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Práticas Educacionais de
Atendimento ao Aluno
com Altas Habilidades/
Superdotação
Habilidades
tam-se em uma variada gama de intensidades e com- e para mostrar que os alunos identificados precoce- igualdade de oportunidades, implica oferecer uma
portamentos (Cupertino, 1998). mente podem ser orientados para um melhor desen- gama de possibilidades, dentro do que é viável em
com Altas ao
Neste sentido, o passo seguinte à avaliação deve volvimento, contribuindo para o progresso cole- cada instituição, para que cada um possa desenvol-
de Atendimento
ser o encaminhamento adequado, com o objetivo de tivo. A necessidade de um atendimento adequado ver plenamente seu potencial. O papel de progra-
desenvolver as habilidades identificadas e oferecer aos indivíduos com necessidades educacionais espe- mas específicos para esses indivíduos é o de suprir
uma formação ampla ao indivíduo de acordo com suas ciais é entendida como o reconhecimento da exis- e complementar suas necessidades, possibilitando
ao Aluno
potencialidades. Conforme está previsto na legislação, tência de predominâncias e capacidades diferencia- seu amplo desenvolvimento pessoal e criando
os alunos com altas habilidades/superdotação devem das e da importância de se criar condições para seu oportunidades para que eles encontrem desafios
Educacionais
receber atendimento que valorize e respeite suas neces- pleno desenvolvimento. compatíveis com suas habilidades. Quando o aten-
de Atendimento
sidades educacionais diferenciadas quanto a talen- Planejar alternativas de atendimento ao aluno dimento diferenciado não é oferecido, um dos úni-
tos, aptidões e interesses. O pressuposto contido nessa com altas habilidades, que atinjam suas reais necessida- cos caminhos para os alunos com altas habilida-
prescrição é o de que, por mais excepcionais que sejam des, expectativas dos pais, bem como correspondam à des/superdotação é tentar se adaptar à rotina do
5: Práticas
tais aptidões e talentos, caso não haja estímulo e atendi- filosofia educacional das escolas, sem entrar em conflito ensino convencional, o que pode gerar desperdí-
mento adequados, os indivíduos dificilmente atingirão com o ensino regular, é um trabalho que deve ser exe- cio de talento, potencial ou desmotivação por não
Educacionais
um nível de excelência. É, portanto, no indivíduo que a cutado com habilidade e critério. Uma idéia importante estarem devidamente assistidos.
organização e fundamentação de programas educacio- de se ter em mente ao fazer esse planejamento é a de Sob essa perspectiva, relacionamos alguns
Capítulo 5: PráticasCapítulo
nais devem se basear. que os modelos existentes são sugestões de estratégias aspectos importantes a serem considerados no pla-
Essa não é, entretanto, uma tarefa simples. e que o mais relevante é se ater, inicialmente, ao que é nejamento de intervenções para essa população, que
Tomlinson (2005) sintetiza toda a complexidade nela possível fazer em cada situação específica, ampliando podem auxiliar o trabalho de professores, pedago-
contida, alertando para a impossibilidade de se aplicar posteriormente o atendimento conforme for existindo gos, psicólogos e outros profissionais. Trazemos à
fórmulas e chamando a atenção para a heterogeneidade maior abertura ou oferta de recursos por parte das ins- consideração o fato de que o aluno com altas habili-
presente em qualquer grupo de alunos com altas habili- tituições. Isso porque, muitas vezes, consideramos os dades/superdotação apresenta interesses variados e
dades. As possibilidades de combinação de fatores são modelos como ideais inatingíveis, que desencorajam diferentes habilidades e tem necessidade de envol-
inúmeras, levando-se em consideração a multiplicidade nossas ações. O melhor nesses casos, então, é começar vimento em atividades que favoreçam a produção
de aptidões e talentos, as variações na amplitude das de onde é possível, uma vez que as propostas iniciais criativa, como atividades científicas, tecnológicas,
altas habilidades e as diferenças de nível socioeconô- podem criar espaço e condições para a implantação artísticas, de lazer e desporto, entre outras.
mico e cultural. É necessário levar em conta também, de outras. Temos que saber, também, que mesmo Esses indivíduos se beneficiam tanto das
o ritmo de cada um, a presença ou não de dificuldades quando partimos de uma mesma orientação geral, os modalidades do ensino formal como do não formal
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e atingem seu maior aproveitamento em um
Alternativas de Atendimento - mais longas de normas, conteúdos e recomendações
ambiente estimulante, que favoreça o desenvol- Diretrizes Gerais para aumentar o nível de letramento?” (p. 5).
