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O que acontece psicologicamente quando se verifica uma perda efectiva ou existe um acontecimento de perda
iminente (luto antecipado)?
“dores” emocionais e/ou perturbações, que são respostas de adaptação designadas frequentemente por
luto;
É um estado emocional normal que se caracteriza pelo conjunto de sinais e sintomas que ocorrem como
resposta a separações e perdas significativas.
Fases do luto
o processo de luto é composto por uma serie de alterações emocionais especificas, ou fases:
Negação
Zanga
Preocupação/Depressão
Aceitação/Resolução
Negação
Choque. O sujeito recusa-se a acreditar na perda
Zanga
O sujeito culpabiliza os outros pela sua perda. Podem verificar-se sentimentos de cólera, dirigidos
normalmente aos médicos, a entidades religiosas, ou outros alvo responsáveis….
Preocupação/Depressão
O sujeito entristece. Esta é uma fase intermédia que envolve preocupação com a pessoa e/ou objetos
perdidos.
Surgem sintomas como: choro incontrolável, humor deprimido, evitamento social e outros sintomas
mais fisiológicos semelhantes aos da depressão.
Pode surgir a voz e/ou imagem da pessoa/coisa perdida, não de forma alucinatória, mas sim na forma
“como se…”
Aceitação/Resolução
Aceitação dos acontecimentos. O sujeito resigna-se e começa a aceitar a perda com o passar do tempo.
Os sintomas atenuam-se e a vida começa progressivamente a chegar ao normal.
Podem decorrer vários meses até que esteja completa. Nos momentos festivos (natal, aniversario, etc)
é comum haver recorrência do luto.
• Luto Ausente
• Luto Diferido
• Luto Prolongado
• Luto Excessivo
Luto Ausente: quando não há sinais externos de luto, apesar da ocorrência de um acontecimento com
dimensão que o justifique.
Luto Diferido: quando o luto começa algumas semanas mais tarde.
Luto Prolongado: quando os sintomas persistem 6 a 12 meses apos o acontecimento de perda. Pode ser
necessário considerar-se a possibilidade de existência de uma perturbação depressiva.
Luto Excessivo: intensidade excessivamente grave dos sintomas de luto (depende da proximidade com mais
vulnerabilidade a acontecimentos de perda).
Humor deperessivo
Diminuição clara do prazer ou interesse em actividades…
Perda de peso (sem se azer processo de dieta)…
Insónia ou inibição psicomotora;
Fadiga ou perda de energia;
Sentimentos de desvalorização ou culpa excessiva;
Diminuição da capacidade de pensamento ou concentração;
Pensamentos recorrentes acerca da morte, ideação suicida.
Os sintomas não são melhores explicados por luto, e podem persisitir mais de 2 meses e caracterizados por
marcado comprometimento a varias áreas…
Processo de luto “normal”
O luto é um processo natural que ocorre sempre que há uma perda significativa na vida de uma pessoa.
Essa perda pode ser de natureza diversa, exemplo, um ente próximo, um emprego, uma modificação
corporal, uma alteração importante das condições de vida,…
Pressupõe algumas fases: choque e negação, raiva e dor, depressão e aceitação;
As características sintomáticas mais comuns são algo semelhante a algumas de depressão (tristeza, choro
fácil, perda de peso, falta de apetite, insónia, ….), mas enquadráveis na situação de morte ou perda.
Quando deixa de ser “normal” e passa a patológico?
Quando a pessoa não consegue descentrar.se do objetivo perdido (ente querido, perda), não se recupera
da perda e não consegue focar-se noutras actividades/ objetivos
Ou
Quando a pessoa desvaloriza a perda e age como se nada tivesse acontecido (negação)
Pelo menos uma perturbação adaptativa acompanhada de sintomatologia ansiosa e depressiva moderada.
Emoções
Todas as emoções, são, essencialmente, impulsos para agir;
Isto é mais frequente e visível em animais e crianças, do que em adultos, onde existe um “divorcio” entre a
emoções e a sua obvia reação.
Alegria
O bem-estar parece induzir algumas modificações biológicas que inibem os sentimentos negativos e trazem
uma calma que faz o corpo recuperar mais rapidamente de emoções perturbadoras;
Tranquilidade geral, disponibilidade e entusiasmo para desempenhar tarefas e perseguir objetivos;
O amor, os sentimentos de ternura e de satisfação sexual produzem um resposta de relaxamento, estado
geral de calma e contentamento, facilitando a cooperação.
