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▪ Considerado o primeiro genocídio do século XX, interpretado como uma primeira experiência da
parte da Alemanha [inclusive campos de concentração]
▪ Reparações só foram dadas em 2021.
WW2
Portugal
▪ Salazar: Para Angola Rapidamente e em força” – não considerou qualquer meio de ação pacífico
– considerava os angolanos rebeldes e terroristas.
▪ Não podemos partir da ideia de que os monárquicos eram mais colonialistas do que os
republicanos, a ideia do império e da grandeza de Portugal existia e era perseguida pelos dois
grupos.
▪ Têm havido programas na área do pré-escolar nos PALOP, que são por vezes problemáticos
devido à imposição do português como língua.
Estatísticas:
Esperança Média de Vida
▪ 1800 - Países estavam em mais pé de igualdade na baixa expectativa de vida
✓ Progressão Desigual - Fatores: sistema de saúde, especialmente zonas rurais onde
doenças banais matam
Índice de Desenvolvimento Humano – Aula da Raja Litwinoff
Nota: Desenvolvimento é um conceito discutível
1. Oralidade
A escrita nunca irá representar a naturalidade da filosofia africana
▪ A oralidade não existe apenas na literatura africana, a literatura oral existe em todas as
culturas. Contudo, mantém nesta maior preponderância.
▪ A Europa fez um esforço para preservar o seu património material e imaterial na escrita.
Para as sociedades africanas, a oralidade é um modo de sobrevivência porque é fonte de
conhecimento filosófico e social.
▪ Filosofia africana: Oralidade + Literatura + Religião
o Oralidade – não se reduz à vocalidade - associação da palavra dita ao gesto –
▪ “envolves performance which includes interaction with an audience
through dance, movement and gest”
o Literatura Oral – ausência do conceito de autoria e plágio – é produto do povo,
da comunidade.
▪ “To reach its full actualization, [oral literature] must be performed]
▪ Circula na memória – persistência, antiguidade [impossível de localizar
os relatos]
▪ Moralização, construção do ser –juízos de valor – entender o significado
de tudo, – permite aos indivíduos reapropriarem-se da totalidade da
existência humana.
▪ Não obstante a perda da vitalidade do meio [atualmente a oralidade não
é um produto de todo o território africano, há territórios urbanizados
onde a escrita é totalmente favorecida] grande parte do conhecimento
que as sociedades africanas têm ainda deriva da literatura oral
▪ A literatura tradicional e oral angolana desempenha uma função social,
e com finalidades educativas, recreativas e filosóficas.
▪ Manutenção da Tradição - transmissão, ensino, de valores morais, artísticos, sociais,
culturais – meio pelo qual as pessoas adquirem informações sobre si própria/
identidade.
o The ethics and values of relationships are taught and maintained through role
models, proverbs, myths, taboos, laws, songs, ceremonies and rituals
▪ Criação de espaços de convívio
Aumento da relevância da escrita através da imposição de línguas europeias em africa – em termos
geracionais – leva a uma perca da herança material e imaterial.
Provérbios
▪ “in oral cultures without a written legal code, proverbs serve as the repository of the
cultural norms, ethical framework and legal wisdom of African societies.”
▪ “we can consider African proverbs as sacred texts in praxis”
▪ “Among the Ibo the art of conversation is regarded very highly and proverbs are the palm-
oil with which words are eaten” – Things Fall Apart
Pós-colonialismo
▪ Cruzamento das religiões africanas com aquelas que já existiam.
▪ Antes do processo do colonialismo, a religião, o seu conceito, já existia em africa nos
seus primórdios, já se manifestava através da palavra falada.
o as religiões africanas continuam a operar no modo oral, apesar da introdução da
alfabetização e das formas missionárias do cristianismo e do islamismo. [Pág.
99]
▪ Apesar da forma escrita ter invadido as práticas religiosas africanas, assistimos a um
hibridismo religioso africano- elementos tradicionais e europeus ocidentais.
▪ Os cristãos africanos são frutos de uma miscigenação religiosa.
o “in African Christianity, the combination of music and movement in oral
religious performance makes revival and experience of the Spirit”
▪ “The continued function of oral tradition does not depend on ignorance of writing, and
it does not die out with the transcription of oral tradition”.
▪ “Even when African Christians sit with printed bibles on their laps today, their
interaction in sermon song, dance and testimony is oral”. [In the New AIG’s, with their
emphasis on inspired prophets and prophecy, orally composed prophecies (…) may be
written down, re-performed and incorporated in new texts” – religião fluida, muda
impercetivelmente.
▪ “Oral traditions found continuity particularly in the AIG’S that broke away from
missionary control in the late 19th and early 20th centuries”
▪ “These oral performaces of creation and control over sacred space must be understood
as ritual reversal of displacement in the context of apartheid and colonialism. Oral
performance becomes ritual of land acquisition through a filial bond with the spiritual
guardians of the land – the ancestral spirits.”
