.
Esfrego meu nariz por suas coxas, até chegar à sua boceta. Esfrego meu
rosto lá, onde ele pertence. O sentimento de estar em casa me afundando.
— Porra, baby. Eu senti falta disso. — Digo com a voz rouca.
— Você está me matando, Rush. Por favor. — Ela implora.
— Irei matá-la, baby. Mas de prazer. — Digo antes de levar minha
língua até ela.
Eu chupo seu ponto pulsante, mordendo-o por vezes.
Passo minha língua por toda sua vagina, lambendo-a em todos os
lugares. Os gritos de prazer que minha menina faz me incentivando e me
levando a loucura.
Eu quase gozo somente com a visão dela gemendo por mim. Meu
membro duro como rocha implorando por libertação.
Gemo em sua boceta quando esfrego meu pau na cama e ele encontra a
costura do jeans.
Introduzo minha língua em sua entrada, recolhendo seu mel. A fodo com
minha língua.
Substituindo minha língua por meus dedos. Eu a introduzo e a fodo com
eles, enquanto chupo seu botão. E como se meu membro tivesse vida própria,
eu esfrego-me na cama, somente querendo um pouco de atrito, de fricção.
Ela não demora muito para vir. E quando o faz, não consegue segurar o
grito de libertação que sai de sua boca. E quando goza em meus lábios, eu
gozo na porra das calças.
Foi um longo tempo desde que a tive e não fico surpreso por parecer um
adolescente em meus hormônios gozando por seu gosto.
Eu retiro minhas calças e cueca, antes de subir para seu lado e puxá-la
para meu peito.
Sua respiração saindo em baforadas. Ela tenta recuperar-se do orgasmo.
— Eu amo você. — Sussurro em seu cabelo.
Ela vira-se para me encarar quando diz.
— Eu amo você, também.
— Você faz? — Pergunto surpreso.
Ela sorri entre uma respiração e outra.
— Você sabe que sim. Eu nunca deixei de te amar.
— Me perdoe. Por tudo. — Eu imploro. — Nunca foi minha intenção
feri-la.
— Rush, eu estou aqui, nua, ao seu lado, não estou? O perdoei há muito
tempo...
Deito-me de lado sobre ela e com uma mão em sua barriga, eu beijo seus
lábios em agradecimento.
— Mas, você precisa procurar ajuda. — Ela continua.
— O quê? — Olho-a incrédulo.
— Você não pode querer se matar ou ficar trancado em um quarto,
claramente com depressão e achar que isso está bem. Você precisa procurar
um médico. — Ela diz suavemente.
Deito-me de volta na cama.
Eu não preciso de nada disso. Coisas acontecem em consequências de
outras coisas, isso é simples. Ela não pode me culpar por isso.
— Eu não preciso de ajuda. — Digo firme.
— Essa é minha condição. — Ela rebate também firme.
— Condição? — Pergunto, virando-me para ela novamente.
— Para voltarmos a ser como antes. — Ela explica. — Óbvio. Nunca
seremos aquele casal outra vez, mas você entende o que quero dizer. — Dá
de ombros.
— Você não pode! — Digo indignado.
— Rush. — Ela alerta. — Precisamos disso.
Pulo da cama e a encaro.
— Não, você precisa. Você quer me transformar no seu homem ideal.
Mas eu sou seu homem, independentemente de qualquer coisa. Você sempre
soube que eu nunca iria ser o homem que se apresenta aos pais, mas você
nunca exigiu que eu me transformasse nisso.
Ela senta na cama me olhando indignada. Puxando o lençol ela cobre
seu corpo nu. E um gemido me escapa em protesto.
— Eu nunca pedi que você mudasse. Eu não estou pedindo agora. Eu
sempre amei e continuo amando você, do jeito que é.
— Você diz isso, mas pede que eu procure ajuda para algo que eu não
vejo como problema.
— Rush, você não pode achar que tudo isso é normal. — Ela diz
indignada.
Eu caminho até ela, sento na cama e a puxo para meus braços.
— Eu não acho que preciso de ajuda. E tudo o que fiz, foi meu amor em
desespero por você.
— Somente pense sobre isso. — Ela pede.
Eu suspiro, resignado antes de dizer.
— Ok.

Os minutos que antecedem o show são agoniantes.
A multidão lá fora, não é maior que a do festival, mas a pressão e o
medo sim.
— Vai dar tudo certo. — Live diz ao meu lado.
Eu jogo a garrafa de água sobre a mesa antes de jogar-me na poltrona do
camarim e puxá-la para mim.
— Com você aqui, sim.
Ela sorri docemente e eu capturo seu sorriso com meus lábios.
— Veja quem voltou. Ruli! — Jax grita, entrando no camarim.
— Ruli? — Live questiona.
— Você sabe, Rush e Live. Achei melhor que Liru.
— Liru é legal. — Ryan comenta.
— Isso é o que você diz. Mas Ruli é bem melhor.
Eles discutem sobre apelidos para nós e logo Ash entra na discussão.
Mas meus ouvidos ficam surdos para isso, voltando minha atenção para o
anjo em meu colo.
Ela sorri divertida sobre a discussão antes de voltar-se para mim.
— Então, você sabe que dará tudo certo, não é?
Suspiro ao dizer.
— Eu espero. Estou nervoso sobre isso. — Confesso.
— Não fique. Você tem quatro pessoas torcendo por você. — Indica sua
barriga.
Sorrio com a menção dos bebês.
E, descendo minha cabeça até sua barriga, eu deposito três beijos nela.
Um para cada bebê. Depois beijo Live em seus lábios e ela relaxa sobre meu
peito.
— Estava com saudade disso. — Digo.
— Dos meus beijos? — Diz triunfante.
Sorrio.
— Também, mas eu estou falando dessa intimidade. Desses pequenos
momentos.
— Eu também senti isso. Se você soubesse como sofri quando
estávamos separados. — Ela lamenta.
— Eu nunca me perdoarei por isso, eu...
— Shiu. Está tudo bem, o passado está lá. Não deixe que ele volte e
estrague nosso presente e futuro.
— Eu nunca vou deixar que nada nos estrague outra vez, mas não
consigo expressar o quanto eu morro por isso, por minha atitude naquele
dia...
Ela segura meu rosto em suas mãos.
— O que importa, é como você se sente sobre eles agora. E não como
sentiu sobre eles em um momento de choque e pavor.
Eu a olho encantado. Nada nunca seria o suficiente para demonstrar meu
amor por ela. Por ela e nossos filhos.
Eu amo tudo sobre ela. Seu caráter, sua compreensão e sua inocência
nata, que mesmo depois de tudo, ainda está lá.
— Eu já disse o quanto a amo? — Pergunto.
Ela arqueia uma sobrancelha.
— Não. Mas eu posso imaginar como você pode demonstrar isso. —
Insinua.
Ela remexe em meu colo, discretamente. Fazendo com que meu pau, já
duro por sua aproximação, torne-se uma rocha completa.
Seguro sua cintura firmando-a no lugar.
— Depois do show, eu irei me vingar por isso. — Ameaço.
Ela sorri.
— Promessas. Promessas.

Quando canto a última música do show, a felicidade que me corrompe é
enorme.
Apesar de não querer fama, de temê-la realmente, eu não conseguia
deixar de estar feliz por tudo o que estava acontecendo em minha vida.
O sucesso da banda e o dinheiro que isso traria para mim. Live de volta
em minha vida e meus três filhos que chegariam em breve.
Eu estava animado sobre o dinheiro.
Com o lançamento do nosso primeiro álbum à vista e em breve a
gravação do nosso primeiro vídeo clipe, Bill sentia que iríamos decolar.
Nossa visibilidade iria aumentar, assim como a fama.
E isso significaria mais dinheiro em minha conta.
Eu nunca fui capitalista. Já fiz coisas erradas para ganhar dinheiro.
Coisas mais erradas do que somente lutar. Mas isso era uma necessidade que
eu tinha depois que sai do orfanato.
Eu precisava de grana e faria o que tivesse que ser feito para isso.
Assim como agora. Eu preciso de dinheiro para sustentar a minha
família. Eu não sabia muito sobre bebês. De fato, eu evitava pensar sobre eles
até depois da gravidez de Live. Mas, agora, eu penso sobre isso e imagino
que é preciso de muito dinheiro para sustentá-los, comprar as fraldas e todas
as merdas.
— Obrigado Portland! — Eu os agradeço quando encerramos a
apresentação.
Jax, Ash, Ryan e Blake, se dirigem até onde estou na frente do palco e
os agradecem também.
As cortinas se fecham, tampando nossa presença, antes de um
apresentador seguir para falar com o público.
Saindo do palco, eu corro até onde deixei Live sentada. Mas ela está de
pé, se remexendo em seus pés. Eufórica. Como no dia do festival.
Eu entrecerro meus olhos para ela, antes de abraçá-la.
— Eu disse para você não levantar a bunda da cadeira, Live.
Todo esse barulho já não era bom para os bebês e ela pulando em seus
pés, mexendo-os, também não.
— Eu não consegui ficar sentada. — Beija meus lábios. — Isso foi tão
lindo. Você é o melhor. Os bebês chutaram quase que o show todo.
Eu sorrio, quando ela diz sobre eles.
Desço minhas mãos sobre sua barriga e a acaricio.
— Acho que eles gostam de ouvir o pai cantar. — Diz com um sorriso
de boca fechada.
E eu vejo a emoção em seus olhos.
— Te amo. E amos vocês três, também. — Sussurro para ela e os
pequenos em sua barriga, antes de beijá-la. — Vamos. Você deve estar
cansada. — Digo puxando-a para longe do palco.
— Você é o único que cantou e pulou em um palco por quase duas
horas. — Ela sorri.
— E você, a única a carregar três bebês dentro de você.
Ela dá de ombros.
— Você tem um ponto. Mas ainda assim...
Ela para de falar quando Corine para em nossa frente, impedindo nossa
passagem.
Eu a encaro hostilmente. Não escondendo meu desprezo por ela.
— Você foi bem lá, Rush. Parabéns. — Sorri antes de se afastar.
Live me encara com a sobrancelha arqueada, estranhado o
comportamento da outra mulher. Mas eu somente dou de ombros para isso.
Ela é uma porra louca e eu não poderia me importar menos com suas
atitudes. Não quando essas não prejudicam minha mulher e filhos.

Quando chegamos ao quarto do hotel, depositei Live na cama. Ela dizia
não estar cansada, mas, enquanto eu ligava para pedir o serviço de quarto e
abria as torneiras para encher a banheira, ela adormeceu.
Sorrio para ela, pensando o tanto que eu era sortudo por tê-la novamente
para mim. E como eu nunca a deixaria ir outra vez, mesmo se as coisas se
tornassem difíceis para nós.
Meus pensamentos são interrompidos por um toque na porta. Abro-a,
achando ser nosso jantar, mas é somente Jax.
— O que foi?
Pergunto estranhando sua visita, pois ele tinha planos de pegar alguma
groupie para o resto da noite.
— Sairemos em algumas horas para Seattle.
Eu suspiro, dispensando-o.
E, quase no mesmo instante em que eu fecho a porta, outra batida me faz
abri-la novamente.
Dessa vez, era a comida leve que pedi para Live.
Quando a banheira enche completamente, eu jogo alguns sais de banho
na água. Mexendo, para criar espuma.
Seguindo para o quarto, eu vou até a cama onde Live dorme como um
anjo. Alisando seus cabelos, eu a chamo até que acorde.
Ela abre os olhos e sorri para mim levemente.
— Eu pedi comida e preparei um banho para você.
Ela estica os braços para mim, como uma criança. E eu a pego no colo,
carregando-a para o banheiro.
Deixo-a nua e peço para que entre na água. Ainda sonolenta, ela me
obedece, mergulhando seu corpo na água quente. Ajoelhando ao seu lado, eu
amarro seus cabelos para que não molhe, mesmo que já tenha molhado as
pontas.
Pego uma espoja e derramo sabão líquido nela, antes de esfrega-la pelos
braços e costas de Live. Agora, um pouco mais desperta, ela me observa
curiosamente, com os olhos perspicazes e atentos.
Mudando de posição, eu lavo sua barriga, antes de descer por suas
pernas e pés. Ela sorri quando lavo esse último.
Quando termino de lavá-la, eu a enxugo antes de colocá-la em um
roupão felpudo e depositá-la na cama.
— Você não vai se banhar? — Ela pergunta com olhos inocentes.
— Vou. Mas você é minha prioridade.
Ela sorri e eu coloco a bandeja com o jantar na cama, antes de correr
para o banheiro e lavar-me rapidamente no chuveiro.
Quando termino de me enxugar, caminho nu até onde Live se encontra
sentada. Ela olha com uma cara de nojo para o que vê na bandeja.
— O que é isso? — Pergunta.
— Nosso jantar. — Respondo, confuso.
— Mas aqui só tem frutas. Esse negócio que parece uma sopa, suco,
nada de refrigerante. Isso não é o que eu quero. — Ela diz emburrada, como
uma criança.
Sorrindo, eu explico.
— A médica recomendou uma alimentação saudável, anjo. Os bebês
precisam desse tipo de alimento, você não pode comer somente besteiras
como antes.
— Queria um McDonald’s. — Ela resmunga.
— Coma isso e depois iremos comprar um para você.
— Você vai? — Ela pergunta feliz.
— Sim. Mas você tem que comer o que tem aí. — Aponto a bandeja.
Ela faz uma careta, mas come a sopa e depois as frutas como sobremesa.
Eu como a minha parte, desejando interiormente um hambúrguer. Mas
eu não digo isso. Não quando minha menina quer o mesmo, mas precisa
comer toda a merda saudável.

— Você ainda quer o hambúrguer?
— Talvez mais tarde. — Ela responde. — Agora eu queria outra coisa?
— O quê? — Pergunto disposto a dar tudo o que deseja.
— Você. — Diz, arqueando a sobrancelha.
Eu sorrio.
— Isso pode ser providenciado.
E eu providencio.
Eu me dou a ela, dedico-me a ela.
Faço-a gozar e gritar por meu nome, até que fique rouca. Penetro-a com
meus dedos e língua, mas nunca com meu pau. Nem quando a faço gozar em
minha boca pela segunda vez.
Ela suspira exausta, mas me olha interrogativa.
— Você quer mais? — Pergunto. — Eu não me importaria de lhe dar.
Sabe o quanto eu amo sua boceta.
Ela sorri preguiçosamente.
— Não é isso, é só que... você não gozou.
— Eu irei me ajeitar depois. — Digo deitando ao seu lado.
Puxo-a para meus braços, mas ela não me deixa trazê-la. E, sentando,
ela me olha.
— Por que você não quer fazer amor comigo? — Pergunta direta.
— Eu quero. Eu fiz. — Digo confuso.
— Você não quis usar seu pau em mim. — Diz, corando, mas
permanece firme. — Penetrá-lo.
— Eu quero fazer amor com você, mas não agora.
— Por quê? — Ela insiste.
— Não é nada. Só quero guardar isso para um momento especial. —
Digo, torcendo para que ela aceite minhas desculpas.
Ela me encara, considerando minhas palavras. Por fim, aceita minha
resposta. Acenando com a cabeça, ela desliga o abajur, deixando o quarto
escuro.
Volta a deitar na cama, mas dessa vez, longe de mim.
Eu debato sobre obrigá-la a vir para mim ou deixá-la em seu canto. E
minha necessidade por ela vence.
— Estou com sono. — Ela diz quando tento puxá-la para meus braços.
Eu digo que ela pode dormir em meu peito, mas ela diz que fica mais
confortável naquela posição. Obviamente está dispensando minha oferta.
Não me dando por vencido eu deito-me em suas costas. Colocando meu
braço sobre ela, abraçando-a.
Ficamos em silêncio.
E o silêncio de Live me preocupa.
Eu penso sobre falar algo, mas logo seu corpo treme em meus braços e
eu desespero-me quando a percebo chorando.
— Meu Deus, Live. Você está bem? — Pergunto, apoiando-me sobre
ela, para poder ver seu rosto.
— Você não me deseja, não é? — Ela funga.
Ligo o abajur, iluminando o quarto.
— O quê? Mas é claro que eu desejo. Eu a amo e a desejo. Nunca foi e
nunca será de outra forma.
— Não minta para mim, Rush. Eu sei que você mentiu sobre querer
guardar o sexo para um dia especial.
Ela vira me encarando e as lágrimas não caídas de seus olhos e as
marcas de lágrimas em sua bochecha, quebram a porra do meu coração.
— Meu amor, não é isso. Eu não menti.
— Está mentido de novo. — Soluça. — Não quero viver em um
relacionamento baseado em mentiras. — Soluça.
— Não. — Digo, balançando a cabeça e segurando seu rosto. — Eu não
estou querendo enganá-la, eu a desejo como sempre fiz. E eu a amo mais que
minha própria vida.
— Então por que não quer fazer amor comigo? — Pergunta em um
soluço.
Balanço a cabeça, não posso responder isso, mesmo que para mim, seja
óbvia a resposta.
Uma lágrima escorre por sua face e eu suspiro com o coração quebrado
por vê-la assim. Por saber que chora por minha culpa. Que sofre por achar,
absurdamente, que eu não a desejo.
Quando a única coisa que eu faço no mundo é desejá-la e amá-la.
— Live, eu... — Suspiro. — Eu não quero fazer amor com você, por
causa dos bebês. — Digo de uma vez.
Espero sua incredulidade, sua surpresa e até seus risos, mas, quando ela
torna a chorar, eu fico confuso.
— Eu sempre soube. — Ela diz. — Essa gravidez fez você perder o
desejo por mim.
Arregalo meus olhos.
— Não! Você não entende? Eu não posso transar com você, quando tem
três bebês como testemunha. — Digo exasperado.
Ela me olha incrédula.
Seus lábios tremem e ela tenta segurar, mas sua boca quebra em um
sorriso, que logo se torna uma gargalhada.
Eu a encaro, sério, não achando graça na situação.
— Mas isso é um absurdo. — Ela diz engasgando com o sorriso.
— Claro que não. Como você pode dizer isso? Eles estão aí Live. Não
quero que eles vejam meu pau. Isso é errado.
— Meu amor. — Segura meu rosto. — Eles não vão ver nada.
— Live. Claro que vão. Eu colocarei meu pau dentro de você, eles estão
dentro de você. Eu não quero viver em um mundo, onde meus filhos já viram
meu pau fazendo amor em sua mãe.
Ela morde o lábio, mas ri gostosamente em minha cara.
Eu bufo exasperado, por sua falta de compreensão.
— Não farei sexo com você, enquanto estiver grávida. Não irei expô-los
a isso. Ao meu membro gozando dentro de sua mãe e eles assistindo a tudo.
Seu sorriso morre.
— Isso serão meses. — Ela sussurra.
— Eu sei, mas pais fazem sacrifícios por seus filhos e a gente irá fazer
pelos nossos.
Deito-me na cama e a puxo para meus braços.
— Rush, eu já disse que eles não irão ver nada.
— Live, eu estou firme em minha decisão.
Digo colocando ponto final na discussão.
Ela suspira. Desgostosa.
Mas a escuto sorrir após um momento e é a minha vez de suspirar
desgostoso.
Felicidade pode ser superestimada.
Mas se eu estava feliz com tudo o que estava acontecendo em minha
vida? Porra, sim!
Já havíamos feito show em cinco cidades e estávamos ficando cada vez
mais conhecidos pelo público. Em poucos dias, nosso primeiro álbum seria
lançado e a expectativa era enorme sobre isso.
Eu estava feliz, vivia sorrindo para as paredes, mas isso não era porque
tudo estava indo bem com a banda. A minha felicidade se devia unicamente a
Live.
Eu estava tão contente que ela estava na turnê conosco, que o mês que
passei sem ela agora era uma mera e infeliz lembrança. Eu não tinha mais
pesadelos sobre esse tempo. Pelo menos não desde que nos acertamos e
voltamos a estar juntos como um casal.
Eu vivia radiante. Alegre.
Tudo isso, juntado as novas descobertas sobre a gravidez da minha
menina. A cada dia que se passava, sua barriga crescia um pouco mais. E eu
estava fascinado por isso.
Por todas as mudanças que seu corpo estava tendo.
E era por isso que eu estava aqui, no Wal-Mart.
Deixei uma Live dormindo no hotel e pedi para o taxista me levar até o
supermercado mais próximo.
Live estava tendo alguns desejos na noite anterior. E eu estava aqui para
comprar tudo o que ela desejava e uma câmera.
Quando eu a via se olhar no espelho, acariciando sua gigantesca barriga,
eu queria guardar aqueles momentos para sempre.
Quando ela deitava nua na cama, seus seios cheios de veias, sua barriga
muito saliente e o fino lençol branco na cintura, eu a achava a mulher mais
fascinante do mundo.
Ela era como uma ninfa para mim.
Nesses momentos ela parecia um verdadeiro anjo. E sempre parecia ter
uma luz ao seu redor.
E eu queria novamente gravar para sempre essas imagens. E por isso eu
aproveitei seu sono para, não somente comprar seus desejos, mas também
comprar uma câmera fotográfica.
Eu queria que as fotos ficassem boas, muito boas. E meu celular não era
o suficiente para isso.
Eu queria gravar cada momento, cada segundo de sua gravidez, para
sempre, mas meu celular não poderia capturar a beleza de Live em sua
totalidade.
Nem uma câmera fotográfica o faria, mas seria bem melhor que meu
celular do caralho.
Eu ando pelos corredores diversos do Wal-Mart, colocando tudo que
Live possa gostar no carrinho. Eu faço isso mesmo sabendo que estaríamos
viajando para outra cidade em breve, mas eu não me importava. As viagens,
às vezes, duravam horas. E Live não podia se alimentar como queria nesse
tempo, então, eu estava aprendendo e agora, comprava tudo o que ela queria
antes dos voos.
Eu dava para ela todas as porcarias saudáveis. Mas isso não a deixava
contente, na verdade, isso a deixava emburrada.
Mas, assim como eu, ela estava disposta a fazer tudo por aqueles três
bebês, então, comia tudo o que eu lhe dava, tudo aquilo que a médica
receitou, além das vitaminas e comprimidos. Mas sempre implorava pelas
guloseimas, depois de cumprir com suas obrigações.
Viro-me para pegar um pacote de pão que está no topo da prateleira,
pois Live gosta de comê-lo com pasta de amendoim e geleia, quando me
deparo com uma menina me encarando.
Pegando o pão eu o coloco no carrinho antes de empurrá-lo longe
daquela sessão. Viro para o corredor onde tem as geleias e paro por um
momento, tentando localizar o que quero.
Encontro à pasta de amendoim na prateleira perto do chão. Agacho-me
para pegá-lo e quando volto ereto, vejo a mesma menina que me encarava
perto do pão, me olhando pelo canto do seu olho, enquanto finge ler a
embalagem de algum produto.
Franzo a testa para ela e viro-me para ir embora, quando escuto um
barulho, seguido de um flash.
A menina amaldiçoa, deixando o celular cair no chão. Pega com as mãos
tremendo e corre longe de onde estava.
Ela estava tirando uma foto minha?
Será que Jax quer me pregar alguma peça? Eu me pergunto. Isso não
seria incomum, afinal.
Termino de pegar tudo o que quero e vou para o caixa.
Quando estou na fila e faltam somente três pessoas para a minha vez. Eu
a vejo de novo, agora com minha visão periférica. Ela está entre alguns
clientes em outra fila, eu me viro para ela no mesmo instante em que ela tira
outra foto.
Dessa vez não tem flashes ou cliques, mas a cara que ela faz em seguida
me diz que ela conseguiu o que queria.
Tirando o olho de seu celular, ela me encara e arregala os olhos quando
me pega olhando.
Arqueio uma sobrancelha para ela, que cora envergonhada.
Como quem foi pega fazendo algo errado, ela caminha até mim, como
se eu a tivesse chamado para dar uma bronca.
Faço uma careta quando ela para em minha frente.
Nenhum de nós dois diz nada por um momento, mas ela é a primeira a
quebrar o silêncio.
— Desculpe-me por persegui-lo. — Eu aceno para ela, ainda sem
entendê-la. — Pode assinar aqui para mim? — Pede esperançosa.
— Assinar? — Pergunto confuso.
Ela quer que eu assine algum documento?
— Sim. Um autógrafo em minha blusa, assim eu não perderei isso. —
Busca em sua bolsa e em seguida, me estende uma caneta preta, para que eu
possa riscar sua blusa branca.
Eu a encaro incrédulo por um segundo, mas quando ela continua com a
caneta estendia para mim, eu percebo. Ela realmente quer que eu assine em
sua camisa.
Pegando a caneta de sua mão, eu faço como ela pede, tirando uma foto
em seguida de nós dois em seu celular.
Ela me diz que, as fotos que tirou de mim escondida, não ficaram tão
boas, mas ela irá guardá-las mesmo assim.
As pessoas olham-me curiosas. Provavelmente tentando entender quem
eu sou. Logo outra menina aparece para que eu tire uma foto com ela e assine
em um papel que me oferece.
E, em seguida, mais pessoas se aproximam para pedir o mesmo, uma
foto, um autógrafo ou os dois juntos.
Algumas dessas pessoas não sabem que sou, mas quando perceberam
que sou famoso, também quiseram tirar uma foto.
Logo, o que era para durar apenas alguns minutos na fila do caixa, se
transformou em meia hora e foi preciso um segurança interferir, para que eu
pudesse pagar minhas compras e ir embora.

— Você está pálido. — Live diz preocupada quando entro no quarto do
hotel, com as sacolas no braço.
Ela caminha até mim, retirando as sacolas e colocando-as na cama.
— Oh, Rush. Isso é tão doce de sua parte. — Diz quando as abre e vê
toda a comida nada saudável que comprei para ela.
Eu vou até onde ela está e sento-me ao seu lado.
Ela me olha preocupada.
— O que você está sentindo? — Coloca a mão na minha testa.
Eu, ainda sem palavras, somente balanço a cabeça. Live se distrai
quando vê a caixa da câmera que comprei.
— Para que você precisa disso? — Diz confusa.
Retira a câmera de sua caixa e percebe que já está pronta para funcionar,
com cartão de memória e tudo.
Apontando para o meu rosto, ela aperta o botão e um clique soa quando
a foto é tirada.
Eu a olho confuso. Mas ela sorri docemente, antes de colocar as coisas
no chão e me empurrar deitado na cama.
Montando em cima do meu pau duro, ela remexe um pouco antes que eu
possa pará-la com as minhas mãos na sua cintura. Olhando-me
inocentemente, ela diz:
— Só estava me ajeitando.
Ela não estava.
Ela estava tentando me seduzir, me levar à loucura, a ponto de não ter
outra opção a não ser espalhá-la na cama e penetrá-la duramente até
satisfazer-me.
Ela vinha tentando isso há uma semana. Desde que eu falei que não iria
comê-la até depois do nascimento dos bebês.
Mas eu estava irredutível.
Eu não ia expor meus filhos a isso. Não meus dois garotões e muito
menos minha menininha inocente.
Ela inclina-se para beijar meus lábios, mas sua barriga a impede de
chegar até minha boca.
Com uma careta, ela deita-se ao meu lado e puxa meu rosto até o seu,
selando nossas bocas. Agora mais séria ela diz:
— Conte-me o que houve. O que você tem?
Suspiro.
— Eu fui reconhecido no supermercado.
— Reconhecido? — Diz incrédula. — Mas isso é maravilhoso, Rush.
— Sim, mas... foi um pouco assustador, tinha uma menina e ela ficou
me perseguindo e tentando tirar fotos, depois se aproximou e pediu que eu
assinasse em sua camisa.
— Você não está feliz? — Pergunta alisando meus cabelos.
— Estou, mas isso é só... muito.
— Isso, na verdade, é só o começo, baby. Virá muito mais em breve, eu
sei, você sabe e Bill também, caso ao contrário, ele não teria investido na
banda.
— Mas é muito cedo.
— Eu diria que é tarde. Não tarde demais, somente poderia ter sido
antes. Eu estou feliz por você. Seu talento está sendo reconhecido finalmente.
Eu a olho com todo meu amor, antes de descer minha mão até sua
barriga.
— Amo vocês.
— Nós também te amamos. — Diz de volta, beijando-me.
Eu estava assustado com o que aconteceu no Wal-Mart. Mas, com Live
ao meu lado, eu tinha uma certeza.
Tudo sempre daria certo no fim.

