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Capítulo 5

Práticas Educacionais de
Atendimento ao Aluno
com Altas Habilidades/
Superdotação

Maria Lúcia Sabatella


Christina M. B. Cupertino
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A o finalizar o processo de identifi-


cação do aluno com altas habilida-
de aprendizagem ou de outras necessidades especiais,
além da maturidade e da independência. Aspectos rele-
programas assumem a configuração necessária a cada
instituição, uma vez que qualquer processo educacional

Aluno com/ Superdotação


des/superdotação, o profissional se vantes também são gênero, estilos de aprendizagem e vai depender intensamente das condições e caracterís-
depara com um sujeito complexo, cujas habilidades se interesses pessoais de cada indivíduo identificado. ticas do lugar onde ele é realizado.
configuram e se articulam de forma particular e única. Os esforços da pesquisa no campo do com- O acesso a um tratamento diferenciado,
Cada indivíduo é singular, uma vez que características, portamento humano concorrem para reconhecer as adaptado às condições pessoais do aluno com
habilidades, ou mesmo dificuldades humanas manifes- altas habilidades como qualidades muito especiais altas habilidades/superdotação, mas que garanta

Habilidades
tam-se em uma variada gama de intensidades e com- e para mostrar que os alunos identificados precoce- igualdade de oportunidades, implica oferecer uma
portamentos (Cupertino, 1998). mente podem ser orientados para um melhor desen- gama de possibilidades, dentro do que é viável em

com Altas ao
Neste sentido, o passo seguinte à avaliação deve volvimento, contribuindo para o progresso cole- cada instituição, para que cada um possa desenvol-

de Atendimento
ser o encaminhamento adequado, com o objetivo de tivo. A necessidade de um atendimento adequado ver plenamente seu potencial. O papel de progra-
desenvolver as habilidades identificadas e oferecer aos indivíduos com necessidades educacionais espe- mas específicos para esses indivíduos é o de suprir
uma formação ampla ao indivíduo de acordo com suas ciais é entendida como o reconhecimento da exis- e complementar suas necessidades, possibilitando

ao Aluno
potencialidades. Conforme está previsto na legislação, tência de predominâncias e capacidades diferencia- seu amplo desenvolvimento pessoal e criando
os alunos com altas habilidades/superdotação devem das e da importância de se criar condições para seu oportunidades para que eles encontrem desafios

Educacionais
receber atendimento que valorize e respeite suas neces- pleno desenvolvimento. compatíveis com suas habilidades. Quando o aten-

de Atendimento
sidades educacionais diferenciadas quanto a talen- Planejar alternativas de atendimento ao aluno dimento diferenciado não é oferecido, um dos úni-
tos, aptidões e interesses. O pressuposto contido nessa com altas habilidades, que atinjam suas reais necessida- cos caminhos para os alunos com altas habilida-
prescrição é o de que, por mais excepcionais que sejam des, expectativas dos pais, bem como correspondam à des/superdotação é tentar se adaptar à rotina do

5: Práticas
tais aptidões e talentos, caso não haja estímulo e atendi- filosofia educacional das escolas, sem entrar em conflito ensino convencional, o que pode gerar desperdí-
mento adequados, os indivíduos dificilmente atingirão com o ensino regular, é um trabalho que deve ser exe- cio de talento, potencial ou desmotivação por não

Educacionais
um nível de excelência. É, portanto, no indivíduo que a cutado com habilidade e critério. Uma idéia importante estarem devidamente assistidos.
organização e fundamentação de programas educacio- de se ter em mente ao fazer esse planejamento é a de Sob essa perspectiva, relacionamos alguns

Capítulo 5: PráticasCapítulo
nais devem se basear. que os modelos existentes são sugestões de estratégias aspectos importantes a serem considerados no pla-
Essa não é, entretanto, uma tarefa simples. e que o mais relevante é se ater, inicialmente, ao que é nejamento de intervenções para essa população, que
Tomlinson (2005) sintetiza toda a complexidade nela possível fazer em cada situação específica, ampliando podem auxiliar o trabalho de professores, pedago-
contida, alertando para a impossibilidade de se aplicar posteriormente o atendimento conforme for existindo gos, psicólogos e outros profissionais. Trazemos à
fórmulas e chamando a atenção para a heterogeneidade maior abertura ou oferta de recursos por parte das ins- consideração o fato de que o aluno com altas habili-
presente em qualquer grupo de alunos com altas habili- tituições. Isso porque, muitas vezes, consideramos os dades/superdotação apresenta interesses variados e
dades. As possibilidades de combinação de fatores são modelos como ideais inatingíveis, que desencorajam diferentes habilidades e tem necessidade de envol-
inúmeras, levando-se em consideração a multiplicidade nossas ações. O melhor nesses casos, então, é começar vimento em atividades que favoreçam a produção
de aptidões e talentos, as variações na amplitude das de onde é possível, uma vez que as propostas iniciais criativa, como atividades científicas, tecnológicas,
altas habilidades e as diferenças de nível socioeconô- podem criar espaço e condições para a implantação artísticas, de lazer e desporto, entre outras.
mico e cultural. É necessário levar em conta também, de outras. Temos que saber, também, que mesmo Esses indivíduos se beneficiam tanto das
