Você está na página 1de 4

nício da carreira e casamento

Embora tenha se formado em 1881, Freud continuou com suas pesquisas no laboratório
de Brücke. No ano seguinte, conheceu Martha Bernays numa visita que fez à casa de sua
irmã e acabou se apaixonando. Já em 17 de junho de 1882 Martha e Freud noivaram.
Cinco anos mais nova, Martha era oriunda de uma família judaica ortodoxa, enquanto que
Freud era um descrente que tentou separá-la de suas crenças religiosas. Freud também
se mostrou austero quanto ao papel que Martha exerceria em sua casa depois de
casados: embora pensasse que, em algum momento futuro, a lei concederia às mulheres
os direitos até então negados, também acreditava, a exemplo de um burguês de sua
época, que a mulher deveria cumprir seu papel com as tarefas doméstica e familiar.[16]
O baixo salário e as poucas perspectivas de carreira na pesquisa científica fizeram-no
abandonar o laboratório e a começar a trabalhar no Hospital Geral, o principal hospital de
Viena, passando por vários departamentos como "cirurgia, medicina de doenças internas,
psiquiatria, dermatologia, doenças nervosas e oftalmologia sucessivamente". Começou no
cargo de Aspirant (assistente clínico) e alcançou o cargo de Privatdozent (conferencista)
em julho de 1884, um cargo que oferecia prestígio mas não salário.[17]
Em 1885, Freud solicitou uma bolsa de viagem e licença do hospital por seis meses.
Viajou para a França, onde trabalhou com Jean-Martin Charcot, um respeitável psiquiatra
do hospital psiquiátrico Saltpêtrière que estudava a histeria. Charcot curava paralisias
histéricas através da hipnose, o que impressionou Freud e contribuiu ainda mais para
Charcot se tornar um modelo para o médico vienense. Freud aperfeiçoou suas técnicas
em hipnose em 1889 ao visitar uma escola rival de Charcot, localizada em Nancy, que
afirmava ser possível realizar a hipnose em qualquer pessoa, independente de ser
histérica ou não. Assim como fez com Brücke, Freud rendeu algumas homenagens a
Charcot ao nomear um de seus filhos de Jean-Martin, além de traduzir para o alemão suas
conferências.[18]
De volta ao Hospital Geral e entusiasmado pelos estudos de Charcot, Freud passa a
atender, na maior parte, jovens senhoras judias que sofriam de um conjunto de sintomas
aparentemente neurológicos que compreendiam paralisia, cegueira parcial, alucinações,
perda de controle motor e que não podiam ser diagnosticados com exames. O tratamento
mais eficaz para tal doença incluía, na época, massagem, terapia de repouso e hipnose.
[carece de fontes]

Em 14 de setembro de 1886, em Hamburgo, Freud casou-se com Martha Bernays com a


ajuda financeira de alguns amigos mais abastados, dentre eles Josef Breuer, um colega
mais velho da faculdade de medicina.[19]

Freud em 1905
Foi com as discussões de casos clínicos com Breuer que surgiram as ideias que
culminaram com a publicação dos primeiros artigos sobre a psicanálise. O primeiro caso
clínico relatado deve-se a Breuer e descreve o tratamento dado a uma paciente (Bertha
Pappenheim, chamada de "Anna O." no livro), que demonstrava vários sintomas clássicos
de histeria. O método de tratamento consistia na chamada "cura pela fala" ou "cura
catártica", na qual o ou a paciente discute sobre as suas associações com cada sintoma e,
com isso, os faz desaparecer. Esta técnica tornou-se o centro das técnicas de Freud, que
também acreditava que as memórias ocultas ou "reprimidas" nas quais baseavam-se os
sintomas de histeria eram sempre de natureza sexual. Breuer não concordava com Freud
neste último ponto, o que levou à separação entre eles logo após a publicação dos casos
clínicos.
Na verdade, inicialmente, a classe médica em geral acaba por marginalizar as ideias de
Freud; seu único confidente durante esta época é o médico Wilhelm Fliess. Depois que o
pai de Freud falece, em outubro de 1896, segundo as cartas recebidas por Fliess, Freud,
naquele período, dedica-se a anotar e analisar seus próprios sonhos, remetendo-os à sua
própria infância e, no processo, determinando as raízes de suas próprias neuroses. Tais
anotações tornam-se a fonte para a obra A Interpretação dos Sonhos. Durante o curso
desta autoanálise, Freud chega à conclusão de que seus próprios problemas eram devidos
a uma atração por sua mãe e a uma hostilidade em relação a seu pai. É o famoso
"complexo de Édipo", que se torna o coração da teoria de Freud sobre a origem da
neurose em todos os seus pacientes.[carece de fontes]
Nos primeiros anos do século XX, são publicadas suas obras A Interpretação dos
Sonhos e A psicopatologia da vida cotidiana. Nesta época, Freud já não mantinha mais
contato nem com Josef Breuer, nem com Wilhelm Fliess. No início, as tiragens das obras
não animavam Freud, mas logo médicos de vários lugares — Eugen Bleuler, Carl
Jung, Karl Abraham, Ernest Jones, Sandor Ferenczi — mostram respaldo às suas ideias e
passam a compor o Movimento Psicanalítico.[20] O público geral passou também a se
interessar na prática da análise psicológica, principalmente entre círculos de educadores e
até mesmo teólogos, o que foi amplamente divulgado, dentre outros, pelo clérigo
protestante e colaborador freudiano Oskar Pfister, contribuindo para o avanço da análise
leiga, defendida por Freud.[21][22]
Por sua vida inteira, Freud teve uma posição financeira modesta. Josef Breuer foi, no
início, um aliado de Freud em suas ideias e também um aliado financeiro.
Freud criou o termo "psicanálise" para designar um método para investigar os processos
inconscientes e de outro modo inacessíveis do psiquismo.
Nos tempos do nazismo, Freud perdeu quatro das cinco irmãs nos campos de
concentração: Regine (Rosa) em Auschwitz, Mitzi (Marie) em Theresienstadt, Dolfi (Esther
Adolfine) e Paula (Pauline) em Treblinka. Embora Maria Bonaparte tenha tentado tirá-las
do país, elas foram impedidas de sair de Viena pelas autoridades nazistas.[23]
Morou em Viena até 1938, quando, após a anexação da Áustria à Alemanha nazista, em
razão de sua etnia judaica, refugiou-se na Inglaterra, onde já se encontrava parte de sua
família.[24]
Freud e Martha tiveram seis filhos: Mathilde, nascida em 1887, Jean-Martin, nascido
em 1889, Olivier, nascido em 1891, Ernst, nascido em 1892, Sophie, nascida em 1893 (e
que veio a falecer em 1920)[25][26] e Anna, nascida em 1895. Um deles, Martin Freud,
escreveu uma memória intitulada Freud: Homem e Pai, na qual descreve o pai como um
homem que trabalhava extremamente, por longas horas, mas que adorava ficar com suas
crianças durante as férias de verão. Anna Freud, filha de Freud, foi também uma
psicanalista destacada, particularmente no campo do tratamento de crianças e do
desenvolvimento psicológico. Sigmund Freud foi avô do pintor Lucian Freud e do ator e
escritor Clement Freud, e bisavô da jornalista Emma Freud, da desenhista de moda Bella
Freud e do relações públicas Matthew Freud.
Morte
Freud morreu de cancro no palato aos 83 anos de idade (passou por trinta e três cirurgias).
Supõe-se que tenha morrido de uma dose excessiva de morfina. Freud sentia muita dor e,
segundo a história contada, ele teria dito ao médico que lhe aplicasse uma dose excessiva
de morfina para terminar com o sofrimento, o que seria eutanásia. Encontra-se sepultado
no crematório de Golders Green, no bairro de Golders Green, em Londres, na Inglaterra.

