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multipartidária: o caso do
Brasil
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Datas de Publicação
Scott Mainwaring
Vários analistas, nestes últimos anos, trataram dos problemas ou vantagens gerais dos
sistemas presidencialista e parlamentarista.1 Em vez de fazer isso com relação ao
presidencialismo, este artigo se concentra nos problemas engendrados por um subgrupo
de sistemas presidencialistas, a saber, os que têm um sistema partidário fragmentado. O
argumento deste artigo é o de que é difícil manter uma democracia presidencialista
multipartidária;2 focalizando o caso do Brasil, mostra que a combinação de
presidencialismo e um sistema multipartidário criou problemas para a estabilidade da
democracia nos períodos (mais) democráticos da história do país 1946-64 e de 1985
até o presente. Em vista da evidência crescente de questões institucionais na América
Latina, do plebiscito sobre o sistema de governo que ocorrerá proximamente no Brasil em
particular, este é o momento especialmente adequado para enfrentar essas questões.
O caráter extremamente frouxo dos partidos brasileiros exacerbou esse problema. Quando
os presidentes são populares, políticos de todas as colocações e matizes os apóiam, mas
quando perdem popularidade freqüentemente encontram dificuldade em encontrar apoio
até mesmo em seus próprios partidos. Defecções em períodos de adversidade tornam
difícil aos presidentes implementar medidas coerentes que poderiam redirecionar
substancialmente as políticas do governo precisamente o que é necessário em tempos
de crise.
PRESIDENTES EM MINORIA
Os resultados das eleições parlamentares de 1946 foram uma anomalia que não afetou a
tendência irresistível para o multipartidarismo fragmentado. Essa anomalia se deveu tanto
às circunstâncias históricas excepcionais que cercaram as eleições de 1945 como às
regras eleitorais que nelas foram adotadas. Elas ocorreram num contexto de acentuada
continuidade com o Estado Novo (Souza, 1976), o que propiciou ao recém-criado PSD,
que surgiu das entranhas do regime anterior, em uma posição privilegiada.
As eleições de 1986 também foram anômalas em termos da divisão dos votos e cadeiras.
Duas circunstâncias favoreceram por demais o PMDB e limitaram a fragmentação do
sistema partidário.
Essas eleições foram as primeiras do novo período democrático, e o PMDB se beneficiou
de ter liderado a oposição partidária ao regime militar.
Ainda que isso não tenha afetado a fragmentação partidária ou contribuído para aumentar
a probabilidade de que o partido do presidente fosse minoritário, um outro arranjo
institucional veio aumentar a probabilidade de conflito executivo/legislativo. Trata-se da
sobre-representação extrema dos estados menos populosos no Congresso (Soares,
1973), em contraste com o formato "um cidadão, um voto" das eleições presidenciais. Em
conseqüência, o Congresso tem uma base social distinta da do presidente, intensificando-
se a tendência de conflito entre o legislativo e o executivo (Furtado, 1965).
Este não é o momento para um exame detalhado das relações executivo/legislativo nos
períodos de democracia no Brasil. Já se escreveu o suficiente sobre isso para tornar
evidente a freqüência dos impasses e do imobilismo executivo/legislativo (Abranches,
1973; D'Araújo, 1982; Franco, 1976; Hippólito, 1985; Santos, 1986). Aqui basta um breve
resumo.
Alguém mais flexível do que Quadros poderia ter constituído coalizões no Congresso e
teria aceito as derrotas quando viessem. Nesse sentido, sua frustração e renúncia não
foram preordenadas, e sim representaram a ação inconseqüente de uma pessoa
imprevisível e intempestiva. Mas o sistema político mais amplo facilmente levava a
impasses executivo/legislativo e encorajava atitudes anti-Congresso e antipartidos por
parte dos presidentes.
Preocupados com as inclinações esquerdistas de Goulart, os militares quase vetaram sua
posse na presidência e insistiram na limitação dos poderes presidenciais. O Congresso
deu seu assentimento a isso e votou uma emenda constitucional que instituiu um sistema
semi-presidencialista em setembro de 1961. Frustrado pelos limites impostos
por esse sistema, Goulart fez pressão e conseguiu a convocação de um plebiscito que
restabeleceu as prerrogativas presidenciais plenas em janeiro de 1963.
