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❶ DEMÊNCIA
1.1 DEFINIÇÃO
Atualmente, define-se demência como condição na qual ocorre decréscimo cognitivo comparado a um nível prévio
do indivíduo, com comprometimento de suas funções sociais e funcionais na presença de nível estável de
consciência;
De acordo com o DSM-V, a demência está incorporada à entidade recém-nomeada transtorno neurocognitivo
maior, embora não esteja excluído o uso do termo demência em subtipos etiológicos nos quais é um termo-padrão;
O termo demência é mantido no DSM-V para continuidade, podendo ser usado em contextos em que médicos e
pacientes estejam acostumados a ele.
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Mente e Cérebro – Problema 06
Ana Carolina Conde Rodrigues
❷ TRANSTORNOS NEUROCOGNITIVOS (TNC)
2.1 CONCEITO
A categoria TNC abrange o grupo de transtornos em que o déficit clínico primário está na função cognitiva, sendo
transtornos adquiridos em vez de transtornos do desenvolvimento → os TNCs são aqueles em que a cognição
prejudicada não estava presente ao nascimento ou muito no início da vida, representando, assim, um declínio a
partir de um nível de funcionamento alcançado anteriormente;
Apesar de os déficits cognitivos estarem presentes em muitos transtornos mentais, se não em todos (p. ex.,
esquizofrenia, transtornos bipolares), apenas aqueles transtornos cujas características centrais são cognitivas é que
fazem parte da categoria TNC;
Embora demência seja o termo habitual para transtornos como as demências degenerativas, que costumam afetar
adultos com mais idade, o termo transtorno neurocognitivo é amplamente usado, principalmente para condições
que afetam jovens, como prejuízo secundário a lesão cerebral traumática ou infecção por HIV.
Os TNCs são: delirium, seguido por síndromes de TNC maior, TNC leve e seus subtipos etiológicos → TNC devido à
doença de Alzheimer; TNC vascular; TNC com corpos de Lewy; TNC devido à doença de Parkinson; TNC
frontotemporal; TNC devido a lesão cerebral traumática; TNC devido a infecção por HIV; TNC induzido por
substância/medicamento; TNC devido à doença de Huntington; TNC devido à doença do príon; TNC devido a outra
condição médica; TNC devido a múltiplas etiologias; e TNC não especificado.
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Característica essencial do delirium: perturbação da atenção ou da consciência, acompanhada de uma mudança na
cognição basal, que não pode ser mais bem explicada por algum transtorno neurocognitivo preexistente ou em
desenvolvimento;
A perturbação da atenção (Critério A) é manifestada por capacidade reduzida de direcionar, focalizar, manter e
mudar a atenção:
o Perguntas têm de ser repetidas, uma vez que a atenção do indivíduo é vaga, ou a pessoa pode perseverar
em uma resposta a uma pergunta anterior e não mudar a atenção de forma adequada;
o O indivíduo é facilmente distraído por estímulos irrelevantes;
o Aparece durante curto período de tempo, em geral de horas a alguns dias, com tendência a oscilar ao longo
do dia, com piora ao entardecer e à noite, quando diminuem os estímulos externos de orientação;
o A perturbação seria uma consequência fisiológica de alguma condição médica subjacente, intoxicação ou
abstinência de substância, uso de medicamento ou exposição à toxina ou de que é uma combinação desses
fatores.
Costuma ocorrer delirium no contexto de um TNC subjacente → a função cerebral prejudicada de pessoas com TNC
leve e maior torna-as vulneráveis a delirium;
O delirium costuma estar associado à perturbação no sono-vigília → são muito comuns no delirium, tendo sido
propostas como um critério central para o diagnóstico:
o Pode incluir sonolência diurna, agitação noturna, dificuldade para adormecer, sono excessivo durante o dia
ou vigília durante a noite;
o Em alguns casos, pode ocorrer inversão total do sono-vigília noite-dia.
O indivíduo com delirium pode mostrar perturbações emocionais, como ansiedade, medo, depressão, irritabilidade,
raiva, euforia e apatia. Pode haver mudanças rápidas e imprevisíveis de um estado emocional a outro.
- MARCADORES DIAGNÓSTICOS:
Além de achados laboratoriais característicos de condições médicas subjacentes (ou estados de intoxicação ou
abstinência), costuma haver lentificação generalizada no eletroencefalograma, sendo ocasionalmente encontrada
atividade rápida.
- DELIRIUM VERSUS DEMÊNCIA:
Tempo de desenvolvimento:
o Delirium→ curto;
o Demência → com exceção de demência vascular causada por acidente vascular, o início de demência é
gradual e insidioso.
Oscilação no nível de atenção:
o Delirium → o paciente apresenta episódios de redução da consciência;
o Demência → o paciente costuma estar alerta
Embora as duas condições incluam prejuízo cognitivo, as alterações na demência são mais estáveis com o passar do
tempo e, por exemplo, em geral não oscilam ao longo de um dia;
Eventualmente, delirium ocorre em um paciente com demência → condição conhecida como demência nebulosa.
Critérios diagnósticos para o DELIRIUM
A. Perturbação da atenção (para direcionar, focalizar, manter e mudar a atenção) e da consciência (↓ orientação para o ambiente);
B. A perturbação se desenvolve em um período breve de tempo (normalmente de horas a poucos dias), representa uma mudança da
atenção e da atenção e da consciência basais e tende a oscilar quanto à gravidade ao longo de um dia;
C. Perturbação adicional na cognição (déficit de memória, desorientação, linguagem, capacidade visuoespacial ou percepção);
D. As perturbações dos critérios A e C não são mais bem explicadas por outro transtorno neurocognitivo preexistente, estabelecido ou
em desenvolvimento e não ocorrem no contexto de um nível gravemente diminuído de estimulação, como o coma;
E. Há evidências a partir da história, do exame físico ou de achados laboratoriais de que a perturbação é uma consequência fisiológica
direta de outra condição médica, intoxicação ou abstinência de substância (devido a uma droga de abuso ou a um medicamento), de
exposição a uma toxina ou de que ela se deva a múltiplas etiologias.
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Critérios diagnósticos para o TRANSTORNO NEUROCOGNITIVO MENOR
A. Declínio cognitivo pequeno em um ou mais domínios cognitivos (atenção complexa, função executiva, aprendizagem e memória,
linguagem, perceptomotor ou cognição social), com base em:
1. Percepção do indivíduo, de um informante com conhecimento ou do clínico de que há declínio significativo na função cognitiva;
2. Prejuízo substancial no desempenho cognitivo, de preferência documentado por teste neuropsicológico padronizado ou, em sua
falta, por outra investigação clínica qualificada.
B. Os déficits cognitivos não interferem na independência em atividades da vida diária (no mínimo, necessita de assistência para
pagamento de contas ou controle medicamentoso), mas pode haver necessidade de mais esforço, estratégias compensatórias ou
acomodação;
C. Os déficits cognitivos não ocorrem exclusivamente no contexto de delirium;
D. Os déficits cognitivos não são mais bem explicados por outro transtorno mental (p.ex.: transtorno depressivo maior, esquizofrenia).
O TNC menor representa a transição do estado de cognição normal e a demência;
Esses pacientes apresentam anormalidades em um aspecto específico da cognição em extensão tal que ela é
claramente diferente do desempenho normal, mas não interfere no funcionalmente diário em um grau apreciável;
mas mais de um domínio cognitivo pode ser afetado.
- SUBTIPOS:
Transtornos neurocognitivos maiores e leves são organizados em subtipos basicamente conforme a entidade ou as
entidades etiológicas/patológicas
conhecidas ou supostas subjacentes ao
declínio cognitivo;
Para alguns subtipos etiológicos, o
diagnóstico depende muito da presença de
uma entidade potencialmente causadora,
como a doença de Parkinson ou de
Huntington, ou uma lesão cerebral
traumática ou um AVE no período de
tempo apropriado. Para outros subtipos
etiológicos (em geral, as doenças
degenerativas, como a de Alzheimer, a
degeneração lobar frontotemporal e a com
corpos de Lewy), o diagnóstico baseia-se
principalmente nos sintomas cognitivos,
comportamentais e funcionais;
O transtorno neurocognitivo maior
corresponde à condição referida no DSM-
IV como demência.
- CARACTERÍSTICAS DIAGNÓSTICAS:
A característica principal dos TNCs é um declínio cognitivo adquirido em um ou mais domínios (Critério A), com
base em (1) preocupação com a cognição por parte do indivíduo, um informante conhecedor ou o clínico e (2)
desempenho em alguma avaliação objetiva que fica aquém do nível esperado ou com declínio observado ao longo
do tempo;
Preocupações com a memória, por exemplo, incluem dificuldade de recordar pequenas listas de compras ou de
acompanhar o desenrolar de um programa na TV; já as preocupações executivas incluem dificuldade de retomar
uma tarefa quando interrompida, organizar registros de impostos ou planejar uma refeição em um feriado:
o No contexto de TNCs leves → é possível que a pessoa descreva essas tarefas como mais difíceis ou
demandando mais tempo, esforço ou estratégias compensatórias; os indivíduos e suas famílias podem não
notar esses sintomas ou percebê-los como normais, em especial em idosos;
o No contexto de TNCs maiores → esse tipo de tarefa pode ser concluída somente com assistência ou então
ser completamente abandonada.
O Critério B tem a ver com o nível de independência individual no funcionamento diário:
o Pessoas com TNC maior → terão prejuízo com gravidade suficiente para interferir na independência, a
ponto de outros terem de assumir tarefas que antes elas conseguiam realizar por conta própria;
o Pessoas com TNC leve → terão a independência preservada, embora possa haver interferência sutil no
funcionamento ou relato de que as tarefas exigem mais esforço ou mais tempo que antes.
- DESENVOLVIMENTO E CURSO:
Costuma variar → alguns subtipos (p. ex.: os relacionados à lesão cerebral traumática ou AVE) costumam ter início
em um momento específico e permanecem estáticos. Outros podem oscilar com o tempo (ainda que, ocorrendo
isso, deva ser levada em conta a possibilidade de delirium sobreposto ao TNC);
Os TNCs devidos a doenças degenerativas, como a de Alzheimer ou a degeneração lobar frontotemporal,
costumam ser marcados por aparecimento insidioso e progressão gradativa, e o padrão de surgimento de déficits
cognitivos e características associadas ajuda a diferenciá-los.