o ritmo de cada um, a presença ou não de dificuldades quando partimos de uma mesma orientação geral, os modalidades do ensino formal como do não formal
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e atingem seu maior aproveitamento em um
Alternativas de Atendimento - mais longas de normas, conteúdos e recomendações
ambiente estimulante, que favoreça o desenvol- Diretrizes Gerais para aumentar o nível de letramento?” (p. 5).
vimento e a expansão de suas habilidades, tanto Novaes (1979) nos conta que, em um simpósio Criar flexibilidade compatível com as adapta-
quanto a ampliação de seus interesses. Para isso, em Genebra, quando a discussão versava sobre meto- ções necessárias à educação adequada dos alunos com
precisam encontrar desafios que girem em torno dologia de ensino, foi perguntado a Piaget qual era, altas habilidades depende, em primeiro lugar, da luta
de temas importantes e úteis, enriquecendo seu em sua opinião, o melhor método. Ele respondeu que constante dos educadores para modificar esse cená-
conhecimento e oferecendo oportunidades para não existia o melhor método, nem o pior, mas ape- rio, seja na área das políticas públicas, seja na da pes-
alargar seus horizontes pessoais, projetar objetivos nas um tipo de método - o método adequado. No quisa sistemática e, acima de tudo, em suas atividades
maiores e desenvolver senso de responsabilidade caso dos alunos com altas habilidades/superdotação, cotidianas na sala de aula. No dia-a-dia, a implanta-
e independência intelectual. Necessitam também esse método adequado tem que ser obtido por meio ção dessas modalidades depende, ainda, da abertura
encontrar metodologia adequada à sua rapidez de de um conjunto de combinações entre as alternati- de cada instituição de ensino a mudanças e da dispo-
raciocínio e grande capacidade de abstração, por vas de atendimento possíveis. É importante, portanto, nibilidade dos profissionais envolvidos para enfrentar
meio de um processo dinâmico de aprendizagem. conhecer quais são essas alternativas. esse desafio.
Existem várias modalidades de atendimento. Assinalamos desde já que, ao falar das moda- Nos programas de atendimento aos alu-
Uma das grandes dificuldades para implantá-las se lidades de atendimento, temos em mente o ponto de nos com altas habilidades/superdotação, as princi-
deve, em grande parte, à tentativa de implemen- partida de que tais projetos têm, na maioria dos casos, pais modalidades utilizadas são apresentadas sob
tar um programa pretendendo ajustá-lo aos grupos que ser implementados a partir da já mencionada uma nomenclatura geral – agrupamento, aceleração
já estabelecidos na seriação escolar, cuja separação estrutura tradicional de funcionamento das escolas, de e enriquecimento. É necessário assinalar, entretanto,
por faixa etária pressupõe uma correspondente forma geral. Falamos aqui de alternativas que têm que que as alternativas não são modalidades conflitantes
igualdade de nível intelectual. Para alunos com contar com o fato de que o cotidiano escolar é, ainda, que devam ser adotados com exclusividade, pois há
altas habilidades/superdotação, essa não é a forma predominantemente organizado em séries, com dis- entre eles pontos comuns e entrelaçamentos. A divi-
ideal, pois eles têm, basicamente, dois grupos de ciplinas isoladas, oferecidas por meio de aulas com são apresentada é didática, pois na descrição do fun-
companheiros com os quais necessitam interagir: duração definida, articuladas em grades dentro das cionamento dos diferentes programas, a inter-relação
os pares de mesma idade e os pares intelectuais. quais o conteúdo de cada ano letivo é transmitido aos das abordagens pode ser observada. Cada alternativa
Mantidos em suas classes regulares, onde encon- alunos por um professor de um domínio específico do atende a diferentes necessidades e, na prática, todas
tram seus amigos, com os quais brincam, fazem conhecimento. são utilizadas, uma vez que a aceleração, por exemplo,
esportes e desenvolvem sua vida social, os alunos Renzulli (2002) traduz de forma pertinente conduzida de forma adequada, tende a ser um enri-
experimentam a inclusão e aprendem, ao mesmo nossas angústias frente a essa constatação: “Como é quecimento, ao passo que um programa mais amplo e
tempo, a conviver com a desigualdade. Por outro que os educadores podem encontrar tempo para reali- flexível, levado a efeito de forma apropriada, também
lado, ao participarem de atividades especiais, den- zar atividades de aprendizagem estimulantes que tor- ocasionará uma aceleração.
tro e fora da sala de aula, convivendo com iguais, se nem as escolas lugares mais agradáveis para os alunos Para fazer essa apresentação, nos baseamos na
diferenciam. Podem, ainda, satisfazer suas curio- (e para o pessoal), face a duas realidades: as pressões proposta de Pérez, Rodríguez e Fernández (1998),
sidades particulares, buscar desafios compatíveis para aumentar o nível no desempenho de testes e de para o Ministério da Educação e Cultura da Espanha,
com seus potenciais e trabalhar seus afetos e emo- um currículo já demasiado extenso, resultantes de que fornece uma excelente síntese das modalidades
ções, aprendendo sobre si mesmos. orientações estaduais, assim como as listas cada vez disponíveis.
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QUADRO 1: INTERVENÇÃO EDUCATIVA PARA Inicialmente, vamos descrever cada um de tempo determinados. As questões levantadas com
ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES deles e analisar suas vantagens e desvantagens. relação a esse método são freqüentemente associadas