Medo
há maior circulação sanguínea nos grandes musculo esqueléticos facilitando a fuga e empalidecendo a face;
Simultaneamente o corpo imobiliza-se por breves instantes, talves para decidir o que fazer;
O estado de alerta é geral, mantendo o corpo em tensão e preparado para atenção;
A atenção fixa-se na ameaça presente para melhor avaliar a resposta a dar.
Zanga
O sangue flui a zona das mãos, tornando mais fácil agarrar um objeto e agredir o inimigo;
O ritmo cardíaco aumenta e a libertação de adrenalina permite uma onda de energia suficientemente forte
para permitir uma ação vigorosa.
Surpresa
O arquear das sobrancelhas provocado pela surpresa permite o alargamnept do campo visual e a estrada
de mais luz na zona da retina;
Estas alterações permitem fornecer mais informação sobre o comportamento inesperado, tornando mais
fácil perceber exatamente o que se está a passar e elaborar um plano de ação.
Tristeza
Uma das principais funções é ajudar à adaptação a uma perda significativa, tal como a morte de alguém
querido ou um grande desapontamento;
Tem como consequência uma quebra de energia e do entusiasmo pelas atividades diárias, e à medida que
se acentua aproxima-se da depressão;
Cria a oportunidade para chorar uma perda ou esperança frustrada, avaliar as consequências na vida da
pessoa e quando a energia regressa, planear novos começos.
Repulsa
A expressão imite algo que nos ofende o paladar, o olfacto, ou mesmo metaforicamente;
O lábio superior é repuxado para os lados e o nariz fica levemente franzido, sugerindo uma tentativa
primordial de tapar as narinas contra um odor ofensivo ou cuspir um alimento venenoso.
ZANGA
Marcador que estamos a ser agredidos, ou invadidos. Quem está zangado precisa de EXPRESSAR ESSA
ZANGA e também de ter LIMITES para a mesma. Indicador de maior afastamento espacial e talvez mesmo
físico.
MEDO
Marcador de aviso que estamos em perigo. Quem tem medo precisa de SEGURANÇA.
Outras emoções
NOJO/REPUGNÂNCIA
Marcador de uma coisa aversiva, intolerável. precisamos de retirar/ajudar a lidar com esse estímulo:
aumentar o conforto e o clima de confiança.
VERGONHA
Marcador de que estamos demasiado expostos, é necessário aumentar a protecção da intimidade.
CULPA
Marcador que se relaciona com o erro, com a sensação de falha. Necessário explicar diferença entre culpa e
responsabilidade.
Situações de luto
Terapeuticamente….
o Aumentar a confiança, usar empatia e encorajar o paciente a falar da sua história e experiência de
perda;
o Elaborar pensamento e emoções associadas aos efeitos da perda;
o Podem ser sugeridos alguns livros ou vídeos sobre o tema e a adesão a grupo de suporte/ajuda
mútua para situações de luto; falar com outros que passaram pelo mesmo e que estratégias de
coping usaram;
o Educar sobre a fase de luto onde a pessoa se encontra;
o Identificar formas de negar/evitar o luto usadas (exp: consumos);
o Acompanhar na identificação da relação com a pessoa perdida (dependência, etc);
o Acompanhar na identificação e no expressar de sentimentos de culpa e zanga;
o Acompanhar na identificação de remorsos e contrastar com as evidências na realidade;
o Exercício de “escrever carta” ou de “cadeira vazia”;
o Tentar apelar às memórias agradáveis sobre a pessoa perdida;
o Desenvolver rituais de celebração (se fizer sentido);
o Sessão com familiares;
o Planear actividades com duração limitada no tempo para o luto;
o Participação em actividades comunitárias, interesses, etc. que possam estar associadas à pessoa
perdida;
o Encorajar a manutenção no compromisso pessoal feito ou em actividades e interesses pessoais.
N.B. Tudo isto é de acordo com o que fizer sentido para o paciente – nível elevado de subjectividade!
Psico-oncologia
Escritos Hipocráticos e Galeno;
Séc. XIX
Ainda neste século com a descoberta dos Raios X tudo se altera, aparecem a radioterapia e o
radioterapeuta. Com estas descobertas, a Biologia, a Medicina e a Física colaboram num trabalho
multidisciplinar criando-se institutos de rádio e centros terapêuticos, onde se concentram e coordenação
de especialidades médicas e terapêuticas diferentes.
