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SEMINÁRIO PRESBITERIANO DO SUL

RAFAEL GONÇALVES

Teologia Sistemática IV
RELATÓRIO DE LEITURA: A Instituição da Religião Cristã, Tomo II / Livro 3, João Calvino
(cap.:1-3, 6-12, 21-25, Editora UNESP:2007)

Relatório de Leitura: A Instituição da Religião


Cristã Tomo II / Livro 3, João Calvino (cap.:1-3,
6-12, 21-25, Editora UNESP:2007), para a
matéria de Teologia Sistemática IV (TS04), do
Seminário Presbiteriano do Sul, da Igreja
Presbiteriana do Brasil.

Prof.: Rev. Fernando Teixeira Arantes

CAMPINAS
2023
Após a árdua leitura da obra magna de Calvino, um relatório da mesma será
estruturado de modo que sejam apresentadas tanto as ideias do autor nos respectivos
capítulos, quanto no final de cada capítulo uma singela contribuição deste que redige. Não é
uma tarefa fácil entender Calvino, suas ideias possuem raízes no Espírito Santo, isto
demonstra o seu valor e sua proficuidade. Existem melhores traduções do mesmo conteúdo
dispostas em português, a presente tradução não reflete o que de melhor pode ser aproveitado
do autor.

Capítulo I: As coisas que dissemos acerca de Cristo são-nos úteis pela ação misteriosa do
Espírito.
O presente capítulo poderia ter o título “A ação do Espírito Santo na comunicação dos
bens de Cristo” como uma possibilidade de ideia central, pois neste é apresentado a
importância da ação do Espírito Santo na comunicação dos bens que o Pai concedeu a Cristo
para socorrer os pobres e necessitados. Para isso, é necessário que Cristo habite em nós e que
sejamos um só com Ele. O Espírito Santo é o vínculo que nos une a Cristo e nos concede seus
bens. Calvino também destaca a importância do Espírito Santo como o “espírito de
santificação”, que nutre e aquece com seu poder e é a raiz e semente da vida celestial. Ele
ainda menciona a profecia de Joel, que anuncia o derramamento do Espírito sobre toda carne.
O capítulo I destaca, portanto, a importância da ação do Espírito Santo na salvação e
santificação dos crentes.

Capítulo II: Sobre a fé: onde se estabelece sua definição e se explica o que tem de
próprio.
O objetivo deste capítulo é estabelecer uma definição clara e precisa sobre a natureza
da fé e como ela pode nos libertar da condenação eterna. O capítulo inicia explicando que,
para entender a força e a natureza da fé, é necessário estabelecer uma definição clara dela. A
partir disso, Calvino passa a repetir algumas coisas já ensinadas, como o fato de que Deus nos
prescreve por meio de sua Lei o que deve ser feito e ameaça-nos com a sentença de morte
eterna se falharmos em alguma parte. Em seguida, Calvino faz uma pergunta importante: o
que é a fé que diferencia os filhos de Deus dos incrédulos? Ele responde essa pergunta
explicando brevemente a propriedade e natureza da fé. Segundo ele, chegaremos a uma
definição precisa de fé se dissermos que é o conhecimento firme e certo da benevolência
divina para conosco, fundado sobre a verdade da promessa gratuita feita em Cristo pelo
Espírito Santo, revelada à nossa mente e selada em nosso coração.
Antes de avançar na definição da fé, Calvino esclarece alguns pontos importantes. Em
primeiro lugar, ele refuta a distinção frívola entre a fé formada e informe. Alguns imaginam
que aqueles que não são tocados por nenhum temor de Deus ou sentimento algum de piedade
ainda assim creem no necessário para a salvação. No entanto, isso é falso. Calvino explica que
a fé não é apenas uma crença intelectual, mas algo que envolve todo o nosso ser.
Por fim, Calvino conclui que a fé é a chave para a salvação. É por meio da fé que
passamos da morte à vida e que Cristo habita em nós. A fé nos liberta da condenação eterna e
nos dá acesso à graça de Deus. Ele enfatiza que a fé não é algo que podemos alcançar por
nossos próprios esforços, mas é um dom de Deus. É o Espírito Santo que ilumina nosso
coração para a fé e nos torna testemunhas da verdade.

Capítulo III: Somos regenerados pela fé. Sobre a penitência.