Capítulo 5: Práticas Educacionais de Atendimento ao Aluno com Superdotação


Posteriormente serão brevemente discutidas outras ao elitismo e ao isolamento, principalmente quando os
Sistemas de Agrupamento Específico formas de atendimento, implementadas em progra- alunos são atendidos em classes especiais. No entanto,
1. Agrupamento em centros específicos; mas brasileiros consolidados ao longo dos anos. a criança pode se sentir discriminada ou isolada ao
2. Agrupamento em aulas específicas em escolas
freqüentar uma escola ou classe especial, assim como
regulares; Sistemas de Agrupamento pode sentir-se da mesma forma se for a única que
3. Agrupamento parcial/temporal, flexível. Específico sabe as respostas dentro de uma sala comum. Pode
também sentir-se acolhida e atendida em suas espe-
Sistemas de Intervenção na Sala de Aula
Regular Sistemas de agrupamento específico envol- cificidades, em qualquer um dos casos, se o desenho
vem práticas educacionais de agrupamento de alu- da intervenção for apropriado. Em resumo, mais uma
1. Flexibilização/aceleração
nos em escolas ou classes especiais, ou sob a forma vez, vemos que a opção por uma determinada inter-
Entrada precoce na escola;
de pequenos grupos atendidos na sala de aula regu- venção vai depender dos detalhes contidos num pro-
Dispensa de cursos;
lar de forma diferenciada dos demais alunos. Este cesso de identificação adequado.
Programa de estudos acelerados flexíveis no ritmo, é o método mais controvertido. Consiste em esco- Parece natural que o atendimento diferen-
tarefas e/ou áreas de conhecimento.
lher e separar os estudantes por nível de habilidade ciado a pessoas com aptidões e talentos se dê por
2. Enriquecimento
ou por desempenho. Essa separação pode ser radi- meio de agrupamentos por nível de habilidade, pois
Enriquecimento dos conteúdos curriculares:
cal, encaminhando os alunos com altas habilidades esta estratégia gera maior possibilidade de aprofun-
 Adaptações curriculares;
a escolas especializadas, como acontece em alguns damento dos temas de acordo com o que é interes-
 Ampliações curriculares:
países, como a Inglaterra (Freeman & Guenther, sante e apropriado para cada indivíduo, além de pos-
. Verticais/área específica;
2000). Num estudo feito em escolas secundárias sibilitar o aprendizado colaborativo com conjunto
. Horizontais/interdisciplinares; americanas, Feldhusen e Boggess (2000) analisaram de seus pares. O aluno com altas habilidades/super-
. Individuais ou com grupo de participação; tanto as escolas residenciais (aquelas nas quais os dotação pode, no entanto, se sentir discriminado ao
. Tutorias específicas, monitorias. alunos moram e estudam), quanto as regulares. Os fazer parte de um grupo específico, que recebe aten-
Enriquecimento do contexto de aprendizagem: autores concluem que os dois tipos de escolas são dimento diferenciado dos demais. Evitar que isso
 Diversificação curricular; necessários, se quisermos atender aos variados per- aconteça depende de alguns cuidados.
 Contextos enriquecidos; fis de alunos com altas habilidades/superdotação. É Em primeiro lugar, podemos pensar nos cri-
 Contextos enriquecidos e agrupamentos importante destacar que esta forma de atendimento térios adotados para o agrupamento. Se ele for feito
flexíveis; não é muito comum na realidade brasileira. exclusivamente em termos de variáveis isoladas,
 Contextos instrucionais abertos, interativos e Agrupamento nas escolas regulares é uma como os testes de inteligência, por exemplo, podem
auto-regulados.
Enriquecimento extracurricular: outra forma de atendimento ao superdotado. Os acarretar dificuldades para o aluno que não apre-
 Programas de desenvolvimento pessoal; alunos identificados podem ser encaminhados a um sente maturidade emocional. Para o uso dessa meto-
 Programas com mentores.
atendimento especializado, podem ser autorizados a dologia, Clark (citada por Alencar & Fleith, 2001)
se retirarem de sua sala para realizar outras ativida- alerta para algumas recomendações que podem ser
Fonte: Pérez, Rodríguez e Fernández (1998, p. 100).
des ou agrupados dentro da própria sala por períodos assim resumidas:
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 Reconhecer as amplas diferenças individuais e somente alunos com altas habilidades. Os pais o desafio deve ser apropriado ao nível de prontidão
a heterogeneidade do grupo, incluindo sempre quase sempre perguntam a respeito da escola ideal do aluno (Feldhusen & Moon, 1992). A evidência
alguma instrução individualizada; para seu filho e alguns gestores escolares, ao perce- dos resultados de tais pesquisas reforça os benefí-
 Evitar a completa segregação, dando oportu- berem um aluno com maior potencial, não se sen- cios das práticas flexíveis em grupo, com ganhos
nidade aos alunos para uma convivência esco- tem preparados para atender esse aluno e solicitam acadêmicos substanciais, especialmente para os alu-
lar com outros de diferentes habilidades; que a família procure outra escola “que seja mais nos com altas habilidades. A formação de grupos de
 Selecionar professores bem qualificados, que adequada”. Essa atitude corresponde à resistência interesses e capacidades semelhantes torna-se cada
devem estar constantemente atualizados quan- encontrada em tratar os vários alunos de uma sala vez mais necessária para estudantes cujos níveis de
to às pesquisas, formas de avaliação e propos- de modo diferenciado, constatada por Freeman e aproveitamento, atitudes, estilos de aprendizagem e
tas curriculares específicas para esses alunos; Guenther (2000), quando afirmam que: motivações são extremos e cujas necessidades não
 Encorajar o desenvolvimento em várias áreas, Numa concepção pedagógica ideal, em turmas de são satisfeitas pela classe regular.
além da intelectual; alunos com vários graus de capacidade, o ensino A escolha de conteúdos para esse grupo
 Manter a comunicação tanto entre os diversos deveria explorar um mesmo tema ou assunto em deve ser um processo aberto, com atividades base-
professores, como entre professores e pais. níveis diversos de amplitude e profundidade, mas adas, em grande parte, nos interesses e preferên-
Um outro cuidado, mencionado por Pérez, a maioria dos professores tem uma tendência na- cias dos próprios alunos. Uma prática sensata
Rodríguez e Fernández (1998) diz respeito à tural a sintonizar o nível das aulas pela faixa de associa as necessidades dos alunos com as oportu-
necessidade de se discriminar, por parte de todos capacidade média do grupo. (p. 95) nidades do programa, passando por uma avaliação
os envolvidos, diferenças de superioridade, isto é, Decorre daí a concepção errônea que a periódica, tanto do aluno quanto do programa.
devem ser tomadas as medidas necessárias para escola apropriada deveria ser uma especializada, Alguns alunos são capazes de uma aprendizagem
que na classe não se crie a idéia de que os alunos que só tratasse de pessoas especiais, quando a mais rápida, dominando materiais mais comple-
com altas habilidades foram agrupados por serem melhor escola para essas crianças e jovens é a que xos; o fato de estarem juntos será fator determi-
considerados superiores aos demais. os acolhe, que apresenta flexibilidade suficiente nante para o desenvolvimento total de suas habili-
Em todas as alternativas de agrupamento, para atender suas necessidades e que tem um bom dades. Além disso, a oportunidade de um trabalho
observamos a existência de maior ênfase no diálogo com a família. É aquela escola aberta para no qual eles possam conhecer seus iguais e realizar
aspecto acadêmico e intelectual, embora, na maio- aprender e propiciar oportunidades diferenciadas atividades onde sejam respeitadas as característi-
ria das orientações educacionais atuais, já se note para potenciais também diferenciados. cas e a velocidade de cada um é fator inestimá-
a adoção de definições e conceitos de altas habili- A análise dos resultados de estudos sobre vel para o autoconhecimento, a autovalorização e
dades/superdotação mais amplos e seu impacto na agrupamentos tem trazido expressivas contribui- a construção de sua identidade. Ao mesmo tempo,
implementação de práticas educacionais voltadas ções e apontado seus benefícios. Agrupar estudan- a conscientização de que os indivíduos de maior
para o desenvolvimento pessoal, das habilidades tes por habilidades parece essencial, especialmente habilidade também constituem grupos heterogê-
criativas e artísticas. se desejarmos contribuir para um aproveitamento neos e de que sua educação deve ser correspon-
O verdadeiro sentido do atendimento por escolar compatível com seu potencial e para o dente às suas necessidades especiais, reforça a
agrupamento não é sempre facilmente alcançado e aumento da motivação desses alunos para apren- compreensão de que não só os superdotados, mas
a idéia mais comum na população leiga, em geral, der. A motivação fica comprometida sempre que todos os indivíduos são únicos e também têm
é que a família procure escolas onde estudem novos conceitos são muito fáceis ou muito difíceis; necessidades diferenciadas.
Sistemas de Intervenção na Sala de 73
Aula Regular flexibilização do currículo para que etapas possam ser A aceleração pode ser positiva para a escola
cumpridas em tempo menor que o estabelecido. Ela porque utiliza os recursos já existentes e os mes-

