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Psicologia da Educação

O que traz a psicologia do desenvolvimento para a educação?

Desenvolvimento ao longo da escolaridade

O desenvolvimento ocorre em diferentes contextos, nomeadamente culturais e educacionais,


e segundo diferentes dimensões. Ao longo do desenvolvimento ocorrem muitas mudanças: a
nivel físico (biológico) e a nivel cognitivo (ocorrem internamente e influenciam como a
criança aprende) que envolvem de acordo com a socialização. Fatores parentais, genéticos,
culturais e educacionais contribuem para o desenvolvimento e podem ser alvos de
intervenção.

Fatores que influenciam o desenvolvimento das competências cognitivas

O que contribui mais para o desenvolvimento: fatores como hereditariedade (genes,


processos biológicos) e fatores do contexto e do meio (educação, parentalidade, políticas
sociais e educativos). Em PE vamos estudar o papel de cada um deste elementos e a
pertinência de cada um dos meios na educação. É importante reconhecer o papel ativo do
individuo no seu conhecimento e na sua aprendizagem (embora haja uma influência de
fatores genéticos e ambientais, há um forte enfoque do papel ativo do aluno na sua
aprendizagem e comportamentos).

Quais os impactos destes fatores nos processos de ensino e aprendizagem?

Os alunos apresentam teorias implícitas sobre a inteligência e isso impacta a forma como
eles aprendem (se acham que a inteligência é fixa ou se pode desenvolver).

Teorias sobre a inteligência

Entity Thoery

Os alunos acreditam que a inteligência é fixa e imutável. O objetivo é parecer inteligente em


detrimento da aprendizagem. A inteligência é uma habilidade inata. O erro e o esforço são
vistos como pouca inteligência. Logo é uma orientação para os resultados escolares (ser ou
não inteligente é determinada por ter boas ou más notas)

➔ Se acredito que o desempenho e os resultados emergem naturalmente a partir de


competências inatas, sem necessidade de recurso a esforço e ou estratégias, até
posso conhecer as estratégias mas não utiliza.

Incremental Theory

Os alunos acreditam que a inteligência é maleável. O objetivo é aprender novas coisas


mesmo que seja arriscado ou difícil. Para ser inteligente, é necessário ter esforço e
estratégias adequadas. O erro é visto como pouco esforço e estratégias inadequadas. O
esforço estimula e usa a inteligência. Ao aplicar o devido esforço e aplicando certas
estratégias consigo bons resultados. Tem uma orientação para a aprendizagem: medem o
resultado e conseguem identificar como foco importante aumentar as suas competências.

➔ Se acredito que o esforço e estratégias estão implicadas na aquisição de


conhecimento, tenho melhores resultados escolares, mais estratégias na
aprendizagem, do interesse e da motivação.
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Ao conhecer as teorias individuais sobre a inteligência permite-nos compreender que ensinar
estratégias de aprendizagem pode não ser suficiente. Estas teorias podem constituir
obstáculos ao envolvimento nas tarefas ou contribuir para o desenvolvimento de uma
atitude proactiva dos alunos face à aprendizagem. Não basta ensinar estratégias é
essencial perceber se os alunos acreditam na sua eficácia, para os outros e para si.

Revised Implicit Theories of Intelligence (Self-Theory) Scale: escala que permite explorar as
perceções que os estudantes têm acerca da sua habilidade para mudar o seu nível de
inteligência.

Princípios gerais do desenvolvimento que tem impacto na educação

Diversas teorias do desenvolvimento estão de acordo que:

➔ Os indivíduos desenvolvem-se em diferentes ritmos em diferentes contextos (moral,


social..) (e.g. diferenças numa turma). Os ritmos de desenvolvimento que devem ser
tidos em consideração no contexto educativo
➔ As competências desenvolvem-se segundo determinada ordem e.g. motricidade e
linguagem
➔ As mudanças são graduais e.g. aprender a usar o lápis, responder num teste de
filosofia

Implicações educacionais dos grandes princípios do desenvolvimento

Transições escolares (pensar em transições a nivel do de estudo e como podem ser


problemas para o desenvolvimento).

Podem criar momentos disruptivos nas rotinas e modos de pensar das crianças. A forma
como gerem estas transições são muito influenciadas pela forma como a pessoa está a
desenvolver.

Tem impacto no desenvolvimento pessoal, social e cognitivo. Existe uma sobreposição entre
as etapas de desenvolvimento e transição entre os ciclos de escolaridade (do primeiro para
o segundo ciclo e o desenvolvimento psicossexual). Existem vários fatores associados do
contexto (alteração de escola, nº disciplina, estrutura das aulas, turmas, colegas, relação
mais ou menos próximo com o professor, ambientes cooperativos e ou competitivos de
aprendizagem).

➔ Mudança do primeiro ciclo de um professor para o segundo ciclo com vários


professores tem impacto no desenvolvimento e uma das mais estudadas da
literatura.
➔ Devida à falta de maturação, dificuldade de relação com os outros … pode levar a
que crianças não entrem logo para o primeiro ano e fique mais um ano do pré-
escolar.

Como muitas destas transições escolares estão associadas a fases importantes do


desenvolvimento, estas podem não correr bem. Logo, temos de promover uma boa
adaptação à transição.
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➔ Promover o trabalho colaborativo com professores na reflexão sobre as suas
práticas de ensino (trabalhos de casa, trabalho desenvolvidos em aula) (por
exemplo os alunos do primeiro ciclo vão um dia à escola do segundo ciclo)
➔ Promover a coordenação entre a estrutura e exigência dos anos escolares
subsequentes.
➔ Promover encontros e atividades nas quais os alunos mais novos visitam o espaço
escolar e realizam algumas atividades no mesmo

Mudanças no desenvolvimento

Tem impacto na regulação da atenção, aquisição e recuperação e na metacognição.