Bebo o conteúdo da garrafa de água antes de jogá-la no lixo.
Live descansa, deitada no sofá do camarim, aproveitando que os caras
estavam por aí, fazendo sabe-se lá o que.
Seu vestido rosa fica muito curto em seu corpo. E mesmo que eu tinha
implorado para que ela o mudasse, ela foi firme em sua decisão de usá-lo.
Além de que, fez seu ponto ao dizer que todos ficariam assim, já que sua
barriga estava enorme. E que não poderia colocar uma calça, pois nenhuma
lhe cabia e que os vestidos ajudavam, já que tinha que ir ao banheiro quase
que de cinco em cinco minutos.
Fazendo uma nota mental, eu decidi comprar roupas para gestantes,
grandes e confortáveis para ela, na próxima cidade que parássemos.
— Eu andei pensando. — Diz depois de um tempo. — Iremos morar
com os meninos depois que os bebês nascerem? Ou iremos... iremos reformar
nossa antiga casa?
Vejo a dor em seus olhos quando se lembra do estado que minhas mãos
e o fogo deixaram nossa casa em Berkeley.
— Eu não tinha pensado sobre isso. — Digo, pensando que isso é algo
que devemos resolver imediatamente.
— Eu não vejo problemas em morar com eles, mas... A casa ficará
muito cheia e barulhenta com todo esse povo reunido.
— Iremos morar em uma casa só nossa.
— Sim? — Pergunta sorrindo. — Terá um quarto para cada bebê? —
Pergunta, sonhadora.
— Mesmo que isso seja muito, sim, terá.
— Terá uma vista maravilhosa?
— Sim.
— Cercas brancas?
Sorrio.
— Sim. Até uma cabra de estimação, se você quiser.
— Eu me contento com um cachorro. — Gargalha.
Sento no sofá, colocando seus pés inchados em meu colo. Eu os
massageio e ela geme.
— Humm. Isso.
Meu membro treme com seus gemidos. Mesmo que os motivos sejam as
minhas mãos em seus pés.
— Oh, meu... Rush. Isso. Ah, como é bom. — Geme.
Eu mordo meus lábios e a massageio mais duro, segurando-me para não
pular sobre ela e penetrá-la até a morte.
Ela geme outra vez e eu olho para seu rosto, somente para vê-la
sorrindo.
E então, eu percebo.
— Você está fazendo de propósito! — Eu acuso.
Ela sorri.
— O quê? Claro que não. Que culpa eu tenho de sua massagem ser tão
boa. — Faz uma cara inocente.
— Você está brincando com fogo. — Ameaço.
— Oh, querido. E eu espero ansiosamente para me queimar.
Eu rosno em protesto.
Ela sabe que não posso queimá-la. Não quando ela carrega nossos filhos
em seu ventre.
— Você, maldita provocadora, irá me pagar. Na hora certa.
— Promessas. — Ela dá um falso bocejo.
Subo minhas mãos por sua perna, infiltrando-a por baixo de seu vestido
rosa claro.
— Eu ainda posso torturá-la de outras formas. — Digo quando alcanço a
borda de sua calcinha de algodão.
Ela pula sentada, pelo menos tenta, de acordo com o que sua barriga
permite, tirando minhas mãos de seu corpo.
Colocando-se de pé, ela diz:
— Dois podem jogar esse jogo. Sem toques para você, garotão.
Pulo em sua frente.
— Está louca?
— Talvez sim, talvez não. — Desdenha, caminhando para a porta.
— Eu vi uma máquina de comida ali. Já volto.
Diz, saindo do camarim, me deixando com um pau duro e uma boca
aberta.
— Provocadora. — Murmuro.
Live ainda será minha morte.
Vou para o banheiro do camarim e o uso. Escuto a porta ser aberta e
fechada logo em seguida.
Pensando ser Live, eu saio do banheiro, dizendo:
— Eu sabia que você não iria resistir a mim por muito tempo.
Sorrio para ela, mas paro, surpreso, quando encontro Corine sentada no
sofá onde Live deitava anteriormente.
— Sim. Eu resisti o suficiente para minha própria sanidade. — Ela diz.
— Na verdade, eu somente esperava que você caísse em si. Mas você ainda
teima em querer brincar de casinha com aquela criança.
Ignorando seu discurso, eu digo:
— O que você quer?
— Você.
Sorrio, debochado.
— Está aí uma coisa que você nunca terá.
Ficando em pé, ela caminha até mim.
— Vamos ser francos. Você é um cara sexual. Live está grávida, não
pode satisfazê-lo, eu conheço uma frustração quando vejo uma e eu a vejo em
seu rosto. Eu estou aqui Rush, o quis desde a primeira vez que te vi. Todo
macho e bad boy.
Coloca a mão em meu peito, alisando-o.
Eu seguro seus pulsos, em um aperto firme e dolorido, que talvez deixe
marcas.
— Você nunca poderá ser comparada com Live.
Ela sorri, interpretando mal minhas palavras. Mas eu continuo a falar,
quebrando seu sorriso.
— Live é a mulher que você nunca será, tem um coração que você
nunca terá. Ela é desejada por todos os homens por sua beleza angelical e por
seu sorriso contagiante. Não por usar roupas promiscuas e transar com
qualquer um.
— Você está cego. — Ela rosna.
— Live tem algo que você nunca terá, meu amor e adoração. Você
nunca pense, que alguém irá te amar com eu amo Live, pois isso é
impossível. Meu amor por ela é infinito, transcendental. E não será você que
acabará com ele. Não será você e não será ninguém. Eu poderia ser bom e
dizer que espero que um dia você encontre o que eu tenho com Live, mas
não, eu não serei hipócrita e dizer isso. Você não encontrará esse tipo de
amor e você não merece de qualquer maneira. Eu só espero que você pare de
atormentar a vida da minha menina com suas investidas inúteis em mim. E
quando passar por Live outra vez, a olhe, a olhe bem, dos pés à cabeça, cada
detalhe, cada perfeição e imperfeição e pense sobre como você pode ser louca
ao ponto de achar que eu a trocaria por você. Trocaria minha vida com ela,
por um segundo com você.
Ela me encara coma boca aberta, a dor em seus olhos é visível.
E eu não poderia me importar menos.
Eu não ligo para ela ou qualquer outra pessoa. Live é a única coisa que
importa para mim. Ela e meus filhos. O resto do mundo pode explodir.
Mas, de repente, mascarando a dor em seus olhos, ela sorri.
— Você tem esse discurso de homem apaixonado, mas não existem
homens fiéis, Rush. E você definitivamente não o é. Você só precisa de um
gosto, um gosto para se perder. Você é como todos os homens. Fazem juras
de amor, mas são seduzidos por uma buceta de saia, esquecendo todos os
valores e amores por sua esposa e família.
Dizendo isso, ela pula com os braços em meu pescoço, me beijando
como se sua vida dependesse disso.
Sorrio para as paredes quando deixo um Rush de boca aberta no camarim.
Eu estava frustrada com suas escolhas, mas estava feliz que isso era por
sua preocupação com os bebês. Isso era tudo o que eu sonhei.
Rush amando incondicionalmente nossos filhos.
E ele o fazia ao ponto de abdicar o sexo entre nós, algo que ele sempre
amou fazer.
Sorrio e aceno para as pessoas que encontro no meu caminho até a
máquina de comida.
Isso aqui era sempre um caos, pessoas correndo e gritando. Fãs
invadindo, seguranças atentos, mas eu adorava isso, os bastidores do show.
— Oi, senhor Peter. — Digo para o senhor da faxina que descansava
sentado em uma cadeira perto da máquina.
— Oi menina. Já disse para me chamar só de Peter. — Sorri.
Ele é um senhor que me lembrava de avós. Eu o tinha conhecido hoje à
tarde, na hora dos ensaios e passagem de som. Tinha ficado entediada no
hotel e implorei para que Rush me levasse com ele.
Havia certos tipos de funcionários que eram contratados somente para o
dia do show, moradores locais. Mas Peter tinha me dito que ele trabalha
usualmente na arena onde estava acontecendo o show de hoje, aqui em Boise,
Idaho.
— Desculpe-me. — Sorrio.
Olho para os diversos tipos de chocolates, salgados e balas. Tentando
fazer minha escolha, quando me lembro de que, em minha pressa para fazer
um ponto e provocar Rush, sai do camarim deixando minha bolsa para trás.
— Até mais, Peter. — Aceno para ele, que retribui.
Ando de volta para o corredor, passando por diversas portas. Uma deve
ser o camarim da Infinit., mas eu não sabia qual.
Eu pouco tinha falado com Amex desde que tinha começado a turnê,
mesmo que fosse uma fã dele e sua banda. Também raramente assistia aos
seus shows, sempre muito cansada e sonolenta, por causa da gravidez.
Rush adora isso, meu cansaço para assistir a Infinit., pois odiava que eu
fosse fã de outra banda que não fosse a sua, somente porque essa era cheia de
homens e principalmente um que se chama Amex.
Abro a porta do camarim, sorrindo, quando vejo a última coisa que
pensei que veria um dia.
Rush tem Corine em seus braços e eles se beijam.
Agarro o batente da porta tentando me segurar, meu corpo tremendo,
meu coração em frangalhos.
E, antes que eu possa pensar, estou correndo fora daquela sala, antes que
eles me vejam. Eu, provavelmente, deveria ficar e questioná-los. Gritar minha
indignação.
Arrancar todos os fios, alinhados e impecáveis, do cabelo de Corine,
mas eu fujo.
Fujo, porque sou fraca, covarde. Não podia sequer acreditar no que
meus olhos tinham acabado de ver.
Fujo entrando na primeira porta que vejo e a fechando atrás de mim.
Lágrimas quentes descem por meu rosto.
De repente, tudo o que Corine disse para mim, todas as suas atitudes
rudes, tudo faz sentido. Tudo se encaixa agora.
Rush esteve enganando-me esse tempo todo e Corine me odeia por isso.
Por ser a mãe dos filhos dele, por ser a sua namorada.
“ Cuidado, homens costumam trair suas esposas grávidas.”
Um gemido de angústia escapa da minha boca e eu escorrego até o
chão. Todo esse tempo, ele esteve enganando-me.
Pergunto-me quando isso começou. Foi quando eles se conheceram no
festival? Foi depois que eu o deixei e ele foi se consolar em seus braços?
— Live? — Uma voz grossa chama-me.
Levanto o rosto, assustada, encontrando Amex me olhando, confuso.
Sua confusão muda para preocupação quando ele vê minhas lágrimas.
— Oh, meu Deus. O que houve?
Eu nego com a cabeça, incapaz de falar.
Caminhando até mim, ele me ajuda a levantar, o que é uma tarefa difícil
devido à minha condição, e me leva até o sofá. Pega uma garrafa com água e
me oferece.
Eu a bebo, mesmo sem vontade. Somente tentando diluir o bolo em
minha garganta.
Sentando-se ao meu lado, ele questiona.
— O que Rush fez?
Oh, meu... será que todos sabiam do caso dele com Corine?
— Por que ele tem que ter feito alguma coisa? — Pergunto.
— Você está aqui, no meu camarim. Eu não acredito que Rush, com
toda aquela possessividade sobre você, deixaria que viesse chorar para mim.
Ele tem um ponto.
— Foi ele? — Pergunta outra vez.
Eu aceno com a cabeça em resposta. E as lágrimas abundantes voltam
aos meus olhos, quando a imagem de Rush beijando Corine roda em minha
mente.
A dor em meu peito é quase insuportável.
A decepção é palpável para mim.
Soluço quando o choro se torna mais dolorido. Meu corpo treme a cada
lágrima. O desejo de gritar e extravasar minha dor são enormes.
Amex puxa-me para seus braços, me consolando. E eu vou, sem forças.
— Shiu, vai ficar tudo bem. Eu não sei o que ele fez, mas ele é um idiota
por fazê-la chorar.
— Você não sabe o que ele fez? — Pergunto desconfiada.
— Não. — Diz confuso. — Mas espero que você me conte.
— Ele... ele estava com Corine no camarim. — Soluço. — Eles estavam
se beijando.
O choro torna-se mais forte, mais dolorido, quando falo em voz alta o
que ele fez comigo.
— Ele é um idiota, Live. Você é maravilhosa e está carregando esses
bebês. Eu não sei o que pode ter acontecido para ele ter feito isso.
— Olhe para mim, Amex. Eu estou horrível depois da gravidez.
— Você está perfeita.
Eu choro em sua camisa, não acreditando em nada nas suas palavras.
Rush dizia a mesma coisa e olhe como tudo isso terminou.
Eu dei outra chance para ele, somente para vê-la ser jogada pelos ares.
Eu preciso ir embora daqui, não posso ficar nem um segundo perto dele e
agora, não haverá outra chance para ele.
— Eu preciso ir embora, eu...
— Live. — Ele segura meu rosto, me fazendo olhá-lo. — Acalme-se.
Ok? Mande uma mensagem para ele, diga que irá esperar no hotel, que está
cansada. Se você quer ir embora, faça suas malas e o espere para conversar e
dizer o porquê de estar indo, depois sim, vá para o aeroporto que eu terei uma
passagem para qualquer lugar do mundo para você.
— Obrigada. — Gaguejo entre o choro. — Eu esqueci meu celular no
camarim. Dentro da minha bolsa.
— Droga. — Ele amaldiçoa. — Mandarei alguém buscar.
— Ele vai ver e questionar, ele não vai deixar alguém trazer minha
bolsa.
— Confie em mim, ok?
Exausta, eu aceno com a cabeça.
— Deite-se aí, eu já volto.
Ele me empurra, delicadamente, deitada para o seu sofá bem mais macio
que o do camarim da The Sin.
Alguns minutos se passam sem que Amex retorne. Eu deveria estar
preocupada que Rush o está confrontando agora, mas eu não consigo pensar
além da dor.
A dor crua e dilacerante.
Meu Deus, por que ele fez isso? Eu ainda não posso acreditar. Ele
sempre dizia me amar tanto, suas próprias atitudes mostravam isso, seu
desespero quando eu o deixei. Quando tentou se matar queimando a nossa
casa.
Mas então, como se fosse um castelo de areia, meu mundo ruiu, sendo
levado pelas ondas do mar da decepção e da dor.
Todas as promessas, as declarações e atitudes, tudo isso não significou
nada para ele. Eu, talvez sim. Talvez tenha significado alguma coisa, mas, no
momento em que se viu sem sexo e acompanhado de uma mulher gorda,
cansada e deformada, ele foi satisfazer-se em outros braços.
Em Corine.
Rush não era o melhor homem do mundo quando eu o conheci.
Sei que sua lista de amantes é a população de alguma cidade. Mas eu
pensei, eu realmente pensei que ele se contentaria somente comigo.
Eu estava tão errada.
Burra!
Eu estava tão cega.
Sempre fui tão inocente sobre o mundo, as pessoas. E não achava que
uma dor como essa poderia existir. Não achava que Rush seria capaz de me
trair.
Não achava que um homem era capaz de fazer isso com a mulher que
ama. Meu erro.
Amex entra pela porta e eu dou-lhe uma olhada em reconhecimento,
vendo minha bolsa em suas mãos.
— Como você...?
— Eu tenho meus meios. — Ele diz, misterioso. Mas rindo,
complementa. — Eu pedi que alguém o chamasse para fora do camarim,
tempo suficiente para que eu pudesse entrar e pegar sua bolsa.
— Oh. — Exclamo.
— Tome. Mande a mensagem.
Entrega minha bolsa e eu a pego, alcançado meu celular em seu interior.
Olho para a tela tomando coragem, mas decido fazer isso por fim.
“Estou indo para o hotel. Estou bem, não se preocupe. Só estou cansada
e com sono.”
Ele responde segundos depois.
“O que houve? Você está realmente bem? Estou indo para o hotel. Irei
cancelar o show.”
— Ele não parece não se importar com você. — Amex comenta lendo
minhas mensagens.
Eu lhe ofereço um olhar repreendedor, antes de dizer.
— Estou esperando seus filhos trigêmeos. Ele está preocupado com eles.
— Digo amargurada.
No fim, ele escolheu os filhos a mim. Assim como eu fiz anteriormente.
“Não faça isso. Estou somente com sono. Espero você mais tarde.
Beijos.”
“Amo vocês.”
Suspiro e guardo o celular na bolsa. Levantando-me, eu agradeço a
Amex.
— Obrigada pelo apoio, serei sempre grata por isso.
— Não seja tola. Eu gosto de você. Você é uma moça legal. Que só
precisava de um ombro amigo.
— Eu o agradeço por isso.
Ele chama um táxi para mim, mesmo que eu diga que irei a pé, já que o
hotel é somente a um quarteirão do local do show, mas ele insiste ao dizer
que eu sou uma mulher grávida e que além de não dever me esforçar com
uma caminhada, é perigoso andar sozinha à noite.
Sem forças para discutir, eu aceito a oferta.
E, quando chego ao meu quarto de hotel, eu deito na cama, chorando
minhas dores, antes de poder fazer minhas malas.

Quando o choro não parou, mas as horas passaram, eu levantei da cama
e recolhi os poucos pertences que eu tinha espalhados pelo quarto.
Não era muita coisa, a mala estava praticamente arrumada, afinal, íamos
ficar somente uma noite neste hotel e logo seguiríamos para outro em
Wyoming. Então, em menos de 10 minutos eu tinha tudo pronto; jogando-me
na cama para esperar Rush, eu chorei.
Chorei até dormir.

Senti mãos acariciando meu rosto e barriga, e sabia quem era antes
mesmo de abrir os olhos.
Aproveitei aquele afago, aquele carinho, mesmo que tudo fosse uma
mentira eu me deixei levar, afinal, eu não a sentiria depois de hoje.
Tomando coragem de enfrentá-lo, eu viro-me longe de suas mãos e o
encaro. Ele me dedica um sorriso ao qual não retribuo, dou-lhe somente uma
última olhada em seu rosto falso, antes de levantar-me da cama.
— Você está bem, meu anjo? — Ele pergunta preocupado.
Será que está realmente?
— Sim. Na verdade, precisamos conversar. — Digo séria.
Ele me olha intrigado, mas acena em concordância.
Então, tomando coragem, eu deixo as palavras saírem de minha boca.
— Estou voltando para Berkeley, Rush.
— O quê? Mas por quê? — Ele levanta da cama e anda até mim. —
Aconteceu alguma coisa? Você está bem? Por que não quer seguir comigo na
turnê?
— Isso é... muitas perguntas. — Digo, massageando minha testa, uma
dor de cabeça ameaçando.
Eu estava admirada comigo mesma. Estava agindo com Rush de forma
fria e não chorando como um bebê. Pelo menos não ainda.
A verdade é que, ao ver aquele beijo foi como se a última fagulha do
fogo da inocência que tinha em meu interior se apagasse com um balde água
fria, que Rush jogou.
E, então, minha maneira de ver o mundo mudou e eu não conseguia
enxergar bondade em mais nada, não conseguia confiar. Pelo menos era
assim que eu me sentia no momento.
Eu não culpava Corine por tudo, ela era solteira, afinal. Rush, por sua
vez, era comprometido e tinha três filhos a caminho.
— Não, Rush. — Continuo. — Eu não estou deixando você na turnê e
indo te esperar eu Berkeley, eu estou deixando-o definitivamente.
Ele arregala os olhos espantados, seu rosto tornando-se branco, como se
perdesse todo o sangue.
— Não. — Ele sussurra.
E quando eu acho que ele vai me perguntar o motivo, ele me surpreende
ao se jogar em seus joelhos e abraça minhas pernas.
Era assim que ele pretendia se desculpar por transar com Corine?
— Rush. — Chamo-o, segurando seus ombros. — Olhe para mim. —
Ordeno.
Mas ele não obedece e, com o rosto enterrado em minhas pernas, ele
implora.
— Por favor, não faça isso. Eu não suportaria ficar outra vez sem você.
Por favor, eu não sei o que faria... Oh, Deus, Live. Por favor.
As lágrimas, que estava conseguindo reter com minha frieza e atitude
indiferente, caíram sobre meu rosto ao ouvir sua súplica.
Deus! Como eu queria acreditar nele. Eu o amava, apesar de tudo, mas
não queria continuar com alguém que, claramente, não me respeitava.
— Você não vai perguntar o porquê de eu estar indo embora?
— Isso não importa? — Ele diz com a voz sofrida. — Só não faça isso!
Meu Deus, não faça Live. Eu a amo muito e não suportaria perdê-la outra
vez.
— Isso importa sim!
Digo, indignada, minha raiva voltando e subido sobre as lágrimas,
mesmo que essas ainda fossem presentes.
— Importa, quando você estava com a língua na boca de Corine e sabe
Deus onde mais! — Continuo gritando com minha raiva e dor.
Ele finalmente levanta o rosto de minhas pernas e olha para cima, me
encarando.
— Então você viu isso. — Diz levantando-se.
— Sim. — Sussurro, a dor tomando conta de mim acima de todas as
outras emoções.
Lembro a cena em minha mente e abaixo o rosto para o chão quando ela
fica tão nítida, que posso vê-los em minha frente agora mesmo.
Rush coloca a mão em meu queixo e levanta meu rosto para ele.
— Eu amo você. — Ele sussurra. — Eu não a trocaria por nada e nem
ninguém.
Sorrio debochada.
— Pare de mentiras, Rush. Eu sei o que vi.
Livro meu rosto de seus dedos quentes e caminho até onde minha mala e
bolsa está. Ele segue atrás de mim, não me dando espaço pessoal. Posso
sentir a temperatura de seu corpo quente em minhas costas.
— Eu não tinha visto isso. — Indica as bolsas.
— Muito preocupado pensando em Corine? — Pergunto.
Ele então, me vira para ele, de repente, me puxando para seus braços.
— Deixe-me explicar. — Ele pede.
— Não. — Digo firme. — O que vi foi autoexplicativo. Deixe-me ir. Eu
não posso continuar com um traidor.
— Você acha que eu deixaria minha mulher ir embora, por culpa de algo
que não fiz?
— Você fez Rush. Eu vi com meus próprios olhos.
Colocando um braço por baixo das minhas pernas, ele pega-me em seu
colo e eu grito com a surpresa.
— Ponha-me no chão!
— Não irei soltá-la. Não enquanto você não está enxergando com razão.
Cerro meus dentes com força devido à raiva.
Ele me coloca delicadamente na cama e deita-se ao meu lado, colocando
sua pesada e musculosa perna sobre as minhas e um braço sobre minha
cintura, aprisionando-me.
Encaro o teto frustrada.
Como ele faz isso comigo depois de tudo o que vi hoje?
Ele quer que eu sofra um pouco mais?
Lágrimas quentes escorrem a partir de meus olhos.
— Não. Por favor, eu odeio quando você está triste. — Ele diz pesaroso,
enxugando a água fora de meu rosto com seu polegar.
Um soluço escapa da minha garganta quando eu finalmente quebro.
Outra vez.
Ele me puxa mais apertado em seu peito, fazendo-me esconder meu
rosto em sua blusa.
— Eu não a beijei, Live. — Ele sussurra.
— Eu vi Rush. — Debato com a voz fina.
— Eu sinto muito por isso, querida. Eu realmente não queria que você
tivesse que ver tal coisa.
— Então você admite. — Digo dolorida.
— Sim, mas só porque ela me atacou. E essa foi a única vez. Eu lamento
que você tenha que passar por isso, mas eu deixei claro para ela que a mataria
se fizesse isso outra vez.
— Rush...
— Deixe-me terminar. — Ele vira meu rosto para olhá-lo e, me
encarando, ele diz. — Você saiu para comprar na máquina de comida e então,
eu fui ao banheiro, escutei a porta sendo aberta e pensei que fosse você, mas
era Corine. Questionei-a sobre o que estava fazendo ali e então, ela se
declarou para mim. Eu pedi que saísse, mas ele insistia em falar sobre nós.
Sobre como seríamos bons juntos.
Olho em seus olhos e vejo a sinceridade. Mas o medo de me
decepcionar novamente, me faz ficar com um pé atrás.
— Eu expliquei para ela o quanto eu amo você, mesmo que isso seja
impossível colocar em palavras, eu tentei ao máximo demostrar que o que
temos não pode ser destruído tão facilmente e, definitivamente, não por ela.
Ela não aceitou minhas palavras, na verdade, ficou com muita raiva. E então,
ela me atacou e me beijou. Eu a empurrei para longe em seguida. Ela caiu
sentada e eu cuspi em seus pés.
— Eu não sei se...
— Live, eu nunca amei alguém em toda a porra da minha vida. Eu
somente amei você e agora nossos filhos. Eu não conhecia o que era isso até
ter você. E então, você realmente achou que eu jogaria tudo fora ficando com
outras mulheres?
— Eu vi vocês se beijando e eu achei que...
— Eu sei baby. Mas não, não foi assim. Você se lembra de como fiquei
quando Chad a beijou? — Aceno, afirmando. — Eu sabia que ele era o
culpado, mas eu quase morri com a cena dele tocando o que é meu. Você
acha que eu faria isso com você, faria você sentir a mesma dor que senti
quando os vi? E depois você foi embora e eu quase me matei. Você viu o que
o fogo fez com a casa. Era o que eu queria que tivesse feito comigo, pois eu
não suportava, não suporto a mera hipótese de uma vida sem você ao meu
lado.
As lágrimas fluíam por meu rosto, mas, dessa vez, não era dor que as
causavam, era a emoção. O amor que eu sentia por aquele homem quebrado,
aquele menino grande que é só meu.
— Então, você acha que eu a trairia, quando tem a possibilidade de que,
ao descobrir, você vai me deixar outra vez? — Ele continua. — Não, Live.
Eu nunca faria nada que pudesse colocar o mero pensamento de você me
abandonar em sua mente. E não somente por isso, mas eu não consigo olhar
para outras mulheres, você me arruinou, baby. Fez-me ficar viciado em sua
boceta rosada, em seu amor puro e seus beijos doces.
Eu penso sobre nossa casa em Berkeley e como ele tentou colocar fogo
nela consigo dentro, somente porque eu o havia abandonado.
Um homem que ama tanto uma mulher a ponto de morrer ou, nesse
caso, tentar se matar, porque ela não está em seu lado, certamente não a
trairia, não se ela descobrir ela o deixaria.
— Eu acredito em você. — Sussurro.
Ele suspira aliviado.
— Eu não a beijei e eu certamente nunca dormi com ela. Nem com ela e
nem com nenhuma outra. Eu não seria capaz Live. Não depois de você.
— Eu fiquei muito abalada com o que vi eu... a dor era muito grande e
então, eu fugi e Amex me socorreu e...
— Amex? — Ele pergunta cerrando os dentes.
— Rush, o agradeça. Se não fosse por ele, eu certamente já estaria em
Berkeley. Ele me convenceu a te escutar.
Ele murmura algo, mas não fala mais sobre Amex.
— Eu sinto muito por você ter visto aquilo. — Ele lamenta.
— Eu também. — Lamento de volta. — Mas agora, é como se eu tivesse
amadurecido um pouco depois disso. Aprendi a não confiar em todo mundo e
a enfrentar meus medos. Acho que finalmente perdi minha inocência. — Dou
de ombros.
— Não. Você não a perdeu. Ela é uma parte irrevogável de você. Você
está mais madura, talvez, mas você nunca deixará de ser essa alma boa, que
acredita nas pessoas, mesmo que você diga o contrário. E é por isso que eu te
amo tanto.
Ele se inclina para me beijar, mas eu o paro.
— Não quando você tem a saliva de Corine em você.
Ele ri.
— Eu lavei minha boca muitas vezes depois daquilo. — Suspira. — Eu
me senti tão horrível, Live. Eu me senti... estuprado.
Sorrio pela primeira vez depois de ter meu coração partido e, em
seguida, remendado.
— Eu iria contar a você sobre isso amanhã. — Ele continua. — Não
quero ter segredos entre nós.
— Nem eu, Rush.
Digo antes dele tomar minha boca com a sua.
Fazendo-me gemer em alívio por estar aqui com ele e não em um voo ou
outra cidade, por tudo ter sido um mal-entendido e Corine ter sido a única a
beijá-lo.
A única culpada de tudo.

Quando embarcamos no avião para o próximo Estado, Wyoming, eu
sento em minha cadeira obedientemente, como Rush me instrui antes de ir
para o fundo do avião, pegar água gelada para mim.
Eu andava com muita sede e fazia xixi a todo o momento.
Pego meu e-reader em minha bolsa, quando vejo Corine entrar pela
porta.
Ela caminha no corredor em minha direção com um sorriso debochado.
E eu me levanto o mais rápido que minha barriga permite, para impedir sua
passagem.
Antes que ela possa dizer uma palavra, eu levanto meu punho e o levo
com toda minha força para acertar abaixo do seu olho direito. Sua cabeça
jogada para trás com o impacto e ela se apoia nas poltronas para não cair.
Corine grita com a dor e eu quase faço o mesmo sacudindo minha mão,
quando a dor explode em meus dedos. Nunca me contaram sobre essa parte
de socar alguém.
— Você ficou louca?! — Ela grita com a mão em seu rosto.
— Caralho Live, que gancho! — Jax diz animado ao meu lado.
Ryan e Ash riem da situação, enquanto Blake olha-nos de boca aberta.
Rush surge ao meu lado espantado, mas sua expressão muda para
preocupado quando vê a dor em meu rosto.
— Merda, Live. — Tenta colocar-me na poltrona outra vez, mas eu o
impeço.
— Isso é por você ser uma pessoa muito, muito, ruim e não enxergar
que Rush já tem uma mulher e não precisa de outra. Ele tem três filhos a
caminho! — Grito em seu rosto. — Com você pode se rebaixar a isso?
Arrume um homem para você.
E, antes que alguém possa me impedir, eu a acerto no rosto outra vez,
agora com um tapa dado com as costas da minha mão esquerda, já que a
outra estava começando a inchar.
— Nunca mais toque nele! — Ameaço em seu rosto.
Deixo-me ser levada por Rush até a poltrona e, quando eu caio sentada,
todo o peso do que acabei de fazer vem sobre mim.
Eu realmente acabei de bater em alguém?
Pela primeira vez minha vida eu bati em outro ser humano e eu não
posso acreditar que fiz isso. Ai, eu me senti muito bem.
Bill, que presenciou toda a cena, leva Corine até os fundos do avião,
provavelmente até o banheiro. Eu os acompanho com os olhos antes olhar
para Rush, que vem pelo corredor com uma sacola cheia de gelo para colocar
em minha mão inchada.
Ele se senta ao meu lado e eu gemo quando ele coloca o frio sobre
minha mão quente e vermelha.
Ele me encara estranhamente e eu arqueio uma sobrancelha para ele,
esperando uma bronca.
— O quê? — Digo.
— Essa merda foi sexy para caralho.
Tortura.
Essa palavra poderia ter muitos significados ou ser atribuído a milhares
de coisas, mas, para mim, isso só poderia ser relacionado a uma coisa.
Living Peace.
Eu estava sendo torturado todas as noites por dormir ao seu lado sem
poder tocá-la. Ela manteve sua palavra e não me deixou fazer isso.
Mas eu estava duro desde que ela havia socado Corine em seu rosto há
uma semana.
A vadia mereceu, mas eu fiquei chateado por Live ter ficado, por culpa
de Corine, com a mão dolorida e inchada depois.
Eu ainda lembrava o pânico que tive quando ela disse que estava me
abandonando, novamente.
Naquela hora, eu só queria morrer, ela poderia me abandonar. O motivo
para ela estar fazendo isso não me importava, ela só não poderia fazer isso.
Nunca.
Mas eu a compreendia agora. A dor de ver a pessoa que você ama
beijando outro, é a pior que existe. E eu não me suportava por saber que a fiz
passar por isso, mesmo que a culpa não tenha sido minha e eu tivesse sido
forçado por Corine por poucos segundos.
Posso lembrar sua expressão quando a empurrei e ela caiu esparramada
no chão. Eu nunca fui um cavalheiro, exceto com Live, e não iria ser um
agora, principalmente com alguém que não valia a pena o esforço.
Com nojo de mim mesmo, eu cuspi em seus pés a saliva que ela colocou
em minha boca com seu beijo nojento e desagradável. Ela me olhou
horrorizada, provavelmente nunca tinha sido tratada dessa forma, mas eu não
me importava, ela tinha cruzado a linha e minha paciência tinha esgotado, foi
somente por Live, por saber que ela não aprovaria, que eu não a esmurrei.
Então, somente a peguei pelo braço, forçando-a a ficar em pé, arrastei-a
o resto do caminho até aporta e a joguei novamente no chão, agora no chão
do corredor fora do camarim, trancando a porta em seguida, e correndo para o
banheiro lavar minha boca com sabão.
Eu estava enojado comigo mesmo, mas temia a reação de Live quando
ela soubesse.
Infelizmente, para mim, ela viu tudo e interpretou errado, mas eu
consegui mostrar-lhe a razão e foi a coisa mais sexy do caralho, quando ela
esmurrou a vadia.

