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QUESTÕES COMENTADAS
TRAUMA

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QUESTÃO 1 Com esse conceito básico já seria possível gabaritar a


questão. Todavia, vamos fazer uma breve revisão das
Paciente vítima de atropelamento por caminhão, é le- condutas nas fraturas pélvicas:
vado pelo resgate ao pronto socorro. Na avaliação ini-
cial: A- Vias aéreas pérvias, com colar cervical, Másca- Os pacientes politraumatizados com queixa de dor
ra não reinalante a 100%. B- Murmúrios vesiculares pélvica são assumidos como portadores de uma fratura
diminuidos a direita. SatO2 93%. FR 30 irpm. C - pélvica, até que se prove o contrário. Cerca de 80%
Presença de dois acessos venosos periféricos calibrosos, das fraturas pélvicas podem ser detectadas no exame
TA 80x50 mmHg, FC 126 bpm, enchimento capilar clínico. Abrasões ou contusões são comumente vistas.
de 5s. Abdome flácido, toque retal sem sangramento Embora anteriormente usado como uma técnica de
ou espículas ósseas, tônus normal. Sondagem vesical de exame clínico para identificar a instabilidade pélvica,
demora sem hematúria, com saida de 10ml de urina na “balançar” a pelve, pressionando a crista ilíaca no sen-
primeira hora. Pelve instável. D- Glasgow 14 (4+4+6), tido anteroposterior e laterolateral não deve ser usado
pupilas isofotorreagentes. E- Deformidade em coxa di- sob o risco de agravar lesões pré-existentes, instabilizar
reita e perna direita com suspeita de fratura fechada. a pelve e destamponar eventuais coágulos já formados.
Queixa de dor pélvica sacroilíaca.
Os pacientes que não podem se queixar de dor (intu-
Em relação ao caso acima, assinale a alternativa correta: bados, rebaixados), devem ser submetidos a radiografia
simples da pelve. Apenas pacientes hemodinamica-
A. Deve ser realizado o exame repetido da pelve pres- mente estáveis devem
​​ ser transportados para tomogra-
sionando a crista ilíaca de frente para trás e de lado a fia computadorizada.
lado para avaliar se há instabilidade pélvica associada.
O Advanced Trauma Life Support (ATLS) recomenda
B. Deve ser realizado o FAST, e caso positivo, deverá realizar radiografia de pelve AP em todos os pacientes
ser levado ao centro cirúrgico. com suspeita de lesão pélvica com base em mecanis-
C. Devemos realizar uma radiografia de pelve, pois mos ou achados físicos (dor, instabilidade, equimose
caso venha evidencie fratura pélvica, o paciente deve- em flanco, perineal ou escrotal).
rá ser encaminhado ao centro cirúrgico para realizar Porém, a tomografia é o padrão-ouro para o diagnós-
tamponamento pélvico retroperitonial, sem condutas tico de lesões pélvicas. Possui alta sensibilidade e capa-
adicionais. cidade de delimitação detalhada das fraturas, podendo
D. Deve ser realizado o FAST, caso venha negativo, de- determinar lesões concomitantes, áreas de sangramento
verá ser enviado a UTI para cuidados intensivos, he- arterial e a extensão da hemorragia retroperitoneal. A
motransfusão e tomografia. maioria dos pacientes com trauma fechado hemodi-
namicamente estável com uma fratura pélvica deve ser
avaliada com TC.
EXPLICAÇÃO: (OPÇÃO A) - INCORRETA - este exame não deve
ser realizado mais de uma vez, sob o risco de agravar
Trauma contuso com instabilidade hemodinâmica… lesões pré-existentes, instabilizar ainda mais a pelve e
isso te lembra o que? destamponar eventuais coágulos já formados.
-FAST ou LPD !!!! (OPÇÃO B) - CORRETA
Paciente instável com FAST positivo = CENTRO CI- (OPÇÃO C) - INCORRETA - O raio-x com fratura na
RÚRGICO !!! pelve não exclui outras fontes de hemorragia (abdome, tó-
rax) que devem ser investigadas com o ultrassom FAST.

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(OPÇÃO D) - INCORRETA - Com o FAST negati- EXPLICAÇÃO


vo, além de hemotransfusão, o paciente deverá ser le-
vado ao centro cirúrgico para fixação e tamponamento A mortalidade e a morbidade decorrentes de injúrias
da pelve. orgânicas agudas aumentam diretamente com o enve-
lhecimento e com a presença de doenças crônicas. Par-
Objetivo: revisar alguns aspectos do manejo do pacien- ticularidades do idoso:
te com trauma contuso e suspeita de lesão pélvica.
- Redução da atividade simpática com déficit na resposta do
Lembre-se: receptor às catecolaminas. O idoso não consegue aumentar
a frequência cardíaca ou a eficiência das contrações mio-
-Os pacientes politraumatizados com queixa de dor
cárdicas quando submetido a perda de volume sanguíneo.
pélvica são assumidos como portadores de uma fratura
pélvica; -Sensibilidade de muitos órgãos vitais a variações de
fluxo sanguineo.
-A manobra clássica de pressionar a crista ilíaca no sen-
tido anteroposterior e laterolateral não deve ser usada -O uso de betabloqueadores (comum na população ge-
mais de uma vez sob o risco de agravar lesões pré-exis- riátrica): pode mascarar a taquicardia, que é um dos
tentes principais indicadores precoces do choque.

