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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS


PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE ESTRUTURAS

ANÁLISE NÃO-LINEAR DE ESTRUTURAS

NOTAS DE AULAS

Capítulo V (Revisão: Critérios de Ruptura)

Sergio Persival Baroncini Proença

Prof.Titular

São Carlos, Maio de 2012.


Análise não-linear – Critérios de Ruptura - Revisão 1
Autor: Sergio P.B. Proença

1. Critérios de Ruptura

O objetivo de um critério de ruptura ou de resistência é o de permitir


identificar situações de ruptura local considerando-se, inclusive,
combinações mais complexas de solicitações (estados duplos ou triplos de
tensão).
Baseando-se em hipóteses plausíveis sobre o fenômeno responsável
pela ruptura, formuladas a partir de observações experimentais sobre estados
mais simples de tensão, um critério é expresso matematicamente na forma de
uma função das componentes do tensor de tensões, por exemplo, (já os
critérios que limitam estados de deformação são expressos em função das
componentes do tensor de deformações). Tal expressão pode, também, ser
colocada em termos das tensões principais e indicada implicitamente pela
seguinte desigualdade:

f (  1 , 2 , 3 )  0 (1)

Essa mesma desigualdade admite ainda representações em termos dos


invariantes I1, J2 e J3 ou ,  e , sendo que estes possibilitam uma
interpretação geométrica para a desigualdade no espaço (  1 , 2 , 3 ) . Por
exemplo, a condição de igualdade (f = 0) representa uma superfície naquele
espaço, podendo sua geometria ser caracterizada pelas formas de suas seções
transversais, definidas em planos desviadores, e de seus meridianos,
definidos em planos ('longitudinais') que contém o eixo hidrostático.
Este texto se limita aos critérios de ruptura para materiais com
isotropia. Pois bem, no caso de materiais isótropos os valores limites
representativos de resistências à tração, compressão ou cisalhamento simples
são únicos. Por um lado esse fato permite dispensar o ordenamento algébrico
das tensões principais para a verificação da ruptura. Por outro lado, com
relação à interpretação geométrica, a não necessidade de ordenamento fica
contemplada bastando indicar em cada um dos eixos de referência,
(  1 , 2 , 3 ) , as mesmas resistências correspondentes aos estados uniaxiais
limites. Além disso, independente da questão de isotropia, observando-se a
interpretação geométrica dada ao ângulo de Lode e, em particular, a relação
que define o cos, nota-se que ela é satisfeita por valores  . Em outras
palavras, a forma da superfície, num plano desviador, apresenta simetria em
relação a um dos eixos de referência num setor definido pelo intervalo - 60o
   60o. Assim sendo, a função (f = 0) projetada num plano desviador
acaba por apresentar ‘simetria setorial’(*).

(*)
Lembra-se que os eixos de referência projetados no plano desviador definem setores de 1200 entre si.
Análise não-linear – Critérios de Ruptura - Revisão 2
Autor: Sergio P.B. Proença

Em resumo, para um material isótropo, a análise da condição de


ruptura num plano desviador requer a consideração somente de um setor 00 
  60o a partir de um dos eixos de referência projetados. No caso de
materiais isótropos o que acontece nesse setor, repete-se nos outros, de modo
a contemplar possíveis ordenamentos alternativos para as tensões principais.

1.1 Critério da Máxima Tensão Normal de Tração (Rankine)

Este critério é dedicado aos materiais ditos frágeis, sendo baseado na


hipótese que a ruptura ocorre localmente quando a maior tensão principal
atinge um valor igual à resistência à tração simples  t do material.
De uma forma geral, desconsiderando-se um possível ordenamento das
tensões principais, o critério é expresso matematicamente pelas relações:

1   t ;  2   t ;  3   t (1)

No espaço (  1 , 2 , 3 ) essas expressões representam regiões limitadas


por planos perpendiculares aos eixos de referência (por simplificação
indicados nas figuras que seguem pelos números 1, 2 e 3), como indica a
Figura 1:
1
d

 t

 t
3

 t

Figura 1 - Interpretação geométrica da relação (1)