Excertos do “Things Fall Apart”
▪ Cap.1 “(…) prayed to their ancestors for life and health and for protections against their
enemies”
▪ “Okonkwo kept the wooden symbols of his personal god and his ancestral spirits”
▪ “We live in peace with our fellows to honour our great goddess of the earth” (Deusa Ani)
2.3 Islão em África
História
▪ Chega o mais tarde ao norte de África que o Cristianismo, mas é lá que se concentra e
cementa. (Egito torna-se islâmico em 641)
▪ Missão expansionista (tal como o cristianismo e ao contrário das religiões africanas, que
não são missionárias)
▪ Dominância do árabe, introduzido pelo islão, como língua no Norte de África (apesar de
as línguas autóctones continuarem a existir)
▪ Conversões de reis, e por vezes, novas reconversões ao cristianismo (por razões políticos)
▪ Divisão entre sunitas e xiitas
o Pequenas diferenças religiosas: lutas motivadas mais por motivos políticos do
que religiosos.
▪ Atualmente, no Norte, o Islão é muito dominante e as religiões nativas não têm tanta
força, enquanto em países mais centrais, como Nigéria, há uma mistura entre os dois
▪ “Islam also spread because of the nature of African Traditional Religion’s non-mission
orientation which allows multiplicity of religions” “The simples and generous gesture
expressed by Africans towards others in offering unlimited hospitality to strangers was
abused and taken advantage of: foreigners enforced their beliefs upon Africans and
considered Africans’ simplicity as a sign of weakness”
Características/Atratividade
▪ Regras simples
▪ Conjunto claro de valores morais
▪ Sentido de justiça
▪ Tradição mística
▪ Aceita a poligamia – compatível com a cultura africana.
▪ “Islam is an indigenous religion in Africa and observers think it has good prospects there.
First, its practices are conducive to the social and family life of Africans, who do not feel
alienated from their community when they become muslims.” – grain of salt
Educação:
▪ Escolas islâmicas: tradicionalmente só ensinavam conteúdos religiosos
▪ Desvantagem durante o colonialismo – não preparavam as populações para uma
profissão. Consequentemente, a maioria dos cargos políticos são exercidos por cristão,
pela formação formal
▪ “Muslims became second class citizens and were jobless when foreign European
languages became the lingua Franca in many African countries”
▪ “The idea that Africans blindly follow Islam without education and that the majority do
not knoe about islam or that they are illiterate has no basis at all. Unfortunately, some
people do think that one who cannot speak any of the European languages is an illiterate”
Exemplo de Islamização: Fulas/Fulânis
▪ Grande grupo étnico, islamizado entre finais do século XVII e inicio do XIX.
▪ Várias guerras locais, jihads, organizadas por pequenos estados dos fulas. – contra
cristãos e outros grupos etnolinguísticos
▪ Aprox. 40 milhoes de pessoas (crescimento rápido)
▪ Praticam a endogamia - Enlace matrimonial entre pessoas que pertencem ao mesmo
grupo familiar, social, étnico, religioso
▪ Atualidade: Conflitos no Norte da Nigéria entre fulas (muçulmanos e etnias cristãs).
Massacre de Ogossagou.
A posição das mulheres no Islão
✓ Na arábia pré-islâmica: invisíveis, pessoas de segunda categoria, sem acesso a posições
publicas, sem direito à herança
✓ Maomé melhorou a posição das mulheres, no entanto, as mulheres foram perdendo os
seus direitos e ficaram sem acesso à educação formal
✓ Imposição de um sistema patriarcal.
✓ Notar que em todos estes países há movimentos e ativistas pelos direitos das mulheres,
só que ainda não estão no mesmo ponto que estão em Portugal, por exemplo.
✓ “In Africa, even among non muslims, women are the backbone of the community in
farming, control and management of the markets and domestic trading, yet little credit is
given to them by the patriarchy of African society. Both men and women were taught
basic knowledge about Islam, yet only men received advanced knowledge”
Nota: A intenção não é diabolizar os muçulmanos e glorificar os cristãos. Mas nos tempos de hoje
o islão é abusado, ele não apregoa a guerra e, no entanto, usam no em nome dela. Apesar de ser
impossível não referir o fundamentalismo:
▪ Há várias formas de ser muçulmano [single story]
▪ A história do Cristianismo em África também é violenta – apenas não há grupos
terroristas atuais.
▪ Há momentos históricos em que uma religião parece mais agressiva que outra, contudo
estamos perante duas religiões missionárias que pretendem levar a sua religião a
diferentes povos, e esta missão nem sempre é pacifica.
3. Relação das culturas africanas com o meio ambiente
Primeiro, “Dispose of the rather incoherent supposition that Africa constitutes one environment,
natural or otherwise”
Antropoceno – [period of time during which human activities have impacted the environment
enough to constitute a distinct geological change] – cientistas defendem que já não nos encontramos
no holoceno
▪ Bosques Sagrados
o “Spiritual ecology, natural ecology, social or human ecology.
o Locais de realização de rituais
▪ Cerimónias de iniciação
▪ Circuncisão feminina e masculina
o Repósitos de Medicina Tradicional
o Os bosques são de todos - proteger e usufruir dessa riqueza de uma forma
adequada, sem abusos.
o Ecologia – sumidouros de carbono, biodiversidade.
▪ O acesso ao divino requer lugares especialmente marcados. A razão pela qual os locais
montanhosos e altos são utilizados para suscitarem uma sensação de proximidade de
Deus.
