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Medicina Veterinária

INTRODUÇÃO
ZMV-FZEA-USP

 Diagnóstico: todo recurso utilizado para identificar uma fonte de


infecção.

 Necessidade da correta identificação do agente causal:


 ocorrência
 prevenção
 tratamento
Profa. Dra. Vera Letticie de Azevedo Ruiz  estimativa de prejuízos
 comércio nacional e internacional
Pirassununga

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL FOCO DO DIAGNÓSTICO

 Fatores que condicionam a qualidade de um procedimento


diagnóstico:
 Amostra: qual material, de quais espécies. 1 2 3
 Método de colheita: quanto material, de que forma, esterilidade. ANIMAIS DE
PRODUÇÃO SAÚDE PÚBLICA
 Conservação e transporte: tempo e modo. ESTIMAÇÃO

 Teste: escolha dos reagentes, aplicação da técnica (instrumentos, locais e INDIVIDUAL INDIVIDUAL
INDIVIDUAL
pessoal), leitura dos resultados. POPULACIONAL POPULACIONAL POPULACIONAL

 Resultado: modalidade de expressão, interpretação.

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TIPOS DE DIAGNÓSTICO DIAGNÓSTICO CLÍNICO

 Clínico: baseado nos sinais e sintomas, possuem > ou < restrição,  Obtenção de informações relativas à identificação da doença e ao
dependendo da exteriorização dos sinais; mais seguro em quadros correspondente tratamento, objetivando a recuperação do indivíduo
típicos (patognomônicos). doente.

 Epidemiológico: feito através de evidências circunstanciais.  Série de procedimentos – métodos de exploração clínica (semiologia).

 Laboratorial: lança mão de métodos específicos que por si só  Sinais clínicos – diagnóstico de suspeita.
permitem identificar o indivíduo doente; ou então fornecem
informações adicionais que auxiliam a identificação do indivíduo  Confirmação – diagnóstico laboratorial.
doente.

DIAGNÓSTICO CLÍNICO DIAGNÓSTICO EPIDEMIOLÓGICO

 Subjetividade?  Estabelecer o perfil epidemiológico da população e das


características ambientais, ou seja, a análise da situação existente a
Calicivirus Parvovírus Rotavírus Coronavírus Adenovírus
fim de permitir ou embasar a escolha de prioridades e a tomada de
decisões relativas à correspondente profilaxia.

Giardia Isospora Salmonella spp E. coli


 Tipos mais frequentes:
 Inquérito epidemiológico: estudo de situações específicas relativas a uma
doença numa comunidade;
 Vigilância epidemiológica: estabelecer elementos para apreciação ativa

 Mesmos sinais clínicos! do processo saúde-doença;

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DIAGNÓSTICO EPIDEMIOLÓGICO DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

 Padrões e as probabilidades de ocorrência dos eventos morte e  Variados procedimentos derivados de diferentes disciplinas:
doença na população. patologia, microbiologia, parasitologia, radiologia, entre outros...

 Características ambientais:  Testes laboratoriais: procedimento para detectar um elemento em


 Natureza do solo análise (analito)
 Existência de reservatórios e vetores  Substância: hormônios, antibióticos, enzimas
 Disponibilidade de água e alimento  Agentes infecto-parasitários
 Condições de componente sócio-econômico-cultural  Alterações teciduais

 Respostas: imunológica, fisiológica

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

 Métodos laboratoriais diretos: quando visam reconhecer a presença MÉTODOS MÉTODOS


do agente etiológico no organismo do hospedeiro. DIRETOS INDIRETOS

PRESENÇA
PRESENÇA
DE
DO AGENTE
RESPOSTA IMUNE

 Métodos laboratoriais indiretos: quando visam constatar


indiretamente a presença do agente etiológico, buscando a resposta
imune do hospedeiro.
Morfologia, Bioquímica,
Antigenicidade,
HUMORAL CELULAR
Atividade biológica
SORODIAGNÓSTICO ALERGODIAGNÓSTICO
Ácido nucléico Ex: Reações sorológicas Ex: Tuberculinização

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DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

MÉTODOS MÉTODOS Métodos Qualitativos Métodos Quantitativos


DIRETOS INDIRETOS
Presença ou ausência Quantificação de algum
de uma característica valor numérico
PRESENÇA
PRESENÇA
DO AGENTE
DE Dicotômicos Contínuos
RESPOSTA IMUNE
Presença de ovos de contagem de hemácias e
parasitas nas fezes leucócitos, dosagens
sinal clínico (glicose, colesterol, ureia,
reação de hipersensibilidade creatinina)
em testes cutâneos
Características Fenotípicas
Características Fenotípicas Prenhez Descontínuos
Características Genotípicas
(Antigênicas)
isolamento viral título viral (102, 104,
108,...)