A partir de uma análise puramente geométrica, os estados de tensão


admissíveis estarão representados por pontos no 'interior' da região; pontos
fora desta região correspondem a estados não-admissíveis.
A interpretação geométrica da superfície definida pelo critério na
condição de igualdade, considerando-se suas formas num plano meridiano e
num plano desviador, é mais bem conduzida escrevendo-se sua expressão em
termos dos invariantes ,  e .
Análise não-linear – Critérios de Ruptura - Revisão 3
Autor: Sergio P.B. Proença

Seja, então, uma tensão principal genérica  1 calculada por


2 J2
1   m  cos  , de intensidade tal que a expressão do critério resulte
3
verificada com a igualdade, isto é:

2 J2
m  cos    t (2)
3

Levando-se em conta que   3  m e   2 J 2 , obtém-se:

  2  cos  3  t (3)

Um meridiano é definido para um  fixo, por exemplo,  = 0o. Nessas


condições a expressão de tal meridiano tem a forma:

  2   3t (4)

e representa uma reta que no sistema (-) que cruza os eixos deste sistema
em

 3
  0;   t
 2 (5)
   0;   3 
 t

A Figura 2 ilustra a interpretação geométrica em questão.


1



3 t
3 2

3 t

Figura 2 - Interpretação geométrica do critério de Rankine


Análise não-linear – Critérios de Ruptura - Revisão 4
Autor: Sergio P.B. Proença

A forma da seção no plano de Nadai é analisada impondo-se  = 0 na


expressão do critério, obtendo-se:

3
 cos   t (6)
2

À expressão anterior pode-se dar a seguinte interpretação: a projeção


de  sobre o eixo 1, por exemplo, é constante. Tal interpretação está ilustrada
na Figura 3 pela semi-reta cheia. As tracejadas contemplam outras
possibilidades de ordenamento para as tensões principais.

1 3

 
600 3 
2 t t
6 t 1
t

2 3

Representação para um caso particular


onde por ex. 2=0

Figura 3 - Interpretação geométrica no plano desviador

. Conclusões de caráter mais geral sobre a interpretação geométrica:

- Na expressão do critério a presença de  e  indica que a seção transversal é


variável em tamanho e cruza o eixo hidrostático (por este motivo, em termos
físicos, a ruptura é influenciada por estados hidrostáticos).
- Já  e  indicam que a forma da seção transversal é variável num plano
desviador.

1.2 Critério da Máxima Tensão de Cisalhamento (Tresca)

Este critério é dedicado aos materiais ditos dúcteis, sendo baseado na


hipótese que a ruptura ocorre localmente quando a máxima tensão de
cisalhamento atinge um valor crítico (k) característico do material, o qual
pode ser determinado em laboratório por um ensaio de torção (cisalhamento
simples) ou, mesmo, de tração simples.
Análise não-linear – Critérios de Ruptura - Revisão 5
Autor: Sergio P.B. Proença

A expressão matemática do critério em termos das tensões principais é


a seguinte:

  2  3  3 


máx  1 , 1 , 2 k (7)
 2 2 2 

Para facilitar a interpretação geométrica, admita-se o ordenamento


algébrico (  1   2   3 ) . Então a expressão anterior passa a ser:

1
( 1   3 )  k (   ) (8)
2

Considerando-se que:

2 J2 2 J2 2
1   m  cos  e  3   m  cos(   ) (9)
3 3 3

resulta

J2 2
[cos   cos(   )]  k (10)
3 3
ou

 
J 2 sen      k (11)
3 

A relação de interesse para fins de interpretação geométrica segue da


anterior, substituindo-se   2 J 2 :


 sen(  )  2 k (12)
3

A expressão para o meridiano de   00 , por exemplo, fica dada por:

2
 2 k (13)
3

Como não aparece o invariante , conclui-se que a superfície do


critério deve ser paralela ao eixo hidrostrático, conforme mostra a Figura 4.
Análise não-linear – Critérios de Ruptura - Revisão 6
Autor: Sergio P.B. Proença

Em outras palavras: estados de tração ou de compressão hidrostática não


produzem ruptura.

