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DISCALCULIA

O QUE É? QUAIS AS CARACTERÍSTICAS?


INTRODUÇÃO

A Discalculia é um distúrbio de aprendizagem que está presente em várias crianças, mas ainda tem diagnóstico
tardio. Ela é notada no período escolar da alfabetização. O professor percebe que o aluno tem dificuldades em
aprender conceitos relacionados aos números, operações lógicas e similares. Discalculia é, portanto, um distúrbio
de aprendizagem relacionado à matemática. Nessa aula, iremos aprender o que é discalculia e quais as principais
características.
A discalculia é bastante comum e os estudos sobre ela têm avançado e se ampliado recentemente. Embora seja
notada na escola, não se restringe a ela. Esse distúrbio afeta o aluno em suas atividades cotidianas,
principalmente as que envolvem operações numéricas como: horários, tarefas sequenciais, noções de espaço,
entre outras coisas. Mesmo sendo bastante extenso o comprometimento da rotina, também são muitas as
estratégias que podemos ensinar ao aluno com discalculia para superar esses problemas (PIMENTA, 2017).
Na prática diária de superação, a participação da família é muito importante. Ela precisa assumir a condição do
distúrbio, informar-se sobre ele e ajudar a criança com as estratégias para lidar com o problema. O distúrbio não
tem uma cura, então essa criança irá lidar com ele a vida toda, porém, ela pode viver uma vida funcional se
contar com auxílio e tratamento adequados.
CARACTERÍSTICAS DO DISTÚRBIO

A discalculia afeta bastante os hábitos diários, prejudicando também a memória do indivíduo. O aluno não
consegue lembrar com clareza e coerência fatos com características numéricas, como datas, horas, ordem
de eventos. Eles compreendem a lógica por trás da matemática, mas não conseguem aplicar esse
entendimento de forma prática. Até a idade acaba sendo algo muito difícil de se lembrar ou calcular.
Assim como em outros distúrbios, o grau de comprometimento da discalculia irá variar de aluno para aluno.
Como já dissemos, tudo depende da identificação precoce e efetiva dos sintomas e das intervenções
adequadas, vejamos quais são esses sintomas (PIMENTA, 2017):
 Ignora números e tem dificuldades em contar objetos e estabelecer ordem lógica;
 Não conseguem identificar quantidades e dimensões de objetos;
 Tem dificuldade de reconhecer símbolos numéricos.
PROBLEMAS NA ESCOLA

Os sinais aparecem antes da idade escolar, percebe-se a dificuldade que a criança tem em contar, em
sequenciar, em organizar por ordem numérica, em entender a idade, em se localizar espacialmente se isso
envolver números. Conforme essa criança cresce e aprende, as dificuldades com questões matemáticas
aumentam. Na escola, ela irá apresentar então, problemas que chamarão atenção para uma intervenção,
tais como:
 Identificar os números e as quantidades que eles representam;
 Problemas em entender as quatro operações básicas: soma, subtração, multiplicação e divisão;
 Apresenta formas de contar rudimentares, como os dedos, enquanto os colegas avançam para as
operações mentais;
 Tem dificuldades com volume, massa, quantidade, grupos e subgrupos, noções de maior e menor, entre
outras operações mentais.
DIFICULDADES NO COTIDIANO

 Problemas com cálculos de frações, porcentagens, as


quatro operações;
 Dificuldades em acompanhar jogos e brincadeiras
que envolvam operações numéricas;
 Dificuldades em entender as práticas esportivas;
 O adulto com discalculia pode apresentar dificuldade
em ler gráficos, planilhas, tabelas, calendários,
agendas, cronogramas.
ESTRATÉGIAS ESCOLARES

 Inserir jogos matemáticos nas aulas;


 Permitir uso de calculadora e tabela tabuada;
 Ser paciente e prestar atenção nas dificuldades que o aluno
apresentar;
 Usar materiais como: caderno quadriculado, material dourado, blocos
lógicos, entre outros;
 Usar materiais concretos para solucionar problemas de matemática;
 Adaptar as provas e outras avaliações;
 Usar o máximo que conseguir os recursos tecnológicos.
PARA ENTENDER MAIS...

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DISCALCULIA: A DIFICULDADE
EM LIDAR COM OS NÚMEROS
ENTENDA O DISTÚRBIO
A ORIGEM DA DISCALCULIA

Não se sabe exatamente qual a causa da discalculia, porém, é de origem neurobiológica, assim como a
dislexia. O funcionamento de uma área do cérebro é diferente, possivelmente a área relacionada aos
conceitos matemáticos. Existe a hipótese de uma causa genética, já que existem muitos casos em que
pais e filhos manifestam o distúrbio.
A origem também pode estar relacionada ao desenvolvimento cerebral. “Estudos de imagem cerebral
mostraram algumas diferenças na função e estrutura cerebral de indivíduos com discalculia. As diferenças
estão na área de superfície, espessura e volume de certas partes do cérebro (PIMENTA, 2017) ”. Partes
do cérebro ligadas à memória e ao planejamento também parecem ser afetadas.
Também existe a possibilidade de influência do ambiente. Pode ocorrer em bebês prematuros, que
nascem com baixo peso ou com Síndrome do Alcoolismo Fetal (SAF). Lesões cerebrais também podem
resultar em discalculia, havendo a possibilidade então de ela ser adquirida. O fato é que não está ainda
concluído nenhum estudo que comprove que esse funcionamento cerebral seja originado na genética ou
no ambiente (PIMENTA, 2017).
ACALCULIA

