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profundidade extraordinários → devido às condições da vida política e ⮚ o direito, por estar inserido nessa explicação mítica, não se pode
social ateniense singularizar, justificar, individualizar, uma vez que está
submetido ao mesmo apelo ao mistério e ao sobrenatural
● Atenas, nos séculos V e IV a.C, é uma democracia plena
● os filósofos físicos gregos antigos laicizam a noção de justiça
⮚ cada cidadão participa intensamente da vida pública
⮚ buscam uma explicação do mundo natural (physys) baseada
▪ na Ágora, no Conselho (quando eleito) ou no magistrado
essencialmente em causas naturais → elaboram sua noção de
(quando sorteado) ordem natural
● as discussões sobre direito e a política são assuntos de todos ▪ é nesse contexto, que se descobre os germes da teoria do
● a filosofia grega do direito é de uma riqueza prodigiosa – o clima de direito natural
liberdade que a vida pública ateniense oferece o aparecimento de ❖ a ruptura com o pensamento mítico não se dá se forma completa e
diversas tendências políticas imediata
⮚ encontrando-se entre os filósofos gregos partidários e inimigos ✔ Noções fundamentais do novo pensamento filosófico-científico
da democracia, nacionalistas atenienses, partidários da união da
Grécia ou até do cosmopolitismo ● Physis – A natureza é ordenada e a explicação causal dos processos
✔
e fenômenos naturais deve ser buscada a partir de causas puramente
Período Arcaico
naturais. A chave da compreensão da realidade natural encontra se
● O padre De Francisci propôs caracterizar a política grega pela nessa própria realidade e não fora dela
palavra nomocracia ● Causalidade - o estabelecimento de uma conexão causal entre
⮚ entre o povo grego havia um culto consciente do nómos determinados fenômenos naturais constitui a forma básica da
explicação científica realidade
(costume próprio a uma polis; ordem social; direito) e da justiça
● Arqué – (elemento primordial) – serve de ponto de partida para
● O senso da justiça exprime-se em primeiro lugar sob uma forma
todo o processo a fim de evitar a regressão da causalidade ao infinito
teológica, mitológica
na physys
⮚ crença no pensamento mítico (apelo ao mistério, ao
● Kosmos – é o mundo natural enquanto realidade ordenada de
sobrenatural e à magia – tudo é governado por uma realidade
acordo com princípios racionais. É uma ordem hierárquica que se
exterior ao mundo humano e natural, superior, misteriosa e
opõe ao caos. É uma ordem racional, existem princípios e leis que
divina) e na transcendência do direito
regem, que organizam essa realidade
⮚ mito como vivência - o mito confunde-se com a maneira dos
● Logos – é o discurso racional, argumentativo, em que explicações
indivíduos de vivenciar a realidade
são justificadas e estão sujeitas à crítica e à discussão
✔ Pitágoras ⮚ A reação de alguns sofistas que parecem ter feito apelo,
conforme os diálogos de Platão, à lei de natureza (physis), contra
● O número é a essência de todas as coisas
a lei da polis
● Os pitagóricos definiam a justiça como “aquilo que um sofre por ⮚ Os sofistas marcam a passagem do período cosmológico para o
algo” período antropológico, centrado em questões linguísticas,
● A justiça se caracteriza como uma relação aritmética de igualdade gramaticais, epistemológicas e jurídicas
entre dois termos ⮚ As características gerais dos sofistas são as seguintes
⮚ a igualdade é o elemento essencial da justiça, que, por sua vez, se ▪ Relativismo - tudo que existe é não permanente, mutável e
funda na ordem natural, objetiva das coisas, presidida pela lei do plural. Tudo muda, as essências das coisas são variáveis e
número e não na simples vontade humana contingentes
✔ Heráclito ▪ Subjetivismo - não existe verdade objetiva. As coisas são
● sua ideia central é a realidade como mudança, em perpétuo devir. como aparecem a cada um «O homem é a medida de todas
as coisas » (Protágoras)
⮚ o devir nasce dos contrastes, pois toda coisa leva em si mesma o ▪ Ceticismo - não podemos conhecer coisa alguma com certeza
seu oposto. Da luta dos contrastes nasce uma nova síntese que,
por sua vez, terá a sua antítese ▪ Convencionalismo jurídico – não existem leis imutáveis, já
▪ o fluxo ininterrupto do devir está presidido por uma lei que não possuem qualquer fundamento na natureza e nem