=00

2 2 k
3

Figura 4 - Interpretação geométrica num plano meridiano

Para um estudo da forma da superfície num plano desviador é


suficiente analisar um setor de 60o. Nesse setor a superfície é uma reta
definida pelos valores de  em  = 0o,
 2 
  (   2 k ) e   (   2 k ).
3 3 6

A Figura 5 apresenta uma


interpretação geométrica para a +/3
 
relação  sen      2k .  2 2 k
3  2 k  3
Nota-se que tal relação é verificada 600
se os valores de  descreverem 2 2 k
3
uma reta (representada por uma
linha cheia) inclinada no setor

0   . 2 3
3

Figura 5 - Interpretação geométrica num plano desviador

Na mesma figura, as retas em linha tracejada resultam de


desenvolvimento análogo com outras seqüências para a numeração dos eixos
de referência ou mesmo de ordenamento das tensões principais.
Como a seção transversal não varia ao longo do eixo hidrostático,
conclui-se que o critério de Tresca é representado no sistema 1-2-3 por um
prisma regular de base hexagonal, conforme ilustra a Figura 6.
Análise não-linear – Critérios de Ruptura - Revisão 7
Autor: Sergio P.B. Proença

Figura 6 - Interpretação geométrica do critério de Tresca

Obs.1): O valor de k pode ser obtido de um ensaio de tração simples. De fato,


neste caso as tensões principais valem  1   t ,  2   3  0 e aplicando-se o
critério resulta:

1   3 t
  k (  ) (14)
2 2

Assim, se for empregado t como valor de referência, o critério passa a


ser dado por:  1   3   t (  1   2   3 )
Uma representação de interesse para o critério é aquela dedicada aos
estados triplos onde uma das tensões principais é nula. Como exemplo, seja
uma situação onde são dados três valores de tensões principais não-
ordenadas  a ,  b e  c , sendo uma delas nula (  c ,por exemplo). Se
 a  b três possibilidades de ordenamento podem ser estudadas para fins
de verificação do critério:

a)  c   a   b então no critério  1  0 e  3   b  0   3  2k (F3 na


Figura 7);
b)  a   b   c   1   a e  3   c  0   1  2k (F1 na Figura 7);
e)  a   c   b   1   a e  3   b   1   3  2k (F2 na Figura 7);

Se os eixos forem definidos de modo que  1 seja o vertical e  3 o


horizontal, segue-se uma análise equivalente, obtendo-se a região pontilhada
na representação geométrica.
Análise não-linear – Critérios de Ruptura - Revisão 8
Autor: Sergio P.B. Proença

3

F1

2k
F2
2k 2k 1

2k
F3

Figura 7 - Interpretação particular do critério de Tresca

1.3 Critério de von Mises

Este critério também é dedicado aos materiais ditos dúcteis, entretanto


sendo baseado na hipótese que ruptura ocorre quando a tensão octaédrica de
cisalhamento atinge um valor crítico k :

2
 oct  k ou J2  k (15)
3

Em geral é o valor da tensão de cisalhamento máxima que é mais


facilmente obtido nos ensaios. Assim, é conveniente relacionar k com aquela
tensão. Considere-se, então, um ensaio de cisalhamento simples:

 1    3 ,  2  0 (  1  2   3 )

Segue pela definição da tensão de cisalhamento máxima que:

 1  3
 k  ou k   1
2

Por outro lado, o segundo invariante da parte desviadora resulta neste


caso:

1 1
J 2  [(  1   3 )2  (  1   2 )2  (  2   3 )2 ]  ( 4 12   12   12 )   12
6 6

Nota-se que com o critério de Mises, leva-se em conta a tensão


principal intermediária, o que Tresca não faz!
Análise não-linear – Critérios de Ruptura - Revisão 9
Autor: Sergio P.B. Proença

Substituindo-se, as relações obtidas, na expressão do critério de Mises


resultam:

2 2
k  1 ou k  k (16)
3 3

A relação imposta entre k e k acaba por implicar que um estado de


cisalhamento simples crítico satisfaz tanto o critério de Tresca quanto o de
Mises.
Portanto, o critério expresso em função de k ou de  passa a ser dado
por:

J2  k (*)1 (17)

Já para fins de interpretação geométrica é mais adequado reescrever a


relação anterior em função dos invariantes geométricos:

  2k (18)

Como nessa forma não aparece o invariante , conclui-se que o


meridiano da superfície é paralelo ao eixo hidrostático. Já num plano
desviador, como não aparece  na expressão do critério, a forma esperada da
superfície é a circular.
Outro aspecto a observar é que  coincide com o valor da tensão

equivalente calculada em   pelo critério de Tresca, indicando que o
6
critério de Mises fica representado por um cilindro inscrito ao hexágono de
Tresca, conforme mostra a Figura 8.

