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Colégio Cristão Jundiaí

Redação
Profa.Dra.Jaqueline Massagardi Mendes

REDAÇÃO MODELO UNICAMP

A Redação UNICAMP acontece na segunda fase do vestibular da Universidade Estadual de


Campinas (UNICAMP), realizado pela Comissão Permanente para os Vestibulares (COMVEST).

A UNICAMP tem se destacado no meio acadêmico por conta da sua tradição e também por sua
inovação em ensino, pesquisa e extensão e é apontada como a melhor universidade do Brasil da
atualidade segundo índice do Ministério da Educação. Seu vestibular tem chamado atenção de
candidatos de todo o país, registrando recorde de inscritos para as provas de 2018, devido aos
programas de ação afirmativa para inclusão social para estudantes de escolas públicas (PAAIS) e,
a partir do vestibular 2019, haverá cotas étnico-raciais.

A prova de redação do vestibular da UNICAMP é uma dos pioneiras do país a cobrar não mais
dissertação-argumentativa, carta e narrativa, mas sim gênero e dois textos. Resumindo, os
candidatos devem fazer duas propostas de redação, na segunda fase, juntamente com a prova de
Português e de Literatura. As duas propostas são obrigatórias e exigem a escrita de gêneros
diversos, como por exemplo, resumo, entrevista, carta do leitor, relatório, carta aberta, artigo de
opinião, comentário, discurso de apresentação, síntese etc. Deste modo, a prova de redação da
UNICAMP é uma dupla caixinha de surpresas: em relação ao gênero e em relação ao tema
abordado por este gênero.
Nesse texto, analisamos a proposta de redação número um (palestra sobre pós-verdade) mas
também existe a proposta de redação número dois de 2018 (artigo de opinião sobre direitos
humanos versus discurso de ódio).

As propostas de redação da UNICAMP são estruturadas em enunciados e textos fontes: os


enunciados contêm os comandos da prova e os textos fontes servem de subsídio para a escrita
do texto. O uso dos textos fontes pelos candidatos depende do gênero exigido, assim, não há uma
fórmula mais ou menos pronta que serve para todas as propostas como há no Exame Nacional do
Ensino Médio – Enem – de não copiar trechos dos textos motivadores da coletânea na
dissertação-argumentativa, por exemplo.

O enunciado desta proposta de redação coloca o candidato como um estudante do Ensino Médio
(como a grande maioria é) que deverá fazer uma palestra para os demais estudantes sobre pós-
verdade. Ou seja, a UNICAMP aqui exige a escrita de um texto que é concebido na modalidade
escrita, já que é planejado, mas que é essencialmente da moralidade oral: palestra. O tema desta
palestra é o fenômeno atualmente cunhado como pós-verdade.

Nesta palestra, o candidato deveria (1) explicar o que é a pós-verdade e explicar sua relação com
as redes sociais, (2) dar alguns exemplos de notícias falsas que circularam nas redes sociais e se
tornaram verdades e (3) citar consequências sociais que a disseminação da pós-verdade pode
acarretar.
Neste caso, o candidato tinha estes três objetivos a cumprir nesta palestra voltada para demais
estudantes e, neste ponto, a linguagem utilizada deveria ser levada em consideração no
planejamento do texto; já que é uma palestra em uma escola, a linguagem deveria seguir a norma
padrão da língua, mas sem a necessidade de ser rebuscada, já que a palestra será proferida por
um estudante do Ensino Médio.

No final do enunciado há uma ressalva praticamente inédita nas provas de redação da UNICAMP:
o candidato poderia ter usado informações de outras fontes para compor seu texto.

Há dois textos fonte nesta proposta. O texto A é uma charge e aborda um ponto fundamental: a
distinção entre notícias falsas (que sempre existiram) e pós-verdade, já que este fenômeno não se
trata apenas da publicação de notícias falsas ou mentirosas, mas sim no fato de que muitas
pessoas acreditam que opiniões valem mais do que fatos, normalmente opiniões infundadas ou
mal baseadas. É como se opiniões pessoais fossem tidas como verdades absolutas que ignoram
fatos e dados comprovados.

