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Resumo Administração e Políticas Públicas
Resumo Administração e Políticas Públicas
● Origem Familiar - foro religioso, humanidade deriva a partir de um casal originário (Adão
e Eva); cada Estado surgiu a partir de uma família (núcleo familiar), chefiada por um
patriarca/matriarca (autoridade suprema). Estado como ampliação da família patriarcal.
Defensores da teoria patriarcal encontram na organização do Estado Absolutista os
elementos básicos da família antiga: unidade/concentração do poder, direito do
primogénito, autoridade do pater famílias, inalienabilidade do domínio territorial…
● Origem Patrimonial - decorre desta teoria a afirmação de que o direito de propriedade é
um direito natural (anterior ao Estado). Estado feudal, da Idade Média como
organização essencialmente de ordem patrimonial. Haller, principal defensor desta
teoria, afirmava que a posse da terra gerou o poder público e deu origem à organização
estatal. Teoria adotada pelo marxismo que considera o fator económico como
determinante dos fenómenos sociais. Para Marx, o Estado foi uma criação da burguesia
para defender a propriedade privada.
● Teorias da Força - ou “origem violenta do Estado”, defende que a organização política
resultou do poder de dominação dos mais fortes sobre os mais fracos. Bodin afirma que
“o que dá origem ao Estado é a violência dos mais fortes”. Formação do Estado a partir
da dominação de um grupo sobre outro, sendo o Estado criado para regular as relações
entre vencedores e vencidos. Oppenheimer afirma que o Estado é uma organização
social imposta pelo grupo vencedor a um grupo vencido. A força que dá origem ao
Estado não seria a força bruta por si só, sem finalidade para além da dominação, mas
sim a força que promove a unidade, estabelece o direito e realiza a justiça.
Natural ou espontânea: homens providos de direitos naturais anteriores aos direitos positivos, a
partir de um determinado momento da sua evolução apercebem-se de que se podem
autoadministrar. Justificação/legitimação de uma instituição superior capaz de
administrar/governar em função de objetivos bem definidos. Burke opõe-se ao artificialismo da
teoria contratualista, pois o Estado não é uma organização convencional, nem jurídica, mas sim
o produto de um desenvolvimento natural de uma determinação da comunidade estabelecida
em determinado território.
Formação Contratual (Contratualista): Estado baseado num contrato que todos os homens,
racional e livremente, celebraram entre si, de modo a que uma instituição superior
administre/governe em função de objetivos bem definidos. Locke desenvolveu o contratualismo
com bases liberais, Hobbes com bases absolutistas.
Estado faz prevalecer o interesse geral sobre os interesses privados, falta definir o que é o
“interesse geral”.
Paradigmas:
● Paradigma Burocrático (séc 19, finais da 2ªGM)
○ Presente no código genético da administração, tem início com a Revolução
Industrial
○ Causas da sua origem: declínio da atividade produtiva camponesa; aumento da
competitividade do comércio marítimo; surgimento de novas tecnologias e
indústria mecanizada; ações a favor de uma administração pública estável,
profissional, neutral competente; vive-se época de mudanças económicas,
sociais e políticas que exigem cientificidade e racionalidade; racionalismo,
legalismo, profissionalismo
○ Abordagem clássica - Administração científica:
■ Taylor: pai da administração científica; defende organização científica do
trabalho; planeamento e estandardização do trabalho; 4 grandes
princípios da administração (1. Substituição dos métodos primários e
arbitrários por métodos científicos das tarefas. 2. Educação e seleção
científica dos trabalhadores. 3. Cooperação entre dirigentes e
trabalhadores. 4. Divisão do trabalho/responsabilidades)
■ Fayol (6): Managerialista (foco no dirigente/orientação); Universalista
(Teoria Geral da Administração - foco na melhoria geral da eficiência);
Normativa (princípios gerais da administração); Profissional
(profissionalização das tarefas); Top-down (sistema centralizado do topo
para a base, unitário e com autoridade); Humanista (não reduz os fatores
humanos)
■ Gulick: máximo rendimento; divisão do trabalho como verdadeira
fundação e razão de ser da organização; 7 padrões de atividade de
Direção (Planear, Organizar, Pessoal, Dirigir, Coordenar, Reportar,
Orçamentar)
○ Abordagem clássica - Racional-Legal: acentua a racionalidade/legalidade da
conduta humana/organizacional em detrimento da cientificidade; surgem ideias
de maior intervenção do Estado, separação política-administração; princípios de
mérito, neutralidade, estabilidade, competência e gestão financeira rigorosa
■ Wilson: distingue política de administração; defende autonomia científica
da administração pública; profissionalismo e meritocracia; eficácia e
eficiência
■ Weber: caraterísticas básicas da burocracia (Hierarquia; Continuidade;
Impessoalidade; Expertise)
○ Abordagem neoclássica: transição para paradigma gestionário; crítica às
abordagens clássicas por ignorarem o comportamento humano, comunicação,
falta de flexibilidade, adaptabilidade, excessos de regulação, coerção e controlo
em detrimento da iniciativa e autonomia individual ou organizacional
● Paradigma Gestionário (séc 20): necessidade de restabelecer primazia do governo
representativo sobre a burocracia
○ Teoria da Escolha Pública: escolha pública como o estudo económico de
decisores não relacionados ao mercado, ou a aplicação de economia à ciência
política; indivíduos são auto-interessados, racionais, adotando estratégias de
maximização dos seus interesses; associação à new right, sendo que os
mercados servem melhor o interesse público, cabendo ao Estado garantir o
funcionamento dos mesmos mercados
