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Luto e perda

O que acontece psicologicamente quando se verifica uma perda efectiva ou existe um acontecimento de perda
iminente (luto antecipado)?
 “dores” emocionais e/ou perturbações, que são respostas de adaptação designadas frequentemente por
luto;
 É um estado emocional normal que se caracteriza pelo conjunto de sinais e sintomas que ocorrem como
resposta a separações e perdas significativas.

Fases do luto
o processo de luto é composto por uma serie de alterações emocionais especificas, ou fases:
 Negação
 Zanga
 Preocupação/Depressão
 Aceitação/Resolução

Negação
Choque. O sujeito recusa-se a acreditar na perda

Zanga
O sujeito culpabiliza os outros pela sua perda. Podem verificar-se sentimentos de cólera, dirigidos
normalmente aos médicos, a entidades religiosas, ou outros alvo responsáveis….

Preocupação/Depressão
O sujeito entristece. Esta é uma fase intermédia que envolve preocupação com a pessoa e/ou objetos
perdidos.
Surgem sintomas como: choro incontrolável, humor deprimido, evitamento social e outros sintomas
mais fisiológicos semelhantes aos da depressão.
Pode surgir a voz e/ou imagem da pessoa/coisa perdida, não de forma alucinatória, mas sim na forma
“como se…”

Aceitação/Resolução
Aceitação dos acontecimentos. O sujeito resigna-se e começa a aceitar a perda com o passar do tempo.
Os sintomas atenuam-se e a vida começa progressivamente a chegar ao normal.
Podem decorrer vários meses até que esteja completa. Nos momentos festivos (natal, aniversario, etc)
é comum haver recorrência do luto.
• Luto Ausente
• Luto Diferido
• Luto Prolongado
• Luto Excessivo

Luto Ausente: quando não há sinais externos de luto, apesar da ocorrência de um acontecimento com
dimensão que o justifique.
Luto Diferido: quando o luto começa algumas semanas mais tarde.
Luto Prolongado: quando os sintomas persistem 6 a 12 meses apos o acontecimento de perda. Pode ser
necessário considerar-se a possibilidade de existência de uma perturbação depressiva.
Luto Excessivo: intensidade excessivamente grave dos sintomas de luto (depende da proximidade com mais
vulnerabilidade a acontecimentos de perda).

Associação entre Luto e Depressão


A depressão ocorre num terço das pessoas em luto, e em 20% dos casos, é grave;
Nem sempre é fácil fazer o diagnostico diferencial entre luto e depressão
O luto comum não é uma doença e tem um valor adaptativo, não necessitado de um tratamento
especializado;
Porém, o luto não significa que se é imune a uma situação de depressão, podendo até ser um “gatilho” ou
fator precipitante para um transtorno depressivo major.

Aspetos comparativos Luta/Depressão


Luto:
• Ideação suicida transitória (comandada pelo desejo de estar junto do falecido)
• Culpabilidade psicomotora aos outros e ao destino;
• Actividade psicomotora sem alterações significativas;
• Sintomatologia psicótica pouco evidente (embora se possa imaginar ouvir/ver o falecido);
• Evolução flutuante dos sintomas (remitem = 2 meses)
Depressão:
• Ideação suicida frequente (comandada pelo humor deprimido);
• Culpabilidade dirigida ao próprio;
• Dentificação psicomotora;
• Sintomatologia psicótica pode ocorrer em casos graves e é congruente com o humor.
• Evolução persistente dos sintomas (mais de 2 meses).

Critérios DSM-IV: Depressão Vs Luto


Estão presentes 5 (ou mais) sintomas durante o mesmo período de 2 semanas …

 Humor deperessivo
 Diminuição clara do prazer ou interesse em actividades…
 Perda de peso (sem se azer processo de dieta)…
 Insónia ou inibição psicomotora;
 Fadiga ou perda de energia;
 Sentimentos de desvalorização ou culpa excessiva;
 Diminuição da capacidade de pensamento ou concentração;
 Pensamentos recorrentes acerca da morte, ideação suicida.
Os sintomas não são melhores explicados por luto, e podem persisitir mais de 2 meses e caracterizados por
marcado comprometimento a varias áreas…
Processo de luto “normal”
O luto é um processo natural que ocorre sempre que há uma perda significativa na vida de uma pessoa.
Essa perda pode ser de natureza diversa, exemplo, um ente próximo, um emprego, uma modificação
corporal, uma alteração importante das condições de vida,…
Pressupõe algumas fases: choque e negação, raiva e dor, depressão e aceitação;
As características sintomáticas mais comuns são algo semelhante a algumas de depressão (tristeza, choro
fácil, perda de peso, falta de apetite, insónia, ….), mas enquadráveis na situação de morte ou perda.
Quando deixa de ser “normal” e passa a patológico?
Quando a pessoa não consegue descentrar.se do objetivo perdido (ente querido, perda), não se recupera
da perda e não consegue focar-se noutras actividades/ objetivos
Ou
Quando a pessoa desvaloriza a perda e age como se nada tivesse acontecido (negação)

Sinais indicadores de necessidade de encaminhamento para consulta de psicologia


 Nível emocional:
o Humor depressivo ou tristeza
o Desesperança
o Sentimentos de anedonia
 Nível cognitivo:
o Ideias de suicídio e pensamento recorrentes sobre a morte; pedar de memória e de
orientação espácio-temporal
o Sentimentos de culpa
 Nível comportamental:
o Agitação ou ansiedade
o Mutismo
o Falta de apetite, insónia
o Choro fácil

Pelo menos uma perturbação adaptativa acompanhada de sintomatologia ansiosa e depressiva moderada.

Emoções
Todas as emoções, são, essencialmente, impulsos para agir;
Isto é mais frequente e visível em animais e crianças, do que em adultos, onde existe um “divorcio” entre a
emoções e a sua obvia reação.

Alegria
O bem-estar parece induzir algumas modificações biológicas que inibem os sentimentos negativos e trazem
uma calma que faz o corpo recuperar mais rapidamente de emoções perturbadoras;
Tranquilidade geral, disponibilidade e entusiasmo para desempenhar tarefas e perseguir objetivos;
O amor, os sentimentos de ternura e de satisfação sexual produzem um resposta de relaxamento, estado
geral de calma e contentamento, facilitando a cooperação.

Medo
há maior circulação sanguínea nos grandes musculo esqueléticos facilitando a fuga e empalidecendo a face;
Simultaneamente o corpo imobiliza-se por breves instantes, talves para decidir o que fazer;
O estado de alerta é geral, mantendo o corpo em tensão e preparado para atenção;
A atenção fixa-se na ameaça presente para melhor avaliar a resposta a dar.

Zanga
O sangue flui a zona das mãos, tornando mais fácil agarrar um objeto e agredir o inimigo;
O ritmo cardíaco aumenta e a libertação de adrenalina permite uma onda de energia suficientemente forte
para permitir uma ação vigorosa.