Figura 8 - Interpretação geométrica do critério de Mises

(*)1Esta forma é a mais freqüente nos textos e define também uma limitação para a energia de distorção.
Análise não-linear – Critérios de Ruptura - Revisão 10
Autor: Sergio P.B. Proença

Outra possibilidade para o equacionamento do mesmo critério resulta


da colocação do valor de referência k em função da tensão de tração t .
Assim, no caso particular da tração simples (  1   t ;  2   3  0 )
 12
obtém-se J 2  e o critério passa a ser dado por:
3

2 2
J2  t  k
3 3 (19)

ou

3k 3 2
t   k
2 2 (20)

Portanto, no sentido de exprimir o critério em termos de  t , sua


3 2
expressão matemática original deveria ser multiplicada por , como
2
segue:

3 2 2 3 2
. J2  k ou 3 J2   t (21)
2 3 2

Essa nova redação para o critério acaba por implicar que um estado de
tração simples seja crítico tanto pelo critério de Tresca quanto pelo de Mises.
Para fins de interpretação geométrica, a relação de interesse seria:

6
 t
3 (22)

6
O valor  t coincide com o valor de  dado por Tresca (expresso em
3

função de  t ) em   , o que indica que nesse caso o cilindro de Mises é
3
circunscrito ao hexágono de Tresca. A Figura 9 ilustra esta interpretação.
Análise não-linear – Critérios de Ruptura - Revisão 11
Autor: Sergio P.B. Proença

Figura 9 - Outra interpretação geométrica do critério de Mises

É interessante analisar a relação entre os critérios de Mises e Tresca


nas situações críticas e as implicações da escolha de um ou outro valor para a
tensão de referência.
As tensões de referência  e  t se relacionam no critério de Tresca
por um fator igual a dois. De fato:

1   3
 ou 1   3  2    t
2 (23)

Já no critério de Mises a relação entre as tensões de referência é dada


por um fator diferente:

J2   ou 3 J2  t (24)

Portanto, ao se adotar os valores de referência de Tresca para uso no


critério de Mises, resultam as diferenças entre os resultados obtidos com os
dois critérios, ilustradas geometricamente nas figuras anteriores.
De qualquer modo, é importante lembrar que qualquer que seja o valor
adotado para a tensão de referência:
. Mises estabelece um critério de ruptura baseado numa limitação para
a tensão octaédrica oct.
.Tresca estabelece um critério de ruptura baseado numa limitação da
tensão de cisalhamento máxima máx.
Ainda sobre o confronto entre os critérios, quando ambos estão
escritos com referência a  dado por Tresca, um estado de cisalhamento

simples (   ) verifica a condição de ruptura nos dois critérios. Já num
6
caso de tração uniaxial ( = 0o), observa-se a maior diferença na sua
aplicação. Nesse caso os critérios fornecem:
Análise não-linear – Critérios de Ruptura - Revisão 12
Autor: Sergio P.B. Proença

.Mises  1M  3
.Tresca  1T  2 

Nota-se que

 1T 2
  1,15
 1M 3

ou seja, num ensaio de tração uniaxial é necessária uma tensão aplicada


menor para atingir com Mises um valor crítico.
Por outro lado, quando os critérios estão escritos com referência à
tensão máxima de tração  t de Tresca, as condições de ruptura coincidem na
tração uniaxial e apresentam a maior diferença numa situação de
cisalhamento simples. Nesse caso os critérios fornecem:

.Mises  M  0,577 t
.Tresca  T  0 ,5  t

Nota-se que

M
 1,15
T

ou seja, num ensaio de cisalhamento simples é necessária uma tensão maior


para atingir com Mises um valor crítico.
Finalmente, num caso triplo particular de tensão onde, por exemplo,
 2  0 , o critério de Mises, considerando-se a tensão máxima de
cisalhamento como valor de referência, passa a ser:

J2  k 2

com

1 1
J2  [(  1   3 )2   12   32 ]  ( 2 12  2 32  2 1  3 )
6 6

ou ainda:
Análise não-linear – Critérios de Ruptura - Revisão 13
Autor: Sergio P.B. Proença

 12   32   1  3  3 k 2 (25)

que é a equação de uma elipse inscrita ao poliedro de Tresca, conforme


ilustra a Figura 10.

