Você está na página 1de 41

Enfermagem em Oncologia

SUMÁRIO

O DIAGNÓSTICO ...................................................................................................... 8
Estadiamento do tumor: ............................................................................................. 9
Gradação do tumor: ................................................................................................. 11
Plano de cuidados de enfermagem para pacientes com câncer .............................. 13
PROCESSO DE ENFERMAGEM APLICADO AO ................................................... 28
PACIENTE ONCOLÓGICO...................................................................................... 28
APLICAÇÃO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM PARA O CUIDADO AO
PACIENTE ONCOLÓGICO............................................................................... ........ 32
Referências .............................................................................................................. 40

2
www.Estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

ENFERMAGEM EM ONCOLOGIA

O câncer é um processo patológico que se inicia quando uma célula anormal

é transformada por mutação genética do DNA celular, a mesma forma um clone e

começa a se proliferar de maneira incontrolável e adquirem características invasivas.

A hiperplasia, a metaplasia e a displasia são exemplos desse tipo de crescimento

celular (Figura 1).

Figura 1. Tipos de crescimento celular.


Fonte: ABC do câncer; INCA, 2011.

As neoplasias correspondem a essa proliferação celular anormal, que foge

parcial ou totalmente do controle do organismo. As neoplasias podem ser

classificadas como benignas e malignas (Figura 2).

Figura 2. Diferenciação entre tipo de tumores.

3
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

As células benignas e malignas diferem em algumas características do

crescimento celular, incluindo o método e a taxa de crescimento, capacidade de

metastizar, efeitos gerais, destruição do tecido e capacidade de provocar a morte.

Essas diferenças estão apresentadas no Quadro 1.

Quadro 1. Características das neoplasias benignas e malignas.

Características Benignas Malignas

Células bem diferenciadas que As células são indiferenciadas

se assemelham às células e, com frequência, comportam

Características normais do tecido a partir do pouca semelhança com as

celulares qual se originou o tumor. células normais do tecido a

partir do qual elas se

originaram.

O tumor cresce por expansão e Cresce na periferia e emite

Modalidade de não se infiltra nos tecidos processos que se infiltram e

crescimento adjacentes, em geral destroem os tecidos

encapsulados. adjacentes.

4
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

A velocidade de crescimento é É variável e depende do nível

Velocidade de comumente baixa. de diferenciação, quanto mais

crescimento anaplásico o tumor, mas rápido

éo

crescimento.

Não se dissemina por Ganha o acesso ao sangue e

metástase. aos

Metástase canais linfáticos e gera

metástase para outras regiões

do corpo.

Comumente é um fenômeno Com frequência, provoca

localizado que não provoca efeitos generalizados, como

Efeitos gerais efeitos generalizados, a menos anemia, fraqueza e perda de

que sua localização interfira em peso.

funções vitais.

Comumente não causa dano Com frequência, causa dano

Destruição tecidual tecidual, a menos que sua tecidual extenso à medida que

localização interfira com o fluxo o tumor aumenta seu

sanguíneo. suprimento sanguíneo e capta

o fluxo sanguíneo da região;

também pode produzir

substancias que geram

lesão tecidual.

5
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

Comumente não causa a Comumente causa a morte, a

Capacidade de morte, a menos que sua menos que o crescimento

provocar a morte localização interfira com as possa ser controlado.

suas funções vitais.

Reproduzido com a permissão de Porth, C. M. & Matfin, G. (2009).

Pathophysiology: Concepts of altered health states (8th ed.). Philadelphia: Lippincott

Williams & Wilkins.

As células benignas e malignas são classificadas e nomeadas de acordo com

o tecido de origem. Vejamos:

Tumores benignos - acrescentar o sufixo -oma (tumor) ao termo que

designa o tecido que os originou. Exemplos:

• Tumor benigno do tecido cartilaginoso: condroma;

• Tumor benigno do tecido gorduroso: lipoma;

• Tumor benigno do tecido glandular: adenoma;

Tumores malignos – considera-se a origem embrionária dos tecidos de que

deriva o tumor.

• Originados nos epitélios de revestimento externo e interno são

denominados carcinomas; quando o epitélio de origem é glandular, passam a ser

chamados adenocarcinomas. Exemplos: carcinoma de células escamosas,

carcinoma basocelular, carcinoma sebáceo;

• Originados nos tecidos conjuntivos (mesenquimais) têm o acréscimo de

sarcoma ao final do termo que corresponde ao tecido. Exemplo: tumor do tecido

ósseo – osteossarcoma.

Os agentes ou fatores implicados na carcinogênese não podem ser

6
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

responsabilizados pelo desenvolvimento dos tumores, porém, há casos em que isso

acontece. Esses agentes podem incluir vírus e bactérias, agentes físicos, agentes

químicos, fatores genéticos ou familiais, fatores da dieta e agentes hormonais. As

principais causas de câncer estão resumidas abaixo (Figura 3).

Figura 3. Estática sobre as principais causas do câncer.

Consiste em reduzir os riscos da doença atraves de


estratégias de promoção da saúde. No casos do câncer, por
Prevenção exemplo, orientar os pacientes a evitarem carcinógenos
Primária conhecidos, mudança nos hábitos alimentares e estilo vida
(cessação do tabagismo, redução da ingesta calórica,
aumento da atividade física).

Consiste na promoção de atividades de triagem e detecção


Prevenção precoce, como por exemplo, o autoexame das mamas e dos
secundária testículos, mamografia e exame citopatológico.

Em termos de prevenção existem a prevenção primária e a secundária.

7
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

O DIAGNÓSTICO

O diagnóstico de câncer está baseado no histórico das alterações fisiológicas

e funcionais e nos resultados da avaliação diagnóstica. Os pacientes que

apresentam suspeita de câncer deveram ser submetidos a exames extensos com os

seguintes objetivos:

 Determinar a presença e a extensão do tumor;

 Identificar a possível disseminação (metástase) da doença ou invasão de

outros tecidos orgânicos;

 Avaliar a função dos órgãos e sistemas orgânicos envolvidos e não

envolvidos;

 Obter tecido e células para análise, inclusive para a avaliação do estágio

e grau do tumor.

