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Evolução da taxa de risco de pobreza

Como é visível na seguinte tabela, a taxa de risco de pobreza tem vindo a diminuir
progressivamente nos últimos anos, tanto antes como após transferências sociais (com a
exceção do ano de 2020 e 2022, como consequências da pandemia).

Tabela 1. Evolução da taxa de risco de pobreza, em Portugal

Fonte: Pordata

Relação da taxa de risco de pobreza com os níveis de escolaridade


Nos dias atuais, uma boa formação escolar pode ser um fator muito importante para um
menor risco de pobreza. Isto por dois motivos: empregabilidade e remuneração.

Analisando o Gráfico 1, verifica-se que, em 2022, a taxa de pobreza correspondente ao


ensino superior é de 5,8%, enquanto que a taxa correspondente à componente “até ao ensino
básico” é de 22,7%, ou seja, quase 4 vezes mais do que a taxa referente ao ensino superior.

Gráfico 1 Taxa de risco de pobreza segundo o nível de escolaridade, em


Portugal, 2021-2022

Fonte: INE 2022-2023


Empregabilidade:
Quanto mais alto é o nível escolar de um indivíduo, maior a probabilidade de conseguir
um retorno positivo no que diz respeito à inserção no mercado de trabalho. Por este motivo, a
qualificação da população em idade ativa residente em Portugal tem vindo a aumentar.

Como podemos observar no Gráfico 2, a taxa de atividade entre a população em idade


ativa – ou seja, a proporção daqueles que, pertencendo a este grupo etário, exercem uma
atividade – era de 59,8%, em 2022 e, em termos globais, mantem-se relativamente estável
desde 2013.

Analisando as taxas de atividade, por nível de escolaridade e durante o período 2013-


2022, verifica-se que os indivíduos em idade ativa que completaram pelo menos o 2º ciclo do
ensino básico têm taxas de atividade superiores à média global, sendo maior a probabilidade de
ter uma atividade para aqueles que completaram o ensino superior (sempre acima dos 80%) e
o ensino secundário ou pós-secundário (entre os 73,7% e os 73,4%).

As taxas de atividade da população em idade ativa que não tem qualquer nível de
escolaridade completo ou que concluiu apenas o 1º ciclo do ensino básico têm sido muito
inferiores à taxa de atividade média global e são cada vez mais baixas (6,9% e 22,8%,
respetivamente, em 2022).

É importante ainda referir que, para além da taxa de atividade do ensino superior, todas
as outras taxas correspondentes aos outros níveis de escolaridade têm vindo a diminuir.

Gráfico 2. Taxa de atividade da população em idade ativa, por nível de escolaridade

Fonte: INE 2023


O seguinte gráfico (Gráfico 3) vem reforçar ainda mais o que referimos anteriormente.
Constata-se que a taxa de emprego é mais elevada entre a população que completou a
qualificação mais elevada – licenciatura, mestrado ou doutoramento (CITE 5-8) – seja em
Portugal (83,0%), seja no conjunto dos países da União Europeia (86,7%).

Gráfico 3. Taxa de emprego da população entre os 20 e os 34 anos, por nível de escolaridade


completo e tipo de formação, em Portugal e na UE27, em 2022

Fonte: Eurostat 2023

Remuneração:
Quanto mais alto é o nível escolar de um indivíduo, maior a probabilidade de conseguir
um retorno positivo no que diz respeito à remuneração de trabalho.

O Gráfico 4 permite observar as diferenças salariais registadas em Portugal, em função


das qualificações, neste caso em função de valores brutos: quanto mais elevada é a qualificação,
mais elevada é a remuneração média mensal de base, embora se registe uma ligeira quebra
nesta relação no caso do curso técnico superior profissional (CTeSP).

Em comparação com o salário mínimo, verifica-se que é necessário ter concluído um


curso no ensino superior, pelo menos de nível CITE 6 (licenciatura), para auferir uma
remuneração mensal base que supere o dobro do salário mínimo (no valor de 665 euros em
2021). Um trabalhador com doutoramento recebia 3,8 salários mínimos em 2021. Os ganhos
relativos assinalados traduzem-se em diferenças na ordem dos 1700 euros mensais entre um
trabalhador com doutoramento (CITE 8) e um que não concluiu o ensino secundário.