Anos 40
o Movimento psicossomático associa a análise de personalidade à etiologia do cancro;
o O uso da quimioterapia e as consequências do tratamento acabam por delinear a necessidade
de recursos psicológicos para lidar com esta nova situação.
Anos 50
o Conceito Qualidade de Vida;
o Diagnóstico Informado ao paciente;
o Trabalhos de prevenção;
o Estudo dos hábitos e estilos de vida;
o Técnicas de Relaxamento, Auto-ajuda e voluntariado.
Anos 60
o Acentua-se a importância do diagnóstico Informado ao paciente;
o Estudo de variáveis psicológicas como antecedentes e consequentes da doença;
o Psiconeuroimunologia;
Séc. XX - Anos 90
o Consolidação da Psico-Oncologia como especialidade,
o Aumenta o nº de publicações científicas;
o IPOS (International Psycho-Oncology Society) e o Journal of Psycho-Oncology;
o Temas versam: Ajustamento/coping ; Relações interpessoais; Qualidade de Vida; Cuidados
paliativos e Morte; Imagem Corporal e Sexualidade; Dor e Reacções emocionais; Consentimento
informado; Informação sobre o diagnóstico; Prognóstico e efeitos secundários do tratamento;
Formação de outros técnicos; Prevenção.
Em Portugal
A partir de 1900: reflexão sobre questões relacionadas com o cancro (Revista “Medicina
Contemporânea”);
1906: Congresso Internacional de Medicina (Lisboa);
1908: Congresso Internacional de Cirurgia (Bruxelas);
1908: Liga Internacional para o estudo do Cancro, à qual aderiram todos os países da Europa;
1912: Serviço para Cancerosos no Hospital Escolar organizado por Francisco Gentil;
1923: Instituto Português para o estudo do Cancro, tendo Francisco Gentil como presidente;
1931: Comissão iniciativa particular de luta contra o Cancro (1931);
1941: Liga Portuguesa Contra o Cancro, que tem fundamentalmente dois objectivos: a Humanização e a
Solidariedade.
Anos 70
o Psicologia da Saúde – Medicina Comportamental + modelos de saúde e doença do modelo bio-
psico-social.
Anos 80
o Terapia Psicológica Adjuvante (baseada na Terapia Cognitiva de Beck) – modificação de estratégias
de coping estimulando o espírito de luta e manifestação de emoções negativas.
Séc. XX - Anos 90
o Consolidação da PsicoOncologia como especialidade,
o Aumenta o nº de publicações científicas;
o IPOS (International PsychoOncology Society) e o Journal of Psycho-Oncology.
Até…..
• Avaliação psicossocial
• Guidelines
• Intervenções psicossociais mais eficazes para a QVDesde…..
Atualmente…..
De acordo com Holland (1990), as duas principais áreas de interesse que caracterizam esta
subespecialidade do cancro são:
"a) O impacto do cancro na função psicológic do doente, da família do doente e do pessoal;
(b) o papel que as variáveis psicológicas e comportamentais podem ter no risco de cancro e na
sobrevivência" (p. 11).
Além disso, uma importante consequência destas áreas de investigação científica envolve o
desenvolvimento e a avaliação da e avaliar a eficácia das intervenções psicossociais destinadas a melhorar a
qualidade de vida de um doente com cancro (Baum & Andersen, 2001; Feuerstein, 2007).
Não é apenas uma variável psicológica, mas sim multidisciplinar que interessa e é transversal a todas as
áreas do conhecimento.
Avaliar
QDV de crianças com cancro;
QDV dos cuidadores;
QDV relacionada com consequências do tratamento.
Papel da Psicoterapia
útil para a redução de sintomas específicos
AUMENTAR características pessoais associadas a melhor prognóstico:
o espírito de luta
o evitamento positivo
o relações fortes e de suporte
o competências para lidar de forma eficaz e flexível com o stresse;
o controlo e auto-eficácia;
o assertividade, comunicação.
DIMINUIR características pessoais associadas a pior prognóstico:
o fatalismo/pessimismo
o desesperança
o ansiedade e depressão
o supressão de emoções
o isolamento (relações familiares pobres durante a infância e perdas significativas).
