Mazuma-Assunção-1 Original

UNIVERSIDADE LUEJI AŃKON DE
◊ LUNDA-NORTE ◊ LUNDA-SUL ◊ MALANJE ◊

FACULDADE DE ECONOMIA DA LUNDA-NORTE
PROPOSTA DE FORMAÇÃO COMO FORMA DE MELHORAR O

PERFIL EMPREENDEDOR DOS VENDEDORES AMBULANTES NO
MUNICIPIO DO LUCAPA
Autoras: Assunção Queque Muxito
Neusa Manzuma
DUNDO 2019
UNIVERSIDADE LUEJI AŃKON DE
◊ LUNDA-NORTE ◊ LUNDA-SUL ◊ MALANJE ◊
FACULDADE DE ECONOMIA DA LUNDA-NORTE
PROPOSTA DE FORMAÇÃO COMO FORMA DE MELHORAR O

PERFIL EMPREENDEDOR DOS VENDEDORES AMBULANTES NO
MUNICIPIO DO LUCAPA.
Trabalho de Fim de Curso para a obtenção
do título de Licenciatura em Economia na
opção de Gestão de Empresas.
Autoras: Assunção Queque Muxito
Neusa Manzuma
Orientador: Adolfo Caiji Cabeia
DUNDO 2019
DEDICATÓRIA
Dedicamos este trabalho a nossas famílias, e aos colegas que

connosco estudaram.
As nossas parceiras pelo apoio incondicional em todos os

momentos, principalmente nos de incerteza, muito comuns para
quem tenta trilhar novos caminhos. Sem vocês nenhuma conquista
valeria a pena.
I
AGRADECIMENTOS
Ao terminar este trabalho não posso deixar de agradecer a Deus em primeiro lugar e a
todos que contribuíram para a sua realização e cujo contributo foi essencial, dentro e
fora do âmbito académico.
Ao professor Licenciado Dr. Adolfo Caiji Cabeia, orientador deste trabalho, que muito
admiro e a quem agradeço todo o apoio e interesse demonstrado na elaboração deste
trabalho. Foi fundamental o seu entusiasmo desde o início, a disponibilidade, o
incentivo, a colaboração e a amizade sempre manifestada, bem como nunca duvidou
das nossas capacidades para a sua execução.
Ao_____________________, coorientador deste trabalho, agradeço a oportunidade de

discutir ideias, obtendo sugestões e esclarecimentos de grande valor, pelos
conhecimentos e disponibilidade, fundamentais para a realização deste trabalho e a
força que soube transmitir nos momentos de maior desânimo.
Aos meus colegas de curso, pelo companheirismo e apoio moral durante a elaboração
deste trabalho e pelos excelentes anos de convívio.
A minha Família, por tudo.
A todos os que, de uma forma ou de outra, contribuíram para a concretização deste

sonho, e que não estão aqui referidos, muito obrigado!
II
LISTA DE FIGURAS
III
LISTA DE GRAFICOS
IV
LISTA DE ABREVIATURAS
BRE´S-Boletins de registos de Exportação
BRI´S-Boletins de registos de importação
EDIMBA-
EDIMBI-
EGROSBAL-
EMPA-Empresa Pública de Abastecimento
ENCODOPA´S-Empresas de comercialização e de distribuição de produtos agro-

pecuários
EREBIND´S-
EREMISTAS-
ETRACI´S-
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e EStatística
ONU-Organizações das Nações Unidas
PIB-Produto Interno Bruto
PRESILD- Programa de Reestruturação do Sistema de Logística e de Distribuição

de Produtos essenciais à População
UEE-Unidade económica estatal
V
RESUMO
VI
ABSTRACT
VII
ÍNDICE
DEDICATÓRIA...............................................................................................................................................I
AGRADECIMENTOS......................................................................................................................................II
LISTA DE FIGURAS.......................................................................................................................................III
LISTA DE GRAFICOS....................................................................................................................................IV
LISTA DE ABREVIATURAS.............................................................................................................................V
RESUMO.....................................................................................................................................................VI
ABSTRACT..................................................................................................................................................VII
INTRODUÇÃO..............................................................................................................................................1
CAPITULO 1- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..................................................................................................5
1.1 Vendedor ambulante, noção e surgimento.......................................................................................5
1.2 Perfil do vendedor ambulante...........................................................................................................7
1.3 Tipologias dos vendedores ambulantes.............................................................................................8
1.4 Causas, obstáculos e desafios............................................................................................................8
1.5 Efeitos e importância na economia.................................................................................................10
1.6 Vendedores Ambulantes e suas Estratégias de Marketing........................................................11
1.7 A venda ambulante em Angola..................................................................................................12
1.7.1 Importância económica da venda ambulante em Angola.........................................................15
1.7.2 A venda ambulante no contexto angolano...............................................................................18
1.7.3 Venda ambulante e crescimento económico...........................................................................20
CAPITULO 2 – METODOLOGIA...................................................................................................................22
2.1. Área de pesquisa............................................................................................................................22
2.2. Aspectos metodológicos.................................................................................................................23
2.3. População e amostra......................................................................................................................23
2.4. Descrição do questionário..............................................................................................................28
2.5. Tratamento dos dados....................................................................................................................30
CAPITULO 3 - ANÁLISE DE DADOS E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS.................................................31
3.1. Caracterização da venda ambulante no Município do Lucapa........................................................31
3.2.........................................................................................................................................................31
CONCLUSÃO..............................................................................................................................................32
SUGESTÕES................................................................................................................................................33
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................................................34
ANEXOS.......................................................................................................................................................1
VIII
INTRODUÇÃO
A presente monografia trata de uma proposta de formação como forma de

melhorar o perfil empreendedor dos vendedores ambulantes no Município do Lucapa,
uma vez que nas cidades angolanas os vendedores ambulantes através da sua
actividade distribuem rendimentos e asseguram a sobrevivência das respectivas
famílias. A existência do comércio ambulante é vista como uma actividade importante
para a diversificação da economia de um país. E esta, é uma actividade que tem vindo
a proliferar, consequência das grandes transformações políticas económicas que o país
vem sofrendo desde 1992.
Desde tempos imemoriais que existem actividades comerciais, o comércio

surgiu quando duas pessoas descobriram que se trocassem entre si o que cada uma
tinha a mais pelo que cada uma tinha a menos poderiam ambas ganhar. A troca, é uma
das componentes fundamentais da actividade comercial, (…) através da comunicação
e de negociação (Pinto, 2016).
Ainda seguindo no levantamento do autor, a história do comércio ambulante

confunde-se com a história da humanidade, assim como se confunde com muitas
outras realidades que fazem parte da vida quotidiana das pessoas. O comércio
ambulante e a distribuição estão presentes em quase tudo: no povoamento, na
ocupação do tempo e no combate ao desemprego. A actividade do comércio
ambulante que por assim dizer, constitui a essência do surgimento da actividade
comercial, está presente em todas as partes do mundo nas diferentes populações.
Os vendedores ambulantes podem ser estacionários e ocupar espaço nas

calçadas ou outras áreas públicas/privadas, ou podem ser móveis e deslocarem-se de
um lado para o outro, transportando as suas mercadorias. As actividades de venda
ambulante tendem a absorver um grande número de pessoas desempregadas. O seu
mercado é constituído pelo um conjunto de consumidores aos quais agrada a
acessibilidade aos bens e serviços que os vendedores ambulantes podem fornecer. No
entanto, quando as políticas urbanas permitem aos vendedores ambulantes exercer a
sua actividade de comércio, resultam impactos positivos em várias frentes, tais como
Proposta de formação como forma de melhorar o perfil empreendedor dos vendedores ambulantes no
município do Lucapa. Pá gina 1
pobreza, emprego, empreendedorismo, mobilidade social entre outros (Kusakabe,
2006).
Os vendedores ambulantes fazem parte dos cenários das cidades. Mesmo com
toda investida dos governos para diminuir o número dos vendedores ambulantes nas
ruas, a falta de emprego, aliada baixa escolaridade torna o esforço quase impossível.
Entretanto, vários países tem criado iniciativas no sentindo de organiza-los, no caso da
África do Sul, os vendedores ambulantes foram organizados em grupos e uma área,
onde se vende em horários específicos. As horas proibidas pelo governo, eles não
vendem. No Senegal também igual (Revista RA. Sociedade, 2016).
Actualmente, em Angola, nota-se a presença de vendedores ambulantes em

quase todas ruas das cidades. Mas que existe necessidade de formar os vendedores
ambulantes em matérias sobre as características do empreendedor, os riscos
enfrentados no mundo empresarial, as etapas da criação de pequenos negócios,
estudo de mercado, aspectos financeiros de projectos e as potencialidades de recursos
humanos de modo a prepara-los para formalização dos seus negócios e um bom
desempenho dos seus negócios (Agência Angola Press, 2019).
No entanto, o exercício desta actividade comercial é lucrativa permitindo, por

um lado o sustento de muitas famílias dos munícipes do Lucapa, e por outro, que os
comerciantes consigam angariar verbas que lhes permitam ampliar e desenvolver a
sua actividade de venda. Deste modo, pretende-se, na presente monografia, salientar
da importância da formação enquanto mecanismo de melhorar do perfil empreendedor
dos vendedores ambulantes do Município do Lucapa.
Problema
Como contribuir no melhoramento do perfil empreendedor dos vendedores
ambulantes do Lucapa?
Desta questão principal ressaltam três outras consideradas pertinentes,

nomeadamente:
 Quais os fundamentos teóricos que sustentam o tema?
 Qual é o perfil empreendedor dos vendedores ambulantes do Município do
Lucapa?
 Quais os conteúdos programáticos são necessários para formação dos
vendedores ambulantes do Município do Lucapa?
Objecto de estudo: perfil empreendedor dos vendedores ambulantes.
Campo de acção: perfil empreendedor dos vendedores ambulantes do município do

