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Segundo Amado e Boavida (2006, p.191), a relação entre educação e Ciências da educação
embora seja realidades distintas, deve se inter-relacionar, porque se as ciências de Educação são
integrados num contexto geral, que não necessariamente científico, só se pode estudar
cientificamente a educação já que é através dela que a componente científica entra na educação,
numa perspectiva unitária e coerente, proporcionada por problemas, projecto, metodologias,
didácticas.
Concordando com a ideia de Amado e Boavida podemos afirmar que não se pode estudar
intensamente aspectos sociopolíticos, jurídico, socioeconómico sem estar legitimamente ligado
às ciências de educação, uma vez que os problemas sociais que apoquentam o homem tendem a
despertar objectivos educativos, contribuindo assim nos saberes em ciências de educação.
Segundo Charlot (1995) citado por Amado e Boavida (2006, p.191), as ciências humanas e
ciências sociais sofre aparentemente de uma fragilidade epistemológica na visão positivista, isso
deve-se ao seu carácter complexo e multifactorial, questões do princípio, finalidade, método e
aplicação própria, e isso igualmente as ciências de educação, o que se pretende resolver é a
natureza epistemológica dessas ciências.
Segundo Charlot (1995) citado por Amado e Boavida (2006, p.192), a educação é um espaço de
ambiguidade e incerteza epistemológica que dificilmente se pode delimitar para ser um campo de
investigação claramente constituído.
As ciências de educação são aquelas que têm por objectivo a clareza das práticas educativas em
todo tempo e lugar. As disciplinas científicas estudam as condições de existência, funcionamento
e evolução das situações e factos de educação (MIALARET, 1999), apud (AMADO e
BOAVIDA, 2006, p.193). As ciências da educação consistem numa disciplina que representa o
conjunto de pesquisa que permite clarificar o meio educativo, sujeito, objecto em relação à
educação. A ciência de educação tem como objecto de estudo a investigação e análise da
influência do homem, dos grupos sobre homem, instituições educativa, sociedade e acção
humana transitiva; ou seja, o estudo dos processos educativos conscientes, voluntários,
investigação dos processos educativos na aula, instituições, análise empírica, sistemática e
controlada das experiências educativas.
Segundo Charlot (1995), citado por (Amado e Boavida, 2006, p.193), As ciências da educação
produzem saberes sobre um processo educativo que é como um debate filosófico, sociopolítico e
de práticas. A concepção antropológica da educação é a chave da unidade e da especificidade
destas ciências.
Podemos assim dizer que em geral as ciências de educação são aquelas que buscam a descrição,
explicação e levantam novos problemas tentando justificar os condicionamentos na formação do
indivíduo.
Segundo Fletcher (1984, citado por Boavida 2006, p.1996) o senso comum é um conjunto de
crenças e conhecimentos culturais partilhados por um grupo acerca do funcionamento das
pessoas da sociedade em geral.
Concordando com a ideia de Fletcher (1994) compreendemos a Educação e senso comum, como
aquela que não é só feita por instituições governamentais competentes, nesse caso compreende-
se por senso comum aquela educação do carácter quotidiano que cria condições para que as
práticas educativas se desenvolva pelas opiniões generalizadas, a sabedoria popular baseada nos
provérbios, contos. Constitui igualmente um património cultural importante porque brota de
situações concretas embora traduzida oralmente de geração em geração. Na verdade, a educação
faz parte da vida familiar e social.
Por essa razão, acrescenta Fletcher (1994) que deve ser analisado e compreendido fora do grau
científico que exige paradigmas e metodologias que este campo não domina. Por essa razão
podemos considerar o senso comum como um enorme obstáculo das ciências humanas,
psicologia e ciências da educação; e isso faz com que o senso comum sem análise comprovada
seja um perigo no processo educativo de convicção por causa do tipo de informação que põem
em causa a formação e hipótese.