-A tomografia é o padrão-ouro para o diagnóstico de Em relação à gestação, devemos nos lembrar que a ges-
lesões pélvicas tante possui uma hipervolemia fisiológica da gravidez,
o que torna necessária uma perda sanguínea maior para
que manifestem anormalidade de perfusão.
QUESTÃO 2 (OPÇÃO A) - INCORRETA - O uso de betabloquea-
dores pode mascarar a taquicardia, que é um dos prin-
Os pacientes politraumatizados estão sujeitos a uma cipais indicadores precoces do choque.
série de alterações hemodinâmicas e hematológicas.
Existem alguns grupos de pacientes que apresentam (OPÇÃO B) - INCORRETA - a gestante possui uma
particularidades em relação a resposta ocasionada pela hipervolemia fisiológica da gravidez, o que torna neces-
perda volêmica. No tocante ao atendimento do doente sária uma perda sanguínea maior para que manifestem
politraumatizado, assinale a alternativa correta. anormalidade de perfusão.
(OPÇÃO C) - CORRETA - O idoso manifesta mais
A. O uso de betabloqueadores classicamente pode tardiamente a taquicardia, que é um dos sinais precoces
mascarar um dos sinais tardios de choque. do choque.
(OPÇÃO D) - INCORRETA - Uma das característi-
B. Pequenas perdas volêmicas na grávida geram anor-
cas dos idosos é a sensibilidade de muitos órgãos vitais
malidade de perfusão.
a variações de fluxo sanguíneo.
C. O idoso, em virtude do déficit na resposta às cateco-
Objetivo: Relembrar particularidades de alguns grupos
laminas, acaba por manifestar mais tardiamente o que
específicos e sua resposta individualizada ao choque.
seria um dos sinais precoces do choque.
Gravidez e hipervolemia fisiológica demandando per-
D. Na população geriátrica, faz-se necessário um grau das maiores para manifestar alterações comparado a
de injúria maior para provocar disfunção orgânica, em um indivíduo não hipervolêmico
função da redução da sensibilidade dos órgãos vitais à
variação de fluxo. Idoso e sua senescência com diminuição das respostas
fisiológicas esperadas

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QUESTÃO 3 D. Está indicada a ressuscitação hemostática 1:1:1 (para


cada 1 unidade de concentrado de hemácias, transfun-
Paciente sem comorbidades prévias, 40 anos, vítima de dir também 1 unidade de plasma fresco congelado e 1
capotamento, com ejeção do veículo, sendo encontrado unidade de plaquetas).
pelo resgate com rebaixamento de nível de consciência
com trauma cranioencefálico associado (TCE), sendo
intubado na cena. Já na sala de trauma é feita a ava-
(OPÇÃO A) - INCORRETA - a coagulopatia de che-
liação: A- tubo orotraqueal bem locado, em ventilação
gada é um preditor independente de falência e morta-
mecânica com Fio2 100% B- MV+, a direita, ausen-
lidade multiorgânica.
te a esquerda, satO2 90%. C - TA 70x50mmHg, FC
136bpm, enchimento capilar de 6s. D- Glasgow 3T, (OPÇÃO B) - INCORRETA - A hipotermia apresen-
pupilas isofotorreagentes. E- pelve instável, escoriações tada é moderada (32 a 34 graus Celsius).
em extremidades, temperatura axilar 33 C. Exames co-
lhidos no point of care (extrema urgência): hb 10g/dl, ht (OPÇÃO C) - INCORRETA - A CTA independe da
30%; INR 2,3. Ph 7,2, bic 14, pCO2 30. Em relação acidose e hipotermia para ocorrer.
ao caso clínico, assinale a alternativa correta. (OPÇÃO D) - CORRETA

A. O paciente provavelmente é portador de coagulopa-


tia aguda do trauma, e apesar de esta condição não au- EXPLICAÇÃO:
mentar mortalidade, devemos corrigi-la com reposição
de plasma fresco congelado e plaquetas. De 25% e 35% por cento dos politraumatizados desen-
volvem uma coagulopatia. A coagulopatia nesses pacien-
B. O paciente apresenta uma coagulopatia de provável tes está associada a uma mortalidade 4x maior, inter-
origem multifatorial (acidose metabólica, hipotermia nações mais longas e disfunção multiorgânica, além de
leve, coagulopatia aguda do trauma). uma chance 8x maior de morrer nas primeiras 24h.
C. O paciente apresenta a tríade da morte e a coagu- Observa na tabela abaixo os fatores que contribuem
lopatia traumática aguda apresentada é dependente da para a coagulopatia e seus mecanismos:
acidose e hipotermia.

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FATOR MECANISMO Tratamento

Acidose Redução da atividade do complexo Xa/Va/ Correção do choque (controle


fosfolipídeo/protrombina do sangramento, ressuscitação
volêmica).
Hipotermia Disfunção plaquetária (agregação, ade- Controle do sangramento,
são) e enzimática. cristalóides aquecidos, manta
Hipotermia leve: 34-36C / Moderada 32- térmica.
34C / Grave <32C
Coagulopatia Iatrogênica (grandes reposições com Transfusão de hemoderivados
dilucional cristaloides). precocemente (não infundir
grandes quantidades de cris-
talóide)
Coagulopatia Ativação precoce da fibrinólise por ativa- Limitar cristaloides, transfusão
traumática aguda ção do sistema trombomodulina-proteina 1:1:1 (hemostática).
(CTA) C.

Atenção: a coagulopatia traumática aguda é um com-


(OPÇÃO A) - INCORRETA - a coagulopatia de che-
prometimento da hemostasia e ativação da fibrinólise,
gada é um preditor independente de falência e morta-
a qual que ocorre em resposta a uma lesão grave e é
lidade multiorgânica.
bioquimicamente evidente antes e independente do
desenvolvimento de acidose significativa, hipotermia (OPÇÃO B) - INCORRETA - A hipotermia apresen-
ou hemodiluição. A coagulopatia traumática aguda é tada é moderada (32 a 34 graus Celsius).
mediada principalmente pela ativação do sistema de
trombomodulina-proteína C (lembre-se que a prote- (OPÇÃO C) - INCORRETA - A CTA independe da
ína C (e S) age como anticoagulantes na cascata de acidose e hipotermia para ocorrer.
coagulação). (OPÇÃO D) - CORRETA
A transfusão hemostática (1 concentrado de hemácias Objetivo: Revisão acerca da coagulopatia no paciente
: 1 plasma fresco congelado : 1 unidade de plaquetas) politraumatizado:
acaba por repor vários fatores de coagulação e plaque-
tas, de uma forma generalizada e para todos. Porém, -Normalmente é multifatorial, porém especificamente
nem todos os paciente apresentam necessidade de re- a entidade intitulada CTA pode ocorrer de forma inde-
por todos os fatores de coagulação ou plaquetas. Uma pendente dos outros fatores.
maneira de identificar quais as necessidades específicas -O tratamento baseia-se no controle do sangramento
de cada paciente (plaquetopenia, defeito de fator de associado a correção dos fatores e transfusão precoce
coagulação, hiperfibrinólise primária ou secundária) 1:1:1, a chamada transfusão hemostática.
é através de um exame chamado tromboelastografia.
Uma vantagem desse exame é o monitoramento em
tempo real dos esforços de ressuscitação do politrauma-
tizado. Todavia, é uma tecnologia ainda pouco disponí-
vel e maiores estudos são necessários para sua indicação
de rotina nesses pacientes.