— Você está pensativo.
Hoje era a décima quinta cidade em que tocávamos. Já estávamos em
turnê há um mês, mas não era isso que me deixava pensativo.
Eu estava pensando em como Live com seis meses de gravidez, tinha
uma barriga do tamanho de muitas grávidas em seus últimos dias de gestante.
Pensava que ela deveria ir a um médico, que estávamos sendo muito
relapsos quanto a isso.
Sentado no sofá, massageando seus pés inchados, eu pensava que, além
de marcar uma médica para ela, tinha que marcar um para mim ou era isso
que Live queria.
Ela queria que eu fosse a algum analista, psicólogo, mas eu não poderia
fazer isso, não quando eu somente conseguia me abrir com ela, contar meus
segredos para ela e, mesmo assim, ainda não falava tudo.
Paro de massageá-la e a encaro sério.
— Estive pensando que você deveria ser minha analista.
Ela arregala seus olhos místicos amarelos.
— O quê?
— Live... eu não posso ir a um médico. Não posso me abrir com ele,
sem ter, ao menos, feito isso com você. Não, isso não é certo e eu não
conseguiria de qualquer maneira.
— Mas Rush, eu não posso diagnosticá-lo, eu não posso dizer o que
você tem e...
— Você realmente acha que eu estou doente?
— Não, mas...
— Você acha que eu sou louco por amá-la tão intensamente?
— Não.
— Live, meu diagnóstico você já tem, você sabe o que eu tenho e tem a
cura consigo.
— Não, eu não. Eu não sei, não sou médica, eu estudava inglês e eu...
— O que eu tenho se chama amor, baby.
Puxo-a para meus braços, posicionando-a de forma que ela cole sua
orelha em meu peito.
— Amor do mais puro, verdadeiro e intenso que existe.
— Mas você fica deprimido e você tenta... você sabe. — Não consegue
colocar som às palavras.
— Somente por que você não estava comigo. Você é a minha cura. Meu
remédio. E, com você ao meu lado, eu não preciso de mais nada.
Ela me olha com olhos de adoração e eu adorava isso. Mesmo que não
merecesse, por não ser o melhor homem do mundo para ela.
— Rush, Blake disse para mim que você já tinha isso antes de mim.
Você tinha depressão às vezes.
— Novamente, era somente porque eu não tinha você.
Ela sorri.
— Você nem sabia que eu existia.
— Talvez não conscientemente, mas no fundo, talvez meu inconsciente
soubesse que você estava por aí, à minha espera. E meu corpo, não
suportando sua ausência, se fechava e queria morrer.
Ela me olha entre séria e divertida.
— Você sabe que isso que você disse é loucura. Mesmo que tenha sido a
coisa mais linda que eu já ouvi.
— Não. — Digo sério. — Acho que quando nasci o destino já tinha me
dado a você, mas eu fui obrigado a esquecê-la, pois não sobreviveria sem
você, até finalmente encontrá-la. Mas então, eu nunca fui o melhor em
obedecer às regras e meu corpo se rebelava contra isso, até que um dia, o
destino colocou você em minha vida. A trouxe de volta para mim. Porque
Live, eu soube que você era para mim no dia em que a vi.
Ela enxuga uma lágrima que escorre de seu olho.
— Eu amo você. Eu me sinto da mesma forma, você sempre foi para ser
meu. Meu marido, o pai dos meus filhos.
Ela coloca a mão em sua barriga enorme e eu a sigo colocando minha
mão sobre a sua.
— Obrigada por isso. — Digo sobre a gravidez. — Mesmo que eu não
soubesse valorizar desde o começo.
— Você foi o único que os deu para mim. — Ela sorri maliciosa.
Eu a acompanho, beijando sua boca rosa.
— Temos que marcar um médico para sua gravidez.
Ela suspira.
— Sim, temos. Mas em breve farei sete meses e tenho medo de que essa
seja a hora, eu gostaria de esperar até os noves meses, espero que eles não
sejam como o pai.
— O quê? Eu? Claro que não, querida. Se eu estivesse dentro de você,
eu não sairia nunca. — Agora é a minha vez de sorrir malicioso.
Ela sorri, achando engraçado.
— Ok. Isso foi estranho. Bem, o que eu quero dizer, é que, se eles forem
dramáticos e apressados como o pai, já estariam fora da minha barriga e
chorado.
— Isso foi rude. — Digo fingindo de ofendido.
Ela dá de ombros.
— Você é assim, não posso fazer nada.
Entrecerro meus olhos para ela, que tenta não sorrir.
Com a mão que estava sobre sua barriga, eu subo por seu corpo até seus
seios, mas não chego muito perto, logo ela bate em minhas mãos.
— Você só me tocará, quando for fazer amor comigo. Eu não irei aceitar
menos.
— Você não pode me privar do seu corpo. — Digo indignado.
— Você já está. — Sorri se ajeitando em meu colo, em busca da posição
mais confortável.
Quando a encontra, fecha os olhos, apoiando sua cabeça em meu peito,
escutando as batidas do meu coração.
E logo percebo que dormiu.

Olho para Live sentada sobre uma caixa de som em desuso balançando
seus pés. Eu a tinha colocado lá, pois ela mal conseguia entrar em um carro
com sua barriga gigantesca, imagina sentar em algo alto.
Ela estava reclamando de dores nas costas, mas tinha insistido em ir
comigo às compras, quando disse que iria pega algo confortável e de tamanho
adequado para ela em alguma loja.
Antes, era suposto eu ensaiar com a banda e então, eu a trouxe para o
local do show, mas eu não estava concentrado realmente. Não quando seu
herói resolveu fazer uma aparição para dizer oi.
O maldito Amex.
Foda-se. Eu o deveria agradecer por ter salvado minha bunda, mas eu
não era conhecido por ser racional.
— Rush mantenha sua merda focada. — Jax fala ao meu lado.
Com outro homem rondando minha mulher? Porra, não.
— Ele não é uma ameaça, você sabe. — Blake tenta ser a voz da razão.
Ele tem um pau? Então, porra, sim, ele é!
Arqueio uma sobrancelha para Blake e ele entende o que eu não digo.
Até ele é uma ameaça. Eu confiava em Live, mas ela era perfeita de tantas
maneiras, que eu não confiava em nenhum homem perto dela.
Todos a queriam.
Era assim que via a porra do mundo ao seu redor e me chamem de
louco.
Talvez eu fosse afinal. Eu nunca disse que não era de qualquer forma.
Eu volto a tentar me concentrar nas músicas, fazendo um péssimo
trabalho. Mas, ei, ninguém pode dizer que eu não tentei.
A música acaba, eu corro para minha menina. Colocando-me entre suas
pernas, eu beijo seus lábios antes que ela possa ver o que a atingiu.
Eu sugo seu lábio inferior em meus dentes, antes de quebrar totalmente
o beijo.
Descendo meu rosto, eu dou três beijos em sua barriga, antes de
finalmente encarar Amex.
— Você sabe. Você sempre pode urinar sobre ela. — Ele diz sorrindo.
Eu aceno em comprimento para ele. Essa é uma boa ideia. Apesar de
que eu prefira gozar sobre ela toda.
Live cutuca minhas costelas, lançando-me um olhar repreendedor.
Respirando fundo, eu falo.
— Obrigado por ter apoiado e ajudado Live, Amex. — Eu digo como
Live me instruiu.
Eu era grato por isso, eu realmente fazia. Mas isso não significava que
eu estaria agradecendo o outro homem. Eu não estaria. Não até que Live me
obrigou.
— Que isso, homem. Só cuide melhor de sua família. Nunca se sabe
quando alguém irá tomá-los. — Ele dá de ombros, sorrido.
E eu instantaneamente coloco Live em minhas costas, escondendo-a de
sua visão.
Ele sorri para Live por sobre meus ombros e posso escutar sua
gargalhada para ele. Mas que merda?
— Vejo você mais tarde. — Ele pisca antes de sair.
Eu não tiro meus olhos dele até que ele desapareça ao virar a esquina do
corredor.
Olho ameaçadoramente para Live quando ela ainda está sorrindo.
— Eu não a quero perto dele.
— Ele estava brincando, Rush. Ele disse que o provocaria. Ele não tem
interesse sobre mim.
Eu não acredito nessa merda. Nem a porra de um pouco.
— É bom que esteja. — Eu o ameaço. Mesmo que ele não esteja aqui.
Colocando minha mão em sua cintura, eu a coloco sobre seus pés.
Avistando a cadeira de rodas em um canto, pois eu sempre a deixava por
perto mesmo que Live não fosse usar, eu pergunto.
— Você não quer sentar na cadeira de rodas?
— Eu não estou inválida. — Ela revira os olhos.
— Mas está cansada. Acho que você deveria experimentar. Você sabe,
dar um descanso para seus pés inchados. Eles realmente parecem clamar por
isso.
Seus pés pareciam duas bolas, mas eu não diria isso. Ela estava louca
por causa das transformações que estavam ocorrendo com seu corpo. Então,
eu ficava calado sobre isso, inclusive sobre seu nariz e rosto inchados.
Eu adorava isso nela, entretanto.
Fazia-a parecer mais menina do que era. Dava-lhe um ar inocente e isso
era sexy para caralho. Além do brilho que ela tinha em seu rosto, como se
tudo no mundo fosse somente paz e amor.
Acho que a gravidez fazia isso com ela.
Eu não dizia sobre algumas partes do seu corpo que estavam mudando,
mas eu falava sobre seus seios e bunda. O tanto que ela estava crescendo
nesses lugares me deixava louco e ela não me deixando tocá-la estava
acabando com meu juízo.
Acho que seus seios tinham crescido quatro números e eu ansiava por
pegá-los em minhas mãos, para levá-los em minha boca e sugá-los como um
bebê faminto.
Ela encara a cadeira de rodas como se estivesse balançada, mesmo que
suas palavras dissessem o contrário.
— Eu sempre posso levá-la no colo. — Dou-lhe outra opção.
Ela descarta a possibilidade com as mãos. E me surpreendendo, caminha
até onde a cadeira está e se senta sobre ela.
Seu rosto diz que não queria estar fazendo isso, mas as olheiras embaixo
de seus olhos me dizem o quanto tem andado cansada por esses dias, o
quanto suas costas estavam protestando por conta do peso extra dos bebês.
E pela primeira vez eu me questionei sobre trazê-la para a turnê.
Mas se eu a mandasse de volta, para onde ela iria?
Para o apartamento dos gêmeos? Não. Ainda mais agora que eles me
odiavam por tê-la engravidado, depois a magoado e em seguida a levado para
longe.
Faye não era uma opção, não quando Chad estaria ao redor.
Eu não a queria na comunidade longe dos médicos e hospitais. E se ela
passasse mal? Não, definitivamente não.
A nossa casa em Berkeley estava deteriorada, descuidada. Além das
péssimas lembranças que predominavam sobre as boas. A ferida ainda
cicatrizava, mesmo que não doesse. Então, não era bom mexer na casca.
Eu não queria mandá-la para a casa em São Francisco. Era temporário e
ela queria preparar o quarto para os bebês.
Pensando assim, nenhuma das opções anteriores dava para nós. Para ela.
Talvez Berkeley, mas essa não se tornava uma opção muito boa, quando eu
sabia que passaria mais tempo em outra cidade.
Eu tinha que dar um jeito nessa merda.
Mesmo que me matasse mandá-la para longe, eu deveria pensar em sua
saúde e na de nossos filhos. Eu não importava nessa equação de porra,
somente ela e meus bebês.
— Você vem ou não? — Ela pergunta emburrada.
Não gostava da ideia de ficar sentada enquanto eu empurrava por aí, mas
enquanto nós iríamos andar pelo shopping fazendo compras, ela deveria
poupar suas energias por agora.
Então, eu caminho até ela e a empurro até a rua, onde um táxi já nos
esperava.
Quando ele nos deixa no shopping, eu puxo um boné sobre minha
cabeça e óculos sobre meu rosto. Somente no caso. Pois eu não queria
aborrecer Live com toda a pressão de fãs.
Não quando eu já tinha tomando um gosto disso do supermercado e
sabia que era assustador para caralho.

Quando Live entra no provador da décima loja, eu me sento, esperando-
a, trocando mensagens com o agente imobiliário que Bill me passou.
Eu tinha falado com ele em uma dessas visitas de Live ao provador das
inúmeras lojas que entramos. Também tinha dito que precisava falar com ele
e a banda, o quanto antes.
Então, após passar o contado do agente, nós tínhamos combinado de nos
reunirmos depois do show de hoje.
Live volta para mim e eu guardo meu telefone no bolso antes de
seguirmos para o caixa.
Ela morde o lábio inferior quando a atendente diz o valor da compra
que, na verdade, não tinha sido tão alto. Ela encara as sacolas em minhas
mãos quando eu dou meu cartão de crédito para a moça.
Após saímos da loja, Live questiona.
— Podemos nos dar ao luxo?
— Claro Live. Não se preocupe com isso, ok?
Eu não estava rico ou milionário, mas a grana estava entrando para mim.
Essa merda era rápida. E tanto quanto eu ainda não poderia comprar um
jatinho particular, eu estava feliz em somente comprar tudo o que Live queria
no shopping.
Beijo sua testa, como que para tirar suas preocupações e puxo sua mão
para voltarmos a caminhar.
Olho-a vendo a exaustão em seu rosto e decido que é hora de parar.
Puxando meu telefone eu chamo um táxi.
Caminhamos para a entrada do shopping, quando Live para puxando
meu braço.
Eu a olho intrigada até que vejo o que chamou sua atenção.
Uma loja com tudo para bebês.
Ele me dá um sorriso emocionado, levando-me para dentro.
Uma vendedora aparece para nos auxiliar e Live diz que quer ver tudo
para recém-nascidos.
Enquanto Live é puxada pela vendedora, eu as sigo um pouco distante.
A vendedora mostra para nós de tudo um pouco e eu olho encantado
para as roupas minúsculas, quase do tamanho da palma da minha mão.
De repente um macacão branco chama minha atenção. Eu peço para
olhá-lo.
É simples, não é grande coisa realmente. Somente uma roupinha que
veste todo o bebê, em tom branco.
Pedindo mais dois desses, eu decido.
Essa será a primeira roupinha de meus filhos.
.
Deixo Live descansando no hotel e vou para o show.
Esse não seria o primeiro show da turnê que ela não assistiria, mas eu
me sentia triste por isso.
Quando entrei no camarim, os caras estavam se aquecendo e relaxando.
Corine conversa com Bill e não me encara.
Ela não o fez desde que apanhou de Live.
Eu a odiava. Não por ter me beijado e causado toda essa confusão com
minha menina. Eu a odiava por que Live tinha se estressado por sua causa.
Ela não podia ter passando por isso em sua condição.
Faço exercícios de aquecimento da voz, com o fonoaudiólogo que Bill
contratou. Quando terminamos, vejo que ainda temos um tempo até subirmos
no palco e, como estão todos aqui, resolvo adiantar a reunião que seria depois
do show.
Então, chamando a atenção de todos, eu começo.

Quando entro no quarto, penso que irei encontrar Live deitada,
dormindo como sempre fazia. Mas surpreendo-me ao vê-la deitada de lado
com a mão sobre suas costelas.
Sua cara franzida me indica que algo não está bem.
Corro até ela sentando ao seu lado na cama.
— O que você tem amor?
Digo colocando a mão sobre sua testa. Ela não tem febre.
— Minhas costelas, elas doem.
Oh, meu Deus. Será que os bebês irão nascer? Serão as dores do parto?
Levanto da cama e ando de um lado para o outro.
— Rush. — Me chama com a voz fina.
Eu volto para ela.
— Massageie onde dói. — Implora.
— Certo. — Digo bobamente.
Com se esquecesse de meu próprio nome, eu a olho por um segundo
antes de correr até sua mala em busca de um de seus cremes.
Pegando um da embalagem branca eu corro de volta à cama, sentando-
me ao seu lado. Ajudo a retirar sua blusa antes de apertar o frasco sobre a
área que dói.
Eu a massageio suavemente, mas ela pede que eu coloque mais força.
— Deus, Live. Temos que ir ao médico, agora!
Ela geme.
— Não. Isso não é nada, Rush. Não se preocupe. — Respira fundo. —
Temos uma consulta amanhã de qualquer forma.
— Live...
— Só massageei. Jesus.
Eu a obedeço, mesmo que tudo me diga para correr com ela longe daqui,
para o hospital.
As dores diminuíram, mas seu desconforto durou por toda a noite. Ela
não dormiu e eu também não.
Eu não podia fazer isso, quando meu anjo estava com dores.
Eu não poderia nem se quisesse.
Eu velei seu sono por todo o resto da noite e ela só conseguiu dormir por
uma hora, antes de eu ter que acordá-la para voarmos para Denver, no
Colorado.
Sem dores, mas muito cansada, ela dormiu o voo todo, acordando
somente para pegarmos a Van até o hotel.

— Você está tenso. O que houve? — Blake pergunta quando estamos
terminando no ensaio.
— Live está com dores, cara. E eu estou na merda, morrendo com a
porra do medo.
Ele franze a testa.
— Ela está bem? Você a levará no médico?
— Após o ensaio. E eu não acho que ela esteja bem, mas ela não vai
deixar-me fazer um alarde sobre isso. — Lamento.
— O conhecendo como conheço? Você não faria um alarde. — Começo
a agradecê-lo pelo apoio, mas ele me interrompe. — Você faria a porra de
uma terceira guerra mundial.
Ele sorri quando eu o ameaço com o olhar.
Quando o ensaio acaba, eu vou para o hotel o mais rápido que consigo.
Live já está pronta, me esperando deitada na cama. Quando me vê,
senta-se.
Eu caminho até ela, ajoelhando-me em seus pés.
— Como você está? — Pergunto preocupado.
Ela alisa meu rosto, desmanchando a ruga de expressão entre minhas
sobrancelhas.
— Eu estou bem, Rush. Você não quer que eu passe uma gravidez de
trigêmeos sem sentir nada. — Ela sorri levemente.
— Na verdade, eu quero.
— Bem, isso é o que todos querem, mas não é possível.
Eu encosto minha cabeça em sua barriga e, apoiado em suas pernas e
barriga, eu fecho os olhos. Seus dedos fecham em meus cabelos, acariciando-
os. Suspiro com o prazer gerado.
— Você está tão cansado, amor. Fique aqui, eu irei à consulta. Você não
dorme há um tempo e tem um show daqui a pouco.
Eu realmente não dormia há quase um dia, mas eu não a deixaria ir sem
mim. Não. O sono eu poderia recompensar depois.
Pondo-me de pé, eu a puxo para mim.
Ela me abraça, o que não é fácil devido sua barriga, e apoia sua cabeça
em meu peito, enlaçando minha cintura com seus braços.
— Eu ficarei bem, anjo.
— Eu fico preocupada com você.
— Eu sei, querida. Mas estou bem. Agora vamos. Você ainda tem dor?
— Não mais.
Ela diz, pegando sua bolsa na cama.


Live caminha pelo hospital com as mãos em sua coluna e eu a olho entre
curioso e preocupado.
— Você está bem?
Ela sorri para mim ao dizer:
— Claro. Só que, esses bebês são pesados pra caramba. — Faz uma
careta.
Eu a imito na careta. Pegando-a pelo braço, guio-a até a cadeira mais
próxima fazendo-a se sentar.
— Mas o que...? — Olha-me confusa.
Eu somente indico que me espere. Voltando o caminho até as portas do
hospital, eu pego uma cadeira de rodas que está posicionada perto de outras.
Se eu houvesse percebido o seu desconforto antes, poderia tê-la
colocado em sua cadeira de rodas desde o hotel. Mas eu fui burro e não
percebi.
— Quem é idiota?
Ela pergunta quando eu paro em sua frente e percebo que falei em voz
alta meus pensamentos.
— Eu, baby. Agora, sente-se aqui.
Ela me surpreende, outra vez, quando senta sobre a cadeira sem
reclamar.
— Você sabe que eu não estou inválida. — Ela comenta.
— Sim. — Concordo.
— Somente estou deixando você me levar por aí, nesse negócio, pois
gosto de ser empurrada por você ao redor.
Ela olha para cima, para mim, sorrindo como uma menina, que
realmente pareceria se não houvesse uma barriga de grávida em seu corpo.
— Eu gosto de empurrá-la. — Retribuo o sorriso.
Ela arqueia uma sobrancelha.
— Você gosta de ter o controle sobre mim. — Ela constata
entrecerrando os olhos.
Eu a olho falsamente ofendido.
— Claro que não!
Mas sim. Eu realmente gosto de controlar seus passos.
Controlar seu caminho, fazendo com ela não se machuque ao andar por
ai. Tendo a certeza de que ela está segura.
Eu a empurro o resto do caminho até a sala de espera da médica. Outras
mulheres, algumas também grávidas, nos olham curiosas por eu ter Live em
uma cadeira de rodas.
Deixando-a confortável em um quanto em sua cadeira, eu caminho até a
recepcionista. Com tudo certo, eu volto para Live, para esperar sermos
chamados.
Como não há cadeiras ao redor, eu ajoelho-me em frente ao meu anjo e,
segurando suas mãos, eu pergunto:
— Você está bem?
— Você faz muito essa pergunta. — Sorri. — Mas eu estou bem.
Coloco as mãos em sua barriga, acariciando, sentido.
— Vocês querem que eu cante para vocês? — Pergunto para meus
filhos.
Eu passo minha mão por sua barriga, aguardando a resposta. E ela logo
vem em forma de chute.
Sorrindo, eu começo a cantar a música que minha mãe cantava para mim
quando eu era pequeno, a mesma música que cantei para Live em sua
primeira viagem de avião.
— Brilha, brilha estrelinha, lá no céu pequenininha...
Sinto as mãos de Live na minha cabeça, acariciando meus cabelos,
enquanto eu encaro sua barriga, cantando para nossos filhos.
— As pessoas estão olhando, amor.
— Eu não me importo. Meus filhos querem me ouvir cantar, então eu
irei cantar a porra de uma música para eles. — Digo em um só fôlego,
voltando para a música em seguida.
Live sorri gostosamente, não parece se importar com o que os outros
pensam realmente.
Eu canto por mais meia hora, até que o nome de Live é chamado.
Pondo-me de pé, eu me preparo para empurrar sua cadeira de rodas, mas
ela fica em pé ao meu lado.
Quando entramos no consultório, eu deixo Live sentar antes de fazer o
mesmo. A médica, uma senhora com mais de 60 anos, nos cumprimenta.
— Olá, mamãe, papai, sintam-se à vontade. Como você tem se sentindo,
querida? — Ela pergunta a Live.
— Muito bem, obrigada. Nada fora do comum.
Eu me seguro para não falar sobre como ela não está nada bem, mas
Live aperta meu joelho por de baixo da mesa.
A médica olha algo em seu computar antes de levantar e ir até uma
mesa, e pedir que Live a acompanhe.
— Você está em uma gravidez trigemelar, pelo que li em sua ficha
médica. Correto? — Live acena com a cabeça. — Suba nessa balança para
mim, por favor, querida.
Live sobre a balança, enquanto a médica anota todos os dados. Depois,
ela mede a barriga de Live, dizendo que isso é para verificar a altura uterina.
E pedindo para que Live se sente na cadeira outra vez, ela mede a sua pressão
arterial e outros sinais vitais.
— Pelo que vejo está tudo bem com a mamãe, vamos ver os bebês?
Eu ajudo Live a deitar-se na maca e a levantar sua blusa, de modo que
ela fique decente.
A doutora espalha um gel sobre sua barriga proeminente, antes de
deslizar um aparelho sobre ela.
Um som enche a sala e eu sinto meu coração subir até a boca, quando
percebo serem os batimentos cardíacos dos bebês.
Olho atentamente para a tela, tentando ver alguma coisa, mas
novamente, não consigo identificar nada.
A médica explica mais sobre os bebês, dizendo que minha menininha é
menor que os irmãos, mas que isso é normal, que não devemos nos
preocupar.
Após todos os exames feitos, a médica pergunta se Live tem algumas
dúvidas. E eu suspiro aliviado quando ela diz sobre a dor que sentiu.
— Bem, isso é por causa da pressão que os bebês estão fazendo. — A
médica explica. — Isso é comum na gravidez, mas com você carrega três, a
pressão é maior e a dor também. Eu recomendo uma compressa de água
gelada e dormir sobre o lado que dói também pode ajudar. — Ela escreve
algo em uma folha e entrega para Live. — Caso nada resolva, tome esse
comprimido para dor.
Eu começo a me levantar da cadeira, pronto para me despedir e guiar
Live fora da sala, quando sua voz me para.
— Sobre o sexo doutora...
Minha cabeça vira tão rapidamente para Live, que eu fico tonto
momentaneamente.
Eu abro minha boca para interrompê-la, mas ela continua
vigorosamente.
— Tem algum problema em fazê-lo? Irá prejudicar os bebês de alguma
forma?
A médica ri antes de dizer.
— Não. Absolutamente. Pode fazer à vontade, só evite as loucuras.
Como essas posições que os jovens inventam hoje em dia. De cabeça para
baixo e tudo o mais. Mais alguma pergunta?
Live nega com a cabeça, antes de se despedir.
Eu a guio fora do consultório muito chocado com sua audácia.
Ainda posso ouvi-la dizer, “me aguarde bonitão”, antes de se afastar e
andar em minha frente.

Live entra no quarto e segue direto para a cama. Deitando-se sobre ela.
— Oh, como isso é bom. Minha coluna estava me matando.
Eu caminho até ela, sentando-me ao seu lado.
— Você quer uma massagem? — Pergunto preocupado com sua dor.
Se apoiando em seus cotovelos ela diz.
— Não. Eu quero que você durma um pouco antes do show.
Balanço a cabeça.
— Não. Sente-se. Você é mais importante.
Ela balança a cabeça novamente.
— Deite-se, Rush. — Abro minha boca para protestar, mas ela me
impede. — Se você quer me fazer feliz, tire essa roupa desconfortável e
deite-se.
Suspirando, eu retiro toda minha roupa e deito ao seu lado, puxando-a
para meu peito.
Ela sorri, fazendo cocegas em minha pele.
— Eu não disse para ficar nu.
— Sou rebelde. — Digo, sorrindo. — E, na verdade, foi exatamente o
que você disse.
Ela encara minha ereção, dizendo.
— Muito mal e rebelde, eu vejo.
— Não, não. Nem pensar querida. Nada de sexo até os bebês nascerem.
Nada do que a médica disse abalou com minha determinação.
— Então cubra isso aí. Como você quer que eu fique tendo que olhar sua
ereção quente, batendo em minha perna?
— Bom ponto.
Puxo o lençol branco sobre nós. Sobre minha ereção e Live solta uma
gargalhada quando uma tenda se forma.
Eu a acompanho com o sorriso.
E, em poucos minutos eu descubro que estava realmente cansado,
quando o sono me leva.
Mas ainda tenho a impressão de ouvi-la dizer.
— Você não perde por esperar, menino inocente.
Às vezes eu me perguntava como seria minha vida, se minha mãe não tivesse
sido morta.
Será que ainda estaríamos na miséria, presos ao monstro ou teríamos
saído e feito nosso caminho?
Será que eu teria encontrado Live em certa altura?
Eu imagino que sim. Aquela menina é simplesmente meu destino e não
importa o que houvesse acontecido com a porra da minha vida, um dia
iríamos nos cruzar.
Mas era ruim eu pensar que estava feliz por ter passado por tudo que
passei, somente por que encontrei Live no fim?
Eu não sabia se isso era certo ou doente, mas eu o fazia.
Eu passaria por toda a merda novamente, se somente pudesse tê-la no
fim. Eu a amava mais que tudo. A ela e agora aos nossos bebês.
E, por isso, doía-me como o inferno, ter que me despedir dela. Ter que
mandá-la para longe, mesmo que para o seu próprio bem. O seu e de nossos
filhos.
Uma semana já havia passado desde a sua consulta e agora, faltava
pouco para Live descobrir que eu a estava mandando embora. Eu era um
covarde por não ter compartilhado isso com ela, mas eu não queria estragar
nossos últimos dias constantemente juntos com a tristeza de uma despedida.
Deitada na cama, com milhares de travesseiros em baixo dela e ao seu
redor, ela me encara enquanto eu me preparo para o show.
— Você parece tenso. — Ela comenta.
Eu lhe ofereço um sorriso de canto.
— Sim? Esse negócio de shows e o lançamento do novo álbum em
menos de duas semanas, está me consumindo.
— Vai dar tudo certo, querido. — Ela boceja.
Eu caminho até ela beijando sua testa.
— Descanse. E não me espere acordada.
Sorrindo ela diz:
— Eu não iria nem se quisesse. — Dá de ombros.
Eu sorrio sobre o fato de seu sono constante já ser uma piada entre todos
nós e sigo em direção à porta. E, com um último olhar sobre a minha vida, eu
saio do quarto.