Calvino começa explicando que, apesar de já ter ensinado sobre como a fé envolve
Cristo e por meio dela desfrutamos de seus bens, isso ficaria obscuro sem explicar os efeitos
que experimentamos, o que não é possível fora do tema principal do Evangelho: a penitência
e o perdão dos pecados. Calvino continua explicando que isso teria sido obscuro, embora ele
já tenha ensinado sobre como a fé envolve Cristo e que por meio dela desfrutamos de seus
bens. A penitência e o perdão dos pecados são conceitos fundamentais que precisam ser
compreendidos antes que possamos ter uma compreensão genuína de nossa fé em Cristo e
como ela opera em nossas vidas. Ele oferece versículos bíblicos que demonstram como Deus
olha para o coração das pessoas e como a pureza exterior da vida de uma pessoa não é o foco
principal da penitência.
Calvino coloca uma forte ênfase no significado da santidade da vida em relação à livre
imputação da justiça. Ele argumenta que, uma vez que Cristo nos oferece uma nova vida e
reconciliação gratuita, bem como a capacidade de obter ambas pela fé, é vital que comecemos
a falar sobre um e outro neste local, porque é crucial que comecemos a abordar essas duas
coisas simultaneamente. No capítulo, Jesus investiga as especificidades de como o ato de
penitência abre caminho para experimentarmos uma nova vida em Cristo. Ele afirma que
valeu a pena os homens efetuarem uma clara distinção entre fé e penitência, desde que foram
instruídos de que Cristo se tornou para eles redenção, justiça, salvação e vida, e que em nome
de quem eles são gratuitamente considerados.
Capítulo VI: Sobre a vida do homem cristão e, especialmente, com que argumentos a
Escritura nos exorta a ela.
O autor enfatiza a importância da simplicidade e brevidade na exposição da doutrina,
seguindo o exemplo dos filósofos corretos e honestos que têm fins claros e deduzem os
deveres particulares de todas as virtudes. A Escritura, por sua vez, tem uma disposição
belíssima e muito clara que não carece de ordem, embora nem sempre observe uma
organização metódica. A ordem da Escritura consiste essencialmente em dois pontos: instilar
e introduzir em nosso coração o amor à justiça e prescrever-nos uma regra certa que não nos
permita afastar-nos do caminho da justiça. A Escritura tem várias e excelentes razões para
inclinar-nos à justiça, das quais o autor menciona algumas em diversos lugares do texto.
O objetivo da regeneração é os fiéis cultivarem em sua vida simetria e consenso entre
a justiça de Deus e a obediência a ela, ratificando assim a adoção pela qual foram recebidos
como filhos. Embora a Lei de Deus contenha em si aquela novidade pela qual se restaura em
nós a imagem de Deus, nossa lerdeza tem necessidade tanto de muitos estímulos quanto de
escoras. Por isso, é útil extrair de passagens diversas da Escritura uma ordem com que
organizar nossa vida, para que aqueles que desejam o arrependimento não se percam em sua
intenção.

Capítulo VII: Resumo da vida cristã: a renúncia de nós mesmos.


O capítulo começa explicando que a ordem da Escritura consiste em instilar o amor à
justiça em nossos corações e prescrever uma regra certa para nos mantermos no caminho da
justiça. A Escritura tem várias razões para inclinar-nos à justiça, como a advertência da
necessidade de sermos santificados, já que nosso Deus é santo.
O texto também fala sobre a regeneração dos fiéis e como eles devem cultivar simetria
e consenso entre a justiça de Deus e sua obediência para ratificar sua adoção como filhos.
Embora a Lei de Deus contenha em si aquela novidade pela qual se restaura em nós a imagem
de Deus, ainda precisamos extrair ordens de passagens diversas da Escritura para organizar
nossa vida.

Capítulo VIII: Sobre a aceitação da cruz, que é parte da negação de nós mesmos.
O capítulo 8, fala sobre a importância da aceitação da cruz em nossas vidas como
parte da negação de nós mesmos. Calvino destaca que todos os que são escolhidos por Deus
devem estar preparados para uma vida difícil, cheia de adversidades e sofrimentos, mas que
isso é para exercitá-los e testar sua obediência ao Pai celestial. O texto também destaca que a
aceitação da cruz pode ajudar a mitigar a amargura do sofrimento, pois nos faz lembrar da
comunhão com Cristo e como os nossos sofrimentos podem se tornar bênçãos para nós e nos
ajudar a avançar em nossa salvação.
Além disso, o autor menciona que o sentimento de repugnância pode se apoderar do
nosso coração diante das dificuldades, mas o sentimento de piedade deve nos obrigar à
obediência à vontade divina. Por fim, o texto destaca que Cristo não precisava ter aceitado a
cruz, mas o fez para testemunhar sua obediência ao Pai e provar seu amor por nós.