Capítulo 5: Práticas Educacionais de Atendimento ao Aluno com Superdotação


F LEXIBILIZAÇÃO/ACELERAÇÃO também pode ocorrer por um aumento do ritmo do mos professores. Para a criança e a família, cons-
Na definição tradicional, acelerar significa cum- ensino-aprendizagem, proporcionando oportunidades titui-se em uma resposta rápida e eficiente, na
prir o programa escolar em menor tempo. Pode ser por mais compactas para abranger os conteúdos da grade medida em que mantém a motivação do aluno,
admissão precoce na escola ou por permitir que o aluno curricular em menor tempo, com atividades durante as que por sua vez preenche mais rapidamente os
realize seus estudos em tempo inferior ao previsto. Isso férias, períodos de contra-turno, cursos à distância ou requisitos de sua formação. Por outro lado, pode
pode ser efetivado com o avanço do aluno para uma obtendo créditos em exames especiais, que possibili- ser contraproducente se não houver trânsito livre
série mais adiantada, ao ser constatado que já domina tem dispensa de algumas disciplinas (veja Quadro 2). e boa comunicação entre as diferentes instân-
os conteúdos da série em que se encontra. Freeman cias da instituição de ensino. Além disso, como
e Guenther (2000) e Pérez, Rodríguez e Fernández QUADRO 2: DIFERENTES FORMAS DE na modalidade anteriormente apresentada (agru-
(1998) reconhecem que essa é a modalidade mais tra- ACELERAÇÃO pamento), a aceleração também pode provocar
dicional e antiga de atendimento aos alunos com altas na criança sentimentos de isolamento e separa-
habilidades/superdotação, assim como a mais barata. 01. Entrada mais cedo na fase seguinte do processo ção de seus amigos, causando insegurança. Além
A aceleração é um processo que foge ao padrão educativo – do nível da Educação Infantil em diante; disso, os pais, ao perceberem rápido progresso do
usual da seriação ou de áreas de conteúdo, exigindo 02. Saltar séries escolares – promoção para séries filho, podem exercer pressão para a obtenção de
seguintes;
compatibilidade com a legislação vigente, pessoal 03. Aceleração por disciplina – freqüentar séries mais
resultados de forma mais acelerada.
especializado e adaptações curriculares, caso haja pré- adiantadas em determinadas disciplinas; Pais e profissionais, muitas vezes, têm dúvi-
requisitos em algum conteúdo. Em termos de legisla- 04. Agrupamento vertical – em classes mistas, com das sobre se o aluno será bem recebido numa série
ção nacional, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação ampla variedade de idades e séries, de modo que os mais avançada e se poderá acompanhar, emocio-
mais novos possam trabalhar com os mais velhos e mais
Nacional (Brasil, 1996, p. 35) prevê a “aceleração para avançados; nalmente, os alunos mais velhos. O aluno pode
concluir em menor tempo o programa escolar para 05. Cursos especiais fora da escola que ofereçam mais ainda sofrer preconceito por parte dos professo-
conhecimento em áreas curriculares específicas;
superdotados”, a ser realizada mediante a avaliação de res, seja porque se ressentem da falta de infor-
06. Estudos paralelos – cursar o Ensino Fundamental
conhecimentos na própria escola e documentada em e o Ensino Médio ao mesmo tempo, e assim por diante; mações sobre as altas habilidades, ou pela inse-
registros administrativos. É um recurso que está sendo 07. Estudos compactados – quando o currículo nor- gurança de ter sucesso no manejo da diversidade
adotado recentemente com mais freqüência e possi- mal é completado em metade ou terça parte do tem- e receio pela capacidade de adaptação do aluno.
po previsto;
bilita que alguns alunos avancem conforme seu pró- Em alguns casos nos quais é feita a aceleração, os
08. Planos de estudo auto-organizados – estratégia em
prio ritmo. Uma definição mais ampla, para além da que os alunos desenvolvem atividades ou projetos de seu professores esperam que o aluno, vindo de uma
seriação, diz que a aceleração é “a abordagem educa- interesse enquanto esperam o resto da classe completar série inferior, tenha o conhecimento de todos os
o que eles já fizeram ou aprenderam;
cional que oferece à criança experiências de aprendi- conteúdos que a escola desenvolveu durante o
09. Trabalho com um mentor, especialista de uma cer-
zagem usualmente oferecidas a crianças mais velhas” ta área de interesse do aluno, na escola ou fora dela; período em que não esteve naquela classe. Em
(Heward & Orlansky, conforme citado por Gibson & 10. Cursos paralelos – por correspondência, televisio- algumas escolas, os professores ficam tão inse-
Efinger, 2001, p. 50). nados ou outra forma de ensino à distância. guros quando percebem as lacunas apresentadas
O conceito de aceleração pode ser traduzido pelos alunos acelerados, que os fazem retornar
Fonte: Freeman e Guenter (2000, p. 110).
em várias práticas, que variam de saltar séries até a para a sua série original, sem ao menos darem a
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eles a oportunidade de ter contato com o conte- ou determinações dos órgãos superiores. Daurio apontado: podemos considerar como uma das ati-