É necessário que a avaliação diagnóstica inclua uma revisão dos sistemas,

exame físico, exames de imagem, exames laboratoriais do sangue, urina e outros

líquidos orgânicos, e os relatos cirúrgico e patológico.

A maioria dos pacientes quando estão sob suspeita de câncer e submetidos a

exames extensos ficam temerosos em relação aos procedimentos e ansiosos sobre

os possíveis resultados. Vejamos alguns dos papeis do enfermeiro:

 Ajudar a aliviar o medo e a ansiedade do paciente explicando-lhe os

exames que serão realizados, as possíveis sensações que serão experimentadas e

o papel do paciente nos procedimentos do exame;

 Incentivar o paciente e a família a verbalizar seus temores a respeito dos

resultados do exame;

8
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

 Apoiar o paciente e a família durante todo o período do teste;

 Reforçar e esclarece as informações transmitidas pelo médico;

 Incentivar o paciente e a família a comunicar e compartilhar suas

preocupações e a discutir suas dúvidas e preocupações entre si.

A identificação do estadiamento e gradação do tumor têm por objetivo

fornecer uma avaliação diagnostica completa e identificar as opções de tratamento e

prognostico.

Primeiramente, vamos discutir sobre o estadiamento e logo em seguida sobre

gradação do tumor.

1. Estadiamento do tumor:

O estadiamento do tumor tem por objetivo determinar o tamanho do tumor, a

existência de invasão local e metástase a distancia. O sistema de classificação

utilizado no Brasil é o sistema TNM que avalia três componentes: T – a extensão do

tumor primário, N – a ausência ou presença e a extensão de metástase em

linfonodos regionais, M – a ausência ou presença de metástase a distancia (Quadro

2).

Porém, quando os cânceres não são bem descritos pelo sistema TNM outros

sistemas de estadiamento são empregados, como nos casos de câncer no sistema

nervoso central, câncer hematológico e melanoma maligno.

Quadro 2: Classificação TNM.

9
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

Os subgrupos numéricos são utilizados para descrever a extensão

progressiva da doença maligna.

Tumor primário (T) Tx – tumor primário não pode ser avaliados

T0 – sem evidencia de tumor primário

Tis – carcinoma in situ

T1 – tumor invade a submucosa

T2 – tumor invade a musculatura própria

T3 – tumor invade além da muscular própria, porem sem ultrapassar a

subcerosa ou os tecidos desperitonizados pericólicos ou perirretais

T4 – tumor invade diretamente outros órgãos ou estruturas e/ou perfura o

peritônio visceral

Linfonodos regionais (N)

Nx – não pode ser avaliado

N0 – ausência de metástase linfonodal

N1 – metástase para 1-3 linfonodos

N2 – metástase para mais de 4 linfonodos

Nota: Metástase em qualquer linfonodo que não seja regional é classificada

como metástase à distância.

Metástase à distancia (M) Mx – metástase a distancia não pode ser

avaliada

M0 – ausência de metástase a distancia

M1 – presença de metástase a distancia

10
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

Gradação do tumor:

A gradação se refere à classificação das células tumorais, ou seja, procuram

definir o tipo de tecido a partir do qual o tumor se originou e o grau em que as

células tumorais retêm as características funcionais e histológicas do tecido de

origem (diferenciação). Para estabelecer o grau do tumor são usadas amostras de

células a partir de raspagens teciduais, líquidos orgânicos, secreções ou lavabos,

biopsia ou excisão cirúrgica. O tumor recebe um valor numérico que vai de 1 a 4. Os

tumores de grau 1 (tumores bem diferenciados) se assemelham ao tecido de origem

em estrutura e função. Os que não se assemelham são descritos como

precariamente diferenciados ou indiferenciados e recebem grau 4.

Quadro 3. Graduação do tumor.

Gx – o grau de diferenciação não pode ser

avaliado

G1 – bem diferenciado

G2 – moderadamente diferenciado

G3 – pouco diferenciado

G4 - indiferenciado

O tipo de tratamento oferecido para pacientes com câncer deve basear-se nas

metas do tratamento para cada tipo de câncer especifico. As principais metas de

tratamento são:

 Erradicação completa da doença maligna (cura);


11
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

 Sobrevida prolongada e contenção das células cancerosas (controle);

 Alivio dos sintomas associados a doença (paliativo).

Existem três formas principais de tratamento do câncer: cirurgia, radioterapia

e quimioterapia. É importante entender os princípios das modalidades e como elas

se inter- relacionam, já que podem ser usadas em conjunto.

1. Cirurgia: a cirurgia pode ser diagnóstica, para tratamento, profilática,

paliativa ou reconstrutora. Vejamos brevemente cada uma delas:

 Cirurgia diagnostica: realizada para obter uma amostra tecidual para

analise das células suspeitas. Exemplo: biopsia.

 Cirurgia como tratamento primário: remover todo o tumor ou o máximo

possível e qualquer tecido adjacente envolvido, inclusive os linfonodos regionais.

 Cirurgia profilática: consiste em remover os tecidos desvitalizados ou

órgãos que estão em risco aumentado para desenvolver câncer.

 Cirurgia paliativa: realizada quando a cura não é possível e as metas do

tratamento são colocar o paciente o mais confortável possível e promover qualidade

de vida.

 Cirurgia reconstrutora: pode suceder a cirurgia curativa ou radical com o

objetivo de melhorar a função ou obter um efeito cosmético mais desejável.

2. Radioterapia: consiste no método de tratamento local ou locorregional

através de equipamentos e técnicas variadas para irradiar áreas do organismo. A

radioterapia pode ser curativa, citorredutora, profilática ou paliativa. A radioterapia

pode ser administrada de diversas maneiras, dependendo da fonte de radiação

12
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

usada, da localização do tumor e do tipo de câncer visado. As aplicações primárias

incluem a teleterapia (radiação por feixe externo), braquiterapia (radiação interna),

moldes sistêmicos (radioisótopos) e moldes de contato ou de superfície.