Lucapa.
Objectivo Geral
Providenciar uma estratégia com vista a melhorar o perfil empreendedor dos
vendedores ambulantes do Lucapa.
Objectivos específicos
 Descrever os fundamentos teóricos que sustentam o tema;
 Identificar os factores que influenciam a venda e o rendimento dos vendedores
ambulantes do Lucapa;
 Elaborar uma proposta de formação dos vendedores ambulantes do Lucapa.
Justificativa
Em função do actual sistema político-económico em vigor no nosso país, sobre
os vendedores ambulantes, que visa à organizar o mercado comercial das vendas
ambulantes; uma vez que eles têm comercializado os produtos arbitrariamente e
sobretudo em sítios impróprios e sem noções básicas de empreendedorismo; julgamos
nós ser relevante que os senhores em causa deveriam, inicialmente, aderir às novas
leis do sistema económico do actual governo, e posteriormente, obter formação
adequada que as capacite na gestão dos seus empreendimentos. Por este motivo,
sentimo-nos comovidas a fazer uma abordagem micro-económica sobre a formação e
capacitação dos vendedores ambulantes residentes no Município do Lucapa, Província
da Lunda Norte.
Entretanto, considera-se oportuno e pertinente investigar o contributo da
formação profissional no combate ao desemprego na província do Cunene.
Com este estudo pretende-se contribuir para o melhoramento do plano do

governo Angolano e, nomeadamente dos decisores (Ministério do Comercio e Industria
da Província da Lunda Norte). Os índices motivacionais, quer de natureza pessoal quer
profissional são elevados, uma vez que se anseia conjugar algum conhecimento
adquirido no percurso profissional. Recolher e analisar elementos técnico-económicos
indispensáveis às áreas como: estudos e planeamento, e do sector de negócio.
Também criar um intercâmbio entre a área profissional e a académica no sentido de se
obter uma maior racionalidade, espírito critico e científico que é necessário para
execução de trabalhos de importância estratégica no sector. O estudo diz respeito a
uma amostra de vendedores ambulantes do município de Lucapa.
Estrutura do trabalho
Para além da introdução, conclusões e sugestões, a monografia será dividida
em três capítulos.
No primeiro capítulo, partimos para o objecto da investigação, vendedores ambulantes.

Primeiramente, baseamo-nos em alguns trabalhos sobre aos vendedores ambulantes,
a partir das raízes históricas.
No segundo capítulo apresenta-se a metodologia utilizada durante a pesquisa, com

destaque para os métodos de pesquisa, caracterização do Município do Lucapa e a
caracterização dos inquiridos, etc.
No terceiro capítulo aborda-se sobre a análise dos dados e interpretação dos

resultados como consequência de um estudo de campo realizado a realizar-se na
empresa seleccionada, sintetizando as principais conclusões.
CAPITULO 1- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Neste capitulo aborda-se sobre a fundamentação teórica sobre o vendedor
ambulante, noção e surgimento,
1.1. Caracterização dos vendedores ambulantes
Um vendedor ambulante é uma pessoa que oferece bens ou serviços para

venda ao público sem assentar numa estrutura permanente, mas com uma estrutura
estatística temporária. Os vendedores de rua podem ser estacionários e ocupar espaço
nas calçadas ou outras áreas públicas/privadas, ou podem ser móveis e deslocarem-se
de um lado para o outro, transportando as suas mercadorias. As actividades de venda
ambulante tendem a absorver um grande número de pessoas desempregadas. O seu
mercado consiste de um conjunto de consumidores aos quais agrada a acessibilidade
aos bens e serviços que os vendedores ambulantes podem fornecer (Kusakabe, 2006).
Ainda seguindo levantamento do autor, quando as políticas urbanas permitem

aos vendedores ambulantes exercer a sua actividade de comércio, resultam impactos
positivos em várias frentes, como pobreza, emprego, empreendedorismo, mobilidade
social, paz e ordem, no sentido em que os recursos económicos e sócias são
democratizados e harmonizados entre homens e mulheres. Assim, quem vende um
produto na rua é um vendedor ambulante, como seu próprio nome indica, este tipo de
vendedor não tem lugar fixo de venda, pois se desloca de um lugar para o outro
buscando a maior afluência de público. Trata-se de uma actividade que está associada
normalmente a população activa desempregada e que não podem ou não querem
vender seus produtos pelos meios convencionais. O espaço utilizado para este tipo de
venda é bem diversificado: como na linha fera, praças, ruas movimentadas, etc.
Ao se avaliar a venda ambulante, varias e diferentes ideias existem na população, há

de um lado uma visão que coloca o comercio ambulante como um obstáculo ao
desenvolvimento das cidades. Prejudicando a limpeza e a ordem do espaço público,
são vistas como pessoas que dificultam fluxo de pedestres e procurem a todo custo
evitar o fisco. Mas também existem opiniões favoráveis a venda ambulante por se
considerar que este serve como alternativa ao desemprego (Figueiredo, 2016).
1.1.1. Breve história dos vendedores ambulantes
A história da Grécia antiga revela que a venda estava ai presente como actividade de
troca, e o termo vendedor já era utilizado. E que a profissão de vendedor como a
conhecemos hoje, foi recebida no contexto da revolução industrial, na Inglaterra, na
metade do século XVIII até a metade do século XIX (Cobra, 2010).
Antes destes períodos o comércio era o utlizado por mercadores e artesãos e outras
pessoas que exerciam a actividades de vendas. Na fase da idade média, os primeiros
vendedores que vendiam porta a porta, apareceram sobre forma de vendedores
ambulantes. Colectavam produtos de campos e vendiam na cidade e em contrapartida
os produtos manufacturados nas cidades eram por eles comercializados no campo. O
aumento do volume de produção e da concorrência gerada por essas mudanças, os
limites locais deixaram de ser suficientes para escoar toda produção das industriais e o
comércio intermunicipal e internacional começou a se desenvolver (Behling, 2015).
Neste período segundo o Spiro (2009), os vendedores ambulantes era a forma

dominante da profissão: profissionais autónomos que compravam produtos variados,
de diversas empresas e viajam por todo o país vendendo-os directamente aos
consumidores à pronta entrega.
A palavra começou a ser utilizada na Espanha na Idade Média para referir-se aos
vendedores de rua. Etimologicamente provém do vocábulo Bufón. Hoje em dia as
pessoas que se dedicam ao top manta na Espanha são em sua maioria de origem
africana. Um dos grupos que se dedica ao comércio ambulante na Espanha são os
Mercheros. Este grupo é nómade e tem uma forma de vida semelhante aos ciganos.
Sua actividade principal ao longo da história é a venda de produtos de latão e bijuterias
através da venda ambulante.
Em Angola, os vendedores ambulantes são conhecidos popularmente como
Zungueiros. O comércio ambulante, actividade comercial de venda a retalho exercida
de forma não sedentária por indivíduos que transportam as mercadorias e as vendem
nos locais do seu transito fora dos mercados urbanos ou municipais e em locais fixados
pela Administração Municipal.
Caracterizando a população de comerciantes de rua em Angola, verifica-se que uma

maioria significativa dos vendedores não possuem formação profissional para o
exercício da prática de actos de comércio e existe falta de fiscalização pelas entidades
competentes. A figura 1.1 mostra os vendedores ambulantes em Luanda/Angola.
Figura 1.1 - Vendedores ambulantes em Luanda/Angola.
Fonte: https//www.angop.ao
A abolição do regime dos preços fixados e da margem de comercialização, a