▪ “Symbolic significance as places where ancestral spirits reside to being, on the other
hand, sites of in situ conservation as well as being sources of food and medicine”
Medicina Tradicional
▪ Uso de arvores sagradas - conversar com a arvore, pedir autorização ao seu espírito
para usar a madeira.
▪ A recuperação médica não tem só a ver com razões químicas e biológicas, por isso
elas usam os curandeiros e os médicos mais convencionais.
▪ “In most rural communities throughout africa, traditional folk medicine remains a
primary source of health care as most modern medical services are innacessible”
Soluções para a Crise do Ambiente decorrentes da “Philosophy of the environment
Africana”
▪ “This philosophy is rooted in an open and collaborative spirit in which the ecological
insights and practices of the other are seen and accepted as important contributions for
saving the earth”
▪ A noção de urgência ambiental que vemos agora na crise mundial é já muito comum
praticas religiosas africanas. Ex: ritual de chuva só é realizado em situações de urgência
▪ “The anthropocentric paradigms around which African conceptions of reality revolve
are of strategic importance for understanding the approaches to the environment” –
“connections between peoples and the national surroundings which provide the context
for livelihoods”
▪ “The logic of this connection between community participation and and sustainability is
consistent with African understandings of the dialectical relationship between nature and
humans and the United Nations recognition that humans are central to both the creation
and the resolution of your environmental crises and privations”
4. Ubuntu
Etimologia
▪ Raiz: “-ntu” - pessoa
Prefixo para substantivos abstratos: bu-
▪ Personhood, humanness: bu-ntu
▪ Humanidade, humanismo, caridade
Definição Geral:
• “proverbs constitute one of the media through which the virtues of ubuntu were
transferred from one generation to another” – [conectar Oralidade]
• transmitted from one generation to another by means of oral genres
• not innate but are rather acquired in society
1. Comunalismo/comunitarismo
▪ Valor que circula nas sociedades africanas, ainda que nem sempre seja respeitado.
o “as a result of contacts with Western cultures, communalism is perhaps not as much
practised in urban Africa as it is in rural Africa.”
▪ Interesse do individuo subordinado ao interesse do grupo
▪ Foco das atividades individuais não é o proveito próprio mas sim o melhoramento da
comunidade.
▪ Visão Comunocrática da sociedade – as capacidades do individuo são limitadas –
ninguém se basta a si próprio.
o nobody is an isolated individual (…) he is several people's relative and several
people's contemporary (…) this is the basis of his sense of moral responsibility and
social obligation”.
o “communalism is a strong and binding network of relationships”
▪ O bem-estar do grupo determina o bem-estar do individuo.
o Ex: Crianças estão sob a autoridade de toda a comunidade de adultos
▪ Tratamento por irmãos – perda de relevância do núcleo familiar imediato
como elemento estruturante da sociedade.
• members of a household are bound for life in cycles of expectations
and obligations to each other and to their extended families,
friends, tribes, and clans.
▪ Responsabilidade para com grupo, família – emigrantes enviam dinheiro
à família alargada.
▪ Falta de sistemas de segurança social/reforma, mas o sustento dos idosos
é assegurado pelos mais novos.
▪ “Colhido por um, comido por muitos”
2. Interdependência
▪ O grupo só prospera se cada individuo contribuir para o seu bem-estar – o individuo colhe
identidade e segurança do grupo.
▪ “an individual owes his or her existence to the existence of others.” – um ser humano
aprende a ser humano com os outros.
Viés Negativo
Prioridades diferentes
▪ Individualismo das sociedades ocidentais.
o Apesar de muitos valores do Ubuntu serem comuns à matriz cristã, no ocidente,
há nele um ritmo de vida mais rápido, uma noção de que os outros nos fazem
perder tempo.
▪ High Context [interdependência e comunalismo] (África, Ásia)
▪ Low Context cultures [independência e individualismo] (EUA, Europa) - relevância do
contexto social - relationships (…) are looser and less binding
▪ Um comportamento erróneo ou correto na nossa sociedade de matriz cristão responde
valores diferentes dos das comunidades africanas. Ex: paciência, sociabilidade, lealdade
▪ Importância de troca de experiência – caso contrário, fonte de incompreensão. Ex: lar de
idosos
▪ “Altogether, emotional and hierarchical human relations seem to me to be the norm in
this society, as opposed to today, when the general pattern seems to be on one hand
unemotional and hierarchical (for the relations of production) and on the other hand
emotional and egalitarian (at least as an ideal) for the relations of production. [Posição da
mulher]
▪ Caso da África do Sul: - “a society where ubuntu has been eroded as a result of apartheid, what is needed,
is revival rather than commercialization of the virtues of ubuntu”
5. A adivinhação
Informações Gerais:
▪ Tal como os rituais da chuva – irracional para o ocidente – relevante em termos sociais e
espirituais.
