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GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo. Introdução à metapsicologia freudiana.

Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 1991. (v. 1).

Introdução

Primeira menção: carta a Fliess de 13 de fevereiro de 1896 (p. 201 do PDF da


correspondência completa). “Tenho me ocupado continuamente com a
psicologia – na verdade, com a metapsicologia...” (apud: Garcia-Roza, p. 9-10)

A última menção: “se perguntarem através de que caminhos e com que


recursos isso [a domação da pulsão, quer dizer, a sua integração ao Eu]
acontece, a resposta não será fácil. Temos de dizer a nós mesmos: ‘Então,
agora a bruxa precisa entrar em ação’ [citação do Fausto, de Goethe]. É a
bruxa chamada Metapsicologia. Sem especulação metapsicológica e
teorização – quase diria: sem fantasiar – não avançamos nenhum passo
sequer” (“Análise finita e infinita” (1937), p. 326). Trata-se, portanto, de uma
teorização que não se limita a descrever a realidade, mas que tem um aspecto
criativo (sem fantasiar...), que a partir de conceitos novos, cria realidades
novas.

Sentido original: conjunto de doze artigos, dos quais sete se perderam, que se
caracterizavam pela liberdade de elaboração e pelo afastamento de descrições
clínicas. Assim, na totalidade da obra de Freud, os chamados artigos
metapsicológicos se diferenciam, especialmente, das descrições clínicas e dos
escritos técnicos.

Sentido substantivo: conjunto de elaborações, ficções e modelos teóricos por


meio dos quais a experiência descrita é radicalmente transformada (i.e.
transformada em sua raiz). Ênfase no aspecto criativo da metapsicologia
enquanto imaginação teorizante ou teoria imaginativa, o que a opõe
diretamente ao formalismo teórico.

Estudo por meio do qual a psicologia projetada (ou seja, psicologia do mundo)
no delírio paranoico, na religião, nas crenças populares, é transformada em
psicologia sobre os fundamentos da metapsicologia. Modelos dentro da
casuística psicanalítica: as teorias sexuais infantis; o delírio de Schreber (em
comum, criatividade).
“...esses e muitos outros pormenores da estrutura delirante de Schreber soam
quase como percepções endo-psíquicas dos processos cuja existência presumi
nestas páginas, como base de nossa explicação da paranoia. Posso, não
obstante, invocar um amigo e colega especialista para testemunhar que
desenvolvi minha teoria da paranoia antes de me familiarizar com o conteúdo
do livro de Schreber. Compete ao futuro decidir se existe mais delírio em minha
teoria do que eu gostaria de admitir ou se há mais verdade no delírio de
Schreber do que outras pessoas estão, por enquanto, preparadas para
acreditar” (“O caso Schreber”, 1911, p. 85). Se é assim, qual seria a diferença
entre o texto de Schreber e o texto sobre o texto, o “metatexto”, escrito por
Freud?

Sentido adjetivo: exposição metapsicológica (descrição de um determinado


processo psíquico em seus aspectos tópico, dinâmico e econômico).

Necessidade de adicionar mais um sentido: uma metalinguagem. Ao abarcar


os aspectos tópico, dinâmico e econômico, a metapsicologia compõe uma
língua, um repertório conceitual, que permite que se fale de algo, que se
construa teoricamente um objeto e que, portanto, se possa falar desse objeto.
Modelo: a metalinguagem utilizada pela gramática descritiva.

Estudo da metapsicologia: não é, portanto, uma simples apreensão de


conceitos, mas um exercício de pensamento e de elaboração. Não basta
conhecer a cozinha da bruxa, com seus utensílios e ingredientes; é preciso
fazer uso deles para cozinhar. É exercício constante de pensamento e discurso
sobre algo.

Primeiras formulações metapsicológicas: Sobre A Concepção das Afasias,


Projeto Para Uma Psicologia Científica e Carta 52 (6 de dezembro de 1896).