3. Quimioterapia: os agentes antineoplásicos são utilizados com o objetivo

de destruir as células tumorais, pois interferem nas funções celulares. A

quimioterapia pode ter por finalidade reduzir o tamanho do tumor no período pré-

operatório (neoadjuvante), para destruir qualquer célula tumoral remanescente no

período pós-operatório (adjuvante) ou para tratar algumas formas de leucemia ou

linfoma (primário). Como bem sabemos os agentes quimioterápicos afetam tanto as

malignas, quanto as normais, afetando assim muitos sistemas orgânicos.

Plano de cuidados de enfermagem para pacientes com câncer

Diagnostico de enfermagem: Risco para infecção relacionado com as

defesas inadequadas decorrentes da imunossupressão secundária à radiação ou a

agentes antineoplásicos.

Prescrição de enfermagem

1. Avaliar o paciente para evidência de infecção:

a) Verificar os sinais vitais a cada 4 h;

b) Monitorar a contagem de leucócitos e a contagem diferencial

diariamente;

c) Inspecionar todos os locais que podem servir como portas de entrada

para patógenos (locais intravenosos, feridas, pregas cutâneas, proeminências

13
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

ósseas, períneo e cavidade oral).

2. Observar relato de febre (≥ 38,3°C ou ≥ 38°C por mais de 1 h),

calafrios, sudorese, inchação, calor, dor, eritema, exsudato em qualquer superfície

corporal. Também relata alteração no estado respiratório ou mental, sensação de

queimação ou frequência ao urinar, mal-estar, mialgias, artralgias, exantema ou

diarreia.

3. Obter culturas e antibiogramas, quando indicado, antes do início do

tratamento antimicrobiano (exsudato em ferida, escarro, urina, fezes, sangue).

4. Iniciar as medidas para reduzir a infecção.

a) Discutir com o paciente e a família:

- Colocar o paciente no quarto particular quando a contagem de

leucócitos absoluta < 1.000/mm3.

- A importância de o paciente evitar o contato com pessoas portadoras

de infecção conhecida ou recente ou vacinação recente.

b) Instruir todas as pessoas sobre a higiene cuidadosa das mãos antes e

depois de entrar no quarto.

c) Evitar procedimentos retais ou vaginais (temperaturas retais, exames,

supositórios, tampões vaginais).

d) Usar emolientes fecais para evitar a constipação intestinal e esforço

para defecar.

e) Assistir o paciente na prática da higiene pessoal meticulosa.

f) Instruir o paciente a usar barbeador elétrico.

g) Incentivar o paciente a deambular no quarto, exceto quando

14
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

contraindicado.

h) Evitar frutas cruas, carnes vermelhas, peixes e vegetais crus quando a

contagem absoluta de leucócitos

< 1.000/mm3; remover flores frescas e vasos de plantas.

i) Diariamente: trocar escarradeira, líquidos de limpeza de dentaduras e

equipamento respiratório contendo água.

5. Avaliar os locais intravenosos diariamente para evidência de infecção:

a) Trocar os locais intravenosos periféricos de curta duração em dias

alternados.

b) Limpar a pele com iodopovidona antes da punção arterial ou venosa.

c) Trocar os curativos do cateter venoso central a cada 48 h.

d) Trocar todas as soluções e conjuntos de infusão a cada 72 a 96 h.

e) Seguir diretrizes para o cuidado de dispositivos de acesso venoso

periférico e central.

6. Evitar injeções intramusculares.

7. Evitar a inserção de sondas urinárias; quando as sondas são

necessárias, usar a técnica asséptica rigorosa.

8. Ensinar o paciente ou o familiar a administrar o fator estimulador de

colônia de granulócitos (ou de granulócitos-macrófagos) quando prescrito.

9. Aconselhar o paciente a evitar a exposição a excretas de animais; discutir

os procedimentos dentários com o médico; evitar duchas vaginais e a manipulação

vaginal ou retal no contato sexual durante o período da neutropenia.

15
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

Diagnostico de enfermagem: Integridade da pele prejudicada: reações

eritematosas e descamativas úmidas àradioterapia.

Prescrição de enfermagem:

1. Nas áreas eritematosas:

a) Evitar o uso de sabões, cosméticos, perfumes, talcos, loções e

pomadas, desodorantes.

b) Usar apenas água morna para banhar a região.

c) Evitar esfregar ou arranhar a área.

d) Evitar raspar a área com um barbeador de borda reta.

e) Evitar aplicar bolsas de água morna, almofadas de aquecimento, gelo e

fita adesiva na região.

f) Evitar expor a região à luz solar ou ao clima frio.

g) Evitar roupas apertadas na região. Usar roupas de algodão.

h) Aplicar pomada de vitamina A e D na região.

2. Quando acontece a descamação úmida:

a) Não romper nenhuma bolha que tenha sido formada.

b) Evitar a lavagem frequente das áreas.

c) Relatar qualquer formação de bolha.

d) Usar cremes ou pomadas prescritos.

e) Quando a área exsuda, aplicar um curativo absorvente não adesivo.

f) Quando a área não tem drenagem, usar curativos permeáveis ao vapor

e umidade como os hidrocoloides e hidrogéis em áreas não infectadas.

g) Consultar com o estomatoterapeuta e com o médico quando se forma a

escara.

16
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM: Mucosa oral alterada: estomatite.

Prescrição de enfermagem

1. Avaliar a cavidade oral diariamente.

2. Instruir o paciente para relatar a queimação oral, dor, áreas de rubor,

lesões abertas nos lábios, dor associada à deglutição ou tolerância diminuída aos

extremos de temperatura no alimento.

3. Incentivar e assistir na higiene oral.

4. Minimizar o desconforto.

a) Consultar o médico para o uso de anestésico tópico.

b) Administrar analgésicos sistêmicos, conforme a prescrição.

c) Realizar o cuidado bucal conforme descrito.

DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM: Integridade da pele prejudicada:

alopecia.

Prescrição de enfermagem

1. Discutir a potencial perda de cabelos e o recrescimento com o

paciente e a família; aconselhar que a queda dos cabelos pode acontecer em

partes do corpo diferentes da cabeça.

2. Explorar o impacto pessoal da queda dos cabelos sobre a

autoimagem, relacionamentos interpessoais e sexualidade.