privatização da rede comercial grossista, retalhista e de prestação de serviços
mercantis, a promoção e desenvolvimento do comércio rural permanente desde o ano
de 1997fez surgir, o fenómeno venda ambulante ou zunga, como é conhecido, que é a
prática de actos comerciais espontâneos realizados em locais impróprios e sem
obediência a regras e normas técnicos-jurídicas, higiene-sanitárias e fuga ao fisco.
Ademais, assiste-se a invasão de cidadãos estrageiros a exercer a actividade
comercial em alguns casos de forma ilegal.
A venda ambulante é uma das características históricas e estruturais do
mercado de trabalho Angolano, desenvolveu-se no país, sobretudo após a
Independência da República de Angola, em 1975, como uma forma da população mais
pobre, nalguns casos migrantes das zonas rurais, criar negócios e sustentar a família.
Muitos dos negócios ambulantes são dominados pelos Congoleses em todo o território
angolano. Contudo, este não é um fenómeno pós-independência. Depois da
descolonização e durante a ocupação e a guerra que se prolongou por cerca de 24
anos, a população angolana abandonou as zonas rurais e veio procurar abrigo, tentar
sobreviver e procurar melhores condições de vida. As actividades dos vendedores
ambulantes traduziam uma expressão estritamente subsidiária do sector formal da
economia, que era o sector dominante e estruturante da sociedade, pois era dotado de
mecanismos de controlo e regulação indispensáveis ao funcionamento das instituições
(Organização das Nações Unidas, 2013).
Segundo Candanda (2013), o termo «zungueira» derivou da palavra

Quimbundo, kuzunga, que significa circular, deambular ou movimentar-se de um lugar
ao outro. O que significa que, a zunga, no sentido genérico, é a venda ambulante nas
ruas, do comércio informal. Neste respeito, a zungueira é uma mulher vendedora
ambulante, que prática o comercio informal, vendendo os seus produtos ou
mercadorias nas ruas, circulando de um lugar ao outro, sem itinerário predefinido ou
um local de venda fixo. Nas condições actuais de Angola, a zungueira desempenha o
papel muito importante como agente económico, intermediária, que trafica uma
variedade de bens, de primeira necessidade, aos consumidores. Na presença da taxa
elevadíssima de desemprego, cerca de 68% dos agregados familiares angolanos
sobrevivem do comércio informal, do qual uma boa parte é feita por circuito da venda
ambulante, que se estende por todos centros urbanos e semiurbanos.
Ainda seguindo no levantamento do autor, as mulheres zungueiras, na sua

maioria, são provenientes das zonas rurais. Devidas as circunstâncias de vida dificílima
nas cidades, foram obrigadas a enveredaram-se pela venda ambulante, tornando-se,
deste modo, semiproletárias, das classes mais pobres da sociedade angolana. A
mulher zungueira sobrevive através do trabalho árduo e arriscado. Na caracterização
social, a mulher zungueira é persistente, resistente, ousada, sacrificada, excluída,
injustiçada e desvalorizada.
Por outro lado, em termos económicos, a zunga é o desperdício de esforços,
sem rendimento tangível, que permitisse uma poupança razoável, capaz de crescer o
negócio, ganhar estabilidade e viabilizar a entrada no sector formal da economia do
país. Na maior parte dos casos, a zunga termina em falência por não produzir o
rendimento necessário para sustentar a família, produzir o saldo positivo que se
transforme em mais-valia para um novo círculo de investimento quantitativo e
qualitativo.
Actualmente, o comércio ambulante, feito por vendedores ambulantes, isto é, do

infindável número de cidadãos que pratica a economia de subsistência, popularmente
chamados de “zungueiras” ou “zungueiros”, foi recentemente objecto de consideração
pelo legislador que aprovou a Lei n.º 15/19, de 21 de Maio - Lei Sobre a Organização e
Funcionamento das Actividades de Comércio Ambulante, Feirante e de Bancada de
Mercado. A referida Lei está dividida em três grandes áreas:
a) Comércio Ambulante, previsto e descrito nos artigos 13.º - 23.º;
Na área do Comércio Ambulante, onde surge, precisamente o Vendedor Ambulante,

que é, de acordo com a Lei, todo aquele que realiza vendas ao público consumidor,
mas não dispõe de um local fixo, inclui também o negócio de restauração em unidades
móveis ou amovíveis, previstos na alínea d), do artigo 13.º e regulados pelo artigo 24.º,
ambos da citada Lei.
A Lei 15/19 elabora, ainda, uma distinção entre a venda tradicional e a venda em locais
fixos, no artigo 14.º, alíneas a) e b), posto que, deste modo, a venda ambulante
coincide, pelo menos em termos de designação, com a venda tradicional. Ao vendedor
ambulante são conferidos determinados direitos, por exemplo:
 No artigo 16.º, onde se prevê o direito de ser tratado com dignidade;

 Dispor de cartão de identificação e utilizar o espaço que lhe esteja destinado.
Correlativamente, está sujeito aos deveres de manter-se apresentável;
 Comportar-se com civismo nas suas relações com os outros vendedores e
demais entidades;
 Apresentar os produtos alimentares em perfeitas condições de higiene; acatar
as ordens emanadas pelas autoridades competentes; abster-se de promover
a venda exclusiva de bebidas alcoólicas;
 Abster-se de adoptar comportamentos lesivos aos direitos e interesses dos
consumidores.
b) Comércio Feirante, previsto e tratado nos artigos 25.º - 30.º;
para o comércio Feirante, onde se prevê a criação de diversos tipos de feiras, ou seja,
populares; livres; temáticas; equipamentos e serviços; decoração, entre outras
descritas no artigo 26.º do diploma.
c) Comércio de Bancada de Mercado, previsto e regulado pelos artigos 31.º

- 41.º.
Quanto ao Comércio de Bancada de Mercado, definido como “recinto fechado e

coberto, explorado pela Administração Local ou concessionado a privados por esta,
nos termos gerais, especialmente destinado à venda a retalho de produtos alimentares,
organizado por lugares de venda independentes, dotado de zonas e serviços comuns,
possuindo uma unidade de gestão comum”, nos termos do artigo 32.º. Podem dispor
de lojas; bancas e lugares de terrado, ou seja, espaços de venda sem estrutura própria,
como descreve o artigo 35.º, devendo contar com estruturas necessárias ao seu
funcionamento, como instalações sanitárias, água, rede eléctrica, entre outras.
Face ao exposto, depreende-se da Lei 15/19, de 23 de Maio, e dentro de um plano

totalmente teórico, que (i) a venda ambulante apenas subsistirá dentro de zonas
permitidas pelas Administrações Municipais, ou quando forem levadas a cabo por
roulottes ou outros estabelecimentos móveis; (ii) o Comércio Feirante e o Comércio de
Bancada de Mercado serão, deste modo, as actividades reservadas ao comércio de
produtos agrícolas, produzidos por pequenos agricultores e ao comércio
tendencialmente não profissionalizado.
Por esclarecer fica a sorte dos vendedores ambulantes, os nossos zungueiros ou
zungueiras que, nos casos em que não conseguirem se manter apresentáveis e de se
portarem com civismo, poderão perder as competentes autorizações para continuarem
a exercer a sua actividade.
1.1.2. Perfil do vendedor ambulante
Quando se pretende definir o perfil de um vendedor ambulante, existem algumas

dificuldades, porque não há uma tipologia única de vendedor, podendo este incluir
todas as características de um empreendedor individual. Para Duarte e Esperança
(2014), é possível identificar alguns elementos distintivos dos empreendedores de
sucesso, nos vendedores ambulantes a saber:
Quadro 1.1 – Perfil de vendedores ambulantes
Perfil dos vendedores Descrição

ambulantes
 Visão: Reconhecimento de uma oportunidade de negócio;
 Decisão Capacidade de tomar decisões e de aproveitar ao máximo as

oportunidades;
Para ultrapassar as dificuldades e fazer a diferença, interesse e
 Determinação firmeza em alcançar os seus objectivos;
 Dinamismo Com energia e vitalidade no desenvolvimento da actividade;
 Dedicação Sacrifício e muitas horas de trabalho, com renúncia a tempos de

lazer;
 Comprometim Compromisso e responsabilidade;
ento
 Independente Construir o seu próprio destino e posto de trabalho e, assumir riscos

de negócio, etc.
Fonte: Duarte e Esperança (2014)
A venda ambulante, em Angola, é dominada pelas mulheres, sobretudo na