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

 Características dos métodos quantitativos:

 Exatidão ou Acurácia: capacidade do teste de proporcionar resultados


que quando repetidos se aproximam do valor verdadeiro.

 Precisão: capacidade do teste de proporcionar resultados que quando


repetidos estão próximos entre si, mesmo que estejam distantes do valor
verdadeiro.

 Relacionados ao controle de qualidade dentro do laboratório.

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MÉTODOS LABORATORIAIS MÉTODOS LABORATORIAIS

 Sorologia: estudo científico do soro sanguíneo, ramo da biologia que  Teste de ligação primária: permite detectar diretamente a reação
estuda os antígenos, os anticorpos e suas interações. Ag-Ac.
 Reação sorológica: artifício laboratorial para demonstrar a reação
antígeno X anticorpo.

IDENTIFICAÇÃO SORODIAGNÓSTICO  Teste de ligação secundária: depende da observação de fenômenos


SOROLÓGICA
AGENTE
secundários à ligação do Ag-Ac.
ANTÍGENO
PADRÃO
CONHECIDO!
?
SORO PADRÃO SORO
? CONHECIDO! SUSPEITO

MÉTODOS LABORATORIAIS ANTÍGENOS E ANTICORPOS

 Teste de ligação primária:


Antígenos Anticorpos
 Imunofluorescência:
0,00005 µg/ml
 ELISA: 0,0005 µg/ml
 Natureza variável  molécula glicoprotéica
 solúvel ou particulado  sempre solúvel
 Teste de ligação secundária:  bruto  monoclonal
 Hemagl. Passiva: 0,01 µg/ml
 purificado  policlonal
 Fixação do complemento: 0,05 µg/ml
 recombinante  recombinante
 Aglutinação de bact.: 10,05 µg/ml

 Precipitação em gel: 30,00 µg/ml  epítopo: 12x17x34 Å  parátopo


 4 a 8 aa ou polissac.

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MÉTODOS DIAGNÓSTICOS INDIRETOS DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

 Sinal da reação SINAL DA REAÇÃO

É a integração de impulsos elementares, ou seja, a ligação IDENTIFICAÇÃO IDENTIFICAÇÃO


GENOTÍPICA FENOTÍPICA
dos parátopos com seus epítopos correspondentes
MORFOLOGIA
ÁCIDOS NUCLÉICOS ATIVIDADE BIOLÓGICA
 Possui natureza variável e mensurável (aglutinação, (DNA / RNA)
ANTÍGENOS

precipitação, radioatividade, fluorescência, cor, etc.) Interação AN x AN


(Hibridização) Interação Ptn x Ptn

Interação AN x AN x Ptn Interação Ptn x substrato


(PCR)

SINAL DA REAÇÃO SINAL DA REAÇÃO

Sinal

S = Se + Si + R SE
Sinal Específico
SI
Sinal Inespecífico
R
Ruído

É a integração de É a integração de
S = Sinal É a integração de
impulsos impulsos
Se = Sinal Específico impulsos
elementares elementares
não elementares
Si = Sinal Inespecífico específicos inespecíficos
R = Ruído
(É imunológico) (É imunológico) (Não é imunológico)

Sem reações cruzadas Com reações cruzadas (Não é fruto de reações


antígeno x anticorpo)

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SINAL DA REAÇÃO SINAL DA REAÇÃO

POSITIVO NEGATIVO POSITIVO SUSPEITO NEGATIVO

?
 doente  sadio  doente  sadio
 infectado  não-infectado  infectado  não-infectado
 alterado  não-alterado  alterado  não-alterado
 inadequado  adequado  inadequado  adequado
SITUAÇÃO IDEAL SITUAÇÃO REAL