Capítulo IX: A meditação da vida futura.


O autor trata neste capítulo da importância da meditação sobre a vida futura e do
desprezo pela vida presente. Calvino argumenta que a meditação sobre a vida eterna é
essencial para nos afastarmos do amor pelo mundo presente e nos concentrarmos na busca
pela imortalidade celestial. Ele também destaca que a vida presente tem muitas seduções que
podem nos distrair desse objetivo, e que devemos nos esforçar para nos livrar desses grilhões.
O texto enfatiza que enfrentamos disputas na terra para sermos coroados no céu, e que
devemos superar as dificuldades da guerra e alcançar a vitória antes de triunfar.

Capítulo X: Como se deve usar a vida presente e seus meios


É fornecido instruções sobre como usar os bens terrenos de forma adequada e com
consciência limpa, a fim de ajudar em vez de retardar nosso percurso rumo ao reino celestial.
A Escritura prescreve uma medida para o uso desses bens e ensina que todas as coisas nos são
dadas pela benignidade de Deus e destinadas a nosso bem-estar, sendo um depósito do qual
um dia havemos de prestar contas. É importante equilibrar o uso dos bens terrenos para
atender tanto às nossas necessidades quanto aos nossos prazeres.

Capítulo XI: A justificação pela fé. Antes, sua definição nominal e real
O capítulo trata principalmente da justificação pela fé e do uso adequado dos bens
terrenos, segundo os ensinamentos da Palavra de Deus. O capítulo XI começa com a definição
nominal e real da justificação pela fé, e em seguida aborda a importância de viver de forma
consciente e equilibrada, usando os bens terrenos de maneira adequada. O autor destaca que,
se é preciso viver na terra, é preciso também usar seus bens para que mais ajudem do que
retardem nosso percurso. No entanto, o tema é escorregadio e pode levar a excessos tanto para
um lado quanto para o outro. Por isso, é importante fincar bem o pé onde se possa estar em
segurança.
A Escritura apresenta três regras para moderar o uso das coisas terrenas: a primeira é
que devemos usá-las com moderação e equilíbrio; a segunda é que devemos nos servir deste
mundo como se dele não nos servíssemos; e a terceira é que todas as coisas nos são dadas pela
benignidade de Deus e destinadas ao nosso bem-estar, sendo como um depósito do qual um
dia havemos de prestar contas. O texto também destaca a importância da caridade e do amor
ao próximo na forma como usamos os bens terrenos. Em resumo, o relatório do texto contido
no arquivo trata da justificação pela fé e do uso adequado dos bens terrenos segundo os
ensinamentos da Palavra de Deus, destacando a importância da moderação, equilíbrio e amor
ao próximo.

Capítulo XII: Que nos convencemos verdadeiramente da justificação gratuita, para


elevarmos nossa mente ao tribunal de Deus.
O capítulo trata sobre a justificação gratuita no tribunal de Deus e como entender a
integridade das obras que satisfazem o julgamento divino. Ele enfatiza que nenhuma obra
humana pode satisfazer a justiça de Deus e que todos somos acusados de mil pecados sem
poder oferecer purgação por um só. O autor cita exemplos bíblicos e de escritores piedosos
para reforçar essa ideia. O capítulo XII discute a necessidade de compreender as premissas
fundamentais da disputa sobre a justiça divina antes de avaliar a integridade das obras. O
autor também destaca que o discurso não é sobre a justiça do fórum humano, mas sim sobre a
do tribunal celestial. Calvino, ainda, enfatiza que é importante abandonar os deleites
mundanos e voltar o pensamento para Deus se quisermos investigar com fruto sobre a
verdadeira justiça, pois haveremos de responder ao juiz celeste quando nos chamar para
pedir-nos contas.