údo já trabalhado. É natural que pré-requisitos (citado por Alencar & Fleith, 2001) ameniza esse vidades de enriquecimento permitir que o aluno
devam ser trabalhados em sala de aula. O aluno impasse ao revisar inúmeras pesquisas, incluindo complete em menor tempo um determinado con-
com altas habilidades terá mais facilidade e rapi- estudos retrospectivos de indivíduos que entra- teúdo, o que pode sugerir que estamos falando
dez para entendr os pré-requisitos, mas isso não ram precocemente na universidade ou que tive- de aceleração. No entanto, o que caracteriza essa
ocorre sem um período de adaptação e adequa- ram o ingresso antecipado na escola, e concluir proposta também como enriquecimento pode ser
ção aos conteúdos. O fato de uma criança ser que a aceleração educacional de indivíduos aca- o acréscimo de outros conteúdos, mais abrangen-
brilhante não significa que ela pode - ou deve - demicamente mais competentes não tem resul- tes e/ou mais profundos, que ocupem o espaço
aprender sozinha. tado prejuízo. “Em todos casos, nenhum pro- deixado pelo que foi concluído.
Uma precaução a ser tomada quando se blema de ajustamento foi observado, o que sugere Apesar da simplicidade da definição,
cogita acelerar um aluno diz respeito a um dos que a resistência observada com respeito à acele- existem diversas formas de enriquecimento.
mitos consolidados quando se trata dos super- ração se baseia em noções pré-concebidas e não Conforme explicam Alencar e Fleith (2001):
dotados: o de que seu desenvolvimento é homo- em fatos” (p. 129). Para alguns ele implica completar em menor
gêneo, ou seja, que suas habilidades intelectuais, ENRIQUECIMENTO tempo o conteúdo proposto, permitindo, assim,
motoras e características afetivas se desenvolvem Um dos mitos sobre o indivíduo com altas a inclusão de novas unidades de estudo. Para ou-
paralelamente, o que não acontece na maioria habilidades/superdotação é a noção de que eles tros ele implica uma investigação mais ampla a
dos casos. Ao indicar uma criança para acelera- podem desenvolver seu potencial sem precisar de respeito dos tópicos que estão sendo ensinados,
ção, o profissional deve avaliar, além do conhe- ajuda. É um engano pensarmos que esses indi- utilizando o aluno um maior número de fontes de
cimento acadêmico e da capacidade intelectual, víduos têm recursos suficientes para desenvolve- informação para dominar e conhecer uma deter-
aspectos como o desenvolvimento emocional e a rem sozinhos suas habilidades, não sendo neces- minada matéria. Para outros, o enriquecimento
maturidade, e mesmo o crescimento físico, para sária uma intervenção do ambiente; a realidade consiste em solicitar ao aluno o desenvolvimento
não criar incompatibilidades muito gritantes. A é que alunos com altas habilidades/superdota- de projetos originais em determinadas áreas de
progressão deve ser suave e contínua de forma ção necessitam de uma variedade de experiências conhecimento. Ele pode ser levado a efeito tanto
a não gerar lacunas sérias na formação global da de aprendizagem enriquecedoras que estimulem na própria sala de aula como através de ativida-
criança. Também importante é avaliar as condi- seu potencial. Heward e Orlansky (citado por des extracurriculares. (p. 133)
ções da escola e a receptividade do professor com Gibson & Efinger, 2001) oferecem uma defini- Pérez, Rodríguez e Fernández (1998) acre-
relação ao processo de aceleração do aluno com ção simples e sintética acerca do enriquecimento ditam que esse é o sistema que oferece mais alter-
potencial superior - trata-se de uma “abordagem educacional que nativas para atender à diversidade de habilidades,
Enquanto a aceleração, entendida como sal- oferece à criança experiências de aprendizagem interesses e estilos, porque podem ser organiza-
tar uma ou mais séries, é a alternativa mais aceita, diversas das que o currículo normalmente apre- das de acordo com a especificidade de cada caso.
o ingresso antecipado encontra sólidas barreiras senta” (p. 50). Ao mesmo tempo, é o que demanda maior inves-
nas escolas. Apesar do amparo legal, por medo de Essas experiências de enriquecimento podem timento - seja financeiro, seja de formação de
abrir precedente ou pela força dos mitos, as escolas assumir formas variadas, somando-se ou às vezes profissionais especializados – e disponibilidade
dificultam o ingresso antes da idade, quase sempre confundindo-se com as outras modalidades já apre- de material. Para os alunos, essa modalidade de
usando como argumento a imaturidade da criança sentadas. Um exemplo dessa sobreposição pode ser atendimento oferece vários benefícios, sendo o
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principal deles o fato de permanecerem em seu possível, sem perder de vista parâmetros como as mais adiantado. Essa alternativa oferece um aten-
ambiente habitual. Por outro lado, é preciso um exigências do sistema de ensino e as necessidades dimento especializado e personalizado no plane-