Surpresa
O arquear das sobrancelhas provocado pela surpresa permite o alargamnept do campo visual e a estrada
de mais luz na zona da retina;
Estas alterações permitem fornecer mais informação sobre o comportamento inesperado, tornando mais
fácil perceber exatamente o que se está a passar e elaborar um plano de ação.

Tristeza
Uma das principais funções é ajudar à adaptação a uma perda significativa, tal como a morte de alguém
querido ou um grande desapontamento;
Tem como consequência uma quebra de energia e do entusiasmo pelas atividades diárias, e à medida que
se acentua aproxima-se da depressão;
Cria a oportunidade para chorar uma perda ou esperança frustrada, avaliar as consequências na vida da
pessoa e quando a energia regressa, planear novos começos.

Repulsa
A expressão imite algo que nos ofende o paladar, o olfacto, ou mesmo metaforicamente;
O lábio superior é repuxado para os lados e o nariz fica levemente franzido, sugerindo uma tentativa
primordial de tapar as narinas contra um odor ofensivo ou cuspir um alimento venenoso.

Emoções básicas comprometidas no Luto


Emoções básicas primárias principais trazidas pelos doentes
TRISTEZA
Marcador de uma perda, algo ou alguém que se perdeu. Quem está triste, precisa de CONFORTO. Indicador
de maior aproximação espacial e talvez mesmo física.

ZANGA
Marcador que estamos a ser agredidos, ou invadidos. Quem está zangado precisa de EXPRESSAR ESSA
ZANGA e também de ter LIMITES para a mesma. Indicador de maior afastamento espacial e talvez mesmo
físico.

MEDO
Marcador de aviso que estamos em perigo. Quem tem medo precisa de SEGURANÇA.

Outras emoções

NOJO/REPUGNÂNCIA
Marcador de uma coisa aversiva, intolerável. precisamos de retirar/ajudar a lidar com esse estímulo:
aumentar o conforto e o clima de confiança.

VERGONHA
Marcador de que estamos demasiado expostos, é necessário aumentar a protecção da intimidade.

CULPA
Marcador que se relaciona com o erro, com a sensação de falha. Necessário explicar diferença entre culpa e
responsabilidade.

Não desvalorizar as emoções trazidas pelos doentes…

Situações de luto

Factores facilitadores do processo de luto


o Existir tempo de preparação para a morte do familiar (doença prolongada vs. morte
inesperada/precoce);
o Fornecimento e constante actualização de informações;
o Sentir-se útil e participar nos cuidados prestados;
o Percepção positiva relativamente ao apoio dado;
o Inexistência de culpabilidade, ideaçãode morte e lentificação psicomotora;
o Funcionalidade nos diversos contextos de vida;
o Falar sobre a perda;
o Não agir como se nada tivesse acontecido;
o Personalidade/história clínica prévia do indivíduo;
o Bom relacionamentocom a pessoa.

Terapeuticamente….
o Aumentar a confiança, usar empatia e encorajar o paciente a falar da sua história e experiência de
perda;
o Elaborar pensamento e emoções associadas aos efeitos da perda;
o Podem ser sugeridos alguns livros ou vídeos sobre o tema e a adesão a grupo de suporte/ajuda
mútua para situações de luto; falar com outros que passaram pelo mesmo e que estratégias de
coping usaram;
o Educar sobre a fase de luto onde a pessoa se encontra;
o Identificar formas de negar/evitar o luto usadas (exp: consumos);
o Acompanhar na identificação da relação com a pessoa perdida (dependência, etc);
o Acompanhar na identificação e no expressar de sentimentos de culpa e zanga;
o Acompanhar na identificação de remorsos e contrastar com as evidências na realidade;
o Exercício de “escrever carta” ou de “cadeira vazia”;
o Tentar apelar às memórias agradáveis sobre a pessoa perdida;
o Desenvolver rituais de celebração (se fizer sentido);
o Sessão com familiares;
o Planear actividades com duração limitada no tempo para o luto;
o Participação em actividades comunitárias, interesses, etc. que possam estar associadas à pessoa
perdida;
o Encorajar a manutenção no compromisso pessoal feito ou em actividades e interesses pessoais.

N.B. Tudo isto é de acordo com o que fizer sentido para o paciente – nível elevado de subjectividade!

Psico-oncologia
 Escritos Hipocráticos e Galeno;
 Séc. XIX
Ainda neste século com a descoberta dos Raios X tudo se altera, aparecem a radioterapia e o
radioterapeuta. Com estas descobertas, a Biologia, a Medicina e a Física colaboram num trabalho
multidisciplinar criando-se institutos de rádio e centros terapêuticos, onde se concentram e coordenação
de especialidades médicas e terapêuticas diferentes.
 Anos 40
o Movimento psicossomático associa a análise de personalidade à etiologia do cancro;
o O uso da quimioterapia e as consequências do tratamento acabam por delinear a necessidade
de recursos psicológicos para lidar com esta nova situação.
 Anos 50
o Conceito Qualidade de Vida;
o Diagnóstico Informado ao paciente;
o Trabalhos de prevenção;
o Estudo dos hábitos e estilos de vida;
o Técnicas de Relaxamento, Auto-ajuda e voluntariado.
 Anos 60
o Acentua-se a importância do diagnóstico Informado ao paciente;
o Estudo de variáveis psicológicas como antecedentes e consequentes da doença;
o Psiconeuroimunologia;
 Séc. XX - Anos 90
o Consolidação da Psico-Oncologia como especialidade,
o Aumenta o nº de publicações científicas;
o IPOS (International Psycho-Oncology Society) e o Journal of Psycho-Oncology;
o Temas versam: Ajustamento/coping ; Relações interpessoais; Qualidade de Vida; Cuidados
paliativos e Morte; Imagem Corporal e Sexualidade; Dor e Reacções emocionais; Consentimento
informado; Informação sobre o diagnóstico; Prognóstico e efeitos secundários do tratamento;
Formação de outros técnicos; Prevenção.
Em Portugal
 A partir de 1900: reflexão sobre questões relacionadas com o cancro (Revista “Medicina
Contemporânea”);
 1906: Congresso Internacional de Medicina (Lisboa);
 1908: Congresso Internacional de Cirurgia (Bruxelas);
 1908: Liga Internacional para o estudo do Cancro, à qual aderiram todos os países da Europa;
 1912: Serviço para Cancerosos no Hospital Escolar organizado por Francisco Gentil;
 1923: Instituto Português para o estudo do Cancro, tendo Francisco Gentil como presidente;
 1931: Comissão iniciativa particular de luta contra o Cancro (1931);
 1941: Liga Portuguesa Contra o Cancro, que tem fundamentalmente dois objectivos: a Humanização e a
Solidariedade.

 Anos 70
o Psicologia da Saúde – Medicina Comportamental + modelos de saúde e doença do modelo bio-
psico-social.
 Anos 80
o Terapia Psicológica Adjuvante (baseada na Terapia Cognitiva de Beck) – modificação de estratégias
de coping estimulando o espírito de luta e manifestação de emoções negativas.
 Séc. XX - Anos 90
o Consolidação da PsicoOncologia como especialidade,
o Aumenta o nº de publicações científicas;
o IPOS (International PsychoOncology Society) e o Journal of Psycho-Oncology.