▪ Curar doenças espirituais: distúrbios, problemas psicológicos, vícios
▪ Resolução de problemas sociais ou ambientais, de acordo com as crenças da
comunidade. [Agricultura, desastres naturais, riqueza ou pobreza de uma família, questões sociais]
▪ “Side by side to the recent neo-pentecostal devotion to the revelations of the Holy Spirit, divination […] helps
people, exposed to overwhelming alterity or otherness to articulate their search towards reinforcing their identity
and sense of security and fulfilment. Subjects experience alteriry as all the more unsettling when they are exposed
to alien civilizations and new techniques (of production, healing iniciation), which may add to existence’s
fundamental indeterminacy). [Religião]
Processo/ Crenças:
▪ [it] embraces some unguessed fate in the transgenerational and interworld connectivity
▪ Divination […] rests on the widely shared assumption of an inter-connectedness between
worlds”
▪ […] in today’s context of intrusive inter-civilizational contact, ancestors and deities do
remain part of people’s existence. Ancestors and spirits form the horizon of the subject’s
experience of, and meaning-making, regarding insisting dreams, possession, affliction.
▪ […]an otherwise unnatainable but authoritative, culture-specific comprehending of
some Transworld inter-subjective and inter-corporeal design or propensity regarding
both life-threatening illness , misfortune, adversity or existencial uncertainty, and the
concerned subject’s resistance, redress or recovery.
Descolonização de Mentes:
• “Prejudicial denigration of divination in the 20th century was the work of reformist
modernity in the west and its colonial mind set. […] divination has been ethnocentrically
characterized as an animistic system of beliefs and irrational search of meaning being
deeply, albeit mistakenly, entrenched in some collective imaginary of vindictive spirits,
ancestors.
• These practitioners forcefully invite us to rethink our western-centric and by definition
limited and biassing modes of understanding energy and matter, reality and
representation (…)
• [divination] remains in the margins of public attention in today’s neo-colonial contexts
of identity struggle and materialist objectives. [it] it can hardly flourish in lifeworlds
predominanly geared towards objectification, measurement, radical individualism, and
hedonist consumerism.
Diferentes métodos:
▪ África Oriental - Geomância - método de adivinhação onde se atira uma mão cheia de objetos do solo, rochas ou
areia, e interpretam-se os padrões e as marcas daí resultantes. Às vezes a interpretação é combinada com a astrologia
▪ Nigéria - Ifá - é um dos oráculos africanos mais importantes e complexos. Associado a uma força espiritual, Orumila
(um orixá), a força espiritual mais alta da adivinhação. - Mitologia iorubá
▪ República dos Camarões - nggám - um caranguejo ou uma aranha é colocada sobre uma superfície com objetos e,
à medida que se movimenta, o adivinho/curandeiro interpreta as mensagens.
▪ Moçambique - Tinholo - método de adivinhação em que são lançadas búzios, ossículos e outros objetos para se
receberem mensagens do divino.
• “Os sistemas económicos tinham por base assegurar a subsistência dos indivíduos e
organizavam a produção e a circulação dos bens principalmente com base no vínculo
social. A economia estava encaixada na sociedade” – (o modo de viver e de relacionar
[família como unidade de produção] encaixava no modo de produzir] [DOC. Pág. 51 e
52]
• Agricultura como base da economia africana nos tempos pré-coloniais – geografia
complexa e diversidade de paisagens.
o Sistemas agrícolas flexíveis.
Colonialismo
1. Tráfico Transatlântico
a. Do século XVI ao fim do século XIX – a percentagem de população africana na
população mundial passou de 20% para 9%
▪ Desestruturação das sociedades e economias
▪ Distorções institucionais
▪ Estupro cultural
Pós-Independência
o Penetração económica das antigas metrópoles
o Dependência das metrópoles
o Identidade institucional com as antigas potências coloniais
o Contratos desequilibrados de exploração de recursos naturais (ex: extrativismo)
o Recolonização económica (Costa de Marfim, Senegal, Gabão)
o Má governação
▪ juízo de curto prazo, medidas com impacto imediato – não
estabeleceram fundamentos sólidos
▪ venda de recursos naturais a multinacionais que prometem transferência
de tecnologia e valorização destes recursos.
▪ Aceitam mecanismos de repartição das riquezas do subsolo desiguais.
o Independências formais foram construídas tao somente a fim de perpetuar o
controlo sobre os recursos do continente africano.
▪ Penetração chinesa do continente africano: obras de infraestrutura em troca da pilhagem
de recursos naturais e da colonização das terras: algumas obras de infraestrutura em
troca de pilhagem dos recursos naturais e da colonização de suas terras.
[desenvolvimento]
▪ As multinacionais estrangeiras, com a cumplicidade dos Estados, lançaram-se a um
açambarcamento dessas terras em antecipação às futuras necessidades de produção
agrícola em escala mundial. [desenvolvimento]
▪ Problemas
▪ Indústria
▪ Debilidade, voltada ao comércio externo
▪ Pouco diversificadas
▪ Vulnerabilidade aos preços internacionais
o Economias extrativistas – petróleo ou minérios – criam crescimento económico
mas não o distribuem À população [nem são sustentáveis a longo prazo]
o Voltadas ao comércio externo – dependente dos preços internacionais –
vulnerabilidade
o Pouco diversificadas
o Riqueza acumulada em poucas empresas e em familiares políticos que as gerem.
