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- Sinais dos nociceptores são transmitidos para os neurônios do corno dorsal da medula
espinal
Muitos neurônios na lâmina mais superficial do corno dorsal, chamada de lâmina I ou lâmina marginal,
respondem a estímulos nocivos transmitidos por fibras Ad e C. Já que eles respondem de maneira
seletiva à estimulação nociva, têm sido chamados de neurônios específicos da nocicepção. Esse
conjunto de neurônios se projeta para centros encefáli- cos superiores, notavelmente o tálamo.
Uma segunda classe de neurônios da lâmina I recebe impulsos das fibras C que são ativadas
seletivamente por frio intenso.
A lâmina II, a substância gelatinosa, é uma camada densamente empacotada que contém muitas
classes diferentes de interneurônios locais, alguns excitatórios e outros inibitórios.
As lâminas III e IV contêm uma mistura de interneurônios locais e neurônios de projeção supraspinal.
Muitos desses neurô- nios recebem impulsos de fibras aferentes Ab que respon- dem a estímulos
cutâneos inócuos, como a deflexão dos pelos e a pressão leve.
A lâmina V contém neurônios que respondem a uma ampla variedade de estímulos nocivos e se
projetam para o tronco encefálico e o tálamo. Esses neurônios recebem sinais de entrada diretos das
fibras Ab e Ad e, já que seus dendritos se estendem para dentro da lâmina II, são também inervados
por nociceptores de fibras C.
Neurônios na lâmina V também recebem aferências de nociceptores dos tecidos viscerais. Essa
convergência de sinais de entrada nociceptivos somáticos e viscerais para neurônios individuais da
lâmina V fornece uma ex- plicação para o fenômeno chamado de “dor referida”, uma condição na qual
a dor de uma lesão ao tecido visceral é percebida como originada de uma região da superfície do
corpo.
Pacientes com infarto do miocárdio, por exemplo, com frequência referem dor no braço esquerdo,
bem como no peito.
Esse fenômeno ocorre porque um único neurônio da lâmina V recebe aferência sensorial de ambas as
regiões e, assim, o sinal desse neurônio não in- forma aos centros encefálicos superiores sobre a
origem do sinal. Como uma consequência, o encéfalo com frequência atribui de maneira incorreta a
dor à pele, possivelmente porque os impulsos cutâneos predominam.
Outra explicação anatômica para exemplos de dor referida é que axônios de neurônios sensoriais
nociceptivos se ramificam na periferia, inervando a pele e alvos viscerais.
Neurônios na lâmina VI recebem aferências de fibras de grande diâmetro que inervam músculos e
articulações. Esses neurônios são ativados por movimentos inócuos das articulações e não contribuem
para a transmissão de informação nociceptiva.
Em contrapartida, muitos neurônios localizados nas lâminas VII e VIII, as regiões ventral e
intermediária da medula espinal, respondem a estímulos nocivos. Esses neurônios em geral possuem
propriedades de resposta complexas, pois as aferências dos nociceptores para esses neurônios são
transmitidas por muitas sinapses intervenientes.
Neurônios na lâmina VII com frequência respondem à estimulação de qualquer lado do corpo, en-
quanto os neurônios mais dorsais do corno recebem aferências unilaterais.
Portanto, acredita-se que a ativação dos neurônios da lâmina VII contribua para a qualidade difusa de
muitas condições dolorosas.
Os neurônios sensoriais nociceptivos que ativam neurônios no corno dorsal da medula espinal liberam
duas classes principais de neurotransmissores.
Os neuropeptídeos são liberados como cotrans- missores por muitos nociceptores com axônios
amielínicos. Esses peptídeos incluem a substância P, o peptídeo relacionado ao gene da calcitonina
(CGRP, de calcitonin gene- -related peptide), a somatostatina e a galanina.