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QUESTÃO 4 A pressão sanguínea é proporcional ao débito cardíaco X


resistência vascular sistêmica (rvs). Nem sempre um au-
Os pacientes politraumatizados estão sujeitos a uma mento da pressão corresponde a um aumento do débito,
série de alterações hemodinâmicas e hematológicas. pode ser simplesmente um aumento da rvs. Lembre-se:
Existem alguns grupos de pacientes que apresentam
particularidades em relação a resposta ocasionada pela -Débito cardíaco = Frequência cardíaca X volume sis-
perda volêmica. No tocante ao atendimento do doente tólico
politraumatizado, assinale a alternativa correta. -Pressão sanguínea = Débito cardíaco X resistência
A. Até 30% dos traumas graves possuem distúrbios de vascular sistêmica
coagulação associado a hipotermia, diluição das pla- -Logo: Com a normalização da pressão sanguínea, não
quetas e fatores de coagulação. podemos assegurar com 100% de certeza que houve
B. Um aumento da pressão sanguínea está associado a normalização do débito cardíaco. Devemos estar aten-
um aumento concomitante do débito cardíaco invaria- tos para a frequência cardíaca, perfusão periférica, dé-
velmente ou, algumas vezes, da recuperação do choque. bito urinário, nível de consciência. Esses são predito-
res de um débito cardíaco suficiente para perfundir e
C. A coagulopatia faz parte da tríade letal do trauma, oxigenar adequadamente a periferia.
composta por: hipotensão, coagulopatia e acidose.
(OPÇÃO A) - CORRETA
D. A definição mais aceita de choque atualmente é: um (OPÇÃO B) - INCORRETA - A pressão sanguínea é
estado de hipotensão associado a hipoperfusão periférica. proporcional ao débito cardíaco X resistência vascular
sistêmica (rvs). Nem sempre um aumento da pressão
corresponde a um aumento do débito, pode ser sim-
EXPLICAÇÃO: plesmente um aumento da rvs isoladamente (por uso
Vamos dissecar esta questão, pois ela aborda temas va- de drogas vasoativas por exemplo).
riados e importantes particularidades…. (OPÇÃO C) - INCORRETA - A tríade letal do trau-
-Sobre a coagulopatia relacionada ao trauma: ma é composta por HIPOTERMIA + ACIDOSE +
COAGULOPATIA.
Até 30% dos traumas graves possuem coagulopatia por
consumo dos fatores de coagulação associado a hipo- (OPÇÃO D) - INCORRETA - A melhor definição de
termia, diluição das plaquetas e fatores de coagulação. choque é: um estado de hipoperfusão periférica com
Quando o doente é sabidamente usuário de anticoagu- oferta inadequada de oxigênio. Nos graus iniciais de
lantes ou antiplaquetários, a administração precoce de choque não há hipotensão.
plasma e/ou plaquetas melhora sua sobrevida. A coa- Take-home message:
gulopatia faz parte da conhecida tríade letal do trauma,
composta também por hipotermia e acidose. É importante relembrarmos particularidades de alguns gru-
pos específicos e sua resposta individualizada ao choque.
-O débito cardíaco e sua relação com a pressão no
-Aumento da pressão não implica obrigatoriamente no
trauma :
aumento do débito cardíaco.
O aumento do fluxo sanguíneo tecidual implica num
-A tríade letal do trauma é composta por HIPOTER-
aumento do débito cardíaco. Um aumento da pressão
MIA + ACIDOSE + COAGULOPATIA.
sanguínea pode não equivaler a um aumento concomi-
tante do débito cardíaco ou da recuperação do choque. -Choque = hipoperfusão tecidual com oferta inadequa-
da de oxigênio.

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QUESTÃO 5 A.
Paciente masculino, 42 anos, vítima de trauma pene-
trante em zona de Ziedler por projétil de arma de fogo
durante assalto é admitido em sala de emergência trazi-
do por transporte terrestre, 25 minutos após o trauma.
Realizado avaliação inicial:
A: vias aéreas pérvias, com colar cervical
B: Murmúrios vesiculares presentes, bilateralmente, FR
20 irpm, Sat O2 90%, ferimento de 1cm de diâmetro,
medial à linha hemeclavicular no 6º espaço intercostal
C: Bulhas rítmicas, hipofonéticas 2 tempos sem sopros,
FC114bpm, PA 90 x 50mmHg, tempo de enchimento B.
capilar 4 segundos. Pelve estável, abdome inocente
D: Glasgow 14 (-AO), pupilas isofotorreagentes
E: Turgência jugular bilateral
Solicitado Radiografia de tórax no leito abaixo

C.

D.

Qual conduta pode ser adotada em sala de emergência


para tratamento inicial desse paciente?

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EXPLICAÇÃO veja a figura

Estamos diante de um paciente com trauma torácico


penetrante em um região do tórax, específica citada na
questão, a Zona de Ziedler, que chega à sala de emer-
gência de um hospital, apresentando-se hipotenso e
taquicárdico.
Até que se prove o contrário, estamos diante de um
caso de hemorragia aguda após um trauma
Se atentarmos um pouco mais para o ABCDE do pa-
ciente, notam-se alguns achados que começam a nor-
tear o raciocínio diagnóstico no caso: Hipofonese de
bulhas cardíacas e turgência jugular bilateral
Solicitado radiografia de tórax que mostrou área cardí-
aca aumentada e ausência de alterações pleuropulmo-
nares.
Vamos aos pontos importantes do enunciado: trauma
penetrante em zona de Ziedler, associado a hipotensão
arterial, bulhas hipofonéticas e turgência jugular bilate-
ral, com essas informações no enunciado o diagnóstico Nessa região estão contidas estruturas importantes
de tamponamento cardíaco se impõe!!!! como o coração, aorta ascendente, crossa aórtica, tron-
co pulmonar, veia cava superior e inferior
Antes de falarmos sobre esse assunto, vamos relembrar
a zona de Ziedler, delimitada: Relembrado essa topografia, voltemos à questão
2º espaço intercostal- superiormente A causa mais comum de tamponamento cardíaco é o
trauma penetrante de tórax, embora no trauma contu-
6º espaço intercostal - inferiormente
so também possa ocorrer essa complicação. O Sangue
linha axilar anterior à esquerda e linha paresternal di- que se acumula no espaço pericárdico provém de três
reita locais principalmente; os vasos pericárdicos, os vasos da
base e as câmaras cardíacas. Um hemopericárdio volu-
moso interfere no enchimento cardíaco, reduz o volu-
me ejetado em cada sístole e afasta o coração da parede
torácica, causando:
hipofonese das bulhas cardíacas
hipotensão arterial
turgência jugular
Essas alterações, em conjunto, é chamado de Tríade de
Beck