comercialização dos produtos alimentares. Os preços não obedecem a qualquer regra
a não ser a Lei da oferta e da procura embora comandem a decisão de compra dos
clientes, fazendo com que vendedor e comprador encontrem uma plataforma de
entendimento que efective. No comércio de concorrência perfeita, a escassez de
produtos implica o aumento dos preços praticados contribuindo, assim, para a redução
das vendas. Por outro lado, o excesso de produtos na venda provoca uma descida no
preço, aumentando as intenções de compra.
De acordo com Nunes (2006), a descida no nível dos preços provoca um aumento das
vendas e em simultâneo a um aumento das intenções de compra. É comum encontrar
vendedores ambulantes pelas ruas das cidades angolanas. Portanto, o exercício da
actividade sem licença em local público pode gerar ao infractor multa, além da
apreensão de toda a mercadoria exposta. A prática não é proibida, só precisa ter
licença e seguir as regras impostas pela Lei.
1.3. Tipologias dos vendedores ambulantes e suas características
De acordo com Pinto (2017), existe varios tipos de vendedores com caracteristicas
claras e bem mapeaveis, em especial quanto ao modo de agir nas relações, conforme
o quadro 1.2.
Quadro 1.2 - Tipologias dos vendedores ambulantes
Tipos de vendedores Caracteristicas
Vendedor anotador de pedidos Esse tipo de vendedor vende para quem quiser
comprar, sem pressão, mas também sem
convencimento.
Vendedor posto de racionalidade A abordagem racional tende a ser limitado e somente

vender aquilo que conhece bem, sem buscar expandir
o mercado.
Vendedor ambulante conformado Agenda e faz muita visita a clientes, em geral tem
bom mconhecimento do produto, mas so fala se for
perguntado.
Vendedor ambulante agressivo É insistente, faz muitas vendas, sem constitruir um

sentimento de confiança com clientes
Vendedor ambulante companheiro Esse tipo de vendedor conhece bem o produto e

trabalha para atender as reais necessidades dos
clientes, respeitando os seus valores.
Fonte: Adaptado de Pinto (2017).
Por sua vez, Brunet (2017) afirma que os vendedores ambulantes podem ser
caracterizados no seguintes:
 Vendedore ambulantes que vendem peixes e carnes;

 Vendedores ambulantes que vendem roupas, produtos alimentares como (omo
óleo sabão, doces, chaveiros, óculos, etc.). Alguns deles trabalham com
carrocinhas (ou Carro de mão) e são praticamente fixos;
 Vendedores ocasionalmente: desempregados e aposentados que trabalham em
dias festivos e em finais de semana. Há diversos deles pelas ruas das cidades
angolanas.
Ainda seguindo no levantamento do autor, os vendedores ambulantes desempenham

actividades técnicas e espontâneas para vender o produto e apresentá-lo ao público.
Essas propagandas são adquiridas através do conhecimento diário de aprendizado
espontâneo e de imitação inconsciente. E, para isso, têm como maior instrumento de
trabalho a voz. Gritam durante todo o dia para chamar a atenção do cliente. Frases do
tipo “carapau, mariongue, fígado, coxa”, são ditas pelos vendedores que comercializa
bens alimentares. Outra frase famosa no centro da cidade é: Olha, olha picolé Akz
100,00, entre outras frases pronociadas pelos vendedores ambulantes.
1.4. Vendedores Ambulantes, causas, obstáculos e desafios
Segundo Costa (1989), quando há aumento de desemprego, o mesmo ocorrem com a

quantidade de vendedores ambulantes, ao passo que nos momentos de decréscimo de
desemprego, decresce também o percentual desses vendedores. Aquele que dedica
normalmente à venda ambulante não paga impostos nem taxas. Na relação cliente-
vendedor é muito comum a prática de discussões, de modo que o preço final pago
pelos consumidores seja diferente do preço inicial.
Obviamente, esta modalidade de venda tem certos riscos para o consumidor: a

impossibilidade de realizar reclamações ou devoluções, possíveis enganos ou fraudes,
entre outros. Do ponto de vista do comércio tradicional, a venda ambulante estabelece
uma concorrência desleal. Com certa frequência, esta actividade comercial é
perseguida pelas autoridades.
A vida dos vendedores ambulantes não é fácil, pois, segundo Cobra (2010), quando
não estão fugindo dos fiscais estão empurrando seus carrinhos e gritando, para vender
a mercadoria. Tem dia que vende, tem dia que não vende nada e tem ainda dia que
vende bastante. Quando a mercadoria não é vendida, o sofrimento é maior para
aqueles que moram longe das zonas de trabalho. Lutando para sobreviver e por não
ter opção, muita das vezes os vendedores ambulantes percorrem longas distancias a
pé, raramente recorrem á transporte público.
De sailentar que existe uma camaradagem grande entre eles, que é de suma
importância, pois impede que sejam multados e que tenham os instrumentos de
trabalho e produtos apreendidos. Quando o carro de fiscalização ou polícia se
aproxima, um avisa ao outro, para que possam sair correndo na direcção oposta.
Dificilmente eles são surpreendidos, porque há sempre um ou mais olheiros andando
de um lado para o outro, com o objectivo de alertar os colegas de trabalho sobre a
presença dos fiscais pela redondeza.
De facto, a presença dos fiscais perturba muito e quando os vendedores ambulantes

notam a chegada, procuram sempre alertar a todos, para que eles possam sair do lado
oposto. Aguardando a retirada dos mesmos para em fim a venda continuar. Quando
apreendem a mercadoria e os instrumentos de trabalho dos ambulantes, torna-se um
problema muito sério, pois nem sempre o Vendedor Ambulante consegue recuperá-los
ou adquirir outros. Apesar da pressão que enfrentam diariamente, os vendedores
ambulantes apostam em trabalhar e sustentar as suas famílias.
No contexto angolano é possível conseguir o licenciamento para trabalhar nas ruas

como vendedor ambulante. Trata-se de um documento cedido pela área económica da
Administração Municipal. No entanto, o processo que os interessados devem percorrer
para conseguirem a licença. “Eles devem entrar com um pedido de legalização, o
mesmo deverá ser aprovado pelo órgão sanitário do Município, e, assim, depois de
aprovado, eles passam a trabalhar normalmente dentro das normas”.
De ressaltar que o vendedor ambulante não licenciado ou que tiver a licença vencida
está sujeito à multa, apreensão de mercadorias e equipamentos encontrados em seu
poder, ou seja, os ambulantes não podem estacionar em vias públicas, impedir ou
dificultar o trânsito, vender mercadorias que não pertençam ao ramo autorizado e
transitar pelos passeios com cestos ou volumes grandes.
1.5. Efeitos e importância na economia angolana
Ao andar pelas ruas das cidades é possível perceber a importância da venda

ambulante. O modelo de comércio existe há muito tempo e é importante ressaltar seu
caráter autônomo, que pode gerar um descontentamento por parte dos detentores de
armazens ou lojistas.
A venda ambulante é uma ocupação importante para os pobres urbanos nas províncias
em desenvolvimento, embora as condições macroeconómicas em cada província
tenham impactos diferentes sobre as vendedoras ambulantes, é dominada pelas
mulheres que encontram nesta actividade uma via importante para apoiarem as suas
famílias (Bhowmik, 2005).
Para Lopes (1996), o comércio ambulante pode ser visto como um fenómeno
crescente, não só nas economias subdesenvolvidas como também nas economias
desenvolvidas, fruto das enormes transformações que ocorrem no mercado de trabalho
e na estruturação das sociedades urbanas.
O sector informal (constituído em grande número pelos Vendedores Ambulantes) em

Angola emprega cerca de 60% da população economicamente activa. De acordo com o
instituto nacional de estatística dos 13,6 milhões de habitantes com a idade
compreendida entre os 15 e 64 anos, pelo menos 8,2 milhões estão desempregados e
realizam actividade económica no sector informal. São as mulheres que constituem a
principal força no sector informal. Estima-se que 9 em cada 10 trabalhadores urbanos e
rurais estejam nesta área. A incidência recai, particularmente, sobre o grupo de
mulheres e jovens que não têm alternativa, se não o trabalho informal para garantir a
sobre vivência. No entanto os trabalhadores envolvidos nas actividades de venda
ambulante prestam-se a desenvolver a sua actividade em piores condições com a
exposição ao sol, chuva e todos tipos de risco que a situação pode a carretar (Agência
Angola Press, 2014).
A informalidade é um fenómeno sociológico complexo, presente em vários domínios da

vida social e económica. É bem verdade de que este fenómeno se faz sentir em maior
ou menor proporção até em economias desenvolvidas. A informalidade, quando não
controlada pode constituir ameaças seria a estabilidade social, por causar destorções
ao funcionamento normal dos mercados podendo comprometer aspectos como a livre
concorrência, a justiça distributiva dos directos dos consumidores.
De igual forma, a segurança nacional pode ser ameaçada quando organizações
criminosas desenvolvem actividades informais para financiar operações ilícitas. Dai que
a formalização das actividades informais e a supervisão dos mercados devem ser
temas importantes na agenda pública. Se antes da independência a economia informal
era quase residual, a partir de 1991 com a opção pela economia do mercado, ela
ganhou proporções incontroláveis. A guerra foi uma das principais causas da
agudização do problema. A guerra foi seguramente o factor propulsor do crescimento
do sector informal, particularmente em Luanda. Em contrapartida desde início da
década 90, estes factores podem ser em quadrados nos seguintes temas:
 Processo de diversificação económica relativamente incipiente, ou moderado,