Grandes sistematizações metapsicológicas: o capítulo 7 da IS, os cinco textos


sobreviventes da “metapsicologia” (“Pulsões e Destinos das Pulsões”, “O
recalcamento”, “O Inconsciente”, “Luto e Melancolia” e “Complemento
Metapsicológico à Teoria do Sonho”) e todos os textos de cunho
assumidamente teórico da formulação freudiana, tais como “Além do Princípio
de Prazer”, “O Eu e o Isso” e “O Mal-Estar na Cultura”.

Modelos de aparelho psíquico:

Sobre a concepção das afasias (1891)

Projeto para uma psicologia científica (1895)


Psicoterapia da histeria (1895)
“Carta 52” (6 de dezembro de 1896)

Capítulo VII de A interpretação do sonho (1900)

O Eu e o Isso (1923)
Para uma concepção das afasias (1891)

Afasia: sentido estrito (distúrbio de memória); sentido lato (perturbação no


processamento da linguagem).

A monografia de Freud é essencialmente uma crítica em duas frentes: 1) Freud


critica a distinção entre afasias de centro (lesão em um centro) e afasias de
condução (lesão nas vias de condução) feita por Wernicke; 2) Freud critica a
teoria das localizações cerebrais (e.g. de que uma determinada representação
estaria contida em um determinado neurônio).

Visão dominante: localizacionista. Paul Broca: associação de afasias motoras


(perda da capacidade de articular palavras) a lesões parciais ou totais da área
de Broca (sem perda das outras funções cerebrais e da capacidade de
compreender). Carl Wernicke: associação de afasias sensoriais (perda da
capacidade de compreender aquilo que se ouve ou lê) a lesões parciais ou
totais da área de Wernicke (sem perda das outras funções cerebrais nem da
capacidade de fala).
Pressuposto do localizacionismo: que a cada célula em um dos dois centros
responsáveis pelo processamento, motor e sensorial, da linguagem,
corresponderia uma “imagem mnêmica” (termo cunhado por Wernicke para
designar os resíduos deixados por uma excitação que passou por aquela
célula); assim, se uma lesão atingisse a área de Broca (o centro motor) haveria
uma perda das imagens mnêmicas (memória) dos movimentos necessários à
fonação ou à escrita de uma palavra e se, por outro lado, uma lesão atingisse a
área de Wernicke (o centro sensorial), haveria uma perda das imagens
mnêmicas (memória) dos sons de uma palavra ou de sua forma escrita. A
comunicação entre os dois centros se faria por meio da ínsula.

Área de Broca é a parte do cérebro humano responsável pela expressão da


linguagem, contém os programas motores da fala. "

Essa área é localizada no giro frontal inferior, que participa do processo de


decodificação fonológica e que vai organizar a resposta motora com a
finalidade de executar a articulação da fala após receber o estímulo transmitido
e processado pela área de Wernicke."

Área de Wernicke /ˈvɛərnᵻkə/, também chamada de "área de fala de


Wernicke", é uma das duas partes do córtex cerebral que está ligada à fala (a
outra é a Área de Broca). Está relacionada ao conhecimento, interpretação e
associação de informações, mais especificamente a compreensão da
linguagem escrita e falada. Tradicionalmente acredita-se que ela se localize
na Área de Brodmann 22,39 e 40, localizada na porção posterior
da circunvolução temporal superior do córtex cerebral esquerdo.

Danos causados na área de Wernicke podem fazer com que uma pessoa que
escute perfeitamente e reconheça bem as palavras, seja incapaz de agrupá-las
para formar um pensamento coerente, caracterizando a doença conhecida
como Afasia de Wernicke.

Ínsula: do tamanho da uma ameixa seca, a ínsula está localizada numa das
áreas mais profundas do cérebro, na face interna do lobo temporal, um
dos sistemas envolvidos no processamento da memória, do pensamento e da
linguagem.
Perspectivas abertas pelo ponto de vista localizacionista: 1) a possibilidade de
se remeter fatos encontrados na clínica a lesões em determinadas áreas do
cérebro; 2) a possibilidade de descrever a linguagem enquanto um processo
fisiológico.

