Você está na página 1de 4

“Acho tão natural que não se pense”- Exame 2002, 1 fase

1- Na primeira estrofe do poema, é possível identificar características do


“eu” lírico.
Na verdade, o sujeito poético menciona que a intelectualização não faz
parte do seu traço de personalidade, não se identificando com a “gente que
pensa” (v.4). Neste sentido, o “eu” considera, no seu ponto de vista, que o ato
de não pensar é algo natural e espontâneo.
Concluindo, o sujeito lírico mostra-se na primeira estrofe um ser não
pensante, sendo isso algo natural, não se identificando com quem o faz.

2- No verso “E então desagrado-me, e incomodo-me" (v.8) o sujeito poético


exprime um certo descontentamento com ele próprio.
Deste modo, o “eu” mostra-se surpreendido por se questionar
“Pergunto-me às vezes isto até dar por mim/ A perguntar-me cousas...” (vv. 6-
7). Neste sentido, o sujeito lírico ao se interrogar contradiz-se a si próprio, pois
acaba por fazer algo que critica e despreza na sua poesia, pensar. No entanto,
esta contradição causa-lhe frustração e desagrado, mesmo até fisicamente. -
“Como se desse por mim com um pé dormente” (v.9).
Em suma, o “eu” poético exprime a sua decepção, pois este utiliza o
pensamento sem se aperceber.

3- No verso 14, o sujeito poético questiona-se “Que me importa isso a mim”.


Na verdade, esta interrogação demostra que o “eu” se verifica indiferente
perante o problema relatado anteriormente “Terá a terra consciência das
pedras e plantas que tem?” (v.12). Portanto, após afirmar a sua irrelevância
relativamente à possibilidade da “terra” possuir consciência, o sujeito lírico diz
rejeitar todas as questões, de modo a conseguir tranquilamente aproveitar e
apreciar a Natureza, sem racionalizar, através da interrogação referida.
Concluindo, a interrogação retórica remete para a imparcialidade do “eu”
no que diz respeito ao facto das pedras pensarem.
4-
 Vocabulário simples;
 Frases curtas;
 Interrogações;
 Repetições;
 Tom coloquial;

5- O último verso do poema, conclui as ideias refletidas, ao longo do poema,


pelo sujeito poético.
Deste modo, o “eu” afirma mostrar-se irrelevante ao problema do
pensamento, pois este considera que ao intelectualizar deixa de ver a
verdadeira realidade, de modo a só visualizar o que o pensamento nos
transmite, normalmente negativo. Portanto, não pensar permite-nos ver a
realidade como “árvores”; “plantas”; “plantas”; “Terra”, sem a intervenção do
pensamento que só causa descontentamento. “Entristecido fica às escuras”
(v.19) e assim conseguimos desfrutar tranquilamente do que a Natureza nos
oferece, tendo a capacidade de olhar o mundo objetivamente.
“E há poetas que são artistas”

1- Nos versos 3 e 5, o sujeito poético realça a sua opinião relativamente aos


“poetas que são artistas”, utilizando comparações “Como um carpinteiro nas
tábuas” (v.3) e “Ter que pôr verso sobre verso, como quem construi um muro”
(v.5).
Na verdade, o “eu” com o uso de ambas as comparações, salienta o facto
de os poetas metafísicos se servirem de uma poesia pensada e elaborada,
bastante pormenorizada e trabalhada, tal como os “carpinteiros” e o pedreiro
que se esforçam arduamente nas suas construções. Além disso, o sujeito lírico
lamenta os que não conseguem escrever de forma espontânea.
Pode-se, portanto, concluir que o recurso expressivo aplicado nos dois
versos compara os poetas que trabalham detalhadamente na sua escrita aos
trabalhadores que se esforçam bastante nas suas construções.

2- O verso “Penso nisto, não como quem pensa, mas sim como quem não
pensa” (v.9) apresenta uma contradição do sujeito poético.
Deste modo, o “eu” lírico na primeira estrofe reflete e mostra o seu ponto
de vista relativamente aos dois processos de criação poética, criticando e
lamentando os poetas que se servem de uma poesia elaborada e
intelectualizada. Neste sentido, no momento de reflexão o sujeito poético
mostra que recorre ao que rejeita e critica, a intelectualização, sendo, porém,
algo que o descontenta “Penso nisto...”.
Concluindo, o “eu” ao reflexionar acaba por usufruir do pensamento, algo
que rejeita e despreza na sua poesia, contradizendo-se.

3- No final do poema o “eu” menciona o seu desprezo em relação aos


sonhos.
Deste modo, na última estrofe o sujeito poético realça a importância de
apreciar a Natureza e os benefícios que esta traz, dado que é a única maneira
de observar a verdadeira realidade. “Mas sei que a verdade está nelas e em
mim” (v.14). No final do poema, demonstra a sua recusa no que diz respeito ao
consciente e qualquer ação que leve ao pensamento como, por exemplo, os
“sonhos”, pois sonhar é pensar.
Concluindo, o sujeito lírico rejeita os “sonhos”, pois durante estes se tem
presente uma atividade mental, logo racionaliza-se.

Você também pode gostar