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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

ESCOLA DE TEATRO
METODOLOGIAS DO ENSINO E DA PESQUISA EM TEATRO

AQUARELA NEVES
CLARICE PITANGA
ISABELLA BROOKES

O teatro de rua:
A democratização da arte.

Rio de Janeiro
2022
AQUARELA NEVES
CLARICE PITANGA
ISABELLA BROOKES

O teatro de rua:
E a democratização da arte.

Projeto de Pesquisa apresentado à disciplina de


Metodologias do ensino e da pesquisa em teatro da
Universidade Federal do estado do Rio de Janeiro como
requisito da matriz curricular proposta.

Orientadora: Vanessa Oliveira

Rio de Janeiro
2022
Dedicamos este trabalho a todos fazedores de arte
do nosso país.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao grupo de teatro de rua “Tá na rua”, pelo brilho e base para nos debruçarmos
em seu mundo.
“O propósito do teatro é fazer o gesto recuperar o
seu sentido, a palavra, o seu tom insubstituível, permitir que o silêncio, como na boa música
seja também ouvido, e que o cenário não se limite ao decorativo e nem mesmo à moldura
apenas - mas que todos esses elementos, aproximados de sua pureza teatral específica,
formem a estrutura indivisível de um drama..”
(Clarice Lispector)
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Cronograma ................................................................................................................13
Orçamento ................................................................................................................14
Fotografia 1 ................................................................................................................15
Fotografia 2 ................................................................................................................15
Sumário
Introdução ................................................................................................................................. 07
Objetivos................................................................................................................................... 09
Justificativa ............................................................................................................................... 10
METODOLOGIA..................................................................................................................... 12
cronograma ............................................................................................................................... 13
Orçamento ................................................................................................................................ 14
Fotografia ................................................................................................................................. 15
Referência ................................................................................................................................. 16
1 INTRODUÇÃO

“Teatro que se produz em locais exteriores às construções tradicionais: rua, praça,


mercado, metrô, universidade, etc. A vontade de deixar o cinturão teatral corresponde a um
desejo de ir ao encontro de um público que geralmente não vai ao espetáculo, de ter uma ação
sociopolítica direta, de aliar animação cultural e manifestação social, de se inserir na cidade
entre provocação e convívio” (PAVIS, 2015).
O teatro de rua é uma forma teatral que nasceu na antiguidade. O teatro surgiu no espaço
aberto e, desde a Grécia Antiga, abordou nas cenas os problemas e assuntos que percorriam a
polis e os cidadãos. O teatro de rua, que é realizado nos ambientes públicos da cidade, possui o
intuito de levar o teatro àqueles que não possuem acesso ou até mesmo de criar uma forma de
teatro político, pois, nesse caso, o público é totalmente diversificado e engloba pessoas de todas
as faixas etárias, classes sociais, gostos e opiniões. Nesse tipo de teatro, os cidadãos encontram
acidentalmente um espetáculo em seu caminho, ao contrário das apresentações em edifício
teatral, onde o espectador escolhe o que vai assistir de acordo com seu gosto particular. Dessa
forma, o público do teatro de rua corresponde a um público totalmente heterogêneo, enquanto
o teatro em lugares restritos, apresenta um público mais específico e homogêneo. A proposta
do teatro de rua é, além de democratizar o acesso a esse tipo de expressão, permitindo a
qualquer um contemplá-lo, interromper a rotina do cidadão urbano, chamando atenção aos
problemas abordados nas dramaturgias e que, na maioria das vezes, são problemas políticos e
sociais trazidos de forma leve e divertida.
O teatro de rua surgiu no Brasil primeiramente como parte dos projetos do Centro
Popular de Cultura(CPC), criado em 1961 com o objetivo de construir uma cultura nacional
popular e democrática reunindo diversos artistas brasileiros. Com o golpe militar em 64, o
centro foi fechado e muitos de seus participantes, presos e exilados. Por volta dos anos 80, com
o final do período ditatorial, o teatro de rua voltou ao cenário do país como movimento social e
forma de protesto. Desde então, o espaço urbano passou a ser utilizado como palco para dar
visibilidade ao protesto em forma de arte.
No Brasil e em diversos lugares do mundo o teatro de rua é pouco valorizado e até
mesmo discriminado, pois a maioria das pessoas tem em mente somente o palco italiano - o
teatro “tradicional” - ou reconhecem esse tipo de teatro como um “agito” na cidade e como
algo que tumultua as ruas. Atualmente, vivemos um cenário de completa elitização da cultura
e principalmente do teatro, onde somente um indivíduo com uma renda financeira elevada é
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capaz de frequentar os teatros e assistir aos espetáculos. Assim, surge a importância do teatro
de rua em nossa sociedade e o assunto de interesse de nossa pesquisa. Como o teatro de rua
atua na descentralização e democratização do teatro? Qual é o impacto do teatro de rua na
cidade e nos cidadãos?

