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dermatites
eritematodescamativas e papulares
Aceita-se uma predisposição genética, com As lesões típicas são placas eritematoesca-
herança multigênica, mas que requer fatores mosas, bem delimitadas (envoltas por pele
ambientais para sua expressão. Se um dos pro- normal), de tamanhos variados (FIGURAS
genitores tem psoríase, a chance de aparecer 1A e 1B). As escamas são grandes e de tonali-
a doença no descendente é de 8%; se os dois dade prateada (escamas psoriasiformes). Em
pais têm psoríase, a chance eleva-se para 40%... relação à distribuição, tamanho e morfologia
Existe uma correlação da forma cutânea vulgar das lesões, podemos definir a psoríase vulgar
(mais comum) com os antígenos HLA-Cw6, (forma mais comum, com as lesões típicas su-
B13 e B17, enquanto as formas artropática e pracitadas) e as formas variantes de psoríase:
pustulosa estão mais relacionadas ao HLA-B27 numular, girata, anular, pustulosa entre outras.
(um importante marcador genético das espon- Na maioria das vezes, as lesões são assintomá-
diloartropatias soronegativas...). ticas, embora uma minoria de pacientes refira
prurido e sensação de queimação, especialmen-
Existem fatores desencadeantes que podem te nas lesões palmoplantares e intertriginosas.
exacerbar a psoríase: (1) estresse emocional; Algumas lesões de psoríase apresentam um
(2) alguns medicamentos, como betabloquea- halo hipocrômico ao redor das lesões conhecido
dores, antimaláricos, sais de lítio, indometa- como halo de Woronoff.
cina e inibidores da ECA; (3) infecções, como
a estreptococcia por S. pyogenes (psoríase Fig. 1A
gutata) e a infecção pelo HIV (forma genera-
lizada de psoríase); e (4) fatores físicos, como
trauma cutâneo (de qualquer tipo) e outras der-
matites, provocando o fenômeno de Koebner
(ver adiante).
2. Patogenia e Patologia
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MEDGRUPO - Ciclo 1: MEDCURSO Capítulo 5 - Dermatites 99
O sinal de Auspitz (sinal do orvalho sanguí- vários tipos (abrasões, incisões, queimaduras,
neo) é característico e utilizado como auxílio contusões, escoriações, raspagem, depilação,
no diagnóstico clínico da psoríase: após cureta- tatuagens, fricção, fita adesiva etc.), irritantes
gem e remoção mecânica das escamas, brotam químicos e outras dermatites.
depois de alguns segundos gotas de sangue
da lesão (FIGURA 2). Este processo é deno-
minado curetagem metódica de Brocq; numa
primeira etapa há o destacamento da escama
(sinal da vela) e posteriormente vamos obser-
var o aparecimento de uma membrana opaca
translúcida chamada (membrana de Duncan).
Fig. 4A: Locais típicos da psoríase vulgar (couro cabeludo, pavilhão auricular).
Fig. 4B: Locais típicos da psoríase vulgar (cotovelos, joelhos, mãos, tronco).
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A** C
B D
Psoríase guttata
Fig. 8B*** É uma forma benigna de início abrupto, com
lesões arredondadas pequenas (0,5-1,5 cm)
esparsas, predominando no tronco superior
As pústulas são múltiplas, pequenas (2-3 mm), e extremidades proximais (FIGURA 11).
apresentando halo eritematoso e que se distri- Frequentemente acomete crianças ou adultos
buem simetricamente pelo tronco e extremida- jovens dias após uma estreptococcia do trato
des proximais. As placas eritematosas tendem à respiratório superior.
confluência, gerando grandes áreas de eritema
contendo as pústulas (FIGURA 9).
Artrite psoriásica
(artrite periférica). As cinco formas foram de- terapia tópica geralmente é necessária de forma
vidamente descritas no bloco de Reumatologia, adjuvante e para alívio sintomático. A fototera-
bem como o diagnóstico e tratamento. pia utiliza a aplicação da radiação ultravioleta
nas lesões psoriásicas. Existem dois métodos:
(1) PUVA (Psoraleno + UVA): consiste na
aplicação de doses progressivas (2-3x/semana)
de radiação UVA, aplicadas após 2h da ingestão
do Metoxipsoraleno (MOP), uma substância
fotossensibilizante. A combinação do psorale-
no com os raios UVA inibe a síntese do DNA
da lesão, determinando progressiva regressão.
Após cada aplicação, é fundamental a proteção
contra a luz solar por 24h, sendo necessário
também o uso de óculos escuros neste período.