Discurso do Aimé Cesaire
✓ “Eu falo de economias naturais, de economias harmoniosas e viáveis, de economias
adaptadas à condição do homem indígena desorganizadas, de culturas de subsistência
destruídas, de subalimentação instalada, de desenvolvimento agrícola orientado
unicamente para benefício das metrópoles”
✓ “Eram sociedades não só pré-capitalistas, mas também anti-capitalistas. Eram sociedades
cooperativas, sociedades fraternais”
✓ “Sofreram a introdução de técnicas mal-adaptadas, as corveias, as cargas pesadas, o
trabalho forçado, a escravatura, a transplantação dos trabalhadores de uma região para a
outra, mudanças súbitas do meio biológico”
Histerese e Resiliência
▪ Histerese = grau de persistência dos efeitos de um choque (o choque do tráfico
transatlântico e do colonialismo)
Resiliência - capacidade de reagir e superar contrariedades ou situações de crise
▪ ruturas com os modelos de produção e acumulação herdados do colonialismo
▪ O encerramento de economias que não geram um desenvolvimento integrado dos países,
que criam problemas ambientais e sociais e sustentam a corrupção
▪ Gestão dos recursos naturais por instituições independentes do ciclo eleitoral e dos
regimes em curso
▪ Segurança alimentar
▪ Incrementar os investimentos em capital humano (educação, saúde) e em infraestruturas
económicas de base.
▪ Inovação tecnológica
Nota: O Título Afrotopia remete para a noção de Utopia - é necessário ter em conta estas
medidas, mesmo se o seu completo sucesso não for completamente possível
Economia Informal
Descolonização de mentes:
Impacto do colonialismo
▪ A diferente organização das sociedades africanas mostra que o sentimento europeu de
género é cultural e não natural
▪ Os colonizadores brancos, portugueses, não tinham o hábito de dialogar com as mulheres,
ou seja, o colonialismo fez as mulheres perder o poder de liderança que possuíam nestas
culturas. - Marginalização
▪ Nas culturas africanas, o poder masculino não era claro porque o sistema de género
mudava ao longo dos tempos – sistema de género dual e flexível. O colonialismo e o
cristianismo decidiram esta luta a favor do poder masculino
▪ Muitas destas formas de organização estão a desaparecer
▪ A falta de representações imagéticas de divindades, contudo com predominância de
símbolos matriarcais nos mitos, bem como a veneração de Deusas [Deusa Ani – Things
Fall Apart]– vs Cristianismo Pai, filho e espirito Santo como entidades masculinas
▪ Mitos matriarcais vs o pecado original – cristianismo.
▪ It looks as if with modernization and promoted by political ideology and the new family
law, ideology becomes nicer to women, whereas reality becomes harsher
o Aime Cesaire – “Elas eram um facto, não tinham a mínima pretensão de ser uma
ideia” – ver página 27 do discurso
▪ A marginalização das mulheres do espaço divino através da inserção do modelo
androcentrico cristão legitimou a sua marginalização social
Feminismos Africanos
▪ Conotação negativa da palavra feminista
▪ Conceito visto como não africano
▪ Redimensionar o conceito de feminismo -. – Também liberta o homem da opressão de
um papel forte.
▪ Reconhecimento de que esta causa é também sua, e não só da agenda ocidental.
▪ Alguns temas das lutas feministas em África são contra a mutilação genital feminina, a
poligamia, o casamento prematuro
3. Poligamia
1. Casamento Africano
a. Não é considerado um assunto entre duas pessoas, mas entre duas famílias ou
comunidades alargadas. Julgar a poligamia africana a partir da perspetiva do
conceito ocidental (e recente) do amor romântico leva inevitavelmente a mal-
entendidos.
b. Muitas vezes a mulher deixa a sua família de origem e muda-se para a do homem,
processo doloroso. (virilocalidade)
2. Lobolo
a. A leitura ocidental de que se trata de uma compra da mulher e portanto da
transformação da mulher em moeda de troca é errada. O lobolo deve ser
entendido como:
i. Compensação pela perda de mão de obra
ii. Sinal da nova e intensificada relação entre os dois grupos de famílias [responsabilidade
de interajuda]
iii. Reconhecimento positivo do valor da mulher para a continuidade da família “lobolo can
be seen as a tribute to women, as a recognition of their value and importance”
b. [Contudo, muitas vezes restringe a mulher, cuja família o tem de pagar] – Ex: Things Fall Apart –
Marido que batia na mulher]
c. Pré-colonialismo
i. “Western and Christian point of view, such kinship relations are chains
and fetters, limiting the freedom of the individual person. From a
different point of view, these are the strings of a network that keeps
people alive. [Ubuntu]
ii. “Lobolo has to do with the structures of kinship: which other family
groups you are related to by marriage and how these relationships work.
d. Pós-colonialismo
i. “Modernization is that the social structure based on extended kinship
relations and intricate lobolo-debt links is broken up”
ii. “Lobolo has stopped having this ceremonial character of respect, of
indication of commitment of the young man to the girl. It has turned into
a commercial process”
iii. Nos últimos anos subiu exponencialmente de preço.