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Em um ambiente tumultuado e estressante com o de Antes do procedimento intervencionista, o paciente


uma sala de trauma pode dificultar a avaliação clínica deve ter uma reposição volêmica adequada como pre-
correta do paciente e os sinais cardinais acima podem conizado pelo ATLS com a finalidade de estabilizar o
passar desapercebidos. Também o pneumotórax hiper- sinais vitais do doente e excluir outras causas para o
tensivo, principalmente à esquerda, com desvio do me- choque.
diastino pode dificultar o diagnóstico ou ser elemento
de confusão. Para confirmar o diagnóstico, utiliza-se Outro ponto importante, é atentar para pacientes com
três estratégias complementares: o FAST, a Janela peri- trauma torácico em PCR com rítmo em AESP (ativi-
cárdica e o ecocardiograma. O FAST é o principal mé- dade elétrica sem pulso), a causa pode ser o tampona-
todo utilizado e apresenta acurácia de 90 a 95% com mento cardíaco, entre outros diagnósticos diferenciais
profissional experiente. (pneumotórax hipertensivo, hipovolemia e ruptura
cardíaca).
Aproveitando o tema, vamos relembrar a indicação
de toracotomia de reanimação no trauma penetrante
de tórax na sala de emergência. Antes vale mencionar
algumas condições para que o procedimento seja rea-
lizado:
1. Um cirurgião qualificado deve estar presente
2. Adequada reposição volêmica
3.Nos paciente em PCR deve haver algum sinal de
vida: pupilas reativas, movimentos espontâneos ou ati-
vidade eletrocardiografica organizada (AESP).
4.Trauma torácico fechado, ainda que apresentem os
critérios acima, NÃO são candidatos a toracotomia de
reanimação em sala de emergência.
FAST Essas regras valem tanto no atendimento pré como no
intra hospitalar.
O tratamento desses é a evacuação imediata do sangue
acumulado no pericárdio cirurgicamente. Contudo, se
as condições clínica do paciente não permitirem, ou
se não houver profissionais com experiência nesse pro-
cedimento, pode-se realizar uma pericardiocentese até
que o paciente se estabilize e/ou profissional capacitado
seja chamado. A vantagem desse procedimento é ser te-
rapêutica e diagnóstica, já a limitação ocorre quando há
coágulo no espaço pericárdico. O tratamento definitivo
será a exploração cirúrgica do pericárdio para verificar
a origem do sangramento e controlá - la. A pericardio-
tomia via toracotomia é indicada apenas quando um
cirurgião habilitado estiver disponível.

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(OPÇÃO A) INCORRETA A figura mostra uma to-


racoesternotomia ou bitoracotomia transesternal com
incisão de clamshell. Essa incisão é um ampliação da
toracotomia, devendo ser realizada quando há necessi-
dade de ampliar o campo cirúrgico ou suspeita de san-
gramento contra lateral. Não é o procedimento inicial
na sala de emergência.
(OPÇÃO B) INCORRETA A imagem mostra uma
toracocentese descompressiva no 2º espaço intercostal,
na linha hemiclavicular do hemitórax com pneumotó-
rax hipertensivo.
(OPÇÃO C) CORRETA Como visto no texto acima,
a pericardiocentese é indicado como procedimento ini-
cial na suspeita de tamponamento cardíaco para trata-
mento, ao escoar sangue do espaço pericárdico e diag-
nóstico para confirmar a presença de sangue ou outro
fluido.
(OPÇÃO D) INCORRETA a imagem mostra um,
ou melhor, dois drenos pericárdico, esse recurso pode
se necessário após o procedimento de toracotomia ou
qualquer cirurgia que envolva a exploração do medias-
tino ou estruturas adjacentes

Objetivos da toracotomia de reanimação: Objetivo da questão: O objetivo da questão entender


o tamponamento cardíaco e suas repercussões hemodi-
Toracotomia de reanimação nâmicas, o diagnóstico baseado nos sinais característico
A. Evacuação do sangue contido no saco pericárdico e com exames complementares, bem como o tratamen-
to inicial com a pericardiocentese e definitivo com a
B. Controle direto da hemorragia intratorácica exsan- toracotomia para exploração pericárdica. Rever zona
guinate de Ziedler e os critérios de toracotomia de reanimação.
C. Massagem cardíaca aberta
D. clampeamento da aorta descendente para privilegiar
a circulação para o coração e o cérebro.
Diante dessas informações, temos condições de analisar
as resposta

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QUESTÃO 6 EXPLICAÇÃO:
Paciente vítima de colisão moto x caminhão, é trazido No choque hemorrágico, a terapia inicial é feita com um
pelo resgate ao pronto socorro. Resgate informa que bolus de cristaloide aquecido, 1 a 2 litros, ou 20ml/kg
havia grande quantidade de sangue na cena, provenien- em crianças. Após isso, observa-se a resposta do paciente.
te do trauma de extremidades. Na avaliação inicial: O volume total de fluidos a ser administrado após isso
dependerá da resposta do paciente através do nível de
A- Vias aéreas pérvias, com colar cervical, Máscara não consciência, perfusão periférica e débito urinário.
reinalante a 100%.
Se, durante ressuscitação, a quantidade de fluido ne-
B- MV+, simétrico sem RA. SatO2 97%. FR 30irpm. cessária para restaurar ou manter uma perfusão do ór-
C - Presença de dois acessos venosos periféricos calibro- gão adequada excede demasiadamente as estimativas
sos, TA 80x50mmHg, FC 126bpm, enchimento capi- da perda de sangue, deve-se pensar em ferimentos não
lar de 5s. Abdome flácido, sangramento contido em reconhecidos ou outras causas de choque associadas.
membro inferior direito. Toque retal sem sangramento Onde buscar a fonte de sangramento além das perdas
ou espículas ósseas, tônus normal. Sondagem vesical de para o meio externo: há 4 lugares no corpo passíveis de
demora sem hematúria, com saida de 10ml de urina na perda sanguínea o suficiente para causar choque hipo-
primeira hora. volêmico graves, de pelo menos grau III: tórax, abdo-
D- Glasgow 14 (4+4+6), pupilas isofotorreagentes. me, pelve (retroperitônio), e coxa.

