Você está na página 1de 4

ALGUMAS FALÁCIAS INFORMAIS

. Falácia ad hominem ou contra o homem


Em vez de refutar a tese de alguém, atacar a pessoa que a defende (pela
idade, pelo género, pela cor da pele, pela religião, etc.).

"X afirma A" / "X é uma pessoa desonesta" / "A é falso"

. Falácia ad ignorantiam ou de apelo à ignorância


Argumentar que uma afirmação é verdadeira só porque não se provou que
era falsa ou que uma afirmação é falsa só porque não se provou que era
verdadeira.
"Não há provas que A é falso, logo A é verdadeiro."
"Não há provas que A é verdadeiro, logo A é falso."

. Falácia ad misericordiam ou de apelo à compaixão


Apelar à compaixão como argumento para obter determinado fim.

"Sei que tive sempre negativas, mas se não passar de ano o


meu pai castiga-me. Tem que me deixar passar de ano."

. Falácia ad populum ou de apelo ao povo


Apelar às emoções da multidão e também apelar para alguém se “deixar ir”
com a multidão.
"Devem votar no meu partido. Todas as pessoas já perceberam que
é o melhor para o país."

. Falácia da equivocidade
Utilizar num argumento termos com mais do que um sentido.
"As mulheres e os homens são física e emocionalmente diferentes.
Logo, os sexos não são iguais, pelo que a lei não devia fingir que
são."

1
. Falácia do espantalho
Caricaturar, deturpar, uma opinião oposta para que seja mais fácil de refutar.
"A pessoa X opõe-se ao uso de uma nova tecnologia, logo é a
favor do «regresso às cavernas»."
"A pessoa X defende uma redução das despesas militares, logo é
a favor de «entregar o país aos estrangeiros»."

. Falácia da pergunta complexa


Fazer uma pergunta ou introduzir um assunto de tal forma que uma pessoa
não possa concordar ou discordar sem se comprometer com uma outra
posição que o autor da pergunta quer promover.
"Continuas a ser tão egoísta como eras?"
"Agora já tens o hábito de tomar banho?"

. Falácia do falso dilema


Reduzir as opções possíveis a apenas duas, muitas vezes claramente
opostas e injustas para a pessoa contra a qual o dilema é colocado. Ignoram-
-se alternativas possíveis.
"Uma vez que o universo não pode ter sido criado a partir do nada, teve
que ser criado por uma força inteligente."
"É pegar ou largar."
"Se não és meu amigo, és meu inimigo."

. Falácia da petição de princípio


Utilizar, como premissa de um raciocínio, a própria conclusão.

"Uma pessoa odeia as pessoas de outra raça porque é racista."


"A ONU é uma organização prestigiada porque é uma
organização de prestígio."

. Falácia do poço envenenado


Utilizar uma linguagem tendenciosa para denegrir um argumento ainda antes
de este chegar a ser apresentado.
"Ninguém que seja sensato pensa que..."

2
. Falácia da supressão de dados
Apresentar só a parte dos dados que sustenta uma afirmação, ignorando as
partes que a contradizem.
"Extrair apenas a expressão «tem de ir ao cinema ver o filme
X» de uma crítica cinematográfica que dizia «se tem de ir ao
cinema ver o filme X, leve um livro»."

. Falácia post hoc ergo propter hoc


Pressupor que, por uma coisa se seguir à outra, então aquela teve que ser
causada por esta – o facto de haver sucessão temporal não basta para
estabelecer qualquer relação causal.

“A imigração do Alentejo para Lisboa aumentou mal a


prosperidade aumentou. Portanto, o incremento da imigração
foi causado pelo incremento da prosperidade. “

. Falácia do apelo à força


Apelar à força ou à ameaça. O auditório é informado das consequências
desagradáveis que se seguirão à discordância com o argumentador.
“É melhor admitires que a nova orientação da empresa é a
melhor, se pretendes manter o teu emprego!”

. Falácia ad verecundiam (apelo à autoridade)


Apelar a uma autoridade não qualificada.
“O famoso psicólogo Dr. Frasier Crane recomenda-lhe que
compre o último modelo de carro da Skoda.”

Fontes:
- Weston, A. (1996). A Arte de Argumentar. Lisboa: Gradiva Publicações.
- DOWNES, S., Guia das falácias, http://criticanarede.com/falacias.htm

3
Nota – Outras falácias informais:

. Falácia da generalização precipitada


Fazer uma generalização com base num número muito limitado de casos.

Exemplo – Concluir, depois de assistir aos distúrbios e estragos que alguns


adeptos de futebol ingleses provocam quando se deslocam ao
estrangeiro, que os ingleses são vândalos.

. Falácia da falsa analogia


Comete-se esta falácia por várias razões:
- o número de objetos comparados é reduzido;
- o número de semelhanças entre os objetos é escasso;
- as semelhanças apresentadas são pouco ou nada relevantes.

Exemplo – Concluir que o Estado deve ser gerido como uma empresa, porque
tanto o Estado como uma empresa precisam de gestores
(semelhança irrelevante).

. Falácia da derrapagem (ou bola de neve)

(Borges, José et al.)

Você também pode gostar