Fundamental da crítica freudiana: a atividade mental complexa não pode ser


reduzida a um substrato fisiológico; ela resulta de processos associativos
envolvendo o cérebro como um todo. Consequência teórica: se ela não é
redutível ao fisiológico, ela não pode ser observada diretamente, nem inferida
indiretamente, a partir do exame clínico de lesões cerebrais. É preciso,
portanto, criar uma linguagem para descrevê-la enquanto atividade sistêmica,
quer dizer, enquanto totalidade, com funções, divisões e articulações internas,
hierarquias, com uma lógica de funcionamento, etc.

A hipótese funcional (proposta como opção à de centros de linguagem):


diferentemente de outras funções cerebrais, o aparelho de linguagem funciona
de forma solidária, quer dizer, uma lesão destrutiva de cinquenta por cento da
área de Broca não resultaria em uma perda proporcional de cinquenta por
cento das palavras conhecidas, mas em uma redução generalizada da
funcionalidade da atividade linguageira. Ao falar de funcionamento, o olhar é
ampliado para o aparelho como um todo; mais, Freud antecipa nesse texto a
impossibilidade de se distinguir com clareza o “normal” do “patológico” (o
sujeito portador de uma afasia não tem um aparelho de linguagem de uma
natureza diferente daquela do sujeito dito normal, mas sim um aparelho cuja
funcionalidade foi perturbada como efeito de uma lesão; perturbações dessa
funcionalidade por eventos corriqueiros, tais como fadiga, afetos intensos, vão
resultar em perturbações da linguagem muito parecidas com uma afasia).

Aparelho de linguagem: o precursor do aparelho anímico/aparelho da alma


(Projeto) e do aparelho psíquico. Importante: texto de neurologia, e não de
linguística ou de psicanálise. A ideia de um aparelho, pensado como um campo
de associações/representações e de transferências de cargas, é um
desenvolvimento da ideia de um “território da linguagem”, em vez de centros de
linguagem. Ao falar de território da linguagem, Freud pensa em uma área
contínua do córtex, na qual o processo de linguagem é de responsabilidade
tanto dos ditos centros quanto das vias de comunicação entre eles. Resumo na
página 36, item 5.
“Rejeitamos, pois, a suposição de que o aparelho de linguagem seja
constituído de centros distintos, separados por territórios corticais sem função
e, além disso, que as representações (imagens de lembrança) que servem à
linguagem ficam armazenadas em determinadas áreas do córtex, denominadas
de centros, enquanto a associação dessas representações é feita
exclusivamente por fibras de substância branca subcorticais. Então, resta-nos
agora expor a ideia de que o território da linguagem no córtex é um distrito
contínuo, dentro do qual as associações e transferências, nas quais se
baseiam as funções da linguagem, ocorrem com uma complexidade cujos
detalhes exatos escapam à compreensão” (Sobre a concepção das afasias, p.
86)

O aparelho de linguagem é um aparelho justamente por ser uma totalidade


indivisível, no qual a excitação não é processada nesta ou naquela região, mas
sempre envolvendo a totalidade do aparelho.

Diferentemente do aparelho perceptivo-sensorial, o aparelho de linguagem não


está dado no nascimento; não se trata de um aparelho que vem pronto e que
se desenvolve e amadurece com o desenvolvimento físico. O aparelho de
linguagem (e o aparelho psíquico ou aparelho anímico) não está dado no
nascimento (assim como ninguém nasce falando). Ele precisa ser construído
peça por peça, a partir do contato com outro aparelho de linguagem já
suficientemente constituído; dizer contato com outro aparelho é a mesma coisa
que dizer contato com o outro (não contato com o mundo, mas contato com o
outro humano). É esse contato que dispara a construção de um aparelho de
linguagem na cria humana, e faz que ela entre definitivamente no mundo das
relações humanas propriamente ditas, quer dizer, no mundo das trocas
simbólicas. Fala-se normalmente em relação mãe-bebê, mas, de fato, não
existe relação mãe-bebê, mas uma díade, uma espécie de fusão mental entre a
mãe e o bebê; é só com os rudimentos de um aparelho de linguagem no bebê
que começam a surgir uma relação mãe-bebê.