O texto B, por sua vez, coloca o termo “pós-verdade” como a palavra do ano, assim eleita pela
Universidade de Oxford, no Reino Unido e articula o fenômeno com as redes sociais, ou melhor
dizendo, com o uso das redes sociais pelos usuários. Ele ainda oferece exemplos de notícias
falsas que circularam recentemente de maneira proposital, inclusive, o que nos leva a pensar nas
possíveis consequências do pós-verdade.

Esta proposta pressuponha que os candidatos soubessem, pelo menos um pouco, sobre o
fenômeno do pós-verdade, pois os textos fontes não dão explicações explícitas sobre o fenômeno.
Deste modo, os candidatos deveriam inferir muitas coisas, como as possíveis consequências, por
exemplo.
Neste caso, a prova de redação consiste em dois textos de gêneros completamente distintos,
que não são divulgados antes. Cada texto vale 24 pontos, totalizando 48.

Veja os critérios de correção:


Tipo de texto e interlocução: Avalia se o texto corresponde ao gênero pedido, e se os
interlocutores (ou seja, a quem você se dirige durante o desenvolvimento do texto) estão sendo
considerados.

Propósito: Verifica se a tarefa solicitada na proposta é cumprida e se o tema e as instruções


de elaboração do texto são levados em conta.
Leitura: O candidato deve saber estabelecer um contato entre o texto e a coletânea fornecida
na prova, através da qual a banca avaliará a leitura e a interpretação de texto do candidato.

Articulação escrita: Os dois textos devem apresentar uma escrita fluida, coerente, e bem
fundamentada. O candidato também deve mostrar que sabe adequar a linguagem a cada um
dos gêneros solicitados.

Para a Unicamp, deve-se desconsiderar quase tudo em relação às provas dos vestibulares que
exigem tipo dissertativo, porque a correção passa a levar em conta elementos específicos que
compõem cada gênero pedido. Por causa dessa grande variedade de gêneros textuais
possíveis, é comum que o estudante fique com medo de não saber desenvolver o texto que for
pedido.

“Se o candidato for um bom leitor, ele consegue fazer a prova da Unicamp sem maiores
problemas. Saber escrever ou não um texto é fruto de um repertório, não é necessário tentar
estudar todos os gêneros possíveis, porque na hora da prova o tipo de texto vai estar muito
claro para o estudante”, explica a professora Andrea.

Assim como nos gêneros, os temas também podem ser os mais diversos, mas sempre
mantendo uma tendência de atualidade. Veja os temas das cinco últimas provas:

Os seis últimos temas das provas da Unicamp:

2019 - fórum para discutir crescimento do PIB x IDH e abaixo-assinado defendendo professora
de Filosofia contra ofensas
2018 - Palestra sobre a pós-verdade e artigo de opinião sobre direitos humanos versus
discurso de ódio).
2017 – Uma carta argumentativa sobre a imigração no Brasil; artigo sobre uma campanha
publicitária
2016 – Resenha de uma fábula de La Fontaine; artigo de divulgação de um texto científico
sobre indução de emoções
2015 – Carta para convocar pais de alunos a um debate sobre violência nas escolas; síntese
sobre recursos tecnológicos para humanizar atendimento na área da saúde
2014 – Relatório sobre oficina cultural em uma escola; Carta aberta de uma associação,
dirigida a autoridades, sobre problemas no trânsito
2013 – Resumo de um texto sobre pessimismo; carta a redatores de um jornal sobre
alcoolismo
2012 – Comentário de internet sobre a profissão de cientista; manifesto de estudantes de uma
escola sobre monitoramento online; verbete explicando o conceito de computação em nuvem

Na Unicamp, as redações são anuladas apenas quando ocorre fuga do tema ou fuga do tipo
de texto exigido.

– Evite usar clichês, provérbios e citações sem critério. Você pode acabar errando o autor da
expressão (o que pega muito mal), ou até mesmo usá-la fora de contexto, o que pode
direcionar a sua redação para um lado que você não quer.

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