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MESTRADO EM QUALIDADE ALIMENTAR E SAÚDE

Faculdade de Farmácia de Lisboa


Cristina Carvalho
 Biomarcador é qualquer substância, estrutura ou processo,
que pode ser medido no organismo para avaliar a exposição,
prever o efeito ou doença, ou identificar indivíduos
sensíveis ou geneticamente suscetíveis.

 Os biomarcadores podem ser classificados em marcadores


de exposição, efeito e suscetibilidade (IPCS, 2001).

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Biomarcadores de Exposição/Efeito

Alteração
Dose Dose Efeito
da
interna biológica Biológico
estrutura/
efetiva Precoce função

Biomarcadores de suscetibilidade
Adaptado de National Research Council Environ. Health Perspect 1987, 74, 3 3
➢ Biomarcadores de exposição
Biomarcadores de dose interna
Estimam a dose interna de químico ou seus
metabolitos resultante da exposição a um
xenobiótico.

Biomarcadores de dose biológica efetiva


Avaliam a interação dos tóxicos com alvos
moleculares como recetores proteicos, DNA,
hemoglobina, albumina, etc.
➢ Biomarcadores de efeito
❖ Refletem alterações no estado de saúde ou alteração clínica
❖ São percursores de doença ou acontecimentos periféricos

➢ Biomarcadores de suscetibilidade
❖ Refletem alterações nas caraterísticas genéticas
❖ Polimorfismos em nucleótidos simples (SNPs)
❖ Doenças pré-existentes
❖ Originam um aumento da dose interna, dose biológica efetiva
ou resposta no tecido alvo.
Exemplo 1-Exposição ao mercúrio por ingestão de peixe:
Biomarcadores de dose interna
 determinação do Hg total no cabelo humano
 determinação do Hg total no sangue
 determinação do Hg total no sangue do cordão umbilical

Biomarcadores de dose biológica efetiva


 Quantificação de porfirinas na urina (coproporfirinas totais e pré-
coproporfirina)
 Determinação de aductos com proteínas

Biomarcadores de efeito
 Avaliação da atividade de selenoproteínas (GPx; TrxR)
 Alterações neurológicas, senso-motoras e outras avaliadas por
testes comportamentais
Exemplo 2-Exposição ao diclofenac (nome
comercial:Voltaren)
Biomarcadores de dose interna
 determinação no plasma ou na urina dos metabolitos:
3-hidroxidiclofenac;
4-hidroxidiclofenac;
5-hidroxidiclofenac;
4,5-dihidroxidiclofenac;
3-hidroxi-4-metoxidiclofenac (t1/2= 80h).

Biomarcadores de efeito
 Nível de inibição da PGE2;
 Inibição da síntese de tromboxano A2
 Efeitos gastrointestinais
Exemplo 3-Exposição a aflatoxinas (AFB1; AFM1):
Biomarcadores de dose interna
 Determinação da AFM1 na urina
 Aductos de aflatoxina-ácido mercaptúrico na urina

Biomarcadores de dose biológica efetiva


 Aductos aflatoxina-albumina no sangue

Biomarcadores de efeito
 Aductos de DNA com o metabolito B1-8,9-epóxido
(aducto aflatoxina-N7-guanina)
 Aductos de proteínas com o metabolito B1-8,9-epóxido

Biomarcadores de suscetibilidade
 Nível de expressão e afinidade do CYP3A4
 Níveis e padrões de expressão da GST
 Patologias hepáticas anteriores
Emmanuel A.Asante, Jacqueline M.Linehan,
Melanie Desbruslais, Susan Joiner,
Ian Gowland, Andrew L.Wood, Julie Welch,
Andrew F.Hill, Sarah E.Lloyd,
Jonathan D.F.Wadsworth and
John Collinge

Variant Creutzfeldt-Jakob disease (vCJD) has been recognized to date only in


individuals homozygous for methionine at PRNP codon 129. Here we show that
transgenic mice expressing human PrP methionine 129, inoculated with either bovine spongiform
encephalopathy (BSE) or variant CJD prions, may develop the neuropathological and molecular
phenotype of vCJD, consistent with these diseases being caused by the same prion strain.
Surprisingly, however, BSE transmission to these transgenic mice, in addition to producing a vCJD-
like phenotype, can also result in a distinct molecular phenotype that is indistinguishable from
that of sporadic CJD with PrPSc type 2. These data suggest that more than one BSE derived prion
strain might infect humans; it is therefore possible that some patients with a phenotype
consistent with sporadic CJD may have a disease arising from BSE exposure.