Capítulo 5: Práticas Educacionais de Atendimento ao Aluno com Superdotação


cuidadoso e gradativo planejamento das ativida- sócio-afetivas do aluno. jamento, hierarquização e execução das ativida-
des, para evitar que se sintam sobrecarregados. As ampliações curriculares, chamadas de des necessárias à aquisição de conhecimento. A
São três as formas que o enriquecimento adaptações curriculares não significativas, são monitoria também é uma forma especializada
pode assumir: alterações mais focalizadas e não tão abrangen- e personalizada de aprender, mas nesse caso seu
(a) enriquecimento dos conteúdos curricula- tes quanto as anteriores, uma vez que se referem funcionamento é de mão dupla: o aluno pode
res; a ampliações de certos conteúdos de algumas se beneficiar do auxílio de um monitor ou, por
(b) enriquecimento do contexto de aprendiza- disciplinas curriculares, por meio do aprofunda- outro lado, quando o monitor é o aluno, ele pode
gem e mento dos conteúdos e variação das atividades. se sentir mais motivado e aprofundar o conhe-
(c) enriquecimento extracurricular. Mesmo que façam parte de adaptações curricu- cimento. Essa atividade contribui ainda para o
ENRIQUECIMENTO DOS CONTEÚDOS CURRI- lares mais amplas, são mais simples de implantar processo de socialização do superdotado.
CULARES : e, em geral, constituem o primeiro procedimento ENRIQUECIMENTO DO CONTEXTO DE
Envolve adaptações curriculares, amplia- que se pode adotar. Nestes casos, as mudanças são APRENDIZAGEM :
ções curriculares, tutorias específicas e monito- mais superficiais e podem ser feitas pelos profes- De acordo com Pérez, Rodríguez e
rias. Adaptação curricular, também chamada de sores regulares, que têm contato cotidiano com Fernández (1998, p. 127), “os contextos educa-
adaptação curricular significativa, é definida por a criança e que podem auxiliá-la a incrementar tivos devem estar preparados e contar com con-
Alonso (1999) como: “A adaptação significativa seus estudos. figurações prévias de atenção à diversidade”, ou
de currículo é uma estratégia educacional que Existem duas possibilidades de amplia- seja, projetos pedagógicos necessitam de fle-
significa o desenho de um programa educacional ção curricular – ampliação vertical e horizontal xibilidade para que possibilitem combinações
individualizado dentro dos objetivos, conteúdos - e os programas podem se basear em uma delas variadas no atendimento a qualquer aluno com
e avaliação do currículo regular, dentro do tempo ou, preferencialmente, no equilíbrio entre elas. A necessidades especiais. Entre as opções para o
regular de escolarização” (p. 80). Ela envolve alte- ampliação vertical, ou restrita a uma área especí- enriquecimento dos contextos de aprendiza-
rações importantes de objetivos, conteúdos, meto- fica, atinge apenas uma disciplina, que tem seu gem, estão a diversificação curricular, os con-
dologia, atividades, distribuição do tempo e ava- conteúdo ampliado e aprofundado, para atender textos enriquecidos e os contextos enriqueci-
liação. Os objetivos educacionais mais amplos são principalmente ao aluno com talento específico. dos combinados com agrupamentos flexíveis.
alterados, conteúdos são adicionados e/ou exclu- A ampliação horizontal envolve várias discipli- Todas essas modalidades atingem a escola, no
ídos, critérios de avaliação também são modifi- nas integradas em um projeto. As duas aborda- que diz respeito a sua prontidão para receber e
cados. É necessário atingir os conteúdos básicos, gens mencionadas podem ser aplicadas a indiví- atender diferentes demandas que levem em conta
optativos e transversais. Esta ação envolve não só duos ou grupos. as diversas características discentes, o nível de
o aluno, como seus tutores e toda a equipe esco- As tutorias específicas envolvem a desig- conhecimento prévio, a capacidade de trabalho
lar. Segundo Freeman e Guenther (2000, p. 123), nação de alguém encarregado de auxiliar o aluno e estilos de aprendizagem e expressão de cada
as atividades de enriquecimento “não são uma dieta em suas atividades de enriquecimento. Essa pes- um. Exemplos destas alternativas são apresenta-
suplementar de aprendizagem”. É uma proposta de soa pode ser um professor regular da própria dos no Quadro 3 (Atividades de um Programa
tornar o processo educativo o mais individualizado escola, alguém de fora da escola, ou um colega de Contexto Enriquecido).
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metodologia de investigação baseada no trabalho au- O exemplo mais sólido das possibilidades que
QUADRO 3: ATIVIDADES DE UM PRO-
GRAMA DE CONTEXTO ENRIQUECIDO
tônomo e no estudo independente, no qual o sujeito enumeramos é o Modelo de Enriquecimento Escolar
possa planificar suas tarefas, seus tempos e sua ava- de Joseph Renzulli (1986), implementado em vários
 Incluir, no currículo regular, programas de liação, AUTO-REGULADO. (Pérez, Rodríguez & países, inclusive o Brasil. Este modelo propõe o desen-
ensino pensamento produtivo e crítico;
Fernández, 1998, pp. 134-135) volvimento de três tipos de atividades: experiências
Promover projetos independentes individuais e
em pequenos grupos; ENRIQUECIMENTO EXTRACURRICULAR: exploratórias, atividades de aprendizagem e projetos
Desenvolver atividades de exploração em Este tipo de enriquecimento envolve duas alter- individuais ou em grupos.
diferentes áreas do conhecimento; nativas: os programas de desenvolvimento pessoal  Atividades exploratórias gerais: expõem os alu-
Organizar atividades baseadas nos interesses e programas com mentores. Os primeiros, imple- nos a tópicos, idéias e campos do conhecimento
dos alunos;
Resolver problemas reais e antecipar problemas mentados em pequenos grupos, buscam promover o que normalmente não fazem parte do currículo
futuros; desenvolvimento das habilidades de relacionamento regular, mas são de interesse deles. São imple-
Implementar oficina de invenções; interpessoal, de reflexão e a atração pelo conheci- mentadas por uma variedade de procedimentos
Realizar concursos de ciências, letras, artes mento. Os últimos tratam de formas muito individu- como palestras, exposições, minicursos, visitas,
visuais e plásticas;
alizadas de ensino, por meio de mentores, que auxi- passeios e viagens, assim como o uso de dife-
Oferecer aulas de música, interpretação ou
artes visuais; liam no desenvolvimento de talentos específicos. rentes materiais audiovisuais, filmes, programas
Realizar colóquios com especialistas; Retomando o alerta apresentado no início deste de televisão, internet, entre outros.
Desenvolver estudos aprofundados sobre temas capítulo quanto a não idealização de modelos estabe-  Atividades de aprendizagem para ajudar o alu-
específicos; lecidos, já que isto pode inibir a montagem de nossos no a aprender “como fazer”, usando metodo-
Realizar adaptações curriculares; próprios programas, lembramos que a espinha dorsal logia adequada à área de interesse, fornecendo
Desenvolver projetos de investigação; da apresentação dos recursos educacionais para alunos instrumentos e materiais, ensinando técnicas
Participar em programas extracurriculares. com altas habilidades/superdotação apresentada ante- que contribuam para o desenvolvimento de ha-
Fonte: Pérez, Rodríguez e Fernández (1998). riormente foi predominantemente baseada nas deter- bilidades criativas e críticas, habilidades de pes-
minações de uma variedade de países. As alternativas quisa e habilidades pessoais como liderança, co-
Os contextos instrucionais abertos, intera- de agrupamento, aceleração e enriquecimento, exami- municação, autoconceito etc.
tivos e auto-regulados traduzem, de certa forma, o nadas anteriormente são abrangentes e sugerem que o  Projetos desenvolvidos individualmente, ou em
consenso entre os vários autores sobre as medidas edu- atendimento às altas habilidades ocorram, principal- pequenos grupos, com o objetivo de investi-
cativas a serem oferecidas aos alunos com altas habili- mente, dentro das escolas. Não é essa a regra geral em gar problemas reais, aprofundar o conhecimen-
dades/superdotação e são assim entendidos: todos os lugares, onde grande parte dos programas e to em uma área de interesse, usar metodologias
A maioria dos autores concorda com a necessidade atividades de enriquecimento, por exemplo, são reali- apropriadas para resolver os problemas, gerar
de um sistema ABERTO que lhes permita aprender zados extraclasse. Alencar e Fleith (2001) defendem conhecimento. Nesses projetos, os alunos traba-
segundo seus ritmos de aprendizagem e estilos inte- que, perante as dificuldades na execução desse tipo de lham com recursos humanos e materiais avan-
lectuais, INTERATIVO, baseado em uma especial programas na própria sala de aula, pode ser vantajoso çados, são encorajados a dialogar com profissio-
mediação professor-aluno e na interação com tare- desenvolvê-los por meio de atividades extraclasse, cen- nais que atuam na área investigada e a apresen-
fas de aprendizagem real, de “aprendizagem anco- tros de aprendizagem ou clubes de ciências, música, tar seus produtos a uma audiência.
rada”. Também coincidem na necessidade de uma literatura, matemática etc. Vale destacar que as atividades exploratórias
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e de aprendizagem podem ser implementadas no rápida dos conteúdos e grande velocidade no da programação e observação de critérios para a
ensino em geral. O aluno pode se beneficiar com a pensamento, pode ficar entediado com a rotina composição dos grupos. O pessoal técnico (co-