com fraca capacidade para gerar empregos formais e absorver a população
activa, maioritariamente jovem;
 Êxodo rural que troce para as cidades milhões de cidadãos, muitos deles
oriundos do sector primário- trabalhadores agrícolas, que hoje nas cidades, não
podem contar com o apoio da segurança social, nem possuem direitos laborais,
por não terem qualificações profissionais que lhe permiti aceder a um emprego
formal;
As teorias económicas referidas espalham formais deferentes de entender os

fenómenos económicos. A teoria estruturalista, com um enfoque sistémico, referi que
os sectores formais e informais são complementares, ou seja que este última resulta da
incapacidade do sector formal de gerar soluções e de dar respostas as necessidades
dos consumidos. Para se reduzir o informalismo, os estruturalistas referem que o
estado deve dar ênfase aos designo e a implementação de política e de concorrência e
de regulação.
A teoria legalista referi que o excesso de legislação e a carga tributaria elevada, que o
estado exige aos empreendedores são as principais razões de crescimento da
economia informal. Nesta perspectiva o estado não deve coactar as iniciativas dos
empreendedores informais, mais, sim, estimular a formalização de actividades
informais por via da redução da burocracia e dos custos de contexto. Penso que a
comunidade científica angolana está em condições de propor um conjunto de soluções,
a sociedade em geral ao governo, em partícula. No caso angolano, sou de opinião de
que faz todo sentido a criança de um observatório sobre a economia informa, com a
finalidade de acompanhar a evolução do fenómeno, propor soluções aos poderes
públicos, realizar estudos, entre outras soluções.
CAPITULO 2 – METODOLOGIA
Na metodologia apresenta-se e fundamenta-se o itinerário seguido na preparação do
processo de pesquisa, desenhado de acordo com o tema e os objectivos formulados.
Nele estabelecem-se as técnicas para a recolha dos dados, a selecção da amostra,
bem como o processo de análise de dados. Inclui o método de pesquisa, o instrumento
e forma de recolha dos dados, e de validade e confiabilidade dos resultados.
2.1. Área de pesquisa
Como já foi referido na introdução, esta monografia tem o propósito da elaboração de

uma estratégia que visa de melhorar o perfil empreendedor dos vendedores
ambulantes no Município do Lucapa. Trata-se de uma cidade e município da província
da Lunda Norte, em Angola. Antiga capital da província (passou a ser Dundo). O
Município tem cerca de 85 mil habitantes, e, é limitado a norte pelo município de
Chitato, a leste pelo Município de Cambulo, a sul pelo Município de Saurimo, e a oeste
pelos municípios de Lubalo e Cuilo.
O Município em abordagem situa-se na zona Sudeste da Província da Lunda Norte

entre as cidades do Dundo (100 quilómetros) e Saurimo (150 quilómetros). Lucapa foi a
primeira capital da Lunda Norte, logo depois da divisão da Província da Lunda em
1978, como Lunda Norte e Lunda Sul, substituída mais tarde pela cidade do Dundo por
apresentar melhor aspecto arquitectónico, situada numa zona potencialmente rica em
diamante nas bacias do rio Luachimo.
O nome foi tirado do rio Luachimo ("Lu"), e Capa, de Chicapa, formando assim o nome
Lucapa (segundo os aldeões). Situa-se numa zona planáltica com um relevo
relativamente plano e um pouco ondulado a uma altitude média de 950 m. Seu clima é
tropical de savana ou tropical húmido, apresentando uma estação chuvosa durante
grande parte do ano com uma precipitação média de 1400 mm, com céu nublado e
tempestades durante grande parte do dia. Nas suas manhãs, Lucapa apresenta outros
tipos de precipitações como neblina, ou orvalho da madrugada. Sua estação é seca,
que vai de Maio a Agosto. A figura 2.2 monstra o mapa da província da Lunda – Norte
e localização do Município do Lucapa.
Figura 2.2 - Mapa da província da Lunda – Norte e localização do Município do Lucapa
Fonte: www.mapnall.com
Lucapa possui três comunas: Calonda, Camissombo e Lucapa (sua sede). Grande
parte dos jovens vivem essencialmente do garimpo de diamantes, os idosos e
mulheres da agricultura. Apresenta uma fronteira no noroeste da província, com o
município do Cuilo, situada perto da Lagoa Carumbo, uma lagoa intacta que apresenta
lendas desde a sua formação até à actualidade, com uma fauna e flora únicas
contendo muitas espécies tais como: palanca-vermelha, chacal-listrado, leão, leopardo,
chita, pacaça, cabras-do-mato, javalis e muitas outras espécies. A zona está localizada
entre a floresta guineo-congolesa e a savana do Zambeze. A escolha dos indivíduos
para a aplicação do questionário foi feita por conveniência.
2.2. Aspectos metodológicos
O estudo iniciou com uma pesquisa secundária através de uma ampla revisão
da literatura, envolvendo componentes teóricas e estudos empíricos, estatísticos e
outros documentos julgados relevantes para a caracterização da situação em estudo,
tais como: estatísticas oficiais, estudos e boletins institucionais e, de livros, pesquisas,
estudos e artigos científicos sobre a temática em estudo.
Concluída as etapas anteriores, ou seja, após a pesquisa no referencial teórico

e o estabelecimento dos procedimentos metodológicos, partiu-se para a realização da
pesquisa de campo com o objectivo de identificar e descrever o perfil dos vendedores
ambulantes do município do Lucapa, como também a necessidade da estratégia de
formação para melhora este perfil.
2.3. População e amostra
Segundo Lakatos & Marconi (2003), a população é um conjunto de elementos

sobre os quais interessa obter informação e aplicar os resultados, isto é, o objecto da
investigação. A população esta constituído pelos vendedores ambulantes do Município
do Lucapa, num total de 319, no entanto, o instrumento escolhido para a recolha de
dados primários foi um questionário aplicado a 100 vendedores ambulantes do
Município escolhido, dos quais, 57% do género feminino e 43% do género masculino.
Em relação a idade 21% dos inquiridos tem idade compreendida entre 18 e 23

anos, 11% com idade entre 24 e 28 anos, 17% com idade compreendido 29 e 34 anos,
19% com idade entre 35 e 39 anos e 32% com idade de quarenta ou mais anos.
De igual modo, 27% do total dos inquiridos tem tempo situado no intervalo de 1
a 3 anos como vendedores ambulantes, 27% de 4 a 6 anos, 29% de 7 a 9 anos, 17%
mais de 9 anos. Quanto a habilitação, 24% dos inquiridos são técnicos médios, 44%
tem ensino primário concluído e 32% alegam não possuir nenhuma habilitação literária.
O significa, maior parte dos vendedores ambulantes possuem formação de

base, que bem pode ser aproveitado para capacitação em gestão de pequenos
negócios (empreendedorismo). A tabela 2.1 monstra a distribuição dos inquiridos por
género, idade, habilitações, tempo de serviço e Bairro (local de residência).
Tabela 2.1 – Distribuição dos inquiridos por género, idade, tempo de venda,
habilitações e Bairro (residência)
Total Vendedores ambulantes (n= 100)

em
Variável Categoria Total perce
Bairro Veiga e Bairro Roque Centro Urbano e
ntage
Chiluata Outro
m
Freq. % Freq. % Freq. %
Género Masculino 43 43% 23 23% 14 14% 6 6%

Feminino 57 57% 28 28% 15 15% 14 14%
Idade <18-23 anos 21 21% 11 11% 7 7% 3 3%
24-28 11 11% 5 5% 4 4% 2 2%
29-34 17 17% 8 8% 5 5% 4 4%
> 35-39 19 19% 7 7% 7 7% 5 5%
40 ou mais 32 32% 20 20% 6 6% 6 6%
Tempo 1-3 anos 27 27% 17 17% 5 5% 5 5%
de Venda 4-6 anos 27 27% 12 12% 8 8% 7 7%
7-9 anos 29 29% 18 18% 7 7% 4 4%
Mais de 9 anos 17 17% 4 4% 9 9% 4 4%
Habilitaç Técnico superior - -- -- -- -- -- -- --
ões Médio concluído/em - - -- -- -- -- -- --
curso 24 24% 6 6% 11 11% 7 7%
Ensino primário 44 44% 28 28% 8 8% 8 8%
Nenhum 32 32% 17 17% 10 10% 5 5%
Fonte: Elaboração própria com base a pesquisa (2019)
De salientar que a escolha da amostra obedeceu aos critérios previamente

definidos, ou seja:
a) Critério de inclusão: somente as vendedoras ambulantes do Lucapa, com mais

de um ano como vendedor ambulante, dentre elas, adolescentes maiores ou
igual 17 anos de idade, géneros masculino e feminino.
b) Critérios de exclusão: nenhum elemento da população em estudo tem idade
menor a 17 anos.
Foi efectuada uma entrevista individual ao Director Municipal dos Assuntos