Além dos efeitos colaterais imediatos, geral-
mente leves, múltiplas sessões de PUVA podem
aumentar o risco de envelhecimento cutâneo e
carcinoma espinocelular da pele. (2) Método
de Goeckerman (coaltar + UVB): uma poma-
da de coaltar é aplicada em todas as lesões e o
Fig. 11: Psoríase guttata. paciente é submetido a doses diárias de UVB.
Possui eficácia semelhante à PUVA.
Na maioria das vezes é clínico, pelo aspecto e Indicada nos pacientes refratários ou com con-
distribuição das lesões e pela presença do sinal traindicação à fototerapia e nos casos graves e
de Auspitz. Na dúvida, podemos confirmá-lo extensos de psoríase (particularmente, a pso-
com a biópsia. ríase eritrodérmica e forma pustulosa genera-
lizada, bem como na forma artropática). Veja
5. Tratamento as opções mais utilizadas:
Não existe um tratamento definitivo da pso- a) Acitretina: este derivado do ácido transreti-
ríase, sendo o seu objetivo o controle clínico noico substituiu o etretinato na terapia da pso-
da doença, utilizando fármacos tópicos e/ou ríase, por ter meia-vida mais curta e, portanto,
sistêmicos com propriedades antiproliferativas melhor risco de teratogenia em mulheres. A
e anti-inflamatórias. principal indicação é na psoríase pustulosa
generalizada, na qual age rapidamente! A dose
Como a psoríase é uma doença crônica, que pode é de 0,5-1,0 mg/kg/dia por 3-4 meses. Pode ser
durar muitos anos, é importante avaliar o pacien- usado em combinação com PUVA (RePUVA);
te de forma cuidadosa para fazer um bom plane-
jamento de tratamento. Esse planejamento irá b) Metotrexate: trata-se de um agente citotóxico
depender não só do tipo da psoríase como também inibidor da síntese de DNA por antagonismo da
da extensão da doença cutânea e articular. Em diidrofolato redutase. É feito na dose de 15 mg/
caso de envolvimento articular, é importante tra- semana (5 mg 12/12h por três tomadas). A dose
balhar em conjunto com o reumatologista. cumulativa do metotrexate deverá ser sempre
calculada, já que, a partir de 1,5 g, deverá ser
Tratamento tópico considerada a realização de biópsia hepática para
prevenir a grave hepatotoxicidade (cirrose he-
É usado para as formas localizadas (psoríase pática). Outros efeitos adversos são: leucopenia,
leve a moderada). Várias são as opções: cor- mucosite, intolerância gastrointestinal;
ticoides tópicos (ex.: betametasona 0,05%),
coaltar (alcatrão), em preparações 2-5% em c) Ciclosporina: imunossupressor que inibe
vaselina ou óxido de zinco 20%, antralina a produção de IL-2 pelos linfócitos T. Pode
(ditranol) 0,1-0,5% + ácido salicílico 1-2%, ser usado no lugar do metotrexate em casos
aplicado 1x/dia ou 1-3% em veículo aquoso, selecionados. A dose inicial é de 2,5-3 mg/kg/
aplicar por 20-30min e retirar, 1x/dia (terapia dia. A função renal deve ser monitorizada e a
de contato curto), calcipotriol (análogo da droga suspensa se houver aumento de mais de
vitamina D) a 0,005% 1x/dia, tazaroteno (re- 50% da creatinina;
tinoide) em gel 0,1%. Existem tópicos para pso-
ríase sob a forma de creme, pomada e xampu. d) Biológicos: proteínas ligantes derivadas de
No tratamento facial, podemos utilizar ainda células vivas que objetivam bloquear molécu-
tacrolimus ou pimecrolimus como alternativa las/citocinas (TNF-alfa) da ativação inflama-
ou para poupar os corticoides. tória mediadoras da resposta Th1, no caso da
psoríase. Os principais exemplos são etaner-
Fototerapia cept, infliximab e adalimumab. Outras opções
seriam o ustekinumab, cujos alvos são IL-12 e
É uma opção para a terapia da doença modera- IL-23; bem como o secukinumab, ixekinumab
da a grave ou refratária às medidas tópicas. A e brodalumab, anticorpos anti-IL-17A.
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LÍQUEN PLANO
1. Epidemiologia
O líquen plano costuma ocorrer entre 30-60 anos Fig. 14: Líquen plano do punho.
de idade, sendo raro em crianças e idosos. Não
há preferência racial nem sexual, embora alguns
autores o considerem mais comum em mulheres.
Estima-se que 0,5% da população apresente a
doença pelo menos uma vez na vida.
2. Manifestações Clínicas