Intervenção Psicológica
Psicoterapia
Suporte social (grupos de apoio) ao doente e à família;
Apoio aos profissionais de saúde.
Psicoterapia Individual
Intervenção biomédica
Assenta exclusivamente no tratamento e controlo dos sintomas e alterações físicas e biológicas… mas,
Disponibilizar psicoterapia aos doentes e suas famílias parece ter um impacto poderoso nas estratégias
para lidar com a situação, ao nível do ajustamento à doença e tratamento, no prognósticoe QV, levando
a maior adesão às recomendações médicas e à adopção de comportamentos de saúde.
Adquirir informação sobre a doença/ tratamento;
Tomar consciência dos medos e sentimentos sobre a doença, o tratamento, as recidivas e a morte; •
Diminuir os níveis de depressão e ansiedade;
Desenvolver competências para lidar com o stresse;
Desenvolver sentimento de optimismo e de poder sobre a doença – espírito de luta;
Adquirir sensação de controlo e auto-eficácia (manutenção do auto-conceito);
Adquirir competências de comunicação e assertividade (família, amigos, equipa de saúde);
Recuperar ou estabelecer relações familiares ou interpessoais positivas;
Recorrer ao terapeuta como sistema de suporte;
Tomar decisões acerca do tratamento e outras questões;
Reduzir efeitos secundários do tratamento, melhorar o prognóstico e a QV;
Melhorar a adesão às recomendações médicas e à adopção de comportamentos de saúde.
Lidar com questões espirituais ou existenciais relacionadas com o cancro;
Criar um estilo de vida saudável e gratificante.
Counselling ou psicoterapia?
Counselling – centra-se nos problemas e preocupações que o doente tem, para facilitar a sua adaptação
ao meio, ainda que os problemas não tenham necessariamente um carácter psicopatológico;
Psicoterapia – independentemente do modelo psicoterapêutico usado, pressupõe a existência de
perturbação/alteração psicopatológica. + Modelos Cognitivo-Comportamental ou Existencialista;
Alguns autores recomendam uma transição como um contínuo entre estas duas ferramentas, sendo
que ambas procuram “conter” emocionalmente o doente.
Psicoterapia cognitivo-comportamental
Consequências cognitivas do cancro:
o exigências relativamente a decisões acerca do tratamento;
o “desafios” colocados às crenças de base do doente (previsibilidade, controlabilidade e
invulnerabilidade);
o Intervenção dirigida:
às cognições disfuncionais e comportamentos resultantes;
à potenciação das estratégias adaptadas de coping;
aumento do sentimento do controlo;
resolução de problemas;
facilitação das competências interpessoais (assertividade).
Relaxamento e Imagética
o Impacto na qualidade de vida, estados de humor e diminuição do stresse emocional;
o efeitos positivos no sistema imunitário.
Psicoterapia Existencial
Elaboração da própria ideia de morte, identificação de crenças, procura de significados;
Facilita o bem-estar emocional e permite enfrentar a situação de forma emocional activa;
Explora aspectos importantes da trajectória de vida, emoções/afectos, facilitando a expressão
emocional;
Importante estabelecer uma relação empática autêntica, aplicar técnicas de escuta activa e questões
que suscitam a introspecção/reflexão.
Intervenção Psicológica/Psicossocial
Suporte social (grupos de apoio) ao doente e à família;
Em Portugal…
Apoio psicológico nos vários estádios da doença é ainda pouco frequente;
Sensibilizar para a importância de implementação de abordagens psicossociais em paralelo com as
abordagens biomédicas, porque, em conjunto, podem ter um papel fundamental no bem-estar físico e
psicológico dos doentes;
Os médicos podem referenciar os doentes desde as primeiras fases da doença para o apoio psicológico;
intervenção psicológica de grupo de carácter breve pode ser uma modalidade ajustada à realidade
portuguesa.
Porquê breve? (menos de 8 sessões de grupo):
o baixo nível educacional, cultural e socioeconómico;
o dificuldades de acesso aos serviços de oncologia para adesão a uma intervenção de carácter
prolongado;
o pretende-se produzir efeitos terapêuticos com o mínimo de custo para o doente e família, tendo
em conta a sobrecarga das consequências físicas da doença/tratamento, com visitas frequentes
ao hospital.
McIntyre, T., Fernandes, S. & Pereira, G. 2002
Intervenção Psicológica
Apoio aos profissionais de saúde.