E- trauma complexo de extremidades com sangramen- No entanto, não devemos administrar volume de modo
to contido com torniquete. Escoriações em membros excessivo, pois pode exacerbar tríade letal de coagulo-
superiores. Em relação ao caso clínico, assinale a alter- patia, acidose e hipotermia, com ativação da cascata
nativa correta: inflamatória.
Nos traumas penetrantes com sangramento ativo, sem
possibilidade de hemostasia cruenta imediata, deve-se
A. Deve ser infundido 1 litro de cristalóide aquecido, evitar a ressuscitação volêmica agressiva até que seja
iniciando os hemoderivados o mais precocemente pos- feito um controle definitivo do sangramento.
sível, avaliando a resposta através do nível de consciên-
cia, perfusão periférica e débito urinário. Esse conceito chama-se hipotensão permissiva e foi es-
tudado em modelos animais, observando que naqueles
B. Deve-se infundir 2 litros de cristaloides aquecidos, com sangramento incontrolável, a reposição agressiva
independente do volume administrado no pré hospita- estava a associada a maior sangramento, coagulopatia e
lar, avaliando a resposta em seguida. aumentando de mortalidade comparado a uma ressus-
C. Deve-se adotar a estratégia da hipotensão permissi- citação objetivando menores pressões arteriais (PAM
va, não administrado cristaloides pelo risco de agravar 65 mmhg). Um estudo prospectivo avaliou a ideia de
a hemorragia. ressuscitação tardia em vítimas de trauma penetrante
de tronco. Aqueles pacientes que receberam menos
D. A perda de sangue com consequente perda do car- fluidos no pré hospitalar e no centro de trauma antes
reador de oxigênio (hemoglobina) para os tecidos é o da cirurgia apresentaram aumento de sobrevida e redu-
componente mais importante para o choque apresen- ção do tempo hospitalar. Porém, trata-se de um estudo
tado. com algumas falhas metodológicas e esse é um tema
ainda bastante controverso, com estudos conflitantes.
O que ainda se pode afirmar é: reduzir a quantidade

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de cristaloides e iniciar hemoderivados o mais precoce QUESTÃO 7


possível parece ser a melhor estratégia.
Analise os casos abaixo e assinale a alternativa correta:
(OPÇÃO A) - CORRETA
1 - Politrauma, da entrada com FR 20 rpm, FC 120
(OPÇÃO B) - INCORRETA - Segundo o ATLS, o bpm, TA 100x80mmhg; nova aferição pós infusão
volume administrado deve ser baseado na perda de de 1 litro de cristalóide: FR 18 rpm, FC 90 bpm, TA
sangue (em torno de 1 litro inicialmente incluindo o 110x70mmhg.
valor já administrado no pré hospitalar). Por isso a im-
portância de saber quanto foi administrado de volume 2 - Politrauma, da entrada com FR 30 irpm, FC 130
antes do paciente chegar ao hospital. bpm, TA 80x50 mmHg; nova aferição pós infusão de
2 litros de cristaloide: FR 24 rpm, FC 100bpm; TA
(OPÇÃO C) - INCORRETA - a estratégia da hipo- 100x70; meia hora após, re-aferidos os sinais vitais: FR
tensão permissiva pode ser utilizado em trauma pe- 35 rpm/ FR 128bpm; TA 84x52mmHg.
netrante com sangramento ativo, no intuito de evitar
um aumento importante da pressão arterial com exsan- 3 - Politrauma, da entrada com FR 40 rpm, FC
guinação do paciente, sendo utilizado como uma ponte 140bpm; TA 60 X 40 mmHg; nova aferição após in-
para o tratamento cirúrgico, devendo ser feito de ma- fusão de 2 litros de cristaloide: mantidos os mesmos
neira cuidadosa e balanceada com reavaliações frequen- parâmetros.
tes. Neste caso exposto, a fonte de sangramento era o
trauma de membros inferiores, a qual já foi controlada, A. O paciente 2 apresentou apresentou uma perda es-
não havendo benefício de manter o paciente hipotenso. timada de 20 a 40% do volume sanguíneo, estando in-
(OPÇÃO D) - INCORRETA - o componente mais dicados a administração de 1 a 2 litros de cristalóide e
importante da hipoperfusão tecidual não é a queda de o início de transfusão sangüínea.
hemoglobina, mas a queda da pré carga pela perda de B. O paciente 3 não apresentou resposta à terapia ini-
volume intravascular. cial, e provavelmente apresenta outra causa de choque
Objetivos da questão: revisar aspectos importantes da associada ao hemorrágico (distributivo, cardiogênico).
ressuscitação volêmica inicial no cenário de choque he- C. Apesar da resposta rápida, o paciente 1 se benefi-
morrágico ciará de concentrado de hemácias para repor o volume
-A terapia inicial é feita com um bolus de cristaloide que foi perdido
aquecido, 1 a 2 litros ou 20ml/kg em crianças, acompa- D. Para o paciente com resposta parcial, devemos trans-
nhado de avaliação da fluidorresponsividade. fundir hemoderivados, manter reposição de cristalói-
-No choque persistente devemos pensar em perda ati- des, podendo postergar o tratamento cirúrgico enquan-
va de sangue (tórax, abdome, pelve) ou mesmo outras to houver resposta parcial às alíquotas administradas.
causas de choque associadas (cardiogênico, neurogêni-
co, séptico, distributivo).
(OPÇÃO A) - CORRETA
(OPÇÃO B) - INCORRETA - provavelmente o pa-
ciente continua sangrando ou a terapia fluida inicial foi
inadequada. Outra causa de choque associada além do
hemorrágico não é algo provável e, apesar de possível,
ficaria como terceira hipótese.