Abro a porta do nosso quarto procurando fazer o mínimo de barulho
possível. Com a fresta de luz que entra no quarto a partir do corredor, eu vejo
Live dormindo na cama.
Penso isso por menos de um segundo até perceber que ela não está
deitada e a cama se encontra perfeitamente arrumada.
— Foda-se. — Grito quando invado o quarto, agora sem me preocupar
com possíveis barulhos.
Estendendo a mão para procurar cegamente o interruptor, quando uma
voz suave me para.
— Calma, baby. E não ouse ligar a luz. Feche a porta.
Eu congelo no lugar, quando identifico a voz de Live. Eu faço como ela
pede e fechando a porta, eu fico no completo escuro. Eu a procuro mesmo
sabendo que não a verei.
— Caminhe para cama e deite-se nela. Está a dez passos para frente e a
cinco para a direita. — Ela me instrui.
Contando, eu caminho até a cama, tirando meu tênis no processo. E
engatinhando sobre ela, eu me aconchego no meio. Meu coração batendo
com toda a sua potência.
E um frio se instala na boca do meu estômago, quando a música de
Cristina Aguilera, Ain’t Other Man, começa a tocar.
A porta do banheiro abre somente alguns centímetros e a luz que sai da
fresta é o suficiente para que eu veja Live e seus contornos.
Ela abre a porta um pouco mais e agora eu consigo vê-la claramente,
não como gostaria, mas já consigo dizer que ela está vestida em um roupão
de seda branco.
Dançando com o ritmo da música ela caminha em minha direção e eu
tenho que agarrar o colchão com meus punhos, para evitar pular sobre ela e
lamber todo o seu corpo delicioso.
Parando em frente à cama, ela começa a descer a seda lentamente sobre
seus ombros, sem nunca deixar de dançar sensualmente com a música.
Soltando-o finalmente, o roupão cai sobre seus pés. Meu olhar é
direcionado a eles, que estão devidamente arqueados sobre um salto branco.
Subo meu olhar por suas pernas cobertas por meias ¾ brancas
transparentes. Uma cinta liga, juntamente com a calcinha de renda branca.
— Filho da puta. — Gemo ajeitando meu pau duro que bate duramente
contra o zíper da calça jeans.
Sua barriga parcialmente coberta com o pano transparente que desce a
partir de seu sutiã de rende branca com detalhes rosa.
Ela continua rebolando, de uma forma que nunca vi fazer. Sexy, sensual.
Mas mesmo que tivesse dançando de forma desengonçada, essa seria a coisa
mais sexy da porra do universo.
Ela passeia a mão por seu corpo, como se estivesse em delírio. Virando-
se de costa para mim, ela deixa-me ver sua bunda em forma de coração,
engolindo a calcinha fio dental.
E é o suficiente para que possa ligar o abajur e lançar-me fora da cama.
Segurando sua bunda com ambas as mãos, eu a aperto, puxando-a para
minha ereção. Coloco minha cabeça na curva de seu pescoço, gemendo em
seu ouvido, quando ela moi contra mim.
Relutante, eu tiro minhas mãos de sua bunda e passeio por seu corpo até
parar sobre seus seios cobertos pela renda fina. Ela levanta os braços,
trazendo-os até meu pescoço e continua sua dança sensual junto comigo.
— Eu quero você hoje, Rush.
— Live...
Gemo, sabendo o que isso significa e o tanto que eu necessito e quero
isso, tanto ou mais que ela.
— Shiu, só se deixe levar. — Ela pede.
Virando-se para mim, ela desce a mão por meu peito e estômago,
parando na barra da minha camisa. Puxando-a para cima, ela tenta remover
minha camisa, eu a ajudo, retirando-a.
Voltando a mão para meu peito, ela acaricia-me antes de parar no cós da
minha calça e remover meu cinto, jogando-o no chão em seguida.
E antes que ela possa fazer, eu abro minha calça e saio dela rapidamente.
Agora, estamos ambos em roupas íntimas.
Ela puxa minha mão e me empurra para a cama, depois retira minha
cueca fazendo com que meu pau salte livremente, apontando para cima.
A música havia mudado e agora, Fever, da Peggy Lee, tocava.
E, com o ritmo da música, ela retira seu sutiã, fazendo-me babar, quando
seus grandes seios pulam livremente. Retirando as ligas, ela remove sua
calcinha, ficando agora somente com as meias e o salto.
Porra é a visão do maldito paraíso.
— Não tire. — Digo quando ela começa a remover os saltos e meias.
Ela acena com a cabeça e engatinha sobre a cama, sobre mim, até que
esteja montada em meu pau.
Suas dobras molhadas, sobre a minha carne dura como rocha, quente e
pulsante.
Gememos juntos com a sensação, o contato que não tínhamos há vários
meses. É a porra melhor do caralho.
E eu me preocupo que não possa segurar-me mais.
Ela esfrega seu clitóris em meu pau, deslizando por toda a sua extensão,
moendo sobre ele. Eu levo minha mão até seus seios, amassando e apertando
seus mamilos rosados e tensos.
Ela continua a moer contra mim e eu juro que irei gozar a qualquer
momento, mas então, de repente, ela para.
Gemendo em frustação, eu protesto.
— Live, por Deus.
— Shiu.
Ela apoia-se sobre seus joelhos, levantando-se sobre mim. E eu quase
grito quando meu pau perde o contato com sua boceta.
Mas isso só dura um segundo até que percebo o que ela está fazendo.
Alarmado, eu vejo quando a cabeça do meu pau cutuca sua entrada.
Ela olha-me quando começa a descer lentamente sobre ele, suas mãos
apoiando sobre minhas pernas. Ela nunca desvia o seu olhar do meu quando
faz isso, à espera do meu protesto, de que a tire de cima de mim.
Mas eu não posso.
Eu estou rendido.
E o único que faço é apertar seus seios tão forte, que eu sei que ficarão
marcas, e olhar com olhos atentos quando meu pau afunda entre suas carnes
rosadas.
Live geme em alívio, prazer e delírio, quando senta completamente
sobre a rocha que é meu pau agora.
— Oh, Rush.
Eu fecho os olhos, meu corpo tremendo com o prazer e com a vontade
de empurrá-la sobre suas costas e foder todos os seus miolos.
Mas eu a deixarei conduzir dessa vez.
Ela sobe e desce sobre meu pau, melando-o com seus sucos. Faz isso
cada vez mais rápido, gemendo loucamente com o prazer que isso lhe
proporciona.
Meus gemidos também são ouvidos por todo o quarto, mas isso é sobre
ela e então, eu aperto meus lábios entre meus dentes por quase todo o
momento, para evitar gozar loucamente, antes dela.
Jogando a cabeça para trás, ela grita para o céu quando o orgasmo lhe
atinge e isso é tudo o que preciso para me liberar dentro dela, gozar em
longos jatos de esperma, chamando seu nome.
Ela deita-se ao meu lado na cama, respirando pesadamente.
Eu me viro sobre ela, beijando sua boca, mordendo seus lábios.
Beijando-a com desespero e paixão. O primeiro beijo depois que cheguei do
show.
Ela o retribui também faminta e desesperada.
— Você, pequena bruxa. — Repreendo-a, quando quebro nosso beijo.
Ela sorri preguiçosamente, alisando meu rosto.
— Eu amo você. — Sussurra, beijando meus lábios. — E sei que amou
isso tanto quanto eu.
Eu não posso negar isso, não quando minha porra escorre por suas
pernas, eu amo a imagem disso.
— Você tem certeza que eles não viram nada? — Pergunto quando
minha preocupação me bate.
— Tenho, baby. — Sorri. — Estava escuro. — Explica.
Eu a olho confuso por um momento, mas então eu penso.
Somente a luz do abajur iluminava o quarto, era o suficiente para que eu
enxergasse tudo de Live, mas para eles não. Para eles não.
Talvez, se fizéssemos sexo sempre no escuro, não teria problema e...
— Rush. — Ela me chama interrompendo meus pensamentos. — Eu
estava brincando. Você sabe.
Beijo sua testa.
— Durma, meu anjo.
— Mas, Rush...
— Você está cansada e deve poupar suas energias.
Puxo a coberta sobre nós e ela suspira derrotada quando se aconchega
como pode, devido a sua barriga, em meu peito.
Eu sorrio quando ela dorme instantes depois.
Sorrio, pensando em como podemos fazer sexo sempre que quiséssemos
agora, desde que fosse feito às escuras.
Live estava sempre disposta quando eu a procurava para o sexo.
Ela sempre esteve, mas, depois da gravidez, sua libido tinha aumentado
consideravelmente.
Após seu strip-tease, seguido de sexo, eu a havia acordado várias vezes
durante a noite para repetir a dose, mas tudo sempre no escuro.
Eu até tinha desligado o abajur, mesmo que morresse para vê-la
claramente. Ela sorria sobre isso, mas eu estava determinado a não colocar
meu pau nela quando uma luz estivesse sobre nós.
Eu a tinha acordado por mais duas vezes naquela noite, segurando-me
para uma terceira para que ela pudesse descansar.
E era por isso que ela dormia profundamente durante o nosso voo.
Inicialmente, ela estranhou o fato de estarmos viajando sozinhos no
avião da Infinit., mas depois, eu tinha explicado para ela que eles tinham
emprestado o avião, para que eu pudesse resolver coisas sobre a turnê.
Eu estava claramente mentindo sobre o verdadeiro motivo, mas
enquanto ela não estivesse fazendo perguntas, eu estava bem.
Quando o avião pousou, eu a acordei levemente.
Ela piscou várias vezes antes de abrir os olhos para mim.
— Chegamos, baby.
— Sim?
Eu aceno em concordância e a ajudo a retirar seu cinto de segurança.
Quando caminhamos para fora, o sol bate em nosso rosto, aquecendo
nossa pele, mesmo que uma brisa fria o acompanhe.
Live para um momento, absorvendo e inspirando todo ar, antes de se
virar para mim.
— Onde estamos? — Pergunta intrigada.
Eu estava mantendo segredo sobre nosso destino. Evitando o assunto.
Mas acho que não tinha mais motivos para isso.
— Santa Mônica, baby.
Ela arqueia uma sobrancelha.
— Tipo na Califórnia?
— Exatamente desse tipo.
— Oh. — Exclama admirada olhando tudo ao redor com novos olhos.
— Venha.
Guio-a para um táxi que já nos esperava na pista do aeroporto.
O motorista salta para fora, nos cumprimentando e mantendo o olhar
longe de Live, para o seu próprio bem.
Live não perde que ele coloca somente sua mala no porta-malas,
enquanto a minha não estava nem sobre sua vista.
— O que está acontecendo, Rush? — Pergunta intrigada e preocupada.
Eu respiro fundo, procurando coragem, mas quando não a encontro,
somente digo.
— Você verá. — Ofereço-lhe meu melhor sorriso.
Torcendo para que a tensão não seja nítida em meu rosto.
Ela me encara por um segundo, mas depois, quando o táxi começa a
rodar, ela volta sua atenção para as paisagens que correm fora do carro.
Mas, quando o motorista indica que chegou ao nosso destino final,
minhas mãos ficam frias quando eu percebo que é a hora. Não somente de
contar meus planos para ela, como também de nos despedirmos por alguns
dias, semanas ou até meses.
Pois não sei como, ou se, poderei voltar para a Califórnia para vê-la,
antes do fim da turnê.
Eu desço do táxi, pagando a corrida e pegando a mala de Live em
minhas mãos.
Ela observa curiosa a casa branca de três andares, que fica em um
condomínio fechado e em uma rua tranquila.
— Aguarde um segundo. — Eu peço correndo para deixar a mala na
porta, e destrancá-la.
Voltando para ela, eu a pego em meu colo, fazendo-a gritar em surpresa.
— O que é isso? — Ela pergunta sorrindo.
E eu respondo repetindo o que disse quando a levei para morar comigo,
há alguns meses, mas que parecia uma vida atrás.
— O ritual da noiva, baby.
Quando ela me encara com os olhos arregalados, eu sei que ela
entendeu.
Essa é a nossa nova casa.
Empurrando a porta para fora do caminho, eu entro na residência,
colocando Live no meio da sala.
Ela observa o espaço vazio, o chão de madeira danificado pelo vento
marítimo e o sal. As grandes janelas de vidro que vão do teto ao chão, a porta
de correr, também de vidro que nos permite ver o quintal; mais à frente,
depois da cerca branca, havia as areias brancas da praia particular do
condomínio e o mar revolto.
Com os olhos cheios de lágrimas, ela tira o foco da paisagem, que
invade nossa sala como um quadro 3D e me encara.
— Essa é a casa da nossa família?
Segurando minhas próprias emoções, eu respondo.
— Sim, baby. Nosso recomeço.
— Oh, Rush.
Ela corre até mim. E me abraça. Chorando em meu peito. Mas, de
repente, do nada, ela sorri, depois gargalha e corre de volta para as portas de
vidro e, abrindo-as, ela inspira o cheiro do mar.
— Eu somente organizei nosso quarto, para que você possa dormir nele.
E a cozinha. O resto da casa, você tem carta branca para decorar como quiser.
Assim como os ambientes já decorados.
Ela sorri.
— Até se tudo for rosa?
Eu balanço a cabeça.
— Mesmo que você a decore toda de rosa.
Ela sorri e eu completo.
— Tem, além do nosso quarto que ocupa todo o terceiro andar, mais
cinco quartos, para cada filho nosso.
Ela me encara com uma careta e eu apresso-me a dizer.
— Podemos construir mais quartos no futuro, temos terreno suficiente
para aumentar a casa como queira.
— Não é isso, é que... cinco filhos, Rush? Isso não é muito?
Caminhando até ela eu a abraço.
— Sempre pensei que você queria uma família grande, com muitos
filhos.
— Mas, e sobre o que você quer? Você queria que fôssemos somente
nós dois, mas então apareceram os trigêmeos e você aceitou isso...
— E eu descobrir que adoro você grávida e pretendo mantê-la assim
sempre que possível. — Completo por ela.

Eu levo Live em meu colo pelas escadas, para nosso quarto após mostrar
toda a casa a ela.
O primeiro andar tinha uma enorme cozinha, com vista para o mar, a
sala de jantar e a sala de estar, também com vistas para o mar através das
grandes paredes de vidro, além de um escritório que eu pretendia fazer como
um estúdio para a banda, para que eu não precisasse sair muito longe da
minha família.
Os fundos da casa tinham uma grama verde, mas que se perdia a medida
que se aproximava da cerca branca, sendo encoberto pela areia fofa.
O segundo andar tinha os quartos, cinco suítes que seriam para nossos
filhos e o terceiro andar era somente o nosso quarto, com uma vista
maravilhosa do mar em uma enorme varanda.
Bill havia me ajudado a comprá-la. Ela não cabia em meu orçamento de
outra forma, mas ele tinha me feito um empréstimo para pagar quando
pudesse. O escritório de Bill ficava em Los Angeles, a alguns minutos de
carro da casa de onde eu estava agora e, em breve, todos os caras estariam se
mudando para cá.
Tudo muito conveniente.
Eu deposito Live em nossa cama feita sobre medida para caber cinco de
mim e ela se perde entre os lençóis brancos. O entusiasmo brilhando em seu
olhar.
E eu fico contente comigo mesmo por ter colocado isso lá.
Deito na cama, colocando um travesseiro macio ao meu lado, para que
Live pudesse deitar em meu peito apoiando sua gigantesca barriga na
superfície macia.
— Você tem outra consulta daqui cinco dias. — Eu aviso.
— Sim? — Pergunta bocejando.
— Sim. — Confirmo. — A partir do sétimo mês, é muito importante
que você vá ao médico a cada quinze dias. Principalmente quando sua
gravidez é de trigêmeos.
Olhando para cima, ela me encara engraçada. Adoração é visível em
seus olhos.
— Olha só você. Todo informado sobre minha gravidez.
— Eu gosto de cuidar da minha família, amor.
Beijo sua testa.
E ela volta a deitar em meu peito.
— Live. — Chamo-a querendo conversar um pouco mais.
Mas, ela somente murmura em resposta. Sorrindo, eu acaricio suas
mechas macias e loiras como o próprio ouro.
E não preciso olhá-la, para saber que dormiu.

Recebo o entregador de pizza e, após pagar e lhe dar uma gorjeta, eu
vou para a cozinha pegar suco para Live.
Ela dormiu por mais de três horas seguidas e agora, de tardezinha, está
na hora de acordá-la para que possa jantar.
Não é a refeição mais indicada, mas é algo que ela desejou por todo o
nosso voo de hoje e, desde que eu não estaria ficando por muito tempo,
queria fazer todos os seus desejos.
Equilibrando-me pelas escadas até o terceiro andar, eu entro em nosso
quarto e a encontro na mesma posição que deixei.
Colocando a caixa de pizza e a jarra do suco com os copos em cima da
mesa redonda que está no canto perto das grandes portas de vidros que levam
à varanda, para que possamos fazer uma refeição olhando para o mar, mesmo
quando os dias mais frios não nos permitam ir para fora, eu sento ao seu lado
da cama.
Observo seus traços delicados, que se tornam mais inocentes com o
sono. Ela abraça meu travesseiro, com o rosto enterrado nele, como se o
fizesse comigo mesmo.
E eu desejo ser aquele travesseiro.
Então, indo para o outro lado da cama, eu retiro o travesseiro do
confinamento de seus braços e deito no lugar que ele ocupava antes, a
puxando para mim.
Deitando-me um pouco de lado, eu coloco uma das minhas mãos sobre a
barriga que carrega nossos filhos.
Ela suspira em seu sono, mas não acorda.
E, acariciando sua barriga, eu começo a chamá-la.
Chamo-a por mais de vinte minutos, até que ela comece a finalmente
despertar.
Como em outras vezes, quando ela abre os grandes olhos amarelos e me
vê em sua frente, ela sorri.
Sorri como se eu fosse seu mundo todo.
Como ela é o meu.
E é por esses sorrisos, que eu vivo todos os dias.
Esses sorrisos me fazem seguir em frente e empenhar-me para nunca
mais magoá-la, sempre coloca-los lá, em seus lábios cor de rosa em forma de
coração, onde eles pertencem.
— Comprei a pizza que você queria baby.
Se possível, o sorriso dela cresce ainda mais e ela vira encarando o teto e
se espreguiçando.
Ajudo a sentar-se na cama, o que não é uma tarefa muito fácil para ela
por conta de sua condição.
— Irei ao banheiro antes. — Ela avisa.
— Quer ajuda?
Negando com a cabeça, ela caminha para o banheiro. E vou até a mesa
arrumá-la.
Ela não demora muito e logo surge de volta. Seus olhos brilham com
desejo, mas não por mim e sim, pela pizza que comprei.
Ela não se senta antes de pegar o primeiro pedaço e só o faz quando já
deu a primeira mordida em sua fatia. Rapidamente ela come três pedaços.
Olhando-me intrigada, ela fala com a boca cheia.
— Você não vai comer?
Eu nego.
— Tudo para você, meu anjo.
Ela termina sua terceira fatia, tomando um enorme gole de seu suco e
depois faz uma careta.
Pulando da cadeira, eu me coloco ao seu lado.
— O quê? — Pergunto preocupado, segurando sua mão.
Ela me encara.
— Acho que comi demais.
Eu a olho por um momento antes de sorrir.
Ela me acompanha na gargalhada, colocando uma mão em seu
estômago.
Caminho até as portas de vidro, abrindo-as, deixando a brisa marítima
entrar. Voltando para Live, eu a pego no colo, levo para a varanda,
depositando-a na enorme espreguiçadeira, que é uma mistura de sofá com
cama, com acolchoamento macio em tons brancos e vários travesseiros, onde
cabem tranquilamente muitas pessoas.
Em suas extremidades há colunas em tom dourado, com tecidos brancos
e finos presos por laços também dourados, que se soltos e puxados, cobrem
toda a espreguiçadeira.
A parede da varanda é toda em vidro, para que se aproveite toda a
paisagem.
Live suspira olhando ao redor. Ainda não tinha visto isso aqui em sua
totalidade.
— Aqui é tão lindo, Rush.
— Sim, é. E é todo seu.
Ela se aconchega em meu peito quando eu sento em suas costas
colocando um pano macio sobre suas pernas.
O tempo não está tão frio, mas com vinte e sente graus, eu não quero
que ela pegue um resfriado.
— Assim como você? — Ela pergunta.
— Exatamente assim. — Respondo sorrindo.
Ela se aconchega em meu peito, suspirando e tomando coragem eu digo:
— Live, temos que conversar.
Ela arqueia uma sobrancelha e não fala nada, me incentivando a
continuar.
— Tem coisas da minha vida, que você ainda não sabe. Eu quero falar
hoje, sobre meu passado e o nosso futuro. Eu só espero que você não me veja
com outros olhos depois disso.
— Você está me deixando preocupada.
— Depois que eu saí do orfanato, eu fiz certas coisas, das quais eu me
envergonho. Eu quero que você saiba, que é uma fase ao qual não me
orgulho, e não posso dizer se foi algo necessário, mas para mim, na época, foi
minha única saída.
Ela abre a boca para falar, mas eu a interrompo.
— Só deixe que eu termine.
Ela acena e eu continuo.
— Quando eu saí do orfanato, não tinha nada, nem um tostão furado,
então comecei a fazer alguns bicos, como cortar a grama de algumas
senhoras. Eu tinha somente dezoito anos na época e elas me chamavam para
suas casas, para fazer muito além do que cortar grama, mas esse foi só o
começo...
— Não. — Ela sussurra com a voz embargada. — Você não fez...
— Sim, Live. Mas agora, apenas escute. Tinha essa senhora, James, ela
que iniciou tudo isso, que me fez perceber que conseguiria mais dinheiro com
sexo, do que cortando gramas e ajudando senhoras no mercado. Ela me
convidou para sua casa em certa tarde, quando limpava seu jardim, me
ofereceu para entrar e descansar um pouco, eu neguei, disse que não era
necessário, mas ela insistiu. Ela se insinuou, eu sempre fui muito sexual, você
sabe, mas com dezoito anos isso era pior. Eu a comi, Live. Mas para mim
aquilo não era nada, eu seguiria minha vida e ponto final, mas então, após o
sexo, ela me deu essas notas de cem dólares. Ela me ofereceu como
pagamento para o sexo, e disse que teria muito mais se isso se tornasse
comum. Acontece que a fama se espalhou e logo as senhoras já sabiam onde
procurar consolo com o sexo duro quando seus maridos saiam para trabalhar
ou viajar. Isso durou por alguns anos, e com todo o dinheiro que conseguia
do sexo que vendia e das lutas, eu finalmente consegui comprar uma casa. A
casa onde morávamos em Berkeley. Você sabe que eu fiquei com o barraco
do meu padrasto quando ele morreu e o dinheiro da venda disso, nunca seria
suficiente para comprar um carro bom e muito menos uma casa.
Seu corpo treme entre meus braços e eu a pego em meu colo,
posicionando-a de forma que fique com a orelha colada ao meu peito.
— Está tudo bem, meu amor.
— Você teve que se submeter a isso. — Ela diz entre soluços.
— Não era realmente um sacrifício e o dinheiro era bom. Agora,
contando para você, eu sinto nojo de mim mesmo e espero que me perdoe
pelo que fiz.
— Eu não preciso te perdoar por algo que aconteceu há tantos anos, eu
só fico triste... — Soluço. — por você ter tido que passar por tudo isso para
sobreviver... — Soluço. — você nunca teve ninguém, desde pequeno, sua
única família era a si mesmo.
— Mas agora isso mudou e minha família é você e meus três filhos.
Ela olha para mim com os olhos marejados, as lágrimas escorrendo por
suas bochechas. Eu beijo suas lágrimas, triste por fazê-la sofrer dessa forma.
— Eu lutei algumas vezes, mesmo depois de ter lhe falado que não iria.
— Confesso de uma vez.
— Eu sabia.
Olho-a confuso.
— Sabia? E por que não disse nada?
Ela dá de ombros.
— Eu esperava você me contar.
— Eu comprei seu carro com o dinheiro dessas lutas, foi somente por
isso que eu lutei escondido.
— Isso eu não sabia. — Ela diz chocada. — Por que você fez isso?
— Eu só quero o melhor para você, sempre.
— Você não precisava...
— Sim, Live. Eu quero lhe dar tudo e, se para isso eu tiver que vender
minha alma, ou corpo, eu farei.
— Não, o corpo não. — Ela faz cara brava, mas sorri. — Esse é só meu.
E nem a sua alma, ela também é minha. Não precisa se sacrificar para me dar
conforto e luxo, Rush, eu sou feliz em somente ter você, vocês, comigo.
— Eu também, meu amor. Eu também.
Beijo seus lábios molhados por lágrimas.
Ela se ajeita em meu peito e observa o horizonte onde o sol começa a se
pôr.
E iluminados pela luz laranja e rosa do sol sobre o mar, eu suspiro
aliviado por finalmente ter despido minha alma completamente.
E por ela ainda estar aqui.
Quando um novo dia surge, o meu temor por deixá-la aumenta.
Eu estava em negação nas últimas horas. Apresentar-lhe a nova casa e
ver como ela amou cada canto, me fez esquecer por um momento do que
estava em jogo aqui.
Uma casa nova seria necessária de qualquer maneira, mas eu não queria
deixá-la para trás enquanto ia com a turnê. Eu queria estar com ela, decorar o
quarto dos nossos filhos.
Comprar seus berços e brinquedos, não cantando ao redor do país.
Eu amava cantar, amava fazer shows, mas amava minha família acima
de tudo isso. E então, agora que a hora de ir se aproximava, eu estava
quebrado, morrendo por dentro.
— Podemos caminhar na praia?
Ela me olha com olhos arregalados, implorando. E eu preferia morrer a
tirar esse olhar brilhante dela. Mas mesmo assim, minha preocupação sempre
falava mais alto quando o assunto era Living Peace.
— Não seria muito para você?
Ela faz uma careta.
— Talvez, mas eu sempre tenho você para me carregar no colo. — Diz
docemente.
E porra, sim! Eu a levaria em meu colo até a china, se assim quisesse.
— Tudo bem. — Digo beijando seus lábios.
Ela sorri abertamente e eu pego nossos casacos, quando ela corre para
nosso quintal.
Encontro-a na cerca branca, à minha espera. Estendo seu casaco para ela
eu a ajudo a se vestir. Depois visto-a com a minha própria jaqueta, para que
ela fique bem agasalhada.
Ela sorri brilhantemente para mim. E se não estivesse com sua barriga
igual à de uma gravida normal de nove meses, eu diria que ela não passa de
um adolescente com um sorriso de criança.
Abrindo a cerca, caminhamos em direção ao mar. O sol da manhã
aquece nossas peles, enquanto uma brisa fria lambe nossos corpos.
Ela se aconchega ao meu lado e eu a abraço.
Quando chegamos ao mar, paramos olhando-o em toda sua magnitude.
As ondas revoltas quebram e brigam entre sim e quando o mar sobe
molhando nossos pés, Live grita animada, sentido o frio da água.
Eu a abraço por trás, colocando minhas mãos em sua barriga saliente.
Deus.
Como sentirei falta de tocá-la todos os dias.
De cantar para nossos filhos.
De acariciar sua barriga e dizer o quanto os amo. A meus filhos e a
minha mulher.
Quando passam mais de meia hora em que somente ficamos olhando o
mar e contemplando o silêncio, olho no meu relógio e percebo que eles
estarão chegando dentro de alguns minutos.
— Vamos voltar, baby?
Ela concorda com a cabeça. E caminhamos para a nossa casa.
Eu iria deixá-la por alguns meses, mas não a deixaria desemparada. Eu
cuidaria para que ela nunca se sentisse abandonada, para que ela não sentisse
a dor da saudade como eu sentiria.
Como em uma sincronização programada, quando entramos em casa, a
companhia toca. Live me encara entre confusa e intrigada. Afinal, ninguém
sabia que estávamos aqui ou isso era o que ela pensava.
Eu beijo sua testa e caminho para a porta, deixando-a no meio da sala
vazia.
Abro-a sabendo o que encontrarei do outro lado. E quando Live grita,
arfando eu sei que ela conseguiu ver por cima do meu ombro.
— Max, Matt!
Eles tinham se falado pelo telefone nos últimos meses, mas desde que
Live se descobriu grávida, ela não os tinha visto pessoalmente.
— Merda. — Eles dizem em uníssono, olhando para a grande barriga
que carrega meus filhos.
Eles não me dedicam um segundo olhar e passando por mim, caminham
direto para Live.
Toda a trégua do dia de ação de graças tinha sido evaporada como água
que ferve a mil graus, depois que eles souberam que eu tinha engravidado sua
amiga.
Eles se reservam para abraçar Live, tomando cuidado com sua barriga.
Eu fico em pé ao lado da porta fechada. Vendo a cena como
telespectador, me sentindo excluído.
Eu queria arrancá-la dos seus braços, escondê-la em nosso quarto e
expulsá-los daqui.
Queria ficar com ela o resto de sua gravidez, cuidar de minha família
como eles mereciam. Mas eu não podia. E então, morrendo ao engolir todo
meu orgulho, todo meu ciúme, morrendo por deixá-la aos cuidados de outros,
eu tinha ligado para as cópias do inferno, pedindo que ficasse com Live o
resto de sua gravidez.
Live me encara com lágrimas nos olhos. Está emocionada por vê-los
depois de tanto tempo. E então, me olhando confusa, como se percebesse
minha aflição, minha tristeza, ela caminha até mim, me abraçando.
Eu a aperto, na medida do possível, em meus braços e sinto quando
nossos filhos chutam ao sentir o calor de seus pais.
— Obrigada. — Ela sussurra.
Eu acaricio seu rosto, foda-se. Se eu pudesse ficar.
Olhando para longe de seus olhos amarelos místicos, eu encaro os
gêmeos.
— Obrigada por virem.
Eles acenam com a cabeça.
— Há um quarto para vocês, no segundo andar. A última porta.
Eu tinha mostrado toda a casa para ela, mas não todos os quartos, com a
desculpa de que eram todos iguais e que queria mostrar nosso quarto a ela.
Mas a verdade, é que além do nosso, outro quarto estava equipado e esse era
o quarto para os gêmeos.
Eles caminham para fora da casa, voltando com suas malas minutos
depois.
Live observa-os subir as escadas entre intrigada e curiosa.
— Venha, baby. — Digo pegando-a no colo.
Subo toda a escada até o terceiro andar com ela em meu colo e, entrando
em nosso quarto, deposito-a delicadamente sobre cama.
— O que está acontecendo, Rush? — Ela pergunta docemente.
— Você está em um ponto da sua gravidez, que eu não posso arrastá-la
pelo mundo ou pelo país como é o caso. Se você tivesse em uma gravidez
normal, isso já não seria bom, mas você carrega três dentro de si. Três bebês
que, assim como sua mãe, merecem todo o amor e cuidado que eu possa
oferecer. E então, baby. Você ficará aqui, em nossa casa, enquanto eu vou
com a turnê.
Seus olhos se enchem de lágrimas, mas ela não diz nada.
Eu beijo seus olhos e seu rosto.
— Por favor, baby, não chore.
— Eu sabia que isso aconteceria, mas não tão rapidamente. Por que não
me contou de seus planos?
— Eu estava com medo de sua reação. Que você achasse que eu estava
abandonando-a, mas eu não estou e nunca estarei. E eu não queria que nossos
últimos dias fossem regados de tristeza por nossa despedida eminente.
Ela me abraça apertado.
— Eu não quero que você vá.
— Eu prometo vir sempre que puder. E Max e Matt ficarão aqui, para
cuidar de vocês.
Ela me olha por alguns instantes. Promessas e amor passam por seus
olhos.
— Faça amor comigo, Rush.
— Não, Live. Não me peça isso, não me torture dessa forma.
— Rush. — Diz colocando as mãos em meu rosto. — Acredite em mim,
quando digo que eles não verão nada.
— Está claro aqui e...
— E está escuro aqui dentro. — Indica sua barriga. — Por favor, não me
faça implorar. Despeça-se de mim de forma adequada.
Quando não digo nada e somente a encaro, ela leva suas mãos até a
barra de minha blusa, puxando-a por sobre minha cabeça.
Eu estou rendido e ela sabe.
Minha respiração sai pesada, meu peito sobe e desce rapidamente, como
se tivesse corrido uma maratona, mas, na realidade, o fogo correndo em
minhas veias faz isso comigo.
Quando minha camisa é eliminada, ela passa sua mão por todo o meu
peito e pacote de oito gominhos.
Seus dedos acariciam os piercings em meus mamilos e minha respiração
falha quando travo meu maxilar.
Eu a ajudo e sair dos casacos e seu vestido rosa de verão. E, quando ela
fica nua, com somente sua calcinha em minha frente, eu juro que poderia
morrer feliz.
Saio de meus jeans e meu pau salta para fora, com o pré-sêmen
escorrendo na ponta, melando o apadravya.
Tiro sua calcinha por suas pernas e a visão de sua boceta faz com que
meu pau se contraia.
Sento na cama colocando-a montada sobre mim.
Beijo seus lábios com paixão e desespero, mostrando todo meu amor e
desejo por ela.
Levo minhas mãos até seus mamilos, torcendo-os. Ela grita em minha
boca, a sensibilidade da gravidez fazendo seu milagre.
Ela puxa meus cabelos quando, abandonando sua boca, eu chupo seu
mamilo esquerdo enquanto aperto o seu mamilo direito, fazendo-os sair do
seu tom rosado para o vermelho.
Dou o mesmo tratamento para seu mamilo direito, voltando minha mão
para o esquerdo, torcendo-o.
Jogando-a deitada na cama, eu me posiciono entre suas pernas.
Com sua gravidez, não posso deitar-me sobre ela para beijar seus lábios,
mas terei que me contentar com o que tenho.
Posiciono a cabeça do meu membro em sua entrada escorregadia. Ela
grita quando começo a me afundar em seu corpo.
Meus próprios gemidos são ouvidos pelo quarto quando sua buceta me
aperta, molhada e quente.
Eu estoco em seu interior, tentando controlar-me para não ser muito
duro, mas a visão de sua vagina engolindo meu pau leva-me ao descontrole.
Sinto o formigamento familiar na base da minha espinha e sei que não
poderei segurar meu orgasmo por muito mais tempo.
Então, levando meus dedos até seu clitóris, eu o esfrego vigorosamente,
para que ela venha junto comigo.
— Oh, meu... Rush. — Ela grita.
E faz isso uma e outra vez quando gozamos juntos e eu me derramo todo
em seu interior.
Caindo ao seu lado, eu tento recuperar meu fôlego.
— Eu amo você. — Ela diz.
Virando-me para encará-la, eu a encontro olhando-me.
Apoiando-me sobre meu cotovelo, eu me inclino sobre ela, puxando-a
para mim e colocando uma mão sobre sua barriga.
— E eu a amo ainda mais.
Um mês tinha se passado desde que tinha deixado Live para trás.
Eu andava irritado. Todos me evitavam, mas isso sempre acabava
quando eu falava com ela. Quando conversávamos por mensagens, chamadas
de voz e chamadas vídeos, eu conseguia esquecer um pouco da falta que ela
me fazia.
Ela já estava com oito meses de gravidez e cada dia estava mais cansada,
e se sentindo mais gorda.
Eu tentava aplacar seus medos, seus anseios, mas nada era o suficiente.
Nunca seria enquanto eu não estivesse lá, com ela.
Eu tinha ciúmes de Max e Matt, não por eles estarem ao redor de Live,
bem, isso também, obviamente, mas os meus ciúmes eram por eles estarem
passando com Live o que eu deveria passar.
Eu deveria estar com ela no último mês. Levá-la para a maternidade e
apoiá-la.
Decorar o quarto dos nossos filhos e comprar suas roupinhas.
Eu deveria estar com ela e não eles. Mas mesmo quando eu tinha raiva
sobre isso, eu suspirava de alívio por ela tê-los ao seu lado. Por eles estarem
lá, apoiando-a.
E pela primeira vez desde que os conheci, eu dei graças a Deus por eles.
Eu ainda não tinha conseguido ir visitá-la. Eu tinha tentado, mas sempre
acontecia algo que me impedia ou a própria Live dizia para eu não ir, pois
preferia que eu descansasse para o próximo show. Eu não queria obedecê-la,
e fazia de tudo para não a irritar.
Ela estava no último mês da gestação de nossos filhos e a última coisa
que eu queria, era deixá-la estressada.
Ainda lembro como se fosse ontem, quando a médica disse que os bebês
estavam ótimos, e que a gravidez iria se prologar, provavelmente, até suas
últimas semanas. Isso significava que perderia três meses da vida de meus
filhos, somente três.
E mesmo que todo esse tempo longe dos meus bebês recém-nascidos
fossem me corroer por dentro e me destruir, ainda seriam dois meses a menos
do que eu imaginava e temia.
Live tinha decorado somente um quarto. Com três berços e cores neutras
nas paredes. Os moveis também eram brancos e detalhes deixavam saber que
haveria meninos e menina no quarto.
Ela tinha me mandado a foto depois que, com ajuda dos gêmeos,
decorou e organizou tudo somente para recebê-los em breve.
Eu tinha me trancado no camarim quando ela me mandou a foto e, sem
que ninguém soubesse, eu me segurei para não chorar como um bebê, mas
não pude evitar as lágrimas que caíram.
Deus! Como pude não os querer um dia? Eu já os amava tanto, mesmo
antes de conhecê-los e matava-me não pode conversar e cantar para eles na
barriga de sua mãe.
Agarrando meu telefone no bolso eu disco seu número. O telefone toca e
toca e ela não atende.
Eu ando de um lado a outro sem conseguir me parar. Por que não me
atende? Tento uma segunda vez e estou preparado para cancelar o show e
pegar o primeiro voo para Santa Mônica, quando ela me atende finalmente.
— Oi, Rush.
— Live! Por que não me atendeu antes? O que aconteceu? Você está
bem?
Ela suspira do outro lado da linha.
— Eu estava dormindo. — Solta uma risadinha.
Fazendo-me respirar aliviado.
— Desculpe-me por acordá-la.
— Não por isso, baby.
Ficamos em silêncio por um momento. Eu escutando sua respiração e
relaxando ao fazê-lo.
— Como estão os bebês? — Pergunto.
— Ótimos. A médica disse que eles provavelmente chegarão na hora
certa. — Ela faz uma pausa. — Você estará aqui, não é?
— Eu não perderia isso por nada, amor.
E não o faria mesmo.
Eu largaria tudo o que estivesse fazendo quando chegasse a hora de ver
meus filhos. Eu não deixaria de estar lá para eles quando eles chegassem a
esse mundo. Eu pretendia apoiá-los sempre e começaria quando nascessem.
— Cinco minutos. — Corine grita colocando seu rosto na porta do
camarim.
Eu aceno para ela em reconhecimento.
— Está na sua hora? — Live pergunta pelo telefone.
— Infelizmente, meu amor.
Eu não queria desligar, mas eu não queria ter feito muitas das coisas que
fiz. Como tê-la deixado na Califórnia.
Eu me despeço dela com um aperto no peito. Eu tinha isso desde que
embarquei no avião de volta para meu próximo show.
O sentimento de que algo me faltava. O vazio em meu interior que
somente Live poderia preencher.
Antes dela, eu andava sem rumo em minha Harley-Davidson como se
em busca de algo que fosse preencher o meu vazio. Eu não sabia na época,
mas talvez, eu estivesse correndo em minha moto tentando encontrá-la.
Geralmente isso funcionava, pelas horas que eu andava sem rumo na
moto, eu não me sentia preenchido, mas não sentia o vazio tão pouco. E
agora, sem Live, eu ansiava por correr em minha moto. Foi um longo tempo
desde que eu tinha feito.
Mas, no momento, o show e a aclamação do público deveriam bastar.
Muita coisa tinha mudado em um mês. Agora não podíamos sair nas
ruas sem sermos reconhecidos e perseguidos. Fotos nossas estavam nos
tabloides e programas de televisão o tempo todo. Éramos os novos
queridinhos da América.
Mas a fama tem suas consequências, e logo eles descobriram sobre Live
e nossos bebês.
Quando eu vi uma foto sua pela primeira vez nas revistas, eu quis pegar
o primeiro voo para a Califórnia protegê-la. Protegê-la das fofocas, dos
paparazzi. Protegê-la de qualquer coisa que eu pudesse.
Eu quis processar a revista. Quis socar a merda fora do maldito
fotógrafo. Mas eu não fiz nada disso. Live me convenceu a não fazer, mas em
troca eu contratei dois seguranças para ela.
Também tinha contratado alguém que a ajudasse em nossa casa.
Maria era uma mexicana viúva de cinquenta anos, que não tinha filhos.
Eu a tinha encontrado com a ajuda de Ryan, que a conhecia desde pequeno,
ele somente não me contou como.
Com a nossa casa sendo em um condomínio fechado de alto padrão de
segurança e com os guardas sempre ao seu redor, eu estava mais aliviado.
Mas isso não diminua o sentimento de frustração por não está lá para ela. Por
deixar sua vida nas mãos de outros homens.
Além de tudo isso, tinha a minha própria fama.
E eu não estava conseguindo lidar.
Live me ajudava, entretanto.
Eu não tinha brincado quando pedi que ela fosse minha psicóloga. Eu
ligava para ela contando sobre minha vida passada, sobre o que tinha
acontecido no dia e pedindo concelhos. Como quando fui pela primeira vez
em um programa de televisão.
Ela não somente me acalmou como me surpreendeu ao colocar Corine
para segurar um tablet com ela na tela em uma chamada de vídeo e então, por
todo o programa quando eu olhava para a plateia, eu a enxergava no vídeo e
ela acenava para mim.
Uma chamada de vídeo nunca iria substitui-la, mas no momento,
conhecendo nossa situação, tinha sido bom o bastante para me acalmar.
— Suba no palco e cante para mim, para nós quatro, amor. Nós amamos
você.
Ela sempre dizia isso nas ligações antes do show.
— Eu farei. Eu te amo, Live.
Meu coração sangrou quando eu desliguei a chamada. Ele sempre
quebrava quando eu me despedia dela.
Mas então, recolhendo meus cacos eu fiz o que pediu. E subindo no
palco eu cantei com todo o meu amor.