3. Evitar ou minimizar a queda dos cabelos do seguinte modo:

a) Usar a hipotermia de couro cabeludo e os torniquetes de couro

17
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

cabeludo, quando apropriado.

b) Cortar os cabelos longos antes do tratamento.

c) Usar xampu e condicionador suaves, secar com pequenos

movimentos suaves e evitar o uso excessivo de xampu.

d) Evitar pranchas e ferros de enrolar, secadores, grampos, sprays de

cabelo, tintas de cabelo e substâncias químicas para permanentes.

e) Evitar pentear ou escovar excessivamente o cabelo; usar pentes com

dentes espaçosos.

4. Evitar o trauma do couro cabeludo.

a) Lubrificar o couro cabeludo com pomada de vitamina A e D para

diminuir o prurido.

b) Fazer com que o paciente use filtro solar ou boné quando no sol.

5. Sugerir as maneiras para ajudar no enfrentamento da queda dos

cabelos:

a) Comprar peruca ou aplique de cabelo antes da queda dos cabelos.

b) Quando ocorreu a queda dos cabelos, leve uma fotografia à loja de

perucas para ajudar na escolha.

c) Começar a usar a peruca antes da queda dos cabelos.

d) Usar boné, cachecol ou turbante.

6. Incentivar o paciente a usar suas próprias roupas e a manter os

contatos sociais.

7. Explicar que o crescimento dos cabelos comumente começa

novamente quando termina a terapia.

DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM: Nutrição alterada, menor que os

18
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

requisitos corporais, relacionada com as náuseas e vômitos.

Prescrição de enfermagem

1. Avaliar as experiências e expectativas prévias do paciente a respeito

das náuseas e vômitos, inclusive as causas e intervenções utilizadas.

2. Ajustar a dieta antes e depois da administração do medicamento de

acordo com a preferência e tolerância do paciente.

3. Evitar visões, odores e sons desagradáveis no ambiente.

4. Usar distração, musicoterapia, técnicas de relaxamento e imaginação

orientada antes, no decorrer e depois da quimioterapia.

5. Administrar os antieméticos, sedativos e corticosteroides prescritos

antes e depois da quimioterapia, quando necessário.

6. Garantir a hidratação com líquidos adequados antes, no decorrer e

depois da administração de medicamentos; avaliar a ingestão e a excreção.

7. Incentivar a higiene oral frequente.

8. Fornecer as medidas de alívio da dor, quando necessário.

9. Consultar a nutricionista, quando necessário.

10. Avaliar e abordar outros fatores contribuintes para as náuseas e

vômitos, como outros sintomas, constipação intestinal, irritação gastrintestinal,

distúrbio eletrolítico, radioterapia, medicamentos e metástase para o sistema

nervoso central.

DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM: Nutrição alterada: menor que os

requisitos corporais, relacionada com a anorexia, caquexia ou má absorção.

19
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

Prescrição de enfermagem

1. Ensinar o paciente a evitar as visões, odores e sons desagradáveis

no ambiente durante a hora da refeição.

2. Sugerir alimentos que são preferidos e bem tolerados pelo paciente,

preferivelmente alimentos hipercalóricos e ricos em proteína. Respeitar as

preferências alimentares étnicas e culturais.

3. Incentivar a ingestão hídrica adequada, mas limitar os líquidos na

hora da refeição.

4. Sugerir refeições menores e mais frequentes.

5. Promover o ambiente relaxado e tranquilo durante a hora da refeição,

com aumento da interação social, quando desejado.

6. Se o paciente desejar, servir vinho na hora das refeições com o

alimento.

7. Considerar os alimentos frios, quando desejado.

8. Incentivar os suplementos nutricionais e os alimentos hiper proteicos

entre as refeições.

9. Incentivar a higiene oral frequente.

10. Fornecer as medidas de alívio da dor.

11. Fornecer o controle das náuseas e vômitos.

12. Aumentar o nível de atividade conforme tolerado.

13. Diminuir a ansiedade, incentivando a verbalização dos temores,

preocupações; usar as técnicas de

20
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

relaxamento; imaginação orientada na hora da refeição.

14. Posicionar adequadamente o paciente na hora da refeição.

15. Para o tratamento colaborativo, fornecer as alimentações por sonda

enteral de dietas líquidas comerciais, dietas elementares, ou alimentos liquidificados,

conforme a prescrição.

16. Fornecer a nutrição parenteral com suplementos lipídicos, conforme a

prescrição.

17. Administrar estimulantes de apetite conforme a prescrição pelo médico.

18. Incentivar a família e os amigos a não censurar ou fazer agrados

relacionados com a alimentação.

19. Avaliar e abordar outros fatores contribuintes para as náuseas, vômitos

e anorexia, como outros sintomas, constipação intestinal, irritação gastrointestinal,

distúrbio eletrolítico, radioterapia, medicamentos e metástase

para o sistema nervoso central.

DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM: Fadiga.

21
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

Prescrição de enfermagem

1. Incentivar os períodos de repouso durante o dia, principalmente antes

e depois do esforço físico.

2. No mínimo, promover os hábitos de sono normais do paciente.

3. Rearranjar o horário diário e organizar as atividades para conservar o

dispêndio de energia.

4. Incentivar o paciente a pedir a assistência de outros nos afazeres

domésticos necessários, como os trabalhos domésticos, cuidar dos filhos, fazer

compras, cozinhar.

5. Incentivar a redução da carga de trabalho no emprego, quando

necessário e possível, reduzindo o número de horas trabalhadas por semana.

6. Incentivar as ingestas proteica e calórica adequadas.

7. Incentivar o uso das técnicas de relaxamento, imaginação orientada.

8. Incentivar a participação nos programas de exercício planejados.

9. Para o controle colaborativo, administrar hemoderivados conforme a

prescrição.

10. Avaliar para os distúrbios hidreletrolíticos.

11. Avaliar para as fontes de desconforto.

12. Fornecer as estratégias para facilitar a mobilidade.

DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM: Dor crônica.

22
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

Prescrição de enfermagem

1. Usar a escala de dor para avaliar as características de dor e

desconforto: localização, qualidade, frequência, duração etc.

2. Garantir ao paciente que você sabe que a dor é real e que você o

ajudará a reduzi-la.