Frequentemente os técnicos de saúde têm dificuldades em demonstrar empatia e as dificuldades na
comunicação associam-se ao medo…
Quase como se receassem provocar uma resposta emocional e depois não saberem como responder.
Lidar com o medo do paciente?
Lidar com o meu próprio medo?
MUITOS Factores de stresse: comunicação de más notícias, inexistência de cura, exposição repetida à
morte, envolvimento em conflitos emocionais, absorção de mágoa e cólera expressa pelos familiares e
doente, desafios ao sistema de crenças pessoais.
Como reduzir? (psicólogo pode ajudar…)
o boa comunicação entre a equipa;
o reuniões semanais interdisciplinares e trabalho de equipa (apoio mútuo, partilha de
experiências);
o recursos adequados, serviços de apoio, metas realistas;
o tempo disponível para actividades de lazer;
o folga/alimentação/repouso adequados;
o encontros informais (fortalecer a coesão de grupo);
o apoio e orientação dos novos elementos da equipa.
Como avaliar?
Organizações
EORTC (European Organization for Research and Treatment of Cancer):
o QLQ-C30 - Quality of Life Questionnaire (em PT);
o Módulos específicos a cada cancro e ao tratamento
FACIT (Functional Assessment of Chronic Illness Therapy):
o FACT-G – Functional Assessment of Cancer Therapy
o Módulos específicos a cada cancro e ao tratamento
Portanto, é indiscutível que a internet permite trazer mais informação sobre saúde e doenças,
facilitando a interação e o anonimato, contudo, muitas são as dúvidas quanto à qualidade da
informação, existindo muitas distorções, mitos, conhecimentos pouco credíveis ou cientificamente
fundamentados (Cline & Haynes, 2001);
Acrescenta-se a frequente inexistência de autores e fontes de citação, trabalho de revisão de pares, e, a
presença de uma forte interligação entre a indústria comercial e informações convincentes sobre
determinados produtos;
Perante tal amálgama de informação, o trabalho de separar quais a fonte fidedigna torna-se bastante
difícil, e, por isso, será de extrema importância clarificar a sua origem e credenciais, fazendo pesquisa
em sites institucionais ou governamentais (Estefenon & Eisenstein, 2008; Eysenbach, 2008; Vance,
Howe, & Dellavalle, 2009; Subrahmanyam & Šmahel, 2011).
A primeira abordagem sobre o termo literacia atribui-se aSimonds (1974) (citado por Loureiro, Mendes,
Barroso, Santos, & Ferreira, 2012), onde foi utilizada a conjugação do termo na década de 70 doséculo
XX, como forma de referir a necessidade de educaçãopara a saúde em contexto escolar (Bernhardt,
Brownfield, & Parker, 2005; Ratzan, 2001);
O verdadeiro interesse pela temática surge realmente nadécada de 90 do século passado, no âmbito da
promoção eeducação para a saúde (Kickbusch, 1997), constituindo-seatualmente, como resultado
chave da promoção da saúde(Loureiro et al., 2012; Nutbeam, 2000)
A literacia em saúde torna-se uma ferramenta cada vez mais importante, porque quanto maior o
conhecimento, maior será a prevenção;
Literacia em saúde: competências necessárias para interagir com o sistema de saúde e para se envolver
num processoadequado de cuidado próprio; compreensão dos termos einformações proeminentes ao
nível da saúde de forma a setomarem decisões adequadas (Norman & Skinner, 2006).
A tecnologia permite uma mudança no acesso aos cuidados de saúde através da telemedicina, internet,
correioelectrónico e nomeadamente de todas as ferramentas daeHealth, permitindo diminuir os custos,
encurtandodistâncias e facilitando o acesso a todos os cidadãos de umasaúde mais económica, mas
rápida e mais eficiente(Brandão, 2012; Loureiro et al., 2012; Vaconcellos-Silva & Castiel, 2009)
Conceito e-Health
A adaptação das novas tecnologias de telecomunicação à melhoria de processos e procedimentos de
prestação e gestão de cuidados de saúde gerando plataformas activas de comunicação e informação entre
hospitais, centros de saúde, unidades de cuidados continuados e o domicílio dos doentes. Este meio de
transmissão de conhecimento rápido e dinâmico, pode complementar a educação para a saúde
desenvolvida pelos profissionais desta área (Etchemendy et al., 2011, Gilmour, 2007; OMS, 2010). International
Journal of Healthcare Management
Engloba variados conceitos, tais como: a saúde, a tecnologiae o comércio e compreende o uso da internet
ou outros meios eletrónicos de divulgação que estejam relacionados com informações sobre a saúde e/ou
sobre serviços de saúde.