Económicos do Lucapa, que permitiu recolher as informações sobre o número total de
vendedores ambulantes, documentos legais (cartão de ambulante e licenciamento),
bem como a necessidade de formação destes. Segundo Kotler (2006), não se deve
esquecer as questões prévias a colocar no início das entrevistas, tais como a explicitação do
objecto de trabalho, a valorização do papel do entrevistado no fornecimento de informações
considerando o seu estatuo de informador privilegiado.
2.4. A técnica recolha de dados
A técnica utilizada para a colecta de dados foi um questionário preenchido de forma

anónima pelos inquiridos, com questões abertas e fechadas, baseadas na identificação
do inquirido do perfil empreendedor. Portanto, o plano operacional da pesquisa
decorreu do modelo teórico atempadamente proposto na pesquisa, buscando as
opções de caminhos que apresentassem facilidade no acesso aos dados necessitados
e com menor custo, as actividades desenvolvidas estão descritas no fluxograma da
figura 2.1, de modo a visualizar a sua sequencia no seguinte:
Figura 2.1- Fluxograma do plano operacional da pesquisa
Definição do problema e do campo de acção
Definição dos dados

para pesquisa
Elaboração do formulário
Colecta de dados
Análise de dados
Diagnóstico do perfil empreendedor dos inquiridos, bem como
a necessidade da formação destes em matérias de
empreendedorismo.
Conclusões e sugestões
Fonte: Elaboração própria com base a pesquisa (2019)
2.5. Tipo de métodos utilizados
Para responder aos objectivos propostos, optou-se pela metodologia de

pesquisa seguinte:
 Métodos do nível teórico
a) Método bibliográfico: utilizou-se com objectivo de estudar os antecedentes

históricos sobre a venda ambulante, a citação de outros autores permitiu
evidenciar a contribuição da pesquisa realizada;
b) Método de análise e síntese: foi utilizado para fazer reflexões teóricas sobre a
venda ambulante e o seu perfil e as acções a empreender de modo a melhorar o
seu perfil empreendedor.
 Método do nível empírico
Método do inquérito com base no questionário: teve como principal objectivo, a

colecta de opiniões para confrontar com a base teórica visando a verificação da
necessidade da formação dos vendedores ambulantes do Lucapa em gestão de
pequenos negócios. De acordo com Quivy e Campenhoudt (1995), o inquérito por
questionário é uma forma de “colocar a um conjunto de inquiridos, geralmente
representativos de uma população, uma série de questões relativas à sua situação
social, profissional (…) ou sobre outros pontos que interesse aos investigadores”.
 Método do nível estatístico-matemático
Método de análise percentual: utilizou-se para realizar o processamento de

todas as informações obtidas a partir da aplicação de instrumentos e técnicas durante a
investigação.
No que respeita ao procedimento, a entrevista foi ensaiada com antecedência a

oito vendedores ambulantes com objectivo de se detectar possíveis erros. Ressalta-se
que os dados foram apresentados através da representação escrita realizando
comparativos entre os percentuais apurados, visando facilitar o entendimento do leitor.
Trata-se de uma pesquisa que foi realizada de Maio até Outubro de 2019. Deste modo,
encontram-se detalhadas as respostas escolhidas pelos inquiridos em relação às
questões. O estudo foi iniciado levando em consideração o percentual de respostas em
cada questão, visando apurar a incidência de cada uma delas.
2.4. Descrição do questionário
O questionário é composto por perguntas fechadas para facilitar o apuramento

dos resultados, é constituído por duas partes:
 Parte (A) com perguntas sobre “as características gerais de respondentes” (3

perguntas), esta parte inclui questões sobre idade, escolaridade, estado civil, local
de habitação, dependentes, actividades desenvolvidas;
 Parte (B) questões sobre características da venda (3 perguntas), ou seja
refere-se a actividades de comércio ambulante, incluindo questões do diagnóstico
sobre o perfil empreendedor, os produtos que vende, local de aquisição, local de
venda, periodicidade das vendas, horários, preços, etc.
No que respeita ao procedimento, a entrevista será ensaiada com um mês de

antecedência a dez vendedoras ambulantes. No início da entrevista será referido e
reforçado sobre os objectivos da investigação, assim como o papel do inquirido no
fornecimento das informações.
2.5. Tratamento dos dados
Após a realização dos questionários, o trabalho de tratamento dos mesmos

efectuara-se com recurso ao programa Microsoft Word e Microsoft Excel para o
ambiente Windows. Portanto, a análise foi concretizada através da elaboração de
tabelas e figuras e indicadores que se consideraram adequados. Esta análise descreve
a amostra e procura representar de uma forma concisa, sintética e compreensível a
informação recolhida.
CAPITULO 3 - ANÁLISE DE DADOS E INTERPRETAÇÃO DOS

RESULTADOS
Neste capítulo apresenta-se: breve caracterização do Município do Lucapa,
3.1. Breve caracterização da venda ambulante no Município do Lucapa
A venda ambulante de Lucapa restringe-se às actividades tradicionais, aos serviços

domésticos, ao comércio ambulante, ao comércio porta a porta, aos mercados dos
musseques e às actividades relacionadas com a construção e alojamento da população
autóctone que vivia na periferia da capital. Trata se de uma actividade que começou no
ano de 1985, nas mediações da actual residência dos senhores Muana muata Sidiki e
Huassa, na rua do BFA, na altura as vendas eram feitas de forma de troca de produto,
o bombom e peixe seco, mais tarde foi retirada dali e passou para rua do armazém de
material, na zona de Alcides até a igreja do Belém isso no ano de 1994 que
actualmente é chamado de bairro comercial, ai as vendas deixaram de ser troca de
produto por produto e passaram a ser por moeda e produto, apareceram novos
vendedores de diversos produtos como roupa, carnes, peixes que eram comprados nos
camiões que traziam os produtos de fora do município, então houve a necessidade de
mudarem o mercado novamente.
Em 1994 á 1998 o mercado passou para o bairro B, ao pé do campo que vai para o
Calonda, e dali com o aumento de vendedores e produtos, o mercado ficou pequeno,
então mudou-se novamente para o centro da cidade, nas mediações da sondagem, e
aí continuo durante muito tempo.
Em 1998 á 2015 o mercado foi transferido por detrás dos bombeiros, ao lado do
comando da polícia. Em 2015 á 2018 o mercado passou ao lado da ravina no bairro
Chiluta, e de 2018 até a data actual o mercado está no Cambimbi, bairro Roque. De
salientar que mediante as entrevistas, a observação do quotidiano dos Vendedores
Ambulantes e dos recursos a literatura histórica, procuramos analisar o dia-a-dia
desses empreendedores, bem como as suas experiências e trajectórias de vida.
Procuramos ainda examinar o perfil empreendedor de cada um dos Vendedores
Ambulante do Lucapa, e a partir daí identificar a necessidade da formação como forma
de melhorar o seu perfil empreendedor.
3.2. Opiniões dos inquiridos
Questionados sobre o número de dependentes suportados em casa, 26% dos

inquiridos (n=100) afirmam ter entre 1 e 2 dependentes, 28% suportam entre 3 e 4
dependentes, 25% tem entre 5 e 6 dependentes e 21% com 7 ou mais dependentes,
conforme o gráfico 3.1.
Gráfico 3.1. – Opiniões dos inquiridos sobre o número de dependentes em casa
21% 26%
[1-2]
[3-4]
[5-6]
[7 ou mais]
25%
28%
Fonte: Elaboração própria com base as opiniões dos inquiridos (2019)
De ressaltar que 99% dos inquiridos afirmaram ter apenas a venda ambulante como a
única fonte para o sustento das suas famílias. De igual modo, 57% dos Vendedores
Ambulantes inquiridos afirmaram que estão despostos a trocar de actividades casos
haja uma outra oportunidade, destes, 46% do género masculino e 11% do género
feminino. Ao passo que 34% alegam que não trocariam da actividade porque gostam
do que fazem, dos quais 11% do género masculino e restante do género feminino, 43%
consideram difícil sair desta actividade. O que significa, existem pessoas que acreditam
que a venda ambulante pode assegura a sua vida com esta actividade. gráfico 3.2
monstra as opiniões dos inquiridos sobre a possibilidade de trocar de actividade caso
haja oportunidade.
Gráfico 3. – Opiniões dos inquiridos sobre a possibilidade de trocar a sua actividade

