Você está na página 1de 3

Estágio Supervisionado II

Profa. dra. Jéssica Cristine de Melo


Ana Clara Rodrigues Duarte, Gabriela Nogueira Ferreira e Naiara Regina Crispim
Vitor

ESTUDO DE CASO
Neste estudo de caso temos como objetivo analisar as semelhanças entre os casos
de racismo direcionados a Lorena, uma menina negra, que na época do caso, tinha 12 anos
e ao grupo composto por 14 indígenas que estudavam no distrito de Panambi e apontar
possíveis posturas/práticas pedagógicas a serem adotadas pelo professor/direção. Para tal
objetivo, baseamos nossa reflexão a partir das discussões realizadas ao decorrer da
disciplina de Laboratório de Ensino de História II e Estágio Supervisionado em História II,
ambas ministradas pela Profa. dra. Jéssica Cristine de Melo.
Consideramos essencial pensar e propor caminhos e possibilidades para atuar
diante de quadros de violência racial, assim recorremos às reflexões propostas por Nilma
Lino Gomes no texto “Relações étnico-raciais, educação e descolonização dos currículos”
e Giovani José da Silva e Anna Maria Ribeiro F. M. da Costa no texto “A lei n°
11.645/2008 e a inserção da temática indígena na educação básica”.
Ao analisarmos tais casos identificamos pontos de semelhança que consideramos
importantes serem destacados. Tanto Lorena quanto o grupo de indígenas que foi vítima de
racismo representam grupos sociais - os negros e os indígenas - historicamente
marginalizados e esteriotipados. Ambos os casos aconteceram dentro do ambiente escolar e
foram explicitamente negligenciados por parte da direção, a qual intensificou a violência
culpabilizando as próprias vítimas pelos atos direcionados a elas. No caso da Lorena, a
solução adotada pela diretora foi mudá-la de sala e fazê-la pedir desculpas aos seus
agressores e ao grupo de indígenas, a decisão foi transferi-los para uma escola em outro
município.
Um aspecto que nos chamou atenção está relacionado à reprodução, por parte das
crianças e adolescentes, de preconceitos e estereótipos direcionados a esses grupos. No
caso da Lorena, por exemplo, foram direcionadas a ela ofensas relacionadas ao seu cabelo;
enquanto aos indígenas, que foram proibidos de utilizar os mesmos copos e pratos que o
restante dos alunos, a argumentação dos agressores centrava-se na ideia de que esses
primeiros transmitiam doenças.
Um apontamento importante feito pela mãe de Lorena é de que não podemos
encarar situações como essas argumentando que elas são “coisa de criança” e que não
simplesmente bullying e sim racismo. Para nós, adotar essa postura de dar nome às coisas,
explicitar que determinada atitude é racista, torna-se essencial para combater atitudes
observadas como normais pelo restante da sociedade.
É nesse contexto que compreendemos a importância das Leis nº 10.639/03 e nº
11.645/08, como ferramentas que impõe à educação brasileira a necessidade de discutir
questões referentes à população e cultura afro-brasileira e sobre os povos indígenas.
Através delas, ao tornar obrigatório a introdução do ensino de História da África e das
culturas afro-brasileiras e indígenas, há uma mudança por parte dos professores e dos
alunos visto que as práticas e o currículo transformam-se diante de novas demandas. Essas
mudanças provocam questionamentos sobre as relações sociais, de poder, sobre os direitos
e privilégios arraigados em nossa sociedade. Nesse sentido, ocorre uma mudança estrutural
proposta por essas legislações que abrem caminhos para a construção de uma educação
anti-racista.
Entramos em consenso em relação a nossa futura prática pedagógica sobre a
necessidade de não limitar as discussões relacionadas aos indígenas e aos negros em
momentos específicos da aula. Julgamos necessário apresentar aos alunos as diversas
contribuições das diferentes populações que constituem a formação brasileira em diversas
áreas, discutir seus diversos saberes e práticas, tomando cuidado para não exotizar,
romantizar e infantilizar. Apresentando-os como sujeitos independentes e ativos na sua
própria história.
A educação antirracista começa pela conscientização histórica, reconhecendo a
contribuição significativa da cultura africana e afro-brasileira e indigena para a formação
da sociedade. Em nossas aulas de História, incorporamos uma abordagem mais inclusiva,
destacando figuras históricas negras, indígenas, eventos relevantes e as lutas contra a
opressão racial. Traremos figuras negras e indígenas, como protagonistas e sujeitos ativos
que contribuem para a construção de suas próprias narrativas. Isso contribuirá para uma
compreensão mais abrangente da diversidade cultural e étnica, promovendo o respeito e a
valorização de todas as identidades.
A ideia é promover o diálogo aberto em sala de aula, buscando criar um espaço
seguro para que os alunos expressem suas experiências e sentimentos. Para isso é
importante trabalharmos a questão do currículo inclusivo, que trate sobre essas questões
raciais, nossos alunos precisam se ver como participantes da história. Um outro passo a ser
dado para que possamos começar a lidar com casos de discriminação, seria incentivar
nossos alunos a praticarem o sentimento de empatia, promovendo a compreensão das
diferentes realidades vivenciadas por nossos alunos. O objetivo é criar uma comunidade
escolar baseada no respeito mútuo, onde todos se sintam ouvidos e apoiados.
Diante das situações que Lorena e os indígenas passaram, é importante aplicarmos
medidas mais incisivas. Abordaremos qualquer manifestação de racismo e descriminação
de maneira direta, dando ênfase principalmente na importância da diversidade e
condenando qualquer forma de desrespeito. Para isso, trabalharemos em parceria com a
direção da escola para implementar medidas disciplinares eficazes, garantindo que os
agressores sejam responsabilizados por suas ações. É importante que os alunos tenham
consciência de que racismo é crime, e a partir desta concepção, compreenderem que essa
prática gera consequências e que as medidas necessárias para que esse tipo de
comportamento não se repita, serão tomadas.
É importante também, reconhecermos a necessidade de formação contínua para os
educadores. A participação ativa dos mesmos em seminários e cursos que abordem
questões relacionadas à diversidade e ao antirracismo. Essa formação nos capacitará para
lidarmos de maneira mais eficaz com situações de discriminação, promovendo uma cultura
escolar que celebre as diferenças e consiga intervir quando necessário.
A comunidade escolar também deve ser inclusa nesses debates, pois ela nos ajudará
na construção de uma escola antirracista. Pensando em parcerias com pais, responsáveis e
organizações locais para promover eventos, palestras e atividades que promovam a
compreensão e a valorização da diversidade racial e identitária. A transformação para uma
escola e uma educação antirracista exige esforços conjuntos. Como futuros professores de
História, é importante nos comprometermos a desafiar estereótipos, promover o diálogo e
criar ambientes educacionais que celebrem a diversidade. Ao enfrentar casos como o de
Lorena e do grupo indígena, reafirmamos nosso compromisso em construir um futuro mais
igualitário e justo, onde cada estudante se sinta valorizado, respeitado e representado.

Você também pode gostar