Termos importantes:
▪ Poligamia: matrimónio entre mais de duas pessoas
▪ Pologinia: um homem casa-se com mais de uma mulher
▪ Poliandria: uma mulher casa-se com mais de um homem
▪ Virilocalidade/patrilocalidade: os cônjuges e as crianças moram na aldeia de origem do
homem
▪ Uxoricalidade/matrilocalidade: os cônjuges e as crianças moram na aldeia de
▪ origem da mulher
Legislação
▪ A poligamia amplamente difundida na África, independentemente da religião, mas
embora não sempre aceite pela lei dos Estados modernos.
▪ sistema legislativo de base cristão: a poligamia não tem uma base legal
▪ Sistema legislativo de base islâmica: em alguns países, a poligamia é permitida pela lei,
seguindo a sharia
Contexto
A poligamia é mais comum em:
▪ culturas patrilineares (as crianças pertencem ao clã/ à linhagem do pai)
o menos risco de uma mulher ser infértil, mais descentendes
▪ em sociedades rurais
▪ com agricultura de subsistência e moralidade infantil elevada
o a procriação garante a sobrevivência da comunidade
Função económica da poligamia
• “Polygamy has to do with everyday life: how family life is organized, how work is
divided, how the days are spent. And basically, it has to do with production.”
• As coesposas trabalham principalmente na produção agrícola e assim criam uma base
de sobrevivência para a família
Benefícios
▪ Aumenta a probabilidade de sobrevivência de crianças
▪ Aumento da produção agrícola pela colaboração das esposas
▪ Colaboração das mulheres no cuidado das crianças
▪ Companheirismo das mulheres em caso de ausência do marido, morte de uma das
coesposas. – “levirate marriages are a way for the widow to remain a member of the
family group to which her children belong”
▪ Entreajuda entre duas famílias/comunidades alargadas
▪ Aumento do poder e da influência das famílias
Desvantagens:
▪ - relação hierárquica entre o homem e as mulheres
▪ - ciúmes
▪ - abusos
Proteção das mulheres:
▪ - o homem tem que ser próspero
▪ - direito de veto da primeira esposa, subordinação a ela
▪ - direito da primeira esposa de sugerir uma segunda esposa
▪ - o homem tem que dormir rotativamente com as mulheres, passar o mesmo tempo na
casa de cada mulher
A degradação do funcionamento tradicional da poligamia:
▪ Desvalorização colonial
o Concrete Victory for patriarchy was inaugurated by the coming of colonialism and its androcentric
Christian religion, and by education and its attempt to move the workplace from the home and to
devalue the private space as well as women’s work.”
▪ Desvalorização pós-colonial das tradições
▪ Comercialização do lobolo - aumento do “preço”
▪ Individualização do casamento
▪ Trabalho assalariado dos homens – “an alley had been open for young men to escape
kinship, hierarchy and order”
▪ Aumento do poder masculino
o With modernization extended families break up, and nuclear families little by little become the
norm: just one husband, just one wife, individualized relations. The structure of gender relations
has changed from relations of gender groups to relations between individuals. And, at the same
time, promoted by the changes introduced with paid work and greatly supported by the patriarchal
ideologies of the Chrstian missions, male dominance has increased.
▪ - “amantismo” em contextos urbanos
▪ - Extensão do lobolo para as culturas matrilineares
A par deste sistema poligâmico patrilinear, em várias regiões da África existem (ou
existiam) culturas matrilineares
Matricentralidade
▪ Centralidade das mulheres
o Na segmentação social (divisão da comunidade em unidades mais pequenas
o Classificação social (definição de estatutos sociais, transmissão de poderes e
direitos)
▪ Matrilinearidade – a maternidade é segura
o A filiação, a herança e a sucessão fazem-se pela descendência das mulheres
o A autoridade sobre as crianças é exercida pelos familiares masculinos da mãe
[imperfeito, mas a mulher continua a ter mais importância]
▪ Matrilocalidade
o Onde vive a família
o Onde ocorre o casamento
Nos povos Matrilineares/matriarcais, as mulheres são consideradas
▪ Depositárias da civilização
▪ Guardiãs dos segredos da sociedade
▪ Mães de Deuses
▪ Manifestação do princípio feinino: o Universo, a Terra =útero para a expressão da
vontade divina -Mãe África.
Grande cintura matrilinear da África Central. Contudo o fenómeno existe em outras
culturas. Ex: América Latina.
Nota: Embora as mulheres estejam no centro da organização da família e da continuação da
linhagem, inclusivamente nas culturas matrilineares os homens exercem a autoridade política nos
clãs
Mudar estruturas de subalternidade – relações de poder. Ex; apicultura no Níger, os homens, ao
contrário das mulheres não investem o dinheiro na família, logo, na comunidade.
Características:
Movimentis:
2. Negrismo
a. Caraíbas, sobretudo Cuba
b. Movimento contemporâneo da Black Renaissance e influenciado pela mesma
c. Guillén – muito lido em África – poesia
d. Fernanrdo Ortiz (etnólogo)
3. Négritude
a. Nasce na diáspora negra francófona – Paris, anos 30
b. Revista Présence Africaine (1947)
c. Frantz Fanon – grande pensador anti-colonial dos anos 40/50 – obras
fundamentais para os movimentos negros.