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- MARCADORES DIAGNÓSTICOS:
Além da obtenção de uma história médica criteriosa, as avaliações neuropsicológicas são as principais medidas de
diagnóstico de transtornos neurocognitivos, particularmente no nível leve (apresenta mudanças funcionais mínimas
+ sintomas sutis);
Outros marcadores diagnósticos ajudam na definição dos subtipos etiológicos → estudos de imagem neurológica
(RM e TC por emissão de pósitrons); além disso, marcadores específicos podem ser envolvidos na avaliação de
subtipos específicos, podendo adquirir mais importância à medida que se acumulam mais resultados de pesquisas.
- CONSEQUÊNCIAS FUNCIONAIS DE TRANSTORNOS NEUROCOGNITIVOS MAIORES E LEVES:
Baseiam-se, em parte, em avaliações funcionais;
No TNC maior, há ampla variação de prejuízos funcionais. Além disso, as funções específicas comprometidas podem
ajudar a identificar os domínios cognitivos afetados.
OBSERVAÇÕES
- DIFERENÇA ENTRE DEMÊNCIAS CORTICAIS E SUBCORTICAIS (PADRÃO DE APRESENTAÇÃO CLÍNICA):
Demências Corticais: (Déficit de memória + afasia, agnosia ou apraxia). Distingue-se clinicamente da subcortical por apresentar
com maior frequência amnésia, acalculia, afasia, apraxia e agnosia:
Tipos: doença de Alzheimer, demência Frontotemporal ou doença de Pick, demência Vascular.
Demências Subcorticais: bradifenia (lentificação intelectual) + distúrbios de atenção e motivação. A linguagem é, em grande
parte, preservada. Isto é, caracteriza-se por deteriorização intelectual, prejuízo cognitivo, apatia e alterações motoras:
Tipos: doença de Parkinson, coreia de Huntington, paralisia supranuclear progressiva.
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DOENÇA DE ALZHEIMER (DA)
Definida como uma doença dementante na qual a amnésia anterógrada é o sintoma dominante;
A DA é a CAUSA MAIS FREQUENTE DE DEMÊNCIA, responsável por mais de 50% dos casos na faixa etária ≥ 65 anos.
FISIOPATOLOGIA:
- ÁREAS ENVOLVIDAS:
Caracteriza-se histopatologicamente por perda sináptica e neuronal no córtex cerebral, hipocampo, córtex
entorrinal e estriado ventral – regiões responsáveis pelas funções cognitivas;
O processo degenerativo que acomete inicialmente a formação hipocampal, com posterior comprometimento de
áreas corticais associativas e relativa preservação dos córtices primários → faz com que o quadro clínico da DA seja
caracterizado por alterações cognitivas e comportamentais, com preservação do funcionamento motor e sensorial
até as fases mais avançadas da doença;
- HISTOPATOLOGIA:
O diagnóstico histopatológico da DA é baseado na presença conjunta de uma quantidade substancial de placas
neuríticas (senis – PS) e emaranhados neurofibrilares (ENF).
OBS.: De acordo com essa hipótese, outros fenômenos secundários ocorrem como consequência da geração e deposição de
Aβ, tais como: a formação de ENF; o processo oxidativo e de peroxidação lipídica; a excitotoxicidade glutamatérgica; a
inflamação e a ativação da cascata de morte celular por apoptose; e o déficit colinérgico.
④ EXCITOTOXICIDADE: ↑GLUTAMATO:
A excitotoxicidade também foi implicada na causa imediata de degeneração neuronal na DA, sendo associada às
consequências tóxicas de agregados de β-amiloide:
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o As fibrilas de β-amiloide desporalizam os neurônios, resultando em perda do bloqueio de Mg e
↑sensibilidade do receptor NMDA ao glutamato;
o As fibrilas também prejudicam o transporte de glutamato para os astrócitos → ↑* + extracelular de
glutamato;
o O peptídeo β-amiloide também promove diretamente estresse oxidativo mediante inflamação, que
contribui ainda mais para a vulnerabilidade neuronal ao glutamato.
A memantina, um tratamento recém-aprovado para doença de Alzheimer leve a moderada, é um inibidor não
competitivo fraco dos receptores NMDA. Ela reduz a sensibilidade tônica dos receptores NMDA a excitotoxicidade,
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mas não interfere na neurotransmissão “fásica”, atenuando, dessa forma, a degeneração neuronal na doença de
Alzheimer.
⑤ INFLAMAÇÃO:
Ativação da micróglia: a deposição de Aβ em PS ativa a micróglia, que remove e metaboliza a Aβ junto com algum
do tecido saudável na periferia das placas. A micróglia ativada produz 2 fatores: (1) fator estimulador dos
macrófagos (que volta a estimular a ativação da micróglia) e (2) ativadores do complemento (proteases):
o O fator iniciador do complemento, C1q, liga-se à Aβ e é ativado por esta. De facto, está provado que a Aβ
conduz à ativação de toda a via do complemento e além disso, a ligação de C1q aumenta a agregação Aβ;
o A ativação da via do complemento, resulta numa cascata de reações químicas que produzem
intermediários e resultam na formação de um complexo de ataque à membrana (MAC). Este elimina os
seus alvos pela formação de poros nas membranas.
Radicais livres: as ROS (produzidas intracelularmente e extracelularmente) estão dentre os principais fatores de
riscos intermediários, os quais iniciam e promovem a neurodegeneração na DA esporádica:
o Através da ação das ROS, os lipídios têm sua conformação alterada → comprova a forte ligação entre os
lipídios peroxidados, as enzimas antioxidantes, a presença de PS e os ENF em cérebros de pacientes
portadores da DA;
o O prejuízo do DNA induzido pelas ROS ou as modificações enzimáticas podem ter sido o gatilho inicial na
apoptose presente na DA.
Lesão mitocondrial: a ação das ROS sobre o DNA, particularmente o radical hidroxila, leva à formação de
marcadores biológicos, os quais têm sido localizados nos ENF e PS de cérebros portadores da DA:
o Evidências bioquímicas têm demonstrado que a cadeia de transporte mitocondrial está afetada na doença
de Alzheimer → a enzima citocromo C oxidase e o complexo IV da cadeia respiratória foram afetados nessa
patologia;
o É possível que o dano oxidativo mitocondrial no terminal sináptico associado à idade possa ser
extremamente importante, especialmente em relação ao declínio da memória e dos processos de
aprendizagem.
Neuroinflamação: algumas células especializadas no cérebro parecem estar envolvidas nas respostas inflamatórias,
sendo as mais importantes os astrócitos e as células da micróglia:
o Astrócitos: na DA, ocorre ↑nº de astrócitos reativos assim como da sua expressão da PLA2, levando ao
↑atividade da via inflamatória do AA/PG → os astrócitos são capazes de liberar muitas moléculas pró-
inflamatórias, como as interleucinas (IL), prostaglandinas (PG), leucotrienos, tromboxanos, fatores de
coagulação, fatores de complemento e proteases, cujo processo foi similar ao que ocorreu às células da
micróglia;
o Micróglia: as células da micróglia ativadas também são abundantes nos cérebros de pacientes portadores
da DA, produzindo uma variedade de compostos neurotóxicos (p.ex.: radicais superóxidos, glutamato e
NO); mais ainda, a exposição da micróglia à substância Aβ leva à liberação de fatores pró-inflamatórios,
incluindo a IL-1, IL-6, IL-8 e TNF-α;
o Além disso, as células da glia do SNC (como os astrócitos e micróglia) expressaram várias subunidades
neuronais dos receptores colinérgicos, incluindo α3, α4, α5, α6, α7, β2 e β4:
A subunidade α7 é o subtipo mais abundante encontrado nos astrócitos → o nível da subunidade
α7 mostrou-se elevado nos astrócitos de pacientes portadores da DA, quando comparados a
idosos não-doentes; uma possibilidade é que haja um mecanismo regulatório que auxilia a
manutenção da produção de TNF-α e TNF-β em níveis fisiológicos em astrócitos de cérebros de
pacientes portadores da DA.
⑥ HIPÓTESE MITOCONDRIAL:
Existem também evidências de que o comprometimento mitocondrial afeta a neurogênese hipocampal, junto com o
processo inflamatório:
o Com a idade, as funções mitocondriais sofrem um declínio até atingirem um limiar funcional, resultando
de um mecanismo epigenético com mutações pontuais em decorrência do tempo de vida. Além desse
limiar, ocorreriam as alterações mitocondriais referentes aos processos respiratórios, estresse oxidativo
(↑ROS) e às trocas enzimáticas → causa da DA ser mais frequente com o avanço da idade;
o Além disso, ocorrem lesões oxidativas no DNA mitocondrial com a idade (além de falhas na remoção de
proteínas), o que poderia estar relacionado como mecanismo da DA esporádica de início tardio;
o A proteína β-amiloide também afeta as mitocôndrias funcionalmente e estruturalmente, sendo que a
própria disfunção mitocondrial promove amiloidose.
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⑦ HIPÓTESE VASCULAR:
A unidade neurovascular (UNV): compreende as células vasculares (endotélio vascular, pericitos e células
musculares lisas), células gliais (astrócitos, micróglia e oligodendrócitos) e os neurônios, que formam uma estrutura
especializada em torno dos vasos cerebrais, regulando a BHE. Todo o metabolismo cerebral se faz a partir das
trocas desse sistema;
Fatores vasculares estão implicados nos mecanismos de regeneração cerebral, tanto na angiogênese, quanto na
neurogênese;
Na DA, o comprometimento do mecanismo vascular pode alterar a BHE, resultando em hipóxia por hipoperfusão e
trazer grave disfunção metabólica → estudos mostram que a ↓tensão de O2 pode agravar a deposição de peptídeo
β-amiloide.
