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O discurso argumentativo: FALÁCIAS INFORMAIS (Parte II)

FALÁCIAS INFORMAIS

Vamos prosseguir o nosso estudo das falácias informais, abordando as seguintes falácias:

• Petição de princípio
• Falso Dilema
• Falsa relação causal
• Ad hominem
• Ad populum
• Apelo à ignorância
• Boneco de palha
• Derrapagem
FALÁCIAS INFORMAIS

Petição de princípio

Andar a pé é um desporto saudável.


Logo, andar a pé é uma atividade desportiva que faz bem à saúde.

Também chamada de falácia da circularidade, neste argumento falacioso assume-se como verdadeiro, nas
premissas, o que se pretende provar com o argumento, usando palavras com significado semelhante.
(A conclusão do argumento é usada, implicitamente, como premissa.)
FALÁCIAS INFORMAIS

Falso dilema

Ou votas no partido X ou será a desgraça do país.


Não votas no partido X.
Logo, será a desgraça do país.

Esta falácia consiste em reduzir as opções possíveis a apenas duas, ignorando-se outras alternativas, e em
extrair uma conclusão a partir dessa disjunção falsa.
No caso do argumento apresentado, ele é falacioso pois outros partidos são ignorados.
FALÁCIAS INFORMAIS

Falsa relação causal

Sempre que eu entro com o pé direito no campo, a minha equipa ganha


o jogo. Logo, a causa das nossas vitórias é o facto de eu entrar com o pé
direito no campo.”

Consiste em tomar como causa de algo aquilo que é apenas um antecedente ou uma qualquer
circunstância acidental. Trata-se, por isso, de concluir que há uma relação de causa e efeito entre 2
acontecimentos que se verificam em simultâneo ou em que um se verifica após o outro.
FALÁCIAS INFORMAIS

Ad hominem

A tua tese de que tudo é composto de átomos está errada, porque


cheiras mal da boca sempre que a proferes.

Esta falácia consiste em ataques pessoais; em vez de se atacar ou refutar a tese de alguém, ataca-se e
desacredita-se a pessoa que a defende. Os ataques pessoais podem centrar-se, por ex., na classe social,
no partido político, na religião ou na história de vida do nosso adversário.
FALÁCIAS INFORMAIS

Ad populum

A maioria dos contribuintes considera legítimo fugir ao fisco. Logo,


é legítimo fugir ao fisco.”

Esta falácia consiste num apelo à opinião da maioria, ao sentimento popular ou àquilo em que as pessoas
habitualmente acreditam, para fazer valer a verdade da conclusão. Esta falácia é muito comum na
publicidade e no discurso político.
FALÁCIAS INFORMAIS

Apelo à ignorância

A alma é imortal, porque ninguém provou que ela morre com o


corpo.

Esta falácia consiste em tomar uma proposição como verdadeira só porque não se provou a sua falsidade
ou como falsa só porque não se provou que é verdadeira.
FALÁCIAS INFORMAIS

Boneco de palha

O Rui defende que não devemos comer carne de animais cujo processo de
industrialização os tenha sujeitado a condições de vida e morte cruéis.
Manuel refuta o Rui dizendo: «O Rui quer que apenas comamos alface!»

Esta falácia ocorre quando, em vez de se refutar o verdadeiro argumento do seu adversário, se ataca ou refuta
uma versão mais fraca, caricaturada e deturpada desse argumento, a fim de ser mais fácil de rebater a tese
oposta. Trata-se de distorcer as ideias do interlocutor para que elas pareçam falsas ou pouco aceitáveis.
No exemplo apresentado, o Rui apenas se refere a um determinado tipo de carne. Nem sequer defende que
sejamos vegetarianos. O seu argumento foi deturpado e simplificado.
FALÁCIAS INFORMAIS

Bola de neve

Se jogares a dinheiro, vais viciar-te no jogo. Se te viciares no jogo, perderás o


que tens. Se perderes o que tens, terás de mendigar. Se tiveres de mendigar,
ninguém te dará nada. Se ninguém te der nada, morrerás à fome. Logo, se
jogares a dinheiro, morrerás à fome.

Comete-se quando alguém, para refutar uma tese ou para defender a sua, apresenta, pelo menos, uma
premissa falsa ou duvidosa e uma série de consequências progressivamente inaceitáveis. A partir dessa
premissa falsa ou duvidosa, outras vão surgindo, até se mostrar que um determinado resultado indesejável
inevitavelmente se seguirá.
ATIVIDADES

Identifica, nos enunciados abaixo, as falácias informais cometidas. Explica, em cada caso, por que razão se trata de
um argumento falacioso.

a) Podemos aceitar que existem extraterrestres, porque até agora não se provou que não existem.

b) Permitir a todos os indivíduos uma liberdade ilimitada é sempre vantajoso para o Estado, pois é altamente
propício aos interesses do Estado que cada indivíduo desfrute de liberdade ilimitada.

c) A tua tese é inaceitável, porque passaste os últimos cinco anos da tua vida numa instituição psiquiátrica.

d) No dia em que rejeitaram a minha candidatura para um emprego, usava meias brancas. Creio que as meias
brancas foram, claramente, o motivo que levou a que não fosse selecionado para o emprego.

e) Ou és meu amigo, ou és meu inimigo.


ATIVIDADES

f) Os meus pais castigam o meu irmão mais velho sempre que ele chega tarde a casa. Um dia, como se atrasou
apenas cinco minutos, os meus pais foram tolerantes e não o castigaram. Depois disso, o meu irmão nunca mais
chegará a horas a casa e o tempo de atraso será cada vez maior.

g) Se este produto é líder de vendas, é porque é realmente o melhor.

h) Os ambientalistas, ao rejeitarem tudo quanto é nova barragem ou autoestrada, querem levar-nos a viver novamente
da caça e da recoleção.

i) Sempre que estudo, tiro más notas. Logo, o estudo é a razão de tirar más notas.

j) Sabemos que Jesus é filho de Deus, porque ele próprio o disse, e o filho de Deus não mente.

l) Se essa pessoa tem cadastro, de nada vale a sua opinião a respeito do sistema judicial.

Bom trabalho! A professora, Susana Oliveira

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