caso haja oportunidade
43%
Total 57%
23%
Não Género Feminino
11% Género Masculino
20%
Sim
46%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%
Em relação aos motivos que lhes levou a optar por este tipo de trabalho ou actividade,
36% a falta de outras oportunidades de emprego, 24% apontam a vontade de ter o
próprio negócio, 40% para auxiliar na renda familiar, conforme o gráfico 3.3
Gráfico 3. – Opinião dos inquiridos sobre que lhe levou a optar por este tipo de trabalho
ou actividade
36%
40%
Falta de outras oportunidades de
emprego
Vontade de ter o próprio negócio
24% Para auxiliar na renda familiar
3.3. Diagnóstico do perfil empreendedor dos vendedores ambulantes do Lucapa
No que concerne ao perfil empreendedor dos vendedores ambulantes do Lucapa,

questionados sobre a venda, 73% afirmaram que vendem todos os dias, constatou-se
que 83% não têm feito qualquer planeamento para as suas actividades, de igual modo,
92% dos Vendedores Ambulantes inquiridos não fazem no final do dia, o controlo das
vendas e das despesas suportados durante as suas actividades. Entretanto, os
inquiridos na sua maioria alegam desconhecer o processo básico de planeamento, nem
tão os mapas de controlo de receitas e despesas (Caixa), conforme o gráfico 3.4.
Gráfico 3.4 – Opiniões dos inquiridos sobre venda diária, controlo de despesas e
planificação das actividades
92%
No final do dia, faz-se o controlo das vendas e das
despesas 8%
83%
Tem feito algum planeamento para seu negócio Não
17% Sim
27%
Vende todos os dias 73%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
No entanto, questionados sobre os factores que analisados para fixar o preço de venda
dos produtos, 46% apontam o preço de compra, 25% citaram o preço dos
concorrentes, 11% dos inquiridos citaram os clientes como base para fixação de preço,
18% não fazem esta análise. De recordar que a fixação de preço depende de vários
factores, partindo dos custos de aquisição até as despesas de distribuição, tanto é que,
o Estado, por intermédio dos Gabinetes Províncias do Comercio exige a elaboração da
folha de cálculo, para facilitar o processo de fixação de preço, envolvendo todos
encargos incorridos, um processo que bem pode ser aprendido na formação. O
gráfico3.5 mostra as opiniões dos inquiridos sobre os factores analisados para fixar o
preço de venda.
Figura 3.6 - Opiniões dos inquiridos sobre os factores analisados para fixar o preço de
venda
Não faço esta análise
Clientes
Preço de concorrente
Preço de compra
3% 8% 13% 18% 23% 28% 33% 38% 43% 48%

Preço de compra Preço de concor- Clientes Não faço esta
rente análise
Series1 0.46 0.25 0.11 0.18
F
onte: Elaboração própria com base as opiniões dos inquiridos (2019)
Quanto ao tipo de produtos, 28% dos vendedores ambulantes vendem bens

alimentares (produtos nacionalizados e outros), 17% vende vestuários, 24%
comercializa os produtos de campo, 16% vende produtos de beleza, 15% vende outros
produtos, tais como saldos, brinquedos, utensílios domésticos, entre outros. A tabela
3.3 mostra as opiniões dos inquiridos sobre o tipo de produtos comercializados.
A tabela 3.3 - Opiniões dos inquiridos sobre o tipo de produtos comercializados
Variáveis Bairros Bairros Veiga Bairro Roque Centro Urbano Total

e Chiluata e Outros
Bens alimentares (produtos 15% 11% 2% 28%
nacionalizados e outros)
Vestuários 5% 8% 4% 17%
Produtos de campo 16% 6% 2% 24%
Produtos de beleza 10% 3% 3% 16%
Outros (saldos, brinquedos, utensílios 5% 1% 9% 15%
domésticos, etc )
Total 51% 29% 20% 100%
De igual modo 87 % dos vendedores dizem que as receitas arrecadadas nas vendas
não são suficiente para sustentar as suas famílias. Mas que reconhecem a importância
desta actividade nas suas vidas, conforme o gráfico 3.7.
Gráfico 3.7 – Opiniões dos inquiridos sobre as receitas arrecadadas na venda
ambulante
13%
Sim é suficiente
Não é suficiente
87%
Vale ressaltar que as actividades comerciais realizam-se de diferentes maneiras:

através da rede em um estabelecimento comercial ou em uma grande superficio, em
um mercado inclusivo através do espaço urbano diferente. Assim, quem vende um
produto na rua é um vendedor ambulante. Como o seu próprio nome indica, este tipo
de venda, pois se desloca de um lugar para outro, buscando a maior afluência do
público.
3.5. Proposta de conteúdo programático para formação dos vendedores

ambulantes
Partindo da ideia de que, cada vez mais, as pessoas estão valorizar os produtos locais,
o que de certa forma tem garantido o sucesso de Vendedores Ambulantes. A
actividade realmente assegura o sustento de muitas famílias do Município estudado. O
trabalho como Vendedor Ambulante, além de ser histórica, também é lucrativo. De
salientar que, com base na pesquisa ora apresentada, elaborou-se uma grelha de
conteúdo programático que poderão ser aplicados na formação dos Vendedores
Ambulantes, com vista melhorar o seu perfil empreendedor, conforme o quadro 3.3.
Quadro 1.3 – Proposta de conteúdo programático para formação dos Vendedores

Ambulantes
N.º Conteúdos Objectivos Gerais Carga
Ord Horária
Iº – Modulo
01 1.1. Noções de Empreendedorismo;  Conhecer as características do 2 Horas
1.2. Características do Empreender; empreendedor;
1.3. Estudo de Mercado;  Reconhecer a importância do Estudo
de Mercado, etc.
02 IIº – Criação de Pequenos  Reconhecer a Importância do

Negócios Planeamento Financeiro;
1.1. A Importância do Planeamento
3 Horas
de negócio;
1.2. Os intervenientes no negócio;  Enumerar as principais funções do
1.3. O preço como factor planeamento financeiro, etc.
fundamental para o sucesso de
negócio;  Conhecer os factores importantes a
1.4. Passos para constituir uma analisar na fixação do preço de venda
empresa, etc. dos produtos;
 Ter o domínio dos passos para

constituir uma empresa, etc.
03 IIIº- Aspecto financeiro do negócio  Reconhecer as principais noções 5 Horas
básicas de gestão financeira;
1.1. Noções básicas de gestão
financeira;  Elaborar o diário de caixa;
1.2. Diário de caixa;  Validar formas de gestão financeiro
quotidiano;
1.2 Aspectos a considerar na  Ter o domínio dos aspectos a
gestão financeira quotidiana; considerar na gestão financeira
quotidiana, etc.
04 VIº- Atendimento ao cliente;  Conhecer melhor a postura de um 5 Horas
bom atendimento;
1.1 Conhecer o seu papel;
1.2 Conhecer habilidades de lidar
com pessoas;  Conhecer a melhor forma de recuperar
1.3 Entender a necessidade de um cliente descontente, descobrir as
manter um estado de espírito suas necessidades, atender e superar
positivo; expectativas;
1.4 Higiene e segurança no local
de trabalho  Ter noções básicas de como manter a
higiene e segurança no local de
trabalho, etc.
Fonte: Elaboração própria com base a pesquisa sobre os vendedores ambulantes do Lucapa (2019).
CONCLUSÕES
Com o presente estudo pretendeu-se definir o perfil dos Vendedores Ambulantes de
rua em Lucapa, bem como averiguar a necessidade de formação como forma de
melhorar o perfil empreendedor dos vendedores ambulantes neste Município. O
trabalho realizado relativamente a 100 Vendedores Ambulantes do Município do
Lucapa permitiu tirar as seguintes conclusões:
1. Dos Vendedores Ambulantes que participaram no estudo, 57% eram do género

feminino, 32% tinham idade acima de 40 anos e 21% com idade compreendido
entre 18 aos 23 anos. De igual modo, a maior parte dos inquiridos estão no
mercado a mais de quatros anos, 44% tem ensino primário concluído e 24%
concluíram o ensino médio;
2. Verificou-se que 28% dos inquiridos suportam entre 3 e 4 dependentes, 25%
tem entre 5 e 6 dependentes, 21% com 7 ou mais dependentes, restantes estão
abaixo desse número. Os vendedores ambulantes exercem exclusivamente a
actividade ambulante (90%), tendo 57% declarado que trocariam a actividade de
Venda Ambulante por qualquer outra actividade. De igual modo, 40% estão
nesta actividades para auxiliar na renda da família, 36% é por falta de outras
oportunidades de emprego;
3. Quanto ao planeamento dos seus negócios, 92% tem recorrido a esta