Capítulo XXI: A eleição eterna, com a qual Deus predestinou a uns para a salvação e a
outros para a perdição.
O capítulo aborda a questão da predestinação divina, que muitos consideram absurda e
injusta. No entanto, o autor argumenta que essa visão é equivocada e falta de discernimento.
Ele afirma que compreender a eleição eterna de Deus é fundamental para entender como
nossa salvação procede e emana da fonte da gratuita misericórdia de Deus. O autor também
destaca que a compreensão do mistério da eleição e da predestinação pode ajudar os fiéis a
lidar com as questões difíceis que surgem a partir desses conceitos. Ele cita Agostinho para
afirmar que podemos seguir a Escritura com toda segurança, pois ela vai conhecendo pouco a
pouco nossa fraqueza, para não nos deixar para trás.

Capítulo XXII: Confirmação desta doutrina pelos testemunhos da Escritura.


É apresentado uma defesa da doutrina da eleição gratuita dos fiéis, baseada em
testemunhos da Escritura. O autor argumenta que Deus escolheu alguns indivíduos para a
salvação não por causa de seus méritos ou obras, mas simplesmente por sua graça e
misericórdia. Essa eleição não é baseada na presciência de Deus sobre as escolhas futuras dos
indivíduos, mas é um ato livre e soberano de sua vontade.
O autor responde a várias objeções comuns a essa doutrina, incluindo a acusação de
que ela faz de Deus um tirano arbitrário e nega a liberdade humana. Ele argumenta que essa
doutrina não implica em nenhuma injustiça ou falta de amor por parte de Deus, e que ela é
consistente com a liberdade humana e responsabilidade moral.

Capítulo XXIII: Refutação das calúnias com que esta doutrina foi sempre impugnada.
O foco de Calvino é uma refutação das calúnias que sempre foram feitas contra a
doutrina da eleição e reprovação. Ele argumenta que a eleição e a reprovação são
fundamentais para a salvação, pois Deus escolhe aqueles que serão salvos e os separa dos que
serão condenados. Calvino também discute como a doutrina da eleição e reprovação é vista
pelos anjos, afirmando que eles adoram o juízo compreensível de Deus. Além disso, o autor
aborda as críticas feitas por aqueles que admitem a eleição, mas afirmam que alguns estão
claramente destinados à perdição. Ele argumenta que isso é sinal de reprovação e não pode ser
negado.
Por fim, cita-se Paulo para mostrar como não há motivo para querelas com Deus em
relação à eleição e reprovação. Ele destaca como Deus mostra sua ira e poder ao suportar com
paciência os vasos de ira preparados para destruição, enquanto faz notórias as riquezas de sua
glória nos vasos de misericórdia preparados para glória.

Capítulo XXIV: A eleição se confirma com o chamamento de Deus; pelo contrário, os


réprobos atraem sobre eles a justa perdição a qual estão destinados.
A eleição é um ato de graça divina, pelo qual Deus escolhe livremente aqueles que
serão salvos. Calvino enfatiza que a eleição não é baseada em mérito humano, mas sim na
vontade soberana de Deus. Também discute a relação entre o chamado divino e a justificação.
Ele afirma que o chamado é uma expressão da graça de Deus, que nos leva à fé em Cristo e à
justificação pela fé. Argumenta que o chamado divino é eficaz, ou seja, aqueles que são
chamados por Deus são certamente justificados e salvos. É também abordado a questão da
certeza da salvação. Calvino argumenta que a certeza da salvação não deve ser buscada em
nós mesmos, mas sim em Cristo. Ele enfatiza que Cristo é o espelho no qual devemos
contemplar nossa eleição e na qual encontramos segurança.

Capítulo XXV: A ressurreição final.


O texto começa afirmando que o tema da ressurreição é algo mais árduo do que o
senso humano pode compreender, mas a Escritura nos ajuda a superar esse obstáculo através
da semelhança de Cristo e na onipotência de Deus.O capítulo XXV fala sobre como Cristo
venceu a morte e trouxe vida e imortalidade através do Evangelho. Os cristãos são cidadãos
dos santos e membros da família de Deus, sentados nos lugares celestiais com o unigênito.
Embora já tenhamos a plena felicidade em Cristo, ainda estamos em uma guerra dura e
devemos exercitar nossa fé até a vitória final.
O texto também menciona a natureza da esperança e como ela nos ajuda a perseverar
durante tempos difíceis. A ressurreição final é vista como o fim de nossa jornada terrena, onde
seremos recompensados com eterna felicidade. No entanto, essa felicidade está envolta em
enigmas até que venha aquele dia em que o Senhor nos manifestará sua glória para
contemplarmos face a face.

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