3. Avaliar os outros fatores contribuintes para a dor, medo, fadiga, raiva

etc. do paciente.

4. Administrar os analgésicos para promover o alívio ótimo da dor dentro

dos limites da prescrição do médico.

5. Avaliar as respostas comportamentais do paciente à dor e à

experiência da dor.

6. Colaborar com o paciente, médico e outros membros da equipe de

saúde quando são necessárias alterações no tratamento da dor.

7. Incentivar as estratégias de alívio da dor que o paciente usou com

sucesso na experiência prévia com a dor.

8. Ensinar ao paciente as novas estratégias para aliviar a dor e o

desconforto: distração, imaginação, relaxamento, estimulação cutânea etc.

DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM: Reação de pesar antecipada

relacionada com a perda; papel funcional alterado.

23
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

Prescrição de enfermagem

1. Incentivar a verbalização dos temores, preocupações e dúvidas em

relação à doença, tratamento e futuras implicações.

2. Explorar as estratégias de enfrentamento bem-sucedidas

previamente.

3. Incentivar a participação ativa do paciente ou da família nas decisões

de cuidado e tratamento.

4. Visitar a família frequentemente para estabelecer e manter os

relacionamentos e a proximidade física.

5. Incentivar a ventilação dos sentimentos negativos, incluindo a raiva e

a hostilidade projetadas, dentro de limites aceitáveis.

6. Permitir períodos de choro e expressão da tristeza.

7. Envolver o conselheiro espiritual quando desejado pelo paciente e

pela família.

8. Solicitar o aconselhamento profissional quando indicado para o

paciente ou família para aliviar o pesar patológico.

9. Permitir a progressão através do processo de pesar no ritmo

individual do paciente e da família.

DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM: Distúrbio da imagem corporal e baixa

autoestima situacional relacionados com alterações na aparência, função e papéis.

24
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

Prescrição de enfermagem

1. Avaliar os sentimentos do paciente a respeito da imagem corporal e

do nível de autoestima.

2. Identificar as ameaças potenciais para a autoestima do paciente (p.

ex., aparência alterada, função sexual diminuída, queda de cabelos, energia

diminuída, mudança de papéis). Validar as preocupações com o paciente.

3. Incentivar a participação continuada nas atividades e tomada de

decisão.

4. Incentivar o paciente a verbalizar as preocupações.

5. Individualizar o cuidado para o paciente.

6. Assistir o paciente no autocuidado quando a fadiga, letargia, náuseas,

vômitos e outros sintomas impedem a independência.

7. Avaliar o paciente a selecionar e usar cosméticos, lenços, apliques e

roupas que aumentam sua sensação de atratividade.

1. Fornece a avaliação basal para examinar as alterações e avaliar a

eficácia de intervenções.

2. Antecipa as alterações e permite que o paciente identifique a

importância dessas áreas para si.

3. Incentiva e permite o controle continuado dos eventos e de si próprio.

4. Identificar as preocupações constitui uma etapa importante no

enfrentamento delas.

5. Evita ou reduz a despersonalização e enfatiza a autovalorização do

paciente.

25
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

6. O bem-estar físico melhora a autoestima.

7. Promove a imagem corporal positiva.

8. Incentivar o paciente e o parceiro a compartilhar as preocupações a

respeito da sexualidade e função sexual alteradas e para explorar alternativas às

suas expressões sexuais usuais.

9. Referir para especialistas colaboradores, quando necessário.

PROBLEMA INTERDEPENDENTE: Complicação potencial: risco para

problemas hemorrágicos.

Prescrição de enfermagem

1. Avaliar quanto ao potencial para o sangramento: monitorar a

contagem de plaquetas.

2. Avaliar para o sangramento:

a) Petéquias ou equimoses.

b) Diminuição na hemoglobina ou hematócrito.

26
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

c) Sangramento prolongado a partir de procedimentos invasivos,

punções venosas, cortes ou arranhaduras menores.

d) Sangue macroscópico ou oculto em qualquer excreção corporal,

vômitos, escarro.

e) Sangramento a partir de qualquer orifício corporal.

f) Estado mental alterado.

3. Instruir o paciente e a família sobre as maneiras para reduzir o

sangramento:

a) Usar escova de dentes com cerdas macias para o cuidado bucal.

b) Evitar colutórios (enxaguante bucal) comerciais.

c) Usar o barbeador elétrico para barbear-se.

d) Usar lixa para o cuidado das unhas.

e) Evitar os alimentos que são difíceis de mastigar.

4. Iniciar as medidas para minimizar o sangramento.

a) Coletar todo o sangue para os exames laboratoriais com uma

punção venosa diária.

b) Evitar a verificação da temperatura retal ou a administração de

supositórios e enemas.

c) Evitar injeções intramusculares; usar a menor agulha possível.

d) Aplicar a pressão direta nos locais de injeção e de punção venosa

por um mínimo de 5 min.

e) Lubrificar os lábios com vaselina.

f) Evitar cateterismos vesicais; usar a sonda de menor calibre quando

o cateterismo for necessário.

27
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

g) Manter a ingestão de líquidos mínima de 3ℓ por 24h, a menos que

seja contraindicado.

h) Usar emolientes fecais ou aumentar a massa na dieta.

i) Evitar medicamentos que interferirão com a coagulação (p. ex.,

ácido acetilsalicílico).

j) Recomendar a utilização de lubrificante hidrossolúvel antes da

relação sexual.

5. Quando a contagem de plaquetas é menor que 20.000/mm3, instituir

o seguinte:

a) Repouso no leito com grades laterais acolchoadas.

b) Prevenção da atividade extenuante.

c) Transfusões de plaquetas de acordo com a prescrição; administrar o

cloridrato de difenidramina (Benadryl) ou succinato sódico de hidrocortisona (Solu-

Cortef), prescrito para evitar a reação à transfusão de plaquetas.

d) Supervisionar a atividade quando fora do leito.

e) Advertir contra o assoar o nariz de forma vigorosa.

