Você está na página 1de 2

OPTATIVA - ESTUDO DE CASOS EM DIREITO EMPRESARIAL

23/09/2022

1) Casal que vive em situação de rua, retirando o sustento da venda de sucata e


papelão. Mulher deu a luz a uma menina, com 2,0Kg, sem sinal de síndrome de
abstinência. Considerando os dispositivos constitucionais e legais sobre criança e
adolescente, qual seria o encaminhamento? Acolhimento da recém-nascida em SAICA
ou Família Acolhedora? Inserção dessa família em albergue e programa promoção
social e familiar e de moradia? Qual, ou quais?

Ao considerar a responsabilidade do Estado brasileiro de assegurar direitos humanos e


das mulheres, adolescentes e crianças é de prioridade absoluta que se verifique a mulheres, no
caso em tela temos que ambos os pais da recém-nascida, em situação de rua que sejam
usuárias de drogas, como por exemplo o crack ou outras.
Averiguada a situação acima, temos uma nota técnica do Ministério da Saúde
dispondo que o imediato afastamento da criança de sua mãe, sem o devido apoio e
acompanhamento antes, durante, ou após o nascimento, bem como sem uma criteriosa
avaliação pormenorizada da situação, caracteriza deflagrante violação dos direitos humanos e
constitucionais.
Ambos, Constituição Federal (“CF”) e Estatuto da Criança e do Adolescente
(“ECA”), trazem que as crianças têm direito a convivência e comunitária, portanto, tal ato
seria um desrespeito direto a essas normas.
Ao verificarmos os princípios que norteiam a assistência social no Brasil, temos a
matricialidade sociofamiliar que é a centralidade da família como núcleo social fundamental
para a efetividade de todas as ações e serviços da política de assistência social.
A criança não pode e não deve ser submetida a situações que coloquem em risco a sua
integridade e saúde física, sendo obrigação do Estado zelar por esses direitos dela.
O ECA dispõe em seu artigo 23 que as crianças têm direito à convivência familiar
objetivando que seja proporcionado a ela um ambiente seguro que garanta a sua proteção,
cuidado e afeto necessários ao seu pleno desenvolvimento.
É necessário aqui visar o melhor para a criança, e sob a análise minuciosa se o melhor
for considerado retirar ou manter a menina em seu ceio familiar deverá ser feito sob um
critério que abarque todas as consequências aplicáveis.
No caso concreto temos que a criança não tem sinais de abstinência e por todos os
motivos expostos tenho que a retirada, quem dirá imediata, da recém-nascida de seus pais é
uma burla aos princípios e normas brasileiras gravíssima, quase como se fosse uma coação.
Entretanto, o meu entendimento não poderia ser mais dissonante da realidade. Não há
política de moradia, de transferência de renda, de vagas em creches, questões de saúde. Dessa
forma, percebe-se que a questão não são os pais estarem em situação de rua, já que teriam
condições de dedicar todos os cuidados necessários para sua criação a não ser pela parte
financeira que implica em outras dificuldades como alimentação o que coloca a criança em
risco de saúde. O que entramos aqui é uma grotesca falha nas políticas públicas que não dão
conta do conjunto de vulnerabilidades a que essas mulheres estão expostas.
Antes de apontar o correto encaminhamento, acho necessário dispor sobre os SAICAS
que têm por objetivo, conforme o site da Prefeitura Municipal de São Paulo, acolher e
garantir proteção integral à criança em situação de risco pessoal e social ou de abandono.
O serviço dos SAICAS oferece acolhimento provisório e excepcional para crianças e
adolescentes de ambos os sexos, inclusive com deficiência, em situação de medida de
proteção e em situação de risco pessoal. Entretanto eles só recolhem crianças a partir dos 11
meses.
Os pais apresentando todos os requisitos para manter essa criança a não ser recursos
financeiros deveriam ser encaminhados a um programa social como o respectivo
cadastramento de ambos os pais nos programas sociais do governo, para o atendimento
médico no sistema público de saúde, para o registro de um emprego formal, como por
exemplo o Centro Pop.

Você também pode gostar