Grande evolução… (Holland, 2002)


Desde…..
• não ser informado o diagnóstico aos pacientes….

Até…..
• Avaliação psicossocial
• Guidelines
• Intervenções psicossociais mais eficazes para a QVDesde…..

Atualmente…..
De acordo com Holland (1990), as duas principais áreas de interesse que caracterizam esta
subespecialidade do cancro são:
"a) O impacto do cancro na função psicológic do doente, da família do doente e do pessoal;
(b) o papel que as variáveis psicológicas e comportamentais podem ter no risco de cancro e na
sobrevivência" (p. 11).

Além disso, uma importante consequência destas áreas de investigação científica envolve o
desenvolvimento e a avaliação da e avaliar a eficácia das intervenções psicossociais destinadas a melhorar a
qualidade de vida de um doente com cancro (Baum & Andersen, 2001; Feuerstein, 2007).

Não é apenas uma variável psicológica, mas sim multidisciplinar que interessa e é transversal a todas as
áreas do conhecimento.

Qualidade de Vida (QDV)


 Auto-percepcionada;
 Conceito recente, que inclui o conceito de saúde positiva, estado dinâmico de bemestar físico, mental e
social, total e não meramente a ausência de doença, ou de incapacidade (WHO, 1948).
 Em 1998 surge a saúde como um estado dinâmico de complete bem-estar físico, mental, spiritual e
social e não meramente a ausência de doença.
Qualidade de Vida Relacionada com a Saúde (QVRS)
 Relaciona-se mais com aspectos ligados aos sintomas da doença e do tratamento.
Tratamento do cancro tem impacto na longevidade…Viver mais anos, mas com que qualidade de vida?

Qualidade de vida e oncologia


Não é uma variável psicológica, mas sim multidisciplinar que interessa e é transversal a todas as áreas do
conhecimento.
Qualidade de Vida (QDV)
 QDV é baseada na opinião pessoal do próprio doente, as características psicológicas determinam a sua
percepção, tanto ou mais do que as características da doença.
 Viver mais anos, mas com que qualidade de vida?
 Tratamento do cancro tem impacto na longevidade e QDV;
 Intervenção psicológica que desenvolva competências para enfrentar a doença tem um impacto
positivo na QDV (p.e., coping).

Avaliar
 QDV de crianças com cancro;
 QDV dos cuidadores;
 QDV relacionada com consequências do tratamento.

 Médicos (Oncologistas, psiquiatras) Trabalho Multidisciplinar


 Enfermeiros e outros técnicos de saúde
Perspectiva holística
 Pessoal auxiliar
Tratamento integral ao doente
 Psicólogos
Importância da Intervenção Psicológica

Papel da Psicoterapia
 útil para a redução de sintomas específicos
 AUMENTAR características pessoais associadas a melhor prognóstico:
o espírito de luta
o evitamento positivo
o relações fortes e de suporte
o competências para lidar de forma eficaz e flexível com o stresse;
o controlo e auto-eficácia;
o assertividade, comunicação.
 DIMINUIR características pessoais associadas a pior prognóstico:
o fatalismo/pessimismo
o desesperança
o ansiedade e depressão
o supressão de emoções
o isolamento (relações familiares pobres durante a infância e perdas significativas).

Influência da intervenção psicológica… (Justo, 2002)


 Nos efeitos colaterais do tratamento médico:
o Quimioterapia (dessensibilização sistemática, treino relaxamento muscular progressivo e este
combinado com imaginação guiada); (< ansiedade, náuseas, e depressão)
o Radioterapia (terapia educacional de apoio, terapia interpretativa, catarse)
 No funcionamento psicológico do doente:
o melhoria da qualidade de vida, redução do sofrimento emocional (< ansiedade e depressão);
o prevenção do desajustamento;
 Melhorias no funcionamento imunológico:
 Na sobrevivência dos doentes:
o > taxa de sobrevivência.
 O sucesso passa pela relação estabelecida com técnicos de saúde, articulação entre a equipa;
 Os princípios e práticas dos psicólogos têm que fazer sentido para os outros técnicos de saúde:

Funções do Psico-Oncologista (Trill, 2002)


 Realizar avaliações psico-oncológicas e neuropsicológicas;
 Avaliar candidatos a diferentes tratamentos médicos e a pacientes e/ou famílias de risco (histórias
prévias, conflitos, divórcio);
 Avaliar e intervir nas ideias de suicídio e desejo de morte recorrentes e expressados pelo doente;
medo/ansiedadeperante os tratamentos;
 Avaliar e intervir em situações de alterações repentinas de comportamento e na presença de distúrbios
de personalidade;
 Intervir nos efeitos secundários da doença e dos tratamentos:
 Intervir nas possíveis dificuldades provenientes da informação médica transmitida ao doente e à
família;
 Intervir nos conflitos familiares gerados ou exacerbados pela doença e tratamentos associados;
 Intervir nas dificuldades de adaptação psicológica à doença em todas as fases da mesma e no processo
de luto;
 Organizar e dirigir grupos psicoterapêuticos de apoiopara doentes com diferentes patologias e suas
famílias;
 Desenvolver programas de prevenção e modificaçãode comportamentos de risco (p.e., tabaco e álcool);
 Motivar o doente a procurar recursos disponíveis na comunidade (assistência social, ajudas
económicas, grupos de auto-ajuda, etc);
 Colaborar com a equipa médica, organizar grupos de trabalho sobre temas específicos, grupos de apoio
e consultas
 Intervir na falta de cooperação do paciente e/ou família com o pessoal médico, ou na fraca adesão aos
tratamentos e recomendações médicas;
 Organizar e dirigir grupos psicoterapêuticos de apoiopara doentes com diferentes patologias e suas
famílias;
 Intervir nas dificuldades de adaptação à sobrevivênciae às sequelas a longo prazo – desenvolver
programas de reabilitação psicossocial;
 Desenvolver programas de prevenção e modificaçãode comportamentos de risco (p.e., tabaco e álcool);
 Motivar o doente a procurar recursos disponíveis na comunidade (assistência social, ajudas
económicas, grupos de auto-ajuda, etc);
 Colaborar com a equipa médica, numa perspectiva multidisciplinar, permitindo a troca de informações;
 Consultor da equipa médica, mesmo em situação em que não há critérios suficientes de perturbação
psicopatológica.
 Colaborar com a rede social de suporte do doente no sentido de se unificarem critérios de diagnóstico e
terapêuticos e coordenar a intervenção;
 Facilitar a elaboração do processo de luto aos familiares do doente;
 Organizar grupos de trabalho sobre temas específicos, grupos de apoio e consultas individuais para o
pessoal médico e auxiliar, com o objectivo de aprofundar temas pertinentes (sobre a comunicação
interpessoal, conflito de papéis, burnout, etc.), assim como para prestar conhecimentos e ferramentas
necessárias para o cuidado assistencial ser óptimo.

