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MARINHA DO BRASIL

DIRETORIA DE PORTOS E COSTAS


ENSINO PROFISSIONAL MARÍTIMO
CURSO DE FORMAÇÃO DE AQUAVIÁRIOS
(CFAQ MFC)

ARQUITETURA NAVAL APLICADA


ARN-001
SUMÁRIO
1 - TIPOS DE EMBARCAÇÕES 4

1.1 Navio ............................................................................................................. 4

1.2 Embarcações offshore (apoio às plataformas) ................................................ 9

1.3 Embarcações de pesca .................................................................................. 17

1.4 Embarcações fluviais .................................................................................... 18

2 - ASPECTOS BÁSICOS SOBRE A CONSTRUÇÃO DAS EMBARCAÇÕES 19

2.1 Partes de uma embarcação .......................................................................... 19

2.2 Dimensões lineares de uma embarcação ...................................................... 23

2.3 Partes estruturais de uma embarcação ........................................................ 25

2.4 Equipamentos de convés ............................................................................. 29

2.5 Aparelho de fundear e suspender ................................................................ 32

2.6 Aberturas no casco ...................................................................................... 33

2.7 Principais compartimentos da embarcação .................................................. 38

3 - TRABALHOS MARINHEIROS 42

3.1 Tipos de cabos ............................................................................................. 42

3.2 Como colher um cabo .................................................................................. 43

3.3 Uso e conservação dos cabos ....................................................................... 44

3.4 Termos náuticos referentes aos cabos e sua manobra ................................. 45

3.5 Nós e voltas ................................................................................................. 47

3.6 Principais tipos de estropo: cabos de fibra e de arame ................................. 53

4 POLEAME, APARELHOS DE LABORAR E ACESSÓRIOS 55

4.1 Tipos de poleame de laborar ........................................................................ 55

4.2 Aparelhos de laborar .................................................................................... 57

5 APARELHOS DE FUNDEAR E SUSPENDER 61

5.1 Nomenclatura das âncoras ........................................................................... 61


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5.2 Tipos de âncoras .......................................................................................... 63

5.3 Amarras e seus acessórios ........................................................................... 65

6 APARELHO DE FUNDEAR E SUSPENDER 69

6.1 Tipos ............................................................................................................ 69

6.2 Vozes de manobras ...................................................................................... 70

7 EQUIPAMENTOS DO PASSADIÇO 71

7.1 Principais equipamentos .............................................................................. 71

8 MÁQUINA DO LEME 74

8.1 Tipos de transmissão entre a máquina do leme e o leme .............................. 74

8.2 Vozes de manobra para o timoneiro ............................................................. 75

9 GRANDES APARELHOS DE CARGA E DESCARGA 78

9.1 Principais sistemas ....................................................................................... 78

10 ATRACAR E DESATRACAR 82

10.1 Checklist de preparação para atracação ..................................................... 82

10.2 Disposição dos cabos (espias) de amarração ............................................... 84

REFERÊNCIAS 86

3
1 TIPOS DE EMBARCAÇÕES
1.1 Navio
É o nome dada a embarcações com um ou mais conveses, que podem carregar
outras embarcações, passageiros ou até mesmo carga de materiais, as leis locais e os
órgãos de regulamentação definem a quantidade de mastros que ele deve conter para
ser classificado como um navio.

Fonte: https://medium.com/data-hackers/machine-learning-com-docker-container

Navio Graneleiro

Os navios graneleiros, como indica o próprio nome, foram feitos para transportar
mercadorias a granel tais como: grãos em geral tais como soja e milho, por exemplo:
açúcar, minérios, carvão, fertilizantes e etc.

Os graneleiros possuem grandes escotilhas hidráulicas que cobrem os porões,


onde os produtos são armazenados sem a contagem de unidades, embalagens
específicas e identificação de alguma marca comercial. Eles vão carregar e descarregar
em terminais portuários especiais para este tipo de cargas.

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Fonte: https://brasilminingsite.com.br/brazil-mining-giant-vale-agrees-deal-with-china-
port-to-expand-iron-ore-handling-capacity/

Navio Tanque

O navio tanque é o utilizado para o transporte de substâncias líquidas. É um tipo


de navio projetado e construído para transportar a granel qualquer produto líquido.
Assim como produtos químicos industriais, esses navios também costumam transportar
outros tipos de carga sensível que exigem um alto padrão de limpeza de tanques, como
óleos comestíveis, óleos vegetais e metanol.

Os navios tanque geralmente têm uma capacidade de carga de 5.000 a 40.000


toneladas e, frequentemente, possuem sistemas de carga especializados adequados ao
tipo de carga transportada. Esses sistemas podem incluir aparelhos de aquecimento ou
resfriamento e sistemas avançados de limpeza, a fim de garantir se a pureza de uma
carga é mantida quando carregada em um tanque que pode ter transportado algo
diferente.

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Fonte: https://www.fazcomex.com.br/comex/tipos-de-navios/

Navio Petroleiro

São usados para transportar não só o petróleo bruto, mas também seus
derivados, podendo carregar mais de 400 mil toneladas de combustíveis e derivados.
Esses navios apresentam um pavimento repleto de tubulações interligadas, as quais
distribuem o óleo de modo igualitário para garantir o equilíbrio da embarcação.

Fonte: https://transpetro.com.br/transpetro-institucional/noticias/primeiro-petroleiro-
construido-no-nordeste-joao-candido-e-entregue-a-transpetro.htm
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Navios Gaseiros

São destinados ao transporte de gases liquefeitos (GPL, GNL, etileno, amônia,


propileno, entre outros). São conhecidos pelo formato de seus tanques arredondados
que estão posicionados acima do convés. Essas embarcações podem contar com quatro
tipos de tanques:

• Tanques independentes: suportam o peso da carga de maneira integral;


• Tanques de membrana: têm paredes com espessura pequena,
suportadas pela estrutura da embarcação, as quais podem contrair e
expandir livremente;
• Tanques integrais: fazem parte da própria estrutura do navio; e
• Tanques de semimembrana: têm cantos arredondados para evitar o
contato do tanque com a estrutura do navio

Fonte: https://www.nauticexpo.com/pt/prod/sembcorp-marine-ltd/product-32357-
346228.html

Navio Ro-Ro

Ro-Ro é a sigla utilizada para definir os navios cargueiros Roll on-Roll off. É um
segmento específico dentro do universo da navegação. Numa tradução livre, Roll on-Roll
off significa rolar para dentro-Rolar para fora. Uma definição mais acurada seria navio
de “carga rolante”, ou seja, aquela que embarca e desembarca do navio rolando, seja
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em cima de suas próprias rodas (ou lagartas), seja em cima de um equipamento
específico para isso.

Diferentemente do navio transportador de contêiner, o navio Ro Ro é todo


fechado. É como se fosse um grande estacionamento vertical com várias rampas
internas onde, na maioria das vezes, é possível ajustar a altura dos andares de acordo
com o tipo de carga.

Fonte: https://www.allships.com.br/servicos/cargas-ro-ro/

Navio Porta-Contêineres

Os navios porta-contêineres se tornaram a principal forma de transporte de


produtos manufaturados em todo o mundo. Ou seja, um contêiner tem um tamanho
padrão para simplificar o transporte e pode ser transferido entre caminhão, trem e navio
com relativa facilidade. Em particular, os contêineres podem acomodar qualquer coisa,
desde alimentos a equipamentos elétricos e automóveis. Os contêineres também são
utilizados para o transporte de mercadorias ensacadas e paletizadas, líquidos e cargas
refrigeradas.

Os navios porta-contêineres são compostos por vários porões, cada um equipado


com "guias de células" que permitem que os contêineres se encaixem no lugar. Cada
contêiner é então preso ao vaso e um ao outro para fornecer estabilidade. Depois que
as primeiras camadas de contêineres são carregadas e as escotilhas fechadas, camadas
extras são carregadas no topo.

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Os contêineres são geralmente carregados por guindastes especializados ou de
uso geral com acessórios de levantamento de contêineres, mas alguns navios de
contêineres pequenos são equipados para permitir o auto carregamento e
descarregamento.

Fonte: https://www.marinha.mil.br/noticias/grupo-tecnico-pib-do-mar-e-criado-durante-
sessao-ordinaria-da-cirm

1.2 Embarcações offshore (apoio às plataformas)


A navegação offshore fornece apoio logístico necessário para as unidades de
extração e refino de petróleo. Apesar deste apoio poder ser feito por via aérea, com a
utilização de helicópteros que transportam pessoas e pequenas cargas, é pelo meio
marítimo que se encontra a principal via de abastecimento das plataformas, sua
conexão com o mundo onshore (em terra).

No começo das operações de perfuração em alto mar, nas décadas de trinta e


cinquenta na Venezuela e golfo do México, as embarcações de suporte não passavam
de balsas para uso geral. Com o passar do tempo, estas embarcações foram tornando-
se cada vez mais sofisticadas e especializadas, custando, em virtude da tecnologia que
possuem, centenas de milhares de dólares aos seus armadores.

Abaixo encontra-se uma lista dos principais tipos de embarcações para apoio
offshore e suas funções:

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AHTS (Anchor Handling and Tug Supply)

Embarcações muito potentes que atuam primariamente no manuseio e na


recuperação de âncoras além de exercer a função de rebocador, podendo ser usado
para operações de transporte de cargas gerais, graças a seu grande convés principal.
Além disso podem vir a ser equipadas para lidar com situações como contenção de óleo,
combate a incêndio, resgate e apoio a operações de mergulho ou perfuração.

Fonte: https://marineinzynieriagleam.com/vessels/vard-2-series-anchor-handling-
vessels/index.html

PSV (Platform Supply Vessel)

São embarcações usadas para o abastecimento das plataformas de petróleo,


tendo um extenso deck e grande número de tanques abaixo dele. Elas transportam todo
tipo de suprimentos, equipamentos, água doce, comida, peças etc. São, assim como os
AHTS, muito potentes, porém com maior manobrabilidade graças a seus propulsores de
proa.

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Fonte: https://www.marinetraffic.com/pt/ais/details/ships/shipid:/vessel:CBO_ATLANTICO

SV (Mini Supply Vessel)

Assim como os PSV, são embarcações que transportam suprimentos gerais para
as plataformas. Possuem as mesmas características que os PSV, porém com um
tamanho reduzido.

Fonte: https://petrobras.com.br/fatos-e-dados/limpeza-das-praias-no-nordeste-veja-nosso-
esclarecimento-sobre-manchas-de-oleo.htm

FSV (Fast Supply Vessel)

Embarcações do tipo FSV são caracterizados, assim como o PSV, por uma grande
capacidade de carga. Porém, possui uma distinção, por ter um casco mais leve que os
demais navios de suprimento e motores mais potentes é bem mais veloz, sendo por isso
utilizada para cargas que necessitam ser entregues com urgência à determinada
plataforma.

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Fonte: https://www.nauticexpo.com/pt/prod/incat-crowther/product-34070-465766.html

CREWBOAT

São embarcações ligeiras de pequeno porte utilizadas exclusivamente no


transporte de tripulação e outras equipes que atuam na plataforma.