Pra quê serve o aparelho de linguagem? Não se trata da aquisição de um


ferramental para produzir um saber sobre o mundo, mas da construção de um
aparelho que vai permitir a articulação deste aparelho com outro aparelho. A
função primordial da metapsicologia é fornecer uma linguagem que nos permita
descrever a construção desse aparelho, a sua lógica de funcionamento e os
processos por meio dos quais essa lógica é perturbada. Conceber o psíquico
como aparelho traz uma visão completamente nova da ideia de normalidade e
patologia; a loucura, por exemplo, ganha um sentido completamente distinto
daquele que ela teve por um período bastante longo da história (deixa de ser
concebida como a falta de lógica para ser pensada como um funcionamento
diferente de um aparelho, ou ainda, como o funcionamento de um aparelho
com falhas de constituição). Isso tem implicações clínicas claras.

Crítica fundamental: à ideia de que o psíquico seja pensado como simples


epifenômeno, duplicação, projeção, do fisiológico; em outras palavras, que as
representações (psíquico) sejam vistas como cópias das impressões
(fisiológico). As representações que o bebê vai construindo e, com elas, vai
compondo um mundo interno habitado por objetos excitantes do seu entorno,
não é uma cópia, uma projeção deste mundo. Neste momento, Freud fala do
psíquico como um “dependente concomitante”, o que significa dizer que não há
psíquico sem processo fisiológico (dependente), mas também, na medida em
que se trata de um concomitante, fica aberta a possibilidade do novo, que na
representação surja algo que não estava na impressão. A partir daqui, o
aparelho de linguagem de Freud não pode mais ser pensado como feito de
elementos, mas, sim, em termos de processos; existe um processamento
fisiológico de excitações e existe um processo psíquico correlato a esse. Como
há uma dependência entre eles, não se pode falar de uma distinção nítida entre
o processo fisiológico e o processo psíquico; um processo excitatório ocorre,
de forma unitária, em um aparelho de representações e em um substrato
fisiológico.

A representação-palavra (p. 45): a unidade mínima do aparelho de linguagem é


a representação-palavra, concebida por Freud como um complexo associativo
de elementos acústicos, visuais e motores; ou seja, na concepção freudiana, a
linguagem, e o aparelho de linguagem, não são construídas por simples
reprodução de impressões recebidas. Entre a recepção de algo e a construção
de uma representação-palavra, existe um processo ativo de decomposição e
de recomposição (por associação) de elementos que estão remetidos a todo o
território da linguagem. Isso significa dizer, que a representação-palavra não
pode ser localizada neste ou naquele ponto do córtex cerebral; ela é o próprio
processo associativo. Mais: se esse aparelho de linguagem se constrói por um
processo criativo, e se ele segue recompondo e expandindo as suas
associações, isso significa dizer que se trata de um aparelho em perpétuo
“fazimento”, um aparelho perpetuamente inacabado, um aparelho de linguagem
que está em perpétuo processo de construção, porque está continuamente em
contato com outros aparelhos de linguagem (isso tem implicações clínicas).
Podemos dar um salto temporal e associar isso àquilo que Freud dirá muito
tempo mais tarde, em O Eu e o Isso: o Eu é um precipitado de identificações
deixadas por todas as relações de objeto em que o sujeito se envolve ao longo
da vida; uma análise também é uma relação de objeto.