O objetivo é semelhante ao dos cuidados de saúde tradicionais, uma vez que se baseia na prevenção,
diagnóstico e tratamento das doenças, bem como na manutenção e promoção da saúde das populações.
O “e-“ de eHealth não corresponde só a “eletronic” noverdadeiro sentido da palavra, mas sima vários “e’s”,
os quais, juntos, caracterizam o conceito de eHealth. Assim, 10são os conceitos/palavras para o prefixo “e-“
(Eysenbach, 2001, cit. Por Brandão, 2012):
Nos casos de pacientes com doenças crónicas ou limitações de mobilidade, a internet é uma forma de: •
Obter informações sobre saúde e doença e ter serviços de saúde online, potenciando o binómio
curto/tempo em saúde (Ritterband & Tate, 2009);
A investigação tem demonstrado que quem mais usa a internet e procura informação sobre saúde
online são as pessoas que têm doença crónica, as que encontram maiores barreiras nos acessos a locais
de prestação de cuidados de saúde e com baixo suporte social (Bundorf, Wagner, Singer, & Baker, 2006);
Parece também que quanto menor for o suporte emocional obtido, bem como a satisfação face a
informações relativas à doença e à comunicação médico-paciente, maior a urgência em satisfazer tais
necessidades através da pesquisa na internet (Hou & Shim, 2010; Lee & Hawkins, 2010; Tustin, 2010; Riiskjær,
Ammentorp, Nielsen, & Kofoed, 2011).
Desvantagens:
O risco de uma eventual alteração no atual paradigma da relação medico/doente foi apontada pelos inquiridos como
a principal desvantagem associada à utilização deste tipo de plataforma. Para cerca de ¼ dos inquiridos não existe
qualquer tipo de desvantagem na utilização deste tipo de ferramentas.
Do ponto de vista dos profissionais de saúde inquiridos, existem riscos claros associados a essa “banalização” de e-
informação. É fundamental que os utentes saibam selecionar as fontes de informação a que recorrem existindo,
sempre, o risco de uma interpretação incorreta dessa informação (por falta de expertise). Os processos de auto-
medicação e auto-diagnostico são outros dos riscos que um acesso massificado da população à e-informação poderá
representar no entender destes profissionais de saúde.
Recomendações/Dicas Saudáveis
Relembrar que o mundo virtual é simultaneamente real e fantasia, não pretender ser
alguém que não é na realidade, tentar ser honesto;
Não “clickar” em todas as opções que aparecem e desconfiar de mensagens que
oferecem prémios, viagens, etc, não aceitar encontros com alguém que se conheceu
online, e, informar uma pessoa de confiança sobre isso;
Não colocar imagens, fotografias e informações pessoais (morada, telefone, passwords,
nºs de cartões, etc);
Em caso de problemas de saúde, para além da pesquisa na internet, contactar um
médico ou com uma pessoa de confiança e não comprar produtos vendidos online;
Profissionais de saúde e comunidade em geral devem fomentar mais literacia digital e
ajudar os doentes a fazer um uso saudável da internet.
E-HEALTH Ferramentas Para Melhorar Comportamentos de alimentação
Os comportamentos relacionados à nutrição são considerados os principais contribuintes para a saúde
precária e morte prematura em todo o mundo (identificados no Global Burden of Disease Study) (Lim et
al., 2012);
Mudar comportamentos alimentares parece ser mais desafiador do que outros comportamentos
(Murray, 2012);
A interacção com a tecnologia inclui sítios Web, e-mail, programas de CD-ROM, telemóveis e
computadores de mão, que podem aumentar o potencial de feedback e avaliação atempados;
As intervenções de nutrição comportamental conduzidas usando tecnologias e- ou m-Health (Olson,
2016) foram focadas em:
o diminuir a ingestão de gordura
o aumentar a ingestão de frutas e vegetais;
o peso corporal.
Desafios:
o altas taxas de atrito (Kohl LFM, Crutzen R, de Vries NK. 2013);
o equidade em termos de acesso à internet;
o eficácia das intervenções? (Olson, 2016).