Goulart também acabou isolado, sem uma base sólida no Congresso. Este bloqueou ou
deixou de aprovar muitas das medidas reformistas, e o executivo ficou cada vez mais
imobilizado (Flynn, 1978: 250-276). A aliança PTB/PSD foi uma coluna fundamental do
regime de 1945-64, mas os políticos conservadores do PSD se alarmaram quando Goulart
inclinou-se para a esquerda. Eles se recusaram a apoiar as iniciativas do presidente, o que
levou políticas-chave, das quais a reforma agrária é o caso mais notório, ao impasse. A
tentativa de Goulart de assegurar a nomeação de San Tiago Dantas como primeiro-
ministro em 1962 e seu pedido de aprovação de estado de sítio em outubro de 1963 foram
igualmente vetados pelo Congresso. O estilo errático, a ação hesitante e o fracasso de
Goulart em construir um apoio institucional trabalhando com o Congresso e com os
partidos exacerbou a situação. Goulart respondeu à situação com medidas ad hoc e com
improvisação, mas mesmo assim não conseguiu superar a paralisia do executivo. A
sensação de imobilismo o importunou tanto quanto importunara a Quadros antes. Celso
Furtado (1965:158), um dos ministros de Goulart, exprimiu o ponto de vista dos que se
encontravam no topo do processo decisório: "Quaisquer tentativas de legislação concebida
para relaxar a camisa de força institucional que preserva o sistema vigente de poder ou
para alterar a distribuição de renda são anuladas pelas comissões do Congresso".
A liderança fraca de Goulart contribuiu para a paralisia do executivo, mas esta também
resultou da difícil situação de um presidente que não dispunha de uma maioria estável no
Congresso. Como mostrou Santos (1986), o apoio congressional tornou-se muito instável
durante o governo Goulart. Santos (1986: 37-58) argumenta que a paralisia decisória
resultante foi o fator central para o colapso da democracia em 1964. A paralisia decisória
refletiu-se em uma redução no número de leis aprovadas pelo Congresso (Santos, 1986:
44).
Sarney também enfrentou uma erosão dramática de sua base parlamentar de sustentação
no final do mandato. Depois de uma série de derrotas do governo no Congresso em 1989,
um membro da comitiva fiel de Sarney admitiu: "Isto é o fim. Sempre que há uma votação
secreta, o governo só controla 31 votos (de 570) ".6 Contudo, devido à rigidez do sistema
presidencialista, não há como substituir um presidente inepto e paralisado pelo imobilismo.
PRERROGATIVAS E LIMITES
Há mais de trinta anos, quando a legislatura era mais submissa do que hoje, Trigueiro
(1959) publicou um artigo em que chamava a atenção para esse problema. Observou que
a Constituição de 1891 atribuiu ao presidente uma autoridade legislativa fraca, mas uma
vez que de fato só havia um partido7, dominado pelo presidente, era este que controlava o
processo legislativo. Inversamente, notou ainda Trigueiro, apesar das prerrogativas
legislativas amplas asseguradas pela Constituição de 1946, os presidentes se viam às
vezes acuados. O problema se tornou mais agudo depois que esse artigo perceptivo foi
publicado, conforme cresceu a fragmentação do sistema partidário e a polarização se
tornou uma característica definidora da competição partidária no Brasil (Santos, 1986). Os
presidentes exerciam um controle maior sobre o processo legislativo durante a Primeira
República (1880-1930) do que no período 1946-64, ainda que a Carta de 1946 lhes
assegurasse prerrogativas legislativas bem mais amplas. Isso sugere que a despeito da
importância que possam ter as prerrogativas constitucionais de presidentes e parlamentos,
a natureza do sistema partidário e dos partidos faz uma enorme diferença acerca de como
o presidencialismo funciona ou não.
A autonomia dos políticos em relação aos partidos também fica patente na prática usual,
tanto em 1945-64 como de 1985 para cá, de mudar de partido. Os políticos muitas vezes
mudam de partido quando não conseguem ser indicados candidatos para posições mais
elevadas (o governo do estado ou a senatoria). Às vezes eles concorrem por um partido
pequeno, no qual é muito mais fácil ganhar espaço e que em alguns casos torna possível
ao candidato ganhar uma cadeira com uma votação baixa, para logo após as eleições
voltarem ao seu partido original. Eles também podem mudar a filiação partidária para
aderir ao partido do governador, aumentando assim o acesso a oportunidades de
patronagem. Essa ausência de coesão partidária é acentuada pela instabilidade da
sustentação ao presidente e reforçada pela disposição dos presidentes de adotarem
medidas ad hoc, passarem por cima do Congresso e fazerem apelos populistas ao povo
como uma forma de criar pressão sobre os congressistas.