⑧ GENÉTICA:
A imensa maioria dos casos de doença de Alzheimer é devida a doença esporádica (não-genética); entretanto, um
número muito pequeno de casos, a doença de Alzheimer ocorre como doença dominante autossômica → os 3 genes
conhecidos envolvidos estão todos diretamente envolvidos na produção de peptídeo β-amiloide;
Gene da proteína precursora amiloide (APP): está localizado no cromossomo 21q21.3. Dezoito mutações conhecidas
neste gene levam à produção excessiva de β-amiloide e são confiavelmente associadas com seu início muito
precoce (20 a 50 anos de idade) de doença de Alzheimer → indivíduos com síndrome de Down possuem uma cópia
extra do gene APP, resultando no aparecimento da doença;
Genes da pré-senilina 1 e 2: localizados nos cromossomos 14q24.3 e 1q31.42. Um grande número de mutações da
pré-senilina 1 é responsável pela maioria da doença de Alzheimer dominante autossômica. Ambos os genes
codificam uma proteína semelhante conhecida como pré-senilina, que está envolvida na degradação da molécula
do APP no local de clivagem gama. Admite-se que as mutações na pré-senilina 1 e 2 causadoras de DA levam a um
"ganho de função tóxico” que produz excesso de peptídeo β-amiloide. As mutações na pré-senilina também são
associadas com DA de início precoce (40 a 60 anos de idade);
Gene da apolipoproteína E (apoE): está localizado no cromossomo 19q13.2 e está associado a DA de início mais
tardio. A apoE é uma proteína está envolvida no transporte de lipídios, apresentando 3 variantes alélicas em
humanos que são determinadas pela diferença nos aminoácidos cisteína e arginina nas posições 112 e 158 da
proteína de 299 aminoácidos. Uma das variedades alélicas, com arginina em ambas as posições (variante ε4), é
fortemente associada com um risco aumentado 14 vezes de DA em homozigotos e um aumento de 3x nos
heterozigotos:
o A presença de um alelo apoE ε4 nem sempre causa DA, pelo falo de que a doença nunca se desenvolve em
alguns portadores do genótipo;
o O mecanismo pelo qual o alelo apoE ε4 predispõe a DA não está estabelecido, mas a estrutura terciária da
proteína apoE com arginina nas posições 112 e 158 pode levar à ligação prejudicada ao β-amiloide, o que
por sua vez reduz a remoção de β-amiloide das células.
⑨ SINAPSES:
Estudos clínico-patológicos sugeriram que o declínio cognitivo se correlacione melhor com a perda de sinapses;
No início, os lobos parietal e temporal são afetados, com relativa preservação dos lobos frontais:
o Correlacionado com a perda precoce da memória, que é uma função predominante do lobo temporal;
o Além disso, a compreensão sintática da linguagem e a organização visuoespacial, funções que dependem
muito do lobo parietal, são comprometidas cedo no curso da DA.
Alterações da personalidade, que refletem o funcionamento do lobo frontal, são consequências relativamente
tardias.
QUADRO CLÍNICO:
- Instalam-se de forma insidiosa, com piora lentamente progressiva, embora períodos de relativa estabilidade clínica possam
ocorrer:
Sintomas iniciais:
o O primeiro sintoma é usualmente o declínio da memória anterógrada, cujas queixas incluem:
esquecimento de eventos e conversas recentes, colocação errada de objetos, problemas com o
acompanhamento da data, perder-se em vizinhanças familiares, e problemas para se lembrar de completar
tarefas;
o A função da memória declarativa episódica pode ser perdida → familiaridade e acesso ao conhecimento
anterior podem permitir aos pacientes funcionar nas suas rotinas diárias usuais contanto que nada além do
ordinário seja deles exigido. Podem ainda reter a capacidade de preparar refeições simples e fazer
caminhadas na vizinhança sem se perderem;
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o Nos estágios iniciais, pode haver também dificuldade na aquisição de novas habilidades, evoluindo
gradualmente com prejuízos em outras funções cognitivas (como julgamento, cálculo, raciocínio abstrato e
habilidades visuoespaciais);
o Apatia, perda de iniciativa, e perda de interesse por hobbies e passatempos são onipresentes na DA inicial.
Evolução do quadro:
o Surgem alterações de linguagem (principalmente anomia) e distúrbios de planejamento (funções
executivas). Na faixa pré-senil (antes dos 65 anos), os distúrbios de linguagem podem ser a manifestação
predominante do processo demencial, enquanto sintomatologia psicótica (como ideias delirantes,
sobretudo de caráter persecutório, e alucinações) é habitualmente mais comum nos pacientes mais idosos;
o A capacidade de efetuar tarefas diárias necessárias se torna cada vez mais difícil a ponto de o paciente
necessitar auxílio para preparar refeições, pagar contas, viajar e cuidar da casa;
Fases mais graves:
o Torna-se necessário auxilio e supervisão cm atividades básicas como tomar banho, vestir-se, fazer a higiene
e comer;
o Há alterações do ciclo sono-vigília, alterações comportamentais (irritabilidade e agressividade), sintomas
psicóticos, incapacidade de deambular, falar e se cuidar.
Estádios terminais:
o Todas as capacidades de comunicação podem ser perdidas;
o A mobilidade pode ainda estar preservaa até tarde na doença;
o Pacientes com DA comumente morrem de doenças que atingem outros indivíduos idosos debilitados, como
sepse, pneumonia e ICC.
Os sintomas para alguns autores podem são classificados em 3 classes: cognitivos, não-cognitivos e funcionais:
Cognitivo significa a perda de memória, afasia, apraxia, agnosia, desorientação (déficit na percepção de tempo, incapacidade de
reconhecer pessoas conhecidas) e déficit na função executiva;
Os não-cognitivos têm como sintomas a depressão, sintomas psicóticos (alucinações), distúrbios comportamentais (agressão
verbal e física, hiperatividade motora, atividades repetitivas);
Os funcionais, por sua vez, estão relacionados com a incapacidade de cuidar de si mesmo.
DIAGNÓSTICO:
O diagnóstico clínico da DA se baseia na observação de quadro clínico compatível, sendo os elementos-chave o
início gradual e progressão insidiosa de comprometimento cognitivo, especialmente amnésia anterógrada → o
exame de estado mental deve demonstrar comprometimento na memória de curto prazo e outros déficits
cognitivos;
Além disso, deve-se excluir outras causas de demência por meio de exames laboratoriais e de neuroimagem
estrutural:
o TC e RM: revelam atrofia da formação hipocampal e do córtex cerebral, de distribuição difusa ou de
predomínio em regiões posteriores → esses pacientes preenchem os critérios diagnósticos da denominada
DA provável, pois a atrofia hipocampal não é nem sensível nem especifica o suficiente para ser útil no
diagnóstico;
o Tomografia de emissão de pósitrons com fluorodesoxiglicose: ou com novos agentes ligadores de amiloide
ainda precisa fornecer a necessária precisão ou capacidades precisão para justificar o uso na prática de
rotina;
o Análise laboratorial: nenhum teste de laboratório pode confirmar o diagnóstico de DA com suficiente
sensibilidade e especificidade → a presença do alelo ε4 da ApoE aumenta a precisão diagnóstica apenas
marginalmente depois de serem consideradas a história e exame físico.
O diagnóstico definitivo só é possível por exame anatomopatológico.
- A acurácia diagnóstica quando da presença de perfil clínico característico e de exames complementares normais ou
inespecíficos (quadro compatível com DA provável), segundo os estudos com confirmação anatomopatológica, é de, em
média, 81%, taxa que se eleva com o seguimento dos pacientes.
TRATAMENTO:
O tratamento da DA deve ser multidisciplinar, envolvendo os diversos sinais e sintomas da doença e suas
peculiaridades de condutas;
O objetivo do tratamento medicamentoso é propiciar a estabilização do comprometimento cognitivo, do
comportamento e da realização das atividades da vida diária (ou modificar as manifestações da doença), com um
mínimo de efeitos adversos.
- Tempo de tratamento - critérios de interrupção: o tratamento deve ser suspenso em 3 situações distintas:
o Após 3-4 meses do início do tratamento, não havendo melhora ou estabilização da deterioração do
quadro à reavaliação (por falta de benefício);
o Mesmo que os pacientes estejam em tratamento continuado, este deve ser mantido apenas enquanto o
MEEM estiver > 12 para pacientes com > 4 anos de escolaridade e > 8
Recomenda-se iniciar o
para pacientes com < 4 anos de escolaridade, abaixo do que não há tratamento com os inibidores
qualquer evidência de benefício; de forma semelhante, somente devem da colinesterase em pacientes
ser mantidos em tratamento pacientes com Escala CDR igual ou abaixo com DA e, havendo declínio
de 2; clínico, considerar a associação
o Em casos de intolerância ao medicamento, situação em que se pode com a memantina nos
substituir um medicamento por outro. pacientes nas fases moderada
- Benefícios esperados: ou grave. Em caso de pacientes
Redução na velocidade de progressão da doença; com diagnóstico inicial de DA já
em fase grave, seus
Melhora da memória e da atenção. responsáveis devem ser
- Monitorização: 3-4 meses após o início do tratamento, o paciente deve ser submetido a esclarecidos sobre as limitações
uma reavaliação. Após este período, ela deve ocorrer a cada 6 meses, para estimar o dos resultados esperados com o
benefício e a necessidade de continuidade do tratamento pela avaliação clínica e tratamento, e orientados a não
realização do MEEM e da Escala CDR. iniciar o tratamento.
DOENÇA DE PARKINSON
FISIOPATOLOGIA:
A doença de Parkinson é caracterizada por uma desordem progressiva do movimento devido à disfunção dos
neurônios secretores de dopamina nos núcleos da base, que controlam e ajustam a transmissão dos comandos
conscientes vindos do córtex cerebral para os músculos do corpo humano;
Fisiologicamente: os neurônios dopaminérgicos da substância negra se projetam para o estriado, onde são críticos
para o controle do processamento da informação pelos gânglios da base → a dopamina age sobre receptores D1
(Gs) e D2 (Gi) do striatum, resultando em um equilíbrio fundamental na regulação do córtex cerebral a fim de se
obter o movimento via tracto córtico-espinhal;
Na doença de Parkinson: ocorre depleção da dopamina no neoestriado (especialmente no putâmen) secundária à
despigmentação dos neurônios dopaminérgicos da substância negra mesencefálica → subentende-se que quanto
mais clara a substância negra, maior é a perda de dopamina:
o ~60% desses neurônios dopaminérgicos estarão degenerados antes de as características clínicas da doença
se desenvolverem;
o Quando o diagnóstico é feito através da manifestação dos sintomas, diz-se que já ouve ~80% dessa
degeneração, ou seja, já existe um grande comprometimento.