○ Managerialismo: substituir burocracia pelos princípios de gestão; burocracia
como origem de todos os males
○ Nova Gestão Pública (1975-2000): Estado Managerial
■ Primazia de mercados - público é ineficiente; tudo o que pode ser feito
pelo mercado deve sair da esfera pública para a privada. Quanto aos
serviços públicos, promove-se a concorrência e as taxas sobre o
consumidor; não basta introduzir mecanismos de mercado, é preciso
tratar os cidadãos como clientes do serviço público
■ Estruturas organizativas - muitos dos serviços são substituídos por
agências que prestam um serviço ao Governo, apesar de não ser por ele
tuteladas
■ Indicadores de performance - permitem medir eficiência/qualidade; obriga
a uma definição clara de objetivos e metas
■ Críticas: querem-se impor princípios de gestão pública à gestão privada;
não tem conteúdo teórico; tem servido de cobertura aos interesses
privados
● Paradigma Societário (séc 21): recriar o management público com a designação de
Governança pública
○ Governance:
■ Tornou-se necessário rever o papel do Estado pois estava a perder
centralidade, autoridade e controlo formal hierárquico. Atualmente, o
Estado está em constante e rápida mudança
■ No paradigma clássico, o Estado era o centro e fonte das políticas
públicas. Na Governação, o Estado procura envolver os cidadãos na
elaboração das políticas públicas, através da sensibilização e pedagogia
Orçamento do Estado
● Princípios e Regras Fundamentais:
○ Unidade e universalidade: Estado deve elaborar um orçamento (unidade) no
qual todas as despesas devem estar inscritas (universalidade)
○ Anualidade: orçamento tem um ano de vigência e uma execução orçamental
anual
○ Discriminação Orçamental: regras relativas à forma de inscrição orçamental das
receitas e despesas - especificação (cada receita e despesa deve ser
especificada); não consignação (todas as receitas devem servir para todas as
despesas)
○ Publicidade: OE é publicado oficialmente
○ Equilíbrio orçamental: OE deve ser elaborado de forma a que as receitas
previstas cubram na realidade as despesas previstas
● Processo de elaboração do OE: Preparação do Quadro Plurianual; Trabalhos
Preparatórios; Proposta de Orçamento; Análise e Decisão; Elaboração da Proposta de
Orçamento do Estado; Aprovação.
4. A regulação do mercado;
Estado regulador:
● Estado passa a responsabilidade pela prestação de diversos serviços e respostas
sociais para os setores privados - poder passa a ser exercido sobre um maior número
de atividades
● Estado deixa de produzir e distribuir bens e serviços à população, apenas regula,
supervisiona e facilita a produção, distribuição e comercialização desses bens e
serviços por privados e pelo terceiro setor
● Atua indiretamente visando o interesse geral
● Estado visa um modelo equilibrado por delegação estatal
● Alguns autores sugerem a existência de um modelo estatal misto, situado entre o
Estado liberal e o social
Relação público-privado:
● Estado liberal - pouca ou nenhuma
● Estado social - intervenção direta nos setores e na economia
● Estado regulador - deixa de agir na economia, passa a regular. Fixa regras para a
prestação de serviços pelos privados (intervenção indireta)
Controlo do poder de mercado:
● Através da regulação do mercado - impedindo que agentes de mercado abusem do seu
poder de mercado na fixação do preço ou quantidade oferecida
● Através do controlo da concentração do mercado - não deixando que os agentes
possam atingir uma dimensão que lhes dê ou reforce o poder de mercado
● Através da nacionalização de empresas
Regulação:
● Conjunto de medidas legislativas administrativas e convencionadas por meio das quais
o Estado determina, controla ou influencia o comportamento de agentes económicos
com o propósito de:
○ Evitar efeitos lesivos das atividades económicas sobre interesses socialmente
legítimos
○ Alcançar valores sociais relevantes, recorrendo a incentivos, prémios, induções,
restrições, fiscalizações, punições, benefícios fiscais
● Surge com o New Deal (1933-1938) para recuperar a economia norte-americana
● UE “importa” modelo das agências regulatórias através de uma visão tecnocrática;
Tribunal Europeu substitui o poder regulatório da Comissão; independência política
extrema sem accountability
Regulação em Portugal:
● Entra por via da UE; permanece a governamentalização proveniente do Estado Novo ou
é independente?
Governo:
● Natureza: um dos órgãos de soberania e tem funções de condução da política geral do
país e de órgão superior da administração pública, sendo responsável perante o
Presidente da República e a Assembleia da República
● Competência administrativa do Governo: garantir a execução das leis; assegurar o
funcionamento da Administração Pública; promover a satisfação das necessidades
coletivas. Poder de direção relativamente à administração direta; poder de supervisão
quanto à administração indireta; poder de tutela (controlo da legalidade) quanto à
administração autónoma
● Composição:
○ Primeiro-ministro: nomeado pelo Presidente da República, ouvidos os partidos
representados na AR e tendo em conta resultados eleitorais. Dirige a política
geral do Governo, coordena e orienta a ação de todos os Ministros.
○ Ministros: nomeados pelo Presidente, sob proposta do Primeiro-ministro.
Executam a política definida para os seus Ministérios, cabendo-lhes a respetiva
gestão administrativa.
○ Secretários e sub-secretários de Estado: nomeados pelo Presidente, sob
proposta do PM. Integram o Governo, mas não fazem parte do Conselho de
Ministros, podendo ser convocados para participar nas reuniões deste órgão.
Exercem competências delegadas sob orientação direta dos respetivos
Ministros, sendo responsáveis perante estes e o PM.
○ Conselho de Ministros: órgão colegial presidido pelo PM e constituído pelos
Vice-Primeiros-Ministros (se existirem) e pelos Ministros.