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CARACTERÍSTICAS:
1) O PRESIDENTE É ELEITO POR SUFRÁGIO POPULAR
— A eleição por sufrágio popular dá ao Presidente a legitimidade democrática necessária para
exercer os poderes políticos que lhes são atribuídos pela Constituição.
2) O PRESIDENTE PODE EXERCER PODERES POLÍTICOS SIGNIFICATIVOS - por força da
legitimidade democrática que possui, o Presidente tem a possibilidade de exercer livremente as
competências políticas que a Constituição lhe atribui
“o orgão Presidente da República tem a possibilidade de exercer poderes importantes” -> isto
significa que 1) o titular do orgão pode exercer livre e autonomamente as competências que a
Constituição lhe atribui (não é obrigado a exercer poderes, pode-o ou não fazer) 2) essas
competências/poderes permitem-lhe influenciar substancialmente o curso normal da vida política
(são poderes relevantes no domínio da vida política!)
Vários autores (entre quais Sartori) defendem que a dupla liderança do Executivo (Executivo
simultaneamente liderado pelo Primeiro-Ministro e pelo Presidente) é uma característica essencial
do semipresidencialismo.
-> esta afirmação é falsa, uma vez que em grande parte dos países reconhecidos como
semipresidencialistas, esta característica não se verifica (ex: Portugal). Se a afirmação fosse
verdadeira, o semipresidencialismo ficaria reduzido ao sistema francês, com duas grandes
diferenças em relação ao sistema português.
1) BICEFALIA DO EXECUTIVO
FRANÇA
PORTUGAL
EM PORTUGAL, O PODER EXECUTIVO NÃO TEM UMA ESTRUTURA BICÉFALA, isto é, NÃO HÁ UMA
PARTILHA DOS PODERES EXECUTIVOS ENTRE O GOVERNO/O PRIMEIRO-MINISTRO E O PRESIDENTE
EM FRANÇA: O OBJETIVO CENTRAL DOS LÍDERES POLÍTICOS DAS PRINCIPAIS FORÇAS PARTIDÁRIAS
É A CONQUISTA DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, UMA VEZ QUE O PRESIDENTE DETÉM UMA
PROEMINÊNCIA NO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO GOVERNATIVA (não conseguindo alcançar a tão
desejada Presidência, disputam as eleições parlamentares e a consequente nomeação como PM).
AS FASES DE COABITAÇÃO TENDEM A SER BREVES E, EM FRANÇA, SÃO VISTAS COMO SITUAÇÕES
PRECÁRIAS E QUE DEVEM SER RESOLVIDAS.
O PRESIDENTE AUSTRÍACO É ELEITO POR SUFRÁGIO POPULAR, ELEIÇÃO QUE LHE CONFERE A
LEGITIMIDADE DEMOCRÁTICA NECESSÁRIA PARA EXERCER PODERES POLÍTICOS SIGNIFICATIVOS
(legitimidade democrática que não existe em sistema parlamentar, onde o Chefe de Estado -
Presidente ou Rei - não é eleito pela população!)
1) O PR É ELEITO POR SUFRÁGIO POPULAR (eleição popular e direta, com duas voltas; art. 126.º da
CRP: se nenhum candidato obtiver mais de 50% dos votos validamente expressos na primeira volta,
realiza-se um segundo sufrágio/uma segunda volta, entre os dois candidatos mais votados que não
tenham retirado a candidatura).
2) COM LEGITIMIDADE DEMOCRÁTICA, O PR TEM A POSSIBILIDADE DE EXERCER PODERES
POLÍTICOS SIGNIFICATIVOS (dentro dos poderes políticos significativos que o PR pode exercer com
autonomia, o destaque vai para o poder de dissolução da AR: o PR pode contra a vontade da maioria dos
deputados, interromper a legislatura em curso e marcar novas eleições parlamentares; com isso, pode
alterar a maioria parlamentar/o governo no poder e, portanto, inverter o sentido da vida política do país)
3) EXECUTIVO É POLITICAMENTE RESPONSÁVEL PERANTE O PARLAMENTO
1. No momento da constituição do governo: a composição da AR determina o Governo (a Constituição exige
que o PR nomeie o primeiro-ministro tendo em conta os resultados eleitorais).
2. Na apreciação do programa do governo* e na sua entrada em funções
Pode ocorrer a rejeição do programa que o Governo tem de submeter à apreciação da AR.
Art. 192.º, CRP: O programa tem de ser submetido no prazo máximo de dez dias após a nomeação do PM e a
sua rejeição exige a maioria absoluta dos Deputados em efetividade de funções.
3. Posteriormente, AR tem a possibilidade de destituir o Governo
—> aprovação de uma moção de censura.
Art. 194.º, CRP: A moção de censura pode ser da iniciativa de ¼ dos deputados em funções ou de
qualquer grupo parlamentar, e a sua aprovação exige a maioria absoluta dos deputados em
efetividade de funções (art. 195.º, n.º1, f)
—> rejeição de uma moção de confiança apresentada pelo Governo (art. 193.º e art. 195.º, n.º1, e)
*Apreciação do programa de governo —> o programa não tem de ser aprovado, nem sequer votado;
o programa só é indiretamente votado pelo parlamento se a oposição apresentar uma moção de
censura ou se o Governo solicitar uma moção de confiança.
TÓPICOS IMPORTANTES
EXEMPLOS:
- EM 1987, NA PRESIDÊNCIA DE MÁRIO SOARES, FORMOU-SE NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA UMA
MAIORIA DE 3 PARTIDOS (PS, PRD E PCP) QUE APROVOU UMA MOÇÃO DE CENSURA. A MOÇÃO
FEZ CAIR O GOVERNO EM FUNÇÕES, CHEFIADO POR CAVACO SILVA. PARA ALÉM DE FAZER
APROVAR A MOÇÃO, A MAIORIA DISPÔS-SE A FORMAR GOVERNO. O PRESIDENTE MÁRIO SOARES
RECUSOU TAL PROPOSTA E DISSOLVEU A AR.
- EM 2004 O PRESIDENTE JORGE SAMPAIO DISSOLVEU O GOVERNO CHEFIADO POR SANTANA
LOPES, GOVERNO QUE ASSENTAVA NUMA COLIGAÇÃO PSD/CDS, QUE DISPUNHA DE APOIO
PARLAMENTAR MAIORITÁRIO E QUE PRETENDIA CONTINUAR A EXERCER FUNÇÕES.
REVISÃO CONSTITUCIONAL DE 82