Consequentemente, ocorre ↓ativação dos receptores D1 e uma ativação dos receptores D2 → desregula todo o
circuito dos núcleos da base:
o Fibras comandadas pelos receptores D1 deixam de inibir adequadamente o globo pálido medial, enquanto
que fibras colinérgicas comandadas por receptores D2, de uma forma indireta (via núcleo subtalâmico),
acabam excitando demais este globo pálido medial:
Resultado: ↓ativação de receptores D1 → ↓inibição do globo pálido medial + ativação indireta
do globo pálido medial via fibras colinérgicas dos núcleos subtalâmicos → ↑inibição sobre o
tálamo → ↓excitação do córtex motor primário via cortico-espinhal → bradicinesia.
o Ao mesmo tempo, os receptores D2 do striatum são responsáveis por fibras colinérgicas que estimulam a
secreção de GABA por fibras que, quando ativadas, inibem o globo pálido lateral (responsável por modular
o efeito excitatório do núcleo subtalâmico sobre o globo pálido medial). Portanto:
Em condições normais, a dopamina inibe a produção de ACh no striatum;
Em condições patológicas, com a carência de dopamina, ocorre ↑ACh, o que corrobora com a
inibição excessiva do tálamo;
Resultado: ↑ativação de receptores D2 → ↓ativação do globo pálido lateral → ↓inibição do
núcleo subtalâmico → ↑ativação do núcleo pálido medial → ↑inibição do tálamo.
Atribui-se a degeneração das células dopaminérgicas da substância negra ao O que acontece na doença de
↑* + de ROS e formação de corpos de Lewy que se acumulam Parkinson é um quadro inverso ao
intracelularmente e levam à morte neural, caracterizando uma influência que acontece na psicose: nesta, a
genética no processo de desenvolvimento da doença: dopamina encontra-se em ↑
o Proteína α-sucleína: é o principal componente da inclusão concentrações, principalmente, na
via mesolímbica, acompanhado de
citoplasmática específica (Corpos de Lewy), sendo crucial na
queda nos níveis centrais de
patogênese da doença de Parkinson → caracteriza-se pela agregação acetilcolina. Já no Parkinsonismo, a
anormal da proteína, que ocorre em virtude de mutações no gene da dopamina encontra-se em ↓concen-
α-sucleína ou como resultado de produção excessiva da proteína trações (no esquema da balança,
14 encontra-se “mais leve”), quando
comparada aos níveis de ACh.
Mente e Cérebro – Problema 06
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normal por causa de duplicações ou triplicações gênicas. Seu acúmulo resulta na morte desses neurônios
o Gene LRR2: associada à doença de Parkinson tardia → é atualmente a causa mais comum de Parkinson de
herança dominante;
o Genes parkin, DJ-1, PINK-1: associados à doença de Parkinson precoce → também geram proteínas que se
acumulam intracelularmente.
Outros fatores patogênicos propostos: disfunção mitocondrial, enovelamento ou agregação de proteínas,
excitotoxicidade e inflamação.
Além das alterações degenerativas proeminentes Na substância negra, as mudanças patológicas são também
evidentes em outros núcleos do tronco encefálico, nas regiões corticais e nos neurônios autônomos periféricos →
foi sugerido que a doença de Parkinson possa começar na parte inferior do tronco encefálico e no sistema
olfatório, onde ela causa perda precoce da olfação e apenas tardiamente envolve a substância negra;
Independentemente da ordem do envolvimento, é provável que as frequentes alterações neurodegenerativas
extrapiramidais sejam responsáveis por muitos sintomas que não respondem à reposição de dopamina e que se
tornam cada vez mais problemáticos com a progressão da doença.
QUADRO CLÍNICO:
Geralmente, os sintomas começam cm um membro. Essa assimetria com frequência persiste até os últimos estágios
da doença.
- TREMOR:
Caracteriza-se pelo “tremor de repouso”, que possui características clínicas típicas:
o O tremor manifesta-se com uma frequência de 4-6 ciclos/seg, tipicamente com uma aparência de "rolar
pílulas" quando ele envolve a mão;
o Ele está geralmente presente quando o membro está em repouso completo e frequentemente reduz-se
quando o membro se move e ocupa uma nova posição, embora possa surgir de novo (“tremor
reemergente") com um tempo curto após a manutenção da nova posição;
o Uma vez que o tremor de repouso diminui ou se abranda com a ação, ele pode não ser incapacitante, mas
pode ser constrangedor e estar associado à sensação de dor ou fadiga do membro afetado;
o É habitualmente acentuado pelo estresse (p. ex.: pedir ao paciente para realizar cálculos mentais);
o Também presente, de forma característica nos membros superiores durante a marcha.
Um tremor postural e cinético de alta frequência (p. ex.: 7-10 Hz) também é comum em pacientes que têm diversas
causas de parkinsonismo.
- RIGIDEZ:
É uma forma de aumento no tônus muscular, observada melhor nos movimentos passivos lentos;
Ela pode ser caracterizada como:
o Rigidez em "roda dentada” → quando um tremor está sobreposto; ou como
o Rigidez de "cano de chumbo” → quando da ausência do tremor.
O paciente pode queixar-se de dureza, entretanto a rigidez geralmente não é incapacitante;
Avaliação clínica: a rigidez é "ativada" ou acentuada na avaliação clínica quando se pede ao paciente para mover o
membro oposto àquele que está sendo examinado;
- ACINESIA /BRADICINESIA:
A acinesia ou bradicinesia constitui uma variedade de distúrbios do movimento, incluindo: lentidão, amplitude
reduzida, cansaço e interrupções no movimento em curso;
Esse aspecto incapacitante do parkisoninsmo interfere em todas as atividades voluntárias e explica muitas das
características bem conhecidas do parkinsonismo: falta de expressão facial com o ato de piscar reduzido
(hipomimia ou fáceis em máscara - o "olhar reptiliano"), fala baixa e monótona (hipofonia), deglutição alterada
resultando em baba (sialorreia), caligrafia apresentando letra pequena (micrografia), redução da movimentação do
braço durante a marcha, passos curtos e o andar com arrastar dos pés, dificuldade de se levantar de uma cadeira
baixa e dificuldades de rolar na cama;
As interrupções no movimento em curso ("bloqueio motor") podem interferir cm diversas atividades, mas estas
interrupções são mais comuns sob a sob a forma "freezing" da marcha;
Avaliação clínica: a bradicinesia é evidente na avaliação clínica e é obtida testando-se os movimentos repetitivos
rápidos e alternando-os: batendo de leve os dedos, abrindo e fechando o punho, virando o punho para baixo e para
cima e batendo de leve o dedo do pé e o calcanhar.
- DISTÚRBIOS POSTURAIS:
Incluem postura flexionada nos membros e no tronco (postura símia, abaixada), bem como instabilidade postural
resultando em desequilíbrio e quedas;
Os pacientes podem queixar-se da incapacidade de parar por si próprios, de ir para frente (propulsão) ou para trás
(retropulsão);
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Mente e Cérebro – Problema 06
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Avaliação clínica: inclui o "teste do puxão”, em que o examinador abruptamente puxa o paciente por trás enquanto
está pronto para segurá-lo em caso de uma queda.
- OUTROS SINTOMAS:
Além das características motoras do parkinsonismo, uma variedade de características não motoras é extremamente
comum e inclui dor e outros distúrbios sensoriais → problemas disautonômicos, tais como urgência e frequência
urinárias; tonteira ortostática; constipação; disfunção erétil; anormalidades do sono, incluindo distúrbio
comportamental do sono REM; ansiedade; cansaço; depressão e transtornos cognitivos, incluindo demência;
À medida que a doença progride, mais características se desenvolvem, incluindo transtornos motores "axiais"
(anormalidades da fala e da deglutição, "freezing" e instabilidade postural), bem como disfunções
neurocomportamentais cognitivas.
- COMPLICAÇÕES:
Além das manifestações da própria doença, as complicações da terapêutica farmacológica incluem flutuações
relacionadas com as características motoras e não motora, e transtornos psiquiátricos e comportamentais → nos
estágios tardios da doença, o estado clínico frequentemente flutua de hora em hora e até mesmo de minuto em
minuto;
Por conseguinte, os pacientes exibem as características clássicas do parkinsonismo, as quais podem melhorar
bastante em resposta à medicação, sintomas que persistem a despeito do grande benefício da medicação e
sintomas que ocorrem como complicação da medicação dopaminérgica.
DIAGNÓSTICO:
Mapeamento genético: exame das formas monogenéticas da doença
de Parkinson (p.ex.: o gene parkin) está se tomando disponível, mas as
diretrizes para o seu uso ainda não foram desenvolvidas;
Avaliação clínica: dadas as manifestações clínicas clássicas, a avaliação
diagnóstica baseia-se em grande parte em excluir outras causas de
parkinsonismo:
o Os pacientes com doença de Parkinson de início na juventude
devem ter a doença de Wilson excluída por determinação da
ceruloplastina sérica e do cobre na urina de 24 horas e pelo
exame com lâmpada de fenda.
Exames de imagem
o RM: esses achados de imagem estão em geral normal na
doença de Parkinson → exame indicado p/ excluir outros
diagnósticos;
o Tomografia por emissão de pósitron: pode avaliar as porções
pré e pós-sinápticas do sistema dopaminérgico nigroestriatal.
É útil para a pesquisa, mas o ligante mais comumente usado,
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a fluorodopa ( F), não diferencia, de forma fidedigna, a doença de Parkinson de muitas outras doenças
neurodegenerativas que a imitam;
o TC por emissão de fóton único: apresenta as mesmas limitações da tomografia por emissão de pósitron;
o USG transcraniano: o achado de ecogenicidade aumentada na SNc do mesencéfalo → pode ser mais
específico no diagnóstico da doença de Parkinson, porém os dados não são conclusivos.
TRATAMENTO:
É direcionado para retardar a progressão (tratamentos “neuroprotetores” ou “modificadores da doença”); melhorar
os sintomas, tipicamente por restauração farmacológica do tônus dopaminérgico ou pela correção cirúrgica da
neurofisiologia dos núcleos da base; ou tentar reestabelecer ou regenerar os neurônios danificados (terapia
“neurorrestauradora” ou “neurorregenerativa”);
A) TRATAMENTO MEDICAMENTOSO:
O objetivo terapêutico, no intuito principal de tratar os sintomas, é
equilibrar a “balança DOPAMINA x ACETILCOLINA” com o uso de
agonistas dopaminérgicos, que tenham ação principal na via nigro-
estriatal (o que nem sempre é possível), aumentando a secreção de
dopamina nesta via no intuito de frear a secreção de acetilcolina.
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dopamina aumenta os níveis deste neurotransmissor na fenda sináptica;
- A atividade antiparkinsoniana da Amantadina – que é um agente viral – foi descoberta
casualmente;
- A Amantadina perde a sua atividade antiparkinsoniana após 6 meses a 1 ano de uso,
porém continua sendo considerada um BOM COADJUVANTE no tratamento da doença
de Parkinson.