Exemplos de intervenções
1. Alexander et al., 2010 conduziram um ensaio clínico aleatório de três braços no qual compararam os
efeitos no consumo de fruta e legumes de (a) um programa online não adaptado, (b) uma intervenção
comportamental online adaptada, e (c) uma intervenção comportamental online adaptada mais
motivacional por correio eletrónico.
2. Carter et al., 2013 conduziram um ensaio piloto randomizado do aplicativo para smartphone My Meal
Mate e descobriram que a adesão ao automonitoramento foi significativamente maior (p <0,001) no
grupo de aplicativos em comparação com os grupos de site e diário de papel.
3. Herring et al., 2014 realizaram um estudo com mães obesas, de minorias étnicas e
socioeconomicamente desfavorecidas no primeiro ano pós-parto, que foram aleatoriamente
designadas para receber cuidados habituais cuidados habituais ou uma intervenção baseada na
tecnologia, que incluía orientação sanitária quinzenal por telefone, mensagens de texto e um grupo de
apoio no Facebook.
4. Turner-McGrievy & Tate, 2011 compararam uma intervenção para perda de peso baseada apenas em
podcasts com uma intervenção baseada em podcasts e dispositivos móveis, que incluía a monitorização
da dieta e da atividade física em dispositivos móveis e a interação com os conselheiros do estudo e com
outros participantes no Twitter.
5. Lohse et al., 2015 descobriram que uma intervenção online sobre competências alimentares estava
associada a uma maior utilização de competências de gestão de recursos alimentares e de planeamento
de refeições que incluíam todos os grupos de alimentos, em comparação com controlos que utilizavam
um sítio Web de informação nutricional do Departamento de Agricultura dos EUA.
O que é que podemos aprender com intervenções bem sucedidas que possam orientar a implementação
de futuras intervenções?
1. Concentrar-se noutros comportamentos relacionados com a saúde, para além dos comportamentos
alimentares;
2. Ser altamente estruturada, auto-orientada ou semi-orientada;
3. Ser adaptado às necessidades do indivíduo e personalizado às
1. personalizadas às características comportamentais e psicossociais do utilizador;
4. Implementar medidas objectivas, nomeadamente para os resultados dietéticos (utilizando recibos de
compra de alimentos, questionário de frequência alimentar, por exemplo) e peso corporal;
5. Proporcionar avaliação, feedback personalizado e acompanhamento.
(Olson, 2016; Ritterband & Thorndike, 2006)
O Futuro da e-Health
Contudo, a literatura tem evidenciado que muitas tecnologias de eHealth não são bemsucedidas
esustentáveis, porque ignoram frequentemente as interdependências entre a tecnologia, as
características humanas e o ambiente socioeconómico.
Para superar esta dificuldade, sugere-se uma nova abordagem holística para o desenvolvimento de
tecnologias de saúde em linha, que deve ter em conta: - a complexidade dos cuidados de saúde; - as
atividades de vida diária do doente; - os hábitos, crenças e valores do doente e dos seus familiares;
As tecnologias devem ainda ser desenvolvidas com o envolvimento dos seus consumidores finais (van
Gemert-Pijnen, Nijland, van Limburg, Ossebaard, Kelders, Eysenbach, et al., 2011
A Internet e as novas tecnologias estão "aqui para sempre" e a promoção da saúde precisa de atualizar
as suas intervenções para vários comportamentos de saúde (e não apenas para a nutrição) em
conformidade;
A literacia em matéria de saúde em linha tornou-se um conceito atual;
De um modo geral, na rotina diária, os profissionais de saúde têm de lidar com o "Dr. Google" e as
consequentes mudanças que este impôs na relação médico-doente;
Especificamente, as intervenções de nutrição comportamental no domínio da saúde em linha têm de
ser interactivas, acrescentar outros comportamentos relacionados com a saúde, ser adaptadas para
personalizar as necessidades, avaliadas com medidas objectivas e fornecer feedback e
acompanhamento;
Desafio futuro:
o Avaliar as intervenções no que respeita à sua eficácia e Avaliar as intervenções relativamente
à sua eficácia e efetividade de uma forma científica rigorosa? E depois e posteriormente
divulgadas num processo de revisão pelos pares?
o IA (Inteligência Artificial)?