foram estabelecida pelos deuses, mas são simples
universal – o logos → aportação essencial de Heráclito para convenções dos homens para poderem viver em sociedade
a filosofia jurídica: dessa lei única, natural, se nutrem as leis
humanas ▪ Utilitarismo - mais do que servir ao Estado, os sofistas
A FILOSOFIA DO DIREITO DE PLATÃO ● “Platão na verdade só chegou à filosofia pela política e para política”
estranho às doutrinas do democratismo ⮚ ao ir buscar no ideal as fontes de direito, muito longe do mundo
⮚ só é direito o que o homem da arte descobriu por meio de uma tal como ele é, Platão concebe normas de direito muito
exigentes, muito distantes do uso efetivo, um direito fortemente
ciência especulativa, que é a ciência do díkaion normativo
⮚ Platão procura o justo pela observação objetiva dos seres, do ▪ gosto de utopia
mundo exterior
✔ Teoria das leis positivas
▪ método de investigação é cósmico → alimenta-se da visão do
cosmos, do universo exterior a nós ● a doutrina de Platão sobre as fontes do díkaion é utópica,
A legislação deve prever a igualdade entre homens e mulheres por que em impraticável
essência têm a mesma natureza (physis)
⮚ o filósofo está no poder, dotado de um poder absoluto
⮚ Para Platão a expressão “direito natural” evocava as teses dos
sofistas (Cálicles ou Górgias), que ele repudiava, etão não fazia ● No diálogo da República, Platão parece muito hostil à legislação
uso para qualificar sua doutrina escrita, mas já em O político e, sobretudo, as Leis, quando alcança
certo realismo, ele reconhece a necessidade dela
▪ Platão pretende extrair o direito da natureza das coisas, seu
método parte disso ⮚ primeiro insistiu na imperfeição das leis, depois na sua
necessidade prática em nosso mundo tal como ele é
⮚ Alegoria da Caverna
● A justiça não é suscetível de se amoldar a fórmulas escritas, e toda
▪ os prisioneiros da caverna veem apenas as sombras das
lei escrita revela-se injusta na aplicação
coisas
⮚ o mundo dos homens está em perpétuo movimento, ao passo
▪ por meio de uma dura ascensão que representa a dialética,
que a lei é rígida
alguns escapam, da caverna e conseguem perceber as
verdadeiras coisas e o sol que as ilumina ● As leis não poderiam proceder da vontade popular
❖ trata-se de escapar do mundo das aparências sensíveis percebidas ⮚ considera nulos e sem valor os decretos da assembleia do povo
pelo corpo, esse entrave ao conhecimento, para elevar-se ao mundo
⮚ o filósofo é o legislador e, portanto, dita os conjuntos completos
das ideias inteligíveis → é este o método que se impõe ao homem
político para a descoberta do justo de leis, códigos
● Platão acaba terminando numa espécie de positivismo jurídico ⮚ explora os sentidos do termo díkaion – justo/ direito
bastante grosseiro → defeito dessa doutrina ideal demais
● objeto da justiça: a distribuição
⮚ Justiça comutativa: é uma justiça particular que zela pela ▪ Cada ser particular tem uma “natureza”. E essa natureza é o
retidão das trocas, pela igualdade aritmética em matéria de que ele deve ser, sua forma, seu fim, segundo o plano da
intercâmbio de bens Natureza no sentido universal da palavra → “A natureza de
cada um é seu fim”
● Campo de aplicação: o díkaion politikón
▪ A palavra natureza pode designar esse princípio, essa força,
⮚ na pólis – o justo é o equilíbrio realizado entre os diversos esse instinto inato que, segundo tal filosofia, impulsiona o
cidadãos que nela se associam e que, por sua vez, possuem ser a realizar seu fim → a noção de natureza implica
interesses distintos e disputam entre si bens e honrarias referência aos fins, de modo que se possa inferir dela
⮚ alteridade - na família – não há realmente interesses separados conhecimentos normativos
ou patrimônios distintos que imponham proceder a uma ❖ A observação da natureza implica o discernimento ativo dos valores
repartição rígida - a família é uma comunidade, há uma espécie → distinguir o que é bom e justo segundo a natureza do que é ruim e
de confusão de bens injusto
❖ Só existe díkaion, direito, no sentido mais próprio da palavra, nas ⮚ Aplicações
relações entre cidadãos
▪ Aristóteles estabelece primeiro a tese fundamental de que o
● Distinção entre direito e moral
homem é um animal político
⮚ O direito se especializa no interior da moral *O homem é feito para viver em pólis, pois apenas elas
conseguiram produzir (particularmente na Grécia, as letras