OBS.: Existe uma nova formulação que consiste em Levodopa + Carbidopa + Entacapona (Stalevo®). Esta última é uma
inibidora da COMT. Apesar de ser uma formulação bastante eficaz, apresenta um preço elevado e não está disponível na
rede pública. A formulação apresenta os seguintes efeitos adversos:
Eventos adversos comuns:
o Insônia, alucinação,
confusão e pesadelo;
o Discinesias, agravamento
do parkinsonismo,
vertigem, distonias e
hipercinesia;
o Mudança da cor da urina;
o Fadiga, aumento da
transpiração e queda.
Desvantagens:
o Doses fixas das drogas;
o Paciente necessita estar
com as doses estáveis;
o Tratamento da DP,
preferencialmente nas
fases tardias;
o Preço.
Preconiza-se que o tratamento da doença sempre deve ser iniciado com L-Dopa. Caso não resulte em efeitos benéficos, faz-se associação com agonistas
dopaminérgicos (como a Bromocriptina), um inibidor da recaptação (Amantadina) ou, em última instância, bloqueadores muscarínicos (sendo este utilizado
como última opção devido à presença de inúmeros efeitos colaterais, tanto no SNC quanto no SNP). A utilização deste último medicamento deve ser evitada
ao máximo devido aos seus efeitos adversos ocasionais: taquicardia, constipação, etc.
B) TRATAMENTO CLÍNICO:
Até hoje nenhum tratamento clínico revelou-se útil na modificação do curso progressivo da doença de Parkinson;
O tratamento precoce em um paciente com pequena ou nenhuma incapacidade pode envolver apenas educação,
apoio psicológico, encorajamento a permanecer ativo e envolvimento com um programa de exercido e
acompanhamento continuo.
C) TRATAMENTO CIRÚRGICO:
A terapia cirúrgica, que envolve estimulação cerebral profunda do:
o Núcleo subtalâmico: melhora os sintomas da doença de Parkinson e permite baixar as doses de medicações
antiparkinsonianas → é de utilidade limitada, já que ela é efetiva apenas para o tremor;
o Segmento interno do globo pálido: pode fornecer uma resposta menos consistente e durável.
Com exceção do tremor, que pode ser resistente a altas doses de levodopa, os sintomas que são resistentes ao
efeito máximo da levodopa (p.ex.: disartria, instabilidade postural com quedas) também não respondem à
estimulação cerebral profunda;
O melhor prognóstico de uma ótima resposta para a estimulação cerebral profunda do núcleo subtalâmico é a
contínua resposta clínica do paciente à levodopa;
O melhor candidato à estimulação cerebral profunda do núcleo subtalâmico: paciente sob outros aspectos sadio,
relativamente jovem, intacto cognitivamente e psiquiatricamente estável, que ainda responde bem à levodopa, mas
sofre de flutuações motoras incapacitantes e discinesias.
OBS.: Estudos randomizados duplo-cegos de transplante da substância negra fetal no estriado não mostraram eficácia
significativa e também foram associados aos efeitos colaterais de discinesias induzidas pelo transplante mesmo sem o uso de
medicação antiparkinsoniana. Um ensaio randomizado duplo-cego de infusão do fator neurotrófico derivado da glia no
putâmen não confirmou as vantagens encontradas nos estudos abertos.
DEFINIÇÃO:
Doença demenciante na qual a causa subjacente é o infarto cerebral;
Deve haver infarto cerebral em localizações sabidamente responsáveis por déficits cognitivos, na ausência de outras
alterações fisiopatológicas neurodegenerativas;
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Quando a doença vascular cerebral produz comprometimento que não é suficientemente grave para satisfazer os
critérios de demência, ele é denominado compromentimento cognitivo vascular.
FATORES DE RISCO:
Os principais fatores de risco de TNC vascular maior ou leve são os mesmos que os da doença cerebrovascular: HAS,
DM, tabagismo, obesidade, ↑* + colesterol, ↑* + homocisteína, outros fatores de risco de aterosclerose e
arteriolosclerose, FA e outras condições que aumentam o risco de embolia cerebral;
Angiopatia amiloide cerebral é um fator de risco importante, em que ocorrem depósitos amiloides em vasos
arteriais.
FISIOPATOLOGIA:
A maioria dos casos decorre de aterosclerose (que podem ser detectada por RM), sendo a etiologia bastante
heterogênea → as lesões podem ser focais, multifocais ou difusas:
o Secundária a oclusão de grandes vasos: aa. carótidas e aa. cerebrais anteriores, médias e posteriores;
o Secundária a infartos lacunares: ocorrem no tálamo, gânglios da base e substância branca subcortical.
Infartos no hipocampo, tálamo medial, núcleos caudados e áreas parietais de associação são altamente relacionados
à produção de comprometimento cognitivo, mas não necessariamente demência.
Causas incomuns:
o Arteriopatia dominante autossômica cerebral com infartos A lesão cortical traumática pode levar à
subcorticais e leucoencefalopatia (CADASIL): doença demência vascular?
hereditária muito rara que normalmente se torna evidente A demência pode ser uma sequela de
entre os 30-50 anos. Causa grave doença da substância traumatismo craniano. A chamada demência
pugilística ocorre em boxeadores depois de
branca, cefaleias e demência. É causada por uma mutação
traumas cranianos repetidos ao longo de
no gene notch3; vários anos. Ela se caracteriza por labilidade
o Angiopatia amiloide cerebral: β-amiloidose na qual a β- emocional, disartria e impulsividade. Foi
amiloide se acumula na túnica média de artérias de também observada em jogadores profissionais
pequeno e médio calibre s, nas leptomeninges e córtex de futebol americano que desenvolveram
superficial, causando hemorragias cerebrais → quando demência após repetidas concussões ao longo
ocorrem em nº suficiente e em localizações críticas, de vários anos.
podem levar à demência.
DESENVOLVIMENTO E CURSO:
O curso pode variar de início agudo com melhora parcial para declínio gradual a progressivo, com flutuações e
platôs de duração variável;
O TNC vascular subcortical puro maior ou leve pode ter um curso progressivo lento, que simula TNC maior ou leve
devido à doença de Alzheimer.
QUADRO CLÍNICO:
Pacientes com DV apresentam-se tipicamente com síndrome demencial do tipo cortico-subcortical na qual os
sintomas primários são de déficit nas funções executivas
Apresenta amplas alterações cognitivas:
o Síndromes cognitivas mais comuns: incluem comprometimento cognitivo leve, com amnésia anterógrada
proeminente, alterações proeminentes na personalidade e função executiva;
o Síndromes de afasia: ocorrem como resultado de infarto ou hemorragia cerebral nas regiões perissylviana
do hemisfério dominante;
o Transtornos da cognição visual: podem ser causadas por infarto ou hemorragia nas regiões
occipitotemporal ou occipitoparietal → alexia ou agnosia visual;
Infartos nos núcleos caudados, particularmente se forem bilaterais, podem produzir uma síndrome cognitiva que
inclui amnésia e função executiva perturbada, assim imitando demência;
Grandes infartos no lobo parietal direito também podem produzir demência;
Infartos nos tálamos mediais ou nas formações hipocampais podem produzir amnésia isolada.
Evolução dos sintomas:
o A evolução dos sintomas não obedece a um padrão estereotipado. Em alguns, a síndrome demencial pode
permanecer estacionária; em outros, novos AVEs podem conduzir a declínios substanciais na cognição e
função;
o Muitos indivíduos com TNC vascular maior ou leve apresentam infartos múltiplos, com um declínio agudo
gradual ou flutuante na cognição, bem como períodos intervenientes de estabilidade e até mesmo
alguma melhora;
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Mente e Cérebro – Problema 06
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o Outros podem ter surgimento gradual, com progressão lenta, rápido desenvolvimento de déficits,
seguido de relativa estabilidade, ou outra apresentação complexa;
o O surgimento gradativo e progressão lenta costuma ser decorrente de alguma doença dos pequenos vasos
ou de lesões na substância branca, nos gânglios da base e/ou no tálamo → a progressão gradativa
costuma ser pontuada por eventos agudos, que deixam déficits neurológicos sutis. Os déficits cognitivos
podem ser atribuídos a uma ruptura dos circuitos córtico-subcorticais, com possível influência na atenção
complexa, em especial na velocidade do processamento de informações e na capacidade executiva.
DIAGNÓSTICO:
Baseia-se em critérios específicos que incluem história clínica, avaliação neuropsicológica e exames de
neuroimagem → nenhum dos critérios diagnósticos de DV atualmente disponíveis permite a identificação precisa
dos casos:
Imageamento cerebral (preferencialmente a RM): é essencial para estabelecer a presença de infartos
Características diagnósticas cardeais:
1) Transtorno cognitivo deve ter início dentro de 3 meses de um evento clínico de AVE; e
2) Deve haver múltiplos infartos bilaterais nos hemisférios cerebrais visíveis em estudos de imagem.
Deve haver também uma relação temporal entre o início e a piora do comprometimento cognitivo e um AVE a fim
de demonstrar que a doença cerebrovascular é etiologicamente importante
OBS.: a precisão do diagnóstico clínico na DV é geralmente mais ↓ que a de DA.
Critérios diagnósticos para o TNC VASCULAR MAIOR E MENOR
A. Atendidos os critérios para TNC maior ou leve.
B. A clínica é consistente com causa vascular:
1. Déficits cognitivos relacionados com 1/+ eventos cerebrovasculares.
2. Declínio é maior na atenção complexa (velocidade de processamento) e função executiva frontal.
C. Evidência de doença cerebrovascular na história, do exame físico e/ou neuroimagem correspondente ao déficit.
D. Os sintomas não são mais bem explicados por outra doença cerebral ou transtorno sistêmico.
Provável TNC vascular – é diagnosticado quando um dos seguintes critérios está presente; caso contrário, deve ser diagnosticado possível
transtorno neurocognitivo vascular:
1. Os critérios clínicos têm apoio em neuroimagem de lesão parenquimal significativa, devido à causa vascular.
2. A síndrome neurocognitiva é temporalmente relacionada com 1/+ eventos cerebrovascular.
3. Evidências clínicas e genéticas de doença cerebrovascular estão presentes.
Possível TNC vascular – é diagnosticado quando os critérios clínicos são atendidos, mas não está disponível neuroimagem, e a relação
temporal da síndrome neurocognitiva com um ou mais de um evento cerebrovascular não está estabelecida.
PROGNÓSTICO:
As consequências neurocognitivas de uma lesão encefálica vascular são influenciadas por fatores de
neuroplasticidade, como educação, exercício físico e atividade mental;
A sobrevida dos pacientes com DV é pior do que a dos pacientes com DA → possuem ↑probabilidade de futuros
AVEs e eventos isquêmicos tardios.