Não São Funções do Psico-Oncologista(Trill, 2002)


 Transmitir informação médica, diagnóstica, prognóstica, ou de qualquer outro tipo;
 Solicitar consultas a outros serviços médicos do hospital, sem o consentimento do médico especialista.
Tal deve ser discutido e acordado com este;
 Oferecer medicação psicotrópica ou fazer alterações à medicação do doente. Tal deve ser discutido e
acordado com o médico especialista;
 Realizar consultas a doentes e/ou famílias sem prévio conhecimento e consentimento do médico
especialista;
 Estar disponível para doentes/famílias fora do horário laboral.

Intervenção Psicológica
 Psicoterapia
 Suporte social (grupos de apoio) ao doente e à família;
 Apoio aos profissionais de saúde.
 Psicoterapia Individual
Intervenção biomédica
Assenta exclusivamente no tratamento e controlo dos sintomas e alterações físicas e biológicas… mas,

 Disponibilizar psicoterapia aos doentes e suas famílias parece ter um impacto poderoso nas estratégias
para lidar com a situação, ao nível do ajustamento à doença e tratamento, no prognósticoe QV, levando
a maior adesão às recomendações médicas e à adopção de comportamentos de saúde.
 Adquirir informação sobre a doença/ tratamento;
 Tomar consciência dos medos e sentimentos sobre a doença, o tratamento, as recidivas e a morte; •
Diminuir os níveis de depressão e ansiedade;
 Desenvolver competências para lidar com o stresse;
 Desenvolver sentimento de optimismo e de poder sobre a doença – espírito de luta;
 Adquirir sensação de controlo e auto-eficácia (manutenção do auto-conceito);
 Adquirir competências de comunicação e assertividade (família, amigos, equipa de saúde);
 Recuperar ou estabelecer relações familiares ou interpessoais positivas;
 Recorrer ao terapeuta como sistema de suporte;
 Tomar decisões acerca do tratamento e outras questões;
 Reduzir efeitos secundários do tratamento, melhorar o prognóstico e a QV;
 Melhorar a adesão às recomendações médicas e à adopção de comportamentos de saúde.
 Lidar com questões espirituais ou existenciais relacionadas com o cancro;
 Criar um estilo de vida saudável e gratificante.

Counselling ou psicoterapia?
 Counselling – centra-se nos problemas e preocupações que o doente tem, para facilitar a sua adaptação
ao meio, ainda que os problemas não tenham necessariamente um carácter psicopatológico;
 Psicoterapia – independentemente do modelo psicoterapêutico usado, pressupõe a existência de
perturbação/alteração psicopatológica. + Modelos Cognitivo-Comportamental ou Existencialista;
 Alguns autores recomendam uma transição como um contínuo entre estas duas ferramentas, sendo
que ambas procuram “conter” emocionalmente o doente.

Psicoterapia cognitivo-comportamental
 Consequências cognitivas do cancro:
o exigências relativamente a decisões acerca do tratamento;
o “desafios” colocados às crenças de base do doente (previsibilidade, controlabilidade e
invulnerabilidade);
o Intervenção dirigida:
 às cognições disfuncionais e comportamentos resultantes;
 à potenciação das estratégias adaptadas de coping;
 aumento do sentimento do controlo;
 resolução de problemas;
 facilitação das competências interpessoais (assertividade).
 Relaxamento e Imagética
o Impacto na qualidade de vida, estados de humor e diminuição do stresse emocional;
o efeitos positivos no sistema imunitário.

Técnicas mais usadas


 Reestruturação cognitiva identificar ideias irracionais e interpretações negativas e reduzir o sentimento
de mal-estar emocional, baixa autoestima, pessimismo, desesperança;
 Treino de Contingência usar o reforço positivo para aumentar o aparecimento de comportamentos
desejados (aumentar a adesão aos tratamentos) e eliminar os comportamentos não desejados;
 Técnicas de Distracção dirigir a atenção do doente para evitar focalizar na sintomatologia aversiva ou
eventos stressantes concomitantes dos tratamentos;
 Técnicas de Relaxamento; Relaxamento muscular progressivo e relaxamento autógeno;
 Hipnose;
 Inoculação do Stresse;
 Técnicas de Imagética Treino de imaginação guiada orientada pelo terapeuta, aplicada em qualquer
situação, promover estado de relaxamento, aumentar o controlo percebido, favorecer o uso de
estratégias de enfrentamento;
 Dessensibilização sistemática Eliminação de fobias associadas a estímulos aversivos, onde se apresenta
o doente progressivamente ao estímulo aversivo de forma gradual (útil em procedimentos
radioterapêuticos);
 Técnica de Resolução de Problemas Identificar e caracterizar o Problema; Identificar formas possíveis de
lidar com o problema; Avaliação das soluções apresentadas: Prós e Contras; Selecção da solução mais
apropriada; Definição do Plano de Acção

Psicoterapia Existencial
 Elaboração da própria ideia de morte, identificação de crenças, procura de significados;
 Facilita o bem-estar emocional e permite enfrentar a situação de forma emocional activa;
 Explora aspectos importantes da trajectória de vida, emoções/afectos, facilitando a expressão
emocional;
 Importante estabelecer uma relação empática autêntica, aplicar técnicas de escuta activa e questões
que suscitam a introspecção/reflexão.

Intervenção Psicológica/Psicossocial
 Suporte social (grupos de apoio) ao doente e à família;

Intervenção Psicossocial breve em oncologia


 Pelo menos 25% doentes e famílias necessitam suporte psicossocial;
 Objectivos: melhorar o ajustamento à doença, na fase de diagnóstico e durante o tratamento;
 Efeitos benéficos: - estados afectivos e comportamentos de coping; - qualidade de vida e controlo da
dor; - mudanças fisiológicas; - taxas de sobrevivência.
 Em Portugal: maior atenção aos factores psicossociais, interesse e aplicação deste tipo de intervenções
(com o desenvolvimento da Psicologia da Saúde nos últimos 10 anos).

Grupos de ajuda mútua ao doente


 Sentimento de pertença e “normalidade” por estar com pessoas que partilham da mesma situação;
 Ênfase no diálogo com pares e partilha de informação;
 Modelagem de estratégias de coping eficazes e apresentação de soluções em resposta aos problemas
relacionados com a doença;
 Melhorias no humor, coping e nível funcional e físico;
 Promover ajustamento emocional à doença; - Fornecer suporte informacional, instrumental e
emocional;
o Ajudar na expressão de sentimentos, medos, receios e preocupações; -
o Proporcionar suporte social.
 Objectivos:
o Responder às necessidades da família, dar exemplos e conselhos práticos adequados à fase da
doença;
o Optimizar estratégias familiares adequadas para a adaptação à doença e suas consequências; -
Promover ajustamento emocional à doença;
o Fornecer suporte informacional, instrumental e emocional;
o Ajudar na expressão de sentimentos, medos, receios e preocupações;
o Proporcionar suporte social, partilha de experiências e clima de confiança mútua;
o Promover qualidade da prestação dos cuidados de saúde diários, potencializando a aquisição de
estratégias de resolução de problemas.