Os presidentes têm uma arma poderosa para manter na linha os membros de seu próprio
partido, a saber, os recursos de patronagem que permitem aos políticos distribuir
benfeitorias em seus redutos eleitorais. Mas a situação do presidente em seu próprio
partido é enfraquecida por seu esforço em se distanciar deste e por seu status de "canoa
furada". Na vigência de uma regra de não-reeleiçao, os presidentes adquirem
esse status no mesmo dia em que assumem o governo (Coppedge, 1988). Sobretudo
quando se aproximam do final de seus mandatos ou em períodos de austeridade fiscal,
eles têm dificuldades em manter o controle sobre seus partidos.
Nenhum dos principais partidos, incluindo o PTB, apoiou claramente o governo Vargas e
tampouco qualquer um deles, excetuando a UDN, fez oposição aberta a esse governo. O
PSD dominou o ministério Vargas, mas o partido manteve uma atitude dúbia em relação
ao presidente, nem o apoiando nem se opondo a ele (Hippólito, 1985: 103). Os partidos
eram tão ambivalentes em relação a Vargas quanto este em relação àqueles. D'Araújo
(1982) argumenta que a crise do governo Vargas foi em grande medida um produto das
tendências supra-partidárias do presidente e da correspondente ausência de apoio
institucional. A despeito de ter incluído representantes de todos os principais partidos em
seu ministério, Vargas não podia se fiar em nenhum deles para obter apoio no Congresso.
Com o passar do tempo, a carência de Vargas de apoio institucional levou à crise que
culminou em seu suicídio.
No governo Quadros, a UDN, o PSD e o PTB se dividiram, com algumas facções de cada
um dos partidos apoiando o presidente e outras fazendo oposição a ele.9 A UDN
predominou no ministério, mas boa parte do partido começou a se opor a Quadros por
conta da abertura de sua política externa a Cuba. O PTB, que havia se oposto ao
presidente na campanha, passou a apoiá-lo devido a sua política externa independente.
Não havia um grande partido de oposição no Congresso uma situação que também
ocorreu nos primeiros anos dos governos Sarney e Dutra.
No governo Goulart a UDN passou para a oposição, mas uma facção minoritária do partido
deu apoio à parte do programa nacionalista de Goulart. O PSD se dividiu profundamente e
enquanto algumas facções apoiavam outras faziam oposição a Goulart (Hippólito, 1985:
235-236). Somente em 10 de março de 1964, três semanas antes do golpe, o PSD
finalmente conseguiu chegar a uma decisão, optando por uma ruptura oficial com o
governo. O próprio partido do presidente estava dividido, na medida em que facções
radicalizadas dele, lideradas por Leonel Brizola, consideravam o presidente
excessivamente medroso.
Uma situação similar ocorreu com Sarney, que procurou assegurar para si o máximo de
autonomia em relação aos partidos, que por sua vez mantiveram a atitude ambígua que
caracterizara as relações entre presidentes e partidos no regime 1945-64. Quando Sarney
era imensamente popular devido ao sucesso do Plano Cruzado, o PMDB e o PFL
bajulavam o presidente. Com o fracasso do Plano Cruzado, no entanto, os dois partidos
dividiram-se profundamente em suas relações com o governo. Os setores progressistas do
PMDB tentaram seguidamente empurrar o partido a se definir com respeito ao governo,
mas se defrontaram com uma resistência invencível. Os setores conservadores e
clientelistas continuaram a apoiar o governo, mas, em meados de 1988, 40 deputados
romperam com o PMDB e constituíram um novo partido, o PSDB. Mesmo entre os que
permaneceram no PMDB o cisma era profundo. No PFL, Marco Marciel liderou o grupo
dissidente que rompeu com o governo, enquanto o partido em sua maior parte continuava
a apoiá-lo. Durante o Congresso Constituinte de 1987-88, mais uma vez blocos
suprapartidários eclipsaram os partidos como forma de organizar os debates
parlamentares.