PREVENÇÃO E TRATAMENTO:
Deve-se realizar o tratamento agressivo precoce e durante toda a vida do DM, HAS e hiperlipidemia, com redução
das chances de infartos vasculares subsequentes;
Inibidores da colinesterase podem ser benéficos, mas o objetivo principal é prevenir AVEs futuros.
DEFINIÇÃO:
Doença demenciante multifacetada na qual o processo patológico inclui a presença de corpúsculos de Lewy nas
estruturas límbicas e corticais;
Seu diagnóstico (devido à presença dos corpúsculos) é semelhante a da doença de Parkinson; ao mesmo tempo,
possui conotações mais amplas e outras características associadas que podem ser mais evidentes do que o
transtorno de movimento.
FISIOPATOLOGIA:
A DCL é uma mistura de corpúsculos de Lewy com a DA→ de maneira geral, quanto mais intensa a DCL,
↓abundante é a DA;
Caracteriza-se pela presença de corpos de Lewy, que são inclusões intraneuronais que contêm α-sucleína → a
agregação anormal dessa proteína ocorre em virtude de mutações no gene da α-sucleína (alterando sua
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Mente e Cérebro – Problema 06
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conformação e fazendo com que a mesma se dobre erradamente) ou como resultado de produção excessiva da
proteína normal por causa de duplicações ou triplicações gênicas. Seu acúmulo resulta na morte desses neurônios;
São encontrados nos núcleos da base, pars compacta da substância negra, locus coeruleus e outras estruturas do
tronco cerebral (amígdala, giro cingulado e neocórtex):
o Localizações mais iniciais: no tronco cerebral, onde afetam núcleos envolvidos no sono e no acordar, a
substância negra, o locus coeruleus, e os núcleos dos nervos cranianos IX e X → transtornos do sono REM
podem preceder o quadro.
o Localizações mais tardias: tipicamente, os núcleos basais, córtex transentorrinal, giro cingulado e
neocórtex são comprometidos mais tarde → afeta a memória mais tardiamente.
QUADRO CLÍNICO:
- Apresenta 4 anormalidades principais:
1) Distúrbio cognitivo: pode diferir da DA, embora haja considerável sobreposição:
o Déficits visuoespaciais, comprometimento da concentração e da atenção e de funções executivas dominam
o quadro → costumam flutuar em questão de minutos a horas;
o A amnésia anterógrada está usualmente presente, porém, mais leve do que na DA (maior relevância para o
diagnóstico diferencial);
2) Distúrbio neuropsiquiátrico: inclui proeminente apatia, perda da iniciativa e depressão → podem ser mais
incapacitantes do que os sintomas cognitivos;
3) Distúrbio motor: inclui sintomas parkinsonianos:
o Bradicinesia, perturbação da marcha, perturbações posturais e rigidez → pacientes com DCL costumam
apresentar episódios frequentes de quedas ou síncopes.
o “Tremor em repouso” é menos comum nesse tipo de demência.
4) Distúrbio de sono-vigília: engloba alucinações visuais, flutuações do alerta e transtornos do sono REM:
o Alucinações visuais: são usualmente muito gráficas, detalhadas e bizarras;
o Flutuações do alerta: o fenômeno do sono parece se intrometer na vigília;
o Transtorno do sono REM: é uma parassonia na qual os pacientes exibem comportamento de encenação do
sonho, muitas vezes com insinuações violentas e ameaçadoras → pacientes relatam que sentem como se
estivessem sendo cçados por algo ou alguém; enquanto adormecidos, podem falar, chamar ou gritar
excessivamente, e debater-se, muitas vezes a ponto de lançar fora da cama um parceiro ou cair da cama
OBS.: Transtornos do sono REM podem preceder o desenvolvimento da doença de Parkinson e a DCL por anos.
DIAGNÓSTICO:
É baseado na informação clínica → corrobora a presença de anormalidade cognitiva, função motora,
comportamento neuropsicológico e regulação do sono e vigília;
Testagem neuropsicológica formal é muitas vezes útil para avaliação da memória, função executiva e função
visuoespacial de uma maneira detalhada;
A neuroimagem tem apenas um papel limitado no diagnóstico da doença com corpúsculos de Lewy.
Critérios diagnósticos para o TNC MAIOR OU LEVE COM CORPOS DE LEWY
A. São atendidos os critérios para transtorno neurocognitivo maior ou leve.
B. O transtorno tem surgimento insidioso e progressão gradual.
C. O transtorno atende a uma combinação de características diagnósticas centrais e sugestivas para provável ou possível transtorno
neurocognitivo com corpos de Lewy.
Provável transtorno neurocognitivo maior ou leve com corpos de Lewy – o indivíduo tem 2 características centrais ou 1 sugestiva
com 1 ou mais aspectos principais.
Possível transtorno neurocognitivo maior ou leve com corpos de Lewy – o indivíduo tem apenas 1 característica central ou 1 ou mais
aspectos sugestivos.
1. Características diagnósticas centrais:
a. Cognição oscilante, com variações acentuadas na atenção e no estado de alerta.
b. Alucinações visuais recorrentes, bem formadas e detalhadas.
c. Características espontâneas de parkinsonismo, com aparecimento subsequente ao desenvolvimento do declínio cognitivo.
2. Características diagnósticas sugestivas:
a. Atende a critérios de transtorno comportamental do sono do movimento rápido dos olhos (ou sono REM).
b. Sensibilidade neuroléptica grave.
D. A perturbação não é mais bem explicada por doença vascular cerebral, outra doença neurodegenerativa, efeitos de uma substância
ou outro transtorno mental, neurológico ou sistêmico.
PROGNÓSTICO:
Possui evolução mais rapidamente progressiva e sobrevida mais pobre;
Como resultado da combinação de manifestações, os pacientes com DCL podem ficar incapacitados mais cedo na
sua evolução.
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Mente e Cérebro – Problema 06
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TRATAMENTO:
- O tratamento dos pacientes com DCL um desafio por causa do aparecimento simultâneo de um transtorno cognitivo, um
transtorno neuropsiquiátrico, um transtorno motor e um transtorno do sono:
Tratamento do distúrbio motor: feito com drogas antiparkinsonianas, como levodopa e anticolinérgicos → deve ser
instituído se houver problemas proeminentes da marcha ou do equilíbrio que ameacem a segurança e interfiram na
independência, pois estas medicações podem piorar as alucinações e exacerbar estados confusionais;
Tratamento das alucinações e agitação: pode ser feito com antipsicóticos, normalmente os atípicos;
Tratamento do transtorno do sono: não há experiências clínicas controladas para informar o tratamento →
especialistas em doença do sono tipicamente utilizam melatonina ou clonazepam;
Tratamento dos sintomas depressivos: feito com antidepressivos, como a sertralina, o citalopram, que não
interferem no tratamento de outros sintomas.
FISIOPATOLOGIA:
A síndrome clínica é determinada pela localização lobar da patologia: OBS.: Contrariamente à DA, a
o Variante comportamental da demência frontotemporal: apresenta perda inervação colinérgica cortical na
neuronal cortical mais intensa nos lobos frontais e nas porções DFT é relativamente
anteriores dos lobos temporais direitos; preservada. Entretanto, há
o Afasia não fluente progressiva: há envolvimento predominante da região reduções significativas nas
inervações serotoninérgicas.
frontoinsular posterior à esquerda;
o Demência semântica: há acometimento de regiões temporais anteriores, principalmente à esquerda.
A classificação neuropatológica das doenças que compõem o grupo da DLF baseia-se nas proteínas encontradas nos
corpos de inclusões:
o Proteína tau: mutações no gene da proteína tau são associadas a síndromes de degeneração lobar
frontotemporal autossômica dominante, havendo mais de 50 fenótipos neuropatológicos diferentes de
acordo com a mutação. Essas mutações acarretam acúmulo de tau hiperfosforilada a qual tem a sua
ligação aos microtúbulos afetada, resultando em ligação reduzida entre ambos, a qual é deletéria para a
função dos microtúbulos → perda da integridade neuronal. Entre as variedades tau positiva estão a doença
de Pick, na qual são vistas inclusões tau positivas intracelulares conhecidas como corpos de Pick;
o Proteína TDP-43: trata-se de uma proteína nuclear cuja função é regular a transcrição e o splicing
alternativo. Mutações no gene codificador dessa proteína, TARDBP (cromossomo 1 p36.22), estão
associadas principalmente em casos de esclerose lateral amiotrófica e são pouco frequentes na DFT;
o Proteína infundida em sarcoma (FUS): degenerações frontomediais que são positivas para FUS são menos
comuns → todos os casos positivos de FUS têm apresentado a variante comportamental da demência
frontotemporal.
QUADRO CLÍNICO:
- VARIANTE COMPORTAMENTAL DA DEMÊNCIA FRONTOTEMPORAL:
Os sintomas são principalmente de natureza comportamental, incluindo desinibição, apatia, perda de empatia
(capacidade de se colocar no lugar de outra pessoa), comportamentos perseverativos/compulsivos, rituais,
estereotipias e hiperoralidade, além de disfunção executiva;
Desinibição e o comportamento antissocial: são resultantes de comprometimento orbitofrontal e ocorrem, em
muitos casos, como sintomas iniciais. Pacientes com evidências de comprometimento do hemisfério direito tendem
a apresentar maior gravidade de sintomas comportamentais;
Comportamentos estereotipados e ritualizados e mudança de hábitos alimentares: são muito comuns → p. ex.:
insistência em comer o mesmo alimento na mesma hora diariamente, bater palmas, estereotipias motoras e verbais,
fanatismo religioso; preferência por alimentos doces;
Apatia: também é frequente e relaciona-se com a gravidade do acometimento do córtex pré-frontal medial → a
apatia e a falta de empatia são características que incomodam muito os familiares e cuidadores dos pacientes;
Perda da capacidade de planejamento, organização e outros aspectos das funções executivas: pioram à medida que
a doença avança e refletem a disseminação do processo neuropatológico para o córtex frontal dorsolateral;
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Perda da “teoria da mente”: caracterizada pela integração entre a cognição e o comportamento social; trata-se da
capacidade de os seres humanos inferirem o pensamento das outras pessoas e que permite responder ou reagir de
maneira adequada às diferentes situações de relacionamento interpessoal → essa função é comprometida de
forma marcante.