Grupos de apoio aos familiares dos doentes oncológicos


 Alvo primário: familiares; mas a intervenção irá também contribuir para o ajustamento e bem-estar
psicossocial do próprio doente;
 Critérios de selecção prioritários para o grupo:
o familiar e/ou pessoa responsável pelos cuidados do doente que inicia o tratamento de
quimioterapia;
o mostrar interesse em participar;
o ser capaz de partilhar as suas experiências em grupo;
o mostrar disponibilidade e assumir compromisso de comparência às sessões.
 A criação do grupo permite que a partilha de experiências semelhantes normalize sentimentos e
reacções e, diminua o sentimento de perda de controlo e muitas vezes de culpa associada à doença;
 A heterogeneidade do grupo possibilita aos seus membros terem acesso a diversas perspectivas em
relação às questões relacionadas com a doença, participando na resolução dos problemas uns dos
outros;
 Possibilidade de ser em simultâneo observador (reflexão) e participante, sem ter necessidade de se
defender ou de justificar o seu comportamento.

Intervenções psicológicas para a educação do doente


 Fornecer informação para facilitar a adaptação e compreensão da doença e processo em que o doente
se encontra;
 A revisão de literatura parece suportar a eficácia das intervenções educacionais…
 Mas, o impacto da educação do doente na implementação de estratégias de coping eficazes não é
ainda claro!

Intervenções psicológicas multimodais


 Inclusão de:
o educação do doente;
o aumento do suporte social;
o terapia cognitivo-comportamental;
o componentes efectivos de psicoterapia.
No futuro… Alargar as intervenções aos vários tipos de cancro e às fases da doença em que os doentes se
encontram.

1º Estádio: até chegar ao diagnóstico…


2º estádio: da aceitação do diagnóstico ao tratamento…
3º Estádio: dos tratamentos em diante…

Em Portugal…
 Apoio psicológico nos vários estádios da doença é ainda pouco frequente;
 Sensibilizar para a importância de implementação de abordagens psicossociais em paralelo com as
abordagens biomédicas, porque, em conjunto, podem ter um papel fundamental no bem-estar físico e
psicológico dos doentes;
 Os médicos podem referenciar os doentes desde as primeiras fases da doença para o apoio psicológico;
 intervenção psicológica de grupo de carácter breve pode ser uma modalidade ajustada à realidade
portuguesa.
 Porquê breve? (menos de 8 sessões de grupo):
o baixo nível educacional, cultural e socioeconómico;
o dificuldades de acesso aos serviços de oncologia para adesão a uma intervenção de carácter
prolongado;
o pretende-se produzir efeitos terapêuticos com o mínimo de custo para o doente e família, tendo
em conta a sobrecarga das consequências físicas da doença/tratamento, com visitas frequentes
ao hospital.
McIntyre, T., Fernandes, S. & Pereira, G. 2002

O exemplo da Universidade do Minho – Patologia diversificada


Programa de intervenção psicológica de grupo nas diferentes fases da doença oncológica (módulos)
 1º até ao diagnóstico;
 2º do diagnóstico ao tratamento;
 3º do tratamento em diante.
Intervenção centrada em 8 dimensões, abordadas de formas diferentes nos diferentes estádios:
 adesão ao tratamento;
 suporte social;
 dor; - morbilidade psicológica;
 efeitos sec. tratamento;
 stresse;
 crenças;
 relação médico-doente.
Programa breve de intervenção psicológica de grupo para doentes com quimioterapia (sessões)

Programa breve de intervenção de grupo para mulheres mastectomizadas;


Programa de intervenção psicológica breve para mulheres com cancro da mama.

Intervenções de Apoio à Família


Família como complemento da equipa terapêutica.
 Tal como o doente a família também vivencia uma situação de crise;
 Num terço das famílias existem níveis clinicamente significativos de stresse e perturbações
psicossociais;
 O diagnóstico provoca mudanças nas rotinas, regras e rituais familiares, na redistribuição de papéis e no
acréscimo de novas responsabilidades e competências
Do ponto de vista sistémico…
 A doença tem influência no sistema familiar, mas a qualidade de vida familiar também influencia o
curso da doença…
 As interações familiares podem promover um melhor ajustamento à doença e ao tratamento e
favorecer a reabilitação porque: - está intimamente envolvida com o doente; - promove as interacções
sociais e fornece os cuidados de saúde;
 Elementos protetores para um ajustamento familiar e individual face às situações de crise:
o elevado nível de coesão intrafamiliar;
o abertura e possibilidade de expressar sentimentos;
o inexistência de conflitos intrafamiliares.
Na prática
 Os pacientes e família têm que ter oportunidade de expressar os seus sentimentos e frustrações;
 A intervenção junto das famílias deve incluir informação e intervenções ao nível dos cuidados físicos,
apoio emocional;
 As famílias devem ser encorajadas a conviver mais, em vez de se isolarem e isto pode diminuir o medo
que o doente tem de se sentir rejeitado;
 As famílias devem ser treinadas e informadas acerca do que devem fazer e como o devem fazer…

Principais necessidades de informações para as famílias


 Razões subjacentes aos sintomas, que sintomas esperar no futuro, tipo e extensão da doença;
 O que esperar ao nível do prognóstico da doença;
 Efeitos secundários dos tratamentos e da medicação;
 Formas de encorajar o doente e meios para tranquilizar o doente (diminuição de energia/combater a
fadiga);
 Necessidades físicas e psicológicas do doente;
 Formas de cooperação no diagnóstico do cancro;
 Encorajar a procura de recursos comunitários;
 Meios para lidar com a imprevisibilidade no futuro.
 Métodos para diminuir o stresse, depressão e medos do prestador de cuidados;
 Formas de cooperar na alteração de papéis e de aprender a ser mais tolerante/paciente;
 Manter uma vida familiar normal, tanto quanto possível;
 Actividades que farão o doente sentir-se “importante”;
 Abordar a questão da morte com o doente.

Para a aquisição/treino de estratégias de resolução de problemas dos familiares


 Compreensão do problema a um nível apropriado do familiar (p.e., qual e quando surge o problema,
que alternativas de resolução, objectivos realistas);
 Saber quando requerer ajuda profissional (p.e., quando e a quem recorrer em caso de urgência, que
informação deve ser dada e como a dar);
 Que tipo de ajuda deve ser dada (p.e., enfrentar e prevenir o aparecimento dos problemas);
 Possíveis obstáculos (p.e., informações incorrectas e como lidar com elas);
 Como executar e ajustar o plano (p.e., como verificar se a pessoa responsável segue as recomendações
dadas, quais os progressos e obstáculos com que se depara).
Facilitar a comunicação, permitir a monitorização e a adesão terapêutica.

