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EGOCLINIC - Clínica em Neurociências - Artigos 3/10/12 12:58 AM

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Estarei a perder a memória? O que é o Deficit Cognitivo


Ligeiro?
2011-03-04
Dr. António Gomes

Introdução

As queixas de dificuldade na memória são muito frequentes na prática clínica. Muitas


vezes ocorrem em conjunto com outras dificuldades cognitivas como dificuldade na
capacidade de concentração e na aprendizagem.
As dificuldades de memória podem ocorrer em todas as idades mas são mais frequentes
nas pessoas mais velhas.
Em muitos casos não há qualquer doença subjacente e muitas vezes são temporárias e
remitem espontaneamente.
Contudo, muitas vezes estão associadas à presença de um doença. As doenças em que
há perturbação da memória são várias.
A perda de memória ocorre com frequência e faz parte dos critérios de diagnóstico de
doenças como a Depressão e a Perturbação de Ansiedade Generalizada. Nestas
doenças as queixas de memória, em regra, são reversíveis e são consideradas
secundárias ao quadro clínico. Contudo, muitas vezes após o tratamento estas queixas
perduram para além da remissão dos sintomas da doença de base. No contexto laboral
estas dificuldades cognitivas podem ser bastante incapacitantes e causam sofrimento
significativo.
Existe uma entidade clínica que ocorre geralmente em idosos designada de
Pseudodemência Depressiva. Estes são casos de Depressão grave em que existe uma
perda extremamente acentuada das capacidades cognitivas. Clinicamente o doente
apresenta um estado cognitivo semelhante a uma Demência. Com o tratamento da
Depressão a memória melhora.

Existem outras doenças como sejam as Demências em que o cerne da doença é a perda
progressiva de funções cognitivas, principalmente da memória. Estas doenças
tipicamente ocorrem associadas à idade.
A doença mais estudada deste grupo é a Doença de Alzheimer. A incidência destas
doenças tem aumentado dado o aumento da esperança média de vida e do
envelhecimento da população. As Demências são doenças marcadamente incapacitantes
cujo prognóstico é ainda pouco favorável.
A Doença de Alzheimer em regra ocorre depois de 65 anos de idade e tem um inicio
insidioso, isto é, lento. Nas fases iniciais a doença ainda não está claramente evidente
pois as perdas cognitivas são ligeiras e nestas fases o diagnóstico é difícil e pouco
preciso. Muitas vezes o paciente não reconhece estes deficits e nega a sua presença, o
que vem a trasar ainda mais o diagnóstico.
O tratamento actualmente disponível atrasa substancialmente a evolução das Demências
e permite a autonomia do paciente durante mais tempo, mas quanto mais tarde for
introduzido menor a probabilidade de sucesso. É assim fundamental detectar
precocemente dos sintomas desta doença no sentido de intervir logo no seu inicio.

Actualmente está identificada uma perturbação cognitiva, que afecta principalmente a


memória e que ocorre depois dos 55 anos. Esta perturbação designa-se por Deficit
Cognitivo Ligeiro e pode corresponder ao pródromo (ou seja ao início) de uma Demência.
O envelhecimento cerebral está associado a declínio em várias áreas da cognição.
Contudo, o Deficit Cognitivo Ligeiro corresponde a uma perda maior que o esperado para
a idade.

Cognição

Na cognição estão envolvidos todos os processos mentais inerentes ao pensamento.


Estes processos incluem:

Memória
Linguagem
Orientação (no espaço e no tempo)
Juízo crítico
Relacionamento interpessoal
Comportamentos (praxias)
Funções Executivas (resolução de problemas)

Défice Cognitivo Ligeiro (DCL)

Esta entidade clínica é relativamente frequente mas o diagnóstico não é fácil. Com o
envelhecimento da população este quadro clínico está a tornar-se cada vez mais
frequente. Sabe-se ainda que o reconhecimento e intervenção precoce pode atrasar a
sua progressão.
O termo Défice Cognitivo Ligeiro foi utilizado pela primeira vez em 1988 por Reisberg e
cols. Posteriormente em 1995 Petersen et al reconheceram o DCL como uma entidade
clínica independente.
Este quadro clínico é caracterizado pela perda recente e pouco intensa de funções
cognitivas, principalmente da memória. Pode corresponder ao declínio cognitivo do
envelhecimento normal ou ao início de um processo demencial. Nesta perturbação a
deterioração cognitiva não é suficientemente intensa para alterar as actividades
quotidianas mas causa preocupação e é observável pela família. Há ainda pontuação