- AFASIA NÃO FLUENTE PROGRESSIVA:
Caracterizada pela perda progressiva da fluência, afetando inicialmente a fala e posteriormente as habilidades de
aprendizado;
Os sintomas iniciais predominantes são o agramatismo (não utilização de palavras de ligação, como preposições,
artigos e pronomes, além de falta da conjugação de verbos) e o esforço na produção oral, com redução da fluência
verbal e dificuldades de planejamento motor da fala (apraxia de fala);
A compreensão oral encontra-se relativamente preservada nas fases iniciais da doença, especialmente em relação
à compreensão de palavras isoladas, embora possa haver dificuldades de compreensão de frases complexas;
Com o avançar da doença, o discurso torna-se cada vez mais empobrecido e, em estágios finais, ocorre mutismo;
Em contrapartida, a memória para fatos recentes é boa, e, geralmente, os pacientes conseguem manter
independência por longo período, além de bom desempenho em atividades não verbais.
- DEMÊNCIA SEMÂNTICA:
É uma síndrome mais uniforme, caracterizada pela perda progressiva da memória semântica, geralmente afetando
o conhecimento das palavras → apresentam fala fluente, mas vazia de significado, com perda de vocabulário de
disgrafia;
Os sintomas linguísticos característicos são anomia e dificuldades de compreensão de palavras isoladas;
Ao contrário do que ocorre na DA, esses pacientes têm boa memória episódica, além de relativa preservação da
capacidade para resolver problemas não verbais e também de habilidades visuoespaciais e perceptivas;
Nas fases iniciais, essas alterações são sutis e podem passar despercebidas, pois a gramática e a sintaxe estão
normais; mas aos poucos, em geral, vão se tornando semelhantes àquelas descritas na variante comportamental.
DIAGNÓSTICO:
A degeneração frontotemporal deve ser primeiro suspeitada em bases clínicas, com base no aparecimento de uma
das síndromes clínicas típicas como demência frontotemporal. Testes neuropsicológicos também podem ajudar;
- VARIANTE COMPORTAMENTAL:
Avaliação clínica:
o A avaliação neuropsicológica e comportamental revela sinais de disfunção executiva e mau desempenho
em testes de julgamento crítico e social, bem como em testes de “teoria da mente”. No entanto, alguns
pacientes em estágio inicial da doença podem apresentar desempenho normal em testes de avaliação
cognitiva global ou mesmo em testes de avaliação neuropsicológica comumente empregados na avaliação
de casos com suspeita de demência, em especial DA → instrumentos diagnósticos específicos têm se
revelado úteis na prática clínica, para o diagnóstico diferencial com outras formas de demência ou mesmo
doenças psiquiátricas, destacando-se a bateria de avaliação frontal (FAB), o inventário de comportamentos
frontais e a bateria de avaliação da cognição social e emocional;
o Há evidências de que uma parcela significativa de pacientes apresenta déficit de memória episódica.
Adicionalmente, com o avançar da doença, a memória tende a piorar;
o O desempenho relativamente intacto em testes de nomeação, significado de palavras e de habilidades
visuoespaciais é característico.
Exames de neuroimagem: o achado característico é o de atrofia frontal e/ou temporal anterior mais acentuada em
relação ao restante.
- AFASIA NÃO FLUENTE PROGRESSIVA:
Avaliação clínica:
o As duas características clínicas principais e necessárias para o diagnóstico são o comprometimento em
tarefas de nomeação e o prejuízo na compreensão oral de palavras isoladas;
o Os pacientes apresentam mau desempenho em provas de memória semântica, como o teste de fluência
verbal por categoria semântica (p. ex.:animais ou frutas), nomeação de figuras e geração de definições para
palavras e figuras. Cometem erros de categorização semântica; tais dificuldades semânticas são
particularmente evidentes para objetos ou itens de baixa frequência ou familiaridade;
o Em contrapartida, outros aspectos da linguagem oral, como fonologia e sintaxe, bem como a repetição,
estão preservados;
o Na leitura e na escrita os pacientes podem apresentar erros de regularização na leitura de palavras
irregulares (caracterizando quadros de dislexia e disgrafia de superfície), pois é necessário apoio
semântico para que palavras irregulares sejam lidas e escritas de forma correta.
Exames de neuroimagem:
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o
Exames de neuroimagem estrutural (TC ou RM): revelam atrofia de predomínio em regiões temporais
anteriores, muitas vezes assimétrica:
o Exames de neuroimagem funcional (SPECT ou PETFDG): mostram hipoperfusão ou hipometabolismo
nessas mesmas regiões.
- DEMÊNCIA SEMÂNTICA:
Avaliação clínica:
o O diagnóstico exige a presença de pelo menos 1 dentre 2 características clínicas centrais: agramatismo na
produção oral e apraxia de fala. Adicionalmente, os pacientes podem apresentar prejuízo na compreensão
oral de frases sintaticamente complexas, com preservação da compreensão de palavras isoladas e do
conhecimento semântico de objetos;
o O perfil neuropsicológico consiste em bom desempenho nas provas de memória semântica (exceto
naquelas que requerem fluência verbal), percepção e habilidades visuoespaciais.
Exames de neuroimagem:
o Exames de neuroimagem estrutural: mostram sinais de atrofia de regiões perisylvianas esquerdas
(particularmente córtex frontal inferior e ínsula), embora essas alterações possam ser mínimas ou mesmo
ausentes nos estágios iniciais;
o Exames de neuroimagem funcional: a SPECT (ou a PETFDG) já pode revelar hipoperfusão (ou
hipometabolismo, no caso da PETFDG) dessas mesmas áreas cerebrais.
TRATAMENTO:
Intervenções farmacológicas:
o Até o momento, não há tratamento que retarde a progressão das formas clínicas de DFT. Entretanto,
intervenções farmacológicas e não farmacológicas podem auxiliar no manejo do quadro comportamental
na variante comportamental e dos sintomas linguísticos nos casos de afasia primária;
o Estudos revelam que ISRS (particularmente paroxetina) e trazodona (especialmente em doses elevadas, de
200 a 300 mg/dia) possam trazer benefícios, principalmente para irritabilidade, impulsividade e
compulsões. No entanto, não há nenhuma medicação com indicação terapêutica aprovada pelas agências
reguladoras para tratamento da variante comportamental;
Intervenções não-farmacológicas:
o Na variante comportamental: intervenções não farmacológicas foram objeto de poucos estudos até o
momento, mas a orientação de familiares e cuidadores de pacientes, com o uso de técnicas de manejo
comportamental, juntamente com a abordagem do estresse dos cuidadores, são estratégias válidas;
o Na afasia primária: não há nenhum fármaco que tenha demonstrado eficácia em estudos clínicos. Além de
orientações dirigidas a familiares e cuidadores ao longo do curso dessas condições, há algumas indicações
de que técnicas específicas de reabilitação de linguagem possam ser eficazes nesses pacientes.
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DEMÊNCIA MISTA
- O termo é mais comumente aplicado à coexistência de DA e
DV;
- Outras doenças concomitantes também podem ocorrer em
demência:
A Doença de Parkinson está presente em 20% dos
pacientes com DA;
~50% dos casos de demência com corpos de Lewy
estão associados à DA.
DOENÇA DE HUNTINGTON
Critérios diagnósticos para o TNC MAIOR OU LEVE DEVIDO À DOENÇA DE HUNTINGTON
A. São atendidos os critérios para transtorno neurocognitivo maior ou leve.
B. Há surgimento insidioso e progressão gradual.
C. Há a doença de Huntington clinicamente estabelecida ou o risco dessa doença com base na história familiar ou em teste genético.
D. O transtorno neurocognitivo não pode ser atribuído a outra condição médica e não é mais bem explicado por outro transtorno
mental.
- CARACTERÍSTICAS DIAGNÓSTICAS:
Prejuízo cognitivo progressivo é uma característica central da doença de Huntington, com mudanças precoces na
função executiva (velocidade de processamento, organização e planejamento) em vez de na memória e
aprendizagem;
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Essas mudanças cognitivas e comportamentais associadas costumam anteceder o aparecimento das anormalidades
motoras típicas de bradicinesia e coreia (movimentos involuntários desorganizados);
Um diagnóstico definitivo de doença de Huntington é feito na presença de anormalidades motoras extrapiramidais
inequívocas em um indivíduo com história familiar de doença de Huntington ou testagem molecular que demonstre
expansão de repetição do trinucleotídeo CAG, no gene HTT, localizado no cromossoma 4.
- QUADRO CLÍNICO:
A demência observada nessa doença é a do tipo subcortical, caracterizado por mais anormalidades motoras e
menos anormalidades na linguagem do que no tipo cortical de demência;
A demência da doença de Huntington exibe lentidão psicomotora e dificuldade em executar tarefas complexas,
mas memória, linguagem e insight permanecem relativamente intactos nos estágios iniciais e intermediários da
doença. Contudo, com o avançar da enfermidade, a demência torna-se completa;
Características que a distinguem da demência do tipo Alzheimer: ↑incidência de depressão e psicose junto ao
clássico transtorno do movimento coreoatetoide.
- DESENVOLVIMENTO E CURSO:
A idade no aparecimento tem correlação inversa com o comprimento de expansão CAG → doença de Huntington
juvenil (início antes dos 20 anos) pode se apresentar mais comumente com bradicinesia, distonia e rigidez do que
com movimentos coreicos, característicos do transtorno de surgimento na vida adulta;
A expressão fenotípica da doença de Huntington varia devido à presença de sintomas motores, cognitivos e
psiquiátricos. Outras perturbações comportamentais podem incluir apatia pronunciada, desinibição, impulsividade e
percepção prejudicada, com a apatia comumente progredindo com o tempo;
A doença é gradativamente progressiva:
o Sintomas precoces de movimento podem envolver o aparecimento de inquietação das extremidades, além
de apraxia leve, especialmente com tarefas de motricidade fina;
o Com a progressão do transtorno, outros problemas motores incluem marcha prejudicada (ataxia) e
instabilidade postural. O prejuízo motor acaba por afetar a produção da fala (disartria), a tal ponto que ela
fica de difícil compreensão.
- MARCADORES DIAGNÓSTICOS:
A testagem genética é o exame laboratorial primário;
Não é feito um diagnóstico da doença de Huntington na presença apenas da expansão do gene; o diagnóstico é feito
somente após a manifestação dos sintomas;
As características associadas podem, ainda, incluir mudanças em neuroimagens; perda volumétrica nos gânglios
basais, especialmente no núcleo caudal e no putâmen, é de ocorrência bastante conhecida, com progressão durante
o curso da doença.