Fonte: https://www.bmt.org/vessel-design-portfolio/vessel/2502/42m-Crew-Boat

ORSV (Oil Recovery Supply Vessel)

São embarcações específicas que servem para monitorar, detectar e combater o


derramamento de petróleo e seus derivados. Sendo dotadas de modificações como
sistema elétrico blindado e filtragem de ar em todos os compartimentos para poderem

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operar dentro da mancha de óleo, onde os vapores de petróleo representam um grande
risco.

Fonte: https://bramoffshore.com.br/embarcacoes-servicos/

Fonte: https://comoinvestir.thecap.com.br/acao-da-oceanpact-opct3-estreia-na-b3-com-alta

RSV (Remotely Supply Vessel)

É uma embarcação de apoio à pesquisa, atuando na coleta de muitos tipos de


dados, desde leituras sísmicas à análise de materiais.

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Fonte: https://www.offshore-mag.com/subsea/article/14178889/fugro-inspects-corrib-gas-
field-subsea-structures-offshore-ireland

ROV Supply Vessel

São embarcações de apoio especializadas no uso de veículos de operação remota


(Remotely Operated Vehicle – ROV). Estes veículos remotos são usados para montar
equipamentos submarinos, coletar matérias para análise e posicionamento de sensores.

Fonte: https://www.jornalpelicano.com.br/2015/03/embarcacoes-de-apoio-maritimo-offshore-
conheca-um-pouco-desse-universo/rsv-rov-research-supply-vessel-and-rov-support-vesselfonte-google-
imagens/

DSV (Diving Supply Vessel)

Embarcações especializadas no apoio a operações de mergulho, tendo como


equipamento principal os sistemas de monitoramento dos mergulhadores e as câmaras
de descompressão a bordo, podendo também operar ROV’s em suporte aos
mergulhadores e pequenos guindastes para auxiliar no manuseio de equipamentos
pesados.

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Fonte: https://gcaptain.com/helix-introduction-intervention/

WSV (Well Stimulation Vessel)

São embarcações empregadas na estimulação de poços de petróleo por meio da


injeção de ar comprimido ou água, este tipo de operação visa aumentar a produtividade
do poço.

Fonte: https://www.slb.com/completions/stimulation/frac-and-flowback-equipment/deepstim-
vessels

PLSV (Pipe Laying Supply Vessel)

São embarcações complexas de se operar pelo seu alto grau de especialização.


Dotadas de equipamentos sofisticados para o reconhecimento topográfico do fundo é
usada no lançamento de linhas rígidas e flexíveis para o transporte de produto, seja claro
ou escuro.

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Fonte: https://clickpetroleoegas.com.br/subsea-7-ganha-contrato-offshore-em-trinidad-e-
tobago/

MPSV (Multi-Purpose Supply Vessel)

São barcos capazes de executar uma ampla gama de tarefas. De operações de


abastecimento, reboque e manejo de âncora a pesquisa e resgate o MPSV pode executar
qualquer função na manutenção das operações em um campo de petróleo.

Fonte: http://www.redebim.dphdm.mar.mil.br/vinculos/000005/0000050f.pdf

LH (Line Handling Vessel)

Pequenas embarcações utilizadas em operações envolvendo o manuseio de


espias.
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Fonte: https://southerly.com.au/design/lawek-scarlet-1-vessel-design/

TS (Tug Supply Vessel)

Embarcação pequena com imensa potência usada como reboque junto às


plataformas. Pode também transportar pequena quantidade de suprimentos em seu
deck.

Fonte: http://www.estaleirob3.com.br/produtos/rebocadores-e-offshore/

Tendo visto um pouco das funções das embarcações offshore, podemos ter a
real dimensão da diversidade de embarcações envolvidas nas operações de apoio
marítimo e sua importância para o funcionamento próprio das plataformas.

1.3 Embarcações de pesca


Barcos de pesca – São aparelhados especialmente para a pesca; possuem
câmaras frigoríficas para acondicionamento do pescado.

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Fonte: https://www.marinetraffic.com/en/ais/ships/shipid:457985/vessel:SCH_63_QUO_VADIS

1.4 Embarcações fluviais


São embarcações, normalmente, utilizadas em águas abrigadas, como barcaças,
dragas e empurradores. Tem como característica principal o pequeno calado.

Fonte: http://www.shoptrans.com.br/noticias/mercado/transportes-bertolini-comemora-40-
anos-historia-3344

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2 ASPECTOS BÁSICOS SOBRE A CONSTRUÇÃO DAS EMBARCAÇÕES
Uma embarcação é uma estrutura feita de madeira, concreto, ferro, aço ou uma
combinação desses e de outros materiais, projetada para flutuar e transportar pessoas
e mercadorias sobre a água.

2.1 Partes de uma embarcação


O casco é o corpo do navio sem mastreação, ou aparelhos acessórios, ou
qualquer outro arranjo. Geralmente os cascos de embarcações são simétricos, ou seja,
possuem um plano de simetria chamado plano diametral, que passa pelo eixo da quilha.

Fonte: https://www.noticiasdemineracao.com/tag/polaris-shipping/

A forma do casco influencia as características náuticas do navio, como minimizar


a resistência à propulsão, manobrabilidade e estabilidade.

A proa é a parte anterior do navio na direção de seu curso normal. Possui um


formato adequado para melhor fender a água do oceano.

Fonte: https://seagirl.pt/navios/proa-de-bolbo/

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A popa é a parte traseira do navio. A água flui para as cavidades que o navio cria
à medida que se move, e a forma é adequada para o movimento eficiente do leme e da
hélice.

Fonte: https://tnpetroleo.com.br/noticia/casco-da-p-74-realiza-primeira-manobra-para-
conversao/

Os bordos são as duas partes onde o casco é dividido por um plano diametral.
Esses são os lados do navio. O lado direito é chamado de Boreste (BE) e o lado esquerdo
é chamado de Bombordo (BB). Isso pressupõe que o observador está olhando para a
proa.

Fonte: https://ministeriodadefesablog.wordpress.com/2016/03/04/6-termos-utilizados-a-
bordo-dos-navios-da-marinha-que-voce-precisa-conhecer/

Uma superestrutura é uma estrutura erguida no convés principal, estendendo-


se ou não de um bordo a outro, e cuja cobertura é geralmente outro convés.

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Fonte: https://pt.dreamstime.com/foto-de-stock-superestrutura-no-petroleiro-image67738378

O castelo é a superestrutura na extremidade da proa.

O tombadilho é a superestrutura na extremidade da popa e também possui uma


borda elevada.

Fonte: http://www.redebim.dphdm.mar.mil.br/vinculos/000006/00000695.pdf

As bochechas são partes curvas do costado de um bordo (lado) e de outro, junto


à proa, assim temos a Bochecha de Boreste (BE) – 045° e a Bochecha de Bombordo (BB)
- 315°

O través uma posição aproximada à meio navio, corresponde aos 090° para o
través de BE e aos 270° para o través de BB.

As alhetas são as partes do costado de um bordo e de outro. A alheta de BE


corresponde aos 135° e a alheta de BB aos 225°.

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Fonte: https://www.eboat.com.br/nautica/download/marinharia.pdf

Meia Nau (MN) é a parte do costado compreendida entre a proa e a popa;

O bico de proa é a parte extrema da proa de uma embarcação;

A VANTE / A RÉ: é de vante ou está a vante (AV), quando está na proa. É de ré


ou está a ré (AR), quando está na popa;

As obras vivas correspondem a parte do costado que fica imersa, abaixo da linha
d’água;

As obras mortas correspondem a parte do costado que fica emersa, acima da


linha d’água;

Fonte: http://www.uezo.rj.gov.br/tcc/cn/Felipe-Rodolfo-Ferreira-da-Silva.pdf

A borda é o limite superior do costado.

A borda falsa é o parapeito da embarcação no convés, sua finalidade é proteger


as pessoas e evitar que materiais caiam no mar.

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Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=ebXyuljdR5U

A linha d’água é a faixa pintada com tinta especial no casco da embarcação, de


proa a popa.

2.2 Dimensões lineares de uma embarcação


O comprimento total de uma embarcação é a distância medida, paralelamente
à linha-d’água projetada, entre os pontos mais salientes da roda de proa e do cadaste.
Algumas vezes este comprimento toma uma significação particular, e se refere ao
comprimento máximo do navio, ou às dimensões necessárias para o conter num cais ou
num dique seco e deve então incluir as peças da estrutura acima referidas.

O comprimento entre perpendiculares é a distância entre as perpendiculares a


vante e a ré. De acordo com estas definições, o comprimento entre PP é o comprimento
medido pelo construtor naval, ao projetar o navio e ao traçar o desenho de linhas.

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=pVnJLY1C6L4

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A boca é a largura da seção transversal a que se referir; a palavra boca, sem
referência à seção em que foi tomada, significa a maior largura do casco. Meia boca é a
metade da boca.

A boca moldada é a maior largura do casco medida entre as faces exteriores da


carena, excluindo a espessura do chapeamento, ou seja, é a maior largura do casco
medida entre as superfícies moldadas.

O pontal moldado, ou simplesmente pontal é a distância vertical medida sobre


o plano diametral e a meia-nau, entre a linha reta do vau do convés principal e a linha
da base moldada.

O calado, em qualquer ponto que se tome, é a distância vertical entre a


superfície da água e a parte mais baixa do navio naquele ponto.

Fonte: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/211365/001113924.pdf

O calado de um navio varia desde o calado mínimo, que corresponde à condição


de deslocamento leve, e o calado máximo, que corresponde à condição de
deslocamento em plena carga; calado normal é o que o navio tem quando está em seu
deslocamento normal.

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2.3 Partes estruturais de uma embarcação
A quilha é constituída por uma peça maciça de seção retangular (barra), com o
lado maior da seção disposto verticalmente. Sobre as faces verticais desta quilha são
cravadas as duas primeiras chapas do chapeamento externo do casco (chapas do
resbordo).

Nos navios modernos de qualquer classe se adota a quilha chata. Além da


simplicidade de construção, tem as vantagens de evitar um aumento de calado e dar
menor resistência do casco aos movimentos de avanço do navio. Entretanto, a quilha
chata torna mais fácil o movimento de balanço do navio e dá ao casco maior amplitude
de balanço. Para minimizar este inconveniente, pode-se empregar, em algumas
embarcações bolinas ou quilhas de balanço.

Fonte: https://www.marinha.mil.br/dpc/sites/www.marinha.mil.br.dpc/files/Cap6_2005.pdf

Fonte: https://www.marinha.mil.br/dpc/sites/www.marinha.mil.br.dpc/files/Cap6_2005.pdf

As Longitudinais ou longarinas são vigas engastadas de proa a popa


perpendicularmente às cavernas, tendo duas funções principais: (1) como peças da viga
do navio, concorrem para a resistência aos esforços longitudinais; e (2) como vigas
individuais, resistem aos esforços locais do navio no mar, à pressão da água, e aos pesos
que o navio suporta.