OBS; A substância P concentra-se nos terminais de neurônios sen- soriais primários no corno dorsal superficial. Seu receptor,
o an- tagonista de neurocinina-1 (NK1, de neurokinin-1), é expresso, também, pelos neurônios no corno dorsal superficial.
A encefalina é localizada em interneurônios e encontrada na mesma região do corno dorsal que os terminais que contêm
substância P. O receptor opioide mu para encefalinas é expresso pelos neurônios do corno dorsal superficial e também em
termi- nais sensoriais aferentes.
Os locais separados de estocagem permitem que essas duas classes de neurotransmissores possam
ser liberadas sob condições fisiológicas diferentes.
A substância P é liberada dos terminais centrais dos aferentes nociceptivos em resposta a lesão
tecidual ou após estimulação intensa dos nervos periféricos.
Sua interação com os receptores neurocinina nos neurônios do corno dorsal provoca potenciais pós-
sinápticos excitatórios lentos que prolongam a despolarização induzida pelo glutamato.
Embora as ações fisiológicas do glutamato e dos neuropeptídeos nos neurônios do corno dorsal sejam
dife- rentes, esses transmissores agem de maneira coordenada para regular as propriedades de
disparo dos neurônios do corno dorsal.
Como não há um meio eficiente para a recaptação dos peptídeos nos terminais nervosos, os
neuropeptídeos liberados dos terminais sensoriais difundem-se a uma distância maior que o
glutamato; desse modo, eles possuem uma influência excitatória em muitos neurônios do corno dor-
sal nas imediações do local de onde foram liberados --> Esse sistema de sinalização difusa pode
contribuir para o cará- ter pobremente localizado de muitas condições dolorosas.
Além disso, os níveis de expressão de neuropeptídeos nos neurônios nociceptivos primários estão aumentados em algumas
condições patológicas. Tais mudanças reativas na expressão de peptídeos podem contribuir para o aumento da
excitabilidade dos neurônios no corno dorsal que acom- panha alguns estados de dor crônica.
Esses axônios cruzam a linha média da medula espinal em seu segmento de origem e ascendem na
substância branca anterolateral antes de terminar nos núcleos talâmicos.
2. O trato espinorreticular contém os axônios dos neurô- nios de projeção das lâminas VII e VIII.
Ele ascende no qua- drante anterolateral da medula espinal e termina na for- mação reticular e no
tálamo.
Esse trato se projeta no qua- drante anterolateral da medula espinal para a formação reticular
mesencefálica e para a substância cinzenta periarquedutal
Axônios desse trato também se projetam para o núcleo parabraquial. Neurônios do núcleo
parabraquial projetam-se para a amígdala, um núcleo- -chave do sistema límbico que regula o estado
emocional.
Muitos dos axônios dessa via cursam pela parte dorsal do funículo lateral em vez do quadrante
anterolateral. Nos procedimentos cirúrgicos destinados a aliviar a dor, como a cordotomia
anterolateral, a dispersão dessas fibras pode explicar a persistência ou a recorrência de dor mesmo
após a cirurgia.
4. O trato cervicotalâmico ascende na substância branca lateral dos dois segmentos cervicais
superiores da medula espinal e contém os axônios dos neurônios do núcleo cervical lateral,
que recebem sinais dos neurônios das lâminas III e IV do corno dorsal.
A maioria dos axônios desse trato cruza a linha média e ascende no lemnisco medial do tron- co
encefálico, terminando nos núcleos mesencefálicos e nos núcleos ventroposterior lateral e
posteromedial do tálamo. Outros neurônios das lâminas III e IV mandam seus axô- nios diretamente
para a coluna dorsal e terminam nos nú- cleos cuneiforme e grácil do bulbo.
Esses axônios se projetam para núcleos hipotalâmicos que servem como centros de con- trole
autônomo, envolvidos na regulação das respostas neuroendócrinas e cardiovasculares que
acompanham as síndromes dolorosas.