▪ as leis apenas morais distinguem-se das leis jurídicas → nem as artes, a filosofia) → somente a polis é natural
toda lei é jurídica ❖ O homem só é animal político em potência, mas pode esforçar-se
✔ As fontes do direito para sê-lo em ato
● Direito natural de Aristóteles ▪ O caráter natural da servidão → uma divisão de tarefas entre
as dos senhores e as dos escravos é necessária
⮚ o direito natural adquire então uma espécie de existência
▪ suas análises parecem provar que o regime mais apropriado
autônoma, mas bastante imperfeita
para tornar os cidadãos felizes, sábios e cultos é um meio
▪ não existe oposição entre o justo “natural” e as leis do estado, entre a aristocracia e a democracia
mas as leis do estado exprimem e completam o justo natural *é bom que o cidadão participe da vida pública, mas uma
essa doutrina não desconhece a importância do legislador distribuição condizente das honrarias e dos cargos públicos
deverá levar em conta também a riqueza, as capacidades e a
⮚ Os princípios idade
*é natural que os mesmos homens não permaneçam sempre Os ensinamentos indistintos do justo natural, tem um valor
no governo universal. Aqueles que ao contrári, mais precisos, procedem da
decisão do Estado, não são válidos para todos mas somente onde se
▪ Aristóteles é o “pai da doutrina do direito natural”, deu
estende o poder do legislador
destaque ao termo (díkaion physikón), construiu sua teoria e
a pôs em prática → O direito natural é um método ● Limites ao poder das leis
experimental e de posições hesitantes, flutuantes e mais ou
menos vagas A nossa obediência é somente limitada e condicionada
✔ Relação entre direito natural e direito positivo O direito pode provir do costume, emanado do povo, ou da
Não há oposição entre o justo natural e as leis escritas do estado , ao jurisprudência, dos sábios
contrário as leis do estado exprimem e completam o justo natural
Não há em Aristóteles a soberania absoluta da lei
O direito natural é um método experimental
● Teoria da Equidade
✔ Teoria das leis positivas
● Aristóteles é um firme defensor das leis positivas ● Equidade para Aristóteles é usada no sentido da boa aplicação da
lei, quer em face de omissão no texto, quer para suprir sua
⮚ reconheceu sua necessidade, perscrutou sua origem e avaliou imperfeição ou ainda para, de modo criterioso, abrandar-lhe o rigor
sua autoridade
● é um corretivo da justiça legal
❖ a doutrina do direito natural não prega a desobediência às leis
● Da necessidade das leis ● passa a ser a justiça em termos concreto, individualizada, e com
nítido caráter de benignidade, de forma predominante
O direito é o objeto de uma busca, uma busca jamais concluída, que
se opera pela dialética e sobre a base de observações
● é o sentido de justiça que se separa da lei para atender a
O estudo do direito leva a resultados provisórios, o direito, por circunstâncias concretas que, se não levadas em consideração,
essência, é móvel cometeria a pior das injustiças
● Gênese da regra de direito ● a fim de evitar a aplicação mecânica da lei, sem que o juiz propenda,
com isso, para suas convicções pessoais.
A legislação e a jurisprudência são o trabalho, não da inteligência e
do raciocínio discursivo, mas sim da prudência
● A equidade vincula-se, diretamente, à isonomia.
A prudência é a virtude intelectual que decide, em vista da ação,
sobre as situações contingentes, sem ter o tempo nem os meios de Para Aristóteles, não seria apropriado atribuir às leis valor absoluto ou
dar suas razões autoridade soberana
A equidade se encarrega de levar a justiça ao individual
● Valor e autoridade das leis positivas
è tipicamente um critério formal de decisão de casos singulares e não um
critério normativo
ela dita soluções para casos, atendendo às peculiaridades características
destes não tem intuito generalizador
três princípios para toda decisão proferida por equidade
1- por igual modo devem ser tratadas as coisas verdadeiramente iguais e
desigualmente as desiguais, na medida em que se desigualam
2- todos os elementos que concorrem para constituir a relação sub judice,
coisa, ou pessoa, ou que, no tocante a estas tenham importância, ou sobre
elas exerçam influência, devem ser devidamente consideradas
3-Entre várias soluções deve-se preferir a mais suave e humana - direito é a
arte do bom e do justo