The EMBO Journal Vol. 21 No. 23 pp. 6358-6366, 2002


No século XXI a prioridade das ciências da
saúde está a dirigir-se para o estudo da
doença a nível da suscetibilidade
individual em detrimento da saúde
a nível populacional
A identificação de biomarcadores que
acompanhem o desenvolvimento da
doença será um elemento chave para a

Medicina personalizada e
Medicina preventiva
Adaptado Environ. Health Perspect. 2006, 114, 12
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Identificação dos Perigos Biomarcadores

Relação Dose/Resposta Avaliação da Exposição

Caraterização do Risco
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PARADIGMA Formulação do Problema
PARADIGMA
DA AVALIAÇÃO
DA AVALIAÇÃO
DO RISCO
DO RISCO
Identificação do(s) Perigo(s)
• identificação de efeitos
adversos na saúde:
-estudos humanos
-estudos toxicológicos em
animais
Avaliação da Exposição -estudos in vitro
• níveis da substância no -relações estrutura -atividade
alimento e dieta
• quantidade de alimento
consumido
• ingestão individual
(max/min, regular/ocasional) Caraterização do(s) Perigo(s)
• ingestão em grupos • seleção de um conjunto de
populacionais especiais dados importantes
• modo/mecanismo de ação
• variabilidade cinética
• variabilidade dinâmica
• dose -resposta para efeito
crítico
• extrapolação de dados
• identificação do ponto de
partida

Caraterização do Risco

Re -avaliação causada por


dados novos da Avaliação da
Exposição ou
Identificação/Caraterização
do(s) Perigo(s)

Cristina CarvalhoAconselhamento aos Gestores do Risco 12


Biomarcadores na Avaliação de Risco

Método de rotina para


estimar o risco
Toxicodinâmica

Exposição -------------- Dose biológica ----------- Resposta


externa efectiva
toxicocinética
Marcadores de efeito e de
suscetibilidade
Marcadores de dose interna e
de suscetibilidade
Método mais
exato para
estimar o Risco?

Adaptado de Schute&Waters 1999


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Os Biomarcadores podem
refletir exposições
acumuladas no tempo
Os Biomarcadores têm em conta
todas as vias de exposição
Biomarcadores de Exposição
refletem os efeitos de
modificação da disposição
fisiológica e biológica
Alguns químicos ambientais
estão mais concentrados em
amostras biológicas Adaptado de Paustenbach, 2000. J
Toxicol Env. Health, 3:179
Onde medir? O que medir? Quando medir?

Químicos ou seus
Urina, fezes, saliva, Medição de um
metabolitos
cabelo, plasma, biomarcador numa
soro, células determinada fase da
Formação de Aductos
esfoliadas, células doença
de DNA e /ou de
de sangue, biópsias proteínas
etc.
A persistência e
Alterações
níveis dos
citogenéticas
biomarcadores
depois da exposição
a xenobióticos

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Persistência e níveis dos biomarcadores depois da exposição a um xenobiótico
Adaptado de Biomarkers and Risk Assessment Environ. Health Criteria, 155, 1993
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Os avanços tecnológicos melhoraram os métodos de
deteção de Biomarcadores

 Medição de concentrações sempre mais baixas


 Determinação de maiores diversidade de químicos em
amostras cada vez menores
 Custos cada vez mais reduzidos
➢ O estudo mecanístico da alteração da expressão de genes, e
proteínas, a baixas doses de exposição, é determinante para
avaliar se estas alterações representam respostas
adaptativas ou toxicológicas.

➢ A compreensão das alterações a nível molecular da exposição


a xenobióticos poderá ser uma fonte para identificação,
validação e aplicação de biomarcadores, sensíveis e
específicos.

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➢ As tecnologias omics fornecem um grande volume de
resultados pelo que é inevitável realizar investigação paralela
em bioinformática.

➢ É importante a interpretação de alterações chave nos


parâmetros experimentais e a avaliação da sua aplicação
como marcadores preditivos de efeitos tóxicos .

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Desenvolvimento Avaliação laboratorial da
sensibilidade, especificidade,
dos Biomarcadores
reprodutibilidade, exactidão e
estabilidade

Avaliação da variabilidade do
Caraterização dos biomarcador na população humana,
Biomarcadores determinação de interações
relevantes e potenciais fatores de
confusão

Avaliação da presença de uma


Estudos relação causal entre o
Epidemiológicos biomarcador e a doença através
de estudos em populações

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 As limitações da sua aplicação são a complexidade na interpretação
do enorme volume de resultados obtidos, de modo a saber quais as
alterações moleculares que podem ter significado toxicológico, e
a dificuldade em validar potenciais biomarcadores a nível
populacional.

 Contudo, só depois da sua validação, poderão ser aplicados nos


estudos de avaliação da Segurança Pré-Clinica e a nível da
Segurança Ambiental e Alimentar.
❖ Os biomarcadores toxicológicos aplicados nos diferentes
passos da avaliação do risco, têm contribuído para
tornar este processo mais exato.
❖ O nosso objetivo é prevenir o risco e proteger as
populações eventualmente expostas a xenobióticos
potencialmente tóxicos.
❖ O desenvolvimento e validação de biomarcadores
preditivos de efeitos tóxicos irá contribuir para a
prevenção do risco e proteção da saúde humana.
❖ As tecnologias omics têm um papel determinante na
descoberta de biomarcadores moleculares que
monitorizem populações expostas a xenobióticos.
❖ A implementação da epidemiologia molecular irá reduzir os
ensaios em animais e tornar mais exata a avaliação da segurança a
químicos.

❖ Os novos biomarcadores deverão contribuir para que a avaliação


do risco seja mais exata e preditiva de riscos reais em
vez de proteger de riscos teóricos.

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A – Traditional use of
biomarkers

B – Modern
biomarker
applications

03/06/2022 Cristina Carvalho 24

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