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”
Por Pietro Marco Maraveli.
Parágrafo 6: “Por estas razões, temos de estar atentos para não superestimar
a ciência e os métodos científicos quando se trata de uma questão de problemas
humanos; nós não deveríamos presumir que os especialistas são os únicos que
têm o direito de se expressar em questões que afetam a organização da
sociedade.”
Resposta: A sociedade deve ter preservada a sua capacidade de resolução
moral e política, cabendo à ciência a tarefa de oferecer solidez para orientar ou
embasar tais decisões. Entretanto o que Einstein quer dizer aqui com “questões
humanas” é o mesmo que a intenção de Lula –do alto da sua ignorância em
economia monetária- de levar o presidente do Banco Centra, Roberto Campos
Neto, para um tour pelas cidades mais pobres do Brasil e mostrar-lhe as
condições em que vivem as pessoas afetadas pelas decisões da autarquia
quanto à taxa SELIC. Basicamente os dois velhos de cabelo branco
compartilham a ideia de que economistas vivem em uma realidade paralela e
contrária às necessidades das pessoas, especialmente as das mais humildes.
Parágrafo 13: “Em populações relativamente densas, como os bens que são
indispensáveis à continuidade de sua existência, uma divisão extrema do
trabalho e um aparato produtivo altamente centralizado são absolutamente
necessários. Foi-se o tempo [...] em que indivíduos ou pequenos grupos podiam
ser completamente autossuficientes. Há pouco exagero em dizer que a
humanidade se constitui em uma comunidade planetária de produção e
consumo.”
Comentário: Correto, a humanidade nunca se comportou tanto como uma
espécie gregária (tais como formigas, cupins e abelhas) como no final do século
XX, com ela trabalhando em um esforço global de cooperação em benefício do
coletivo e do indivíduo. As três perguntas fundamentais de uma economia –o
que, como e para quem produzir- eram respondidas por informações dispersas
e descentralizadas em um sistema de preços que coordenava longas cadeias
produtivas e de abastecimento, satisfazendo demandas que comunicavam a
escassez relativa de bens e serviços e refletiam as escolhas alocativas e
intertemporais dos agentes. Pela primeira vez na história a humanidade era uma
só.
Parágrafo 14: “Cheguei no ponto onde posso indicar brevemente o que para
mim constitui a essência da crise de nosso tempo. Tem a ver com a relação entre
o indivíduo e a sociedade. O indivíduo se tornou mais consciente do que nunca
de sua dependência em relação à sociedade, mas ele não vê esta dependência
como algo positivo, como um laço orgânico, uma força protetora, e sim como
uma ameaça a seus direitos naturais ou até mesmo à sua existência econômica.”
Resposta: O parágrafo é basicamente um achismo do Einstein baseado em seu
juízo de valor, e a sensação de ameaça que o indivíduo supostamente percebe
da sociedade (economia) contra si é fabricada e incentivada pelos próprios
socialistas, a quem Einstein está defendendo nesse texto. Se as pessoas não
veem a economia como um grande organismo do qual elas fazem parte e que a
todos beneficia –visão exposta no meu comentário anterior- é por que a veem
como um sistema de espoliação da classe trabalhadora pela burguesia,
exatamente como narrado por marxistas e como a fantasia projetiva de Einstein
não o permite ver que ele está defendendo a causa mesma do problema ao qual
ele está criticando.
Parágrafo 22: “É necessário lembrar que uma economia planejada ainda não é
socialismo. Uma economia planejada pode vir acompanhada pela completa
escravização do indivíduo. A conquista do socialismo requer a solução de alguns
problemas sócio-políticos extremamente difíceis: como é possível, tendo em
vista a abrangente centralização do poder político e econômico, impedir que a
burocracia se torne todo-poderosa e onipotente? Como os direitos do indivíduo
podem ser protegidos para garantir um contrapeso democrático ao poder da
burocracia?”
Resposta: O único momento lúcido do texto. Aqui Einstein usa a capacidade de
discernimento que o levou ao desenvolvimento da teoria da relatividade, pena
que só durou um parágrafo. O socialismo necessariamente tem que submeter o
indivíduo à servidão, se não o fizer não é socialismo. As respostas para as
perguntas feitas pelo alemão simplesmente não existem.
Em seu texto Que é Ser Socialista? Carvalho (1999) diz:
“O ideal socialista é, em essência, a atenuação ou eliminação das diferenças de poder
econômico por meio do poder político. Mas ninguém pode arbitrar eficazmente diferenças entre
o mais poderoso e o menos poderoso sem ser mais poderoso que ambos: o socialismo tem de
concentrar um poder capaz não apenas de se impor aos pobres, mas de enfrentar vitoriosamente
o conjunto dos ricos. Não lhe é possível, portanto, nivelar as diferenças de poder econômico sem
criar desníveis ainda maiores de poder político. E como a estrutura de poder político não se
sustenta no ar mas custa dinheiro, não se vê como o poder político poderia subjugar o poder
econômico sem absorvê-lo em si, tomando as riquezas dos ricos e administrando-as
diretamente. Daí que no socialismo [...] não haja diferença entre o poder político e o domínio
sobre as riquezas: quanto mais alta a posição de um indivíduo e de um grupo na hierarquia
política, mais riqueza estará à sua inteira e direta mercê: não haverá classe mais rica do que os
governantes.”
Fortaleza/ 2024.