As relações frouxas entre presidentes e partidos tornou a política mais ad hoc, mais
personalista e menos institucionalizada no Brasil. Isso também alimenta a possibilidade de
impasse e imobilismo institucionais.10 Quando os presidentes são populares, em geral
dominam seus partidos,11 e os partidos e os políticos se identificam com o governo para
desfrutar das vantagens do prestígio governamental e para aumentar seu próprio acesso à
patronagem. Quando um presidente é impopular, muitos políticos de seu próprio partido se
distanciam dele. Fazer isso não é só uma forma de evitar as repercussões negativas de se
identificar com um presidente "canoa furada"; é também uma forma que políticos
ambiciosos encontraram para tentar se projetar mais em nível nacional: eles podem se
tornar líderes de uma facção dissidente do partido. A principal cola (às vezes muito
poderosa) que mantém a sustentação do presidente unida é a patronagem e isso ajuda
a explicar a utilização generalizada da política de patronagem.
Quando tentam controlar a patronagem e o clientelismo, não importa quão necessário isso
possa ser, os presidentes provavelmente serão abandonados. Essa situação tem
conseqüências deletérias para a elaboração de políticas públicas. Os presidentes muitas
vezes adiam reformas impopulares, percebendo que falta o apoio para implementá-las.
Reformas necessárias mas impopulares, em conseqüência, são adiadas algumas vezes
indefinidamente. Reformas impopulares são adiadas em todos os sistemas políticos mas,
se meu argumento é correto, este problema é particularmente agudo em sistema
presidencialistas multipartidários.
Os presidentes necessitam procurar apoio em outros partidos, uma vez que o seu próprio
não controla uma maioria que poderia assegurar a aprovação das leis mais importantes.
Por que os partidos são extremamente frouxos, os presidentes podem tentar conquistar
uma base de sustentação comprando individualmente o apoio de políticos de partidos de
oposição. Isso é feito oferecendo-se posições de controle de patronagem e de recursos
estatais a deputados, senadores e governadores (que controlam os orçamentos dos
estados e alguns recursos federais) que dão apoio ao presidente. Inversamente,
presidentes e ministros privam parlamentares e governadores que se lhes opõem de tais
posições e recursos. Essa é uma prática muito comum no Brasil, assim como no Equador
(Conaghan, 1992).
O número de líderes militares que concorreram à presidência entre 1945 e 1960 ilustra o
recrutamento extensivo de indivíduos que não tinham filiação partidária anterior ou
experiência em cargos públicos. Em cada uma das quatro eleições presidenciais, um dos
dois candidatos mais votados era oficial de carreira que não tinha envolvimento anterior
com partidos. É difícil encontrar outras democracias em que líderes militares dominaram
dessa forma as candidaturas presidenciais.
Uma vez eleito, Vargas continuou preferindo agir por cima dos partidos, como mostra o
interessante estudo de D'Araújo (1982) sobre seu governo. O ex-ditador nunca pensava
em termos de partidos; em vez disso, ele se apoiava em seu apelo popular amplo e na
improvisação para compensar a falta de apoio institucional. Seu estilo supra-partidário
evidenciou-se no fato de que seu ministério incluía membros do PTB e do PSP, que o
haviam apoiado nas eleições, assim como do PSD, que havia se oposto a ele, e da UDN,
que fez o possível para enfraquecê-lo e até mesmo colocara objeções a sua posse depois
de uma esmagadora vitória eleitoral (D'Araújo, 1982:71). Seu próprio partido, o PSD, tinha
apenas um representante no ministério inicial.
Dos quatro presidentes do período 1945-64, Kubitschek foi a única exceção na seqüência
de presidentes antipartidos, mas mesmo ele, uma vez na presidência, mostrou-se
ambivalente com relação aos partidos. Em contraste com os três outros presidentes
eleitos, Kubitschek era fortemente identificado a um partido o PSD , no qual ele havia
feito sua carreira política. Antes de se tornar presidente, ele estava totalmente integrado ao
PSD, mas durante a campanha de certa forma começou a se distanciar de seu partido.
Esse processo prosseguiu em sua presidência. Kubitschek não governou como um. líder
do PSD e "esforçou-se muito pouco para compartilhar de seu próprio prestígio com o PSD
durante o auge de sua popularidade" (Dubnic, 1968: 51). Nem fez campanha pelo partido
nas eleições presidenciais de 1960; na verdade, em outubro de 1959 ele sugeriu
publicamente que o presidente da UDN, Juraci Magalhães, seria seu sucessor ideal.
Hippólito (1985: 187-212) mostrou que Kubitschek empenhou-se ativamente em diminuir
as perspectivas do PSD nas eleições presidenciais de 1960, calculando que a derrota
eleitoral de seu partido se prestaria melhor a suas perspectivas de reconquistar a
presidência em 1965.
