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O CÉREBRO

ADOLESCENTE
1.INTRODUÇÃO
Ao observarmos os adolescentes em seu dia
a dia, podemos levantar algumas questões.
Por que os adolescentes pensam e sentem
como adultos e, não raro, se comportam
como crianças? Será que os adolescentes
possuem, como sugere William Shakespeare
na peça "Conto de Inverno", "cérebros
ferventes"? Será que essa efervescência é por
causa dos hormônios?

Na verdade, quem comanda as mudanças da


adolescência, inclusive a produção do
hormônio sexual, é o cérebro. Nessa etapa
da vida, verifica-se que um certo grau de
imaturidade é próprio mesmo do processo
de desenvolvimento humano. Talvez seja, por
isso mesmo, que um dos personagens da 1
peça "Conto de Inverno" tenha se referido
assim aos adolescentes:

"Desejara que não houvesse idade entre


dezesseis e vinte e três anos, ou que a mocidade
dormisse todo esse tempo, que só é ocupado
em deixar com filhos as raparigas, aborrecer os
velhos, roubar e provocar brigas. Escutai! A
quem ocorreria caçar com semelhante tempo,
se não a esses cérebros ferventes, de dezenove a
vinte e dois anos?" (Conto de Inverno, de
William Shakespeare).

Mas, como é que funciona o


cérebro de um adolescente?
2. O CÉREBRO ADOLESCENTE
Há cerca de duas décadas, a teoria
predominante era que o cérebro atingia sua
maturidade máxima no final da infância, com
a consequente entrada na adolescência. Mais
recentemente, constatou-se que o
adolescente, na verdade, não está totalmente
maduro fisicamente e nem seu cérebro. A
principal característica do cérebro
adolescente é que ele está em
transformação. Vejamos, em seguida,
algumas partes do cérebro do adolescente
experimentando fortemente esse processo
de mudança.

Os gânglios da base funcionam como um


auxiliar do córtex pré-frontal, ajudando na
priorização das informações. Esta região do 2
cérebro também está envolvida no
aprendizado motor. Dos 7 aos 11 anos,
costumam perder 50% do seu volume. Por
isso é mais fácil aprender e fixar os
movimentos necessários para andar de
bicicleta ou tocar violino na infância.

A amígdala é responsável pelas emoções


mais primárias, como o medo e a raiva.
Durante a adolescência, essa é a parte mais
usada no processamento de informações
emocionais. Já os adultos tendem a usar mais
o córtex pré-frontal.

O cerebelo assume papel importante no


aprendizado de música, matemática e
habilidades sociais. Durante a adolescência,
ele passa por um aumento de neurônios e na
complexidade de suas conexões.
O hipocampo é importante para a memória de
longo e de curto prazo. Passa por desenvolvimento
mais acentuado a partir do fim da adolescência e
continua crescendo até cerca de 40 anos de idade,
mais ou menos.

O corpo caloso é um agrupamento de fibras


nervosas que faz a ligação entre os hemisférios
direito e esquerdo do cérebro. Acredita-se que essa
estrutura seja importante para a criatividade e a
linguagem. Na adolescência, as fibras nervosas
engrossam, processando informação com mais
eficiência. Em alguns casos, parte do corpo caloso
chega a ter um aumento de 80% por volta de 14
anos.

O córtex pré-frontal, do ponto de vista do


processo de desenvolvimento cerebral, é a parte 3
que leva mais tempo para chegar à sua maturidade.
Ele cresce até o começo da adolescência. Mais
tarde, algumas de suas conexões nervosas são
cortadas. É a parte do cérebro envolvida com a
inibição das reações emocionais. Algumas reações
intempestivas e até mesmo irresponsáveis
explicam-se, pelo menos em parte, pelo
desenvolvimento inconcluso dessa área cerebral. O
amadurecimento nessa região do cérebro chega à
sua plenitude entre 20 e 25 anos, podendo,
inclusive, se estender um pouco mais.
3. AS MUDANÇAS DO CÉREBRO
ADOLESCENTE E OS COMPORTAMENTOS
A ELAS ASSOCIADOS.
A Busca Constante pelo Prazer

Como tendem a buscar recompensas ou


viver experiências que sejam prazerosas de
forma imediata, tornam-se vulneráveis a
diversas situações de perigo, como, por
exemplo, o uso de drogas. Além das
questões que dizem respeito ao próprio
processo de educação do adolescente, as
mudanças que ocorrem nessa fase são fruto
do que ocorre em seu sistema
dopaminérgico, associado ao prazer.