4. Panafricanismo
a. Movimento político - pode haver ideias panafricanas dentro dos movimentos
acima mencionados - não tem uma vertente cultural tao forte
b. Pós Conferência de Berlim – 1884/85
c. Objetivos – descolonização da África, união da África dividida por fronteiras
coloniais artificiais, criação de um estado africano continental
d. Marcus Garvey – ideologia segregacionista, invertida, radical [expulsão dos
brancos] – reação psicologicamente compreensível face à injustiça sofrida por
africa, contudo perde pela sua intensa agressão.
e. OUA (1963) »» União Africana (2002) – afirma promover a democracia e o
desenvolvimento económico [possivelmente não muito bem sucedida ??]
5.
Franz Fanon
Dados Biográficos:
✓ Dados biográficos
o Teórico Marcante das teorias pós-coloniais
o Descendente de escravos africanos- cresceu numa família de classe média o que
lhe permitiu a continuação dos estudos
Close Reading do Texto “Racismo e Cultura” – pág. 273-285
Considerações minhas:
Reflexões alargadas sobre racismo e cultura
▪ O racismo como um mero elemento de um sistema de dominação e exploração
mais alargado. Apesar de visibilidade do racismo ele não é o determinante, os sistemas
já lá esta
o “O racismo insere-se na exploração desavergonhada de um grupo de homens por outro que
chegou a um estádio de desenvolvimento técnico superior”
o “Não é possível subjugar homens sem logicamente os inferiorizar de um lado a outro”
▪ Tudo começa com uma subjugação técnica, militar, económica, a partir daí o racismo
surge como uns instrumentos, mas acima de tudo uma justificação.
o Empreendimento económico “a guerra é um negócio comercial gigantesco. A
primeira necessidade é a escravização”:
▪ Encara como absoluto. Repete várias vezes que ou há culturas com racismo ou culturas
com racismo, que todas as culturas coloniais são racistas, porque o racismo não é algo à
parte, extra, ele permeia toda a estrutura social de uma cultura que se construiu com base
na exploração de outra.
o “Numa cultura com racismo a adequação das relações económicas e da ideologia
é perfeita”
▪ 1ª Fase – Racismo Biológico – ausência de integração cortical, etc..
o Contudo, este evoluiu, sofisticou-se racismo cultural.
▪ 2ª Fase – Racismo Cultural
o Não discrimina o homem individual, mas subtilmente, uma forma de existir.
o Destruição dos valores culturais – desvalorização da linguagem, técnicas,
tradições – os valores ridicularizados, esmagados, esvaziados.
o Quando termina o estado do racismo biológico o racismo é descartado como um
estado emocional de só alguns (nesses casos até se afirma que a sociedade
progrediu, mas é ilusório) - racismo não é um sentimento natural, é uma
ferramenta de opressão
▪ “o racismo não é, pois, uma constante do espirito humano, é uma disposição inscrita
num sistema determinado”
▪ O colonialismo é um sistema de opressão e sem racismo essa opressão não é
possível
▪ Objetificação – as tradições dos oprimidos aparecem mais como características
do que como elementos iguais aos nossos – exemplo, artistas danças, nunca
características que possam rivalizar em importância.
▪ Deixa de aparecer como cultura como expressão de um eu, como subjetivo e
passa a ser inadequado, inerte, no novo contexto, torna-se quase uma marca do
oprimido, do primitivo. Em vez de ser uma cultura fecunda, como resposta à
vivencia do ser humano, torna-se como uma característica antiquada, um
símbolo, porque eles agora estão a viver de uma maneira diferente, que não é a
deles. [pós assimilação] Estes hábitos jogam contra eles.
o A cultura deixou de ser dinâmica, de estar viva.
o Exotismo – simplificação da cultura do oprimido “encontram-se
características, curiosidades, nunca uma estrutura”
▪ O homem negro torna-se um operário, por necessidades da evolução das técnicas
de produção, industrialização – daí que o racismo tenha necessidade de se
justificar – se o racismo biológico se mantivesse ele não poderia exercer funções
do homem branco.
Consequências no colonizado
▪ Num primeiro momento, tenta assimilar-se, desracializar-se. Afinal todos os seus
esquemas de referência foram liquidados.
▪ A alienação nunca é totalmente conseguida porque ele limita a evolução do oprimido,
não o deixa aceder a certas coisas, não é igual, logo não destrói completamente a sua
cultura, apenas a mutila e despreza
o Mesmo tentativas enganadoras de manter e valorizar organismos tradicionais
estão destinadas a falhar “decalcados caricaturalmente sobre instituições
outrora fecundas”
o Culpabilidade, inferioridade – autopejoração
▪ Fanon utiliza vocabulário económico para mostrar como o esquema mental do oprimido
se adequa perfeitamente á do opressor.