A família face à fase terminal


 Os familiares (do ponto de vista psicológico) passam por fases semelhantes às do doente;
 Saber da situação terminal e tentando-a esconder do doente pode levar a vivenciar estados de
ansiedade e depressão severos e sentimentos de auto-culpabilização;
 Este comportamento pode agravar o estado de sofrimento do doente:
o torna-se mais consciente do seu estado;
o sente que está a ser um “fardo” e que está a causar sofrimento aos familiares;
o vê-se impedido de partilhar os seus medos e a sua angústia, isola-se;
o pode até mesmo deixar de aderir aos tratamentos.
 Do ponto de vista terapêutico uma boa comunicação afectiva e emocional com a família ajuda a
prevenir quadros de depressão, isolamento, ansiedade e luto patológico (que se podem desenvolver
face à impossibilidade de não expressar os sentimentos antes do falecimento do familiar);
 Sentimentos negativos (ira, raiva, medo, depressão e ansiedade) são difíceis de partilhar, mas mais
difícil do que a partilha é a sua inibição;
 Uma comunicação aberta entre familiares e o doente terminal pode permitir partilhar conjuntamente
angústias, facilitando a união neste momento inevitável de sofrimento.

Intervenção Psicológica
 Apoio aos profissionais de saúde.
 Frequentemente os técnicos de saúde têm dificuldades em demonstrar empatia e as dificuldades na
comunicação associam-se ao medo…
 Quase como se receassem provocar uma resposta emocional e depois não saberem como responder.
Lidar com o medo do paciente?
Lidar com o meu próprio medo?
 MUITOS Factores de stresse: comunicação de más notícias, inexistência de cura, exposição repetida à
morte, envolvimento em conflitos emocionais, absorção de mágoa e cólera expressa pelos familiares e
doente, desafios ao sistema de crenças pessoais.
 Como reduzir? (psicólogo pode ajudar…)
o boa comunicação entre a equipa;
o reuniões semanais interdisciplinares e trabalho de equipa (apoio mútuo, partilha de
experiências);
o recursos adequados, serviços de apoio, metas realistas;
o tempo disponível para actividades de lazer;
o folga/alimentação/repouso adequados;
o encontros informais (fortalecer a coesão de grupo);
o apoio e orientação dos novos elementos da equipa.

Implicações Psicológicas para o Doente

 Grande “carga” emocional e social;


 Representação social com elevado simbolismo
(associado ao estigma):
o sobrestimação da mortalidade;
o subestimação da capacidade de
controlar o cancro

Sinais de alerta: o que fazer??


Apoio emocional qualquer técnico pode dar, porque é estar
em relação com o paciente.
Depois, alguns pacientes precisam de apoio psicológico, e
alguns destes de apoio psiquiátrico.

Sinais indicadores de necessidade encaminhamentopara consulta de psicologia


 Nível emocional:
o humor depressivo ou tristeza; -
o desesperança;
o sentimentos de anedonia perda da capacidade de sentir prazer.
 Nível cognitivo:
o ideias de suicídio e pensamentos recorrentes sobre a morte;
o perda de memória e de orientação espacio-temporal
o sentimentos de culpa.
 Nível comportamental:
o agitação ou ansiedade;
o mutismo;
o falta de apetite, insónia;
o choro fácil.
Pelo menos uma perturbação adaptativa, acompanhada de sintomatologia ansiosa depressiva moderada.

Como avaliar?
Organizações
 EORTC (European Organization for Research and Treatment of Cancer):
o QLQ-C30 - Quality of Life Questionnaire (em PT);
o Módulos específicos a cada cancro e ao tratamento
 FACIT (Functional Assessment of Chronic Illness Therapy):
o FACT-G – Functional Assessment of Cancer Therapy
o Módulos específicos a cada cancro e ao tratamento

WALI – Weight and Lifestyles Inventory

 Os itens 3., 4. e 5. foram retirados do Inventário deDepressão de Beck – IDB;


 Caso 2 ou os 3 itens estejam assinalados afirmativamente, é uma indicação que o utente deveráser
encaminhado/referenciado para um técnico desaúde mental.
Evolução Tecnológica
As Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICs) são usadas para redigir documentos, fazer
cálculo estatístico, preparar apresentações, construir e consultar bases de dados e muito mais... O próprio
email, é hoje algo generalizado no mundo do trabalho;
As tecnologias são usadas para comunicar e socializar, através de email, de variadas redes sociais, ou de
aplicações de comunicação gratuita online. Usamos ainda estas tecnologias como entretenimento, para
jogar, ver filmes, fotografias, vídeos e até TV.

A informação proveniente da internet


pode ser simultaneamente uma
oportunidade e um desafio…

 Portanto, é indiscutível que a internet permite trazer mais informação sobre saúde e doenças,
facilitando a interação e o anonimato, contudo, muitas são as dúvidas quanto à qualidade da
informação, existindo muitas distorções, mitos, conhecimentos pouco credíveis ou cientificamente
fundamentados (Cline & Haynes, 2001);
 Acrescenta-se a frequente inexistência de autores e fontes de citação, trabalho de revisão de pares, e, a
presença de uma forte interligação entre a indústria comercial e informações convincentes sobre
determinados produtos;
 Perante tal amálgama de informação, o trabalho de separar quais a fonte fidedigna torna-se bastante
difícil, e, por isso, será de extrema importância clarificar a sua origem e credenciais, fazendo pesquisa
em sites institucionais ou governamentais (Estefenon & Eisenstein, 2008; Eysenbach, 2008; Vance,
Howe, & Dellavalle, 2009; Subrahmanyam & Šmahel, 2011).

Internet e Redes Sociais


 O que determina se a internet é um benefício ou risco, será a utilização que se faz da mesma, sendo
crucial o apoio da ciência na clarificação destas questões (Estefenon & Eisenstein, 2008; Ponte, Jorge,
Simões, & Cardoso, 2012);
 Parece existir uma relação entre a formação, desenvolvimento e manutenção de laços sociais (amizade,
sociabilização, apoio/suporte social) e o comportamento online, sendo que estar rapidamente e sempre
em contacto é uma vantagem, impedindo a exclusão relativamente a atividades sociais mais
significativas do grupo, ou o acesso à informação transmitida (Mesch, 2010);
 Recentemente, numa aplicação da Teoria da Auto-Determinação(Deci & Ryan, 1985), a esta questão,
verificou-se que o consumo deinternet preenche 3 das principais necessidades básicas humanas
(autonomia, competência/autoeficácia erelacionamento com outros) conferindo sensações de bem-
estar, vitalidade, autoestima e emoções positivas (Ryan, Rigby, & Przybylski, 2006);
 Assim, o seu consumo pode variar de acordo com as suas diferentes necessidades, múltiplos usos e
gratificações obtidas, sendo as mais referidas: o estímulo/excitação, prazer, convivência, escape, hábito,
passar o tempo e relaxamento(Kirsh, 2010);
 Portanto, algumas pessoas irão criar e manter relacionamentos interpessoais saudáveis, enquanto que
outros tentarão fazer conexões virtuais a qualquer custo (Miller, Miller, & Allison, 2010). Destaforma, o
“mundo” offline e o online deverá estar interligado enão separado em dois (Subrahmanyam & Šmahel,
2011).
Gestão Da Informação Virtual E Impacto Para Os Doentes
NTICs e Literacia em Saúde: e-Health