Não é surpreendente que personalidades tenham sido decisivas nas eleições de 1945,
antes que os partidos tivessem a oportunidade de criar um perfil. O que é digno de
menção é que essa situação não havia mudado em 1960; de fato, a campanha
presidencial de 1960 foi possivelmente a mais personalista e antipartido de todas. A
atitude condescendente de Quadros estendia-se à classe política: "Os políticos
profissionais só perturbam a vida brasileira" (Santos e Monteiro, s. d.: 29). Ao longo de
toda sua carreira política, Quadros se apresentou como um paladino da moralidade, acima
das sujeiras da política partidária.
Depois do suicídio de Vargas em 1954, João Goulart era o mais proeminente político do
PTB, tendo sido Ministro do Trabalho no governo Vargas e eleito duas vezes vice-
presidente. Da mesma forma que Kubitschek, e em contraste com Dutra, Vargas e
Quadros, sua ascensão política identificava-se com um partido. Goulart havia sido
inclusive presidente do PTB durante boa parte dos anos cinqüenta. A despeito disso, ele
não era conhecido como um homem de partido e sim como um político populista. Em
1960, Goulart apoiou os comitês que trabalhavam para a eleição da dobradinha Quadros-
Goulart, fazendo pouco caso da fidelidade a seu próprio partido. Apesar de não ter seguido
o caminho de Quadros como um opositor virulento dos partidos, enquanto presidente
Goulart não foi capaz de agir por canais partidários. Em vez de tentar conquistar apoio
para suas políticas no Congresso, apelou às massas.
Apoiado por um pequeno partido criado especialmente para ele concorrer à presidência,
Collor nunca se comprometeu com partidos. Ao longo de sua carreira, ele pulou da Arena
e do PDS, conservadores e pró-regime militar, para o PMDB, que se opunha
a esse regime, e então para o PRN. Em sua campanha criticou com freqüência os
políticos e os partidos e tentou se apresentar como político outsider.
A questão é explicar porque os presidentes têm optado por táticas supra e antipartidárias.
A resposta, em parte, pode ser atribuída aos estilos individuais dos diferentes presidentes,
ou então à cultura política brasileira anti-organizacional. Um argumento essencial aqui,
entretanto, é o de que a combinação de presidencialismo, um sistema multipatidário
fragmentado e partidos indisciplinados tornou difícil aos presidentes atuarem por meio de
canais partidários e encorajou práticas anti-partidárias. Não somente as personalidades e
a cultura política mas também as estruturas políticas explicam por que os presidentes
sempre agiram contra partidos.
COALIZÕES PARTIDÁRIAS
Há uma longa história no Brasil das tentativas dos presidentes de constituir maiorias por
meio da formação de coalizões amplas. O empenho em formar coalizões começa durante
a fase pré-campanha eleitoral, em que os aspirantes à presidência procuram ganhar o
apoio de vários partidos políticos. Antes de 1964, o método de eleição do presidente em
turno único servia como um indutor de candidaturas de coalizão.13 Os candidatos
precisavam maximizar os votos mesmo que à custa de ignorar compromissos partidários,
e isso invariavelmente implicava conquistar o apoio de vários partidos. O quadro 1 mostrou
que os principais candidatos presidenciais sempre tiveram apoio multi-partidário.
Os esforços presidenciais para conquistar o apoio de uma coalizão ampla foram sempre
bem-sucedidos. Como mostraram Santos (1986) e Carvalho (1977), a estabilidade da
presidência Kubitschek foi uma função do apoio multipartidário amplo.16 Carvalho
pesquisou 319 votações nominais no Congresso e descobriu que as coalizões
responsáveis pela aprovação de medidas em geral foram muito amplas, como é
tipicamente o caso na maioria das legislaturas, uma vez que a maior parte da legislação é
de rotina.
Com o passar dos anos, entretanto, a formação de uma coalizão para assegurar
sustentação parlamentar mostrou-se cada vez mais problemática. Quando a participação
popular ainda era pequena, o consenso ideológico era razoavelmente grande na política
brasileira, o que tornava possível a formação de coalizões informais moderadamente
estáveis. Entre 1945 e 1964 ocorreu uma explosão de participação popular na política,
com um significativo impacto sobre os partidos. A política deixou de ser um jogo de elite e
o consenso no nível das elites sofreu corrosão, e com isso acabou a facilidade de
constituir essas coalizões amplas.
