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Dane Jensen
12 de março de 2021
Nomeie as emoções negativas e envolva-se. Muitos líderes tentam resgatar as pessoas das
emoções negativas ou tentam fazê-las recuar. Nenhuma dessas abordagens é eficaz, pois
ambas escondem os sentimentos fortes, ignorando a energia fervente sob elas. No lugar disso,
promova o engajamento dos membros decepcionados da equipe. Nomeie a emoção negativa e
convide-os para discuti-las. Um sócio sênior com quem trabalhei na empresa de consultoria Big
Five não foi promovido. Em seguida, os colegas entregaram a ele um feedback anônimo e
extremamente crítico, que levou à decisão de não o promover. Ele ficou chocado e magoado.
Muitas pessoas do seu círculo tentaram tirá-lo daquelas emoções. Elas disseram que ele era
muito bom, não deveria se deixar abater, e que sairia dessa situação muito rapidamente.
A boa intenção de tranquilizá-lo produziu um efeito: acabou com as conversas. “Não ajudou
nada”, afirmou ele. “Não tive como conduzir a discussão depois disso, e só balbuciei um
‘obrigado’ hipócrita”.
Há uma abordagem mais eficaz: nomear a emoção e solicitar uma resposta. “Parece-me que
você de fato está decepcionado!”, exclamei. Depois de uma longa pausa, ele disse,
“Sinceramente, não estou decepcionado; sinto que fui traído!”
Não se preocupe se você estiver enganado, como eu estava. Simplesmente dê um palpite. Ao
rotular a emoção de uma pessoa, ela instantaneamente irá concordar ou corrigir você. Não
conseguirão se conter. Depois que o executivo com quem eu estava trabalhando me corrigiu,
nós dois obtivemos a informação da qual precisávamos e seguimos em frente.
Ele me disse que estava muito bravo e muito magoado; queria brigar, mas também pedir
demissão. Ao externar seus sentimentos, ele se tornou visivelmente energizado. A energia por
detrás da emoção emergiu. Esta é aquela energia que você quer canalizar numa direção
construtiva.
Abasteça o autocoach, e não a autocrítica. Uma vez que a emoção tenha sido identificada e a
energia natural por detrás dela exposta, lembre-se de que é somente isso: natural. Nesta fase,
a emoção pode provocar a voz positiva do autocoach que diz coisas do tipo “Nitidamente,
tenho um ponto cego; preciso dedicar mais tempo para entender como sou visto aos olhos das
outras pessoas.” A energia pode também despertar dúvidas acerca das habilidade de uma
pessoa e provocar comentários do tipo “Finalmente, desta vez as pessoas perceberam que
venho fingindo o tempo todo.”
Canalize a energia para a ação. A energia que fica coberta pela emoção negativa pode ser
direcionada àquilo que conseguimos controlar ou a finalidades altamente improdutivas. Uma
saída particularmente improdutiva para as equipes foi apontada por Rosamund Stone Zander e
Benjamin Zander, diretores musicais da Orquestra Filarmônica de Boston, em seu livro “The art
of possibility”. Eles chamam esse beco sem saída de “the conversation of no possibilities” – a
conversa sem possibilidades, em tradução livre. Em vez de assumir o controle, a equipe
somente fala em como as coisas estão ruins. Tais conversar podem ser sedutoras por
construírem uma sensação de conexão entre os participantes, mas que, no final das contas,
não levam a lugar nenhum.
Em vez disso, ajude a elaborar um cenário claro da lacuna que existe entre uma ação futura e
uma de inatividade – e utilize a diferença para abrir um canal energético para a ação. Comece
pedindo para a pessoa imaginar como irá se sentir se nada mudar.
No caso do colega que não foi promovido, a pergunta foi: “Como você irá se sentir em 90 dias
após ter ficado transtornado com o feedback e não ter feito nada?”
“E como você se sentiria se tivesse condições de fazer algo a respeito e seguir em frente?”
“Como se tivesse tirado um peso das costas”, afirmou ele. Naquele momento, ele sentiu a
lacuna emocional entre a ação e a inatividade, estando pronto para abraçar os próximos
passos positivos.
Não ser escolhido para uma promoção e sentir-se traído por colegas é um exemplo de alto
risco das emoções negativas entrando em jogo. No entanto, há acontecimentos menos sérios
que podem ser retomados por meio dessa abordagem de liderança. Esses são os percalços da
vida: uma reunião com cliente que não vá bem, um projeto que não recebeu aprovação
orçamentária, decisões estratégicas que geram trabalho e frustração para todos. Para cada
caso, há um benefício ao rotular a emoção (por exemplo, “É nítido que você está frustrado
depois daquela reunião”), fazendo a conexão com o significado (“Esse projeto realmente é
importante para você, não é?”) e, então, canalizar a energia liberada para a ação (“Como você
se sentiria se pudéssemos recolocar esse tópico na lista para a avaliação do próximo trimestre?
O que seria necessário para isso?”).
As emoções negativas são dolorosas, mas os líderes podem ajudar a transformá-las em algo
positivo. Como o renomado psicanalista Roberto Assagioli afirma em seu trabalho inspirador
Psychosynthesis, “Tentar eliminar a dor simplesmente fortalece sua permanência. É melhor
desvendar seu significado, incluí-lo como parte importante do propósito e abraçar seu
potencial para nos servir.”