Freq. Freq.
_ _
+ +
SADIOS DOENTES SADIOS DOENTES
?
Título de anticorpos Título de anticorpos

Métodos Diagnósticos CARACTERÍSTICAS DOS TESTES DIAGNÓSTICOS

 Para avaliar a sua confiabilidade:


Qual é ponto de
corte ideal?
Sensibilidade (analítica e diagnóstica)
Especificidade (analítica e diagnóstica)
Valor preditivo positivo
Valor preditivo negativo

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CARACTERÍSTICAS DOS TESTES DIAGNÓSTICOS CARACTERÍSTICAS DOS TESTES DIAGNÓSTICOS

 Baseadas em quadro que leva em consideração:


Resultado do Condição do indivíduo
 Condição verdadeira: infectado X não-infectado Total
teste Infectado Não infectado
 Resultado do teste: positivo X negativo
Positivo VP FP VP+FP

Negativo FN VN FN+VN

Resultado do Condição do indivíduo Total VP+FN FP+VN n


Total
teste Infectado Não infectado
Positivo a b a+b
VP = verdadeiro positivo: reflete a sensibilidade do teste
Negativo c d c+d FP = falso positivo
FN = falso negativo
Total a+c b+d a+b+c+d
VN = verdadeiro negativo: reflete a especificidade
n = número total de indivíduos estudados

PREVALÊNCIA SENSIBILIDADE ANALÍTICA

 Prevalência verdadeira: total de infectados sobre o total de  Sensibilidade Analítica:


indivíduos estudados.  Limiar de detecção
É a menor quantidade de elementos em análise que o teste é capaz de
VP+FN x 100 detectar e gerar sinal
n  Em geral, é feita uma diluição seriada do elemento em análise (sinal
específico)
 Prevalência aparente: total de positivos no teste sobre o total de  1:1, 1:2, 1:4, 1:8, 1:16, 1:32, 1:64, 1:128, ...
indivíduos estudados.  1:1 (100), 1:10 (10-1), 1:100 (10-2), 1:1000 (10-3), ...

VP+FP x 100
n

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SENSIBILIDADE DIAGNÓSTICA ESPECIFICIDADE ANALÍTICA

 Sensibilidade Diagnóstica:  Especificidade Analítica:


É a capacidade de um teste classificar como positivo quem realmente é É a capacidade do teste detectar só o elemento de análise (sinal específico)
positivo e não detectar elementos de análise semelhantes
 É a proporção de verdadeiro positivos ao teste dentre os positivos reais  É a não ocorrência de reações cruzadas (sinal inespecífico)

 Falta de sensibilidade = aumento de falso-negativos (é o positivo  Difícil de se determinar...


classificado erroneamente)  Cepas padrão, sorovares, genotipos, mutações etc...

VP x 100
VP+FN

ESPECIFICIDADE DIAGNÓSTICA CARACTERÍSTICAS DOS TESTES DIAGNÓSTICOS

 Especificidade Diagnóstica:  Causas de resultados positivos e negativos nos testes sorológicos:


 Capacidade do teste fornecer um resultado negativo quando o indivíduo
 verdadeiro = infecção
realmente não possui o parâmetro mensurado (não-infectado).
 positivo  falso = vacinação, reação cruzada, ruídos, auto-aglutinação,
 É a proporção de verdadeiro negativos ao teste dentre os negativos reais.
atividade anti-complementar.
 Falta de especificidade= aumento de falso-positivos (é o negativo
classificado erroneamente)
 verdadeiro = ausência da infecção
VN x 100  falso = início de infecção, tolerância imunológica, material
 negativo colhido nas proximidades do parto, classe de anticorpo
VN+FP detectado pelo teste, limiar de detecção do teste, falha no
teste.