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Fonte: https://www.marinha.mil.br/dpc/sites/www.marinha.mil.br.dpc/files/Cap6_2005.pdf

As sicordas são as longarinas do convés e das cobertas.

Fonte: https://www.marinha.mil.br/dpc/sites/www.marinha.mil.br.dpc/files/Cap6_2005.pdf

O trincaniz é constituído, em cada chapeamento do convés ou das


cobertas, pela fiada de chapas mais robustas colocadas sobre os topos dos vaus,
de proa à popa. As chapas do trincaniz do convés são invariavelmente mais
grossas que as outras chapas do chapeamento deste piso.

Fonte: https://www.marinha.mil.br/dpc/sites/www.marinha.mil.br.dpc/files/Cap6_2005.pdf

As cavernas, além de dar forma ao casco e de sustentar o chapeamento exterior,


estas constituem, juntamente com os vaus, os elementos estruturais transversais da
estrutura do casco, destinados a resistir aos esforços nesse sentido.

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Fonte: https://www.marinha.mil.br/dpc/sites/www.marinha.mil.br.dpc/files/Cap6_2005.pdf

As hastilhas são as partes das cavernas que fazem a ligação entre a quilha e o
bojo da embarcação. As hastilhas são, na sua forma mais simples, constituídas por uma
chapa vertical estendendo-se desde a quilha até a curvatura do bojo do casco.

Fonte: https://www.marinha.mil.br/dpc/sites/www.marinha.mil.br.dpc/files/Cap6_2005.pdf

Os vaus constituem os reforços transversais dos conveses e servem de atracação


entre os dois braços das cavernas (balizas, de um a outro bordo).

Os gigantes são cavernas reforçadas contínuas, formando anéis com os vaus


reforçados do convés e das cobertas. Os gigantes têm geralmente uma largura três ou
quatro vezes maior que a largura de uma caverna ordinária e podem ter furos de alívio.

As anteparas tem como função principal a subdivisão dos espaços internos do


casco. Algumas anteparas adquirem maior importância na estrutura do navio, são as

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anteparas estanques, que têm por fim dividir o volume interior do casco em certo
número de compartimentos estanques à água, para que possa ser mais facilmente
localizado qualquer veio d’água e reduzidos os seus efeitos.

Fonte: https://www.marinha.mil.br/dpc/sites/www.marinha.mil.br.dpc/files/Cap6_2005.pdf

Os prumos e travessas são os reforços das anteparas. Tal como os chapeamentos


dos conveses e o exterior do casco, as anteparas recebem um sistema de reforços, para
limitar a flexão. Estes reforços devem correr numa só direção, isto é, ou são verticais
(prumos) ou são horizontais (travessas). Sempre que possível, os prumos devem estar
em linha com uma sicorda ou uma longitudinal do fundo. Do mesmo modo, as travessas
devem estar em linha com as longitudinais dos costados. Isto permite que eles sejam
adequadamente engastados nos extremos.

Fonte: https://www.marinha.mil.br/dpc/sites/www.marinha.mil.br.dpc/files/Cap6_2005.pdf

O duplo-fundo é um chapeamento estanque colocado na parte interna do


cavername, no fundo da embarcação. Ele se estende longitudinalmente por quase todo

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o comprimento do navio e transversalmente até o bojo, estabelecendo, com o
chapeamento exterior do fundo da carena, o espaço que é chamado duplo-fundo, ao
qual serve de teto. As principais funções são: aumenta a segurança do navio contra o
alagamento; limita o alagamento em caso de avaria do casco, pois o espaço no
duplofundo é subdividido; aumenta sensivelmente a resistência do casco contra os
esforços que tendem a alquebrá-lo no sentido longitudinal; estabelece um grande
número de compartimentos estanques que podem ser utilizados para tanques de óleo,
água para lastro etc.; e permite compensar convenientemente o navio no caso de ele
adquirir uma inclinação anormal no sentido longitudinal ou no sentido transversal, o que
é feito pela admissão de água em certos compartimentos do duplo-fundo.

Fonte: https://www.marinha.mil.br/dpc/sites/www.marinha.mil.br.dpc/files/Cap6_2005.pdf

2.4 Equipamentos de convés


Os cabeços são colunas de ferro, de pequena altura, montadas na maioria das
vezes aos pares e colocadas geralmente junto à amurada ou às balaustradas; servem
para dar-se volta às espias e cabos de reboque.

Fonte: https://www.nauticexpo.com/boat-manufacturer/ship-bitt-22927.html
29
O cunho é uma peça de metal, em forma de bigorna, que se fixa nas amuradas
do navio, nos turcos, ou nos lugares por onde possam passar os cabos de laborar, para
dar-se volta neles.

Fonte: https://www.marinedocksystems.com.au/cleats.htm

O olhal é um anel de metal; pode ter haste, e é aparafusado, cravado ou soldado


no convés no costado, ou em qualquer parte do casco, para nele ser engatado um
aparelho ou amarrado um cabo.

Fonte: https://www.marinha.mil.br/dpc/sites/www.marinha.mil.br.dpc/files/Cap1_2005_0.pdf

Arganéu é um olhal tendo no anel uma argola móvel, que pode ser circular ou
triangular.

Gaiúta é estrutura metálica, tendo abas envidraçadas, que cobrem as escotilhas


destinadas à entrada de ar e luz para os compartimentos.

30
Fonte: https://www.artstation.com/artwork/aKnz0

Âncora é peça do equipamento que, lançada ao fundo do mar, faz presa nele e
aguenta o navio a que se acha ligada por meio da amarra.

Fonte: https://br.pinterest.com/pin/9499849191120034/

Amarra é uma corrente especial constituída por elos com malhete (estai)
utilizada para talingar a âncora com que se aguenta o navio num fundeadouro.

31
Fonte: https://www.turbosquid.com/pt_br/3d-models/rusty-ship-anchor-chain-3d-model-
1332822

2.5 Aparelho de fundear e suspender


Compreende a máquina de suspender (cabrestante ou molinete utilizado para
içar a âncora) e os acessórios que aguentam a amarra, tais como a abita, o mordente e
a boça da amarra.

Cabrestante é um aparelho constituído por um tambor vertical comandado por


motor elétrico, podendo também ser manobrado à mão; é situado num convés e serve
para alar uma espia ou para suspender a amarra, fazendo parte, neste caso, do aparelho
de fundear e suspender.

Fonte: https://www.nauticexpo.com/pt/prod/dmt-marine-equipment-sa/product-69579-
514893.html

Molinete é um aparelho constituído por um ou dois tambores (saias) ligados a


um eixo horizontal comandado por motor elétrico; é situado num convés e serve para
alar uma espia, o tirador de um aparelho de içar etc., e também para suspender a
amarra, neste caso fazendo parte do aparelho de suspender.
32
Fonte: http://www.strauhs.com.br/server.php/br/prod_det/equipamentos_navais_-
_offshore/guinchos_e_equipamentos_de_conves/molinetes-guinchos_de_atracacao_combinados16

Mordente é uma peça fixa no convés para aguentar a amarra, mordendo-a em


um dos elos; faz parte do aparelho de fundear.

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/search/sturmtiger

2.6 Aberturas no casco


Bueiros são furos feitos nas hastilhas, de um e de outro lado da sobrequilha, ou
nas longarinas, a fim de permitir o escoamento das águas para a rede de esgoto.

33
Fonte: https://rbna.org.br/arquivos2016/Grupo10/Titulo%2011/ParteIITitulo11Secao2.pdf

Escotilhas são aberturas geralmente retangulares, feitas nos conveses e nas


cobertas, para passagem de ar e luz, pessoal e carga.

Fonte: https://www.jornalpelicano.com.br/2016/04/tipos-e-designs-de-tampas-de-escotilha/

Agulheiro é uma pequena escotilha, circular ou elíptica, destinada ao serviço de


um paiol, praça de máquinas etc.

34
Fonte: https://docplayer.com.br/75619108-Marinha-do-brasil-colegio-naval.html

Escotilhão nome dado a uma abertura feita em um convés. É de dimensões


menores que uma escotilha. Nos navios mercantes as escotilhas que se destinam à
passagem do pessoal chamam-se escotilhões.

Fonte: http://www.estiva-es.com.br/pdf/renan.pdf

Vigias são aberturas no costado ou na antepara de uma superestrutura, de forma


circular, para dar luz e ventilação a um compartimento. As vigias são guarnecidas de gola
de metal na qual se fixam suas tampas.

35
Fonte: http://diariogaucho.clicrbs.com.br/rs/noticia/2015/03/ex-marinheiro-vira-vigia-de-
navio-em-desuso-atracado-nas-margens-do-guaiba-4724579.html

Olho-de-boi é uma abertura no convés ou numa antepara, fechada com vidro


grosso, para dar claridade a um compartimento.

Fonte: https://www.canstockphoto.com.br/janela-redondo-foguete-51577646.html

Gateiras são aberturas feitas no convés por onde as amarras passam para o paiol.

Escovém é cada um dos tubos ou mangas de ferro por onde gurnem as amarras
do navio, do convés para o costado.

36
Fonte: https://docplayer.com.br/72808091-Introducao-a-ciencia-nautica.html

Embornal é uma abertura para escoamento das águas de baldeação ou da chuva,


feita geralmente no trincaniz de um convés ou uma cobertura acima da linha-d’água, e
comunicando-se com uma dala; assim as águas não sujam o costado do navio. Algumas
vezes os embornais do convés são feitos na borda, junto ao trincaniz.

Fonte: https://www.dicionariotecnico.com/traducao.php?termo=scupper

Portaló é a abertura feita na borda, ou passagem nas balaustradas, ou, ainda,


aberturas nos costados dos navios mercantes de grande porte, por onde o pessoal entra
e sai do navio, ou por onde passa a carga leve. Há um portaló de BB e um portaló de BE.

37
Fonte: http://lmcshipsandthesea.blogspot.com/2015/04/escada-do-portalo.html

2.7 Principais compartimentos da embarcação


Porão é o espaço compreendido entre a última coberta e o fundo do navio. Todos
os navios geralmente têm um duplo fundo que é um espaço entre o piso do porão e o
fundo propriamente dito onde encontramos diversos espaços chamados de tanques. Os
porões são numerados de vante para ré.

Fonte: http://salvador-nautico.blogspot.com/2020/06/porao.html

Tanques são os compartimentos, geralmente no duplo fundo ou lateralmente,


destinados ao armazenamento de combustível líquido, água, óleo ou qualquer outro
fluido. Há também os tanques de lastro líquido onde se coloca água do mar para lastrar
o navio.

38
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Navio-tanque

Paióis – os compartimentos geralmente situados no porão onde se guardam


mantimentos, sobressalentes, artigos diversos destinados aos serviços do navio, etc. são
chamados de paióis. Os paióis levam a designação do fim a que se destinam, Exemplo:
paiol de mantimentos, paiol de tintas, etc.