Figura 10 - Interpretação geométrica do critério de Mises como elipse no plano

1.4. Critério de Mohr-Coulomb

Segundo este critério admite-se que a ruptura ocorra, localmente, uma


vez que seja atingido um valor limite da tensão de cisalhamento, influenciado
pela tensão normal atuante no mesmo plano. A expressão matemática que
exprime a condição de ruptura é:

  f( ) (26)

Nos estudos clássicos da resistência dos materiais, a função f poderia


ser determinada a partir de resultados experimentais, sendo representada pela
equação da envoltória dos círculos de Mohr correspondentes a diferentes
estados de tensão (não se considera, portanto, a influência da tensão principal
intermediária).
No caso particular da envoltória ser expressa por uma aproximação
linear, vale a relação:

  c  tg  (27)

onde c é a coesão e  o ângulo de atrito interno do material.


Análise não-linear – Critérios de Ruptura - Revisão 14
Autor: Sergio P.B. Proença

 c
 

Figura 11 - Representação geométrica da relação (27)

Valendo essa aproximação, o critério pode ser colocado em função das


tensões principais, imaginando-se que a aproximação linear seja de fato uma
envoltória de círculos de Mohr definidos, para cada estado de solicitação, em
função dos valores extremos  1 e  3 , com 1  2  3, (v.Fig.12).

Figura 12 - Representação geométrica incluindo círculos de Mohr

Nessas condições valem as seguintes relações, ilustradas na Figura 13:


1   3 ( 1   3 )
  cos 2
2 2 (1-3)/2
 3 
 1 sen 2 2
2 3 1


(28a,b)
(1+3)/2

Figura 13 - Geometria sobre o círculo de Mohr


Análise não-linear – Critérios de Ruptura - Revisão 15
Autor: Sergio P.B. Proença

Observando-se a Figura 14 que interpreta a reta do critério como a


envoltória dos círculos de Mohr ( já com 1  2  3 ) tem-se que
sen 2  cos  e cos 2  sen  . Portanto:

1   3 ( 1   3 )
  sen 
2 2 1-3/2 
 3
 1 cos  2
c

2 3 1


(29a,b)
(1+3)/2

Figura 14 - Análise geométrica sobre a envoltória

Substituindo-se na expressão do critério segue que:

 1   3  ( 1   3 ) ( 1   3 ) 
  cos   c    sen   tg
 2   2 2 

( 1   3 ) sen 2  (  3 )
(cos   )c 1 tg 
2 cos  2

ou

( 1   3 ) ( 1   3 )
 tg   c
2 cos  2 (30)

ou ainda

 1( 1  sen  )   3 ( 1  sen  )  2 c cos  (31)

Para fins de interpretação geométrica é interessante introduzir as


relações:
2 J2 2 J2 2
1   m  cos  ;  3   m  cos(   )
3 3 3

1   3  1   3 J2 
 J 2 sen(  ) ;  m  cos(   )
2 3 2 3 3
Análise não-linear – Critérios de Ruptura - Revisão 16
Autor: Sergio P.B. Proença

e a expressão do critério passa a ser:

 J2 
J 2 sen(   )   m sen   cos(   ) sen   c cos 
3 3 3 (31)

De outra forma empregando-se as relações   3 m e   2 J 2


obtém-se:

 
3  sen(   )  2  sen    cos(   ) sen   6 c cos 
3 3
(32)

notando-se que para um  fixo, a relação entre  e , que define o


correspondente meridiano, é linear. Outra conclusão que se pode obter de
imediato é que os meridianos se cruzam no eixo hidrostático ( = 0) em:

2  sen   6 c cos  ou   3 c cot  (33)

Por sua vez, os coeficientes angulares das retas que constituem os


meridianos variam com . De fato: 

=0
- para   00 o critério fornece o 3 c cot 

 ( 3  sen  )  2 2  sen  2 6 c cos 


2 6 c cos 
ou, um coeficiente angular negativo de ( 3  sen  )

2 2 sen  2 6 c cos 
( 3  sen  )
( 3  sen  )

- para   600 obtém-se:


=60o

 ( 3  sen  )  2 2  sen   2 6 c cos 

Figura 15 - Coeficientes angulares

2 2 sen 
ou, um coeficiente angular negativo de (representado na
( 3  sen  )
figura acima, por conveniência, do lado negativo de ) .

No plano de Nadai ( = 0) particularmente para   00 e   600 , os


valores de  resultam:
Análise não-linear – Critérios de Ruptura - Revisão 17
Autor: Sergio P.B. Proença

2 6 c cos  2 6 c cos 
 (   0o )  ;  (   60o ) 
( 3  sen  ) ( 3  sen  ) (34a,b)

Já a expressão do critério naquele plano passa a ser dada por:

   
3  sen       cos     sen   6 c cos 
3  3  (35)

Desenvolvendo-se as expressões trigonométricas e reunindo-se os


termos comuns resulta:

2 6 c cos 
 cos    sen tg 
( 3  sen  ) (36)

com

3 ( 1  sen  )
tg 
( 3  sen  ) (37)

A interpretação geométrica no plano de Nadai está ilustrada na Figura


16. Na mesma figura também está apresentado um caso particular onde
   . Nesse caso a expressão fornece:

 2 6 c cos 

cos  ( 3  sen  )
1

2 3

Figura 16 - Interpretação geométrica do critério no plano de Nadai


Análise não-linear – Critérios de Ruptura - Revisão 18
Autor: Sergio P.B. Proença

Contemplando-se todos os possíveis ordenamentos das tensões


principais, conclui-se que a seção transversal da superfície forma um
hexágono irregular (v.Fig.17), sendo a irregularidade uma função de .
1
Eixo
hidrostático

3

2

Figura 17 - Interpretação geométrica do critério de Mohr-Culomb

Observa-se que com   00 os coeficientes angulares dos meridianos


tendem a zero e os valores de  (0o) e  (600) passam a coincidir. Nesse caso
a superfície degenera no hexágono regular de Tresca.
Por outro lado, a representação do critério assume uma forma
simplificada para estados de tensão em que uma das componentes principais
é nula.
Nesse sentido, considere-se a expressão geral do critério, tomando-se o
cuidado de ordenar algebricamente as componentes de tensão principal:

1 (1+ sen ) - 3 (1- sen) = 2c cos  ou

 1( 1  sen  )  3 ( 1  sen  )
 1
2c cos  2c cos  (38)

Definindo-se

2 c cos  2 c cos  f c' 1  sen 


f  '
; ft 
'
e m ' 
1  sen  1  sen  ft 1  sen 
c

resulta:
1 3
m '
 1 ( 1   2   3 )
f c f c' (39)
Análise não-linear – Critérios de Ruptura - Revisão 19
Autor: Sergio P.B. Proença

Particularmente no caso de   450 valem: m  5,83 e (1/m) = 0,17.


Pode-se mostrar que f c e ft acima definidos têm correspondência
com as resistências uniaxiais à compressão e à tração, respectivamente.
Admitindo-se, então, um estado plano em que  2  0 e  1   3 , têm-se
as seguintes possibilidades ilustradas na Figura 18:

a) 3/fc’
      1   ;

1

3

2

1

 1  = 450
 3  0  1' 
fc m 1/m

b)
-1
 2   1   3  1  0; 1/fc’

1/m

 3   3  3'  1
fc
c)
-1
 1   2   3  1   1 ;
 
 3   3  m 1'  3'  1
fc fc
Figura 18 - Interpretação geométrica dos estados planos

3 1
Obs: o trecho tracejado seria para uma situação m  1 a qual não '

f f c' c
obedece ao ordenamento adotado para as componentes de tensão.

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