- CONSEQUÊNCIAS FUNCIONAIS:
Na fase prodrômica da doença, e logo após o diagnóstico, o declínio profissional é mais comum, com a maior parte
dos indivíduos relatando certa perda da capacidade de envolvimento no trabalho;
Os aspectos emocional, comportamental e cognitivo da doença de Huntington, como desinibição e mudanças de
personalidade, estão altamente associados ao declínio funcional;
Déficits cognitivos, que contribuem eminentemente para declínio funcional, podem incluir velocidade de
processamento, iniciação e atenção em vez de prejuízo da memória. Movimentos coreicos graves podem interferir
sobremaneira no autocuidado, como tomar banho, vestir-se e ir ao banheiro.
3.2 PELAGRA
A pelagra, caracterizada por deficiência de niacina (ácido nicotínico ou vitamina B3), apresenta-se com três sinais
clínicos típicos: dermatite, demência e diarreia;
Pode produzir demência, psicose estados confusionais, sinais cerebelares e extrapiramidais, polineuropatia e
neuropatia óptica;
Em geral é causada pelo alcoolismo ou desnutrição.
3.3 HIPOTIREOIDISMO
As disfunções tireoidianas são as mais importantes causas endócrinas de declínio cognitivo;
Acredita-se que ↓* + hormônio tireoidiano no SNC podem diretamente aumentar a expressão do precursor da
proteína amiloide;
Apresenta manifestações neurológicas similares à demência subcortical → bradipsiquismo, desorientação,
bradicinesia, desatenção, dificuldade de abstração e expressão verbal, lentidão no processamento de informações
visuais e na solução de problemas complexos, apatia, depressão, perda de memória e hiporreflexia;
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As manifestações psiquiátricas são proeminentes e incluem depressão, paranoia, alucinações auditivas e visuais,
mania e comportamento suicida;
Hipotireoidismo: pacientes podem apresentar sintomas como lentidão do pensamento, depressão, apatia,
alterações súbitas do estado mental, ideias delirantes e alucinações podem estar presentes → o tratamento
adequado destas condições pode reverter o quadro demencial, ou pode reduzir os sintomas cognitivos, quando se
caracteriza por uma comorbidade, em um paciente com síndrome demencial por outra causa (p. ex.,
neurodegenerativa);
Hipertireoidismo: pode manifestar-se com intolerância ao calor, diminuição de peso, diarreia, taquicardia, insônia,
ansiedade, excitação psicomotora, desatenção, alterações de personalidade e hiperreflexia. Com o avançar da
idade, paradoxalmente, pode causar letargia e demência (hipertireoidismo apático). O hipertireoidismo subclínico
também foi relacionado ao risco aumentado de DA em idosos;
3.5 NEUROSSÍFILIS
Considerada uma causa rara de demência → a sífilis terciária ainda ocorre em nosso meio, atualmente em especial
pelo número crescente de idosos infectados pelo vírus da imunodeficiência humana – HIV;
A manifestação neurológica pode ser muito variável, com demência relacionada com dificuldades de memória e
concentração, e com alterações importantes do comportamento e personalidade: apatia, negligência,
irritabilidade, alterações do julgamento, e até fenômenos psicóticos graves;
Outros sinais neurológicos são os tremores, alterações da marcha, disartria, hiperreflexia e pupilas de Argyll-
Robertson (irregulares, reativas à acomodação, mas não à luz).
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O paciente pode apresentar franco medo em falhar e de ter a possibilidade de receber diagnóstico desfavorável,
gerando ansiedade, perda de atenção, pior desempenho de memória recente e comprometendo o desempenho
final;
Alguns idosos não desenham ou mesmo escrevem a muitos anos, o que pode gerar perda de rendimento em testes
de linguagem escrita ou visuoconstrutivas.
AVALIAÇÃO DO HUMOR
- Essencial para a avaliação de quadros e sintomas depressivos nos pacientes;
- A Escala de Depressão Geriátrica (GSD) é o instrumento de investigação de sintomas depressivos mais utilizado em
idosos;
- No Brasil, tanto o GSD-30 como a versão reduzida (GSD-15) são validadas para o português.
AVALIAÇÃO COGNITIVA
- Inicialmente, deve-se sempre lembrar de fazer perguntas chaves ao paciente:
Há presença de esquecimento?;
Qual a duração da sintomatologia? →quadros demenciais são considerados apenas a partir de 6 meses;
Escolaridade (anos de escola);
Houve alteração do funcionamento anterior?;
Vem piorando progressivamente?
Mini-mental state examination (MEEM): tem como objetivo avaliar os sintomas de demência. PONTUAÇÃO
- Ano (1 ponto);
- Mês (1 ponto);
Orientação temporal
1 - Dia do mês (1 ponto);
(5 pts)
- Dia da semana (1 ponto);
- Semestre ou hora aproximada (1 ponto).
- Estado (1 ponto);
- Cidade (1 ponto);
Orientação especial - Bairro ou nome da rua próxima (1 ponto);
2
(5 pts)
- Instituição (residência, hospital, clínica) (1 ponto);
- Local específico (aposento ou setor) (1 ponto);
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- Repetir: CANECA, TIJOLO E TAPETE:
Memória de registro/imediata 1 pt para cada palavra repetida na 1ª tentativa;
3
(3 pts) Repita até as 3 palavras serem repetidas (máx. de 5 tentativas);
P.ex.: GELO, LEÃO E PLANTA; VASO, CARRO E TIJOLO.
- (100-7), 5 vezes sucessivamente:
Atenção e Cálculo 100-7= 93-7= 86-7= 97-7= 72-7=
4
(5 pts) - Se zerar o teste anterior, soletrar inversamente a palavra MUNDO → ODNUM
TOTAL
- Interpretação do MEEM:
Analfabetos: < 20 pts;
Escolaridade de 1-4 anos: 25 pts;
Escolaridade de 5-8 anos: 26 pts;
Escolaridade de 9-11 anos: 28 pts;
Escolaridade > 11 anos: 29 pts.
* O que significa cada item:
ORIENTAÇÃO (1-2): avalia a memória recente, a atenção e a orientação têmporo-espacial;
MEMÓRIA (3): avalia a atenção e a memória imediata (de curto prazo ou primária), que tem duração de,
aproximadamente, 30 segundos e capacidade limitada a 10 itens;
ATENÇÃO E CÁLCULO (4): avalia a capacidade de cálculo, a atenção e a memória imediata e operacional (pré-
requisito necessário para realização de cálculos matemáticos);
RETENÇÃO DE DADOS (EVOCAÇÃO – 5): avalia a memória recente (secundária), que dura de minutos a semanas ou
meses;
ESCRITA (9): avalia a capacidade de escrever do paciente → disgrafias / agrafias;
LINGUAGEM: avalia a fala espontânea, a compreensão oral, a repetição, a nomeação, a leitura e a escrita;
NOMEAÇÃO (6): avalia as capacidades de nomeação, compreensão e entendimento do paciente → afasia
nominativa ou, na verdade, agnosia visual;
REPETIÇÃO (7): avalia a discriminação auditiva, a memória imediata e a atenção;
COMANDO VERBAL (8): avalia principalmente a compreensão oral do paciente, devendo-se sempre excluir
hipoacusia. Também se testam a memória imediata a praxia, a coordenação e a motricidade;
LEITURA, ORDEM ESCRITA (10): avalia a capacidade de leitura do paciente, compreensão, memória;
CÓPIA DO DESENHO: (11) avalia a orientação visuoespacial, programação motora e a praxia construtiva.
- Avalia a memória recente (lembrança da orientação), a memória semântica (conceito e figura do relógio), a linguagem
(compreensão do comando), a praxia e a função visuoespacial (manter a proporcionalidade do relógio e seus itens):
O paciente deve desenhar um relógico redondo, colocar os números em seu interior e indicar os ponteiros em onze
e dez → esse horário trabalha os ponteiros em ambos os hemisférios;
Não possui consenso sobre sua melhor interpretação, ou mesmo aplicação → recomenda-se o uso de uma escala
para pontuação do teste, como a escala de Shulman;
É um teste afetado pela escolaridade.
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FLUÊNCIA VERBAL:
- Avalia a função executiva, abrangendo a capacidade de busca, recuperação e organização de dados armazenados na
memória remota e as habilidades de autorregulação e memória operacional:
Consiste no paciente falar livremente durante 60s o maior nº de itens de uma categoria, que pode abranger:
o Grupo semântico: animais ou frutas;
o Grupo fonético: p.ex. palavras iniciadas por F.
Notas de corte:
o Analfabetos: 9;
o 1-7 anos: 12;
o ≥ 8 anos: 13.
Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVD) – Escala de Lawton Sem ajuda (1) Com ajuda parcial (2) Incapaz (3)
1 O(a) Sr(a) consegue usar o telefone?
O(a) Sr(a) consegue ir a locais distantes, usando algum transporte, sem
2
necessidade de planejamentos especiais?
3 O(a) Sr(a) consegue fazer compras?
4 O(a) Sr(a) consegue preparar suas próprias refeições?
5 O(a) Sr(a) consegue arrumar a casa?
O(a) Sr(a) consegue fazer trabalhos manuais domésticos, como pequenos
6
reparos?
7 7 O(a) Sr(a) consegue lavar e passar sua roupa?
8 8 O(a) Sr(a) consegue tomar seus remédios na dose e horários corretos?
9 O(a) Sr(a) consegue cuidar de suas finanças?
Avaliações dos resultados:
- Para cada questão a 1ª resposta significa independência, a 2ª dependência parcial ou capacidade com ajuda e a 3ª, dependência;
- A pontuação máxima é 27 pts, e serve para o acompanhamento da pessoa idosa, tendo como base a comparação evolutiva;
- As questões 4 a 7 podem ter variações conforme o sexo e podem ser adaptadas para atividades como subir escadas ou cuidar do jardim.
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Mente e Cérebro – Problema 06
Ana Carolina Conde Rodrigues
Dependente incompleto: apresenta comprometimento de uma das funções vegetativas simples (transferência
e/ou continência), além de, por decorrência lógica, ser dependente para banhar-se, vestir-se e usar o banheiro. A
presença isolada de incontinência urinária não deve ser considerada, pois é uma função e não uma atividade;
Dependente completo: apresenta comprometimento de todas as funções influenciadas pela cultura e aprendizado
e, também, das funções vegetativas simples, incluindo a capacidade de alimentar-se sozinho. Representa o grau
máximo de dependência funcional.
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