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CARACTERÍSTICAS DOS TESTES DIAGNÓSTICOS CARACTERÍSTICAS DOS TESTES DIAGNÓSTICOS

 Estimativa relativa de Sensibilidade e Especifidade  Relação entre Sensibilidade e Especificidade:


 relacionadacom a forma de identificação da condição verdadeira.  guardam uma relação inversa entre si.
a determinação da condição verdadeira é feita com base em um teste  determinados pelo Ponto de corte ou Ponto crítico ou “Cut off”.
biologicamente relacionado com o teste que está sendo realizado (testes
padrão, padrão ouro, gold standard).
Qual ponto de corte?
Resultado do Resultado do teste padrão
Total Freq.
teste Positivo Negativo
_
Positivo VP FP VP+FP +
Negativo FN VN FN+VN DOENTES
SADIOS
Total VP+FN FP+VN n

Título de anticorpos

CARACTERÍSTICAS DOS TESTES DIAGNÓSTICOS VALOR PREDITIVO

TRIAGEM CONFIRMATÓRIO
 Valor Preditivo Positivo (VPP): é a proporção de verdadeiro
positivos entre os positivos ao teste (é o quanto posso acreditar no
resultado positivo).
Aumento da
sensibilidade
Aumento da VP x 100
especificidade
VP+FP

 Valor Preditivo Negativo (VPN): é a proporção de verdadeiro


negativos entre os negativos ao teste (é o quanto posso acreditar no
resultado negativo).
VN x 100
VN+FN

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VALOR PREDITIVO ÍNDICE DE YOUDEN

 Valor Preditivo Positivo (VPP):  Índice de Youden: leva em consideração a sensibilidade e


 aumenta com a diminuição da sensibilidade. especificidade diagnósticas para determinar o “melhor” teste.
 aumenta com o aumento da prevalência, para sensibilidade e  quanto mais próximo de 100, “melhor” é o teste.
especificidade diagnósticas fixas.
S + E - 100
 Valor Preditivo Negativo (VPN): ou
 aumenta com a diminuição da especificidade.
 aumenta com a diminuição da prevalência, para sensibilidade e VP x 100 + VN x 100 - 100
especificidade diagnósticas fixas. VP + FN VN + FP

COEFICIENTE GLOBAL e CONCORDÂNCIA INDICADOR KAPPA

 Coeficiente global do teste: reflete os resultados verdadeiros do teste


em relação ao total da amostra. Valor de kappa Concordância
 Mede a proporção de resultados verdadeiros que o teste revela na
0 Pobre
população.
0 – 0,20 Ligeira
 Taxa de concordância entre testes ou Indicador Kappa: comparação
0,21 – 0,40 Considerável
entre dois testes.
0,41 – 0,60 Moderada
 validação de novos testes em relação ao teste padrão.
0,61 – 0,80 Substancial
 quanto mais próximo de “1”, melhor.
0,81 – 1 Excelente
VP + VN
n

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INDICADOR DE CONCORDÂNCIA AJUSTADO INDICADOR DE CONCORDÂNCIA AJUSTADO

 Indicador de Concordância Ajustado ou Indicador Kappa Ajustado:


descarta a concordância devida ao fator chance (acaso).
 varia de -1 a +1: Po =
 -1= discordância total
 0 = acaso
K = Po – Pe
 +1 = concordância total 1 - Pe
Pe =

Po = proporção de concordância observada (Indicador Kappa)


Pe = proporção de concordância esperada

INDICADOR DE CONCORDÂNCIA AJUSTADO MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO

 Outras características:
VP+VN - VP+FP x VP+FN + FN+VN x FP+VN
n n2
Kaj = Custo
1 - VP+FP x VP+FN + FN+VN x FP+VN
n2
Praticidade
Repetibilidade
Reprodutibilidade

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EXERCÍCIO 1 EXERCÍCIO 2

Inquérito soroepidemiológico para a detecção de imunoglobulinas de Avaliação de um teste sorológico para diagnóstico de brucelose bovina em
classe M (IgM) para enfermidade X em 100 indivíduos. um lote A de animais infectados e um lote B de animais livres:
O diagnóstico clínico do veterinário resultou em 60% de ocorrência da A = 50 animais – isolamento de B. abortus (48 positivos ao teste e 2
enfermidade nessa população. negativos ao teste).
O diagnóstico laboratorial resultou em 90% de positividade. Dentre B = 50 animais – animais livres (5 positivos ao teste e 45 negativos ao
estes, o veterinário diagnosticou 55 doentes. Não houve erro teste).
laboratorial.
a) Tabela 2X2, S e E, VPP e VPN do veterinário, sendo o padrão-
Calcular: Sensibilidade, Especificidade, VPP, VPN, Taxa de
ouro o diagnóstico laboratorial;
concordância entre testes, Índice Youden e Kappa Ajustado
b) Comentar.

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