Gráfico 4. Remuneração média mensal de base (€), por nível de escolaridade, em Portugal,
2021.
Outros fatores com impacto para a taxa de risco de pobreza
É importante referir que, apesar do nível de escolaridade de cada indivíduo ter um
grande impacto na taxa de risco de pobreza, não protege, necessariamente, as pessoas da crise,
pelo que há vários outros fatores que contribuem para a sua evolução, tais como:

 Localização geográfica: O custo de vida pode variar significativamente dependendo da


região. Áreas urbanas geralmente têm custos de habitação mais altos, enquanto áreas
rurais podem ter menos oportunidades de emprego e acesso limitado a serviços.
 Saúde e incapacidade: Custos de saúde elevados, incluindo despesas médicas
imprevistas, podem empurrar as famílias para a pobreza. Além disso, pessoas com
incapacidades físicas ou mentais podem enfrentar barreiras adicionais para conseguir e
manter empregos, o que pode aumentar o risco de pobreza.
 Acesso a serviços sociais: A disponibilidade e o acesso a serviços sociais, como cuidados
de saúde acessíveis, educação, creches subsidiadas, transporte público acessível, entre
outros, podem desempenhar um papel importante na redução do risco de pobreza.

Crise de 2008, Troika e Pandemia


Apesar de haver uma tendência para a diminuição da taxa de risco de pobreza, há
algumas exceções, visíveis na Tabela 2, como no caso do período entre 2008 e 2009, 2011 e
2014 e 2020 e 2022, que correspondem, respetivamente, à crise de 2008, à Troika e à pandemia
da Covid-19.

Tabela 2. Evolução da taxa de risco de pobreza, no período entre 2006-2022, em Portugal


Crise de 2008
A crise financeira começou por se fazer sentir em Portugal no início de 2008 com uma
forte compressão do crédito e o colapso de dois bancos privados. Os impactos económicos
chegaram ao mesmo tempo com uma redução da taxa de crescimento que se prolongou até ao
primeiro trimestre de 2009. A partir do segundo trimestre de 2009, até ao primeiro trimestre de
2010, desenha-se uma recuperação. Mas a partir do segundo trimestre de 2010 esta tendência
inverte-se, instalando-se a recessão de novo em 2011.

Analisando a Tabela 2, podemos concluir que a crise de 2008 teve, então, um impacto
muito forte na taxa de risco de pobreza, em Portugal, uma vez que, em 2009, teve um aumento
de quase dois p.p. em relação a 2008. Em 2010, o ano de recuperação a taxa voltou a diminuir
(0,9 p.p.)

Troika
Em 2011, a economia portuguesa acabava de sofrer o choque da crise financeira de
2008/2009 e preparava-se para mais uma recessão, ainda mais duradoura e intensa. Em 2011,
2012 e 2013, a economia portuguesa voltou a contrair, devido à crise das dívidas soberanas da
Zona Euro, da qual fazia parte como país que tinha recorrido a ajuda externa. A retoma começou
em 2014, ano da “saída limpa” da troika, mas foi lenta e só em 2018 é que a economia tinha
superado definitivamente as duas crises
consecutivas que enfrentou, de tal modo que Gráfico 5. Saldo orçamental, em Portugal, entre
2011 e 2020
até conseguiu um crescimento económico
em 2019 de 2,5%, como podemos observar
no gráfico 5.

No que diz respeito à taxa de risco de


pobreza (antes de qualquer transferência
social), a chegada da Troika levou ao
aumento de quase 3 p.p., em 2011, e só
voltou a diminuir em 2014, ainda que em
apenas 0,3 p.p.

Pandemia
Após o crescimento económico de
2019 (2,5%), a pandemia chegou e provocou
a maior queda da história democrática
(7,6%).

A pandemia levou ao aumento de 1,1 p.p. da taxa de risco de pobreza antes de qualquer
transferência social, e de 2.2 p.p. após transferências sociais, em 2020. Porém, em 2021 as duas
taxas voltaram a diminuir, e em 2022, apenas a taxa de pobreza após transferências sociais
voltou a aumentar, em 0,6 p.p.
Base de dados
Tabela 1:
Variáveis numéricas (percentagem):

 Taxa de risco de pobreza antes de qualquer transferência social:

Descrição: esta variável representa a proporção de pessoas em risco de pobreza sem


considerar qualquer apoio ou assistência governamental.