O mês se arrastava lentamente.
Logo seria o nascimento de meus filhos, poucas semanas para ser exato,
e eu estava ansioso quanto a isso.
Eu torcia para que os bebês não fizessem uma surpresa para nós e
viessem antes da hora prevista. Mas Live sempre dizia que, sendo meus
filhos, podíamos esperar tudo dos bebês.
O que ela queria dizer com isso, eu não sabia.
Os shows da semana seriam em Nova York, do outro lado do país, muito
longe de Live, mas eu tinha tirado o dia para fazer algo para mim, para ela,
algo que queria ter feito há muito tempo.
Desde que a conheci.
Quando Live me deixou há vários meses, eu estava muito fora da minha
mente para fazer qualquer coisa. Eu só conseguia pensar nela e não fazer
mais nada.
Mas agora, por indicação Amex, eu tinha conseguido o lugar perfeito e
um horário exclusivo para mim, cortesia da minha fama. E puxando um
capuz e óculos preto, eu saio do táxi, deixando-lhe uma enorme gorjeta para
que não me dedurasse aos paparazzi.
Não que eu achasse que ele faria. O senhor motorista do táxi nem tinha
me reconhecido logo de cara e só o fez quando uma propaganda do programa
de entrevista, ao qual iríamos participar em breve, passou na pequena
televisão embutida em seu carro.
— Boa tarde. — O homem atrás do balcão me cumprimenta, quando
entro no estúdio.
Eu fecho a porta antes de retirar meu capuz e cumprimento-o de volta.
Ele não faz alarde sobre mim, pede autógrafo ou fotos. Já está
acostumado a famosos, desde que conhece Amex e seus inúmeros amigos
famosos por indicação.
Somente me indica uma cadeira ao fundo e pergunta o que quero.
Em resposta eu tiro minha blusa, indico um dos poucos lugares limpos
de tinta do meu corpo, exatamente em cima do meu coração.
— Eu quero um nome. Aqui.
Ele olha-me com a sobrancelha arqueada. Muitos devem querer fazer o
nome de alguma namorada do momento ou coisa do tipo e se arrepende
pouco tempo depois.
Mas Live não é uma namorada de momento. Não.
Ela é minha mulher, minha família.
Ela é o amor da minha vida e a única a ser mãe dos meus filhos.
Ele me entrega um portfólio com alguns exemplos. E depois de escolher
o que quero e como quero, ele começa seu trabalho.
A tatuagem é pequena, pois a área sem tinta também o é. E após
algumas horas ele me diz que terminou.
Enquanto explica os cuidados que devo ter e me dá algumas instruções,
eu me observo em frente ao espelho. Não precisava prestar atenção no que
dizia, o número de tatuagens em meu corpo dizia que minha experiência com
tintas era maior que a sua.
Talvez não tudo isso, mas quase.
Eu seguro-me para não tocar no desenho em tinta preta. A tatuagem em
cima do meu coração consistia em linhas de batimentos cardíacos que em
seguida formavam o nome de Live.
Talvez não fosse a melhor tatuagem do mundo, mas para mim
significava tudo.
Sem ela em minha vida, o meu coração pararia, eu morreria. Seu nome
nas linhas dos meus batimentos cardíacos era somente o desenho do que
acontecia realmente.
A cada batida, a cada pulsar, meu coração chamava seu nome, pois ele
somente batia por causa dela e de seu amor.

Poucas semanas faltavam para o nascimento, se tudo o ocorresse como
deveria.
Porra como isso me matava. Não estar com ela em seus últimos
momentos de grávida me matava aos poucos.
Eu iria deixá-la grávida muitas vezes depois disso, mas não iria
abandoná-la como dessa vez. Nas próximas vezes, eu a acompanharia até
quando fosse ao banheiro.
Sorrio com o pensamento.
— Sorrindo sozinho agora, baby. — Jax interrompe meus pensamentos.
Eu faço uma careta em sua direção, que somente sorri.
De todos nós, ele era o que mais curtia a fama que veio com a banda.
Ryan estava curtindo isso também, assim como Ash, mas esse último
não fazia tanto quando Jax. Ninguém estava curtindo nossa nova vida tanto
quanto ele.
Blake e eu erámos os únicos que não estavam tão animados. Eu não
tinha motivos para isso. Minha mulher grávida estava uma porra longe e
Blake...
Eu mal conseguia olhar em sua direção depois que me apaixonei por
Live. Era como se ele fosse a imagem do mau presságio, de como a vida
chuta sua bunda, fode com você, sem se importar que haja pessoas nesse
mundo que sofrerão com você quando você cair ou que você morreria em
vida quando aquele que você ama cair.
Olhar para ele era lembrar que Live não era eterna.
Que, por mais bonito e especial que o que tínhamos fosse, um dia
acabaria. E não por nossa escolha e sim, por escolha do destino cruel.
Com um tempo, isso foi acabando, eu comecei a curtir novamente o
momento ao seu lado, mas dessa vez com um conhecimento que eu não tinha
antes, meu amigo morreu junto com Hope.
E esse que estava ao meu lado era somente a casca.
Eu observo Blake e ele me pega olhando-o.
Ele tem essa cara de sério e responsável, talvez porque seja o mais velho
de nós cinco, mas eu sei que isso era somente uma das inúmeras marcas que a
vida tinha deixado nele.
— Vai sair com Jax após o show? — Eu pergunto.
Jax sempre, sempre, fazia uma festa ou ia a alguma, após os shows. Bill
começou a preocupar-se com isso, mas desde que sua vida de farra e
mulheres nunca atrapalhou o seguimento da banda, ele não tinha uma palavra
sobre isso.
— Você sabe que não. — Diz somente.
Em outras épocas, antes de Live, eu o teria zoado e talvez até o forçado
a ir com Jax, mas agora, agora eu sabia.
Sabia o que era amar e ser amado. Sabia como era não querer trair seu
coração, mesmo que esse estivesse longe ou não fosse mais seu.
Ou mesmo que seu coração tenha morrido. Como é o caso de Blake.
Agora eu sabia de tudo isso. E não o culpava por não querer ir às festas
ou transar com alguma vadia. Mesmo que já se tenha passado quase dois anos
desde a morte de Hope.
— Irei para Berkeley daqui duas semanas. — Ele avisa.
— Por que você... — Eu começo a me perguntar, mas me calo.
Eu sei o porquê ele vai para Berkeley. Ele vem fazendo isso mês após
mês. Ele irá visitar Hope, em sua última morada na terra.
O cemitério.
Como em outros dias, eu acordo e o mar é a primeira coisa que eu vejo.
Eu poderia fechar as cortinas, mas não queria perder a visão das estrelas
à noite, e do mar acordando com o sol frio da manhã. Então, quando o sol
levantava, eu levantava junto com ele.
Eu dormia a maior parte do meu dia, então acordar cedo não era um
desafio. Pelo menos não deveria.
Nas últimas semanas, eu estava cansada, indisposta. Ficava sem ar, por
causa da pressão dos bebês e sentia muitas dores.
Minha médica tinha vindo aqui em casa examinar-me, mas, apesar de
tudo, disse que a gravidez estava normal e que agora, era somente esperar a
hora que eles decidissem sair.
Eu não tinha contado nada a Rush. Ele estava longe, nada poderia fazer
para me ajudar e eu não queria deixá-lo preocupado.
À noite, sem que os gêmeos soubessem, eu chorava de saudades do meu
menino grande. Sentia saudades de suas loucuras, de seus cuidados, mesmo
que ele estivesse fazendo o possível para que eu ficasse bem.
Eu poderia ligar para ele e pedir que viesse para mim. E eu sei que ele
largaria tudo e viria sem pensar duas vezes, sabia que ele também sofria por
estar longe de mim, de nós, mas a vida nem sempre seria um mar de rosas e
deveríamos aprender a nos portar em todas as situações.
Como em todas as manhãs, Max e Matt entram no quarto após uma
batida somente.
— Bom dia. — Dizem em uníssono.
Eu viro em minha posição de lado, fico com a barriga para cima e os
encaro.
— Bom dia. — Respondo de volta.
— Como você está se sentindo? — Max pergunta, pegando minha mão.
— Bem, na medida do possível. — Sorrio.
Matt coloca sua mão em minha barriga e um chute logo acerta sua mão.
Sempre que ele fazia carinhos em minha barriga, um dos bebês chutava.
O que não ocorria com Max. Em meu coração de mãe eu sabia que quem
chutava era a minha menininha.
Eu não sabia o porquê, mas sempre que Matt conversava ou acariciava
minha gigantesca barriga, minha menina chutava.
Talvez fosse um dos meninos ou todos eles juntos. Mas, no fundo, eu
sabia que era ela. Que ela e Matt tinham uma ligação especial.
Por quê? Isso ainda não sabia.

— Sua barriga está tão grande, menina. — Maria diz, admirada.
Ela estava a pouco mais de um mês comigo, mas eu já a adorava. Ela
tinha esse jeito de mãe que me deixava feliz e triste ao mesmo tempo.
Feliz por ter esse tipo de apoio em minha gravidez e triste por não ser
feito por minha própria mãe.
— Está. — Respondo, sorrindo.
Eu estava deitada no sofá que tinha encomendado online, um dos muitos
móveis que tinha comprado online para a casa. O quarto dos bebês foi o
único cômodo que mobiliei com coisas que eu mesma fui comprar na loja.
Todo o resto eu tinha pedido na internet.
Era somente mais fácil em minha condição.
Ás vezes, eu tinha a impressão que minha barriga iria cair ou que ela me
faria cair. E era impossível sair sem me sentir um E.T., todos me olhavam
impressionados com minha barriga e sempre queriam tocá-la.
Além disso, a fama de Rush começou a cair sobre mim. E todos estavam
muito curiosos sobre a namorada grávida do mais novo roqueiro gostoso e
tatuado dos Estados Unidos, então, quando não chamava atenção por meu
estado, o meu relacionamento com Rush o fazia.
— Eu fiz salada de frutas para você. — Maria diz caminhando para a
cozinha.
— Hum. — Eu gemo em frustração.
— Você sempre pode colocar calda de chocolate por cima... —
Comenta, sumido de minha visão.
Eu sorrio. Ela sabia que eu adorava colocar calda de chocolate em tudo
o que comia.
Ela volta poucos minutos depois com uma tigela na mão e uma colher
em outra. Entrega-me antes de correr até a cozinha para pegar a calda de
chocolate. Eu apoio a tigela em minha barriga e espremo a calda de chocolate
sobre as frutas.
Maria observa, satisfeita, quando coloco os primeiros pedaços de fruta
na boca e depois some na cozinha outra vez.
Eu ligo a televisão e coloco na NBC, onde mais tarde Rush aparecerá
com a banda em uma entrevista para o “The Ellen DeGeneres Show”.
Ainda lembro como eu o ajudei nesse dia. Convenci Corine a colocar-
me em uma chamada de vídeo durante todo o programa, para que eu pudesse
vê-lo na entrevista ao vivo e não a versão para televisão, para que ele tivesse
meu apoio e o acalmasse.
Na hora do intervalo, ele pegou o tablet de Corine e disse o quanto me
amava, amava-nos, eu e os bebês. E colocou Ellen de frente à câmera para me
conhecer.
Como eu o amava.
E me doía saber que ele estava longe e sofria por isso.
Suspirando eu pego a tigela de frutas com o resto que não quero mais, e
vou até a cozinha colocá-lo na pia. Eu me movia mais devagar, mas não
estava inválida, somente um pouco... restringida.
— Maria, aqui está... — Eu paro de fala quando uma pontada em meu
útero me faz parar e arregalar os olhos.
A dor intensa me faz deixar cair à tigela no chão, que se quebra em
inúmeros pedaços.
— Oh, Deus. — Digo em um suspiro me apoiando no balcão.
— Dios mío, menina. Matt, Max! — Ela grita por socorro. — Você
consegue caminhar? — Pergunta.
Eu aceno com a cabeça. A pressão em meu útero aliviando.
— Cuidado com o vidro. — Ela alerta, me guiando para fora da cozinha.
Max e Matt surgem de direções diferentes da casa, mas ambos ofegantes
como se tivessem corrido uma maratona.
Seus rostos de desespero me fazem sorrir, apesar de ainda sentir um
pouco de dor.
Eu me sento no sofá e Maria me faz colocar os pés para cima, sobre a
mesa de centro.
— O que houve? — Max pergunta. — Está na hora?
— Eu não sei. Mas ainda estou com trinta e duas semanas e...
— E a médica disse que deveríamos esperar a hora que eles quisessem
vir ao mundo, talvez eles queiram vir agora.
— Ligue para a médica. — Maria ordena.
— Eu vou ligar para Rush. — Matt avisa.
— Não! — Eu grito. — Não o deixem preocupado. Ele está dando uma
entrevista para a rádio de Nova York, não quero atrapalhá-lo.
— Mas Live...
— Pode ser um alarme falso, a médica nos avisou sobre isso, Matt. E
depois, se não for alarme falso, os bebês não nascerão agora, irão demorar
ainda, você não se lembra de nada do que a doutora disse?
Ela me alertou sobre os alarmes falsos, sobre como eu poderia senti-los
semanas ou dias antes do parto, disse como os bebês não nascem exatamente
após a bolsa estourar, principalmente em se tratando de uma mãe de primeira
viagem.
— Minha bolsa nem sequer estourou. — Eu tento acalmá-lo.
Ele suspira, mas coloca o telefone de volta em seu bolso.
Outra dor que começa no pé da minha barriga se alastrando por toda ela,
mas que dura somente uns poucos segundos.
Max que estava ao telefone com a médica, me entrega o aparelho e eu
explico toda a situação para ela, que pede que eu mantenha a calma, tome um
banho quente e peça que alguém me faça uma massagem.
Disse que se as contrações durassem todo o final de semana, já que hoje
era sexta, eu deveria ir até ela no hospital na segunda.
Eu sigo suas recomendações e o banho quente realmente me ajuda a
aliviar as dores, acabar com elas.
Quando sai do banheiro, já vestida, vejo Max, Matt e Maria me olhando
como se esperassem que eu caísse e morresse em sua frente.
Eu lhes dou um sorriso tranquilizante.
— Estou bem.
Caminho até a cama e me aconchego de lado nos lençóis com a ajuda de
todos.
Mal me deito de lado, antes que Max começasse a subir minha blusa e
massagear o pé da minha coluna, logo acima da minha calça de moletom.
Suspiro com a satisfação e alívio que a massagem traz.
— Se Rush visse essa cena, você seria um homem morto. — Matt diz
em gargalhadas.
Eu sorrio pensado que sim, Max seria um homem acabado. Rush, meu
grande menino possessivo.
Só de pensar nele meu coração aperta com a falta que ele me faz.
— Oh. Já está quase na hora. Nossos meninos estarão na TV em alguns
minutos. — Maria diz, animada, ligando a televisão do quarto.
Ela tinha essa relação com Ryan, mas não me contava o que era. Eu via
em seus olhos que ela o amava como um filho, mas eu ainda não sabia os
detalhes da história.
Ela liga a TV no momento que o Talk show de Ellen começa. Pelas
próximas horas nós assistimos a banda pela televisão.
Meu coração se enchendo de orgulho por eles. Por ele.

O final de semana se passou. Mas as contrações e dores não.
Eu tinha ligado para Rush, após assisti-lo no programa da Ellen e
contado todo o ocorrido do dia. Claro que ele brigou comigo docemente e
pediu para eu não me magoar ou estressar, além de dizer que estava voando
para casa em alguns minutos por causa disso.
Demorou, mas eu o convenci a ficar por lá, seguir a agenda de shows.
Eu o expliquei como isso é normal e pedi que fizesse uma pesquisa na
internet sobre isso ou até mesmo ligasse para a médica se isso o
tranquilizasse.
E ele fez. As duas coisas.
Quando a segunda feira chegou, eu decidi ir ao hospital, acompanhada
pelos gêmeos e Maria.
Ela estava sendo muito mais do que só uma empregada para mim, e eu
estava grata por isso.
Mas a consulta não saiu como o esperado e agora, eu estava internada.
A doutora disse que eu estava com seis centímetros de dilatação e
deveria ficar internada até eles nascerem.
No início, eu pensei que tudo isso era uma faixada para algo mais grave,
algo que ela me escondia, mas então, ela me explicou que isso era somente
uma precaução. Minha gravidez, apesar de saudável, era de risco por conta de
serem três bebês.
E como eu vinha tendo contrações e estava com dilatação, era
aconselhável que eu morasse no hospital até o nascimento.
Que poderia ser a qualquer instante ou daqui algumas semanas.
— Eu não irei contar para Rush. — Digo a todos quando já estou
instalada na cama do hospital.
Os gêmeos tinham saído com Maria para buscar minhas malas, já
prontas, e algumas coisas a mais.
— Live, você tem certeza? — Maria pergunta com cautela.
— Pode não ser a melhor decisão, Maria, mas no momento me parece
ser. Ele somente se desesperaria ao saber onde estou agora e que ficarei aqui
até o nascimento. Iria querer largar tudo para somente vir ficar comigo no
hospital, mas isso não é necessário.
Poderia parecer uma atitude egoísta ou idiota, mas somente estava
pensando nele, em meu Rush.
Eu não o queria desesperado, arrancando todos os seus cabelos atoa. Eu
estava internada no hospital, mas somente por observação. Não estava sobre
risco de alguma maneira.
— Você sabe que ele irá me matar por isso, por não contar a ele. — Max
diz e Matt concorda.
— Sim. — Sorrio. — Mas eu prometo que ele não fará isso. Eu irei
impedi-lo.
— Deixe-nos avisar então, aos outros da banda. — Maria pede.
— Não. — Nego com a cabeça. — Isso seria uma traição para com ele.
Se ele não saberá, ninguém mais irá.
Eles concordam. Sabem que, ao menos nesse ponto, eu tenho razão.

A semana se passou e, apesar das contrações, dores e dilatação, nada
tinha mudado.
Minha dilatação ainda era de seis centímetros e a cada dia que se
passava eu ficava mais ansiosa esperando o nascimento dos meus bebês.
— Bom dia, mamãe. — A doutora me cumprimenta quando entra no
quarto.
Eu me ajeito como posso e a cumprimento de volta.
— Bom dia.
Ela faz alguns exames de rotina, como verificar minha pressão e
dilatação.
— Vocês estão ótimos, nada mudou desde os últimos exames e agora é
realmente só esperar por eles decidirem a hora, não há motivos para adiantar
o parto, vamos esperar o curso natural das coisas.
— Será que irá demorar? — Pergunto.
— Olha Live, você está com trinta e quatro semanas, poucas semanas
para completar nove meses, é impossível saber quando eles virão. Pode ser
daqui uma semana ou hoje. Mas creio que não demorará muito, você já está
com dilatação, seu corpo tem se preparado para esse momento. Mas veja,
você já aguardou por eles por muitos meses, o que será alguns dias? — Diz
com um sorriso antes de sair do quarto.
Ela está certa. Eu os espero há muito tempo, não tinha motivos para ficar
impaciente, apesar de que ansiava ver seus rostinhos, e beijá-los.
Eu aconchego-me na cama, coloco minhas mãos na barriga, os bebês
chutam em reconhecimento e eu sorrio para mim mesma.
Quando olho para o lado eu vejo meu telefone e penso se talvez não
devesse ligar para Rush.
Eu vinha falando com ele todos os dias, várias vezes no dia. Ele não
desconfiava onde eu estava, e eu tinha entrado em acordo com os seguranças
que ele me atribuiu para que não contasse também.
Mas talvez eu devesse contar. Talvez eu devesse dar-lhe créditos.
Mas eu sabia que no momento em que ligasse ele viria até mim. E eu
não poderia fazer nada para mudar isso. Nada que eu falasse iria convencê-lo
a ficar com a banda e não vir até mim, mesmo que por um dia ou algumas
horas até seu próximo show.
Meus olhos fecham involuntariamente. O sono tomando conta de mim.
Eu iria ligar.
Resolvi que deveria contar-lhe tudo, mas depois. Depois que eu
dormisse um pouco.

Acordei sugando o ar.
A pontada de dor em meu ventre despertando o meu sono.
— Maria. — Eu sussurrei em meio à dor.
Essa dor era diferente das outras. Tão forte quanto, mas tinha algo
diferente. Eu só não sabia explicar.
Maria tinha um sono leve e eu agradeci aos deuses por isso. Ela pulou
assustada da cadeira e, quando me viu ofegante, meio sentada meio deitada
na cama, ela sabia, eu não estava bem.
Eu poderia ter pedido que ela chamasse a médica, os enfermeiros, mas
eu somente disse:
— Ligue para o Rush.
E com meu pedido ela soube.
Era a hora de conhecer meus filhos.
Eu não estava bem.
Algo me dizia que minha menina não estava bem.
Eu tentei falar com ela antes do show, mas Maria tinha atendido seu
telefone e disse que ela estava dormindo. Então eu iria ligar depois do show.
Eu tentava me convencer que o aperto em meu peito era somente porque
eu não tinha falado com ela por horas.
Corine avisa-nos que era a nossa hora e, no automático, eu sigo para o
palco.
Por quase duas horas eu cantei, gritei, dancei e vibrei. Seduzi o público e
brinquei com suas mentes, invadindo-as com minhas canções. Agora, grande
parte das minhas composições tocava nas rádios e o público sempre cantava
junto nos shows.
Eu amava fazer isso. Eu realmente amava. Mas trocaria isso por uma
vida com Live. Ela era a minha real prioridade e estava sendo difícil deixar
de lado minha preocupação e saudades com ela para me concentrar no que
estava fazendo no palco.
E foi dando graças à porra que eu encerrei o show.
Pegando uma toalha eu enxugo o suor do meu rosto e tórax, minha
camisa há muito tinha sido tirada no show.
Corine me encarava e, apesar de tudo, não era de seu costume fazê-lo,
então, encarando-a de volta, eu disse:
— O que você quer?
— Tem um táxi lá fora à sua espera, ele irá levá-lo ao aeroporto, onde
Amex deixou seu jato particular à disposição.
Eu a olhei intrigado e estava prestes a perguntar o porquê disso e para
onde eu iria, quando Amex veio do corredor em nossa direção.
— Parabéns cara. — Disse, batendo em meu ombro e passando para o
palco.
Suas palavras me fizeram congelar.
Ao meu redor os caras estavam tão confusos quanto eu. Até que Corine
disse.
— Living entrou em trabalho de parto há... —- Olhou em seu relógio. —
Uma hora e cinquenta minutos.
— Santa porra. — Jax diz ao meu lado.
Eu estou congelado em meu lugar.
Foda-se.
Eu sabia que ela não poderia estar bem. Merda. Mas, então, algo me
bate.
— Há quanto tempo você sabe disso? — Eu pergunto a Corine.
— Desde que fui chamá-lo para começar o show. — Ela diz
simplesmente, como se essa porra não fosse nada.
— Você está me dizendo que enquanto eu cantava, minha mulher está lá
sofrendo sozinha, por seu puro egoísmo? Porra! Você está me dizendo que eu
posso perder o nascimento dos meus filhos porque você quer ganhar merda
do dinheiro?
Eu caminho até ela, ou tento, já que Blake me segura pelos ombros.
— Acalme-se, Rush. Live precisa de você agora.
Ele está certo.
Eu irei me resolver com Corine depois.
— Se você pensa assim. — Ela dá de ombros. — Se eu fosse você não
demoraria mais tempo aqui. — Dizendo isso ela vira-se e sai.
Como se ela se importasse uma porra com o que acontece ao seu redor.
Eu estou tentado a segui-la e mostrar-lhe um pouco de razão e amor ao
próximo, mas eu tenho coisas muito mais importantes para fazer.
Eu corro todo o caminho para fora do prédio onde estão os bastidores do
show, sendo seguido por perto por Blake, Ryan, Jax e Ash.
— Aonde você vai? — Ash pergunta.
— Para o táxi. — Digo sem parar de correr.
— Você não vai ao menos se lava?
— Eu terei uma vida toda para banhos.
Respondo quando alcanço a porta da frente do táxi e a abro.
Observo como os quatro homens gigantes se espremem no banco de
trás, eles tentam de todas as formas, mas não conseguem entrar todos.
— Aonde vocês vão? — Pergunto confuso.
— Você realmente achou que perderíamos isso? — Ryan responde com
uma pergunta.
Eu não achava nada, eu mal conseguia lembrar meu próprio nome.
Então, como uma ajuda divina, outro táxi passa e Ash o chama.
Eu vou para o aeroporto com Blake e Jax, enquanto Ryan e Ash
seguem-nos de perto em outro táxi.
Eu não me importava que estivesse sem camisa.
Eu não me importava que minhas coisas estivessem ficando para trás.
Eu só queria chegar até Live.
Eu só queria conhecer nossos filhos finalmente.