ferramenta, 83% não fazem controlo das despesas e receitas (caixa) no final do
dia e maior parte dos inquiridos vendem todos dias. Em relação aos factores
observado pelos Vendedores Ambulantes para fixação de preço de venda, 46%
se baseiam no preço de compra, restantes baseiam-se no preço de
concorrentes e há mesmo aqueles que não fazem esta análise;
4. No que concerne aos tipos de produtos comercializados, 28% vendem bens

alimentares (frescos e outros), 24% vendem produtos de campo e restantes
vendem vestuários e outros. Quanto as receitas arrecadas, 87% os inquiridos
consideram que as receitas são insuficientes para atender as suas
necessidades. A grelha de conteúdo proposto constitui um instrumento
indispensável para o melhoramento do perfil empreender dos Vendedores
Ambulantes do Município do Lucapa.
SUGESTÕES
Espera-se que o estudo possa aumentar a consciência social das vendas de rua,
identificar os factores que contribuem para esta comércio e compreender os desafios
que enfrentam os Vendedores Ambulantes do Lucapa. No devido tempo, espera-se
que este estudo leve a estudos posteriores sobre os vendedores ambulantes de outras
cidades para aumentar o conhecimento sobre esta actividade. Também pode ter
alguma contribuição para a formulação da grelha de conteúdo para formação dos
Vendedores Ambulantes, objectivando melhorar o perfil empreendedor destes. Outro
sim, um estudo mais detalhado a nível do valor das vendas e do rendimento torna-se
necessário no sentido de determinar se a actividade da venda ambulante é rentável ou
não.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ORGANIZAÇÕES
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ANEXOS
ANEXO 1 – Questionário dirigido as vendedoras ambulante do Lucapa
O objectivo do questionário é para facilitar a pesquisa na recolha dos dados, que são
necessários no presente estudo. O alvo principal do questionário são os vendedores
ambulantes, com a finalidade de identificar o perfil empreendedor das vendedoras
ambulantes do Lucapa.
A. Informação pessoal
A1. Qual é a sua idade…………anos?

A2. Nível de escolaridade:
(a) Nenhum___ (b) Primário___ (c) Pré-Secundário___ (d) Secundário__
(e) Superior ___
A3. Estado civil: (a) Solteira__ (b) Casada__ (c) Viúva__ (d) Divorciada__
A4. Local de habitação: Bairro Veiga__; Centro Urbano___; Bairro Chiluata; Bairro Primeiro
de Maio__; Outro:____________________________________
A5. Quantos dependentes que você tem em sua casa:
[1-2]__ [3-4]__ [5-6]__ [7 ou Mais ]__
A6. O que lhe levou a optar por este tipo de trabalho?
a) Falta de outras oportunidades de emprego__

b) Vontade de ter o próprio negócio__
c) Para auxiliar na renda familiar___
d) Desemprego___
e) Por gostar da actividade__
f) Baixa qualificação___
A6. Qual é outra actividade que fazia para ter dinheiro, antes de ser vendedora? (a)
nenhuma__________________b)____________________________________
A7. O que lhe levou a optar por este tipo de trabalho ou actividade?
g) Falta de outras oportunidades de emprego__

h) Vontade de ter o próprio negócio__
i) Para auxiliar na renda familiar___
j) Desemprego___
k) Por gostar da actividade__
l) Baixa qualificação___
A12. Tem patrão ou trabalha por conta própria (individual)? (a) Patrão____ (b)
Individual______
B. Caracterização da venda
B1. Vende todos os dias? (a) sim (b) não
B2. Tem feito algum planeamento para seu negócio? Sim___; Não_____ e
porque__________________________________________________________
B3. No final do dia, faz-se o controlo das vendas e das despesas? Sim__; Não___;
Porque? :________________________________________________
B5. Quais os factores analisas para fixar o preço de venda dos produtos?
a) O preço dos outros vendedores__; a) O preço de compra__; b) Os clientes__; c)
Não faço esta análise___
B4. Quais são os produtos que vendem?
B4a. Bens alimentares____
B4b. Vestuários___
B4c. Produtos de campo____
B4d. Produtos de beleza___
B4e. Outros (saldos, brinquedos, utensílios domésticos, etc) ___
B5 A sua receita de vendas é suficiente para atender as necessidades da família? (a)
sim____;(b) não______
Obrigada pela contribuição‼

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UNIVERSIDADE LUEJI A´NKON DE

◊ LUNDA-NORTE ◊ LUNDA-SUL ◊ MALANJE ◊

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Autoras: Assunção Queque Muxito

PROPOSTA DE FORMAÇÃO COMO FORMA DE MELHORAR O

Trabalho de Fim de Curso para a obtenção

do título de Licenciatura em Economia na

opção de Gestão de Empresas.

Autoras: Assunção Queque Muxito

Orientador: Adolfo Caiji Cabeia

Dedicamos este trabalho a nossas famílias, e aos colegas que

As nossas parceiras pelo apoio incondicional em todos os

Ao_____________________, coorientador deste trabalho, agradeço a oportunidade de

A minha Família, por tudo.

A todos os que, de uma forma ou de outra, contribuíram para a concretização deste

BRE´S-Boletins de registos de Exportação

BRI´S-Boletins de registos de importação

EMPA-Empresa Pública de Abastecimento

ENCODOPA´S-Empresas de comercialização e de distribuição de produtos agro-

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e EStatística

ONU-Organizações das Nações Unidas

PIB-Produto Interno Bruto

PRESILD- Programa de Reestruturação do Sistema de Logística e de Distribuição

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A presente monografia trata de uma proposta de formação como forma de

Desde tempos imemoriais que existem actividades comerciais, o comércio

Ainda seguindo no levantamento do autor, a história do comércio ambulante

Os vendedores ambulantes podem ser estacionários e ocupar espaço nas

Actualmente, em Angola, nota-se a presença de vendedores ambulantes em

No entanto, o exercício desta actividade comercial é lucrativa permitindo, por

Desta questão principal ressaltam três outras consideradas pertinentes,

 Quais os fundamentos teóricos que sustentam o tema?

Objecto de estudo: perfil empreendedor dos vendedores ambulantes.

Campo de acção: perfil empreendedor dos vendedores ambulantes do município do

Com este estudo pretende-se contribuir para o melhoramento do plano do

No primeiro capítulo, partimos para o objecto da investigação, vendedores ambulantes.

No segundo capítulo apresenta-se a metodologia utilizada durante a pesquisa, com

No terceiro capítulo aborda-se sobre a análise dos dados e interpretação dos

1.1. Caracterização dos vendedores ambulantes

Um vendedor ambulante é uma pessoa que oferece bens ou serviços para

Ainda seguindo levantamento do autor, quando as políticas urbanas permitem

Ao se avaliar a venda ambulante, varias e diferentes ideias existem na população, há

1.1.1. Breve história dos vendedores ambulantes

Neste período segundo o Spiro (2009), os vendedores ambulantes era a forma

Caracterizando a população de comerciantes de rua em Angola, verifica-se que uma

Figura 1.1 - Vendedores ambulantes em Luanda/Angola.

A abolição do regime dos preços fixados e da margem de comercialização, a

Segundo Candanda (2013), o termo «zungueira» derivou da palavra

Ainda seguindo no levantamento do autor, as mulheres zungueiras, na sua

Actualmente, o comércio ambulante, feito por vendedores ambulantes, isto é, do

a) Comércio Ambulante, previsto e descrito nos artigos 13.º - 23.º;

Na área do Comércio Ambulante, onde surge, precisamente o Vendedor Ambulante,

 No artigo 16.º, onde se prevê o direito de ser tratado com dignidade;

b) Comércio Feirante, previsto e tratado nos artigos 25.º - 30.º;

c) Comércio de Bancada de Mercado, previsto e regulado pelos artigos 31.º

Quanto ao Comércio de Bancada de Mercado, definido como “recinto fechado e

Face ao exposto, depreende-se da Lei 15/19, de 23 de Maio, e dentro de um plano

Quando se pretende definir o perfil de um vendedor ambulante, existem algumas

Quadro 1.1 – Perfil de vendedores ambulantes

Perfil dos vendedores Descrição

 Decisão Capacidade de tomar decisões e de aproveitar ao máximo as

 Dinamismo Com energia e vitalidade no desenvolvimento da actividade;

 Dedicação Sacrifício e muitas horas de trabalho, com renúncia a tempos de