Paiol da amarra é o compartimento que fica na proa onde se aloja a amarra do


navio.

Fonte: https://www.eboat.com.br/nautica/download/marinharia.pdf

Passadiço é o local onde fica o comando e o controle do navio no mar e é de


onde o comandante do navio dá as ordens necessárias. O passadiço possui diversos
equipamentos destinados ao governo do navio.

39
Fonte: https://wilsonroque.blogspot.com/2017/05/marinha-sem-marinheiros.html

Tijupá é o nome dado ao convés imediatamente acima do passadiço. É também


o convés mais alto do navio.

Fonte: http://santosshiplovers.blogspot.com/2011/11/nm-maestra-pacifico-elrj6-em-sua.html

Praça de Máquinas é o compartimento onde está instalada a máquina


propulsora, os geradores, as bombas diversas, os quadros elétricos, etc.

Fonte: https://www.portosenavios.com.br/noticias/navegacao-e-marinha/ano-de-incertezas-2
40
Compartimentos Habitáveis são os compartimentos onde vivem os tripulantes
de um navio. São eles: camarotes, câmara do comandante, refeitórios, etc.

Fonte: https://docplayer.com.br/46443034-Desenho-de-construcao-naval.html

Máquina do leme é o compartimento a ré onde fica localizado o equipamento


destinado a controlar o leme.

Fonte: http://www.redebim.dphdm.mar.mil.br/vinculos/000018/00001815.pdf

41
3 TRABALHOS MARINHEIROS
3.1 Tipos de cabos
Os cabos, de um modo geral, podem ser classificados, segundo a matéria-prima
utilizada em sua confecção, em cabos de fibra ou de aço.

• Os cabos de fibras naturais – São confeccionados com as fibras do caule


ou das folhas de algumas plantas têxteis, tais como manilha, sisal, linho
cânhamo, linho cultivado, coco, juta e algodão. Atualmente, os cabos de
fibras naturais mais empregados a bordo são confeccionados com
manilha e sisal; e
• Os cabos de fibras sintéticas – São os cabos confeccionados com matéria
plástica, entre elas náilon, polipropileno, polietileno, poliéster e kevlar.
• Os Cabos de aço – São confeccionados principalmente com fios de arame
de aço, podendo ser utilizado o ferro na confecção de cabos de qualidade
inferior.

A fabricação dos cabos é realizada pela união e torção de determinado número


de fios primários, formando os fios que, no cabo, tomam o nome de fios de carreta.
Esses, reunidos e retorcidos, também em certo número, mas em sentido contrário ao
anterior, formam as pernas (cordões) do cabo, que são reunidas, torcidas ou trançadas.
Três ou quatro pernas, torcidas todas juntas e em sentido inverso ao anterior, formam
um cabo. O cabo assim confeccionado chama-se cabo de massa, e é sempre formado de
três ou quatro pernas, qualquer que seja sua bitola. Se fizermos um novo cabo composto
de três destes cabos de massa, teremos um cabo calabroteado.

Fonte: https://www.marinha.mil.br/dpc/sites/www.marinha.mil.br.dpc/files/Cap7_2005.pdf

42
Fonte: https://www.marinha.mil.br/dpc/sites/www.marinha.mil.br.dpc/files/Cap7_2005.pdf

3.2 Como colher um cabo


Chama-se colher um cabo arrumá-lo em aducha, a fim de que ele não possa ficar
enrascado e tenha sempre os chicotes livres; isto, além de mostrar um serviço bem
marinheiro, deixa o cabo pronto, em qualquer ocasião, para uso imediato. Existem três
modos de colher um cabo, quais sejam:

Colher um cabo à manobra – Depois de ter sido desbolinado, o cabo é colhido


no convés, a começar pelo seio, em voltas circulares para a direita, umas sobre as outras,
constituindo um pandeiro. Este pandeiro é, depois, sobrado, isto é, virado a fim de que
o seio do cabo fique do lado de cima, e o chicote embaixo.

Fonte: https://www.marinha.mil.br/dpc/sites/www.marinha.mil.br.dpc/files/Cap7_2005.pdf

Colher um cabo à inglesa – Para colher um cabo à inglesa, dão-se voltas


concêntricas sobre o convés, a começar do seio que deu voltas no cunho ou na
malagueta. As voltas são dadas no sentido do movimento dos ponteiros de um relógio
(para os cabos cochados para a direita), a partir da maior, não ficando bem unidas, de
43
modo que a aducha apresente um tamanho bem maior do que realmente vai ter.
Quando se chegar ao chicote, que fica no centro da aducha, unem-se as voltas menores
e gira-se o conjunto, de modo a ir unindo todas as voltas anteriormente dadas.

Fonte: https://www.marinha.mil.br/dpc/sites/www.marinha.mil.br.dpc/files/Cap7_2005.pdf

Colher em cobros – Começa-se pelo seio do cabo (ou por um dos chicotes, se
ambos estiverem livres), dando-se dobras sucessivas que vão sendo colocadas
paralelamente umas às outras, até ser atingido o chicote. A essas dobras chama-se
cobros. As correntes e amarras são sempre colhidas em cobros, quando colocadas sobre
o convés para limpeza ou pintura. As espias de grande bitola também são colhidas desta
maneira. Como regra geral, quando se colhe um cabo à manobra, ou em cobros, deve-
se deixar para cima o chicote, ou o seio, conforme o exija a utilização imediata mais
provável do cabo.

Fonte: https://www.marinha.mil.br/dpc/sites/www.marinha.mil.br.dpc/files/Cap7_2005.pdf

3.3 Uso e conservação dos cabos


Nunca se deve tentar um esforço máximo no cabo que já tenha sofrido uma única
vez uma tensão próxima de sua carga de ruptura, nem no cabo que já tenha sido usado
44
em serviço contínuo, sob esforços moderados, isso porque, em razão do limite de
elasticidade, as fibras escorregam um pouco umas sobre as outras, apesar da cocha, e
às vezes se partem.

Quando chover, as espias deverão ser colhidas sobre um xadrez de madeira mais
alto que o convés, e os tiradores das talhas colocados nos cunhos dos turcos ou na
balaustrada de modo que, estando molhados, possa a água escorrer e eles receberem
ventilação.

Nas baldeações, evite que os cabos sejam molhados pela água salgada; a
umidade aumenta de 10% a resistência dos cabos de fibra e a manilha resiste bem à
ação corrosiva da água, o que, entretanto, não implica molhar os cabos.

Os cabos devem ser guardados em paióis bem ventilados e secos; os paióis do


Mestre, colocados geralmente próximos ao compartimento de colisão, no bico de proa,
não satisfazem estes requisitos. Os cabos aí conservados devem ser levados,
rotineiramente, ao convés para tomar um banho de sol, só regressando ao paiol quando
estiverem bem secos.

Não se deve alar os cabos arrastando-os sobre um chão áspero, arenoso ou sobre
pedras; isto faz cortar algumas fibras externas, enfraquecendo o cabo. Se uma espia
ficou suja de lama, deve-se lavá-la com água doce. Não deixe que os cabos fiquem
roçando uns aos outros, ou num balaústre, ou em arestas; não permita que trabalhem
em roldanas de tamanho menor que o indicado.

3.4 Termos náuticos referentes aos cabos e sua manobra


Aguentar sob volta – Segurar um cabo que esteja portando, dando uma, duas ou
mais voltas redondas para mantê-lo sob mão.

Alar – Exercer tração num cabo para executar qualquer manobra.

Alar de leva-arriba – Alar caminhando sem parar.

Alar de lupada – Alar aos puxões, com os intervalos necessários para que o
pessoal mude a posição das mãos ao longo do cabo. Lupada é cada um dos puxões
dados.
45
Alar de mão em mão – Alar o cabo seguidamente, sem o pessoal sair do lugar,
pagando-o alternadamente com uma ou outra mão.

Aliviar um cabo, um aparelho – É folgá-lo pouco a pouco.

Arriar um cabo – Largar, aos poucos, um cabo que suspende ou aguenta


qualquer peça.

Arriar um cabo sob volta – Consiste em não desfazer totalmente as voltas,


podendo ser aguentadas quando preciso.

Boça – Pedaço de cabo ou de corrente empregado para aboçar.

Brandear – Folgar um cabo, uma espia, uma amarra etc.; tornar brando um cabo;
dar seio a um cabo que esteja portando.

Coçado – Diz-se de um cabo que está ferido em consequência do atrito.

Colher o brando – Alar um cabo que esteja com seio até que fique sem folga;
rondar um cabo.

Colher um cabo – Arrumá-lo em aduchas; “quem dá volta colhe o cabo”.

Desbolinar um cabo – Tirar-lhe as cocas.

Desencapelar – Tirar as encapeladuras; tirar um aparelho de onde está


amarrado.

Desgurnir – Tirar os cabos de laborar dos lugares em que estão trabalhando;


desfazer talhas, teques e estralheiras.

Desengastar – Tirar um corpo estranho que o poleame tenha engolido com o


cabo que nele labora, ou desfazer uma coca que tenha mordido no gorne.

Dobrar a amarração – Aumentar o número de pernadas das espias para amarrar


um navio no cais ou a outro navio.

Engasgar – Diz-se de um cabo que, passando por um gorne ou um retorno


qualquer, fica impedido de correr em consequência de nós, cocas, cordões
arrebentados, ou qualquer corpo estranho.
46
Enrascar – Diz-se dos cabos, velas etc. que se embaraçam entre si de modo a não
poderem trabalhar regularmente.

Espia – Cabo grosso que se lança de um navio para terra ou para outro navio, a
fim de amarrá-lo.

Fiéis – Cabos finos com que se prendem quaisquer objetos, tais como as fundas
dos escaleres, as defensas etc.

Gurnir – Meter um cabo num gorne, olhal etc., ou passá-lo num cabrestante ou
num retorno.

Largar por mão um cabo – Largá-lo completamente, desfazendo as voltas que


possam segurá-lo.

Peias – Nome que tomam os cabos quando prendem a bordo quaisquer peças
ou objetos, a fim de evitar que eles se desloquem com o jogo do navio. Pear é prender
qualquer objeto o amarrando com peias.

Recorrer – Folgar. Deixar que arriem os cabos ou a amarra o quanto for


necessário para aliviá-los.

Rondar – É alar um cabo ou o tirador de uma talha até que fique portando.

Safar cabos – Colher os cabos nos seus respectivos lugares depois de concluída
uma manobra, para desembaraçar ou safar o navio; deixar os cabos claros à manobra.

Solecar – Dar um brando ao cabo, arriando-o um pouco; aliviar o peso ou esforço;


dar mais folga ao seio.

Tesar – Esticar um cabo.

Virador – É um cabo grosso, em geral de aço, empregado para reboque,


atracação ou mesmo para fundear com ancorote.

3.5 Nós e voltas


São os diferentes entrelaçamentos feitos a mão e pelos quais os cabos se
prendem pelo chicote ou pelo seio. Se dados corretamente aumentam de resistência

47
quando se porta pelo cabo; entretanto, podem ser desfeitos com facilidade pela mão do
homem. Se maldados, podem recorrer no momento em que é aplicado um esforço
sobre o cabo, e são às vezes difíceis de desfazer, por ficarem mordidos.