 Taxa de risco de pobreza após transferências sociais relativas a pensões:

Descrição: indica a taxa de risco de pobreza após considerar apenas as transferências


sociais relacionadas a pensões, como pensões de aposentadoria e pensões de sobrevivência.

 Taxa de risco de pobreza após todas as transferências sociais:

Descrição: representa a taxa de risco de pobreza após considerar todas as transferências


sociais, incluindo não apenas as relacionadas a pensões, mas também outros benefícios sociais,
como subsídios de desemprego e assistência social.

Medidas representativas:

Taxa de risco de pobreza antes de qualquer transferência social:

 Média = 43,8%
 Mediana = 43,4%

Taxa de risco de pobreza após transferências sociais relativas a pensões:

 Média = 24,2%
 Mediana = 23%

Taxa de risco de pobreza após todas as transferências sociais:

 Média = 18%
 Mediana = 18,3%

Gráfico 1:

 Variáveis qualitativas nominais (níveis de escolaridade):

Descrição: esta variável indica o nível de escolaridade dos indivíduos, dividida em três grupos:
até ensino básico, ensino secundário e ensino superior.

 Variável numérica (taxa de risco de pobreza):

Descrição: esta variável representa a proporção de pessoas em risco de pobreza dentro de cada
grupo de nível de escolaridade.

 Variável qualitativa ordinal (anos – 2021 e 2022):

Descrição: esta variável representa o ano em que as taxas de risco de pobreza foram
registadas.
Medidas representativas:

 Média (até ensino básico) = 22,35%


 Média (ensino secundário) = 13,65%
 Média (ensino superior) = 5,65%

Gráfico 2:

Variável qualitativa nominal (níveis de escolaridade):

 Nenhum;
 1º CEB;
 2º CEB;
 3º CEB;
 Ensino secundário;
 Ensino superior.

Variável numérica (taxa de atividade da população em idade ativa)

Variável qualitativa ordinal (anos – entre 2013 e 2022)

Gráfico 3:

Variável qualitativa nominal (Portugal e UE27);

Variável qualitativa nominal (níveis de escolaridade):

 CITE 0-2;
 CITE 3-4;
 CITE 5-8.

Gráfico 4:

Variável numérica – remuneração média mensal de base (€);

Variável qualitativa nominal (níveis de escolaridade):

 1º CEB;
 2º CEB;
 3º CEB;
 Ensino secundário;
 Ensino pós-secundário;
 Ensino superior – curso técnico superior professional;
 Ensino superior – bacharelato;
 Ensino superior – licenciatura;
 Ensino superior – mestrado;
 Ensino superior – doutoramento.
Medidas representativas:

 Média = 1199,26 €
 Mediana = 1003,40 €

Gráfico 5:

 Variável numérica (saldo orçamental - percentagem)


 Variável qualitativa ordinal (anos – entre 2022 e 2020)

Tabela 2:

Variáveis numéricas (percentagem):

 Taxa de risco de pobreza antes de qualquer transferência social:

Descrição: esta variável representa a proporção de pessoas em risco de pobreza sem


considerar qualquer apoio ou assistência governamental.

 Taxa de risco de pobreza após transferências sociais relativas a pensões:

Descrição: indica a taxa de risco de pobreza após considerar apenas as transferências


sociais relacionadas a pensões, como pensões de aposentadoria e pensões de sobrevivência.

 Taxa de risco de pobreza após todas as transferências sociais:

Descrição: representa a taxa de risco de pobreza após considerar todas as transferências


sociais, incluindo não apenas as relacionadas a pensões, mas também outros benefícios sociais,
como subsídios de desemprego e assistência social.

Medidas representativas:

Taxa de risco de pobreza antes de qualquer transferência social:

 Média = 44,6%
 Mediana = 43,7%

Taxa de risco de pobreza após transferências sociais relativas a pensões:

 Média = 23,7%
 Mediana = 24,3%

Taxa de risco de pobreza após todas as transferências sociais:

 Média = 18%
 Mediana = 18%

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