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2 OBJETIVOS

2.1 GERAL

Nosso projeto visa apresentar conceitos teóricos e práticos do teatro de rua, abraçando o grupo
“Tá na rua” e o indicando como base de pesquisa. O processo de democratização do teatro de
rua e as questões sobre como integralizar de forma política e social o processo com os
indivíduos presentes serve de válvula propulsora para um teatro atual e potente.

2.2 ESPECÍFICOS

▪ Dissertar sobre os fatores políticos sociais que envolvam democratização da cultura e


suas influencias sobre a sociedade;
▪ Argumentar sobre os desafios encontrados na realização de um teatro de rua
▪ Contextualizar as composições dos gêneros com os assuntos mais utilizados no teatro
de rua.
▪ Instigar a propagação do teatro para todos e todas, além de um teatro convencional e
capitalista.
▪ Fomentar práticas de inclusão do povo nas dinâmicas teatrais.

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3 JUSTIFICATIVA

A democracia é um processo de longo prazo, que avança na exata medida em que avança a
difusão do conhecimento, processo o qual o inverso também é verdadeiro. Neste sentido, a
Internet surge como uma promessa de mudança social. No entanto, em nosso país, apesar da
cosmopolitização da sociedade, o conhecimento continua nas mãos de uma elite. Dessa forma,
a arte, e mais particularmente a arte contemporânea, vive um verdadeiro marginalismo social
camuflado em ações com completa ausência de didatismo. Dito isso, instituições voltadas para
a globalização do saber na era da revolução informacional buscam superar o cotidiano
burocrático do fazer governamental, ainda não no sentido de, como sugeriu o Ministro Gilberto
Gil em seu discurso de abertura da 26ª Bienal de São Paulo, “tornar gratuitas todas as suas
atividades” – o que iria requerer investimentos vultuosos na área da educação que não fazem
parte da atual realidade brasileira - mas no sentido de estimular a possibilidade de acesso e
participação nestas mesmas atividades, agenciando espaços para que a cultura possa ser
efetivamente coletiva.
No Brasil, o teatro de rua surge como um símbolo da resistência cultural à ditadura militar, nas
décadas de 1960, 1970 e 1980, por apresentar novas experiências estéticas e utilizar espaços
abertos como praças e ruas, proibidos pelo regime autoritário do Golpe de 1964. Grupos
paulistas de teatro envidaram esforços para criar um teatro de resistência, aproximando-se dos
núcleos sociais periféricos da cidade pelo contato direto com sua população. Um dos exemplos
mais significativos e duradouros é o do grupo Teatro Popular União e Olho Vivo (TUOV),
criado em 1967 e ainda atuante. A ação do coletivo inspirou, inclusive, o trabalho de outros
grupos teatrais posteriores como, por exemplo, o gaúcho Ói Nóis Aqui Travêiz que, em busca
de referências teóricas para impulsionar uma nova cena em Porto Alegre, encontrou o teatro
revolucionário através do pensamento do diretor César Vieira, autor de Em Busca de um Teatro
Popular (2007). A partir de 1981, o grupo começou a realizar intervenções cênicas ligadas a
movimentos populares, abrindo discussões mais amplas e teatralizando os fatos históricos
daquele momento. Seus atores associaram-se a movimentos ecológicos, associações e
sindicatos, abrindo manifestações populares com suas intervenções.
Portanto, O teatro de rua é democrático e democratizante por estar em um espaço que, em tese,
é de todos e de todas, por não impedir o acesso a nenhuma pessoa, é uma manifestação
democrática e, por isso mesmo, democratizante, isto é, possibilita que o público tome contato
com uma linguagem artística que nem sempre é disponível a todos/as.
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Democrático por ir ao espaço público aberto, democratizante por não restringir pessoas, seja
por idade, faixa etária ou pecuniária. Abrir a discussão e um olhar atento para esses múltiplos
Teatros de Rua, abordando alguns dos caminhos que os mesmos têm percorrido nas últimas
décadas em função de suas disputas - de pensamento, políticas e econômicas - pelo espaço
público, torna-se para os seus artistas pesquisadores-trabalhadores um imperativo dos dias
atuais.

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4 METODOLOGIA

A pesquisa será realizada por alunos da Escola de Teatro da UNIRIO, na cidade do Rio de
Janeiro durante o período de janeiro a setembro de 2023, buscando estudar o teatro de rua em
sua trajetória na sociedade, com objetivo maior de analisar sua importância e seu impacto na
atualidade. A princípio será feito uma divisão e elaboração de pontos específicos da pesquisa
como história e arquivo, conceitos e teorias, práticas, questões culturais e especificidades do
objeto de estudo.