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abaixo do normal nas avaliações psicométricas como o MMSE (Mini Mental State
Examination).
A principal queixa apresentada pelos doentes é o esquecimento que traduz, em regra,
uma perturbação na memória recente. Alguns doentes referem no início apenas
dificuldades na resolução de problemas complexos, sendo esta situação mais evidente
nos doentes que trabalham e que têm cargos com maior exigência intelectual.
A prevalência mundial de DCL estima-se em cerca de 17 a 34 % na população idosa
acima dos 65 anos. Estes pacientes representam um grupo de risco de evolução para
uma Demência pelo que devem ser acompanhados ao longo do tempo.
O diagnóstico passa por uma entrevista clinica e pela realização de testes psicométricos
simples como o MMSE (Mini Mental State Examination) e o Teste do Relógio. É ainda
necessário realizar análises ao sangue e urina no sentido de despistar doenças orgânicas
que possam explicar a perda de memória. Uma anemia, um hipotiroidismo, uma infecção
urinária, uma alteração metabólica, uma neurosífilis ou deficiências em Vitamina B12 ou
Ácido fólico, são tudo patologias que podem num idoso causar perturbação cognitiva. Em
regra exames de neuroimagem como TAC ou RMN não são necessários a não ser que
apareçam sintomas do foro neurológico ou quando há um traumatismo craniano. Estes
exames podem ainda estar indicados quando a apresentação do quadro clinico é
demasiado súbita ou atípica. Uma avaliação neuropsicológica é mais sensível na
detecção precoce de uma Demência. Este exame analisa de forma profunda as
capacidades cognitivas e quantifica os deficits tornando a decisão diagnóstica mais
precisa.

Critérios de Diagnóstico para Défice Cognitivo Ligeiro segundo Petersen (2001)

Comprometimento de memória ou outros domínios cognitivos acima do esperado


para a idade, principalmente quando confirmada por um familiar
Alteração nos testes psicométricos (MMSE, Teste do relógio)
Actividade normal na vida diária e funções cognitivas gerais normais

Défice Cognitivo Ligeiro - Formas de Apresentação

Há duas formas de apresentação do DCL: o Tipo “Amnésico” e o Tipo “não Amnésico”.


Estas formas de apresentação referem-se a a um deficit cognitivo isolado ou vários
deficits envolvendo a memória - Tipo “Amnésico”, ou não - Tipo “não Amnésico”.
O Tipo “Amnésico” do DCL evolui com maior frequência para Doença de Alzheimer e com
menor frequência para Demência Vascular ou outros tipos de Demência..
O DCL “não Amnésico” evolui com maior frequência para Demência Fronto – Temporal ou
Demência por Corpos de Lewis e com menor frequência para Demência Vascular ou
Doença de Alzheimer.

Défice Cognitivo Ligeiro e Depressão

Os sintomas depressivos como tristeza e perda de prazer nas actividades quotidianas são
frequentes nesta perturbação e agravam ainda mais os défices cognitivos. A Depressão
pode constituir um pródromo do Défice Cognitivo Ligeiro e também da Demência. A
presença de sintomas depressivos dificulta um diagnóstico que já por sí é difícil. A
Depressão, quando presente, também deve ser tratada.

Défice Cognitivo Ligeiro - outras causas:

AVC
Traumatismo Craniano
Hipóxia (falta de oxigénio)
Exposição a tóxicos como o Álcool ou drogas de abuso
Má nutrição
Alterações metabólicas ou hidro-electrolíticas (desidratação, diabetes
descompensada, insuficiência renal ou hepática)
Efeitos secundários de alguns fármacos (ex: BZD´s)
Tumor Cerebral (raro)

Défice Cognitivo Ligeiro – Evolução e Prognóstico

O Défice Cognitivo Ligeiro pode constituir a fase inicial da Doença de Alzheimer ou de


outros tipos de Demência, como já referido.
Sabe-se que 10 a 15 % dos doentes com DCL do Tipo Amnésico progridem, por ano,
para Doença de Alzheimer (ao fim de 5 anos 50 % desenvolvem Doença de Alzheimer)
ao passo que apenas 1 a 2 % dos idosos evoluem, por ano, para Doença de Alzheimer.

Défice Cognitivo Ligeiro – Tratamento

Ainda não foi determinado um tratamento para o DCL, contudo sabe-se que a
estimulação cognitiva, o exercício físico, uma alimentação correcta e a utilização de
alguns suplementos alimentares pode melhorar de forma significativa muitos parâmetros
da cognição incluindo a memória.

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