Espinotalãmica
Espinorreticular
Espinomesencefalico
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01.pdf
Duas das mais importantes regiões talâmicas são os grupos nucleares lateral e medial.
Acredita-se que o tálamo lateral seja responsá- vel pelo processamento da informação sobre a
localização precisa de uma lesão, informação que geralmente é levada à consciência como dor aguda.
Em concordância com esse ponto de vista, neurônios dos núcleos talâmicos laterais possuem campos
receptivos pequenos, correspondentes àqueles dos neurônios espinais pré-sinápticos.
Lesões do trato espinotalâmico e seus alvos no tálamo causam uma forma grave de dor, chamada de
dor central.
Um infarto em uma pequena região do tálamo ventroposte- rior lateral produz a percepção de uma
dor em queimação espontânea, associada a outras sensações anormais (cha- madas de disestesias)
que são percebidas como originadas de diversas regiões do corpo. Esse conjunto de percepções
anormais tem sido chamado de síndrome de Dejerine- -Roussy.
O grupo nuclear medial talâmico compreende o núcleo lateral central do tálamo e o complexo
intralaminar.
Sua principal entrada é de neurônios das lâminas VII e VIII do corno dorsal. A via para o tálamo medial
foi a primeira projeção espinotalâmica evidente na evolução dos mamí- feros, sendo conhecida como
trato paleoespinotalâmico.
Esse trato é também algumas vezes referido como trato espinorreticulotalâmico, pois inclui conexões
indiretas pela formação reticular do tronco encefálico.
A projeção do tálamo lateral aos núcleos lateral e medial ventroposterior está mais desenvolvida em
primatas, e é chamada de trato neoespinotalâmico.
Muitos neurônios no tálamo medial res- pondem de maneira ideal a estímulos nocivos e se proje- tam
amplamente para os núcleos da base e para diferentes áreas corticais.
Neurônios do córtex somatos- sensorial em geral possuem campos receptivos pequenos e podem não
contribuir muito para a percepção difusa das dores que caracterizam a maioria das síndromes clínicas.
O giro cingulado e o córtex insular contêm neurônios que são ativados forte e seletivamente pelos
estímulos somatossensoriais nociceptivos.
O giro cingulado forma parte do sistema límbico e acredita-se que esteja en- volvido no
processamento do estado emocional associado à dor.
O córtex insular recebe projeções diretas do tálamo, especificamente dos núcleos mediais e do núcleo
medial ventroposterior.
Os neurônios no córtex insular processam a informação sobre o estado interno do corpo e contribuem
para o componente autônomo das respostas à dor.
Pacientes com lesões no córtex insular apresentam a impressionante síndrome de assimbolia para
dor: eles per- cebem estímulos nocivos como dolorosos e podem distin- guir entre dor aguda e dor
surda, mas não apresentam res- posta emocional apropriada. Essas observações implicam o córtex
insular como uma área na qual os componentes sensoriais, afetivos e cognitivos da dor são integrados.
OBS: TÁLAMO
Muitos neurônios de projeção no corno dorsal da medula espinal respondem de maneira seletiva aos
sinais nocivos, mas outros recebem sinais de entrada convergentes de afe- rentes nociceptivos e não
nociceptivos.
Especificamente, eles propuseram que a ativação de neurônios sensoriais não nociceptivos fecha um
“por- tão” para a transmissão central dos sinais nociceptivos, podendo ser aberto pela ativação de
neurônios sensoriais nociceptivos.
Na forma original e mais simples da teoria de controle do portão, a interação entre fibras de grande e
pequeno diâmetro ocorre no primeiro local possível de convergência − nos neurônios de projeção no
corno dorsal da medula espinal (Figura 24-14). Sabe-se agora que essas interações podem também
ocorrer em muitos centros de retransmissão supraspinais, e as determinações anatômi cas exatas da
teoria de controle do portão ainda não estão estabelecidas.