▪
Após a tomada de consciência
▪ . Contudo, a opressão, a desigualdade mantém-se. “o oprimido verifica como um escândalo a
manutenção do racismo e do desprezo a seu respeito” “Os trabalhadores descobrem finalmente que a
exploração do homem, base de um sistema, toma diversos rostos”
▪ O oprimido começa a questionar a necessidade da sua assimilação
o Afigura-se inexplicável sem motivo inexato – ou seja apercebe-se que o motivo
da sua opressão certamente não estava no facto de a sua cultura ser inferior, caso
contrário teria cessado com a aculturação
▪ Quando o oprimido volta a reencontrar a sua cultura – tendência para a sobrevalorizar
devido à culpa.
o Origina uma cultura da cultura – o que ele cultiva não é um puro regresso aos
hábitos passados, é uma apologia do regresso a esses comportamentos – é uma
cultura de valorizar a sua própria cultura (tradicional), eles não tinham
necessidade originalmente de valorizar o que faziam.
o Paradoxo entre o desenvolvimento intelectual, técnico do oprimido com a base
emocional simples e pura do seu reencontro com a cultura
▪ É caricatural, “a cultura capsulada, vegetativa, após a dominação
estrangeira, é revalorizada. Não é repensada, retomada, dinamizada de
dentro”
o Contudo, este reencontro tem importância subjetiva, permitirá aos oprimidos
lutar pela sua liberdade
▪ Será agressivo, no sentido em que o não quererá contacto do opressor
com a sua cultura, terá atitudes indefensáveis. Contudo, jamais utilizará
o racismo como ferramenta.
o Do documento da oralidade “The disparagement of african religion and its oral
traditions ended with political independence from colonial rule when the search
began for their own cultural roots by African intellectuals”
Final (idealista)
Expressão de Identidade - “Antes de eu começar a participar nessas coisas (ações de protesto) a minha música já era
bastante militante. No meu entender, tudo o que eu faço é reclamar o meu espaço enquanto cidadão”
Pintura em Moçambique
1. A cena adivinha
a. Os dentes mostram que elas estão como um cara de transe,
há alguma preocupação, talvez por alguma catástrofe
natural ou conflitos de grupo ou entre grupos. Na
adivinhação tenta-se criar uma confiança no grupo,
aceder ao futuro desse mesmo grupo
b. O pintor pertence à cidade de Ronga - ao invés de cobras,
pode ser a presença dos espíritos invocados.
c. Cubismo, Surrealismo, Expressionismo.
Mulher – Papel central na “No percurso artístico deste mestre, a mulher assume um
sua obra- As mulheres são as
papel central (...). Embora nascido numa sociedade
guardiãs, pois são elas que
preponderantemente patriarcal, começou por nos dizer
transmitem a tradição uma
que vê a mulher como o pilar da sociedade moçambicana,
vez que são elas que cuidam
onde assume o papel de mãe e pai. Por isso, quando lhe
das crianças. Neste quadro
há muitas cabeças para
pedimos para definir Mulher, respondeu-nos: a mulher é
representar o povo, pelo pai.”
facto de estar em grupo.
A mulher assume ambos os papéis, muitas vezes - por
exemplo, no colonialismo, quando os homens passavam
muito tempo fora de casa. O mote pode também ser o
facto de a mãe proteger o filho como o homem protegeu o país: a mulher como um
pilar da sociedade.
Violencia (1970)
Documento Malangatana
▪ “His works depict the concerns and struggles of ordinary people as well as their resilience and capacity
for love. They also show the violence and barbarities they have endured while fighting for
independence. Some of the drawings are graphic representations of prison life. These are important
themes, useful for revolutions”
▪ “The revolution gave him a sharpened awareness of himself not just as an individual artist but as one
with social responsibilities, one who is part of a larger community”
▪ “A unique case of an African artist who developed without having been subjected to a process of
apprenticeship that would mould him in western values”
▪ Themes that showed the rituals and concerns of his own people - traditional healings, sorcery, and
monsters - were chosen. He also depicted the tragic consequences of war - violence, hunger, and death.
Ironically many of these latter were brought into a white setting, the living rooms of colonials.
▪ predomina em sua obra a simbiose entre seres mitológicos e religião, como na representação de um
feiticeiro ao portar um crucifixo mostra o sincretismo entre a religiosidade do colonizado e a influência
do colonizador. É mediante a presença desses seres mitológicos assustadores e nas formas zoomórficas
dos homens, perdidos, comprimidos no espaço asfixiante da superfície pintada a revelar-nos a
irracionalidade do colonialismo, a desumanidade da guerra colonial e da guerra de desestabilização
no pós-independência, que renascem figuras metamórficas, monstros que permeiam o imaginário
moçambicano, violentado com tantos anos de guerra, em cores contrastantes e impactantes
▪ Fases:
o Expressionismo crítico – influenciado pelo neo-realismo – que efetua a denúncia do
colonialismo, dos trabalhos f orçados, dos cruzamentos culturais resultantes da imposição
do cristianismo, das injustiças e misérias presentes no cotidiano dos bairros de caniço.
o A do expressionismo marxista, onde se depreende um didatismo pictural em prol da luta de
libertação e dos ideais da revolução;
o A do onirismo cósmico e telúrico em que predominam o encarnado, os elementos do universo
mítico moçambicano, os monstros, as unhas, os dentes, enfim, o horror e o sangue próprios
de um contexto de guerra e violência
Interpretação:
▪ O autor, anticolonialista, que criticou Joseph Conrad, é ainda assim capaz de ver que a
sua própria cultura tinha praticas nocivas, ele não idealiza a sua própria cultura. Não é
uma acusação simplista do colonialismo.
▪ Romance de difícil interpretação - ambiguidade dos benefícios e estragos do colonialismo
e cristianismo.