Como se dá esse processo: uma palavra ouvida ou lida excita o aparelho de


linguagem, e se essa excitação tiver força suficiente, deixará resíduos de
memória, traços mnêmicos, i.e., inscrições, que podem ser decompostos em
quatro tipos de imagem: acústica, cinestésica (motora), imagem de leitura e
imagem da escrita. Isso não significa que foi adquirida uma palavra, nem
sequer uma representação-palavra. Essas imagens diversas precisam estar
articuladas entre si e articuladas, pela imagem acústica, a uma representação-
objeto (mais tarde, representação-coisa), ou seja, também uma articulação de
traços mnêmicos visuais, acústicos, táteis, etc., deixados pela passagem de
uma excitação provocada pela passagem de um objeto pelo aparelho. Em
outras palavras, são traços energéticos que se associam e se articulam para
criar vias por onde passarão novos processos excitatórios (pensem, por
exemplo, no valor que tem a nomeação de um afeto em um processo de
análise).

A significação: o processo de significação é, justamente, a articulação da


representação-coisa (normalmente pela imagem visual) com a representação-
palavra (necessariamente pela imagem acústica). O campo associativo da
representação-coisa é aberto (novas inscrições podem ocorrer em novos
contatos com o objeto); o da representação-palavra é fechado (são apenas
quatro, os tipos de imagens que a compõem). A significação não está nem na
coisa, nem na representação-coisa, muito menos na representação-palavra,
mas na associação dos diversos registros das inscrições e na associação da
representação-coisa com uma representação-palavra. Ora, se é o aparelho de
linguagem que produz tais associações, então se pode dizer que a função
primordial do aparelho de linguagem é produzir significação, é associar traços
mnêmicos, é representar energias, restos excitatórios. Por meio de sua
associação a uma representação-coisa, uma representação-palavra ganha a
sua denotação; por meio de sua associação a uma representação-palavra, uma
representação-coisa ganha identidade e pode ser elaborada conceitualmente
(pensar no caso Emma).

Três ordens de afasia: A significação, portanto, se estabelece a partir da


associação entre representações (a associação da representação-palavra com
a representação-objeto), e não da associação da representação com a coisa
(Ding) presente no mundo exterior. Para Freud, a representação-objeto não
pertence ao aparelho de linguagem, embora seja a partir de sua associação a
uma representação-palavra que a representação-objeto alcance a sua
identidade e possa ser pensada conceitualmente. A agnosia, quer dizer, a
perturbação do reconhecimento de objetos (i.e. perturbação da relação entre
uma representação-objeto e a coisa que ela representa), não é, para Freud, um
problema do aparelho de linguagem, embora a agnosia tenha uma repercussão
importante nesse aparelho: a perda da capacidade de uso do aparelho para
pensar e conceituar o objeto. A essa perturbação, Freud vai chamar de afasia
agnósica ou afasia de terceira ordem. À perturbação da associação entre uma
representação-palavra e uma representação-objeto, quer dizer, uma perda da
relação simbólica propriamente dita, Freud vai propor o termo afasia
assimbólica ou afasia de segunda ordem. Finalmente, à perturbação das
associações entre os termos de uma representação-palavra, Freud propõe o
termo afasia de primeira ordem. Essas ordens remetem a uma evolução do
próprio aparelho: a terceira ordem sendo a mais antiga e a primeira, a mais
recente; as perturbações da linguagem seguiriam essa evolução em sentido
inverso: primeiro a dificuldade de articular imagens acústicas e motoras, depois
a assimbolia e, eventualmente, a agnosia.

Efeitos de sujeito (p. 39): termo com que J. Nassif designa a subversão que o
discurso afásico tem sobre o “discurso bem formado”. Freud chama esses
desvios de parafasias. Importante: para ele, esses desvios (troca de uma
palavra por outra, junção de duas palavras, etc.) não se distinguem de
ocorrências semelhantes quando o sujeito está tomado por afetos intensos ou
simplesmente cançado; trata-se, portanto, de distúrbios funcionais, e não
necessariamente acarretados por lesão cerebral. São essas parafasias que se
incorporam ao sujeito como parte de seu caráter, como uma idiossincrasia; está
aqui, apontada, a necessidade de expansão do conceito de aparelho de
linguagem e aparelho psíquico.

Projeto Para Uma Psicologia Científica

Objetivo: “representar os processos psíquicos como estados quantitativamente


determinados de partículas materiais especificáveis, tornando assim esses
processos livres de contradição” (p. 347).

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