Mesmo assim, o conceito central da convergência de diferentes modalidades sensoriais tem fornecido
uma base importante para o delineamento de novas terapias para dor. Visto em seu sentido mais
amplo, a convergência de sinais de entrada de altos e baixos limiares na medula ou em regiões
supraspinais fornece uma explicação plausível para muitas observações empíricas sobre a percepção
da dor. O balançar da mão que se segue ao golpe de um mar- telo ou a uma queimadura é um
comportamento reflexo e pode aliviar a dor por ativar aferentes de grande diâmetro que suprimem a
transmissão central do estímulo nocivo.
Os axônios desses neurônios serotonérgicos projetam-se através da região dorsal do funículo lateral
para a medula espinal, onde eles formam conexões inibitórias com os neu- rônios das lâminas I, II e V
do corno dorsal.
Assim, a estimulação do bulbo rostroventral inibe o dispa- ro de muitas classes de neurônios do corno
dorsal, incluin- do os neurônios de projeção do trato espinotalâmico que transmitem sinais
nociceptivos aferentes.
Esse sistema noradre- nérgico se origina no locus ceruleus e em outros núcleos do bulbo e da ponte.
Essas projeções inibem os neurônios das lâminas I e V do corno dorsal por meio de ações sinápticas
diretas e indiretas.
A primeira foi o reconhecimento de que a morfina e outros opiáceos interagem com receptores
específicos nos neu- rônios da medula espinal e do encéfalo. A segunda foi o isolamento de
neuropeptídeos endógenos com atividades nesses receptores como as dos opiáceos. A observação de
que a naloxona, um antagonista opiáceo, bloqueia a anal- gesia produzida pela estimulação forneceu
a primeira pista de que o encéfalo contém opioides endógenos.
Os receptores opioides são classificados em quatro classes principais: mu (m), delta (d), kappa (k) e
orfanina FQ.
Os genes que codificam cada um desses receptores constituem uma subfamília de receptores
acoplados a proteínas G.
Os receptores m são particularmente diversificados; numero- sas isoformas têm sido identificadas,
muitas com diferen- tes padrões de expressão. Esse achado tem impulsionado a procura por fármacos
analgésicos que visam isoformas específicas.
Os receptores opioides foram originalmente definidos com base em sua afinidade de ligação a
diferentes compos- tos agonistas.
A morfina e outros alcaloides opioides são agonistas potentes para receptores m, e há uma forte corre-
lação entre a potência de um analgésico e sua afinidade de ligação a esses receptores. Camundongos
nos quais o gene para o receptor m foi inativado são insensíveis à morfina e a outros agonistas
opioides. Muitos fármacos antagonistas opioides, como a naloxona, também se ligam ao receptor m
e competem com a morfina para ocupá-lo sem ativar a sinalização do receptor.
Os receptores m são altamente concentrados na super- fície do corno dorsal da medula espinal, no
bulbo ventral e na substância cinzenta periaquedutal, locais anatômicos importantes para a regulação
da dor.
As encefalinas agem nos receptores mu e delta, enquanto a di- norfina é um agonista relativamente
seletivo do receptor k.
A b-endorfina é um produto da clivagem de um precursor que também gera o peptí- deo ativo do
hormônio adrenocorticotrófico (ACTH).
A b-endorfina e o ACTH são sintetizados por células na hipófise e são liberados na cir- culação
sanguínea em resposta ao estresse.
Corpos das células neuronais e terminais axonais contendo encefalina e dinorfina são encontrados no
corno dorsal da medula espinal, em particular nas lâ- minas I e II, bem como no bulbo ventral rostral
e na subs- tância cinzenta periaquedutal.
Neurônios que sintetizam b-endorfina são primariamente confinados ao hipotálamo; seus axônios
terminam na substância cinzenta periaquedu- tal e/ou nos neurônios noradrenérgicos do tronco
encefálico.