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EMILY MEDEIROS EMILIANO (1812868)

QUESTÃO 1
No texto “Piaget – Vygotsky: Novas Contribuições para o Debate”, vemos que Piaget concebeu o
desenvolvimento cognitivo em 4 estágios: sensório motor (0 a 2 anos), pré-operacional (2 a 7 anos),
operações concretas (7 a 11 anos) e operações formais (11 a 15 anos). Ele entendia o desenvolvimento
linguístico como sendo o fruto do desenvolvimento cognitivo. A linguagem teria então uma função
simbólica, sendo necessária ao desenvolvimento cognitivo. Já a língua usada pela criança expressaria as
relações estabelecidas na cognição. Piaget não entendia as relações estruturais linguísticas como específicas
do domínio da linguagem, mas sim como reflexo da estrutura lógico-matemática em decorrência do
desenvolvimento cognitivo e subjacente a toda cognição. Para Vygotsky, a linguagem é uma disposição
biológica que desenvolve-se apenas quando a criança está inserida em uma cultura. Ele fez uma importante
distinção entre funções mentais inferiores (comuns a várias espécies) e superiores (específicas da espécie
humana) e definiu as superiores como o produto de atividade mediada. A linguagem seria então uma
ferramenta mental mediadora que possibilitaria o desenvolvimento das funções mentais superiores e, ao
mesmo tempo, seria uma dessas habilidades superiores específicas da espécie humana.

QUESTÃO 2:
No texto da Dra. Mercedes Marcilese sobre a hipótese dos sistemas nucleares, vemos que eles são
alicerces cognitivos que emergem muito cedo na ontogenia e filogenia humanas e permitem a representação e
o raciocínio sobre tipos particulares de entidades e eventos. Possuem quatro propriedades distintas: são
específicos por domínio, específicos por tarefa, relativamente encapsulados e inatos.
A proposta de Kinzler e Spelke (2007) é de que a cognição humana é majoritariamente fundada em
quatro sistemas de representações relativos a objetos, ações, número e geometria do espaço. No que diz
respeito ao sistema nuclear que possui a função de captar a geometria do ambiente, verificou-se que tanto
crianças pequenas como animais, quando desorientados, reorientam-se segundo a disposição geométrica.
Quanto ao sistema nuclear encarregado da representação do número, observou-se que crianças a partir dos 5
ou 6 meses possuem a capacidade de representar numerosidades aproximadas, assim como animais adultos.
Apesar dos sistemas nucleares serem compartilhados entre espécies, a cognição humana é
caracterizada por uma flexibilidade que a diferencia uma vez que os seres humanos podem integrar
representações originadas em cada um dos sistemas. A linguagem é um domínio específico da espécie
humana e a aquisição de uma língua demonstra que os seres humanos vão além desses sistemas nucleares ao
desenvolverem determinadas habilidades complexas.
A língua como sistema de representação e produtivo são as duas principais propriedades que
permitem aos seres humanos irem além do conhecimento nuclear. A informação mantida em um sistema de
memória refere-se à representação, que requer um léxico. Já o sistema produtivo relaciona-se às operações
que atuam sobre representações mentais de forma recursiva. A faculdade de linguagem (em sentidos amplo e
estrito) traz uma significativa vantagem para a espécie humana.

QUESTÃO 3:
No texto “Relação entre a língua e a cognição mais ampla”, entende-se que o léxico mental refere-se
ao conhecimento do falante/ouvinte acerca de palavras, morfemas e expressões idiomáticas da língua, que se
mantém na memória de longo prazo e é recuperado durante o uso da linguagem. A faculdade de linguagem
em sentido amplo é o que possibilita as relações entre o léxico e o outros sistemas cognitivos. A faculdade de
linguagem no sentido amplo engloba diferentes aspectos como a teoria da mente, o sistema sensório-motor,
conhecimentos pragmáticos e de mundo, estabelecimento de conceitos, intenções, associações, deduções e a
construção do léxico. Já a faculdade de linguagem no sentido estrito é o processo de juntar elementos do
léxico na estrutura hierárquica gramatical para construir frases, de modo que se relaciona especificamente
com as línguas naturais humanas.
QUESTÃO 4
No livro “Psicologia Cognitiva”, Margareth Matlin apresenta alguns tipos de modelo da memória
semântica. Segundo o modelo de comparação de características, os conceitos armazenam-se na memória
segundo uma lista de aspectos ou características necessárias (definidoras ou típicas). Esse modelo explica o
efeito de tipicidade, mas uma crítica importante a ele é que seu objetivo limita-se a explicar como
organizamos nossos conceitos cognitivos.
A Teoria ACT de Anderson, por sua vez, refere-se a uma série de modelos de rede que tentam
explicar tudo o que se refere à cognição, isto é, a memória, aprendizagem, cognição espacial, linguagem,
raciocínio e tomada de decisões. Anderson estabeleceu uma distinção entre conhecimento declarativo e
conhecimento procedural, além de conceber a memória de trabalho como uma parte ativa do sistema
declarativo de memória que tem capacidade limitada. O autor acredita que o significado de uma sentença
pode ser representado por uma rede proposicional. Algumas críticas a esse modelo ocorrem devido ao fato
dele ainda não ter integrado achados da neurociência, além de fornecer somente conexões entre palavras, sem
realizar conexões com as representações dessas palavras no mundo real.

QUESTÃO 5
Suponhamos que um taxista está trabalhando e percebe que a gasolina de seu carro está prestes a
acabar. Ele logo pensa “assim que deixar o passageiro em seu destino, vou ao posto abastecer o carro” e logo
ativa o esquema referente ao posto de gasolina. Segundo Margareth Matlin, um esquema pode ser definido
como um conhecimento generalizado sobre uma situação ou evento. Ao chegar no posto, vários scripts são
ativados. Script é um tipo de esquema caracterizado por uma sequência simples e estruturada de eventos que
ocorrem durante um período de tempo e estão associados a uma atividade familiar (MATLIN, 2002). Ao
posicionar o carro em frente à bomba de gasolina, ele espera que o frentista venha até ele e o cumprimente,
depois que ele peça para completar o tanque e o frentista assim o faça, depois o pagamento será realizado e
por fim haverá uma despedida e ele voltará ao trabalho. É importante salientar que essas estruturas cognitivas
são dependentes da cultura. Por exemplo, no Brasil os carros são abastecidos de forma diferente dos Estados
Unidos, onde cada um abastece o próprio veículo.

Referências:

Castorina, J. A. et al. Piaget – Vygotsky: Novas Contribuições para o Debate. São Paulo: Atica, 1995.cap. 1

Corrêa, L. M. S. (2006). Língua e Cognição: antes e depois da revolução cognitiva. In D. P. Pffeifer & J. H.
Nunes (Orgs.) Linguagem, História e Conhecimento. São Paulo: Pontes. Introdução, Parte 1

Corrêa, L.: Texto de apoio: O léxico mental

Marcilese, M. (2010). Texto de apoio: Core knowledge: a hipótese dos sistemas nucleares.

Matlin. M. W. (2002). Psicologia Cognitiva. São Paulo: LTC. Cap 7. pp. 153-18

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