PROCESSO DE ENFERMAGEM APLICADO AO PACIENTE ONCOLÓGICO

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ONCOLÓGICA

O processo de formação do câncer se dá por alterações sofridas no DNA dos

genes de uma célula normal e esse material genético alterado recebe instruções

erradas para suas atividades. Quando essas alterações atingem genes responsáveis

pela regulação da proliferação e diferenciação celular, o organismo perde o controle

28
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

sobre o crescimento dessas células, dando início ao processo de formação do

câncer (BRASIL, 1997).

De acordo com a estimativa 2014 do Instituto Nacional do Câncer, estimou-se

o número de casos novos de câncer para todas as unidades da federação (UF) e

respectivas capitais para o biênio 2014/2015, a incidência dos três primeiros tipos de

câncer na população masculina na região nordeste segue respectivamente: câncer

de próstata, estômago e pulmão, já na população feminina mudam completamente

os tipos, tendo como os três primeiros respectivamente: câncer de mama, colo de

útero e colon e reto (INCA, 2014).

Atualmente o tratamento, é predominantemente feito através de cirurgia,

radioterapia, quimioterapia (QT) ou transplante de medula óssea. Em muitos casos,

é necessário combinar mais de uma modalidade. A quimioterapia consiste no

emprego de substancias químicas, isoladas ou em combinação, com o objetivo de

eliminar neoplasias malignas (INCA, 2014).

O uso da QT pode ser classificado em três grupos: paliativo, quando existe a

incurabilidade do tumor (estádio IV, doença recidivada ou metastática), está indicada

para a paliação de sinais e sintomas que comprometem a capacidade funcional do

doente, mas não repercutirá, obrigatoriamente, sobre a sua sobrevida; neodjuvante

indicada para a redução de tumores loco-regionalmente avançados (geralmente

estádios II ou III), que são, no momento, irressecáveis ou não e adjuvante, onde

pode ser administração oral ou venosa, define-se como adjuvante a QT indicada

após tratamento cirúrgico curativo, quando o doente não apresenta qualquer

evidência de neoplasia maligna detectável pelo exame físico e exames

complementares indicados para o caso (HOFF et al, 2013).

Também pode ser classificado de outras duas formas: 1) de acordo com sua
29
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

estrutura química e função em nível celular e; 2) de acordo com a especificidade de

ação no ciclo de divisão celular, conforme resumido na figura 1 (BONASSA, MOTA E

GATO,2012).

Figura 1. Classificação dos antineoplásicos e resumo dos mecanismos de

ação de alguns agentes quimioterápicos úteis nas doenças neoplásicas

(CALABRESI E CHABNER, 2006).

Existem evidências da utilização de drogas quimioterápicas sob a forma de

sais metálicos como o arsênico, o cobre e o chumbo em civilizações antigas do Egito

e da Grécia. No entanto, foi somente durante a segunda guerra que a terapia

antineoplásica passou a ser estudada sistematicamente. A partir da publicação, em

1946, dos estudos clínicos feitos com o gás mostarda e das observações sobre os

efeitos do acido fólico em crianças com leucemias, verificou-se avanço crescente da

quimioterapia antineoplásica. Atualmente, quimioterápicos mais ativos e menos

tóxicos encontram-se disponíveis para uso na prática clinica (BONASSA e GATO,

2012).

30
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

Considera-se que todos os quimioterápicos são teratogênicos, mutagênicos e

carcinogênicos pelo fato de interferirem nos mecanismos genéticos e de divisão

celular. Conseqüentemente, os pacientes tratados com esses agentes podem

desenvolver outra neoplasia (INCA, 2014).

Os avanços verificados nas ultimas décadas, na área da quimioterapia

antineoplásica, tem facilitado consideravelmente a aplicação de outros tipos de

tratamento de câncer e permitido maior numero de curas (BONASSA e GATO,

2012).

Atualmente, metade dos portadores de neoplasias é tratada com radioterapia

(INCA, 2014). O objetivo da radioterapia é alcançar um índice terapêutico favorável,

levando as células malignas a perderem a sua clonogenicidade e, ao mesmo tempo,

preservando os tecidos normais (INCA, 2008).

O tratamento com radioterapia geralmente não provoca dor física (INCA,

2014). Pode provocar alguns efeitos indesejáveis, tanto a nível físico,

desencadeando náuseas e vômitos, como a nível psicológico, provocando reações

de depressão e ansiedade (IWAMOTO, 2000). Em alguns tratamentos paliativos,

onde são utilizadas baixas doses, os efeitos colaterais são mínimos. Entretanto,

quando doses mais altas são necessárias, as complicações podem ser mais severas

(INCA, 2014).

Uma assistência de enfermagem com acurada identificação de problemas

relacionados ao estado físico, espiritual, mental e psicossocial dos pacientes pode

oferecer esperança para alívio dos sintomas através de um programa de intervenção

bem estruturado (SARNA, 1998). Para isso é necessário que a assistência de

enfermagem se guie por uma teoria que possa englobar essa demanda, como a

proposta por Dorothea Orem sobre o autocuidado.


31
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

Diante disso, objetivou-se a transmissão do relato de experiência sobre a

elaboração e implantação de um instrumento de coleta de dados do processo de

enfermagem, à luz da Teoria de Orem, para ser utilizado em um Ambulatório

Oncológico do serviço da de tratamento com quimioterapia antineoplásica.

APLICAÇÃO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM PARA O CUIDADO AO

PACIENTE ONCOLÓGICO

A proposição do processo de enfermagem (PE) iniciou-se nos Estados Unidos

da América, nas décadas de 1960 e 1970, este tem sido utilizado como método para

melhorar a qualidade da assistência de enfermagem (DAVID, 2001). No Brasil,

igualmente nessa década o PE tomou impulsou a partir das contribuições da Teoria

de Wanda Horta, sendo que o referido PE passou a ser utilizado desde a publicação

até os dias atuais (FURUYA, et al.2012). Apesar das autoras, deste estudo, serem

favoráveis à realização da assistência de enfermagem com base nos "cuidados

integrais", como relatado por Pablini Rodrigues et al (2007), percebeu-se que no

presente ambulatório de oncologia, tais cuidados estão muito voltados para os

aspectos biológicos dos sujeitos e aparatos tecnológicos utilizados para a prestação

dos cuidados em saúde. Os aspectos subjetivos destes, suas necessidades sociais,

emocionais e espirituais também estão sendo contemplados, porém de forma

fragmentada.