Nó Direito - utiliza-se para unir dois cabos da mesma espessura.

Fonte: https://www.istockphoto.com/br/vetor/pra%C3%A7a-n%C3%B3-gm-1073033

Nó Direito Alceado - como o Nó Direito simples é utilizado para unir dois cabos
da mesma espessura, porém possuí uma alça que desata o nó quando puxada.
Geralmente é usado quando o nó direito não é permanente e precisará ser desfeito mais
tarde.

Fonte: https://sites.google.com/a/qi64.com/sempre-alerta/tecnicas-escoteiras/nos-e-
amarraras

Nó de Escota - utiliza-se para unir dois cabos de diferente espessura.

Nó de Escota Alceado mesma utilidade do escota, só que mais fácil de desatar.


É muito utilizado para prender bandeiras na adriça.

48
Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/16357888/

Nó de Correr - serve para fazer uma alça corrediça em um cabo.

Fonte: https://desbravadores.fandom.com/wiki/N%C3%B3_Corredi%C3%A7o

Nó em Oito - utiliza-se para evitar o desfiamento da ponta de um cabo. Utilizado


também por montanhistas para unir dois cabos (nó em oito duplo).

Fonte: https://blogdescalada.com/aprenda-a-fazer-o-nos-oito-e-lais-de-guia/

Volta da Ribeira - utilizado para prender um cabo a um bastão (tronco, galhos,


etc.) depois mantê-la sob tensão.

49
Fonte: http://knots3d.com/knots/pt_pt/26/volta-da-ribeira

Volta do Fiel - nó inicial ou final de amarras. Não corre lateralmente e suporta


bem a tensão. Permite amarrar o cabo a um ponto fixo.

Fonte: http://knots3d.com/knots/pt_pt/3/volta-do-fiel

Catau - utiliza-se para reduzir o comprimento de uma corda sem cortá-la. Serve
também para isolar alguma parte danificada do cabo, sem deixá-la sob tensão.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%B3_catau

Nó Aselha - é utilizado para fazer uma alça fixa no meio de um cabo.

50
Fonte: https://desbravadores.fandom.com/wiki/N%C3%B3_Aselha

Nó de Arnez - é utilizado para fazer uma alça fixa no meio de um cabo (sem
utilizar as pontas).

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%B3_de_arn%C3%AAs

Balso pelo Seio - serve para fazer duas alças fixas do mesmo tamanho em um
cabo.

Fonte: https://3gec-saopedro.webnode.com.br/nos-voltas-e-amarras/balsa-pelo-seio/

51
Fateixa - serve para prender um cabo a uma argola.

Fonte: http://www.lanchasavenda.com.br/conhecimentos/fateixa.html

Lais de Guia - utilizado para fazer uma alça fixa (e bastante segura) tendo em
mãos apenas uma ponta do cabo.

Fonte: https://pt.linkedin.com/pulse/cabo-guia-para-i%C3%A7amento-de-cargas-
deivid-marins

Volta Redonda com Cotes - utilizado para prender uma corda a um bastão.

Fonte:
https://sites.google.com/site/tropaviking139/home/escotismo/especialidades/habilidades-
escoteiras/pioneiria/nos/redonda-com-cotes

52
Volta do Salteador - utilizado para prender uma corda a um bastão, com uma
ponta fixa e outra que quando puxada desata o nó.

Fonte: https://mda.wiki.br/N%C3%B3_Volta_do_Fiel_Alceado

3.6 Principais tipos de estropo: cabos de fibra e de arame


Os estropos de cabo de aço ou eslingas são formados por um cabo de aço de uma
determinada metragem que em suas extremidades possuem um "laço" ou "olhal". Este
laço é utilizado para poder prender o cabo em diversas aplicações para se movimentar
cargas. Este olhal pode ou não conter uma sapatilha que protegerá o cabo de aço contra
desgastes ao içar o mesmo utilizando um gancho.

O olhal "trançado flamengo" ou com "mão francesa", é considerado o mais


seguro, pois parte de sua resistência é dado pelo trançado e não depende
exclusivamente da presilha. Mesmo antes de ser colocado a presilha de aço, o olhal já é
capaz de suportar uma carga superior à carga de trabalho do laço.

Tipos de olhal

Olhal tipo 1 - Trançado flamengo prensado com presilha de aço. Este é o tipo de
olhal mais seguro, pois parte da resistência do olhal é dado pelo trançamento e não
apenas pela presilha prensada.

53
Fonte: http://www.cabosdeacocablemax.com.br/estropos-eslingas-laco-de-cabo-de-aco.html

Olhal tipo 2 - Trançado flamengo prensado com presilha de alumínio. Este olhal
apresenta as mesmas características do olhal tipo 1, porém não é recomendado sua
utilização em altas temperaturas, em contato com águas salgadas e em contato com
superfícies abrasivas.

Fonte: http://www.cabosdeacocablemax.com.br/estropos-eslingas-laco-de-cabo-de-aco.html

Olhal tipo 3 - Trançado manualmente sem presilha. Possui menor eficiência do


que os demais tipos de olhais, não sendo recomendados em situações em que o laço
possa sofrer rotações ou cargas cíclicas.

Fonte: http://www.cabosdeacocablemax.com.br/estropos-eslingas-laco-de-cabo-de-aco.html

54
4 POLEAME, APARELHOS DE LABORAR E ACESSÓRIOS
Poleame é o conjunto de todas as peças que servem para fixar ou dar retorno
aos cabos do aparelho de um navio. Qualquer peça do poleame de laborar consiste em
uma caixa de madeira ou de metal, de forma oval, dentro da qual uma roda com um
goivado na periferia (roldana) pode girar livremente em torno de um eixo fixo (perno).
Um estropo, ou uma ferragem, sustenta a caixa, a fim de amarrá-la a um ponto fixo ou
sustentar um peso. O poleame de laborar é empregado para dar retorno aos cabos de
laborar, e consta de moitões, cadernais, patescas, polés, lebres e catarinas.

4.1 Tipos de poleame de laborar


Moitão – Consiste em uma caixa de madeira ou de metal, de forma oval, dentro
da qual trabalha uma roldana. É usado nos teques e nas talhas, e também para retorno
de um cabo.

Cadernal – Consta de uma caixa semelhante à de um moitão, dentro da qual


trabalham duas ou mais roldanas em um mesmo eixo. Os cadernais são designados
como cadernais de dois gornes ou cadernais de três gornes, de acordo com o número
de roldanas que contêm. São empregados em talhas e estralheiras.

Fonte: https://docplayer.com.br/69680326-Capitulo-9-poleame-aparelhos-de-laborar-e-
acessorios-secao-a-poleame.html

Patesca – Consta de uma caixa semelhante à de um moitão, porém mais


comprida e aberta de um lado, a fim de se poder gurnir ou desgurnir um cabo
pelo seio. A ferragem é adaptada com charneira, de modo que se pode fechar a
patesca depois de se colocar o cabo que se vai alar. Serve para retorno de um

55
cabo qualquer, sendo muito usada para este fim no tirador de um aparelho de
laborar.

Fonte: https://docplayer.com.br/69680326-Capitulo-9-poleame-aparelhos-de-laborar-
e-acessorios-secao-a-poleame.html

Catarina – É um moitão especial, de aço, para trabalhos de grande peso;


a roldana tem a bucha de bronze e é autolubrificada.

Fonte: https://docplayer.com.br/69680326-Capitulo-9-poleame-aparelhos-de-laborar-
e-acessorios-secao-a-poleame.html

Componentes de um moitão ou cadernal

As partes principais de um moitão ou cadernal são: a caixa, a roldana e o


perno. A caixa é constituída pelas paredes, que formam as partes laterais, tendo
as faces internas planas e paralelas, e pelos calços, que as separam, deixando o
espaço necessário para trabalhar a roldana e o cabo que nela labora. Este espaço
chama-se gorne.

Externamente, no sentido de seu maior comprimento, as paredes têm um


ou dois entalhes, chamados goivados, a fim de receber o estropo ou a ferragem.

As roldanas são rodas com um goivado em sua periferia, para sobre elas
trabalharem os cabos.

56
O perno é um cilindro de aço, que tem a cabeça quadrada ou poligonal;
atravessa a ferragem, o centro da caixa e a bucha da roldana, e recebe uma porca
na ponta.

Fonte: https://docplayer.com.br/69680326-Capitulo-9-poleame-aparelhos-de-laborar-
e-acessorios-secao-a-poleame.html

4.2 Aparelhos de laborar


O aparelho de laborar a um sistema composto de moitões ou cadernais,
um fixo e outro móvel, e de um cabo neles aparelhado. O cabo é chamado beta.
Um chicote deste cabo é fixo à orelha de um dos cadernais ou moitões e chama-
se arreigada fixa. O outro chicote, por onde se ala o cabo, denomina-se tirador.

Fonte: https://docplayer.com.br/69680326-Capitulo-9-poleame-aparelhos-de-laborar-
e-acessorios-secao-a-poleame.html

57
O objetivo de um aparelho de laborar é manobrar um peso com esforço
menor do que seria necessário para movê-lo com um simples cabo. Com isso,
obtém-se um ganho em força, que se denomina multiplicação de potência.
Os tipos de aparelhos de laborar mais usados são:

Teque – Formado por um par de moitões, um fixo e outro móvel. Tirador


e arreigada fixa num mesmo moitão. Multiplicação de potência teórica
(desprezando o atrito) 2 ou 3 vezes, conforme o tirador gurna no moitão fixo ou
no moitão móvel.

Fonte: https://docplayer.com.br/69680326-Capitulo-9-poleame-aparelhos-de-laborar-
e-acessorios-secao-a-poleame.html

Talha singela – Constituída por um cadernal de dois gornes e um moitão.


O cadernal de dois gornes pode ser a parte fixa ou a parte móvel. É um dos
aparelhos de laborar mais aplicados a bordo para os serviços gerais do convés. O
cadernal, de onde sai o tirador, pode ser a parte fixa ou a parte móvel do
aparelho. No primeiro caso, a multiplicação de potência teórica é de 3 vezes, e
no segundo, de 4 vezes.

58
Fonte: https://docplayer.com.br/69680326-Capitulo-9-poleame-aparelhos-de-laborar-
e-acessorios-secao-a-poleame.html

Talha dobrada – Constituída por um par de cadernais de dois gornes, ficando o


tirador e a arreigada fixa num mesmo cadernal. A multiplicação de potência teórica é de
4 ou 5 vezes, dependendo de onde saia o tirador: do cadernal fixo ou do cadernal móvel.

Fonte: https://docplayer.com.br/69680326-Capitulo-9-poleame-aparelhos-de-laborar-
e-acessorios-secao-a-poleame.html

Estralheira singela – Formada por um cadernal de três gornes e um


cadernal de dois gornes. O cadernal de três gornes pode ser a parte fixa ou a

59
parte móvel do aparelho. No primeiro caso, a multiplicação de potência teórica
é de 5 vezes, e no segundo, de 6 vezes.