vimento e a expansão de suas habilidades, tanto Novaes (1979) nos conta que, em um simpósio Criar flexibilidade compatível com as adapta-
quanto a ampliação de seus interesses. Para isso, em Genebra, quando a discussão versava sobre meto- ções necessárias à educação adequada dos alunos com
precisam encontrar desafios que girem em torno dologia de ensino, foi perguntado a Piaget qual era, altas habilidades depende, em primeiro lugar, da luta
de temas importantes e úteis, enriquecendo seu em sua opinião, o melhor método. Ele respondeu que constante dos educadores para modificar esse cená-
conhecimento e oferecendo oportunidades para não existia o melhor método, nem o pior, mas ape- rio, seja na área das políticas públicas, seja na da pes-
alargar seus horizontes pessoais, projetar objetivos nas um tipo de método - o método adequado. No quisa sistemática e, acima de tudo, em suas atividades
maiores e desenvolver senso de responsabilidade caso dos alunos com altas habilidades/superdotação, cotidianas na sala de aula. No dia-a-dia, a implanta-
e independência intelectual. Necessitam também esse método adequado tem que ser obtido por meio ção dessas modalidades depende, ainda, da abertura
encontrar metodologia adequada à sua rapidez de de um conjunto de combinações entre as alternati- de cada instituição de ensino a mudanças e da dispo-
raciocínio e grande capacidade de abstração, por vas de atendimento possíveis. É importante, portanto, nibilidade dos profissionais envolvidos para enfrentar
meio de um processo dinâmico de aprendizagem. conhecer quais são essas alternativas. esse desafio.
Existem várias modalidades de atendimento. Assinalamos desde já que, ao falar das moda- Nos programas de atendimento aos alu-
Uma das grandes dificuldades para implantá-las se lidades de atendimento, temos em mente o ponto de nos com altas habilidades/superdotação, as princi-
deve, em grande parte, à tentativa de implemen- partida de que tais projetos têm, na maioria dos casos, pais modalidades utilizadas são apresentadas sob
tar um programa pretendendo ajustá-lo aos grupos que ser implementados a partir da já mencionada uma nomenclatura geral – agrupamento, aceleração
já estabelecidos na seriação escolar, cuja separação estrutura tradicional de funcionamento das escolas, de e enriquecimento. É necessário assinalar, entretanto,
por faixa etária pressupõe uma correspondente forma geral. Falamos aqui de alternativas que têm que que as alternativas não são modalidades conflitantes
igualdade de nível intelectual. Para alunos com contar com o fato de que o cotidiano escolar é, ainda, que devam ser adotados com exclusividade, pois há
altas habilidades/superdotação, essa não é a forma predominantemente organizado em séries, com dis- entre eles pontos comuns e entrelaçamentos. A divi-
ideal, pois eles têm, basicamente, dois grupos de ciplinas isoladas, oferecidas por meio de aulas com são apresentada é didática, pois na descrição do fun-
companheiros com os quais necessitam interagir: duração definida, articuladas em grades dentro das cionamento dos diferentes programas, a inter-relação
os pares de mesma idade e os pares intelectuais. quais o conteúdo de cada ano letivo é transmitido aos das abordagens pode ser observada. Cada alternativa
Mantidos em suas classes regulares, onde encon- alunos por um professor de um domínio específico do atende a diferentes necessidades e, na prática, todas
tram seus amigos, com os quais brincam, fazem conhecimento. são utilizadas, uma vez que a aceleração, por exemplo,
esportes e desenvolvem sua vida social, os alunos Renzulli (2002) traduz de forma pertinente conduzida de forma adequada, tende a ser um enri-
experimentam a inclusão e aprendem, ao mesmo nossas angústias frente a essa constatação: “Como é quecimento, ao passo que um programa mais amplo e
tempo, a conviver com a desigualdade. Por outro que os educadores podem encontrar tempo para reali- flexível, levado a efeito de forma apropriada, também
lado, ao participarem de atividades especiais, den- zar atividades de aprendizagem estimulantes que tor- ocasionará uma aceleração.
tro e fora da sala de aula, convivendo com iguais, se nem as escolas lugares mais agradáveis para os alunos Para fazer essa apresentação, nos baseamos na
diferenciam. Podem, ainda, satisfazer suas curio- (e para o pessoal), face a duas realidades: as pressões proposta de Pérez, Rodríguez e Fernández (1998),
sidades particulares, buscar desafios compatíveis para aumentar o nível no desempenho de testes e de para o Ministério da Educação e Cultura da Espanha,
com seus potenciais e trabalhar seus afetos e emo- um currículo já demasiado extenso, resultantes de que fornece uma excelente síntese das modalidades
ções, aprendendo sobre si mesmos. orientações estaduais, assim como as listas cada vez disponíveis.
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QUADRO 1: INTERVENÇÃO EDUCATIVA PARA Inicialmente, vamos descrever cada um de tempo determinados. As questões levantadas com
ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES deles e analisar suas vantagens e desvantagens. relação a esse método são freqüentemente associadas