Surge então, a necessidade de tornar o cuidado realmente “integral”,

tornando-se fundamental neste e em outros ambientes assistenciais, pois unifica o

trabalho da equipe de enfermagem, deixando de lado a fragmentação dos cuidados.

O Processo de Enfermagem deve permitir momentos de discussão entre os


32
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

profissionais estigando uma reflexão sobre valores diversos que abrangem o

cuidado do paciente, passando a ser planejado e implementado por meio de um

processo integral que valoriza a comunicação entre os profissionais e com o

paciente (FURUYA,2012).

Com a implantação do PE, a enfermagem passa da fase empírica para a

científica, desenvolvendo suas teorias, sistematizando seus conhecimentos,

pesquisando e tornando-se dia a dia uma ciência independente (HORTA, 1979). Tal

sistematização permite que os enfermeiros atuem na prática de maneira autônoma e

sólida, pois, para executá-la, necessitam utilizar preceitos científicos e humanísticos

que compõem o arsenal de conhecimento profissional (HORTA, 1979; SILVA ET AL,

2006).

No ambulatório de oncologia, os pacientes que são encaminhados para o

tratamento chegam com grandes demandas emocionais e físicas, dúvidas quanto ao

tratamento e suas conseqüências, expectativas de melhora, incertezas quanto ao

futuro, medo da morte iminente e sofrem com as reações adversas causados pelos

fármacos. Além disso, muitos apresentam déficit de conhecimento, o que os levam a

apresentarem maiores problemas físicos e emocionais. Isto se faz presente tanto no

paciente como no cuidador, logo, necessitam de uma assistência de enfermagem

efetiva e estruturada, para que os sintomas sejam minimizados ou enfrentados com

eficiência.

Os tratamentos oncológicos, em especial, a quimio e radioterapia são vistos

pelos pacientes como importantes fatores estressantes, no entanto, também são

vistos como necessários. Por isso é importante que a pessoa seja capaz de realizar

um bom enfrentamento no primeiro contato com o tratamento, caso contrário, pode

haver piora das reações adversas nas aplicações seguintes. Assim, se uma pessoa
33
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

não tem um bom enfrentamento do vômito em um primeiro momento, este pode

estar aumentado posteriormente devido a uma reação psicológica de irritabilidade

prévia (FRIED ET AL., 2003).

Acredita-se que o profissional de enfermagem que desenvolve uma

assistência instrumentalizada pelo PE, à luz de um referencial teórico, será capaz de

aprimorar as habilidades cognitivas e psicomotoras, associar e correlacionar

conhecimentos multidisciplinares e estabelecer relações de trabalho melhor

definidas e concretas.

Para utilização do PE é indispensável a realização da coleta de dados e esta

tem por finalidade identificar os problemas reais ou potenciais do cliente, de forma a

subsidiar o plano de cuidados e atender as necessidades encontradas prevenindo as

complicações. É uma das etapas do processo de enfermagem, elemento da

Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), que mais exige tempo e

trabalho, reunindo informações indispensáveis à comprovação da hipótese

(ALFARO- LÉFEVRE, 2014).

Todos os passos do processo de enfermagem (PE) dependem dos dados

coletados durante esta fase, por isso a necessidade de assegurar que as

informações obtidas sejam efetivas, completas e organizadas de modo que ajude a

adquirir um senso de padrão entre saúde e doença (ALFARO-LÉFEVRE, 2014).

Para a realização da etapa Histórico de Enfermagem, aplicado a todos os

clientes encaminhados para iniciar o tratamento oncológico, foi elaborado um

formulário padronizado onde constam: dados de identificação, requisitos

relacionados aos desvios de saúde, requisitos de autocuidado universais, requisitos

de autocuidado desenvolvimentais e determinação da competência para o

autocuidado conforme instrumento, utilizando-se o referencial teórico de Orem.


34
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

Quanto ao Diagnóstico de Enfermagem, foi adotada a taxonomia NANDA

(North American Nursing Diagnosis Association) International, devido à sua eficácia,

efetividade e eficiência, possibilitando a tomada de decisões a respeito da saúde da

população e de sua qualidade de vida. O termo diagnóstico de enfermagem é

definido como “um julgamento clínico das experiências/respostas de um indivíduo,

família, grupo ou comunidade a problemas de saúde/ processos de vida reais ou

potenciais...[e] oferece a base para a escolha das intervenções de enfermagem de

modo a alcançar os resultados que são responsabilidade do enfermeiro”

(NANDA,2015).

A prescrição de enfermagem, é realizada para pacientes que demonstram um

déficit no autocuidado, como também o apoio-educação é direcionado aos seus

familiares. Esta é desempenhada diariamente por enfermeiros, cujas ações

prescritas são executadas pelo próprio paciente, familiar e técnicos de enfermagem.

Quanto à evolução de enfermagem/avaliação esta refere-se a uma

investigação abrangente para decidir se os resultados esperados foram alcançados

ou se novos problemas emergiram (ALFARO-LÉFEVRE, 2014). Nesse caso, a

mesma deve ser realizada diariamente pelos enfermeiros.

Na operacionalização da SAE, atenção especial precisa ser dirigida para o

contingente de recursos humanos de enfermagem cujo quantitativo, invariavelmente,

é apontado como insuficiente para assegurar com efetividade a sistematização. Em

relação à habilidade prática e ao conhecimento científico apresentados pela equipe,

não raro se observa precariedade nestes aspectos, o que indica a necessidade de

participação imprescindível da educação continuada nas atividades de capacitação e

atualização.

Uma vez efetivando tal projeto dentro de uma organização, é importante que
35
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

se faça o reconhecimento da realidade e das peculiaridades de cada grupo

envolvido, das inovações que estão sendo instituídas, das transformações que estão

sendo desencadeadas e da forma como o processo está sendo conduzido, bem

como do momento histórico da instituição em que se implanta e implementa a SAE.

“DOROTHEA OREM”

Segundo Dorothea Orem (1991), a enfermagem tem uma especial

preocupação com o autocuidado dos pacientes. Sua teoria engloba o autocuidado, a

atividade de autocuidado e a exigência de autocuidado, bem como requisitos para o

mesmo, e está dividida em três partes relacionadas: autocuidado, deficiências do

autocuidado e sistemas de enfermagem.