Nessa situação, os dois presidentes optaram por criar novos núcleos dinâmicos na
administração pública, circunscrevendo dessa forma os privilégios clientelistas adquiridos
que bloqueavam a reforma administrativa. Ao invés de se apoiar em canais partidários e
congressionais, Vargas geralmente procurou realizar seu programa de governo por meio
de agências estatais. A maioria dos programas mais importantes de sua administração
foram implementados por agências estatais e não por partidos e pelo Congresso. Isso se
deveu em parte às próprias inclinações suprapartidárias de Vargas, mas também porque a
ausência de sustentação partidária estável o levou a passar por cima do Congresso nos
esforços de assegurar eficiência administrativa. Mediante várias agências executivas,
Vargas realizou uma administração dinâmica, mas seu estilo suprapartidário deslegitimou
os partidos e impediu o fortalecimento partidário. O governo Vargas adotou um
comportamento suprapartidário e deslegitimou as organizações políticas "exatamente
devido a sua desconfiança pelas instituições e à ausência de uma proposta política dotada
de base institucional" (D'Araújo, 1982: 137).
Os presidentes também se apóiam nos militares para compensar a falta de apoio estável
no Congresso. Sempre que seus programas enfrentavam resistência no Congresso,
Sarney se voltava para os militares. Similarmente, quando discordava das ações do
Congresso, Sarney com freqüência se valia do descontentamento militar para tentar impor
seu próprio ponto de vista.
CONCLUSÕES
O corolário disso é que o Congresso brasileiro foi um importante ator durante o regime de
1946-64, assim como novamente o é desde a promulgação da Constituição de 1988
(Abranches, 1973, Abranches e Soares, 1972; Ames, 1987: 101-210, Souza, 1976,
Santos, 1986). O papel do Congresso é percebido mais como o de bloquear e moderar a
ação presidencial do que o de ser um agente efetivo de legislação. Trigueiro (1959: 45)
notou que entre setembro de 1946 e dezembro de 1958 o Congresso aprovou 3 520 leis
por ele iniciadas, em comparação com a aprovação de 23 288 decretos
executivos.19 Dentre as leis propostas pelo Congresso, a maioria era de importância
secundária, o que levou Trigueiro a concluir que estava incapacitado de elaborar
leis.20 Isso ajuda a entender a freqüência das críticas à ineficiência do Congresso
(Abranches e Soares, 1972; Furtado, 1965; Packenham, 1971).
Ainda que os cientistas políticos (por exemplo, Lambert, 1969) muitas vezes suponham
que os sistemas presidencialistas produzem lideranças executivas mais fortes, a
experiência latino-americana sugere o contrário (Brito, 1967; Suárez, 1982). O papel do
presidente, mais comumente, é caracterizado por profundas ambivalência e ambigüidade
(Blondel e Suárez, 1981; Hartlyn (no prelo); Suárez, 1982). De uma parte, a maior parte do
poder de agir pelos canais representativos concentra-se na presidência. Cientes dos riscos
de imobilismo prolongado, as constituições atribuíram à maioria dos presidentes latino-
americanos poderes que excedem os do presidente dos Estados Unidos. Alguns
presidentes latino-americanos têm prerrogativas de decreto que lhes dá autoridade
legislativa mais ampla do que a do presidente norte-americano. Muitos presidentes latino-
americanos têm a prerrogativa constitucional de impor estados de sítio que restringem
dramaticamente o sistema de controles e contrapesos. Os presidentes em geral têm mais
poder de patronagem na América Latina do que nos Estados Unidos. Finalmente, algumas
constituições latino-americanas, inclusive as brasileiras de 1946 e 1988, permitem aos
presidentes vetar partesde uma lei, em contraste com a Constituição norte-americana, que
só permite o veto da lei como um todo.
Essa ambivalência sobre o papel do presidente ajuda a explicar a freqüência das lutas
para redefinir constitucionalmente as prerrogativas presidenciais. Os presidentes com
freqüência pressionam por reformas constitucionais que ampliem seus poderes. Todos os
presidentes chilenos, de Alessandri a Allende, tentaram ou passar por cima do Congresso
ou reformar a Constituição para ampliar o poder executivo. O presidente Frei (1964-1970)
finalmente conseguiu essa ampliação mas, como observam Valenzuela e Wilde (1979), o
custo foi elevado: a erosão dos espaços de negociação e compromisso. Problemas
semelhantes de imobilismo levaram a reformas constitucionais que aumentaram o poder
presidencial na Colômbia em 1968 (Hartlyn, no prelo) e no Uruguai em 1967. A
constituição uruguaia foi alterada cinco vezes entre 1918 e 1967, a natureza do poder
executivo constituindo-se na controvérsia fundamental (Edelmann, 1969 b). No mesmo
veio, Goulart, frustrado com a falta de apoio no Congresso, declarou em seu discurso em
15 de março de 1964 que desejava uma reforma constitucional que ampliasse seus
poderes.