Capítulo 5: Práticas Educacionais de Atendimento ao Aluno com Superdotação


oportunidade de aprofundar tópicos de seu interesse, da escola. Alunos superdotados quase sempre ordenador, orientador, psicólogo e demais pro-
desenvolver diversas habilidades e enfrentar desa- se sentem menos confortáveis do que os outros fissionais da equipe) deverá receber informa-
fios, tornando seu processo de ensino-aprendizagem em um ambiente com estruturas rígidas de en- ções periódicas sobre as atividades desenvolvi-
mais prazeroso. sino, no qual seu envolvimento é muito limita- das, o desempenho e progresso dos alunos;
do e geralmente predeterminado, como acon- (c) Ensino com professor itinerante: alternativa de
Alternativas de Atendimento – tece em uma sala de aula regular. Clark (1992, atendimento com trabalho educativo desen-
Diretrizes e Exemplos Brasileiros p. 68) tem uma posição definitiva a respeito do volvido por professor especializado e/ou su-
atendimento em classe comum, quando afir- pervisor, individualmente ou em equipe, que,
Em 2002, o Ministério da Educação do Brasil, ma que: “A classe regular comum, como é tra- periodicamente, trabalha com os alunos iden-
por meio do documento “Adaptações Curriculares dicionalmente organizada, se presta mais a um tificados como superdotados. Esse tipo de aten-
em Ação: desenvolvendo competências para o aten- grupo de instrução com um cenário curricular”. dimento pode ser realizado na escola comum
dimento às necessidades educacionais de alunos com Aqui podemos observar a retomada da idéia de com freqüência de, no mínimo, duas vezes por
altas habilidades/superdotação” (Brasil, 2002), já apre- contextos de aprendizagem enriquecidos, apre- semana de maneira a facilitar a continuidade da
sentava diferentes alternativas de atendimento aos alu- sentada anteriormente, uma vez que o projeto orientação especializada e o intercâmbio de in-
nos com necessidades educacionais especiais. pedagógico geral deve ser planejado tendo em formações técnicas entre o professor itinerante
Segundo este documento, os alunos com altas vista um cenário curricular flexível, que permite e os responsáveis pelo acompanhamento na es-
habilidades/superdotação devem cursar, como os alterações; cola. Assim o professor da classe poderá avaliar
demais alunos, a escola regular comum, nos diversos (b) Salas de recursos: é uma das alternativas mais os programas que estão sendo desenvolvidos e
níveis de escolaridade, em turmas não muito nume- utilizadas no atendimento aos alunos com altas também verificar o progresso de seus alunos. É
rosas, a fim de facilitar o atendimento a suas necessi- habilidades/superdotação e acontece em horá- especialmente recomendada em regiões de ca-
dades, bem como sua inclusão escolar. Observado esse rio diferente ao da classe comum. O trabalho rência de atendimento educacional. O professor
critério e de acordo com suas potencialidades, esses na sala de recursos requer professores especiali- itinerante pode, também, ser aquele profissional
educandos podem também ser atendidos na classe zados e programa de atividades específicas, ten- que estabelece um elo entre a escola regular co-
regular comum, em salas de recursos e por meio do do por objetivo o aprofundamento e enrique- mum, a família e o atendimento educacional
ensino com professor itinerante. cimento do processo ensino-aprendizagem e a especializado como é o caso no NAAH/S. Ele
(a) Classe regular comum: esse atendimento exi- criação de oportunidades para trabalhos inde- leva à classe comum orientações sobre procedi-
ge atividades de apoio paralelo ou combinado, pendentes e para investigações nas áreas de in- mentos pedagógicos mais adequados aos alu-
para garantir que o aluno mantenha o interes- teresse, habilidades e talentos. O atendimento nos com AH/S e pode estabelecer os primeiros
se e a motivação, podendo o professor receber é individual ou em pequenos grupos, com cro- contatos com a família para que ela venha rece-
orientação técnico-pedagógica de docentes es- nograma adequado de acordo com as caracte- ber orientação no Núcleo.
pecializados, no que se refere à adoção de mé- rísticas de cada educando. Requer planejamento Alguns exemplos de iniciativas brasilei-
todos e processos didáticos especiais. Um aluno conjunto entre o professor da sala de recursos e ras são apresentados a seguir. O Centro para o
curioso, que tenha a capacidade de apreensão o próprio aluno, avaliação periódica e sistemática Desenvolvimento do Potencial e Talento – CEDET,
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localizado em Lavras, Minas Gerais, visa desenvolver Em funcionamento desde 1986, esse programa lidar com o meio de forma participativa. Os cursos
talentos específicos de crianças e adolescentes, pro- atende várias frentes de trabalho: de Humanidades têm como pano de fundo o desen-
mover seu crescimento e fortalecimento pessoal, asso- (a) atendimento no Colégio Objetivo – identifica- volvimento pessoal dos alunos, o equilíbrio entre
ciado à possibilidade do estabelecimento de relações ção de alunos talentosos do Ensino Fundamen- habilidade e desejo em um enfoque predominante-
significativas com outros e com o mundo. Seu funcio- tal e Médio das unidades da Grande São Paulo; mente psicológico. Abordam situações do dia-a-dia,
namento se baseia num estreito relacionamento com oferta de cursos extracurriculares para os alunos para que crianças e adolescentes considerem como
a rede pública de ensino e a Secretaria de Educação identificados; orientação às famílias; orientação são afetadas por elas, explorando vários modos de
do Município. A identificação dos alunos com altas aos profissionais das unidades envolvidas; expressão, a criatividade, a liderança e o pensamento
habilidades é feita a partir de critérios amplos, desen- (b) atendimento nos Centros de Psicologia Apli- crítico (Cupertino, 1998).
volvidos em grande parte pela própria instituição. A cada da Universidade Paulista (UNIP) – ava-
aceleração, quando necessária, é decidida em conjunto liação psicológica e encaminhamento; orienta- Cuidados na Implementação de
entre as famílias e os profissionais de educação, que ção familiar; orientação à escola. O atendimen- Programas e Atividades para Alunos
examinam quais as melhores alternativas. Essa ace- to é gratuito, dirige-se à população da cidade de com Altas Habilidades/Superdotação
leração pode ser total ou parcial. Além da acelera- São Paulo e adjacências e é realizado como uma
ção, é oferecida uma gama muito ampla de atividades proposta de intervenção; Qualquer uma das propostas acima será bem
de enriquecimento, organizada em torno de grandes (c) formação de profissionais especializados; sucedida se forem considerados muitos dos crité-
áreas de concentração: comunicação, organizações e (d) produção e transmissão de conhecimento. rios já apontados, mas não podemos deixar de enu-
humanidades; ciência, investigação e tecnologia; cria- O trabalho de identificação baseia-se na união merar alguns cuidados específicos para os quais deve-
tividade e habilidades de expressão (Guenther, 2000). de dados quantitativos, como os resultados obtidos mos estar permanentemente atentos. Com relação às
A equipe de atendimento é multidisciplinar e em testes e dados qualitativos, como a observação atividades de enriquecimento, por exemplo, devemos
congrega profissionais de várias áreas trabalhando sob direta dos alunos, a indicação de professores e a evitar a sobreposição de conteúdos que serão ensina-
contrato ou voluntariamente. Eles se distribuem nas indicação de familiares dos alunos. São considera- dos em séries posteriores, caso contrários, estaremos
várias escolas da região, nas instalações do CEDET dos fatores como a criatividade ou a motivação e/ apenas adiando o problema do desinteresse e da falta
ou ambientes apropriados para algumas atividades ou alto desempenho acadêmico. Podem também ser de motivação destes alunos. Não podemos, também,
específicas. Os alunos têm acesso, também, às ins- aceitas crianças com talento excepcional nas artes. sobrecarregar a criança apenas com um grande volume
tituições de ensino superior e todos contam com o Os alunos selecionados são convidados a par- de tarefas, pois assim ela estaria sendo penalizada por
apoio de uma forte Associação de Pais e Amigos de ticipar de cursos extracurriculares, oferecidos em suas altas habilidades.
Apoio ao Talento - ASPAT, que tem papel decisivo regime de contra-turno, e agrupados em duas áreas Outra preocupação, quando pensamos em ati-
na permanência e estabilidade do atendimento. - Tecnologia e Humanidades. Seu objetivo é esti- vidades de enriquecimento, é não privilegiar o conte-
Outro exemplo de atendimento ao aluno com mular os potenciais das crianças e encorajá-las para údo em detrimento da prática do pensamento crítico
altas habilidades/superdotação é o Programa Objetivo de que usem seus recursos de modo criativo, respei- ou de enfoques mais originais e aprofundados na abor-
Incentivo ao Talento - POIT, projeto de parceria entre tando seu próprio ritmo e adquirindo critérios pes- dagem de um problema. Em um programa de enri-
o Colégio Objetivo e a Universidade Paulista, em São soais de avaliação. Os cursos de Tecnologia ajudam quecimento, o aluno pode, por exemplo, passar a ter
Paulo que desenvolve um trabalho associando enriqueci- as crianças a familiarizar-se com os avanços tecno- liberdade para escolher os assuntos que deseja estudar,
mento e agrupamentos específicos (Cupertino, 2000). lógicos, por meio de atividades desafiadoras, para em que extensão e profundidade, permitindo-se ainda
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a utilização de seu estilo preferido de aprendizagem. regular, às vezes considerados supérfluos na formação Ao buscar informações sobre métodos ino-
Um dos aspectos considerados especialmente impor- dos indivíduos. Ao focalizarem o desenvolvimento pes- vadores de ensino e procedimentos indicados para