Regulação de atenção

Capacidade de distinguir o que é relevante e o que não é relevante; alterar foco de atenção
de uma atividade para outra. Esta capacidade de regular a atenção está associada a
melhor memória de trabalho (memoria que opera sobre os dados, guardando a informação
relevante para ir para a memória a longo prazo, eliminando a outra informação).

Os processos cognitivos básicos começam a desenvolver-se numa idade muito precoce (e.g.,
discriminação entre dois estímulos) e progridem para a capacidade de atenção seletiva até
à competência para controlar deliberadamente o processo de atenção.

De modo a desenvolver a memória de trabalho, existem várias estratégias: criar pistas e


guiões de estudo, dar feedback, fazer perguntas, etc.

Competências de aquisição e recuperação da informação

Melhores capacidades para prestar atenção codificar e armazenar a informação permite a


utilização de estratégias de aprendizagem mais complexas.

Metacognição

É o grau de compreensão sobre a minha cognição. É a capacidade de monitorizar o seu


próprio nível de atenção, fazer-se perguntas a si próprio sobre aquilo que está a ler,
sumariar informação, etc

A partir do momento que se desenvolvem, permite avaliar a minha aprendizagem. Essenciais


para trabalhar estratégias de aprendizagem e de ensino, já que há um olhar critico. A partir
do omento que percebo que as minhas estratégias não estão a funcionar, consigo mudar as
minhas estratégias.

Estão associadas à aquisição de competências. As mudanças no desenvolvimento


acompanham os processo de aquisição de competências.

➔ Competências gerais: capacidade de resolução de problemas, pensamento critico


➔ Competências especificas: capacidade de resolver equações matemáticas, saber
falar inglês.

Facilitação da aprendizagem de diversas formas uma vez que envolvem a atenção, a


memória e a persistência face a dificuldades.
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Quais são as mais importantes para a aprendizagem?

➔ As competências gerais de resolução de problemas e de autorregulação são


essenciais para a aprendizagem -> As tarefas específicas requerem competências
apropriadas
➔ Competências gerais são importante para lidar com situações atípicas em diferentes
domínios de aprendizagem -> Conhecimento específico baseado em factos, conceitos
e domínio do conhecimento, orienta as estratégias de aprendizagem

Exemplo: Definição de objetivos para cumprir tarefas escolares

➔ Leitura: Estudar para os Maias para preparar o teste de Português


o Competências Gerais: Como dividir o tempo para ler dois capítulos até ao final da
semana?
o Competências Específicas: Competências específicas ao nível da compreensão, e.g.,
identificar ideias chave no texto
➔ Matemática: Estudar para o teste de matemática.
o Competências Gerais: Quantos problemas de matemática devem ser feitos até ao
final da semana para terminar a unidade?
o Competências Específicas: Qual a tarefa específica descrita no problema? Como
realizar as operações matemáticas?
➔ Educação Física: Como correr um quilómetro em 6 minutos?
o Competências Gerais: Começar por correr um quilómetro em 10 minutos e depois
treinar no sentido de diminuir este tempo todas as semanas.
o Competências Específicas: Diversas habilidades motoras têm que ser desenvolvidas
para que a meta seja alcançada

Instrução apropriada ao desenvolvimento

É preciso uma adequação do ensino ao desenvolvimento cognitivo da criança (p.e.: os alunos


aprendem trigonometria quando ainda não estão preparados a nível cognitivo). Os esquemas
anteriores são a base para a construção de novos conhecimento.

A transição do conhecimento atual para o posterior poder ser influencia pelo contexto social.
Por exemplo, a sala de aula. Através do conflito cognitivo e a zona proximal de
desenvolvimento podem favorecer a aprendizagem.

➔ Conflito cognitivo: conhecimento que estão a ser apresentados para eu aprender


estão além daquilo que eu já sei, sinto que não tenho capacidades para aprender
aquilo que é suposto.
➔ Zona de desenvolvimento proximal: potencial do aluno da aprendizagem, aquilo que
aprende sozinho e o que pode aprender com a ajuda do outro.

Que tipos de ambientes de aprendizagem, em sala de aula, podem ser apropriados aos
desenvolvimento das crianças e favorecer a aprendizagem com base do conhecimento
prévio?

➔ Estruturação do ambiente de aprendizagem de modo a incluir adultos, crianças,


materiais e oportunidades para atividades de exploração e interação;
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➔ Aprendizagem autodirigida: o próprio aluno pode indo construir o seus conhecimentos,
com tarefas onde tem um elevado autocontrolo (p.e.: estabelecer objetivos da
aprendizagem no início da semana).
➔ Tarefas práticas e no quotidiano e interativas
➔ Trabalho individual e ou pequenos grupos
➔ Foco no processo vs reposta correta

Antes de avançar nos conhecimentos, deve ser observado o nível de conhecimento dos
alunos

Desenvolvimento cognitivo objetivos educacionais – Taxonomia de Bloom

Objetivo era organizar a


educação de acordo com
diversas dimensões, com
diversos níveis. No nível
cognitivo:

Isto evoluiu para um


conjunto de palavras que
os professores podem usar
nos enunciados para
apelar para cada um nos
níveis:

Contribui para que os professores possam trabalhar de um nível mais básico para mais
complexo, partindo de um conhecimento prévio para construir mais conhecimento.

➔ Critica: talvez não seja tão universal para todas as pessoas, culturas e momento
histórico

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