Teoria e conceitos
Parte de uma série sobre a

Psicanálise

O divã de Sigmund Freud

Conceitos

 Desenvolvimento psicossexual
 Teoria do desenvolvimento psicossocial
 Inconsciente
 Consciência
 Aparelho psíquico
 Libido
 Pulsão
 Transferência
 Mecanismo de defesa
 Projeção

Figuras Importantes
[Expandir]

Trabalhos Importantes[Expandir]

Escolas[Expandir]

Relacionados[Expandir]

 Portal:Psicologia

 v
 d
 e

Fundamentos da terapia freudiana


O objetivo da terapia freudiana ou psicanálise é, relacionando conceitos cartesianos da
mente e conceitos da hidráulica, mover (mediante a associação livre e a interpretação dos
sonhos) os pensamentos e sentimentos reprimidos (explicados como uma forma de
energia) através do consciente para permitir, ao sujeito, a catarse que provocaria a cura
automática.
Pensamento e Linguagem
Em suas teorias, Freud afirma que os pensamentos humanos são desenvolvidos por
processos diferenciados, relacionando tal ideia à de que o nosso cérebro trabalha
essencialmente no campo da semântica, isto é, a mente desenvolve os pensamentos
num sistema intrincado de linguagem baseada em imagens, as quais são meras
representações de significados latentes. Em diversas obras, como "A Interpretação dos
Sonhos", "A Psicopatologia da Vida Cotidiana" e "Os Chistes e suas Relações com o
Inconsciente", Freud não só desenvolve sua teoria sobre o inconsciente da mente
humana, como articula o conteúdo do inconsciente ao ato da fala, especialmente aos atos
falhos.[27] Para Freud, a consciência humana subdivide-se em três níveis: consciente, pré-
consciente e inconsciente. O primeiro contém o material perceptível; o segundo, o material
latente, mas passível de emergir à consciência com certa facilidade; e o terceiro contém o
material de difícil acesso, isto é, o conteúdo mais profundo da mente, que está ligado
aos instintos primitivos do homem.[carece de fontes]
Os níveis de consciência estão distribuídos entre as três entidades que formam a mente
humana, ou seja, o Id, o Ego e o Superego.
Segundo Freud, o conteúdo do inconsciente é, muitas vezes, reprimido pelo Ego. Para
driblar a repressão, as ideias inconscientes apelam aos mecanismos definidos por Freud
em sua obra "A Interpretação dos Sonhos", como deslocamento e condensação. Estes
dois, mais tarde, seriam relacionados por Jacobson à metonímia e metáfora,
respectivamente.[28]
Portanto, as representações de ideias inconscientes manifestam-se nos sonhos como
símbolos imagéticos, tanto metafóricos quanto metonímicos. Aplicando o conceito à fala, o
inconsciente consegue expelir ideias recalcadas através dos chistes ou atos falhos. Freud
propõe que as piadas ou as "trocas de palavras por acidente" nem sempre são inócuas.
Antes, são mecanismos da fala que articulam ideias aparentes com ideias reprimidas, são
meios pelos quais é possível exprimir os instintos primitivos.
Deste modo, Freud cria uma inter-relação entre os campos da linguística e da psicanálise,
que será retomada por estudiosos posteriores, como Jacques-Marie Émile Lacan.

Você também pode gostar