É justamente devido à dificuldade em realizar suas agendas com apoio parlamentar que os
presidentes restringem o âmbito de ação do Congresso, criam novas agências executivas,
distribuem patronagem para ganhar o apoio de alguns políticos, tentam realizar reformas
constitucionais que expandam seus poderes e procuram enfraquecer o Congresso e os
partidos como forma de aplainar o próprio caminho. Essas inclinações dos presidentes
latino-americanos foram algumas vezes entendidas como expressões de uma cultura
política ibérica. A cultura política ibérica pode ter contribuído para a ânsia de poder dos
presidentes, mas é igualmente importante levar em conta os incentivos institucionais que
moldam o comportamento presidencial. Diferentemente da maioria dos primeiros-ministros,
os presidentes não podem dissolver o Congresso e convocar novas eleições.
Diversamente de todos os primeiros-ministros, eles se tornam alvos fáceis mais do que
canoas furadas se perdem o apoio no Congresso. Em alguns países, em contraste com
os primeiros-ministros, eles não podem contar nem mesmo com o apoio de seus próprios
partidos, se é que têm algum partido. Os estilos de liderança pessoal dos presidentes
variam bastante, e nem todos os presidentes enfrentam esses dilemas da mesma forma.
Seria equivocado, entretanto, ver na busca presidencial de mais poder e nos esforços
presidenciais de passar por cima do Congresso e de solapar os partidos simplesmente
uma expressão de suas próprias idiossincrasias pessoais. A situação de presidencialismo
de minoria cria os dilemas que fundamentam ações como essas.
A segunda questão que quero levantar nessas conclusões é o impacto do
presidencialismo no desenvolvimento partidário no Brasil.21 O fato de um sistema ser
parlamentarista, presidencialista ou semi-presidencialista conforma a natureza dos
partidos e do sistema partidário. O sistema presidencialista no Brasil tem contribuído para
o enfraquecimento dos partidos por diversas razões.
Os presidentes, porque são eleitos por voto popular ou por um colégio eleitoral cuja
composição é determinada por voto popular, nem sempre têm envolvimento forte com a
construção partidária e freqüentemente têm reduzida experiência parlamentar. Os
presidentes muitas vezes desfrutam de uma independência dos partidos políticos que é
desconhecida nos regimes parlamentaristas. Eles podem ter uma experiência limitada
como membro de um partido e podem mesmo concorrer contra os partidos, como
indivíduos que estão "acima" dos políticos profissionais. Casos tão diversos entre si como
os de Eisenhower nos Estados Unidos, Vargas e Quadros no Brasil e Perón na Argentina
são ilustrativos disso. Dependendo do processo de seleção, candidatos desse tipo podem
chegar ao governo, a despeito da oposição da maioria dos profissionais de partido. O
Brasil é um caso extremo em que os presidentes em geral não têm interesse na
construção de partidos; vários tentaram até mesmo enfraquecer os partidos. Entretanto,
como geralmente é o caso, candidatos que não são homens de partido mesmo assim
precisam ser endossados por líderes partidários.
Em alguns sistemas presidencialistas, os partidos têm um controle maior sobre o processo
de seleção de candidatos e uma maior penetração na sociedade, de modo que é mais
difícil para as pessoas se tornarem candidatas, e muito mais difícil ainda chegar à
presidência fazendo campanha como políticos anti ou suprapartidários. No Chile, no
Uruguai e na Venezuela, os presidentes sempre foram recrutados por meio de canais
partidários e têm vínculos fortes com seus partidos, apesar de Ibañez (1946-52) ser uma
exceção no Chile. Mesmo assim, como mostra Walker (1986), o presidente Allende era
uma figura isolada e solitária, com apoio limitado em seu próprio partido. O isolamento de
Allende e os conflitos entre o Partido Socialista e o governo contribuíram para o colapso da
democracia no Chile. Na Venezuela, para se tornarem candidatos presidenciais, os
políticos devem ter vínculos fortes com seus partidos; mas, uma vez eleitos, a regra que
impede a reeleição imediata leva a certo distanciamento entre os presidentes e seus
partidos (Coppedge, 1988). Essas situações são improváveis em uma democracia
parlamentarista.