Após três horas eu finalmente consegui chegar ao hospital.
Tinha me lavado no jatinho de Amex e estava grato a Bill que tinha
mandado nossas coisas pessoais para o avião, enquanto estávamos no palco.
Ele sabia que ninguém da banda iria perder isso.
Todos nós amávamos Live.
Corro no espaço entre a porta e recepção do hospital. As pessoas me
encaram, nos encaram provavelmente nos reconhecendo, mas eu estava
fodendo-me para elas.
— Living Peace. Ela deve ter entrado no hospital há algumas horas, está
em trabalho de parto. — Digo sem ao menos cumprimentar a recepcionista.
Eu tinha pressa e não queria perder meu tempo com mais nada.
— Living Peace? Tem alguém aqui em trabalho de parto com esse
nome, mas ela não entrou aqui há algumas horas. Ela está internada tem
algumas semanas, senhor.
Eu processo a informação, paralisado.
Ela estava internada? Por que merda do caralho eu não sabia sobre isso?
Será que ela estava bem?
A situação seria tão grave a ponto de não quererem me contar?
— Onde ela está? — Blake pergunta, quando vê que não consigo falar.
Após ele dizer a recepcionista que sou o pai dos bebês, ela nos informa
onde Live está e eu corro em direção aos elevadores.
— Você está bem? — Ash pergunta dentro da caixa de metal. — Está
pálido.
— E se ela não estiver bem? — Sussurro.
Blake aperta meu ombro.
— Você tem que ser forte agora. Ela está bem. Notícias ruins correm
como o vento, você saberia se algo estivesse realmente ruim com ela ou os
bebês.
Eu aceno em concordância, mas o desespero por não saber se ela está
bem, corre por minhas veias sem freio.
Quando as portas do elevador se abrem, os primeiros que vejo são os
gêmeos.
Eu corro até eles sem sabe qual acertar primeiro. Malditos. Até para
levarem um soco são inúteis. Optando pelo mais próximo, eu o agarro pelo
colarinho da camisa.
— Porque você não me contou? Diga-me!
Os caras tentam me tirar dele, mas eu não o soltarei até obter respostas.
Seu irmão idêntico segura em meu braço quando diz.
— Ela não quis contar, não foi nossa culpa. Mas está tudo bem, Rush.
Acalme-se.
Largando o gêmeo que estava segurando eu soco o outro.
— Como está tudo bem? Ela está internada por semanas!
Eu mal termino de falar, antes de sentir um peso sobre meu rosto. O
gosto metálico de sangue explode em minha boca a partir do lábio partido.
Eu caio contra o chão por conta da surpresa, mas Jax me ajuda a
levantar.
— Tire o pé de dentro da sua bunda. — O gêmeo que segurei primeiro
grita em minha direção. — Não tivemos culpa sobre isso. Não queríamos
estressá-la. Ela não quis contar para você sobre a internação e respeitamos
sua vontade. Agora vire um homem e vá apoiá-la. — Indica a sala ao fundo.
Engolindo meu orgulho, eu somente o encaro antes de seguir até a sala
que me indicou.
Ele tem razão, apesar de tudo, estou sendo um babaca. Mas eu não estou
em meu juízo perfeito. Não quando minha mulher estava sob-risco.
Uma enfermeira vestida de verde me olha sorrindo, mas faz uma careta
ao ver meu machucado recém-feito.
— Você deve ser o pai. Aqui, vista isso. E rápido. Você chegou muito
em cima da hora.
Eu não falo nada. Não a questiono. Somente visto a roupa o mais rápido
que posso. Coloco a touca, luvas, máscara e a sigo até uma sala.
Vários aparelhos e pessoas estão nela, mas meus olhos vão para a figura
deitada na cama.
Live parece tão indefesa ali. Sua barriga tinha crescido
consideravelmente desde a última vez que a vi. Estava enorme.
Lágrimas desciam de seus olhos e eu não poderia dizer se eram de dor,
felicidade ou tristeza.
Aproximo-me lentamente, muito em choque pelo que está prestes a
acontecer aqui. Ela não me percebe, somente quando coloco a mão em seu
rosto, em uma carícia leve.
— Rush. — Ela sussurra. Seu rosto se iluminando. — Você está aqui.
Eu achei... eu achei...
— Você achou que eu não chegaria a tempo. Mas eu disse a você, eu
nunca perderia isso. Eu lhe prometi anjo, nunca irei quebrar uma promessa
que fizer a você.
Empurrando a máscara para baixo eu dou-lhe um beijo demorado.
Selando o juramento.
O ar na sala de cirurgia era mágico. A luz branca ao redor de Live era
visível. Pelo menos para mim.
E quando a médica começou a fazer o parto, eu não tirei meus olhos dos
seus. Encaramo-nos durante toda a cirurgia, nossa atenção desviada somente
quando escutamos o choro do primeiro bebê.
Um menino.
A enfermeira o trouxe para nós e o colocou aninhado no peito de Live,
para que ela pudesse vê-lo.
Live olhou para mim chorando, assim como eu. Lágrimas quentes
desciam por meus olhos, por minha bochecha, quando eu encarei o ser
pequenino.
— Oh, meu amor. Bem-vindo ao mundo. — Ela disse entre soluços ao
nosso filho primogênito.
Eu beijei sua testa enquanto dizia.
— Amo você, Live. Obrigada por isso.
Em seguida, olhei para meu filhinho tão frágil e disse a mesma coisa.
— Amo você, filho. Obrigada por existir.
Mas então, a enfermeira o tirou de nós e eu quis matá-la por isso. Mas
sabia que era para o próprio bem do bebê.
Instantes depois, outro choro. Outro menino.
Mais lágrimas escaparam de mim. Mas eu não me importava com isso.
Eu estava vivendo um momento mágico.
O último a nascer foi minha menininha, ela era menor que os irmãos.
E isso só fez crescer o sentimento de amor e proteção que eu sentia por
ela.
Deus! Como eu os amava. Eu já fazia quando eles estavam na barriga de
Live, mas agora, vendo-os, eu me sentia diferente, como se algo tivesse
mudado em mim.
Era fascinante.
Eu amava a sensação.


Os bebês tinham ido para a UTI.
Apesar do meu medo por isso, foi me dito que era normal. Eles eram
pequenos por serem trigêmeos. Mais indefesos que outros bebês normais.
Live já tinha sido transferida para o quarto, mas eu estava aqui, olhando
meus filhos através do vidro da UTI.
Os três estavam lá. E tudo o que eu queria era entrar no berçário e tirá-
los de dentro daquelas caixas, abraçá-los e protegê-los do mundo. Mas eu
sabia que não podia. Que o melhor, no momento, era que eles ficassem por
lá.
Eu estava dividido.
Eu queria ficar aqui. Velando seu sono. Mas eu queria estar com Live.
Verificando-a. Perguntar se estava bem.
Eu odiava ter que escolher com qual ficar. Eu nunca faria isso outra vez,
escolher com qual ficar. Eu os manteria juntos.
Para sempre.
Estou com a cabeça encostada no vidro observando-os.
Eu não conseguia tirar meus olhos daquelas pequenas criaturinhas. Eu
queria pegá-los e correr para longe, fugir com eles e sua mãe, para que nada
pudesse nos atacar, nos fazer mal.
— Eles são lindos. — A voz de Blake surge de repente.
— São. — Respondo somente.
Mais pessoas se juntam a mim e logo toda a banda e os gêmeos estão
espremidos no vidro retangular, observando os meus pequeninos.
Foi me dito que Maria estava com Live no quarto e que o pai de Live,
Bernard, estava em seu caminho para cá.
Ele viria na próxima semana acompanhar o fim da gravidez de sua filha,
mas os bebês tinham outros planos.
Uma enfermeira se aproxima das caixas transparentes onde estão meus
bebês e eu entro em alerta, pronto para invadir o quarto se ela fizer algo com
eles.
Ela levanta o rosto para o vidro e sorri. Logo sai em direção a porta e,
aparecendo do lado de fora do quarto, ela nos cumprimenta.
— Quem é o Pai? — Pergunta.
— Eu. — Digo rapidamente.
— Venha comigo, papai.
Ela não precisa dizer duas vezes. Eu a sigo para dentro da UTI neonatal,
mas congelo de repente.
Oh, meu Deus, e se eles não gostarem de mim?
Eu não os quis no início e se eles não me quiserem agora?
— Papai? — A enfermeira chama. — Não tenha medo, eles não são tão
frágeis quanto parece.
Lentamente eu me ponho em marcha até eles.
— O que são todos esses fios? — Questiono.
— Só estamos monitorando-os. Eles, apesar de serem pequenos e
prematuros, estão perfeitamente bem. Muito saudáveis. Ali. — Indica uma
embalagem de álcool em gel. — Higienize suas mãos. E sente-se naquela
cadeira.
Eu faço como ela pede, mesmo sem entender o motivo.
Eu sento na cadeira e a observo pegar um bebê enrolado em manta azul
em seu colo. Eu quero gritar com ela, pedir que tenha cuidado, mas quando
ela caminha com ele até mim, eu perco todo meu sentido de fala.
— Aqui. Segure-o.
Meus olhos se arregalam com o pânico.
— O quê? Não! Eu não posso. Eu não consigo... eu irei deixá-lo cair...
eu não vou...
— Você consegue. Seus instintos paternais estão ai. Nada irá acontecer.
Prometo.
Eu não acreditava nela. Absolutamente.
Mas ver meu filho em seus braços me fez querê-lo aninhá-lo nos meus.
Eu não o queria nos braços daquela estranha.
Vendo como eu já estava me preparando, ela o coloca em meus braços.
Meu corpo treme quando ela o faz. O desejo de chorar como um pequeno
bebê toma conta de mim.
Eu não o merecia. Eu não merecia qualquer um deles.
Eles eram tão puros e inocentes. Enquanto eu...
A enfermeira se afasta e eu aproveito o momento para conversar com
meu bebê.
— Oi, pequeno. Eu sou seu pai.
Beijo sua pequena testa.
Ele era tão pequeno. Pouca coisa maior que minha mão. Eu estava com
tanto medo de quebrá-lo, de machucá-lo.
Mas eu o amava demais para fazer isso intencionalmente.
A enfermeira volta com outro bebê nos braços.
— Não! — Sussurro para ela. — Eu não posso segurar dois.
— Por que você está sussurrando? — Me pergunta confusa.
— Não quero assustá-los. — Sussurro de volta.
Ela sorri e estica o outro bebê para mim.
Eu balanço a cabeça em pânico, eu não posso segurar os dois. Isso é
muito arriscado.
Mas, ao mesmo tempo em que eu penso isso, eu quero segurá-lo. Quero
aninhá-lo, assim como fiz com seu irmão. Sussurrar em seu ouvido que estou
aqui e o protegerei para sempre.
Ela me dá instruções e coloca o outro bebê em meu outro braço.
Assim como fiz com seu irmão, eu beijo sua testa e o cumprimento,
dizendo o quanto eu o amo e quem eu sou.
Quando a enfermeira volta com a minha menininha, eu penso que ela irá
pegar um dos outros bebês, para que eu possa segura minha pequena, mas
não. Ela não faz isso, em seu lugar, ela coloca meu bebê entre meu peito e
seu irmão. O primeiro que ela me trouxe.
Eu poderia ter reclamado, mas de nada adiantaria.
E para ser sincero, estar segurando os três era a coisa mais maravilhosa
do mundo. Eles estavam aqui, em meus braços. Eu poderia protegê-los.
— Eu sairei por um segundo, para lhe dar privacidade. Estarei logo ali.
Qualquer coisa grite.
Eu estava tentado a implorar para que ela ficasse, mas eu queria estar a
sós com meus filhos.
— Me perdoem por não querê-los antes. Eu errei. Mas juro que os
compensarei por isso pelo resto de suas vidas. Eu os amo tanto.
Olho para o vidro e vejo todos me encarando.
Eu lhes dou um sorriso emocionado e percebo a emoção deles.
Pouco a pouco cada um vai sumido da minha vista, até que somente
Blake fica olhando-me através do vidro.
Uma lágrima escorre por seu rosto antes que ele se afaste.
Eu sei que ele chora por imaginar que poderia ser ele em meu lugar. Não
sendo os pais dos filhos de Live, mas sendo o pai dos filhos de Hope.
Espantando a dor em meu peito, solidária com a sua, eu olho para meus
bebês. E então, uma música me vem à cabeça.
Eu sempre cantava para eles, quando ainda estavam dentro de Live.
Talvez se ouvissem minha voz cantando, se sentiriam menos perdidos
nesse mundo novo para eles. E então, encarando-os, eu começo a cantar a
música, With Arms Wide Open de Creed.
— Well I just heard the news today. It seems my life is going to change.
I close my eyes, begin to pray. Then tears of joy stream down my face. —
Acabei de ouvir as notícias de hoje. Parece que a minha vida vai mudar.
Fechei os meus olhos, comecei a rezar. Lágrimas de felicidade caíram logo
pelo meu rosto.
— With arms wide open. Under the sunlight. Welcome to this place. I'll
show you everything. — Com os braços bem abertos. Sob a luz do Sol. Bem-
vindo a este lugar. Vou te mostrar tudo.
— Well I don't know if I'm ready. To be the man I have to be. I'll take a
breath, I'll take her by my side. We stand in awe, we've created life. — Não
sei se estarei preparado. Pra ser o homem que tenho de ser. Vou tomar fôlego,
vou trazê-la pra junto de mim. Paralisamos, deslumbrados, criamos vida.
— If I had just one wish. Only one demand. I hope he's not like me. I
hope he understands. That he can take this life. And hold it by the hand. And
he can greet the world. With arms wide open. — Se eu tivesse apenas um
desejo. Somente um pedido. Eu torceria pra que ele não fosse como eu.
Espero que ele compreenda. Que pode ter esta vida. E segurá-la pela mão. E
apresenta-la ao Mundo. Com os braços bem abertos.
Quando eu termino de cantar eu os observo atentamente, e penso que
pequenos sorrisos se formam em seus rostinhos.
E eu sei que eles me compreenderam.
Sabem que eu sou seu pai e que farei de tudo para protegê-los. Eu irei
mostrar o mundo para eles, ensinar-lhes tudo o que sei. E sempre agradecerei
aos céus por tê-los comigo.
Sempre agradecerei a Live por ter me ensinado o que é o amor. Das duas
formas mais bonitas que podem existir.
Através do encontro de almas entre um homem e uma mulher, quando
encontramos o amor verdadeiro.
E através da criação da vida. Quando temos nossos próprios filhos e
conhecemos o que é o amor mais que incondicional.
— Eu os amarei e os protegerei eternamente.
Digo, beijando a testa de cada um.
Eu finalmente tinha algo que era meu.
Eu finalmente poderia dizer para alguém, “Olhe, aqueles são meus
filhos”. “Aquela é a minha família.”
Era incrível como algo que eu mais temia, fosse, no fim, a coisa que eu
mais precisava. Eles eram a minha cura, assim como Live.
Assim como a sua mãe, eles eram o meu equilíbrio.
A minha redenção.
E eu nunca iria decepcioná-los.
Observo como Rush olha nossos filhos com adoração.
Eu nunca tinha visto ninguém olhar para alguém dessa forma. Ele
olhava com adoração para mim também, mas a forma como fazia para os
bebês era tolamente diferente.
Acho que pela primeira vez na vida, ele tinha algo que era dele, que
ninguém poderia tirar e ele estava encantado com isso. Com a nova
descoberta.
Eu era dele também, ninguém conseguiria tirar-me dele, mas suas
inseguranças sempre rondariam sua mente, mesmo que fosse ínfimo.
Já haviam se passado dois dias desde o nascimento. E os bebês estavam
incrivelmente bem, assim como eu que, apesar da cirurgia, me sentia ótima.
— Temos que nomeá-los. — Eu digo.
Rush não me olha quando responde. Somente encara nossos filhos
aninhados em meu peito.
Eles eram tão minúsculos.
— Sim. Temos.
Eu sorrio.
Ele estava em torpor. Seus olhos brilhavam como uma lua cheia.
Mesmo se passando alguns dias desde o nascimento, não havíamos
escolhido os nomes. Maria achava isso muito estranho, mas nós somente
estávamos muito ocupados para isso.
Escolher um nome era algo importante e eu não queria fazer de qualquer
forma.
Então, tinha aproveitado que todos tinham saído para descansar.
Estávamos somente Rush e eu no quarto, para escolhermos isso.
— Rush. — Eu chamo sua atenção.
Ele olha-me sorrindo, mas não tira suas mãos dos bebês.
Eu sorrio para ele também, percebendo que seria um pecado ficar
irritado com ele por estar então disperso.
— Você está feliz. — Eu constato.
Era a primeira vez que eu o via completamente feliz.
Não que ele fosse infeliz antes, mas sempre tinha alguma coisa que não
o deixava em sua totalidade. Mas agora... agora ele estava radiante. E não se
parecia nem um pouco com o Rush de meses atrás.
Seus olhos se enchem de lágrimas, mas ele não perde o sorriso. É como
se as lágrimas nem existissem.
— Eu amo você tanto. Live... você nunca compreenderá o tamanho do
meu amor, porque é incompreensível para qualquer outro ser humano.
Ele se inclina para me beijar e eu falo em seus lábios.
— Talvez eu compreenda. Pois isso se parece com o meu amor por
você.
— Isso. A família que você me deu... eu nunca pensei em nada nem
perto disso. Porra eu... — Ele se freia, arregalando os olhos. — Eu xinguei
perto deles, meu Deus, que exemplo de pai eu sou? Eu não serei um bom pai.
Eu...
— Shhh. Está tudo bem, querido. Eles são muito novos para
compreender de qualquer maneira. Mas, num futuro, quando eles forem
grandes o suficiente para entender, você poderá se policiar.
— Eu farei isso. Merda eu... porra, eu fiz de novo. Eu sou um péssimo
pai.
A felicidade eu seu olhar cai por um momento.
— Não. Você é o melhor pai que uma criança poderia desejar, Rush.
Eles o amarão incondicionalmente e você será o herói deles. Eu não posso
imaginar que exista um pai melhor que o que você será.
Ele sorri.
— Se o seu pai escutar isso...
— Ele compreenderá. Ele não foi um pai ruim para mim, ao contrário,
foi muito bom, mas você... você é diferente Rush, e ele sabe disso, sabe que
você se dedicará a esses bebês, como se essa fosse sua missão de vida.
Ele olha para nossos filhos.
— Sim. Eu farei tudo por eles.
— Começando por escolher seus nomes. — Sorrio.
— Tudo bem. — Ele diz.
Eu olho para meu menino primogênito. Apesar de ser idêntico ao seu
irmão, meu coração de mãe sabia identificá-lo.
— Você pode dar o nome ao nosso primeiro bebê.
— Eu?! — Se desespera. — Eu não posso. É o seu nome, ele irá
carregar isso para sempre. E se ele me odiar por lhe dar um nome feio? Não.
— Balança a cabeça. — Faça isso você.
— E correr o risco dele me odiar? — Eu brinco.
— Mas você é a mãe. Ninguém pode odiar a mãe.
Eu olho para ele em solidariedade, sabendo que em sua vida, ele só teve
sua mãe. E então, eu decido.
— Pegue nossa menina, Rush.
Ele faz como peço.
Com todo o cuidado do mundo, ele a aninha em seu peito, beijando sua
testa.
Ele sussurra algo em seu ouvido e eu tenho certeza de que ele diz que a
ama. Ele faz isso constantemente para eles.
Lágrimas saem de meus olhos quando eu digo:
— Você está segurando Mary Ann.
Sua cabeça chicoteia para mim, quando ele percebe o que eu disse.
Uma lágrima solitária escorre por sua bochecha quando ele me encara.
Ele volta a olhar nossa filha, agora chamada Mary Ann. Mais lágrimas
silenciosas escapam dele. Ele chora em silêncio, assim como eu.
Ele chora por sua mãe que não está aqui para ver que eles finalmente se
livraram do monstro.
Chora, porque agora nossa filha tem o mesmo nome que sua mãe.
— Olá, Mary Ann. — Sussurra. — Mary Ann Peace O’Riley.
Ela esperneia como se entendesse que ele a chama e logo, em meio às
lágrimas, Rush sorri.
Eu peço que ele coloque Mary em seu berço, antes de voltar e pegar
nosso primogênito.
— Agora você escolhe o nome. — Digo. — E não pense em colocar o
nome do meu pai em homenagem, ele não acha que isso seja coisa boa. Não
quando a pessoa ainda é viva.
Ele sorri antes de contemplar nosso filho. E sem hesitar diz:
— Você se chamará Seth. Seth Peace O’Riley.
Ele me olha em expectativa, como se me perguntasse se fez bem a
escolha.
Eu sorrio.
— Eu acho que ele combina com esse nome.
Orgulhoso, Rush põe Seth em seu berço ao lado de Mary, antes de pegar
o nosso outro menino.
— Quem irá nomeá-lo? — Rush pergunta.
Acho que no fim, ele gostou de dar nomes aos seus filhos. Então, eu
decido deixá-lo fazer isso outra vez.
— Você. Você irá nomeá-lo.
— Tem certeza? — Pergunta hesitante.
Eu aceno. Eu cofio nele cegamente. E ele me provou com Seth, que não
faz escolhas ruins quando o assunto são nomes de bebês.
— Tate. — Ele olha para mim sorrindo. — Ele se chamará Tate Peace
O’Riley.
— Eu gosto do som disso.
Ele coloca Tate em seu berço antes de sentar na ponta da minha cama de
hospital.
— Eu amo isso. Escolher nomes.
Eu o olho, intrigada.
— Você faz?
Ele sorri para mim maliciosamente.
— Sim, eu faço. — E colocando uma mão delicadamente em cima do
meu estômago, ele diz. — Pretendo fazer isso muitas vezes pelos próximos
anos.
O pensamento poderia ter me assustado. Eu tinha acabado de ter
trigêmeos, afinal, e não haviam se passado nem dois dias desde o nascimento.
Mas eu não estava nem perto disso.
Eu descobri minha vocação, minha missão na terra. E essa era ser mãe.
Ser mãe dos filhos de Rush.
Talvez, essa não fosse a profissão dos sonhos de muitas mulheres. Mas
eu não era as outras, eu era Living Peace e estava muito mais do que feliz em
ser somente mãe dos filhos de Rush.
Olhando Seth, Mary e Tate eu sabia que poderia fazer isso e nunca iria
me arrepender por somente dedicar-me à minha família.
E então, eu respondi.
— Eu também, Rush. Eu também.
Três meses depois.
Meus bebês estavam com três meses de vida, mas davam tanto trabalho,
que parecia uma vida inteira desde que eles nasceram.
Eu não conseguia lembrar a última vez que havia dormido direito.
Mesmo não podendo me esforçar muito no primeiro mês, por conta da
cirurgia, era impossível ficar parada com três bebês recém-nascidos ao redor.
Maria me ajudava muito, os trigêmeos também o faziam, mas tinha dias
que era somente impossível dar conta dos três.
Eu estava exausta.
Cansada realmente.
Havia dias que meu estresse chegava ao nível de eu não querer atender
as ligações de Rush. Eu não me ressentia pelos bebês, eu os amava e sempre
amaria, mas eu era um ser humano no fim. E quando tudo estava um caos, a
última coisa que eu tinha era cabeça no lugar para lidar com Rush e suas
preocupações.
Ele fazia o que podia estando longe, mas, um minuto que eu passasse
com ele no telefone, poderia ser o meu único tempo para descansar, então eu
somente o deixava para lá.
Ele, por outro lado, ligava para Maria quando isso acontecia. Ele se
culpava por não estar aqui para nós, para mim, para me ajudar; às vezes, eu
também o culpava.
Mas logo minha raiva por ele passava. E eu era grata por ele ter dado a
mim, o maior presente que uma pessoa pode ganhar.
Entretanto, os dias de tumulto estavam prestes a acabar. Bem, eles nunca
acabariam realmente, mas com Rush em casa, eu teria mais tempo para...
qualquer coisa. Como dormir.
Sua turnê acabaria hoje e ele estaria voltando para casa nos próximos
dias.
Deixo Seth, Tate e Mary deitados em minha cama, não antes de fazer
uma barreira com travesseiros somente no caso e sigo para o banheiro.
Sento-me no vaso sanitário e dou graças a Deus por esse momento de
paz. Que acaba assim que o pensamento me bate.
Logo o choro de um dos bebês chega a meus ouvidos.
Como era uma noite de sábado, Maria estava fora. Tinha seus finais de
semana livres. Max e Matt estavam no mercado, comprando nosso jantar e
coisas para os bebês, ou seja, eu estava por minha conta.
Colocando meus shorts rapidamente, eu apresso-me para o quarto,
pegando Seth em meu colo.
Eu o balanço para que seu choro pare, sem saber o que realmente o
causou. Ele estava trocado e saciado. Tinha acabado de dormir e eu realmente
não poderia imaginar o porquê de seu choro.
— Shhh. Está tudo bem, querido. Mamãe está aqui. Shhh.
Na cama, Mary me olha curiosa com a mão na boca, enquanto Tate me
encara fazendo o que identifico como um bico. Ele está prestes a chorar.
— Não, não, não. — Eu imploro.
Seus lábios tremem e eu observo quando seu choro se junta ao de seu
irmão.
E com dois bebês chorando, eu tenho vontade de fazê-lo também.
E eu o faço.
Lágrimas de desespero me atingem quando eu tento fazer Seth e Tate
parem de chorar.
E é assim que Rush nos encontra.
Ele irrompe pela porta do quarto, soltando sua mochila no chão.
A surpresa de tê-lo em casa antes do previsto, nem é sentida. Eu estava
muito ocupada tentando fazer os bebês pararem.
— Oh, meu Deus, Live. — Ele diz, caminhado até mim.
Ele me abraça, a mim e ao bebê em meu colo.
— O que houve? Eles têm alguma coisa? Por que você está chorando?
Eu não respondo, mas eu não preciso. Ele logo entende que minhas
lágrimas são de desespero.
Caminhando até a cama ele pega Tate em seu colo, que para de chorar
quase que instantaneamente.
Ele sussurra coisas no ouvido do bebê, que parece ouvi-lo atentamente.
Ele estica seu braço livre para mim, me pedindo Seth. Eu aconchego
com cuidado o bebê chorão em seu peito. Que para de chorar como mágica,
por somente estar perto de Rush e ouvido sua voz.
Eu sento na cama e trago a minha bebê quietinha para meu colo.
Mary era diferente dos irmãos. Ela preferia observar tudo ao seu redor
com olhos curiosos e quase nunca chorava.
— Bela recepção. — Rush sussurra.
Eu olho para longe de Mary, em sua direção e, de repente, as lágrimas
de desespero se transformam em um sorriso.
— Eu fico sem vê-los por três meses e, quando eu volto, encontro a casa
em caos. Parece que tem alguém que não consegue viver sem mim. — Diz
presunçoso.
— Qualquer ajuda é bem-vinda. Se fosse Corine aqui, eu beijaria seus
pés por me ajudar. — Digo arqueando a sobrancelha.
Ele me olha por um momento antes de caminhar até os berços portáteis
perto da cama. Ela coloca um, depois outro bebê e somente agora eu percebo
que eles estão dormindo.
Voltando para mim, ele pega Mary em seus braços.
— Olá, Mary. Você está tão grande, querida. Eu senti sua falta.
Ele diz para ela, cheirando sua cabecinha.
Ela sorri para ele, balbuciando.
Ele sorri de volta, como se entendesse tudo o que ela tentou dizer.
Depositando um último beijo em sua testa, ele caminha com ela até seus
irmãos e a coloca em seu próprio berço.
Suspirando ele vira-se para me encarar.
— Você está um desastre. — Diz quando caminha para mim.
Ele não precisava me dizer.
Eu sabia como olhava. E eu não estava bem para olhar.
Se ajoelhando em meus pés ele pega minhas mãos.
— Me desculpe. — Pede com olhos pesarosos.
— Não, Rush. Eu que peço que me perdoe. Eu tenho surtado nos
últimos meses, mas eu não me arrependo de tê-los. É somente muito trabalho
e eu ando fora da minha mente.
— Não. Desculpe-me por não apoiá-la. Por não estar aqui para ajudá-la
com os bebês. Doía como o inferno quando você se negava a falar comigo.
Mas eu compreendia. Culpava-me por cada vez que isso acontecia. Eu
prometo estar lá para você a partir de hoje.
— Não, eu... — Ele coloca os dedos em meus lábios me impedindo de
continuar.
Deixo meus ombros caírem em derrota. E ele tira lentamente seus dedos
de minha boca.
Encarando-o eu finalmente sorrio.
— Eu senti sua falta. Foram três meses de merda, querida. — Ele diz. —
Eu queria ver meus filhos, sentir seus cheiros e seus corpinhos contra meu
peito. Queria a minha família ao meu lado e a cada dia que isso não
acontecia, eu morria aos poucos. Então, quando o show acabou, eu somente
peguei o primeiro voo para cá. Foi um voo comercial, eu tive que me
disfarçar para não ser reconhecido, mas agora eu estou aqui e não vou
abandoná-la outra vez.
Eu estava um caos. Não somente fisicamente, mas também
mentalmente. Eu estava perdendo o juízo sem Rush comigo, mas agora,
olhando para seus olhos, eu sabia que tudo daria certo no fim.
Ele me passava essa confiança.
Então, eu me joguei em seus braços, fazendo-o gargalhar quando caiu
deitado comigo.
Eu o abracei como deveria ter feito assim que ele entrou pela porta.
Foram três longos meses, mas ele estava aqui agora e era isso que
importava.
— Onde estão os outros? — Pergunto pela banda.
— Ficaram para resolver tudo que precisava. Eu dei meu aval para que
Blake tomasse decisões por mim. Mas eles estarão de volta na outra semana.
Os meninos haviam comprado uma casa nesse mesmo condomínio;
todos iriam dividi-la e, aparentemente, estavam muito animados em morarem
juntos. Menos Blake, que tinha me avisado que passaria mais tempo aqui do
que em sua própria casa, não querendo participar das inúmeras festas que Jax
era adepto agora.
— Eu senti muito a sua falta. Desculpe por perder minha mente eu só...
Minha voz quebra quando os três meses sem Rush caem sobre mim.
Todo o trabalho duro com os bebês, todas as horas sem dormir, toda a
falta que sentia de meu menino grande.
— Já pedi que não se desculpasse. — Ele diz, alisando minhas costas.
— Mas... você se arrepende de tê-los? — Pergunta em um sussurro.
Eu o encaro.
— Nunca. Eles valem cada lágrima, cada hora sem dormir. Eu os amo
infinitamente. Assim como eu o amo infinitamente.
Ele solta um suspiro aliviado.
— Deus, eu senti sua falta.
Rola nossos corpos, invertendo nossas posições, antes de beijar minha
boca com desespero, paixão e amor.
Sua mão se infiltra dentro de minha blusa, subindo por minha barriga
até... até que os bebês começam a chorar.
Em uma verdadeira bagunça, todos os três choram.
— Mas Tate e Seth estavam dormindo. — Ele diz chocado com o quão
rápido seus sonos duraram.
Eu sorrio.
— Bem-vindo ao meu mundo, baby.