 A primeira abordagem sobre o termo literacia atribui-se aSimonds (1974) (citado por Loureiro, Mendes,
Barroso, Santos, & Ferreira, 2012), onde foi utilizada a conjugação do termo na década de 70 doséculo
XX, como forma de referir a necessidade de educaçãopara a saúde em contexto escolar (Bernhardt,
Brownfield, & Parker, 2005; Ratzan, 2001);
 O verdadeiro interesse pela temática surge realmente nadécada de 90 do século passado, no âmbito da
promoção eeducação para a saúde (Kickbusch, 1997), constituindo-seatualmente, como resultado
chave da promoção da saúde(Loureiro et al., 2012; Nutbeam, 2000)
 A literacia em saúde torna-se uma ferramenta cada vez mais importante, porque quanto maior o
conhecimento, maior será a prevenção;
 Literacia em saúde: competências necessárias para interagir com o sistema de saúde e para se envolver
num processoadequado de cuidado próprio; compreensão dos termos einformações proeminentes ao
nível da saúde de forma a setomarem decisões adequadas (Norman & Skinner, 2006).
 A tecnologia permite uma mudança no acesso aos cuidados de saúde através da telemedicina, internet,
correioelectrónico e nomeadamente de todas as ferramentas daeHealth, permitindo diminuir os custos,
encurtandodistâncias e facilitando o acesso a todos os cidadãos de umasaúde mais económica, mas
rápida e mais eficiente(Brandão, 2012; Loureiro et al., 2012; Vaconcellos-Silva & Castiel, 2009)

Conceito e-Health
A adaptação das novas tecnologias de telecomunicação à melhoria de processos e procedimentos de
prestação e gestão de cuidados de saúde gerando plataformas activas de comunicação e informação entre
hospitais, centros de saúde, unidades de cuidados continuados e o domicílio dos doentes. Este meio de
transmissão de conhecimento rápido e dinâmico, pode complementar a educação para a saúde
desenvolvida pelos profissionais desta área (Etchemendy et al., 2011, Gilmour, 2007; OMS, 2010). International
Journal of Healthcare Management

Engloba variados conceitos, tais como: a saúde, a tecnologiae o comércio e compreende o uso da internet
ou outros meios eletrónicos de divulgação que estejam relacionados com informações sobre a saúde e/ou
sobre serviços de saúde.
O objetivo é semelhante ao dos cuidados de saúde tradicionais, uma vez que se baseia na prevenção,
diagnóstico e tratamento das doenças, bem como na manutenção e promoção da saúde das populações.
O “e-“ de eHealth não corresponde só a “eletronic” noverdadeiro sentido da palavra, mas sima vários “e’s”,
os quais, juntos, caracterizam o conceito de eHealth. Assim, 10são os conceitos/palavras para o prefixo “e-“
(Eysenbach, 2001, cit. Por Brandão, 2012):

Estudo sobre eHealth em Portugal


Ideias Chave:
A importância atribuída pelos inquiridos às plataformas e-Health é elevada e transversal.
São diversas as vantagens identificadas pelos inquiridos na utilização de platamormas/soluções de e-
Health. A atualização constante de conhecimento (e o acesso a informação de “ponta”) foi, ainda assim, a
vantagem que reuniu mais consenso entre os inquiridos.
Não obstante as diversas vantagens de e-informação (do ponto de vista do utente), o aumento do níveis de
conhecimento sobre diagnósticos e tratamentos ( que este tipo de e-informação permite) constitui, para
mais de 2/3 dos profissionais de saúde inquiridos, a sua principal vantagem.
No entender dos inquiridos as vantagens reconhecidas a um acesso generalizado ao PHR por parte dos
utentes são várias (apenas 2% referiu não ver qualquer tipo de vantagem). O acesso anytime/ anywhere à
informação de saúde for, ainda assim, a vantagem que reuniu mais consenso por parte dos inquiridos no
estudo.

Nos casos de pacientes com doenças crónicas ou limitações de mobilidade, a internet é uma forma de: •
Obter informações sobre saúde e doença e ter serviços de saúde online, potenciando o binómio
curto/tempo em saúde (Ritterband & Tate, 2009);

 Diminuir as barreiras económicas/geográficas e desigualdades no acesso aos serviços de saúde


((Subrahmanyam &Šmahel, 2011).
 Comunicar com pessoas com o mesmo problema e receber apoio de quem está, por exemplo, a passar
por experiências semelhantes (Santos & Matos, 2013). No caso específico da doença oncológica, estas
parecem ser boas estratégias de coping, parecendo estar relacionadas com menor ansiedade e
depressão e diminuição da ansiedade perante os tratamentos (Suzuki & Beale, 2006).
 Estabelecer comunicação e laços sociais (permitindo até evitar o estigma, no caso de se manter o
anonimato) e possibilitar a autoexpressão;
 Recentemente, muitos investigadores têm usado até os jogos eletrónicos, televisão e música como
estratégias dedistração e diminuição da perceção de dor;
 Maior flexibilidade e um acesso mais precoce a programas de intervenção, comparando com os
contextos tradicionais (Proudfoot et al., 2011).;
 Realizar intervenções/tratamentos e disseminar programas de prevenção (nas áreas de doenças
crónicas ecomportamentos saudáveis, tais como excesso de peso, perturbações do comportamento
alimentar, cessaçãotabágica e treino de conflitos), tendo a literatura sugeridoque são pertinentes como
complemento a outros tratamentos (p. exp: a terapia cognitivo-comportamental), mas para os quais é
necessário um esforço extra no sentidode trabalhar a adesão (Stinson, Wilson, Gill, Yamada, & Holt,
2009; Webb, Joseph, Yardley, & Michie, 2010; Andersson, Ljótsson, & Weise, 2011).
Em termos gerais:

 A investigação tem demonstrado que quem mais usa a internet e procura informação sobre saúde
online são as pessoas que têm doença crónica, as que encontram maiores barreiras nos acessos a locais
de prestação de cuidados de saúde e com baixo suporte social (Bundorf, Wagner, Singer, & Baker, 2006);
 Parece também que quanto menor for o suporte emocional obtido, bem como a satisfação face a
informações relativas à doença e à comunicação médico-paciente, maior a urgência em satisfazer tais
necessidades através da pesquisa na internet (Hou & Shim, 2010; Lee & Hawkins, 2010; Tustin, 2010; Riiskjær,
Ammentorp, Nielsen, & Kofoed, 2011).

E assim, o caminho está “trilhado” para o aparecimento do… DR. Google

Desvantagens:

O risco de uma eventual alteração no atual paradigma da relação medico/doente foi apontada pelos inquiridos como
a principal desvantagem associada à utilização deste tipo de plataforma. Para cerca de ¼ dos inquiridos não existe
qualquer tipo de desvantagem na utilização deste tipo de ferramentas.