As ciências de educação assim como a pedagogia estavam sujeitas do que toda gente sabe e
sente, por essa razão deu-se uma inteligibilidade própria das ciências de educação para
constituição do seu estatuto científico é necessária uma ruptura com o senso comum, embora
muito difícil devido a sua origem cultural e social uma vez que nem sempre o senso comum está
errado embora não tenha fundamentos. O senso comum e a ciência epistemológica de certa
forma, tem uma relação de complementaridade.
Educação e ideologia: a educação está ligada ao perfil ideal. Estudar a educação é ser chamado
a ordem pelo ideal com princípio de que tudo deve ser julgado e não avaliado. Este obstáculo é
um perigo e nega a possibilidade de fazer ciência sobre os princípios e finalidades que são da
ideologia e natureza identificável. O mal está em confundir as tarefas epistemológicas e em tratá-
las como planos alheios. Este obstáculo influencia negativamente o conhecimento científico
quando ironiza os fundamentos (CHARLOT, 1995).
O problema ideológico está no cientista no tipo de análise de interpretação e a sua tarefa é dupla:
fazer avançar o processo de cientificação e fazer análise crítica de natureza filosófica
constitutiva, pela essência humana, cultural e social de educação.
● A ilusão substancialista
A educação enquanto objeto já ocupado pelas outras ciências humanas, constitui-se como
obstáculo epistemológico a ação específica das ciências de educação, as ciências humanas não
produzem inteligibilidade específica requerida pela complexidade do processo de educação.
A difícil relação entre a teoria e a prática: a tensão permanente entre a prática e a teoria se traduz
na fácil da exclusão do domínio científico, desvalorização pelos práticos constitui obstáculos
epistemológicos na formação e desenvolvimento das ciências de educação.
Não existe ciência sem que haja exigência de rigor nos conhecimentos obtidos pela
racionalidade. O facto importante em ciência é saber se o conhecimento resulta, ou não, de uma
mudança qualitativa em relação ao senso comum, a exigência de rigor deve ter em conta a
especificidade do objecto das ciências de educação. (AMADO E BOAVIDA, 2006, p.2007).
De acordo com Boavida podemos perceber que qualquer investigação científica deve obedecer às
exigências de rigor para validação e verificação dos conhecimentos de modo a distinguir uma
investigação científica do senso comum. As exigências das ciências de educação englobam a
multiplicidade e unicidade dos objetos a investigar no carácter educativo.
Podemos acrescentar que as investigações em ciências de educação tende alcançar uma meta de
reflexão e deve apresentar rigor na resolução dos problemas levantados, o nível e a natureza dos
objetivos variam conforme a ciência visto que, os métodos e os paradigmas são sempre
diferentes para cada ciência embora devem equilibrar essa variabilidade de modo a obedecer às
exigências de rigor.
Segundo Popkewis (1984, citado por Boavida, 2006, p.213) aponta três paradigmas
fundamentais na educação na investigação científica: paradigma empírico ‘quantitativo’;
paradigma da ciência simbólica ‘investigação qualitativa, interpretativa’; e paradigma da teoria
crítica ‘ investigação que inclui critérios e valores políticos’. É a partir desses paradigmas que
submetem todos os outros.
Em conformidade com Boavida, nos vem a ideia de que aceitação da complexidade em das
ciências de educação implica a refutação de algumas ideias pelo que reduz a relação dos
profissionais do ensino e investigadores e por essa razão dificulta a verdadeira compreensão da
exigência da humildade científica e este é o maior obstáculo da teoria do conhecimento que se
verifica na investigação.
Não é fácil delimitar objetos da ciências de educação para avançar numa investigação claramente
constituída, mesmo que a investigação se construa investigando e tendo consciências dos
próprios problemas que levanta e tenta resolver. O objecto de investigação não é objecto
intuitivo da vida quotidiana e do senso comum, mas um objecto construído. Não se faz a
investigação da educação em geral mas sim dos problemas educativos particulares. A
investigação educacional nasce da educação e tem educação por objetivos e a finalidade
condiciona a educação.