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14 | QUESTÕES COMENTADAS - TRAUMA

(OPÇÃO C) - INCORRETA - nesses casos não há in- Resposta transitória à reposição volêmica inicial:
dicação de hemoderivados.
A maioria dos doentes responde à reposição inicial rá-
(OPÇÃO D) - INCORRETA - esses pacientes prova- pida. Entretanto, em alguns pacientes, a medida que se
velmente apresentam sangramento ativo e o tratamento reduz a velocidade de infusão, a perfusão periférica pio-
para parar a hemorragia deve ser urgente (seja cirúrgico ra, indicando que o estado circulatório está deterioran-
ou embolização). do, o que significa sangramento persistente ou reani-
mação inadequada. A maioria desses doentes teve perda
sanguínea inicial estimada entre 20 a 40% do volume
EXPLICAÇÃO: sanguíneo. Nestas condições estão indicados a adminis-
tração contínua de líquidos e o início de transfusão san-
Estamos diante do tema intitulado: decisão terapêutica
guínea (com compatibilidade ABORh), além da identi-
baseado na resposta à terapia fluida inicial.
ficação da fonte de sangramento e abordagem cirúrgica.
Observe atentamente a tabela abaixo:

Resposta a Ressuscitação Volêmica Inicial (2000ml de cristaloide ou 20ml/kg de ringer lactato em crianças)

RESPOSTA RÁPIDA RESPOSTA TRANSITÓRIA RESPOSTA MÍNIMA OU


AUSENTE
Sinais vitais Retorno ao normal Melhora transitória, com recorrência Permanecem anormais
da hipotensão e taquicardia

Perda sanguínea Mínima (10-20%) Moderada e ativa (20-40%) Grave (>40%)


estimada

Necessidade de mais Baixa Baixa a moderada Moderada com uma ponte para
cristaloides a transfusão

Necessidade de sangue Baixa. Tipado e com pro- Moderada a alta. Tipado. Imediata, liberado em caráter
va cruzada de emergência (tipo O)
Necessidade de interven- Possivelmente Provavelmente Muito provável
ção cirúrgica

Presença precoce do Sim Sim Sim


cirurgião

Resposta rápida à reposição volêmica inicial: Resposta mínima ou ausente à reposição volêmica
inicial:
Um pequeno grupo de doentes responde rapida-
mente à reposição volêmica inicial rápida, e perma- Essa resposta ocorre numa porcentagem pequena, po-
nece estável e hemodinamicamente normal quando rém, significativa, de pacientes traumatizados. A falta
a reposição inicial é completada e a velocidade de de resposta à administração adequada de cristalóides e
infusão é reduzida para níveis de manutenção. Es- de sangue indica a necessidade de intervenção cirúrgica
ses pacientes tiveram uma perda pequena da volemia de emergência para controlar uma grande hemorragia.
(inferior a 20%). Para esse pequeno grupo de pa- Em casos raros (e não provavelmente como fala a al-
cientes não está indicado administração adicional de ternativa), uma resposta inadequada pode ser devida à
soros ou a infusão imediata de sangue. Sangue tipa- falência de bomba, resultante de contusão miocárdica
do com prova cruzada deve ser mantido disponível. ou de tamponamento cardíaco, choque cardiogênico,

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QUESTÕES COMENTADAS - TRAUMA | 15

neurogênico, obstrutivo ou séptico (ainda mais rara- QUESTÃO 8


mente). Nesses casos haverá necessidade de liberação
imediata do hemoderivado (tipo O, e em mulheres de No paciente com choque hemorrágico e impossibilida-
idade fértil O negativo para prevenir sensibilização ao de de acesso venoso periférico, pode-se optar por:
rh), pois a tipagem leva pelo menos 10 minutos e a A. Acesso em veia femoral, lateralmente ao espaço lin-
contra prova pelo menos uma hora. fático, com cuidado para não puncionar a artéria, in-
tercorrência que habitualmente cursa com surgimento
de um pseudoaneurisma.
(OPÇÃO A) - CORRETA
B. Acesso intraósseo, em porção anteromedial de tíbia,
(OPÇÃO B) - INCORRETA - provavelmente o pa- direcionando a agulha de aspiração de medula óssea
ciente continua sangrando ou a terapia fluida inicial foi num ângulo de 45 a 60 graus cranialmente, avançando
inadequada. Outra causa de choque associada além do através do córtex para dentro da medula óssea.
hemorrágico não é algo provável e, apesar de possível,
ficaria como terceira hipótese. C. Acesso venoso central na veia femoral, após palpa-
ção do pulso femoral, direcionando a agulha cranial-
(OPÇÃO C) - INCORRETA - nesses casos não há in- mente, medialmente à artéria femoral
dicação de hemoderivados.
D. Acesso intraósseo como reanimação de emergên-
(OPÇÃO D) - INCORRETA - esses pacientes prova- cia, podendo infundir sangue e cristaloides. Sendo sua
velmente apresentam sangramento ativo e o tratamento punção preferencial na tuberosidade tibial.
para parar a hemorragia deve ser urgente (seja cirúrgico
ou embolização).
(OPÇÃO A) - INCORRETA - o pseudoaneurisma é
uma complicação rara, em torno de 0,05% dos casos.
Objetivo da questão: Saber identificar o tipo de res-
posta apresentado pelo paciente politraumatizado bem (OPÇÃO B) - INCORRETA - incorreta, pois a agulha
como as condutas subsequentes. Em todos os casos de- deve ser direcionada inferiormente, fugindo da placa
verá ter uma equipe cirúrgica e sangue disponíveis. epifisária.

-Resposta rápida: vigilância cuidadosa com possibilida- (OPÇÃO C) - CORRETA


de de cirurgia. (OPÇÃO D) - INCORRETA - A punção não é feita
-Resposta transitória: indica manutenção do sangra- na tuberosidade mas sim na superficie anteromedial da
mento e reflete uma perda de 20 a 40% da volemia. tibia, 1 a 3 cm abaixo da tuberosidade tibial.
Identificar e tratar a causa. Lembrar de outras causas de
choque no diagnóstico diferencial.
-Resposta ausente: intervenção imediata, concentra-
do de hemácias imediato (O negativo) enquanto não
houver tipagem sanguínea com prova e contra prova
disponíveis.