Fonte: https://docplayer.com.br/69680326-Capitulo-9-poleame-aparelhos-de-laborar-
e-acessorios-secao-a-poleame.html

Estralheira dobrada – Formada por um par de cadernais de três gornes.


Tirador e arreigada fixa num mesmo cadernal. Multiplicação de potência teórica,
6 vezes, se o tirador gurne no cadernal fixo. É muito empregada nos turcos das
embarcações pesadas. Não é comum se usar estralheira dobrada com o tirador
gurnindo no cadernal móvel; neste caso, a multiplicação de potência teórica seria
7 vezes.

Fonte: https://docplayer.com.br/69680326-Capitulo-9-poleame-aparelhos-de-laborar-
e-acessorios-secao-a-poleame.html

60
5 APARELHOS DE FUNDEAR E SUSPENDER
O aparelho de fundear e suspender é constituído pelo conjunto de
âncoras, amarras, máquinas de suspender e todos os acessórios das amarras,
como manilhas, escovéns, gateiras, mordentes, boças etc.

As âncoras são comumente chamadas a bordo de os ferros do navio.


Servem para aguentar o navio no fundeadouro, evitando que ele seja arrastado
por forças externas, como ventos, correntezas ou ondas. Por efeito de seu peso
e desenho, a âncora possui a qualidade de se largada em determinado fundo do
mar, fazer presa nele; se içada pela amarra, soltar-se com facilidade.

A âncora é ligada por manilha à amarra, que é uma cadeia de elos


especiais com malhetes (nos navios pequenos, em vez de amarra, pode-se usar
corrente ou cabo de aço). A amarra sobe ao convés do navio através do escovém,
que, no caso da âncora tipo patente, aloja a haste enquanto a âncora não estiver
em uso; ela é presa ao navio, isto é, talingada no paiol da amarra.

A máquina de suspender consta de um motor elétrico ou um sistema


hidrelétrico, acionando um cabrestante ou um molinete. No cabrestante (ou no
molinete) há uma coroa de Barbotin, que é uma gola tendo em torno diversas
cavidades iguais que prendem a amarra, elo por elo, permitindo alá-la. Do convés
a amarra desce ao paiol através de um conduto chamado gateira.

No convés, entre o escovém e o cabrestante, há uma ou mais boças da


amarra, cujo fim é aguentar a amarra tirando o esforço de sobre o freio do
cabrestante quando a âncora estiver alojada no escovém ou quando a âncora
estiver fundeada e o navio portando pela amarra. Para o mesmo fim há ainda um
mordente na gateira ou, mais comumente, um mordente colocado no convés
por ante-a-vante do cabrestante. A âncora pode ser largada pelo freio do
cabrestante ou por uma das boças, conforme seja o que estiver aguentando a
amarra.

5.1 Nomenclatura das âncoras


As partes de uma âncora são:
61
Haste – Barra robusta de ferro, cuja extremidade mais grossa se une aos
braços, tendo na outra extremidade um furo para receber o cavirão, pino que
prende o anete.

Braços – São dois ramos que partem da extremidade inferior da haste.


São curvos nas âncoras tipo Almirantado.

Cruz – Lugar de união da haste com os braços.

Patas – Superfícies em forma triangular, ou aproximadamente triangular,


localizada nas extremidades dos braços.

Unhas – Vértices exteriores da pata.

Orelhas – Os dois outros vértices da pata, sem ser a unha.

Noz – Parte ligeiramente engrossada da haste, onde é enfiado o cepo.

Anete – Arganéu, ou manilha cujo cavirão passa pelo furo existente na


extremidade superior da haste. No anete é talingada a amarra.

Cepo – Barra de ferro que é enfiada na parte superior da haste


perpendicularmente aos braços. O cepo tem um cotovelo, isto é, uma dobra de
90°, para que possa ser prolongado com a haste quando a âncora não estiver em
uso. Ele se prende na posição perpendicular à haste porque possui um ressalto
de um lado e pode receber uma chaveta do outro lado, junto à haste. Nas duas
extremidades do cepo há esferas, que têm por fim tornar mais difícil ao cepo
enterrar-se no fundo antes de a unha aferrar.

Palma – Aresta saliente localizada na base inferior dos braços, nas


âncoras tipo patente.

62
Fonte: https://www3.dpc.mar.mil.br/arte_naval/Capitulos/Cap10_2005.pdf

5.2 Tipos de âncoras


Tipo Almirantado - Tipo universalmente empregado, desde tempos muito
remotos até cerca de 1825. Foi substituída como âncora padrão para uso a bordo dos
navios pelas âncoras do tipo patente, devido principalmente às dificuldades de manobra
e de arrumação a bordo. Contudo, apresenta maior poder de unhar.

Particularidades principais:

(1) possui cepo, disposto perpendicularmente aos braços; o peso do cepo é cerca
de 1/4 do peso da âncora;

(2) as superfícies das patas são perpendiculares ao plano dos braços; e

(3) o comprimento do cepo é igual ao da haste e a distância entre as unhas é


menor, cerca de 7/10 desse comprimento. Esta proporção de dimensões faz com que a
âncora, ao cair com o cepo em pé, fique em posição instável e se volte por efeito de
qualquer esforço da amarra que não seja dirigido no sentido vertical para cima; isto
coloca a unha sempre em posição de unhar.

Tipo patente - Há um grande número de âncoras do tipo patente, de diversos


fabricantes, diferindo ligeiramente nos desenhos.

63
Fonte: https://www3.dpc.mar.mil.br/publicacoes/arte_naval/Capitulos/Cap10_2005.pdf

Particularidades principais:

(1) não tem cepo;

(2) a haste é articulada aos braços, geralmente por um pino que trabalha
numa cavidade feita na cruz.

(3) as superfícies das duas patas são largas e situadas no mesmo plano
pelos braços. As patas seguem uma direção paralela ou quase paralela à haste e
ficam bem junto à cruz.

(4) a parte inferior dos braços, que constitui a base da âncora, é saliente,
formando a palma, isto é, uma aresta que, apoiando-se no fundo do mar, fica
segura, obrigando os braços a se dirigirem para baixo quando houver esforço
sobre a amarra num sentido horizontal ou quase horizontal; e

(5) se uma das patas unha, a outra também ficará unhada.

A grande vantagem destas âncoras é a facilidade com que são


manobradas e arrumadas a bordo. Realmente, tendo os braços articulados, não
necessitam cepo, e, sem este, a haste pode ser recolhida no escovém e aí ficar
alojada. Isto elimina o complicado aparelho que era empregado nos navios
antigos para a arrumação da âncora.

64
A desvantagem das âncoras de tipo patente de ter menor poder de unhar
é compensada dando-se um pouco mais de filame à amarra, nos fundos que não
sejam de boa tença.

Tipo Danforth - Tipo recente, atualmente usado em navios de todas as


classes e tamanhos. Tem os braços de forma semelhante aos das âncoras tipo
patente, porém mais compridos e afilados, e possui um cepo, colocado na cruz
paralelamente ao plano dos braços.

Tem a grande vantagem que o cepo dá às âncoras Almirantado, ou seja,


maior poder de unhar à proporção que a amarra exerce esforço. Estando
colocado na cruz, o cepo não impede a entrada da âncora no escovém. Admite-
se que o poder de unhar desta âncora seja igual a 10 vezes o das âncoras tipo
patente e a 3 vezes o da âncora Almirantado de mesmo peso. Apresenta a
pequena desvantagem de ser mais difícil de arrancar do fundo que as demais.

Fonte: https://www3.dpc.mar.mil.br/arte_naval/Capitulos/Cap10_2005.pdf

5.3 Amarras e seus acessórios


Amarra - É constituída por elos com malhete e liga a âncora ao navio, servindo,
portanto, para arriá-la, fundeá-la e içá-la.

Malhete - Travessão ligando os lados de maior dimensão do elo.

Quartéis da amarra - Seções desmontáveis de que se compõe a amarra de um


navio. No Brasil e nos Estados Unidos, os quartéis comuns têm 15 braças (uma braça
tem 6 pés ingleses e equivale a 1,83 metro).

65
Manilhas - Manilhas com cavirão de tipo especial, ligando os quartéis entre si e
à âncora.

Elos patentes - Elos desmontáveis que, nas amarras modernas, substituem as


manilhas na ligação dos quartéis.

Tornel - Peça formada por um olhal, um parafuso com olhal, porca cilíndrica e
contrapino. O parafuso constitui um eixo em torno do qual gira o olhal. Permite à amarra
girar em relação à âncora.

Como são constituídas as amarras

Quartel do tornel - Em cada amarra há um tornel para permitir que ela possa
girar em relação à âncora. Este tornel não pode gurnir na coroa do cabrestante.

Quartel longo - Nas amarras cujos quartéis são ligados por manilhas, costuma-
se usar um quartel longo (quartel de 40 braças = 73,2 metros) logo a seguir ao quartel
do tornel. Deste modo, durante as manobras de fundear e suspender, é pouco provável
que qualquer manilha passe pelo cabrestante enquanto a âncora estiver a pique,
suspensa pela amarra.

Quartéis comuns - Nas amarras com elos patentes não há vantagem em usar o
quartel de 40 braças. Todos os quartéis têm o comprimento padrão, exceto o quartel do
tornel. O comprimento padrão dos quartéis é, como já dissemos, 15 braças (27,5 metros,
aproximadamente).

Os quartéis são numerados seguidamente a partir do tornel, isto é, não se


numera o quartel do tornel.

Os quartéis da amarra são marcados para que se saiba o quanto de amarra está
fora do navio na manobra de fundeio. Há duas maneiras de marcar os quartéis:

1º método – os elos patentes são pintados de cores diferentes.

2º método – os elos patentes são pintados de branco e são colocadas voltas de


arame nos elos adjacentes relativos à quantidade de quartéis.

66
Bóia de arinque - Bóia cônica de pequeno tamanho, empregada para marcar o
local em que foi fundeada a âncora. Um dos vértices tem arganéu. Um cabo fino de fibra,
chamado arinque, é amarrado a este arganéu e à âncora.

A bóia de arinque, além de mostrar a posição do ferro relativamente ao navio,


tem importância quando a âncora se perde, mostrando a localização dela. Geralmente
a bóia de arinque do ferro de BE é pintada de verde e a do ferro de BB é pintada de
encarnado.

Fonte: https://www3.dpc.mar.mil.br/publicacoes/arte_naval/Capitulos/Cap10_2005.pdf

Na figura acima, o ferro está unhado, ou seja, a pata está enterrada no fundo do
mar prendendo o navio. Unhar é quando o ferro prende no fundo do mar com sua unha
enterrada no fundo.

Arrancar é quando o ferro solta do fundo por vontade e ação da tripulação do


navio.

Garrar é quando o navio é arrastado por ação do vento ou corrente marítima,


por ter o ferro arrancado anormalmente.