A teoria do autocuidado é baseada na atividade que os indivíduos praticam

em seu benefício para manter a vida, a saúde e o bem estar. A ação de autocuidado

é a capacidade do homem engajar-se no autocuidado. Dentre os fatores

condicionantes básicos estão: idade, sexo, estado de desenvolvimento, estado de

saúde, orientação sociocultural e fatores do sistema de atendimento de saúde.

Na teoria do autocuidado, incorpora-se o conceito dos requisitos de

autocuidado: universais, desenvolvimentais e desvio de saúde. Os requisitos de

autocuidado universais são comuns aos seres humanos, auxiliando-os em seu

funcionamento, estão associados com os processos da vida e com a manutenção da

integridade da estrutura e do funcionamento humano. Os requisitos de autocuidado

desenvolvimentais ocorrem quando há a necessidade de adaptação às mudanças

que surjam na vida do indivíduo.

E os requisitos relacionados aos desvios de saúde acontecem quando o


36
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

indivíduo em estado patológico necessita adaptar-se a tal situação. Os requisitos

para o autocuidado por desvio de saúde são: busca e garantia de assistência médica

adequada; conscientização e atenção aos efeitos e resultados de condições e

estados patológicos; execução de medidas prescritas pelo médico e conscientização

de efeitos desagradáveis dessas medidas; modificação do autoconceito (e da

autoimagem) na aceitação de si como estando num estado especial de saúde;

aprendizado da vida associado aos efeitos de condições e estados patológicos, bem

como de efeitos de medidas de diagnósticos e tratamentos médicos, num estilo de

vida que promova o desenvolvimento contínuo do indivíduo (OREM, 1991).

Os requisitos de autocuidado são: manutenção e ingesta suficiente de ar,

água e alimento; a provisão de cuidados com eliminação e excreção; manutenção de

um equilíbrio entre atividade e descanso, entre solidão e interação social; a

prevenção de riscos à vida, ao funcionamento e ao bem-estar humano; a promoção

do funcionamento e desenvolvimento humano, em grupos sociais, conforme o

potencial humano, limitações humanas conhecidas e o desejo de ser normal

(DIÓGENES, 2003).

Segundo Foster e Janssens (1993), a teoria de déficit de autocuidado constitui

a essência da teoria de Orem, quando a enfermagem passa a ser uma exigência a

partir das necessidades de um adulto, e quando o mesmo acha-se incapacitado ou

limitado para prover autocuidado contínuo e eficaz. A teoria do déficit de autocuidado

fundamenta-se na limitação do indivíduo para prover autocuidado sistemático,

necessitando ajuda da equipe de enfermagem.

A teorista identifica cinco métodos de ajuda no déficit de autocuidado: agir ou

fazer para o outro, guiar o outro, apoiar o outro (física ou psicologicamente),

proporcionar um ambiente que promova o desenvolvimento pessoal, quanto a se


37
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

tornar capaz de satisfazer demandas futuras ou atuais de ação, ensinar o outro

(OREM, 1993) (GEORGE,1993).

A teoria de sistemas de enfermagem é dividida em sistema totalmente

compensatório, quando o ser humano está incapaz de cuidar de si mesmo, e o

enfermeiro o assiste, substituindo-o, sendo suficiente para ele. Sistema parcialmente

compensatório, quando o enfermeiro e o indivíduo participam na realização de ações

terapêuticas de autocuidado. O sistema de apoio-educação é quando o indivíduo

necessita de assistência na forma de apoio, orientação e ensinamento (FOSTER E

JANSSENS, 1993).

O paciente oncológico que se encontra em tratamento, pode observar

diversas demandas terapêuticas de autocuidado relacionadas principalmente, às

principais reações adversas do tratamento, tais como náuseas, vômitos,

comprometimento da autoimagem, bem como das dificuldades nas interações

sociais e o próprio medo da morte devido ao estigma do câncer.

A forma de agir a partir da identificação do déficit, estará fundamentada no

sistema de enfermagem que se baseará nas necessidades de autocuidado e nas

capacidades do paciente para a execução das atividades de autocuidado. Baseado

nisto, poderão existir 3 sistemas de enfermagem que melhor se adequarão ao

paciente: o sistema totalmente compensatório, situação em que o indivíduo está

incapacitado de empenhar-se em ações de autocuidado que exijam locomoção

autodirigida e controlada, podendo ou não ter mantida a capacidade de julgamento;

o sistema parcialmente compensatório no qual tanto o enfermeiro quanto o paciente

executam ações de autocuidado e possuem capacidade de julgamento acerca das

mesmas; e o sistema de apoio-educação no qual o indivíduo consegue executar e

pode aprender a executar ações de autocuidado, adquirindo conhecimentos e


38
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

habilidades através das informações dadas pelo enfermeiro que o auxiliarão em seu

autocuidado (GEORGE, 1993).

Considerando esses pontos principais, os objetivos da equipe de enfermagem

nesta interação, geralmente, residem em conhecer o paciente, identificar e satisfazer

as necessidades dos mesmos e assim alcançar o propósito da enfermagem, qual

seja: assistir o indivíduo família ou comunidade na prevenção ou enfrentamento da

doença e do sofrimento (FONSECA, 1997).

39
www.estetus.com.br
Enfermagem em Oncologia

Referências

C., SMELTZER, S., HINKLE, L., BARE, G., CHEEVER, H.. Brunner e Suddarth
Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica, 12ª edição. Guanabara Koogan, 08/2011.
VitalBook file.
ABC do câncer: abordagens básicas para controle do câncer/ Instituto Nacional de
Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação geral de ações estratégicas.
Coordenação de educação; organização Luiz Claudio Santos Thuler – 2 ed. rev e
atual.
– Rio de Janeiro: INCA 2012.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Instituto Nacional de
câncer. TNM: classificação de tumores malignos / traduzido por Ana Lúcia Amaral
Eisenberg. 6. ed.
- Rio de Janeiro: INCA, 2004.

40
www.estetus.com.br

Você também pode gostar