Após Rush acalmar os bebês, eu desci para verificar tudo o que Max e
Matt tinham trazido do supermercado. Depois de organizar tudo, assegurei
aos gêmeos que estava bem, que eles poderiam ter sua noite livre para se
divertirem, pois, Rush e eu, daríamos conta do recado.
Pelo menos eu torcia para que sim.
Quando retornei para o quarto, Rush estava cantando para os bebês, que
o olhavam admirados e encantados.
Sem desviar os olhos.
Eu não os culpava, eu também estava encantada com Rush e sua voz
rouca de ferro.
Quando um suspiro me escapa ele olha para cima, percebendo-me.
Eu já tinha alimentado os bebês e dado banho desde que Rush chegou.
Tudo com a ajuda de Max e Matt. Afinal, Rush ainda não tinha experiência
quando o assunto era o banho de seus filhos.
Eu olhei para cama com desejo. Eu somente queria cair nela e dormir
por vinte horas. Mas eu ainda tinha que colocar os três pestinhas para terem
seu próprio sono. O que muito provavelmente duraria pouco mais de três
horas, se eu estivesse com sorte.
— Ajude-me aqui. — Rush pede.
Eu ando até ele que está somente em sua calça de moletom, com os
cabelos molhados do banho.
Eu o olho de cima a baixo, apreciando. E por mais que eu adoraria matar
toda a saudade dos três meses, eu estava exausta.
E não é como se os bebês fossem deixar também.
Ele se inclina para pegar Mary em seu colo, mas eu o paro no caminho
quando vejo.
Meu nome em seu peito.
Em abaixo disso o nome de Seth, Mary e Tate.
— Mas o quê? Quando?
Ele olha para seu próprio peito em confusão, mas logo compreende o
porquê de meu espanto.
Ele me puxa para seus braços, em um abraço apertado.
— O seu nome eu fiz logo depois que a deixei aqui. E a dos bebês, após
o seu nascimento, quando tive que retornar para a turnê.
— Você é louco. — Digo trançando nossos nomes.
— Por vocês, sim.
Eu sorrio. Eu o amava tanto quanto as suas loucuras.
— Agora me ajude. — Ele diz.
Pegando Mary em seu colo, ele caminha até a cama, deitando com ela
em seu peito.
Ele pede que eu leve Seth e Tate para ele. E eu o faço em seguida.
Ele deita na cama com nossos filhos ao seu lado. Acaricia cada pequeno
rosto antes de olhar para mim.
— Vá tomar um banho. Relaxar. Eu cuidarei deles. Coloque água na
banheira, sais de banho e fique por lá o tempo que for necessário.
Eu queria negar, dizer que os bebês precisavam de mim, mas eu também
precisava de um banho.
Ele lê a dúvida em meu rosto.
— Faça. — Manda. — Agora.
Eu sorrio, quando entro no banheiro e o obedeço.

Uma hora depois, eu saio do banheiro e encontro Rush dormindo com
Mary, Seth e Tate. Seu braço estava protetoramente ao redor dos nossos
filhos e não havia nenhuma maneira dele deixar que os bebês caíssem da
cama.
Meu peito se aperta com a cena.
Mesmo em seu sono, ele age como o pai protetor que é.
Eu me visto rapidamente e caminho até a cama para pegá-los e coloca-
los em seu berço. Abaixo-me em direção a Seth, mas uma mão me para.
Encaro Rush em confusão, mas ele diz.
— Por favor, Live, deixe-os aqui.
— Rush, eles têm sua própria cama e não estarão muito longe.
Ele me olha com olhos suplicantes.
— Não os tire daqui, Live. Por favor. Deixe-os dormir conosco. Pelo
menos por essa noite. — Implora.
Eu sorrio.
— Tudo bem. Mas só por essa noite ou eles ficarão mal-acostumados e
nunca mais irão querer dormir em algum lugar longe da gente.
— Eu não reclamaria disso. — Diz encarando nossos filhos com amor.
Meu coração se derrete.
Eu também adoraria dormir com eles todas as noites, mas não queria
deixa-los mal acostumados.
Eu puxo o edredom sobre nós cinco e acomodo-me ao lado dos bebês.
Deitando de lado, eu encaro Rush.
— Senti sua falta. — Sussurro.
— Eu também. — Responde de volta.
— Mesmo que eu tenha sido uma cadela, me desculpe.
Ele alcança minha mão e a aperta.
— Não fale mais sobre isso. Você não foi nem perto disso. A culpa foi
toda minha por deixá-la com três bebês recém-nascidos.
— Era o seu trabalho, Rush. Você fez o que era certo.
Ele aperta minha mão e somente me encara por um momento.
— Deus! Como eu te amo. — Sussurra. — Obrigada por isso. Por essa
família.
Desvia seu olhar do meu e olha para os bebês. Amor irradiando por seus
porros, lágrimas quentes molham meu rosto quando escorrem de meus olhos.
Houve um tempo, há alguns meses atrás, que eu imaginava ser
impossível Rush aceitar seus próprios filhos. Nos meses em que nós ficamos
separados, eu sofria ao pensar que ele nunca amaria nossos filhos, que essa
cena que vejo agora, aconteceria somente em meus sonhos.
— Hey, Live. O que houve? — Pergunta preocupado.
Limpa minhas lágrimas com seu polegar.
— Eu nunca imaginei que você os amaria tanto assim. Pelo menos não
quando estávamos separados.
— Mas eu o faço, Live. Eu os amo mais que a mim mesmo. É um
sentimento diferente e eu nunca... nunca imaginei ser possível sentir algo
assim; arrependo-me todos os dias por não os ter aceitado no início, por fazê-
la sofrer ao achar que não teria meu apoio.
Ele beija meus lábios antes de acariciar todos os pequenos rostinhos
entre nós.
— Eu nunca deixarei de amar você, de amá-los. E eu terei a certeza de
que eles saibam disso todos os dias. — Diz com a voz cheia de emoção.


Por mais que Rush quisesse que nossos filhos dormissem conosco todas
as noites, isso não era seguro para os bebês e ele sabia disso. Quando
dormimos os cinco na mesma cama na primeira noite, ele me confessou que
passou a noite acordado velando nosso sono.
Ele queria fazer isso todas as noites, mas eu não poderia deixá-lo
acordado noite após noite. Se por um lado eu queria que ele descansasse, por
outro, eu necessitava de um Rush lucido para me ajudar durante o dia com os
bebês.
Na noite em que dormimos todos na mesma, eu acordei somente uma
vez para alimentar os trigêmeos. Entretanto, consegui dormir por algumas
horas, muito mais do que eu dormia em muito tempo. E quando acordei pela
manhã, quatro pares de olhos me encaravam.
Rush e eu ainda não tínhamos estado sozinhos.
E, apesar de querê-lo, eu estava muito exausta para qualquer coisa,
mesmo que eu estivesse dormindo mais um pouco depois de sua volta.
Então, Maria deu-nos um ultimato. Hoje estaríamos saindo para um
jantar, a dois.
Minha semana também tinha sido mais livre, pois Rush contratou uma
enfermeira para me ajudar com as crianças. E mesmo que eu não gostasse de
estranhos ao redor dos nossos filhos, eu admitia que ela fosse de grande
ajuda.
Todo o medo por ela fazer algo aos bebês, se dissipava quando eu
lembrava que Rush não a deixava sozinha por muito tempo com eles.
Sempre a estava observando, com um olhar ameaçador. Ao qual ela não
perdeu.
Eu tinha reclamado com ele sobre isso, mesmo que no fundo eu estava
feliz por vê-lo tão protetor com Mary, Seth e Tate.
— Eu tirei leite com a bombinha hoje, está tudo na geladeira, mas caso
você precise de mais, não hesite em me ligar. Eu já os amamentei... — Olho
no relógio. — Tem vinte minutos. Também troquei Tate, que estava sujo. Se
você...
— Live. Eu darei conta do recado. — Maria sorri.
Eu não estava querendo deixá-los para trás. E sentia que Rush também
não queria deixá-los.
Mordendo meus lábios, eu o encaro.
Ele me encara de volta, sabendo onde meus pensamentos estão e,
concordando plenamente:
— Nem pensem nisso. — A voz de Maria interrompe nossa
comunicação muda. — Agora vão. Vão.
Ela nos empurra porta a fora. Não nos dando escolhas.
E então, vamos embora.
— Eu ainda irei demiti-la. — Rush resmunga.
E eu não posso me segurar. E gargalho. Ele sorri de volta para mim.
Ele coloca o carro na estrada e dirige por cerca de meia hora até parar
em um hotel de luxo.
Eu o olho intrigada.
— O quê? — Pergunta sorrindo. — Ai tem uma ótima comida. — Diz,
malicioso.
Quando descemos do carro, tivemos que esperar o manobrista e Rush
aproveitou esse momento para me secar com seus olhos.
— Você está perfeita.
— Sim? — Pergunto envergonhada.
Meu corpo tinha mudado depois da gravidez e do parto, eu estava
receosa sobre quando Rush o visse verdadeiramente.
— Sim. — Concorda, me puxando para ele.
Beijando-me como se sua vida dependesse disso.
O beijo se aprofunda e tenho certeza que está bastante indecente para
quem vê de fora.
O manobrista aparece e pigarreia para mostrar sua presença.
Soltando-me, Rush joga a chave do carro para ele, antes de me encarar.
— Acho que poderíamos pular direto para a sobremesa.
Meu coração pula.
— Eu concordo.
E então, ao invés de irmos para o restaurante, subimos para uma suíte.


Rush tranca a porta atrás de si e vira-se para me encarar.
Meu coração pula em expectativa e meu corpo treme com o olhar de
desejo que vejo em seu rosto.
Ele caminha até mim, com passos firmes, felinos. Foi um longo tempo
desde que eu o tive dentro de mim, parece que uma vida atrás.
— Senti falta de seu corpo. — Diz, quando me alcança.
Suas mãos vão para minha cintura e ele coloca seu rosto na curva de
meu pescoço.
— Senti falta de seu cheiro.
Beija uma trilha até minha boca, provando-a com sua língua. E me
encarando em seguida, diz:
— Foi um longo tempo, Live. Eu quase morri sem você e depois sem
você e os bebês. Eu nunca mais quero estar longe de vocês. Nunca.
Enrolando minhas mãos em seu pescoço, eu digo:
— Eu senti sua falta também. E eu nunca mais o quero longe de mim.
Sua mão sobe até o zíper nas costas de meu vestido e ele o abre.
Em seus braços eu sinto sua dureza. Ele esteve duro desde que saímos
de casa.
— Rush. Eu não estou como antes. O meu corpo... não é o mesmo de
meses atrás. — Digo segurando o vestido tomara que caia, entre Rush e eu.
— Eu não me importo.
— Eu tenho cicatrizes agora. — Sussurro.
Além das estrias, eu tinha a cicatriz da cesariana.
— Somente porque você carregou meus três bebês dentro de você. E eu
sou eternamente grato por isso. Essas cicatrizes foram consequência da
melhor coisa que aconteceu em nossas vidas. Em minha vida. Esses bebês
são a minha cura final, Live. A minha salvação.
— Eu amo você. — É o único que posso dizer depois do que me disse.
— E eu amo você. E se essas cicatrizes são parte de você, eu também as
amarei.
E com suas palavras eu tomo coragem. E dando um passo para trás, eu
deixo cair o vestido rosa que estava preso entre nossos corpos.
Soltando-me de Rush. Eu saio de dentro dele e o chuto para longe.
Ficando agora somente em meus saltos Anabela e em minha calcinha branca
de renda.
Rush geme levando suas mãos aos meus seios.
— Eles estão tão grandes.
Ele os aperta e eu gemo entre dor e prazer. E então, um líquido branco
começa a sair pelo mamilo e eu entro em desespero.
Pulando longe de Rush. Tirando suas mãos de mim.
Eu olho ao redor, procurando desesperadamente algo para me limpar e
tampar minha vergonha, mas não encontro nada.
Viro-me pronta para correr para o banheiro. Mas Rush pega-me pela
cintura e me joga na cama delicadamente. Subindo sobre mim em seguida.
— Meu Deus, Rush. Desculpe-me. Eu estou tão envergonhada.
Ele sorri maliciosamente para mim.
— Não peça desculpas por isso. Ainda mais sendo algo que eu
apreciarei.
Eu o olho confusa.
— Mas o quê...?
E então, ele leva sua boca ao meu peito, sugando todo o leite. Como um
verdadeiro bebê. A forma como faz é erótica e desperta todo meu corpo.
— Você não pode... isso... isso é estranho. Nojento.
Ele levanta a cabeça de meu seio esquerdo e me encara.
— Você está realmente achando isso nojento?
Usando sua língua, ele brinca com meu mamilo.
Oh Deus. Isso é tão bom na verdade.
— Não. — Repondo por fim.
— Bom. — Diz voltando a me chupar. A sugar o leite. — Porque eu
ainda não jantei querida. E tenho três meses sem você e de desejo reprimido
para recuperar aqui.
Sorri maliciosamente antes de fazer o que disse e beber o meu leite.
Merda.
Esse homem será minha morte.
Mas, se isso acontecer, eu morrerei feliz.
Retorço minhas mãos em meu colo. Mesmo tendo passado pouco mais dois
anos que estou com Rush, não consigo evitar o nervosismo pelo que estar
prestes a acontecer.
Ele tinha feito a proposta, adequadamente, há exatos nove meses, na
mesma noite em que havia voltado da sua primeira turnê. E somente sua
agenda lotada e o fato dele querer me dar um casamento e Lua de Mel
adequada, o impediu de se casar comigo no dia seguinte.
Ele costumava dizer que não seria um papel a denominar que eu sou ou
não sua mulher, sua esposa, pois isso eu já era e nada poderia dizer o
contrário.
Lembro-me como se fosse hoje quando ele pegou o anel que estava no
bolso de suas calças e olhando no fundo dos meus olhos, me perguntou se eu
queria ser a Senhora O’Riley pelos olhos da lei e pelo resto de nossas vidas.
— O que você está fazendo? — Pergunto quando ele, nu, caminha até
suas calças descartadas grosseiramente no chão.
Ele pega algo em seu bolso e volta rapidamente para a cama, me
prendendo em seus braços, sob seu musculoso corpo.
— Você sabe que eu a amo mais que minha própria vida, e que, para
mim, você já é minha mulher. Mas eu quero fazer isso direito, por nós, por
nossos filhos. Então, Living Peace, aceita se tornar a senhora Rush O’Riley
pelos olhos da lei e pelo resto das nossas vidas?
Ás lágrimas escorre por meu rosto e eu sorrio acenando com a cabeça,
incapaz de falar. Eu pensei que ele não estava fazendo isso exatamente
“direito”. Afinal, nem de joelhos estava, mas, por fim, o que era feito de
maneira convencional com Rush?
Sorrindo como o gato cheshire, ele abre a caixinha preta que guardava
escondida em sua mão. E eu ofego assustada quando vejo um lindo anel com
um gigantesco diamante rosa em forma de gota, e vários diamantes ao seu
redor.
— Rush! — Exclamo assustada. — Isso deve ter custado uma fortuna!
— Eu não me importo com o preço, somente que esse anel é perfeito
para você. Veja, é rosa! — Beijando meus lábios ele desce lentamente até
meus mamilos. Sugando cada um. — É da cor de seus mamilos. Da cor que
você fica quando está envergonhada ou excitada. É da cor de sua...
Eu o beijo antes que possa terminar a frase.
— Eu te amo, Rush. E serei a mulher mais feliz do mundo, por levar seu
sobrenome comigo.
Pum. Pum. Pum.
Batidas na porta interrompem meus pensamentos, mas antes que eu
possa perguntar quem é, até porque eu já sabia, a pessoa me chama.
— Live? Você está ai?
— Pela milésima vez, Rush. Eu estou aqui.
Ele batia na porta a cada cinco minutos, se assegurando que eu ainda
estava no quarto e que não tinha fugido.
— Somente me assegurando. — Ele diz antes de eu ouvir seus passos se
afastando.
Balanço a cabeça divertida. Ele nunca mudaria nesse aspecto. Sempre
seria ansioso e inseguro, mesmo que sua insegurança tenha diminuído ao
longo do tempo.
Eu me levanto da cadeira e caminho até o espelho, meu cabelo estava
levemente recolhido no topo da cabeça, e pequenos cachos enfeitavam meu
rosto. Eu não queria nada muito elaborado, mas o cabelereiro das estrelas,
que Rush tinha insistido em contratar, não deixou que eu usasse meu cabelo
simplesmente solto.
Eu poderia dizer que Rush estava mais envolvido nisso do que eu. Ele
cuidou de tudo, contratou desde a organizadora de casamentos, até o meu
maquiador.
Ele estava certo em fazê-lo. Porque eu não faria isso por mim mesma,
certamente não contrataria alguém somente para me maquiar, não alguém que
cobrou o valor de um carro somente por isso.
Mas, por mais que ele é quem estivesse cuidando de alguns aspectos do
nosso casamento, eu não poderia deixar de exigir que nossos convidados se
limitassem aos nossos amigos íntimos e família.
Rush era extremamente famoso agora. Era esperado que nossa festa de
casamente tivesse mais de mil convidados e tudo o mais, mas eu não queria
nada disso. Era o nosso momento.
Rush concordava comigo sobre isso, e então, apesar das pessoas que
cobram muito caro, e da decoração excelente, a festa estava acontecendo na
comunidade onde cresci.
Somente os garotos da banda, as pessoas da comunidade, Faye e Chad,
que agora namoravam, e algumas pessoas que Rush considera, como uma ou
duas pessoas da gravadora, Bill, e Amex, da banda Infinit., que incrivelmente
tinha se tornado um grande amigo nosso.
— Ela está aqui, Rush. — Matt diz quando entra acompanhado de Max.
— Eu juro que se tiver que assegurar a Rush novamente sobre sua presença...
Você não terá com quem se casar!
Eu sorrio com a exasperação em seu tom.
— Ele está nervoso, é um grande dia.
— Sim é. Mas ele não está autorizado a deixar todos loucos por isso. —
Max diz tão exasperado quando seu irmão.
Eu sorrio levemente e os observo segurando o véu e o buquê
delicadamente. Eles eram as minhas madrinhas juntamente com Faye. E
enquanto Hollywood estava chocada e eufórica por que a noiva de um dos
maiores astro do rock tinha dois homens como madrinha, eu não me
importava nem um pouco.
Isso era somente como tinha que ser.
— Aqui! Ainda bem que eu achei. Se tivesse perdido sua tiara, Live,
além de uma morte dolorosa pelas mãos de Rush, certamente teria que vender
todos os meus órgãos para ressarci-lo.
— Não exagera. — Eu digo vendo quando ela entrega a caixa prata de
vidro que contém a tiara que irá ajudar a segurar o véu para o cabelereiro,
que, assim como o maquiador, mantinham-se discretamente calado e
sentado.
Não tinha como negar que estavam ali milhares de dólares.
Eu volto a me acomodar na cadeira quando o cabelereiro levanta-se e
vem até mim, junto com o maquiador, dar os retoques finais para a grande
hora.
Da minha posição eu vejo o altar branco, enfeitado com flores da época
simetricamente colocadas. Vejo que cada detalhe foi pensado e repensado e
penso que, mesmo sendo uma festa para poucas pessoas, seria uma festa
digna de uma princesa.

— Você está magnifica. — Faye diz emocionada.
Ao seu lado, Max e Matt também estão emocionados, mas tentam se
segurar.
Eu giro em frente ao espelho, vendo o vestido de um tom de rosa tão
claro que muito se assemelhava com o branco, brilhar. O corpete era
apertado, não o suficiente para machucar o ser que eu carregava dentro de
mim, mas dando-me uma cintura que eu já não tinha depois de três filhos, e a
saia era um pouco bufante.
Um vestido que me deixava exatamente como uma princesa da Disney
deveria ser. Ou pelo mesmo, isso Faye tinha dito quando eu o experimentei
pela primeira vez.
Eu acho que o vestido era a única coisa que Rush ainda não tinha visto e
estava ansiosa para lhe mostrar.
Poderia parecer um vestido fora de contexto quando se pensava que
seria basicamente um casamento no campo. Entretanto, os poucos convidados
e o lugar simples não impediu que Rush fizesse uma das festas de casamentos
mais caras de Hollywood.
Tínhamos discuti isso inúmeras vezes, mas ele, é claro, sempre vencia
essa discussão. Ele dizia que não iria poupar em nossa festa de casamente.
Seria a única em toda a nossa vida, e era algo importante.
Por fim eu somente aceitei, e estava feliz com o rumo dos
acontecimentos e a forma que o casamento tinha tomado.

E então era a hora.
Minha barriga saltava, e nada tinha haver com o bebê que eu carregava.
Eu estava ansiosa, nervosa, mas, por fim, calma e relaxada. Como seria
isso? Eu não sabia bem, mas era como era.
Eu acho que sentia tudo o que uma noiva sentia em seu casamento, mas
eu tinha uma certeza tão absoluta do amor de Rush por mim, por nossos
filhos que nenhum medo vinha.
Nenhum medo de que ele se arrependesse.
Nenhum medo de que o casamento não desse certo
Nenhum medo de que Rush não fosse o homem certo.
Nada. Eu só tinha a certeza comigo. A certeza de que, o que eu estava
prestes a fazer seria uma das melhores coisas da minha vida.
Matt, com Mary Ann em seu colo, diz que é a hora. Max segura Seth e
Faye segura Tate, eles caminhariam até seu pai antes de mim, mas desde que
tinham aprendido a andar há poucos meses, os gêmeos e minha melhor amiga
estaria lá para ajuda-los.
— Vamos. — Eu respondo a Matt. Quando meu pai aparece no quarto
vestido em seu terno feito sob medida e um sorriso de orelha a orelha.
Saímos do quarto onde eu dormir por muitos anos em minha vida. Onde
passei grande parte dela sonhando acordada com esse dia. Com o dia em que
me casaria com meu príncipe.
É claro que eu nunca imaginei que meu príncipe seria um bad boy
tatuado cheio de piercing. Que de cavalheiro não tinha uma só célula em seu
corpo.
É claro que eu nunca imaginei que meu príncipe seria Rush O’Riley, e
que fosse o homem mais intenso, ciumento e possessivo que um dia eu ouvir
falar.
Eu somente imaginava que meu príncipe me amaria incondicionalmente
e que viveríamos felizes para sempre.
Mas quando vi Rush pela primeira vez no bar, eu nunca imaginei que ele
seria meu príncipe.
Quando chegamos ao tapete branco gigante, que ia desde o altar até o
fim das fileiras de cadeiras e além mais, eu me mantenho um pouco afastada,
para que meus filhos pudessem tomar a frente.
Os acordes de I won’t Give Up de Jason Mraz começam a ser tocado por
Blake. Seth e Tate caminham de forma tímida, junto a Mary que de forma
nada tímida os segura pelas mãos e praticamente os arrasta todo caminho até
seu pai.
Eu sorrio com a cena e uma lágrima me escapa quando a emoção de
saber que essa era a minha família, me bate.
Rush sorri adoravelmente para nossos bebês, como se não existisse mais
nada no mundo. Mas ao mesmo tempo em que ele sorri para eles, eu vejo o
alerta em seu olhar. E se alguns dos bebês caíssem, ele estaria lá antes que
alguém pudesse piscar.
Mas então é a minha hora.
E quando eu começo a caminhar pelo tapete branco com meu pai
segurando meu braço, no mesmo momento em que seria a hora de entrar a
voz na música, Rush pega a guitarra de Blake e coloca o cordão que a segura
em seu pescoço. E tornado a tocar a música ele olha em meus olhos e começa
a cantar, como se só existisse nós dois no local.
Eu somente dei alguns passos e paralisei quando sua voz começou a
soar.
— When I look into your eyes. It's like watching the night sky. Or a
beautiful Sunrise. There's so much they hold. — Quando olho em seus olhos.
É como observar o céu de noite. Ou um belo amanhecer. Eles carregam tanta
coisa. — And just like them old stars. I see that you've come so far. To be
right where you are. How old is your soul? — E como as estrelas antigas.
Vejo que você evoluiu muito. Para estar bem onde está. Qual a idade da sua
alma?
Eu não sabia sobre isso. Pensava, até o momento, que Blake tocaria a
melodia da música enquanto eu caminhava até Rush. Mas ele me surpreendeu
ao cantá-la para mim.
Quase sem que eu me dê conta, meu pai me deixa sozinha a meio
caminho do meu futuro marido, que caminha alguns passos para frente, sem
nunca deixar de cantar ou me encarar.
— I won't give up on us. Even if the skies get rough. I'm giving you all
my love. I'm still looking up. — Não desistirei de nós. Mesmo que os céus
fiquem violentos. Estou lhe dando todo meu amor. Ainda olho para cima.
Vejo uma pequena lágrima escorrer em seu rosto, que muito combina
com as milhares dela que saem do meu.
Quem diria que um dia, o homem duro e machucado, grosso e
desconfiado que Rush já foi, estaria cantando uma música tão bela para sua
noiva no altar de seu casamento?
— And when you're needing your space. To do some navigating. I'll be
here patiently waiting. To see what you find. — E quando precisar de seu
espaço. Para navegar um pouco. Esperarei pacientemente. Para ver o que
você descobrirá.
Eu não sabia como seria nossa vida até o fim.
Não sabia quantos filhos mais teríamos, ou se pararíamos nos quatro que
já tínhamos.
Mas de uma coisa eu tinha a certeza, de alguma forma eu tinha
encontrado meu príncipe. Meu companheiro de alma.
E por mais que a vida não fosse somente flores e contos de fadas daqui
pra frente, eu sabia que tinha encontrado o meu felizes para sempre.

Eu canto para ela com todo o meu coração.