Capítulo 5: Práticas Educacionais de Atendimento ao Aluno com Superdotação


tantes em um programa de enriquecimento tem sido soal e, ao mesmo tempo, o estabelecimento de uma pro- alunos com altas habilidades, os professores apren-
a necessidade da ênfase no treinamento de habilida- gramação vinculada com a realidade circundante, essas derão melhores técnicas de planejando e implementa-
des cognitivas de um nível mais elevado. Assim, caberá intervenções podem criar um ambiente de aprendiza- ção de estratégias adequadas, afetando a escola como
ao professor o papel de facilitador na identificação de gem desafiador, caracterizado por programas mais fle- um todo (Olszewski-Kubilius, 2005). Ao articularem
problemas, auxiliando também na orientação de méto- xíveis, que sigam mais as inclinações e potenciais indi- seus conhecimentos com os da comunidade científica,
dos de pesquisa (Guenther, 2000). viduais, ensinando alunos a aprender, ou aprimorando garantem o progresso dessa área de conhecimento, pre-
É importante ressaltar, mais uma vez, que os sua capacidade de pensar e decidir (Perkins, 1995). venindo a fragmentação e evitando um efeito colateral
programas devem visar o desenvolvimento global dos Não podemos também esquecer que a educa- indesejável, que é a combinação “eclética” das estraté-
alunos. Uma forma de fazer isso é assentar a progra- ção especializada – de alunos com altas habilidades gias sem o devido assentamento em teorias consisten-
mação sobre o tripé “o que eu sei - o que eu gosto - o ou não – deve ser sistemática: não basta a participa- tes e princípios que não sejam contraditórios (Gibson
que eu quero”, procurando evitar algumas das tensões ção em programas desarticulados, que não objetivam & Efinger, 2001).
vividas usualmente pelos superdotados, pressionados - o desenvolvimento integrado dos indivíduos envolvi- Neste sentido, Dorothy Sisk e Paul Torrance
seja pelo ambiente, seja por eles mesmos - a manter dos, profissionais e educandos. Uma educação siste- (1999) oferecem sugestões de um currículo promis-
um desempenho superior constante, numa condição mática pressupõe um contexto articulado e coerente sor a crianças com altas habilidades/superdotação.
emocionalmente desgastante (Cupertino, 1998). e sua inserção em um projeto mais amplo. A durabili- Uma delas é dar continuidade aos estudos de assuntos
Descobrir “o que eu sei” significa apropriar- dade de programas e intervenções depende, em parte, ou tópicos que a própria criança começou a investi-
se de suas habilidades, realizar aquilo do que é capaz. de sua articulação com projetos de pesquisa e inter- gar sozinha. Identificam a pertinência de se promover
Mas também quer dizer identificar as inabilidades, as câmbio de conhecimentos, isto é, se esses programas encontros entre os educandos e os adultos para estuda-
fraquezas e os limites sem se sentir diminuído por eles. são alvo de pesquisas e têm a possibilidade de serem rem temas de interesse dos primeiros. Outra proposta
Identificar “o que eu gosto” traduz-se na possibilidade discutidos em encontros científicos, a credibilidade é a de permitir aos alunos um desenvolvimento mais
de fazer escolhas diante de tudo que se sabe, identi- que adquirem pode favorecer sua continuidade e ali- livre, autônomo, de assuntos ou tarefas designadas
ficar-se com algumas áreas, dedicando a elas mais cerçar as necessárias reformulações. em classe ou fora dela. Dessa forma, os resultados da
energia que a outras, reservando, dessa forma, tempo Educadores de alunos superdotados têm aprendizagem não serão uniformes, mas serão signifi-
necessário para o lazer e a diversão. “O que eu quero” é nas mãos a responsabilidade e o poder de mudar os cativos para todos os envolvidos. Podemos ver essas
o resultado da interação entre os dois últimos aspectos, padrões de educação para todos os alunos. Estes alunos sugestões postas em prática, no Brasil, na programa-
numa delimitação assertiva de objetivos a perseguir na demandam excelência dos educadores e isso pode con- ção do CEDET, já mencionado. Outra contribuição
direção da realização. tribuir para a melhoria do ensino, ampliando a quali- interessante pode ser “[o desenvolvimento] de mate-
Os conteúdos uniformizados não mais dão dade educacional para os demais alunos. Desse modo, riais curriculares que enfatizem os campos do conhe-
conta das particularidades necessárias à existência em uma melhor educação para alunos com habilidades cimento como formas de pensar, ao invés de um corpo
sociedades complexas, e intervenções voltadas a alunos superiores pode também beneficiar a todos e, como acumulado de conhecimento” (p. 51).
com altas habilidades precisam dar conta do desenvol- resultado, a sociedade poderá contar com melhores Uma última consideração diz respeito aos
vimento de competências não priorizadas pelo ensino políticos, gerentes, pedagogos, pesquisadores, artistas, resultados de Van Tassel-Baska (2003), em seu estudo
básico, cuidando de aspectos negligenciados pela escola professores e profissionais em geral (Sabatella, 2002). sobre os 25 anos de práticas voltadas à educação dos
80 Referências
alunos com altas habilidades/superdotação. Ao anali- cidades e talentos. Petrópolis: Vozes.
sar publicações importantes da área, esta autora enu- Alencar, E. M. L. S. & Fleith, D. S. (2001) Novaes, M. H. (1979). Desenvolvimento
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habilidades em áreas relevantes; nais - adaptações curriculares. Brasília: Ministério Abilities Studies, 16, 55-69.
(c) diferenciação curricular para além do modo da da Educação/Secretaria de Educação Especial. Perkins, D. (1995). Outsmarting IQ. New
aceleração; Clark, B. (1992). Growing up gifted: York: The Free Press.
(d) aprendizagem por meio da experiência como Developing the potential of children at home and Renzulli, J. S. (1986). The three-ring con-
foco central na elaboração dos currículos; at school. New York: Macmillan. ception of giftedness: A developmental model for
(e) conhecimento extenso e sólido do corpo do- Cupertino, C. M. B. (1998). Educação dos dife- creative productivity. Em R. J. Sternberg & J. E.
cente quanto aos conteúdos das disciplinas; rentes no Brasil: o caso da superdotação.Trabalho apre- Davidson (Orgs.), Conceptions of giftedness (pp.
(f ) desenvolvimento dos processos superiores de sentado no 1º Congresso Internacional de Educação 53-92). New York: Cambridge University Press.
pensamento; da Alta Inteligência, Mendoza, Argentina. Renzulli, J. S. (2002). Os módulos de enriqueci-
(g) estudo dos aspectos intra e interdisciplinares Cupertino, C. M. B. (2000). Prácticas educati- mento são oportunidades de aprendizagem autêntica para
dos temas abordados. vas: la universidad y la escuela cooperan para ayudar a crianças sobredotadas. Boletim APEPICTa, 6, 5-13.
Para concluir, lembramos que não é raro ver los potenciales diferenciados. Ideacción, 135-146. Sabatella, M. L. P. (2002). Role of programs:
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tacam, fazendo observações sarcásticas em classe ou Secondary schools for academically talented youth. ties. Em J. F. Smutny (Org.), Design and deve-
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rindo dar atenção aos estudantes com dificuldades, tal- Gifted Child Quarterly, 36, 63-67. talented children in the regular classroom. Buffalo,
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um aluno superdotado, com todo o potencial e o provadas. São Paulo: EPU. and instruction for highly able students. Theory
entusiasmo que normalmente possui, pode enrique- Gibson, S. & Efinger, J. (2001). Revisiting the into Practice, 44, 160-166.
cer os outros alunos, e o nosso desafio é auxiliá-lo Schoolwide Enrichment Model: An approach to gifted Van Tassel-Baska, J. (2003). Curriculum for
a se manter motivado e interessado, ajudando-o a programming. Teaching Exceptional Children, 48-53. gifted and talented students. Thousand Oaks,
descobrir razões para querer aprender sempre mais. Guenther, Z. C. (2000). Desenvolver capa- CA: Corwin Press.

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