Na etapa seguinte, faremos levantamentos de possíveis materiais de base que poderão surgir
através dessas leituras e seguir para a criação de um roteiro para inicar a pesquisa de campo,
que corresponde à observação de apresentações do grupo “Tá na Rua”, grupo de teatro de rua
do Rio de Janeiro, com o objetivo de analizar como são feitos os espetáculos, sua dramaturgia,
o público que assiste e as percepções e impactos que são gerados no espaço público e nos
indivíduos(através do levantamento das críticas de cada espetáculo). O grupo de teatro “Tá na
Rua” está ocalizado na Lapa, bairro do Rio de Janeiro, o diretor e criador Amir Haddad, leva
aos locais públicos espetáculos que carregam a ideia de improviso e de simplicidade. Para eles
a participação do público é parte da cena e o espaço aberto propicia mais liberdade para
consolidar uma linguagem que se alimenta diretamente das características e das necessidades
do povo brasileiro.

Na próxima etapa, a partir do embasamento fundamentado pelas pesquisas anteriores, iremos


entrevistar os participantes do grupo “Tá na Rua”, com o intuito de saber sobre os processos de
criação das apresentações, os desafios que existem nesse tipo teatral, as motivações para
praticá-lo, percepções, etc.

Por fim, será feita a revisão e finalização da pesquisa, o levantamento dos materiais coletados
nas entrevistas a serem trabalhados para produção textual, e a publicação do artigo científico
sobre o teatro de rua e a democratização da arte.

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5 CRONOGRAMA

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6 ORÇAMENTO

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7 FOTOGRAFIAS

GRUPO TÁ NA RUA EM APRESENTAÇÃO NOS ARCOS DA LAPA, NO RIO (FOTO:


DIVULGAÇÃO)

APRESENTAÇÃO NA LAPA COM O GRUPO TÁ NA RUA. (FOTO: RAFAEL SILVA

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8 REFERÊNCIAS

TÁ na Rua. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo:
Itaú Cultural, 2022. Disponível em:
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/grupo399345/ta-na-rua. Acesso em: 05 de agosto
de 2022. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7

TEATRO de Rua. Teatro em espaços não convencionais, 2009. Disponível em:


https://foradopalco.wordpress.com/?s=teatro+de+rua. Acesso em: 05 de agosto de 2022.

VASSALO, Roberta. Teatro de rua e a intervenção na vida urbana. Jornalismo Junior,


2014. Disponível em: http://jornalismojunior.com.br/teatro-de-rua-e-a-intervencao-na-
vida-urbana/ .
Acesso em: 05 de agosto de 2022.

FALCÃO DE ARAÚJO, Alexandre. #15 Deslocamentos | O Teatro de Rua Transforma a


Relação Com a Cidade?. 4 Parede, 2020. Disponível em: https://4parede.com/15-
deslocamentos-o-teatro-de-rua-transforma-a-relacao-com-a-cidade/. Acesso em: 05 de
agosto de 2022.

CARREIRA, A. Teatro de rua como ocupação da cidade: criando comunidades


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https://www.revistas.udesc.br/index.php/urdimento/article/view/1414573102132009011.
Acesso em: 5 ago. 2022.

EPISÓDIO 9 TEATRO DE RUA. Vídeo pelo grupo “Ói Nóis Aqui Travez”. 2020. 1 vídeo
(12min40). Disponível em: https://youtu.be/6lRMaNcCvCE. Acesso em: 05 de agosto de
2022.

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TEATRO de Rua. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São
Paulo: Itaú Cultural, 2022. Disponível em:
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo882/teatro-de-rua. Acesso em: 05 de agosto
de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

ALBERTO, M.; QUILICI, C. Potência intensificadora do Teatro: teatro do oprimido e a


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Campinas, SP, n. 27, p. 1–1, 2019. DOI: 10.20396/revpibic2720192245. Disponível em:
https://econtents.bc.unicamp.br/eventos/index.php/pibic/article/view/2245. Acesso em: 5
ago. 2022

REBECCA. EAD de ARTE 35 – Teatro de Rua.Portal de aulas online do Rodrigues


Dórea. Disponível em: https://rodriguesdorea.wordpress.com/2020/12/07/ead-de-arte-35-
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TEIXEIRA, Adailton Alves. Teatro de Rua e a Cidade. Disponível em:


https://teatroderuaeacidade.blogspot.com/2021/09/11-teses-sobre-teatro-de-rua.html.

TURLE, Licko; TRINDADE, Jussara. TEATRO DE RUA E ESPAÇOS


ABERTOS PARA A CENA. Universidade Federal da Bahia, Escola de Teatro,
Licenciatura em teatro. Salvador, 2020.

SEEHAGEN, Maria de Fátima. Caminhos de democratização da arte no mundo


contemporâneo.

SANTOS, Daniele. Teatro de Invasão: o teatro de rua sobre um chão que se pode soltar.
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Escola de teatro.

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