Tença é a qualidade do fundo. Encontramos diversos tipos de materiais no fundo


do mar. Alguns são muito bons para fundear o navio, mas há também alguns tipos de
fundo que não são bons. Os fundos de pedra devem ser evitados pois além da
possibilidade de o ferro entocar, há também o risco de quebrar o ferro nas pedras. O

67
lodo muito mole deve ser evitado pois o ferro pode enterrar ou afundar demais e ficar
preso.

Fundos de boa tença – areia dura, lodo macio e lodo com areia.

Fundos de tença razoável – areia fina e lodo mole.

Fundos de má tença – lodo muito mole e pedras.

68
6 APARELHO DE FUNDEAR E SUSPENDER
6.1 Tipos
Molinete e cabrestante são as máquinas usadas para compor o sistema de
fundeio de uma embarcação.

As máquinas de fundear e suspender consistem em máquinas acionadas por


motores elétricos ou sistemas hidrelétricos que acionam uma coroa, chamada de coroa
de Barbotin, que é um tambor em cuja periferia há recessos e dentes para prender os
elos da amarra.

Adjacente à coroa de Barbotin, usualmente há um tambor chamado saia, que


serve para alar as espias do navio; a saia é rigidamente ligada ao seu eixo, que quase
sempre é o mesmo da coroa.

Fonte: https://myloview.com.br/adesivo-o-mecanismo-do-molinete-com-uma-corrente-na-
proa-do-navio-no-4C72E2A

Os componentes das máquinas de fundear e suspender são: o motor


elétrico, a coroa de Barbotin ou coroa, eixo e transmissões, freio, saia,
embreagem, além dos equipamentos de manobra manual.

69
6.2 Vozes de manobras
Arriando o ferro

- PRONTO PARA LARGAR - A amarra está presa apenas pelo freio do molinete ou
cabrestante;

- FERRO PELOS CABELOS - Quando o ferro se encontra pendurado fora do


escovém;

- LARGAR O FERRO - O freio é aberto e o ferro cai. A saída da amarra vai sendo
controlada pelo freio do molinete ou cabrestante;

- AGUENTA - O freio é passado;

- FERRO UNHADO - Quando o ferro unha;

- VOLTA À MANOBRA - Quando o ferro estiver unhado, o navio afilado à amarra


e a amarra tesada. É dada a voz de volta à manobra.

Suspendendo o ferro

- ENGRAZAR A AMARRA - O molinete ou cabrestante é engrazado e o freio


folgado;

- VIRA OU ENTRA COM O FERRO – A amarra vai entrando devagar com os quartéis
entrados sendo informados ao passadiço;

- COMO DIZ A AMARRA? - Como está a amarra?

- AMARRA “DIZENDO” PARA - Vante, ré, a pique, a pique de estai, pelo través etc.

- COMO DIZ O FERRO? - Qual é a situação do ferro?

- ARRANCOU - O ferro é arrancado do fundo;

- FERRO A OLHO - Quando aparece o anete do ferro;

- PELOS CABELOS - Quando todo o ferro está fora da água;

- EM CIMA - Quando o anete do ferro chega ao escovém; e

- FERRO NO ESCOVÉM - Quando o ferro volta a ficar em seu alojamento.


70
7 EQUIPAMENTOS DO PASSADIÇO
O passadiço é o compartimento do navio onde estão localizados inúmeros
equipamentos de comando e controle do navio. As ordens são emanadas do passadiço
e há diversos circuitos de comunicação que abrangem praticamente todo o navio. É do
passadiço que as ordens são transmitidas para a máquina e demais departamentos do
navio.

Fonte: https://wilsonroque.blogspot.com/2017/05/marinha-sem-marinheiros.html

7.1 Principais equipamentos


- Máquina do leme - equipamento através do qual se manobra o leme, para
governar o navio através de seu rumo. Funciona em Normal, Piloto automático e NFU
(emergência).

- Telégrafo da Máquina - transmissor de ordens do passadiço para a praça de


máquinas, informando velocidade e sentido do movimento.

- Odômetro de Fundo - indica a velocidade do navio (em nós) e a distância


percorrida (em milhas náuticas).

- Ecobatímetro (ou ecossonda) - indica a profundidade do local, a partir da quilha


do navio.

71
- Repetidoras da Agulha Giroscópica – existem a bordo várias repetidoras da
agulha mestra, que indicam o norte verdadeiro. Uma das mais importantes é a que fica
junto à roda do leme para que o timoneiro possa governar no rumo ordenado.

- Agulha Magnética (Bússola) - fica no tijupá, porém um jogo de espelhos permite


que o timoneiro possa governar por ela no passadiço. A agulha magnética aponta o
norte magnético. A declinação magnética é a diferença em graus entre a direção do
norte magnético e a direção do norte verdadeiro em um determinado ponto.

- Indicador do ângulo do leme – indica o bordo e o número de graus para onde o


leme está carregado.

- Piloto Automático - é um equipamento moderno que permite manter a


embarcação num determinado rumo, pode obter não apenas o “rumo a seguir”, como
também as informações necessárias vindas de sistemas determinadores de posição que
mantém o barco sobre a derrota planejada. O piloto automático é utilizado para
controlar o leme com o objetivo de manter ou alterar o rumo do navio.

- Registrador de rumo - registra o histórico dos rumos efetuados pelo navio


durante as viagens.

- Alarmes (geral e incêndio) - o primeiro é tocado para todas as fainas de


emergência tais como colisão, abandono, etc. O segundo é tocado nas fainas de
incêndio.

- Tacômetro – indica a rotação do eixo propulsor do navio (rpm). Mostra a


velocidade do navio através de curvas ou tabelas.

- Clinômetro – mede a inclinação do navio, em graus, para os bordos. Possui um


ponteiro que indica a inclinação atual e outros dois ponteiros que indicam as máximas
ocorridas a BE e a BB.

- Fonoclama (ou boca de ferro) – sistema de alto-falantes que permite falar do


passadiço para todo o navio.

72
- Apito – equipamento que transmite sinais sonoros para indicar os movimentos
do navio.

- Termômetro-Barômetro-Anemômetro (direção e velocidade do vento).

- GMDSS (Global Maritime Distress Safety System) - é um sistema de


comunicações voltado para alarme e segurança da navegação. A finalidade é prestar um
socorro rápido a um navio em perigo, numa operação coordenada de busca e
salvamento.

- GPS (Global Positioning System) - por meio de satélites, informa a posição do


navio em latitude e longitude, e também o seu rumo e velocidade.

- DGPS (Differential GPS) - como o GPS tem um erro proposital para impedir usos
militares indevidos, o DGPS faz a correção deste erro, utilizando estações de terra, e
informa ao usuário os valores precisos. Estas estações, cujas coordenadas são
conhecidas, monitoram os satélites visíveis em tempo integral e repassam os “valores
corrigidos” aos receptores GPS que estão ao seu alcance.

- ARPA (Automatic Radar Plotting Aid) - conjunto de dois radares e um


computador que informa a presença e os elementos (distância, marcação, rumo e
velocidade) dos outros navios. Serve para uso na navegação, informando distância e
marcação dos pontos de terra.

- AIS - é um sistema automático de rastreamento de curto alcance para


identificar e localizar navios em uma região, através troca eletrônica de dados com
outros navios. Informa a identificação, posição, rumo e velocidade dos alvos. Na prática,
o AIS nada mais é do que um transceptor rádio acoplado a um sistema de
posicionamento (GPS), transmitindo e recebendo dados digitais de posição e outras
informações em VHF. O AIS atualmente é obrigatório pela IMO para navios com
deslocamento bruto maior que 300 toneladas.

73
8 MÁQUINA DO LEME
A máquina do leme é comandada a distância pelos movimentos da roda
do leme. Os equipamentos que impulsionarão o leme são instalados na popa, no
próprio compartimento do leme onde a madre atravessa o casco do navio.

Os requisitos da máquina do leme são aproximadamente os mesmos que


os da máquina de suspender, aplicação súbita de grande força a baixa
velocidade, possibilidade de variação de velocidade por graus insensíveis e
inversão de marcha, além dos requisitos gerais de rendimento, segurança etc.

Fonte: http://www.redebim.dphdm.mar.mil.br/vinculos/000018/00001815.pdf

8.1 Tipos de transmissão entre a máquina do leme e o leme


Transmissão mecânica – Há dois modos: (1) transmissão flexível – feita
por gualdropes; e (2) transmissão rígida – feita por vergalhões de ferro, nas
embarcações pequenas, ou por eixos, nas embarcações maiores.

Na transmissão rígida, para reduzir o atrito, usam-se mancais de


rolamentos; as pequenas mudanças de direção dos eixos são feitas por meio de
juntas universais (tipo Cardan) e as mudanças maiores são realizadas por
engrenagens cônicas.

74
Transmissão hidráulica – Na transmissão hidráulica usa-se um telemotor;
este tipo é muito empregado nos navios mercantes. A transmissão é feita por
pressão líquida em tubulações que correm por zonas protegidas do navio.

Transmissão elétrica – Neste tipo são usados motores auto-


sincronizados. O sistema consta de dois motores elétricos de corrente alternada,
sendo um transmissor, comandado pela roda do leme, e um receptor, ligado ao
mecanismo de controle do servomotor. O transmissor, também chamado motor-
piloto, recebe o movimento da roda do leme por meio de contatos adequados e
os transmite, por condutores elétricos, ao receptor; o rotor do receptor segue
exatamente, em velocidade e em quantidade de deslocamento angular, o
movimento do rotor do transmissor.

Telemotor – Consta de dois pequenos cilindros hidráulicos, o transmissor,


situado no pedestal da roda do leme e comandado por esta, e o receptor, situado no
leme e que atua no mecanismo de controle do servomotor. Os dois cilindros se
comunicam por meio de dois tubos e o sistema é cheio com fluido hidráulico.

8.2 Vozes de manobra para o timoneiro


Todas as vozes de manobra devem ser concisas e enunciadas com clareza.
Usualmente, são dadas pelo Comandante do navio ou pelo Oficial de Quarto. O
timoneiro acusará o recebimento da ordem, repetindo o que escutou, ao iniciar a
execução, e depois comunicando como ficou o leme.

As vozes de manobra usuais devem ser enunciadas como se segue:

Leme a bombordo (ou boreste) – Carregar o leme no ângulo padrão para o bordo
que se indica.

Leme a bombordo (ou boreste) 5°, 10°, 15° etc. – Carregar o leme no ângulo
indicado. (Esta voz deve ser preferida à anterior).

Todo leme a Bombordo (ou Boreste) – Carregar todo o leme (exceto em caso de
emergência). O máximo ângulo de leme a ser usado deve ser 2° ou 3° menos que o valor
limite, para evitar que o leme possa ficar preso em fim de curso.

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Alivia! (ou Alivia o leme) – Reduzir de 1/3 o ângulo do leme (esta voz é dada para
reduzir a velocidade da guinada).

A meio! (ou leme a meio!) – Pôr o leme a meio.