Coloco em cada palavra que sai da minha boca a emoção que sinto ao
vê-la, completamente minha e perfeita, caminhando para mim. Quando ela
paralisa no meio do caminho e seu pai a deixa ali para mim, eu caminho
poucos passos até ela, sem deixar de cantar, somente contendo a vontade de
correr para ela.
Mas eu não faria isso. Não hoje. Não em seu casamento.
Tudo tinha que ser perfeito para ela. Era somente um pouco do que ela
merecia por me aturar durante todo esse tempo e pelos anos que ainda viriam.
Ela disse que queria um casamento simples na comunidade, para
somente nós, a família e os amigos. E assim eu fiz, mas o fiz nos meus
termos. Meu anjo merecia tudo do melhor em sua festa de casamento, a única
que teria em sua vida toda.
— Cause even the stars, they burn. Some even fall to the Earth. We got
a lot to learn. God knows we're worth it. No I won't give up. — Porque até as
estrelas queimam. Algumas também caem sobre a terra. Temos muito a
aprender. Deus sabe que somos dignos. Não, eu não desistirei.
Observo seu vestido pela primeira vez, e não me passa despercebido que
ele é em um tom de rosa extremamente claro. Eu provavelmente não
perceberia isso antes, mas convivendo com Live em seu mar cor de rosa, eu
sabia bem que isso somente não era branco.
Mesmo quando uma lágrima escorre em meu rosto eu sorrio lembrando-
me de quando eu a vi pela primeira vez.
Do jeito que estava concentrando na música, não perceberia a hora em
que ela entrou no bar, mas algo atraiu meu olhar como um imã para a
grande porta de ferro.
E, por um instante, eu perdi meu ar.
Por um instante meu chão treme e minha boca seca.
Por um instante não tenho certeza de mais nada.
Não sei por que disso tudo, mas meu coração acelera e perde uma
batida, parecendo, por um momento, querer sair pela minha boca.
Tudo por uma garota, uma mísera vadia, que não sei o nome e nunca vi.
Mas doce merda do caralho, se ela não é simplesmente a garota mais linda
que eu já vi. E sobre beleza eu posso falar, pois já fodi um número
incalculável de beldades em minha vida.
Mas essa, oh, essa é diferente, ela tem algo, algo que a torna especial,
ainda não sei o que pode ser. Não faço a mínima ideia na verdade, mas ela
se destaca em meio à multidão.
Suas curvas dão inveja a qualquer ser vivente no planeta, não consigo
ver a cor de seus olhos de onde estou, mas aposto que é azul. Seu sorriso é
um sorriso feliz, espontâneo, ela é daquelas que ri à toa, isso está estampado
nos seus olhos. Seus lábios parecem ser suculentos, macios, grossos e
rosados, e quanto mais ela avança em minha direção, mais detalhes do seu
rosto eu consigo absorver. Percebo que está sem maquiagem. Seus cabelos...
Os seus cabelos, posso jurar pela minha vida, que são feitos de fios de ouro.
E que Deus me ajude, sinto como se já a conhecesse. Mesmo que nunca
a tenha visto.
Ela continua avançando em minha direção, mas agora percebo que está
em busca de alguém, eu espero que não seja um homem. Segundos depois,
ela para em uma mesa com dois rapazes, cumprimentando-os com um beijo
na bochecha, ela se senta entre eles.
Porra! Quero ir lá e arrancá-la de perto deles.
A confusão que eu senti ao me vê inundado de sentimentos até então
desconhecidos para mim. O amor, o ciúmes, a paixão, a obsessão.
Eu nunca tinha sentido isso antes por ninguém. Exatamente isso.
Ninguém. Não tinha uma mãe, pai ou irmão para amar e ser amado, e então,
quando Live surgiu em minha vida, como se seu objetivo de vida fosse fazer
exatamente isso para mim, eu estava confuso.
Entretanto, em meio a toda confusão, eu nunca deixei de querê-la. Eu
não sabia o que estava acontecendo comigo, com minha mente que fazia o
anjo dourado ser meu primeiro pensamento ao acordar e o último ao dormir,
mas eu estava certo de que o anjo era meu. E nada iria tirá-lo de mim.
— I don't wanna be someone who walks away so easily. I'm here to stay
and make the difference that I can make. Our differences they do a lot to
teach us how to use. The tools and gifts we've got yeah we got a lot at stake.
— Não quero ser alguém que vai embora facilmente. Estou aqui para ficar e
fazer a diferença que posso fazer. Nossas diferenças, elas fazem muito nos
ensinando a usar. As ferramentas e os dons que temos, sim, há muito em
jogo.
Passamos por muito para chegarmos aqui, nesse exato momento.
A gravidez, a dor, a separação. Se eu somente pudesse voltar no tempo e
concertar essa parte da nossa história. Isso era meu único arrependimento na
vida.
Mas mesmo que eu não os quisesse em primeiro lugar, hoje eles eram
somente o ar que eu respirava, juntamente com sua mãe. Quando os vi
caminhando pelo tapete branco em passos trôpegos, mas confiantes, meu
coração se encheu de amor do mais puro que poderia existir. Mary com seu
vestido que era quase uma cópia do da sua mãe, puxando seus irmãos que por
sua vez vestiam pequenos ternos semelhantes ao meu, seria algo que eu
nunca iria esquecer enquanto vivesse.
E graças aos cinco fotógrafos profissionais que contratei, esse momento,
esse dia, seria guardado para sempre na minha memória, e nas fotografias que
em breve enfeitariam nossa casa.
— And in the end, you're still my friend. At least we didn't intend. For us
to work we didn't break, we didn't burn. We had to learn how to bend without
the world caving in. I had to learn what I've got, and what I'm not. And who I
am. — E no fim, você ainda é minha amiga. Pelo menos não tivemos a
intenção. Para funcionarmos, não quebramos, não queimamos. Tivemos de
aprender a ceder sem ceder à pressão do mundo. Tive que aprender o que
tenho e o que não sou. E quem eu sou.
Muita coisa mudou depois da nossa primeira turnê. Hoje éramos uma
das bandas mais famosas e mais bem pagas de todo os Estados Unidos, e em
breve estaríamos embarcando em uma turnê de cinco meses pelo mundo, e
Live e os nossos filhos iriam nela também. E então, o meu casamento era um
evento aguardado, esperado. Ansiado pela mídia e pelos fãs.
Todos queriam saber como seria o vestido da mulher que Rush O’Riley
adorava. Eu não escondia minha adoração por minha mulher, era comentado
em todo o EUA o meu amor reverencial por ela.
E se o frenesi que a foto do anel de noivado de Live, tirada por um
paparazzo, fosse indicio do que as fotos de seu vestido e do nosso casamento
causariam, eu estava certo que falariam disso por semanas!
E não preciso dizer que muitos criticaram o fato do casamento ser
fechado para os amigos mais próximos, e que estava terminantemente
proibido qualquer tipo de aparelho que tirasse fotos, seja um celular ou um
computador, impedindo assim que fotos vazassem na mídia até que nós,
finalmente, as liberasse por conta própria. Haviam pessoas capacitadas para
revistar cada convidado, olhando relógios, canetas, óculos. Qualquer coisa
que pudesse ter uma câmera escondida.
Living tinha outros planos para essas fotos que valeriam milhares e
milhares de dólares em algumas horas. Ela venderia cada foto para os
tabloides, e em seguida venderia nossa entrevista sobre isso, e mais a frente
venderia detalhes da nossa lua de mel.
Tudo isso tinha somente um objetivo, cada centavo arrecadado iria ser
doado para alguns orfanatos. Live queria que as crianças que estivesse em
condições semelhantes a que eu cresci fossem cuidadas e amadas como se
não vivessem em um abrigo, e sim em sua própria casa.
— I won't give up on us. Even if the skies get rough. I'm giving you all
my love. I'm still looking up. I'm still looking up. — Não desistirei de nós.
Mesmo que os céus fiquem violentos. Estou lhe dando todo meu amor. Ainda
olho para cima. Ainda olho para cima.
Deus como eu amava essa mulher. Ela era isso, boa e altruísta. Não
deveria pensar em mais nada no mês de seu casamento e lua de mel, mas lá
estava ela, ensinado ao mundo como ser uma pessoa melhor.
Eu aprendia com ela a cada dia, mas, por mais que eu nunca chegasse a
ser o homem bom e maravilhoso, altruísta e não egoísta, eu tentava fazer
minha parte para merecê-la.
Eu a adorava, eu a venerava, eu beijava a porra do chão do que ela
pisava, e por ela eu tentava ser mais.
— I won't give up on us. God knows I'm tough, he knows. We got a lot to
learn. God knows we're worth it. — Não desistirei de nós. Deus sabe que sou
forte, ele sabe. Temos muito a aprender. Deus sabe que somos dignos.
Quando canto a última estrofe da música retiro a guitarra do meu
pescoço, jogando-a de lado, e corro até meu anjo.
Eu queria pegá-la no colo e leva-la até o altar. Mas não queria arruinar
sua roupa e seu penteado, hoje era o seu dia. Entretanto eu não via mal em
arrancar o batom de seus lábios.
E quando eu finalmente a alcancei, o que demorou alguns segundos, mas
que pareceu uma eternidade, eu a enlacei pela cintura e a beijei. Ela fica
imóvel pelo choque, mas logo retorna o beijo, entretanto, não pode retornar o
abraço que lhe dou, já que eu a estou aprisionando em meus braços.
Quando eu a solto, o maquiador corre até nós e limpa todo o batom
borrado de seu rosto e em seguida do meu. Deixando-a como se ela nunca
tivesse sido beijada. Eu não o deixo reaplicar batom em seus lábios,
entretanto.
Eu tinha pressa em torná-la minha esposa aos olhos da lei. E com Live
gargalhando ao meu lado eu a arrastei o resto do caminho até o altar.
Posicionamo-nos lado a lado e ela me surpreende ao limpar uma lágrima
que escorre em meu rosto. E com um limpar de garganta do juiz de paz,
começamos a cerimonia que tornaria Live irrevogavelmente minha. Não que
ela já não fosse de qualquer maneira.

Horas mais tarde...
A festa provavelmente continuava a rolar na comunidade, mas Live e eu
estávamos na nossa suíte nupcial e meu pau duro como rocha era somente um
dos indícios de que eu não poderia mais suportar para tê-la.
Eu tinha feito tudo como manda o figurino no nosso casamento, excerto
a parte em que tínhamos que dormir separados. Isso eu não faria, nunca. Live
não dormiria longe de mim se eu pudesse impedir. E esse era um dos casos
em que eu poderia impedir.
E não é como se ela não tivesse gostado da ideia. Quando gritava meu
nome na véspera do nosso casamento, eu poderia dizer que ela estava mais do
que satisfeita em não ter seguido os rituais a risca.
Eu aguentei algumas horas de festa antes de decidir que era a hora de
leva-la para a lua de mel. Esperei até depois que ela jogou o buquê e Faye o
pegou. E por duas semanas seriamos somente nós dois em uma ilha
paradisíaca e praticamente deserta, mas com uma enorme mansão luxuosa,
em Fiji.
Eu queria ter trazido nossos bebês, eu estava irredutível sobre isso. E
Live também. Mas todos tentaram nos convencer de que fossemos somente
nós dois, e, por fim, eu aceitei deixar os trigêmeos com seu avô por alguns
dias, até trazê-los para a ilha.
Deposito Live levemente no chão beijando sua testa em seguida. Eu a
tinha levado em meu colo até o helicóptero que nos levou ao aeroporto para
usarmos o jato que Amex nos emprestou, e em seguida a levei em meu colo
novamente para o helicóptero que nos levaria até a ilha e por fim até a nossa
suíte.
Seus pés não tinham tocado o chão desde que saímos da comunidade.
— Eu te amo. Obrigada por dizer sim. — Eu digo em seus lábios antes
de beijá-la.
Eu tinha certeza que ela diria sim, mas, ao mesmo tempo, eu temia que
ela não o fizesse. Como isso era possível? Eu não sabia.
— Eu te amo, muito mais. — Ela sussurra de volta.
E então eu retiro seu vestido longo, que ela havia vestido no lugar do
vestido bufante após a cerimônia, o que facilitava muito o meu trabalho. Ela
não estava com sutiã, então quando o vestido ficou pendurado em sua cintura,
seus seios saltaram para mim. E eu beijei cada um, enquanto ela gemia e se
agarrava em meus ombros.
Em seguida deixei o vestido virar uma possa de seda em seus pés, e logo
ela estava somente em sua calcinha de seda pura branca, e seus saltos prata.
Colocando a mão em seus cabelos, eu identifico alguns grampos, os quais eu
retiro até que seu cabelo caia em ondas sobre suas costas e rosto.
Voltando a pegá-la no colo, eu a levo até a cama onde ela fica
abandonada, quase nua, me olhando. Era a visão do paraíso.
Se eu olhasse para fora a partir da janela, poderia ver o mar mais azul
que existe com águas transparente, mas eu não conseguia olhar mais nada,
somente meu belo anjo.
Eu retiro a gravata sufocante lentamente, deixando que Live apreciasse
cada segundo enquanto eu me despia.
Retirei o blazer, o colete e a camisa branca, tudo lentamente. Em
seguida desfivelei meu cinto e desabotoei minhas calças, tudo enquanto tirava
meus sapatos e meias com os próprios pés. E quando eu desci as calças, levei
minha cueca junto, deixando meu pau pular como um mastro apontando para
Live.
Ela ofega encarando-o descaradamente.
Uma gota de pré-sêmen brilha na ponta em ansiedade. Eu estava em
meu limite. Mal podia aguentar para poder tomar Living O’Riley pela
primeira vez. As outras vezes em que fizemos amor, ela era Living Peace, e
hoje era a minha senhora.
Nu, eu caminho os poucos passos até ela, e desbotoo suas sandálias
antes de retirá-las e jogá-las em algum lugar do quarto. Faço o mesmo com
sua calcinha.
Mas antes que possa deitar-me sobre ela, e amá-la como se deve, ela diz.
— Pegue a minha bolsa, por favor?
Eu a olho confuso, mas o seu olhar ansioso me faz obedecê-la sem
questioná-la. Eu pego sua bolsa que estava sobre sua mala, e entrego a ela,
que retira algo de dentro antes de me devolver e pedir que a guarde.
Ela se senta na cama, segurando o que agora identifico como um frasco
enrolado em uma fita de presente vermelha, e diz.
— Você lembra a primeira vez que fizemos amor? Não quando você
tirou minha virgindade, mas a primeira vez que fizemos sexo.
Eu franzo a testa.
— Nunca fizemos sexo, somente amor. — Eu sabia bem a diferença de
um e outro. — E sim, eu lembro.
Como poderia esquecer?
Foi à única vez em que fizemos sexo anal. Eu não tive coragem de fazê-
lo novamente. O prazer foi indescritível, mas eu não queria ter prazer a partir
da dor de Live, e eu sei que ela sofreu aquela noite, mesmo que me tenha dito
que foi magnifico.
Penetrando-a lentamente, ela geme sôfrego, mas grita alto quando
coloco um terceiro dedo.
Dou um tempo para ela acostumar-se e logo começo a movimentá-los
dentro dela, como uma tesoura, para abri-la mais, estocando-os lentamente
depois.
— Hum. — Geme de dor.
Levo meus dedos até seu clitóris sensível, em uma massagem torturante
em seu ponto pulsante. A dor começa a passar, pois ela geme novamente,
agora de prazer.
Retirando meus dedos, aplico mais KY, lambuzando-a. Fico nu e
também aplico o gel em meu pau.
— Live, isso será desconfortável, principalmente no início. Irá doer,
mas você sentirá prazer. Se não quiser continuar, pode falar, minha
princesa.
— Ok. — Diz com voz rouca.
Beijo a base de sua coluna antes de introduzir meu pau lentamente em
seu interior. Estou duro, duro como rocha e não preciso guiá-lo dentro dela.
Minha seta sabe exatamente o seu lugar.
— Cristo. — Soluço quando entro de uma vez no seu interior.
Urrando com a sensação de ser abraçado dentro de sua bunda.
— Ah. — Ela geme de dor.
Aguardo algum tempo sem mover-me, esperado ela acostumar-se com a
introdução.
— Está doendo muito?
— Não. Quer dizer, dói, mas estou acostumando-me. Mova-se um
pouco.
Lentamente, retiro metade do meu pau, estocando o caminho de volta.
Levo meus dedos até seu botão e o massageio enquanto dou estocadas lentas.
Estou no paraíso.
Sua bunda é tão apertada, que faz meu pau doer. Caralho.
— Eu quero repetir isso novamente. Hoje. — Sua voz interrompe meus
pensamentos.
— Live...
— Eu gostei muito daquilo. — Ela cora quando diz isso. Mesmo depois
de todo esse tempo, ela cora ao falar de sexo comigo. — E foi a primeira vez
que fizemos amor. Quero que isso aconteça hoje novamente, na primeira vez
que faremos amor como Senhor e Senhora O’Riley.
E então ela me estende o frasco de lubrificando que está enrolado com
fita.
— É o meu presente de casamento.
E dizendo isso arrasta sua mão até meu pau masturbando-o, antes de
beijar um gemido que me escapa.
E eu faço como ela manda. Eu a amo por trás até que caíamos exaustos
com o maior orgasmo de nossas vidas.

Após o sexo, Live adormeceu em meus braços.
Mas eu não pude. Eu fiquei velando seu sono, e pensando em como eu
era um maldito filho da puta sortudo por tê-la.
Desço minha mão por sua coluna, uma vez que ela esta deitada com sua
bela bunda para cima. E acaricio seu delicioso traseiro. A sensação de estar
dentro dele era perfeita, e eu adorava. Adorei a primeira vez que o fizemos
apesar do sentimento de culpa que ficou no final, e adorei mais ainda hoje,
pois o sentimento de culpa era quase nulo.
Beijando suas omoplatas eu me levanto para pegar um pouco de comida.
Sabia que ela acordaria morrendo de fome, e uma vez que eu tinha
dispensado todos os empregados para termos privacidade pelos próximos
dias, eu era quem deveria preparar a nossa refeição.
Quando tudo está pronto eu retorno para o quarto e a encontro do
mesmo modo que deixei. Coloco a bandeja com comida em cima da mesa
perto das portas de vidro que dão para a varanda, e caminho para Live,
sentando-me na cama.
Eu aliso seus cabelos dourados, chamando-a levemente. Sussurro seu
nomes algumas vezes até que ela abra somente um olho e me encare. Ela
volta a fechá-lo, mas agora sorri para mim e estica seus braços para que eu
me aconchegue neles.
— Eu acho que agora sou homem mais feliz do mundo. Finalmente você
é realmente minha. Irrevogavelmente minha. Completamente minha.
— Ora, ora. Não era você quem dizia que não precisava de um papel
para dizer que eu sou sua.
— Exato. Isso ainda é verdade, mas agora, não tem ninguém para nós
dizer ao contrário. Você é a Senhora O’Riley, e o será eternamente.
— Então, Senhor O’Riley, deite-se aqui comigo.
— Mas eu trouxe comida, você deve comer, para descansar em seguida.
Ela faz um leve bico, o qual eu beijo antes que se desfaça.
— Somente alguns minutos.
E eu não posso resistir a um pedido seu. Somente faço tudo o que ela me
peça e dessa vez não seria diferente. Deitando-me na cama eu a puxo para
meus braços. O qual ela vem com facilidade.
Ela beija um lugar em cima do meu coração antes de enterrar seu rosto
em meu peito.
— Eu ainda tenho outro presente para você. — Sua voz sai abafada por
sua cabeça estar escondida, e eu não entendo o que diz e peço que repita.
E quando ela faz eu fico confuso.
— Amor eu não tenho nada para te dar de presente de casamento, e você
já me deu um presente e me dará outro...
— Eu não quero que você me dê nada. Você já me deu tudo o que um
dia eu não poderia nem sonhar, e continua fazendo. Você me completa Rush.
Deu-me uma família, e seu amor. Isso, para mim, é o melhor presente do
mundo.
Eu a abraço apertado, não querendo soltá-la nunca.
— Eu não sei como você irá reagir, mas eu... Eu estou feliz por isso ter
acontecido, mesmo que tão rapidamente.
Suas palavras me deixam confuso e curioso, mas quando ela pega minha
mão que estava em sua cintura e a leva até sua barriga, eu prendo a
respiração.
Não.
Deus eu não mereço tal presente.
As lágrimas escorrem de meus olhos sem que eu perceba, sem que Live
sequer confirme minhas suspeitas.
— Eu estou grávida.
Mas quando ela confirma minhas suspeitas eu sorrio de felicidade, e me
jogo sobre ela, salpicando seu rosto com beijo, mas tomando o devido
cuidado com sua barriga.
— Obrigada. Obrigada. — Eu digo uma e outra vez a ela entre os beijos.
— Estava com medo de como você reagiria, mesmo que você tenha me
tido que ficaria feliz em ter outro bebê.
— É claro que eu estou feliz. Joguei suas pílulas fora para que...
Merda.
A confissão salta da minha boca antes que eu perceba.
Ela congela em seu lugar e eu me afasto para olhar seu rosto que me
encara de volta perplexa.
— Rush! — Ela grita. — Como você pode fazer algo assim? Isso, Isso é
só... Rush! — Ela grita novamente, batendo em meu ombro.
— Shhh. Acalme-se, isso não é bom para o bebê.
Ela balança a cabeça, ainda incrédula.
— Nunca mais faça isso novamente. Eu devo de a única pessoa com
menos de 23 anos que tem quatro filhos.
— E todos são meus. — Digo orgulhos.
— Diga para mim. Prometa que nunca mais fará isso.
— Você ama ser mãe.
— Sim. Eu amo. Mas isso não deve ser decidido dessa maneira, se você
somente tivesse me dito que queria tentar, teríamos tentado. Prometa que não
fará isso de novo.
— Você está feliz com o bebê.
— É claro que estou. Eu amo esse bebê, mas Rush... Prometa. Agora.
Eu não faço isso. Ao invés disso eu desço para seu ventre que não
demonstra sinais de gravidez ainda e o beijo longamente.
— Olá, bebê. Aqui é o seu pai. — Beijo seu ventre outra vez. — Eu amo
você.
— Rush. — Ela diz exasperada.
Não passou despercebido a ela que eu não fiz nenhuma promessa.
Eu jamais mentiria ou enganaria minha menina. Meu anjo dourado
somente merecia a verdade e nada mais, e eu não poderia prometer uma coisa
que eu não estava inclinado a cumprir.
Tentaria não fazer isso novamente, mas eu a amo ainda mais quando
está grávida e estava ficando viciado na sensação de segurar um bebê nos
braços. Meu bebê.
Estava viciado no amor incondicional que eu sentia somente ao saber
que existia um ser em seu ventre, tão indefeso, tão meu.
O nosso fruto. O fruto do nosso amor.
E algo me dizia que eu ainda falaria com seu ventre dessa forma
inúmeras vezes. Eu somente não diria isso a ela agora.
Nosso amor nunca tinha sido o mais normal do mundo.
Nosso amor nunca tinha sido o mais saudável do mundo.
Mas o nosso amor era, provavelmente, o mais incondicional. O mais
surreal e o mais sublime.
As coisas nem sempre tinham sido flores, e nem sempre seriam flores.
Mas enquanto eu vivesse, eu daria a minha vida, eu daria cada gota do meu
sangue, a fim de provar o meu amor a Living e a fazê-la feliz.
Ela que tinha me aceitado como sou.
Ela que conseguiu me amar acima dos meus defeitos.
Ela que me devolveu uma vida que eu não sabia que tinha perdido. Que
devolveu o meu coração, que eu tinha dado a ela, em forma de filhos.
Ela que me completou e fez minha vida ter sentido.
Ela a quem eu amaria até quando o último raio de sol iluminasse o
planeta terra.
Cinco anos mais tarde.
Eu observo minhas crianças correrem e pularem na piscina.
Eles adoravam nadar desde que eu posso me lembrar.
Live as levava nas aulas de natação de mães e filhos, para ajudar a mãe a
voltar a sua forma de antes da gravidez e ensinar os bebês a nadarem. Mas,
mesmo sabendo que eles estão bem dentro da água, eu quero pular atrás deles
e tirá-los de lá.
Prendê-los em mim, para que nada possa acontecer com eles.
Suspiro.
Mary é a primeira a emergir. Ela nada até a escada e a utiliza para sair.
Meu coração se aperta quando eu a observo. Ela, com seus longos
cabelos pretos, era uma cópia de minha mãe. Ou o que eu consigo me
lembrar dela.
Ás vezes, eu penso que ela é como uma segunda chance de vida para
minha mãe que, de alguma forma, renasceu com ela.
Mary era tão ligada a mim. Sabia quando eu estava triste ou preocupado.
Com raiva ou feliz. Ela, de alguma forma, sempre sabia como eu estava.
Mesmo quando eu estava longe, em meus shows pelo mundo, ela
poderia sentir o que eu sentia. E, muitas vezes, me ligou escondida do celular
da sua mãe para mim. Para tentar me passar sua calma.
Ela era uma garota muito esperta.
Ela olha para mim e sorri um sorriso banguela quando me pega
observando-a.
Mas então, ela vê algo atrás de mim. E seus olhos brilham.
Minha mandíbula trava sabendo do que se trata. E eu não preciso olhar
para trás para saber o que faz seus olhos brilharem.
Com seu maiô rosa ela corre desesperadamente em direção a Matt. Que
a pega em seu colo e beija seu rosto.
Ela o aperta em seus braços como se sua vida dependesse disso.
Ele sorri para mim em provocação. Sabe que minha menina tem um
coração divido entre mim e ele.
Ainda lembro como se fosse hoje quando ela declarou que iria se casar
com ele. Live teve que me segura para evitar que eu desmaiasse ou batesse
em Matt. Não que ele tivesse culpa.
Foi em seu aniversario de três anos, e na hora de fazer o pedido, ela
disse em voz alta que queria se casar com ele.
Todos acharam fofo. Mas eu quase morri nesse dia.
Ele se senta na espreguiçadeira ao meu lado, ainda com Mary em seu
colo. Se eu a conheço bem, ela não irá largá-lo tão cedo.
Eu abro minha boca para mandá-lo soltar a minha bebê, não que ele
fosse obedecer de qualquer maneira e então, eu escuto um choro.
Arregalo meus olhos e corro na direção de Amber, que caiu sentada em
sua bunda.
— Cristo, pequena. Você está bem? — Pergunto, mas ela somente
chora.
Eu a pego em meu colo. E ela para de chorar instantaneamente.
— Você se machucou, minha querida? — Pergunto preocupado.
— Você sabe que ela está bem, Rush. — Live grita a partir das portas de
vidro.
E então, Amber sorri por trás de sua chupeta. E eu sei que ela fez
novamente.
Ela sempre buscava alguma maneira de chamar minha atenção. Não que
ela não tivesse, mas essa garotinha me amava de tal maneira, que eu não
poderia olhar para longe dela por dois segundos, que ela chorava como um
bebê que era.
Live tinha ciúmes sobre isso, Amber preferir a mim, mas teve que se
acostumar com o tempo.
Amber a amava, obviamente, mas nem de longe era tão próxima de sua
mãe como era de mim. Ela tinha três anos e meio agora e foi concebida
quando seus irmãos ainda eram uns bebês.
— Você me enganou outra vez. — Eu a repreendo.
Mas não consigo manter meu rosto sério, não quando ela sorri para mim
sem nenhum pingo de remorso.
— Amo você, papai. — Diz jogando um braço ao redor de meu pescoço
e deitando sua pequena cabecinha em meu peito.
E meu coração se derrete.
Eu não conseguia dizer não para as mulheres da minha vida. E nem aos
meus meninos também. Eu era uma manteiga derretida quando o assunto era
a minha família.
Beijando a cabecinha loira de Amber, eu ando até onde Live está parada
com o pequeno Carter enrolado em seus pés. Ele tinha um ano agora e tinha
começado a dar seus primeiros passos há alguns meses.
Live abaixa-se para pegá-lo em seu colo e, quando o faz, eu beijo sua
testa.
— Oi garotão.
Ele tira o dedo babado que está em sua boca e o leva até meu rosto.
Eu não me importo sobre isso. E somente sorrio para ele.
Live sorri, sabendo que sou rendido quando o assunto é meus filhos.
Max surge da cozinha com a boca cheia. E para nas costas de Live,
beijando a testa de Carter.
Eu rosno em sua direção.
— Fique longe da minha esposa.
Ele levanta as mãos para o céu antes de passar por Live, mas ela o
chama.
— Segure Carter para mim por um momento, Max. Tenho que conversar
com Rush.
— Claro. — Responde com a boca cheia.
— Olha os modos perto dos meus filhos. — Eu o repreendo.
Arrancando uma risada de Amber, ela adorava quando eu arrumava uma
confusão. O que preocupava sua mãe.
— Maria. — Live chama a velha senhora.
Maria surge da cozinha com o rosto sujo de farinha e limpando as mãos
em seu avental. Ela não trabalhava na cozinha, seu único serviço era ajudar
Live com as crianças, que as chamavam de vó, mas desde que hoje era o
nosso churrasco em família e desde que a banda estaria chegando logo, ela
estava ajudando na cozinha.
— Sim, menina.
— Pode olhar as crianças um pouco? Matt está com Mary e ela não irá
deixa-lo ir longe. Então fica somente Max para cuidar dos outros quatro.
— Claro.
Live sorri para ela, pedindo que eu entregue Amber à Maria. Eu o faço,
mas não sem antes ter de lidar com seu choro.
— Eu já volto meu bem. — Explico.
Com o coração apertado eu a deixo para trás.
Live me guia até nosso quarto.
E quando ela fecha a porta, trancando-a atrás de si, eu a abraço por trás,
colocando minha ereção em sua bunda.
— Não, Rush. — Sorri. — Não o chamei aqui para isso.
— Não? — Pergunto, mordendo o seu pescoço.
— Não. — Geme, saindo de meus braços. — Agora, sente-se na cama.
— Diz com o rosto sério de repente.
Eu a olho com a sobrancelha arqueada, mas o faço.
Ela anda de um lado a outro, antes de dizer.
— O que eu falei sobre esconder minhas pílulas?
Minha testa franze.
— Eu não quero que você as tome.
Ela caminha até mim e se abaixa, pegando minhas mãos, falando
comigo igual fala com nossos filhos quando eles fazem algo errado.
— Você não pode fazer isso, ok?
— Live. Elas impedem você de ter filhos e eu não gosto disso.
— Rush, eu tenho vinte e cinco anos e cinco filhos. Você não acha que
já é o suficiente?
Eu balanço a cabeça em negação.
— Ok. — Ela suspira.
Ás vezes, eu me perguntava se ela se ressentia sobre a vida que tinha.
Não terminou a faculdade, eu a incentivei a isso, mas ela não quis. Logo
nasceu Amber e depois Carter. E, com vinte cinco anos, ela já era mãe de
cinco.
— Você se ressente? — Eu pergunto em um fio de voz.
Ela me olha curiosa.
— Claro que não. Eu amo minhas crianças e faria tudo de novo.
— Eu também. — Digo maliciosamente.
Ela sorri.
— Eu não me recinto por ter essa idade e tantos filhos. Eu amo a vida
que levo, mas... você não acha que já podemos fechar a fábrica? — Ela
pergunta.
— O quê? — Eu digo mais alto do que pretendo. — Não, Live! Não
podemos parar de ter filhos. Deus!
Passo a mãos pelos cabelos. Eu amo meus filhos e queira cada vez mais.
Ela sorri e depois gargalha.
— Mas você tem que parar de esconder minhas pílulas.
Eu bufo.
— Você sabe que Carter e Amber foram concebidos, porque você
escondia meus remédios.
Eu fiz isso por muito tempo antes dela engravidar realmente. Eu já
começava a pensar que não poderíamos mais ter filhos, como um castigo por
não querer ter os trigêmeos quando Live disse que estava esperando Amber.
— Sim.
— Pois agora, você irá parar com isso e iremos conversar sobre ter
filhos como um casal civilizado e normal.
Normal era a última coisa seríamos.
— Tudo bem. — Digo relutante.
— Você é a criança que mais dá trabalho nessa casa. — Sorri.
E eu a olho com os olhos entrecerrados.
Pondo-se de pé, ela me puxa para se levantar também.
E eu aproveito para abraçá-la.
— Desculpe por esconder suas pílulas. Eu não farei isso outra vez.
— Bom.
— A próxima vez que você engravidar, será porque assim decidimos.
— Bem... sobre isso. Acho que é um pouco tarde.
— O quê? — Eu grito, segurando-a pelos ombros para poder encará-la.
E com lágrimas nos olhos ela diz.
— Temos outro bebezinho a caminho, Rush.
— Oh, meu Deus.
Digo, pegando-a no colo e colocando-a na cama delicadamente.
Levantando sua blusa eu encaro sua barriga que ainda não mostra sinais
de gravidez.
E beijando seu ventre eu digo o que sempre falo quando descubro que
esta esperando um filho meu.
— Hey, bebê. Aqui é o seu pai. — Beijo seu ventre outra vez. — Eu
amo você.
Olho para Live, que estava com lágrimas nos olhos.
Deus! Como eu amo essa mulher.
Ela me salvou das trevas. Deu luz ao meu mundo escuro; deu-me filhos,
a minha cura para tudo.
— Eu a amo Live. E eu amarei até quando a última estrela do céu
brilhar.
BLAKE JACK
Com 29 anos, minha preocupação se resume a escolher qual cantada
jogaria na próxima vadia.
Até que a vida me fodeu.
Apresentou-me o céu, mostrou-me as cores do mundo.
Apenas para me devolver à escuridão em seguida, transformando meu
mundo em preto e branco novamente.
Seria um eufemismo dizer que a vida é uma cadela, que adora nos foder.
Mas, por mais que eu tente, não consigo entender o porquê de ela ter me
sacaneado dessa forma.
Hoje, não sou mais o pegador.
Não sou mais o Blake que todos conheceram um dia.
Hoje, sou somente uma casca.
A casca do que sobrou depois que ela se foi.

REBIRTH
Não sei quem sou.
Não sei meu nome.
Os que me acolheram, me chamam de Rebirth, que significa
renascimento.
O que foi uma boa escolha, pois é o que resume minha vida no
momento.
Eles encontraram meu corpo no final de um rio.
Ferida e sem memória, a única pista que tenho do meu passado são as
palavras que marcam meu pulso.
Em letras bonitas, escritas em tinta preta, um nome.
O nome que assombra as minhas noites desde que renasci.

A vida nunca foi fácil para mim.


Desde pequeno tive que trabalhar duro e mostrar o meu valor.
Aos 35 anos de idade, a última coisa que eu esperava era cair duro por
um pequeno anjo dezessete anos mais jovem...
Com cicatrizes por todo o meu corpo e um olho cego, eu nunca pensei
que ela fosse me amar de volta.
Eu amei um anjo.
Mas não era um anjo desses com asas e que moram no céu.
O meu anjo era real. De carne e osso. Com enormes olhos verdes e
longos cabelos loiros.
Eu tentei ser racional, tentei muito não querê-la, mas foi inevitável amá-
la.
Estava em mim, em meu sangue.
E por fim eu entendi: eu havia nascido para isso.
Angel Deveraux vive sobre o firme pulso da mãe, a aristocrata
Margareth Deveraux, que acredita firmemente que classes sociais não devem
ser misturadas.
Cada um tem o seu lugar, e deve limitar-se a ele.
Quando Angel apaixona-se por um fazendeiro mais velho do interior do
Texas, Margareth faz de seu objetivo de vida, acabar com esse amor.
Nem que para isso ela tenha que usar os meios mais inescrupulosos...

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