A última questão que quero discutir nessas conclusões é a forma pela qual a combinação
institucional de presidencialismo e um sistema multipartidário fragmentado contribui para
as dificuldades de constituição de um governo democrático eficaz no Brasil. A combinação
de presidencialismo e multipartidarismo com partidos pouco coesos torna improvável que
os presidentes consigam sustentação majoritária no Congresso, e o presidencialismo faz
com que seja difícil a resolução dos impasses que resultam disso. Da perspectiva do
presidente, essa combinação torna a construção de alianças algo difícil, complexo e em
geral instável. Nos governos Dutra e Kubitschek, a democracia brasileira funcionou
razoavelmente bem com essa combinação de presidencialismo, multipartidarismo e
partidos fracos. Tal combinação, entretanto, impediu a criação de um governo democrático
eficaz e mostrou-se incapaz de lidar com a radicalização que ocorreu em 1961-64.
Os sistemas presidencialistas multipartidários predispõem à ocorrência de impasses
executivo/legislativo. Esse problema resulta de duas características desses sistemas: a
tendência a produzir governos de minoria legislativa e a ausência de mecanismos para
lidar com as situações em que o governo enfrenta uma ampla maioria oposicionista no
Congresso. Os sistemas presidencialistas, por serem baseados na doutrina da separação
entre os poderes, per se não têm mecanismos para evitar governos de minoria.23 Governos
assim são a regra em democracias presidencialistas multipartidárias, e não há
mecanismos para substituir governos de minoria até a eleição presidencial ou parlamentar
seguinte. Os presidentes encontram dificuldade para implementar suas agendas porque
não dispõem de uma base suficiente de sustentação no Congresso.
É improvável que o partido do presidente tenha maioria no legislativo, de tal forma que fica
difícil aprovar medidas de políticas públicas. Disso resultam o imobilismo e o conflito agudo
entre o executivo e o legislativo, com conseqüências potencialmente deletérias para a
democracia. Conflitos prolongados entre a legislatura e o governo podem levar à paralisia
decisória. Isso talvez não tenha efeitos enervantes em democracias sólidas, mas tem em
novas democracias.
Não existem mecanismos constitucionais para substituir um presidente que perdeu quase
todo o apoio no legislativo. É até mesmo possível que um presidente reduza o apoio no
Congresso já no momento em que assume o governo. Ainda que o presidente seja
incapaz de realizar um curso coerente de ação, não há nenhum outro ator que possa
resolver o problema agindo dentro das regras do jogo democrático. Em muitos casos um
golpe aparece como o único meio de se livrar de um presidente que perdeu sua base de
sustentação. O esforço para se livrar de um presidente, dessa forma, pode destruir o
regime.
Note-se que não estou revivendo o velho e duvidoso argumento de que sistemas
bipartidários são em geral mais favoráveis à democracia estável do que sistemas
multipartidários. Essa questão foi longamente debatida, e as evidências são de que em
governos parlamentaristas os sistemas multipartidários não impedem o funcionamento
bem-sucedido da democracia.24 Mas ao abandonar esse antigo argumento os analistas
erram em não diferenciar entre sistemas presidencialistas e parlamentaristas. Pelas razões
apontadas, o número de partidos realmente importa em sistemas presidencialistas.
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Tradução de Álvaro de Vita. Ronald Archer, Michael Coppedge, Daniel Levine, Antonio
Paixão e Matthew Shugart fizeram comentários úteis a este artigo.
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e (2) as diferenças ideológicas entre o presidente e a oposição não são muito marcadas. A
primeira condição pode ser satisfeita em um sistema bipartidário, mas raramente o será
em um sistema autenticamente multipartidário. O êxito do presidencialismo na Costa Rica
e na Venezuela em parte decorre do fato de que os presidentes muitas vezes puderam
contar com uma maioria, ou perto disso, no Congresso. Paradoxalmente quando essa
condição se verifica, enfraquece-se a
raison d'être dos sistemas presidencialistas a existência de um sistema de controles e
contrapesos. A segunda condição sempre foi satisfeita nos Estados Unidos e na maior
parte do tempo também nas democracias latino-americanas estáveis, com exceção do
Chile (1932-1973).
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