Você está na página 1de 3

FACULDADE DO DIREITO DA UNTL

TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL II


(2.ª Avaliação do II Semestre de 2020 – dia 7/03/2021 – duração
3horas)

I. DISTINGAM-SE OS SEGUINTES CONCEITOS (1v; 30m; 1 pág)


1. Declaração negocial e comportamento declarativo
Pode definir-se, como a declaração da vontade negocial como o
comportamento que, exteriormente observado cria a aparência de
exteriorização de um certo conteúdo de vontade negocial, caracterizando,
depois a vontade negocial como a intenção de realizar certos efeitos
práticos como ânimo de que sejam juridicamente tutelados ou
vinculantes.

2. Negócios obrigacionais e negócios reais


Quanto aos negócios reais, o princípio da liberdade contratual sofre
considerável limitação derivada do princípio da tipicidade ou do “numerus
clausus”, visto que “não é permitida a constituição, com caracter real, de
restrições ao direito de propriedade ou de figuras parcelares deste direito
senão nos casos previstos na lei” (art. 1306º). Só podem constituir-se direitos
reais típicos, embora essa constituição possa resultar de um negócio inominado
ou atípico.

No domínio dos negócios obrigacionais vigora o princípio da liberdade


negocial, quase inconfinadamente, quanto aos contratos, abrangendo a
liberdade de fixação do conteúdo dos contratos típicos, de celebração de
contratos diferentes dos previstos na lei e de inclusão nestes quaisquer cláusulas
(art. 405º CC); quanto aos negócios unilaterais, vigora porém, a princípio da
tipicidade (art. 457º CC).

3. Incapacidade e ilegitimidade

4. Erro-obstáculo e erro-vício
Erro-obstáculo ou na declaração: o declarante emite a declaração divergente
da vontade, sem ter consciência dessa falta de coincidência. No erro-
obstáculo, havendo embora uma divergência inconsciente entre a vontade e a
declaração, há um comportamento declarativo do errante, nas declarações,
sob o nome de outrem não há qualquer comportamento por parte do sujeito a
quem a declaração é atribuída.

Trata-se de perturbações do processo formativo da vontade, operando de tal


modo que esta, embora concorde com a declaração, é determinada por
motivos anómalos e valorados, pelo Direito, como ilegítimos. A vontade não se
formulou de um “modo julgado normal e são”. São vícios da vontade: 1) Erro;
2) Dolo; 3) Coacção; 4) Medo; 5) Incapacidade acidental.
A consequência destes vícios traduz-se na invalidação do negócio, tendo para
isso os vícios de revestir-se de certos requisitos. Quando esses vícios são
relevantes, geram a anulabilidade do respectivo negócio.

II. DESENVOLVAM-SE OS SEGUINTES TEMAS (4,5v; 75m; 3 pág)


1. Declaração negocial presumida e elementos constitutivos normais da
declaração negocial
A declaração negocial presumida, tem lugar quando a lei liga a
determinado comportamento o significado de exprimir uma vontade
negocial, em certo sentido, podendo-se ilidir-se tal presunção mediante
prova em contrário

Numa declaração negocial podem distinguir-se normalmente os


seguintes elementos:
a) Declaração propriamente dita (elemento externo) – consiste no
comportamento declarativo;
b) A vontade (elemento interno) – consiste no querer, na realidade
volitiva que normalmente existirá e coincidirá com o sentido objectivo da
declaração.

O elemento interno – a vontade real – pode decompor-se em três


subelementos:
a) Vontade de acção, consiste na voluntariedade (consciência e
intenção) do comportamento declarativo, pode faltar vontade de acção.

b) Vontade da declaração ou vontade da relevância negocial da


acção, consiste em o declarante atribuir ao comportamento querido o
significado de uma declaração negocial; este subelemento só está
presente, se o declarante tiver consciência e a vontade de que o seu
comportamento tenha significado negocial vinculativo. A declaração
deve corresponder a um “sic volo sic jubeo”, vinculativo do declarante,
pode haver vontade da declaração.

c) Vontade negocial, vontade do conteúdo da declaração ou


intenção do resultado, consiste na vontade de celebrar um negócio
jurídico de conteúdo coincidente com o significado exterior da
declaração. É na vontade efectiva correspondente ao negócio concreto
que apareceu exteriormente declarado, pode haver um desvio na vontade
negocial.

2. Valor do silencio e problema dos direitos sem sujeito.

3. Elabora brevemente um Estatuto da pessoa colectiva, em concreto da Fundação.


III. RESOLVAM-SE OS SEGUINTES CASOS (4,5; 75m; 5 pág)
1. Em Setembro de 2019, Antero comprou a Bento um imóvel sito em Motael,
por estar convencido de que o mesmo tinha um local agradável. Bento bem
sabia das particulares motivações de Antero. Refira-se também que o negócio
foi celebrado na forma legalmente exigida e que ainda se não procedeu ao
registo da mesma aquisição.
1. Em Abril deste ano, Antero descobriu que, em tempos, fora perpetrado um
parricídio naquele local pretendendo, por isso, invalidar o negócio. Poderá
fazê-lo?
2. Suponha agora que Antero vem a descobrir, mais tarde, que Bento sempre
soubera da existência do crime. Quid iuris?
Responda e justifique devidamente as questões que lhe são colocadas.
2. No dia 20 de Fevereiro de 2017 A celebrou um contrato de compra e venda de
um bem imóvel sito em Balide com B, por escrito particular, com
reconhecimento de ambas as assinaturas pelo notário. Em 1 de Março de 2017
B e C celebraram um contrato de compra e venda desse mesmo bem, por
escritura pública, quando na verdade nada pretendiam transferir: apenas
queriam evitar que o filho de B viesse a herdar essa mesma casa. No dia 15 de
Junho de 2019 C vendeu esse bem imóvel a D (que desconhecia os negócios
anteriormente celebrados), por escritura pública, sendo que D registou a
aquisição no dia 20 de Julho seguinte (tendo sido o primeiro a fazê-lo, visto que
não existia qualquer registo prévio do bem). E intentou uma acção pretendendo
a declaração de nulidade do contrato celebrado entre A e B no dia 10 de
Setembro de 2019, a qual foi registada quinze dias depois.
1. Será D protegido? Se sim, a partir de quando?
2. Mudaria a sua resposta se E tivesse intentado uma acção pretendendo a
declaração de nulidade não do contrato celebrado entre A e B mas sim do
contrato celebrado entre B e C?
3. Imagine que D registou a sua aquisição apenas no dia 15 de Março de 2020
e que E apenas intentou a acção de declaração de nulidade do contrato
celebrado entre A e B no dia 25 desse mês, tendo-a registado nesse mesmo
dia.

BOM SUCESSO

Você também pode gostar