Do ponto de vista dos profissionais de saúde inquiridos, existem riscos claros associados a essa “banalização” de e-
informação. É fundamental que os utentes saibam selecionar as fontes de informação a que recorrem existindo,
sempre, o risco de uma interpretação incorreta dessa informação (por falta de expertise). Os processos de auto-
medicação e auto-diagnostico são outros dos riscos que um acesso massificado da população à e-informação poderá
representar no entender destes profissionais de saúde.

Eventuais erros de interpretação e os riscos associados ao processo de auto-diagnostico foram as principais


desvantagens apontadas pelos inquiridos a um acesso generalizado por parte dos utentes às plataformas PHR. No
entender dos inquiridos, o acesso generalizado por parte da população a plataformas PHR promovera´o
enfraquecimento da relação profissional de saúde/doente.

Recomendações/Dicas Saudáveis
 Relembrar que o mundo virtual é simultaneamente real e fantasia, não pretender ser
alguém que não é na realidade, tentar ser honesto;
 Não “clickar” em todas as opções que aparecem e desconfiar de mensagens que
oferecem prémios, viagens, etc, não aceitar encontros com alguém que se conheceu
online, e, informar uma pessoa de confiança sobre isso;
 Não colocar imagens, fotografias e informações pessoais (morada, telefone, passwords,
nºs de cartões, etc);
 Em caso de problemas de saúde, para além da pesquisa na internet, contactar um
médico ou com uma pessoa de confiança e não comprar produtos vendidos online;
 Profissionais de saúde e comunidade em geral devem fomentar mais literacia digital e
ajudar os doentes a fazer um uso saudável da internet.
E-HEALTH Ferramentas Para Melhorar Comportamentos de alimentação
 Os comportamentos relacionados à nutrição são considerados os principais contribuintes para a saúde
precária e morte prematura em todo o mundo (identificados no Global Burden of Disease Study) (Lim et
al., 2012);
 Mudar comportamentos alimentares parece ser mais desafiador do que outros comportamentos
(Murray, 2012);
 A interacção com a tecnologia inclui sítios Web, e-mail, programas de CD-ROM, telemóveis e
computadores de mão, que podem aumentar o potencial de feedback e avaliação atempados;
 As intervenções de nutrição comportamental conduzidas usando tecnologias e- ou m-Health (Olson,
2016) foram focadas em:
o diminuir a ingestão de gordura
o aumentar a ingestão de frutas e vegetais;
o peso corporal.
 Desafios:
o altas taxas de atrito (Kohl LFM, Crutzen R, de Vries NK. 2013);
o equidade em termos de acesso à internet;
o eficácia das intervenções? (Olson, 2016).

Exemplos de intervenções
1. Alexander et al., 2010 conduziram um ensaio clínico aleatório de três braços no qual compararam os
efeitos no consumo de fruta e legumes de (a) um programa online não adaptado, (b) uma intervenção
comportamental online adaptada, e (c) uma intervenção comportamental online adaptada mais
motivacional por correio eletrónico.
2. Carter et al., 2013 conduziram um ensaio piloto randomizado do aplicativo para smartphone My Meal
Mate e descobriram que a adesão ao automonitoramento foi significativamente maior (p <0,001) no
grupo de aplicativos em comparação com os grupos de site e diário de papel.
3. Herring et al., 2014 realizaram um estudo com mães obesas, de minorias étnicas e
socioeconomicamente desfavorecidas no primeiro ano pós-parto, que foram aleatoriamente
designadas para receber cuidados habituais cuidados habituais ou uma intervenção baseada na
tecnologia, que incluía orientação sanitária quinzenal por telefone, mensagens de texto e um grupo de
apoio no Facebook.
4. Turner-McGrievy & Tate, 2011 compararam uma intervenção para perda de peso baseada apenas em
podcasts com uma intervenção baseada em podcasts e dispositivos móveis, que incluía a monitorização
da dieta e da atividade física em dispositivos móveis e a interação com os conselheiros do estudo e com
outros participantes no Twitter.
5. Lohse et al., 2015 descobriram que uma intervenção online sobre competências alimentares estava
associada a uma maior utilização de competências de gestão de recursos alimentares e de planeamento
de refeições que incluíam todos os grupos de alimentos, em comparação com controlos que utilizavam
um sítio Web de informação nutricional do Departamento de Agricultura dos EUA.

O que é que podemos aprender com intervenções bem sucedidas que possam orientar a implementação
de futuras intervenções?
1. Concentrar-se noutros comportamentos relacionados com a saúde, para além dos comportamentos
alimentares;
2. Ser altamente estruturada, auto-orientada ou semi-orientada;
3. Ser adaptado às necessidades do indivíduo e personalizado às
1. personalizadas às características comportamentais e psicossociais do utilizador;
4. Implementar medidas objectivas, nomeadamente para os resultados dietéticos (utilizando recibos de
compra de alimentos, questionário de frequência alimentar, por exemplo) e peso corporal;
5. Proporcionar avaliação, feedback personalizado e acompanhamento.
(Olson, 2016; Ritterband & Thorndike, 2006)

O Futuro da e-Health
 Contudo, a literatura tem evidenciado que muitas tecnologias de eHealth não são bemsucedidas
esustentáveis, porque ignoram frequentemente as interdependências entre a tecnologia, as
características humanas e o ambiente socioeconómico.
 Para superar esta dificuldade, sugere-se uma nova abordagem holística para o desenvolvimento de
tecnologias de saúde em linha, que deve ter em conta: - a complexidade dos cuidados de saúde; - as
atividades de vida diária do doente; - os hábitos, crenças e valores do doente e dos seus familiares;
 As tecnologias devem ainda ser desenvolvidas com o envolvimento dos seus consumidores finais (van
Gemert-Pijnen, Nijland, van Limburg, Ossebaard, Kelders, Eysenbach, et al., 2011

Mensagens para levar para casa?

 A Internet e as novas tecnologias estão "aqui para sempre" e a promoção da saúde precisa de atualizar
as suas intervenções para vários comportamentos de saúde (e não apenas para a nutrição) em
conformidade;
 A literacia em matéria de saúde em linha tornou-se um conceito atual;
 De um modo geral, na rotina diária, os profissionais de saúde têm de lidar com o "Dr. Google" e as
consequentes mudanças que este impôs na relação médico-doente;
 Especificamente, as intervenções de nutrição comportamental no domínio da saúde em linha têm de
ser interactivas, acrescentar outros comportamentos relacionados com a saúde, ser adaptadas para
personalizar as necessidades, avaliadas com medidas objectivas e fornecer feedback e
acompanhamento;
 Desafio futuro:
o Avaliar as intervenções no que respeita à sua eficácia e Avaliar as intervenções relativamente
à sua eficácia e efetividade de uma forma científica rigorosa? E depois e posteriormente
divulgadas num processo de revisão pelos pares?
o IA (Inteligência Artificial)?

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