Preferência pelos Amigos 4


Os neurônios-espelho (células nervosas
acionadas pela observação do
comportamento dos outros) atingem sua
quantidade máxima em torno de 13 anos.
Essa é uma das razões por que cresce a
disponibilidade para seguir as preferências
do grupo. O cérebro nessa faixa etária está
banhado em ocitocina, hormônio que
estimula a convivência social.

Arrumação do Quarto

É difícil encontrar um quarto de


adolescente em ordem. Isso porque a
região do cérebro responsável
pela organização espacial ainda não
alcançou o seu pleno desenvolvimento.
Emoções Intensas

A razão para as explosões de raiva ou as


crises de tristeza profunda frequentes nessa 5
fase tem sua origem nos hormônios
associados ao sistema límbico, o centro
cerebral das emoções. Em função do excesso
de hormônios, o adolescente vive suas
emoções em ritmo acelerado ou acima do
normal.

Impulso Incontrolável

Nessa faixa etária, não dá para ser muito


racional. É que o córtex cerebral não está
desenvolvido de modo suficiente ainda a
ponto de processar os sentimentos de modo
equilibrado. Imperceptivelmente, é claro, os
adolescentes usam mais a amígdala, onde se
processam emoções como o medo e a raiva.
A amígdala funciona como uma espécie de
cérebro primitivo, ligada, basicamente, aos
instintos.
4. DIANTE DE TUDO ISSO, COMO LIDAR
COM OS ADOLESCENTES?
Para lidarmos melhor com nossos
adolescentes, precisamos partir do princípio
de que, em comparação com os adultos, eles
representam uma perspectiva de vida e de
compreensão da realidade distinta, que é
própria deles. Se conseguirmos desenvolver
esse entendimento, poderemos construir
uma ponte mais do que necessária na
direção do mundo em que vivem.

Para lidarmos bem com nossos adolescentes,


é preciso agir com firmeza, colocando os
devidos limites quando se trata de consumo 6
de drogas, álcool, cigarro e comportamento
sexual desregrado, desrespeitoso e, algumas
vezes, até desumano. Nesse caso, por
exemplo, no seio da família, é preciso ser
mais pai e mãe do que “brother”, “amiguinho”
ou “confidente”.

Para lidarmos melhor com nossos


adolescentes, seria excelente se pudéssemos
oferecer a eles um ambiente familiar de bem-
estar, convivência próxima, o que pode,
dentre outras coisas, minimizar os
comportamentos de risco, seja no que se
refere ao uso de drogas lícitas e ilícitas ou ao
comportamento sexual desrespeitoso com
relação a si mesmo e aos outros.
Para lidarmos melhor com nossos
adolescentes, poderíamos estimulá-los a
direcionarem suas emoções para áreas
criativas, como desenvolver um programa de
computador, envolvimento com robótica ou
produzir algo artisticamente.

5. CONCLUSÃO
Mesmo com todos "os altos e baixos" da
experiência da adolescência, é uma fase
belíssima da existência. De um lado, a
potência extraordinária do cérebro nesse
período da vida com todas as possibilidades
que pode alcançar. De outro, uma
imaturidade que pode colocá-lo em risco. É
mesmo, como diria Shakespeare, "um 7
cérebro fervente" que, se bem orientado,
pode aprender a sonhar aquele tipo de
sonho que lhe permita alcançar as mais
distantes estrelas.

AUTOR: DR. RUBENS EDUARDO CORDEIRO


Pastor, Psicólogo, Pedagogo e Capelão Geral
da Rede Batista de Educação
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