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16 | QUESTÕES COMENTADAS - TRAUMA

EXPLICAÇÃO: No acesso intraósseo, segue-se os seguintes passos:

Na impossibilidade de acessos periférico, opta-se ou 1.Decúbito dorsal, com flexão de 30 graus do joelho.
por acesso venoso central pela técnica de Seldinger
2.Antissepsia e anestesia no ponto de punção: fazer an-
(utilizando fio guia), ou pela dissecção da veia safena
teromedial da tíbia, 1 a 3 cm abaixo da tuberosidade
magna na região anterior ao maléolo medial. Pode-se
tibial
ainda realizar a punção intraóssea.
3.Introduzir a agulha de aspiração de medula óssea ou
Para o acesso na veia femoral devemos lembrar da dis-
cateter de peridural de 18G num ângulo de 90 graus
posição das estruturas na região inguinal.
até alcançar o osso, direcionando então caudalmente
num ângulo de 45 a 60 graus, num movimento de ro-
tação.
4.Remover o mandril e conectar a agulha a uma seringa
de 10ml com 6ml de soro e tracionar o êmbolo suave-
mente. A aspiração de medula óssea indica entrada da
agulha na cavidade medular.
5.Injetar soro na agulha para expelir qualquer coágulo
que possa estar obstruindo. Se fluir facilmente sem for-
mar edema ao redor, indica que esta bem posicionada
(mesmo que não tenha conseguido aspirar medula na
etapa anterior). Outro sinal de bom posicionamento:
agulha firme sem necessidade de apoio.
6.Conecta a agulha ao equipe para infunsão dos fluidos
De lateral para medial, a sequência de estruturas é: ner- desejados. Introduzir mais a agulha até que seu encaixe
vo femoral, artéria femoral, veia femoral e espaço linfá- se apoie na pele.
tico (mnemônico ‘’navel’’). Portanto a veia está medial 7.Curativo e reavaliação frequente.
a artéria e lateral ao espaço linfático. Deve-se palpar o
pulso da artéria e puncionar medialmente e em sentido Pode-se infundir cristaloides, drogas vasoativas, hemo-
cranial, onde deveremos encontrar a veia. derivados, antibióticos.

O pseudoaneurisma é uma complicação bastante rara,


não sendo nem citada muitas vezes. As complicações de
acessos central em geral são divididas em dois grupos:
imediatas e tardias.

IMEDIATAS TARDIAS
-Sangramento -Infeção
-Punção arterial -Trombose/embolia
-Arritmia -Migração/embolização do cateter
-Mal posicionamento do cateter -Perfuração miocárdica
-Embolia gasosa
-Hemotórax/pneumotórax (jugular e subclavio).

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QUESTÕES COMENTADAS - TRAUMA | 17

(OPÇÃO A) - INCORRETA - o pseudoaneurisma é


uma complicação rara, em torno de 0,05% dos casos. evolui com rebaixamento do nível de consciência, sen-
do necessária intubação orotraqueal para proteção de
(OPÇÃO B) - INCORRETA - incorreta, pois a agulha via aérea.
deve ser direcionada inferiormente, fugindo da placa
epifisária. Quanto ao cenário apresentado, assinale a alternativa
correta:
(OPÇÃO C) - CORRETA
A. O quadro apresentado é compatível com lesão axo-
(OPÇÃO D) - INCORRETA - A punção não é feita nal difusa.
na tuberosidade mas sim na superficie anteromedial da
tibia, 1 a 3 cm abaixo da tuberosidade tibial. B. O quadro é compatível com hematoma subdural
agudo, por lesão da artéria meníngea média.
Objetivos: revisar aspectos técnicos do acesso femoral e
acesso intraósseo: C. O paciente apresentou um intervalo lúcido, típico
da concussão cerebral
-A disposição dos elementos na região inguinal de la-
teral para medial é: NAVEL: Nervo Femoral, Artéria D. A sintomatologia do paciente é normalmente visto
femoral, Nervo Femoral, Espaço Linfático. nos casos de hematoma epidural.

-Um dos pontos possíveis de acesso intraósseo é na face


anteriomedial da tibia, 1 a 2 cm abaixo da tuberosidade (OPÇÃO A) - INCORRETA - Na lesão axonal difusa
tibial, direcionando a agulha caudalmente após atingir o paciente apresenta normalmente um estado comato-
o osso. so persistente (>6h pelo menos, por vezes semanas a
meses - quem não lembra do Michael Schumacher?).

QUESTÃO 9 (OPÇÃO B) - INCORRETA - O hematoma subdural


ocorre por lesão das veias ponte.
Paciente vítima de queda de 5 metros, com perda de
consciência na cena. Após 10 minutos, é atendido pelo (OPÇÃO C) - INCORRETA - A concussão cerebral
resgate terrestre, com o seguinte exame físico: normalmente não apresenta piora tardia. Por definição,
trata-se de uma perda temporária da função neurológi-
A: vias aéreas pérvias, controle cervical com colar, co- ca com duração <6h.
xim e prancha. Oferta de O2 com máscara não reina-
lante (OPÇÃO D) - CORRETA

B: Toráx simétrico, murmúrios vesiculares presentes bi-


lateralmente, satO2 97%, FR 20 irpm; EXPLICAÇÃO:
C: sem sangramento ativo, acesso periférico pervio. PA Em se tratando de trauma cranioencefálico temos que
110x70 mmHg, FC 98bpm ter em mente as principais condições apresentadas pe-
D: glasgow 15, pupilas isofotorreagentes los pacientes e suas características:

E : deformidade em perna direita sugestivo de fratura


fechada.
Próximo do hospital de trauma de destino, paciente

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18 | QUESTÕES COMENTADAS - TRAUMA

Lesão Cerebral Sintomas Tomografia (descrição) Imagem


Concussão Cerebral (trau- Sintoma neurológico <6h Tomografia normal. A mi-
ma cranioencefálico leve). (rebaixamento, confusão, noria pode apresentar le-
amnésia). sões variadas: contusões,
hematomas, hemorragia
subaracnóidea, edema
cerebral. Caso apresente
contusão, o aspecto será
de “sal-e-pimenta”, que
representa pontos de
hemorragias permeando
o parênquima normal.

Lesão axonal difusa Estado comatoso persisten- Múltiplas pequenas áreas


te (>6h) ovaladas esparsas hemor-
rágicas ou hipoatenuan-
tes (principalmente na
interface entre a substân-
cia branca e cinzenta)

Hematoma subdural Forma aguda: até dois dias Imagem hiperdensa que
do evento (50% apresenta- acompanha a convexi-
-se com coma). Um terço dade cerebral. Cruza as
pode apresentar intervalo suturas do osso (a super-
lúcido. fície interna é côncava)
mas não se adentra nas
Forma subaguda: início de 3 fissuras e nem nos sulcos.
a 14 dias do trauma
Forma crônica: após 2 se-
manas - cefaléia, déficit
neurológico insidiosos.
Hematoma epidural (ou Espectro variado, metade Imagem hiperdensa, bi-
extradural) apresentando intervalo lú- convexa. Não cruzam os
cido. limites das suturas ósseas
(estão localizados entre o
osso e a dura).