Quebra a guinada! – Carregar rapidamente o leme para o bordo oposto àquele


que se achava carregado até que a proa pare de guinar, trazendo-o, em seguida, a meio.

Nada a boreste (ou a bombordo)! – Governar de modo que a proa não passe para
BE (ou para BB) do rumo indicado.

Assim! – Manter o navio no rumo que a agulha de governo indica no momento


desta ordem.

Rumo zero zero quatro (ou zero um quatro) – Quando se deseja que o timoneiro
governe a determinado rumo da agulha, por ex.: 004°, 014°. Uma vez indicado o rumo
o timoneiro, ao alcançá-lo, informará: A caminho!, e repetirá o rumo.

Bom governo! – Quando se deseja chamar a atenção do timoneiro que o navio


está fora de rumo.

Como governa? (ou qual a tendência do leme?) – Esta pergunta é feita quando
se deseja saber o ângulo do leme necessário para manter o navio a caminho. O
timoneiro responderá: A meio, ou a ... graus a boreste (ou a BB).

Inverter do leme – Igual quantidade de graus do leme deve ser aplicada para o
bordo oposto ao que se achava o leme carregado.

Marque a proa – Ler, imediatamente, o indicado pela linha de fé e informá-lo,


sem prejuízo de outras manobras que estejam sendo executadas.

Atenção – Ficar de sobreaviso para receber uma ordem.

Como diz o leme? – Informar o bordo e de quantos graus está carregado o leme.

A caminho – Comunicação feita pelo timoneiro, logo que conseguir se firmar no


rumo ordenado, com o leme praticamente a meio (ângulo do leme menor que 5°).

76
Ciente – Dada somente por quem ordena a manobra, ao tomar conhecimento de
que a ordem foi corretamente repetida pelo timoneiro; o timoneiro repete sempre a
ordem recebida.

Todas as ordens serão precedidas do apelativo TIMONEIRO.

77
9 GRANDES APARELHOS DE CARGA E DESCARGA
Ao longo dos anos, vários sistemas de carga e descarga foram desenvolvidos,
tanto no navio como no cais, reduzindo bastante o tempo em que o navio fica atracado.

9.1 Principais sistemas


Guindaste – é um sistema operado por um só homem, que iça e transporta pesos
a grande distância. Alguns guindastes, os de porto, são limitados a andar sobre trilhos,
enquanto outros, instalados em caminhões e carretas, içam e carregam um peso a
grande distância.

Alguns navios cargueiros possuem guindastes adequados aos pesos que


precisam içar. O guindaste tem a vantagem de ser acionado por um só homem e
economiza tempo na execução da faina.

Fonte: https://pt.dreamstime.com/foto-de-stock-editorial-recipiente-de-levantamento-do-
guindaste-do-porto-e-navio-de-carregamento-com-carga-image58170823

Cábrea – outro processo de carregamento utilizado é aquele feito por meio de


cábreas, misto de embarcação e guindaste, que içam, transportam e arriam grandes
pesos. A grande vantagem das cábreas é evitar que os navios atraquem no cais para o
embarque ou o desembarque de grandes pesos. Além disso, são usadas também para
içar pesos submersos tais como âncoras ou ferros, embarcações afundadas, poitas de
bóias, etc.

78
Fonte: http://www.manobrasso.com.br/

Esteiras rolantes – um dos mais importantes sistemas de carregamento que, em


movimento permanente, movimentam entre o cais e o navio carga a granel ou em caixas
com grande rapidez. As esteiras rolantes têm o mesmo princípio de funcionamento das
conhecidas escadas rolantes, com a vantagem de transportarem sobre a terra ou como
ponte atravessando obstáculos.

Sugadores – este é o sistema usado para o embarque de grãos nos navios


graneleiros. Através de grandes mangotes os grãos saem dos silos, são transportados
em esteiras rolantes até o cais e sugados e remetidos aos porões dos navios.

“Transteiner” – é um guindaste com estrutura de pórtico utilizado


exclusivamente para a movimentação de contêineres no sistema portuário. Eles podem
ser caracterizados pelo seu sistema de deslocamento, ou seja, alguns se movimentam
sobre trilhos e outros, sobre pneus.

79
Fonte: https://www.alamy.com/stock-photo-shipping-container-being-handled-by-a-
transtainer-crane-at-port-facility-87268015.html

“Porteiner” – é um equipamento que contém um aparelho levantador suportado


por um carrinho que se desloca sob um trilho suspenso, também conhecido por lança.
Este conjunto é suportado por colunas ou pilares, cujas bases possuem rodas férreas
que proporcionam seu deslocamento sobre trilhos fixos. Foi especialmente
desenvolvido para transportar conteineres.

80
Fonte: https://ergosgroup.com.br/midia/identificacao-do-conteiner-por-ocr-no-crane-ou-
guindaste/

81
10 ATRACAR E DESATRACAR
Nesse capítulo é apresentado procedimentos básicos para a preparação
do navio para atracação e desatracação. Instruções sobre as fainas de atracação
e desatracação devem fazer parte dos brieffings de navegação, principalmente
quando se tratar de portos em que não se está acostumado a frequentar.

Uma equipe de navegação alerta e bem adestrada é fundamental para


uma manobra bem-feita e segura. Por ocasião da atracação ou desatracação, as
estações envolvidas na manobra devem ser prontamente guarnecidas, com o
mínimo de confusão e ruído. Antes de cada atracação ou desatracação, o Oficial
de Manobra toma conhecimento do vento verdadeiro, corrente, maré, desvio da
giro, curva de desvio da agulha magnética, cais determinado para a atracação e
seu alinhamento, bordo da atracação e outras informações necessárias.

10.1 Checklist de preparação para atracação.


1 - Verificar o correto e pronto guarnecimento das estações e dos Postos de
Suspender e Fundear;

2 - Divulgar para proa, popa e meio-navio o local e bordo de atracação;

3 - Verificar se o ferro do bordo oposto ao de atracação está pronto para largar;

4 - Receber o pronto do teste do cabrestante na proa e do guincho ou


cabrestante na popa;

5 - Receber o pronto do estabelecimento de comunicações entre as estações


envolvidas (proa, popa e manobra) nos circuitos de comunicações interiores e no canal
de segurança;

6 - Verificar se o Oficial de Segurança guarneceu o bordo oposto ao da atracação;

7 - Disseminar para as estações a profundidade e a tença do local da atracação


para o caso de ser necessário largar o ferro;

8 - Determinar a adoção de um regime de máquinas que possibilite a execução


de todas as manobras necessárias, passando a utilizar o telégrafo de manobra;

82
9 - Verificar a corrente e a variação de maré no local de atracação (carta de
corrente de maré, efeitos visíveis da corrente em bóias, tábua de marés etc.);

10 – Determinar a direção e intensidade do vento verdadeiro próximo ao local


de atracação; e

11 - Verificar se foram arriadas as defensas no bordo da atracação.

Checklist de preparação para desatracação

1 - Verificar o correto e pronto guarnecimento das estações e dos Postos de


Suspender e Fundear;

2 - Receber o pronto da proa quanto à colocação do ferro do bordo oposto ao


cais pronto para largar;

3 - Receber o pronto das máquinas e dos testes no telégrafo de manobra,


cabrestante, guincho e leme;

4 - Realizar experiência com apito, sereia e buzina;

5 - Receber o pronto do estabelecimento de comunicações entre as estações


envolvidas (proa/popa/manobra) nos circuitos de comunicações interiores e no canal de
segurança;

6 - Verificar se o Oficial de Segurança guarneceu no bordo oposto ao da


desatracação;

7 - Verificar a corrente, a variação de maré e o vento verdadeiro no local (carta


de correntes de maré, efeitos visíveis da corrente em bóias, tábua de marés etc.);

8 - Determinar a retirada da prancha, cabo telefônico, mangueiras e outros


acessórios passados para o cais, verificando se está claro o bordo para o cais;

9 - Executar acerto de relógios;

10 - Autorizar o balanceamento dos eixos (caso necessário), após verificar que a


popa está clara; e

11 - Dar o pronto ao Imediato.


83
10.2 Disposição dos cabos (espias) de amarração

Fonte: https://stepinportugal.com/TmpFiles/28586.pdf

Cabos de espringue: Devem ser alinhados paralelamente à linha longitudinal


central do navio, a fim de aplicar a máxima contenção para evitar que o navio vague ao
longo do cais. O alinhamento desses cabos é usado para manter essas amarras dentro
do alcance do navio e evitando cruzamentos e atritos desnecessários sobre amarras de
berços adjacentes. Os espringues têm a função de evitar o movimento de vai-e-vem do
navio para vante e para ré.

Cabos de través: A contenção necessária para segurar o navio é o melhor obtido


utilizando cabos de través. Estes devem ser alinhados perpendicularmente à linha
longitudinal central do navio, a fim de aplicar a máxima contenção para evitar que o
navio se mova para o longe do cais. Os traveses não devem ser curtos, devido à subida
e descida da maré.

Cabos de lançante: Os lançantes de proa servem para evitar que a embarcação


realize movimentação na longitudinal.

Para garantir uma distribuição uniforme das forças de retenção no navio, é


preferível que o arranjo de amarras seja aproximadamente simétrico sobre ponto médio
da embarcação e tão distantes entre si quanto possível, sujeita a qualquer cabo
(particularmente cabos de espringue) não "raspando" contra o lado do navio ou a borda
do cais.

As espias são amarradas sempre pela alça ao cabeço do cais; quando há


necessidade de passar duas ou três espias no mesmo cabeço, elas devem ser amarradas

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de modo a permitir que qualquer uma delas seja retirada em primeiro lugar sem
interferir com a outra.

Depois de atracado o navio, é necessário dobrar as espias. Quando se passa uma


espia adicional com alça, onde já existir outra, ficando a amarração com duas pernadas,
diz-se que a espia está dobrada; quando, além da alça, passa-se a espia pelo seio ao
mesmo cabeço, ficando com três pernadas, diz-se então que é uma espia dobrada pelo
seio.

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REFERÊNCIAS
CABLEMAX – Cabos de aço e acessórios Ltda. – 2010

CACHO, A. J. – Arquitectura naval – Instituto Técnico de Lisboa - 2014

CAETANO, M. - Ciência e Tecnologia da borracha – 2022

FONSECA, M. - Arte Naval – Vol 1 – RJ - 2006

NÓS E AMARRAS ESCOTEIRAS – Escoteiros do Brasil – 13° Distrito – SP – 2022

PACHECO, I. B. P. - Estudo de caso no comissionamento da montagem dos


equipamentos eletromecânicos do sistema de amarração dos navios no terminal
marítimo de ponta da madeira – São Luiz, 2019

SALES, J. J. – Arquitetura naval e estabilidade – DPC – RJ – 2009

SPRENGER, L. - FAZCOMEX – SP - 2020

SUCUPIRA, A. C. - Portogente - Tipos de navios, suas classificações e


terminologias. SP – 2017

ZANDOMINGO, J. - Jornal Pelicano – Ciaga – RJ - 2020

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