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QUESTÕES COMENTADAS - TRAUMA | 19

Intervalo lúcido é um período de lucidez posterior à QUESTÃO 10


perda de consciência, seguido de deterioração neuroló-
gica novamente. A perda de consciência inicial é atri- Paciente vítima de colisão moto x carro, é trazido pelo
buída à concussão cerebral. Seguido por um período resgate ao pronto socorro. Perda de quantidade consi-
de melhora e em seguida, em virtude de sangramento derável de sangue pela amputação traumática de perna.
intracraniano, ocorre hipertensão intracraniana e nova Intubado na cena por rebaixamento do nível de consci-
deterioração neurológica. É tipicamente visto no he- ência. Avaliação na sala de trauma: A- tubo bem loca-
matoma epidural, porém também pode ocorrer no do, acoplado a ventilação mecânica. B- MV+, reduzi-
subdural. do a direita. SatO2 94%. C - Presença de dois acessos
venosos periféricos calibrosos, TA 80x50 mmHg, FC
(OPÇÃO A) - INCORRETA - Na lesão axonal difusa 140bpm, enchimento capilar de 5s. Abdome flácido,
o paciente apresenta normalmente um estado comato- sangramento contido com torniquete em membro infe-
so persistente (>6h pelo menos, por vezes semanas a rior direito. D- Glasgow 3T, pupilas mióticas por efeito
meses - quem não lembra do Michael Schumacher?). de opioides. E- trauma complexo de extremidades com
sangramento contido com torniquete. Em relação ao
(OPÇÃO B) - INCORRETA - O hematoma subdural
caso clínico, assinale a alternativa correta:
ocorre por lesão das veias ponte.
(OPÇÃO C) - INCORRETA - A concussão cerebral
A. Deve-se iniciar o protocolo de transfusão maciça,
normalmente não apresenta piora tardia. Por definição,
pois apesar de estudos indicarem que não melhora des-
trata-se de uma perda temporária da função neurológi-
fecho, há redução de sequelas neurológicas e tempo de
ca com duração <6h.
internação.
(OPÇÃO D) - CORRETA
B. Apenas pela hipotensão e taquicardia apresentada, fe-
cha-se critério de abrir protocolo de transfusão maciça.

Objetivo: C. Como o trauma apresentado é contuso, não há indi-


cação de ativar protocolo de transfusão maciça (PTM).
Relembrar as principais alterações associadas aos trau-
matismos cranioencefálicos. D. Deve-se infundir volume na proporção 1:1:1 sendo
1 litro de cristaloide : 1 concentrado de hemácias : 1
-Concussão cerebral (TCE leve): tc normal ou lesões plasma fresco congelado (PFC), observando a resposta
variadas. pela perfusão e diurese.
-LAD: Múltiplas pequenas áreas ovaladas esparsas he- (OPÇÃO A) - INCORRETA - O PTM melhora prog-
morrágicas ou hipoatenuantes nóstico.
-Epidural: biconvexa, não cruza limites das suturas ós- (OPÇÃO B) - CORRETA
seas
(OPÇÃO C) - INCORRETA - Apesar de um dos
-Subdural: acompanha a convexidade cerebral, sem res- critérios do ABC ser trauma penetrante, o paciente já
peitar limites das suturas. possui dois critérios de PTM (sistólica <90 e FC > 120
bpm).
(OPÇÃO D) - INCORRETA - a proporção 1:1:1 se
refere a 1 concentrado de hemaceas para 1 bolsa de
PFC para 1 unidade de plaquetas.

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20 | QUESTÕES COMENTADAS - TRAUMA

EXPLICAÇÃO: (OPÇÃO A) - INCORRETA - O PTM melhora prog-


nóstico.
Transfusão maciça: definida como necessidade de >10
Unidades de sangue em 24h de admissão. Ou na de- (OPÇÃO B) - CORRETA
finição revisada como necessidade de 10 unidades ou
(OPÇÃO C) - INCORRETA - Apesar de um dos
mais em 6h.
critérios do ABC ser trauma penetrante, o paciente já
O protocolo de transfusão maciça deve estar dispo- possui dois critérios de PTM (sistólica <90 e FC > 120
nível em qualquer hospital que atende doentes poli- bpm).
traumatizados. Deve ser ativado precocemente ao re-
(OPÇÃO D) - INCORRETA - a proporção 1:1:1 se
conhecer um paciente com hemorragia grave, pois isso
refere a 1 concentrado de hemaceas para 1 bolsa de
melhora o desfecho do paciente politraumatizado.
PFC para 1 unidade de plaquetas.
Como reconhecer esse doente e ativar o protocolo de
transfusão maciça?
Objetivos: revisar as indicações de PTM. Existem vá-
Existem vários scores. Vamos ensinar um dos mais uti-
rios critérios possíveis de serem utilizados, mas em um
lizados, que leva em conta 4 fatores (score ABC - Asses-
dos mais utilizados (ABC), está indicado na presença
sment of blood consumption):
de dois dos 4 critérios abaixo:
-Trauma penetrante
-Trauma penetrante
-FAST positivo
-FAST positivo
-Pressão sistólica < 90 mmHg
-Pressão sistólica < 90mmHg
-FC >120bpm
-FC >120bpm
Um mnemônico para você guardar isso...
O PENETRA (trauma penetrante) bebeu “rápido”
(FAST), foi embora em menos de 90 minutos (PA<90),
no seu carro a mais de 120km por hora (FC>120),
atropelando 2 pedestres (2 critérios).
A presença de dois ou mais critérios prediz a necessi-
dade de transfusão maciça com uma sensibilidade de
75% e especificidade de 86%.
-Uma medida que melhora a sobrevida dos doentes
com choque hemorrágico é o denominado tratamen-
to balanceado ou hemostático ou reanimação de con-
trole de danos. Trata-se de administrar precocemente
sangue, plasma, plaquetas agressivamente e cristaloides
minimamente (transfusão 1:1:1, o que significa para
cada bolsa de concentrado de hemácias deve-se trans-
fundir 1 bolsa de plasma fresco congelado e 1 unidade
de plaquetas).

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QUESTÕES COMENTADAS - TRAUMA | 21

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22 | QUESTÕES COMENTADAS - TRAUMA

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