Essa dificuldade tem origem em algum comprometimento adquirido após lesão cerebral, sendo
que o indivíduo já possuía habilidades desenvolvidas. Então, se trata de uma perda de
habilidades, após acidente neurológico. A Acalculia, segundo Hecaen et. al. (1961, apud
BASTOS, 2016), se divide em:
 Alexia e grafia para números: compromete o hemisfério cerebral esquerdo causando
dificuldade para lidar com quantidades;
 Acalculia espacial: compromete o hemisfério cerebral direito dificultando a orientação
espacial e os cálculos relacionados a esta;
 Anaritmetia: falta de habilidades com operações aritméticas, resultado de um
comprometimento dos dois hemisférios cerebrais.
DISCALCULIA DO DESENVOLVIMENTO - DD

É consenso que a discalculia é de origem neurológica, ou seja, existe alguma


característica no funcionamento do cérebro que prejudica os cálculos lógico-
matemáticos. Ela acomete ente 5 e 7% dos alunos do ensino regular, no
mundo, e se dá tanto em meninos como meninas. Geralmente aparece em
comorbidade com outros distúrbios, principalmente a dislexia, sendo que de
forma pura só aparece em 1% dos casos (VILLAR, 2017). Quanto à
classificação científica, segundo CID 10 - Classificação Estatística
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (apud Villar,
2017, p.46) temos:
O CID 10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas
Relacionados à Saúde) descreve que Discalculia é o: transtorno que implica
uma alteração específica de habilidade em aritmética, não atribuível
exclusivamente a um retardo mental global ou à escolarização inadequada. O
déficit concerne ao domínio de habilidades computacionais básicas de adição,
subtração, multiplicação e divisão mais do que as habilidades matemáticas
abstratas envolvidas na álgebra, trigonometria, geometria ou cálculo.
DSM-V: Diagnostic and Statistical Manual

Para a ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA (APA –


American Psychiatric Association):
Discalculia é um termo alternativo usado em referência a um
padrão de dificuldades caracterizado por problemas no
processamento de informações numéricas, aprendizagem de
fatos aritméticos e realização de cálculos precisos ou fluentes.
Se o termo discalculia for usado para especificar esse padrão
particular de dificuldades matemáticas, é importante
também especificar quaisquer dificuldades adicionais que
estejam presentes, tais como dificuldades no raciocínio
matemático ou na precisão na leitura de palavras (DSM-V,
2014, p. 67).
TIPOS DE DISCALCULIA – Ladislav Kosc

 Discalculia verbal: dificuldades em nomear quantidades matemáticas, os números, os termos


e os símbolos;
 Discalculia practognóstica: dificuldades para enumerar, comparar, manipular objetos reais ou
em imagens;
 Discalculia léxica: dificuldades na leitura de símbolos matemáticos;
 Discalculia gráfica: dificuldades na escrita de símbolos matemáticos;
 Discalculia ideognóstica: dificuldades em fazer operações mentais e na compreensão de
conceitos matemáticos;
 Discalculia operacional: dificuldade na execução de operações e cálculos numéricos.
TIPOS DE DISCALCULIA II – Michael Farrell

a) Discalculia Espacial: dificuldade em avaliação e organização viso espacial;


b) Anaritmetria: perturbação na utilização de procedimentos aritméticos, como
confusões entre operações escritas como adição, subtração, divisão e multiplicação.
c) Discalculia Léxica: dificuldade em compreender a linguagem matemática (e seus
sinônimos) com a simbologia, como exemplo, subtrair, retirar, deduzir, menos e “- ”
d) Discalculia Gráfica: dificuldade em escrever os símbolos e dígitos que são
indispensáveis para a realização do cálculo.
e) Discalculia Practográfica: deficiência na capacidade de manipular objetos
concretos ou ilustrados, ou seja, pode apresentar dificuldade em comparar dois
objetos em relação ao tamanho e peso.
CLASSES DA DISCALCULIA

Embora essas classificações ainda não sejam um consenso, podem ajudar a entender as
dificuldades que o aluno tem em relação à matemática e se estas dificuldades podem estar
relacionadas a um distúrbio neurológico. Por fim, Campos (2014, p. 26, apud Villar, 2017, p.
49), divide a discalculia em três classes:
 Natural: a criança ainda não foi exposta a todo processo de contagem, logo não adquire
conhecimentos suficientes para compreender o raciocínio matemático;
 Verdadeira: não apresenta evolução favorável no raciocínio lógicomatemático, mesmo
diante de diversas intervenções pedagógicas;
 Secundária: sua dificuldade na aprendizagem matemática está associada a outras
comorbidades, como por exemplo, a dislexia.

DICA DE LIVRO PARA CRIANÇAS: ALEX NO PAÍS DOS NÚMEROS, DE ALEX BELLOS.
Para aprender matemática de forma divertida!    
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O RACIOCÍNIO LÓGICO-
MATEMÁTICO

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INTRODUÇÃO

O desenvolvimento do raciocínio lógico inicia-se bem antes de a criança passar pelo processo
de alfabetização nos primeiros anos início do Ensino Fundamental. Na faixa etapa da Educação
Infantil já são trabalhados alguns conceitos de número e operações lógicas. Esse trabalho deve
ser muito concreto, baseado no manuseio de materiais, permitindo que as crianças se
familiarizem mais facilmente com os conceitos matemáticos. Se esse trabalho for realizado
adequadamente, a relação da criança não só será menos traumática, como se tornará amigável.
Nesta aula, iremos descrever o início da relação da criança com a matemática e o
desenvolvimento do conceito de número e do raciocínio lógico-matemático.
A Matemática pode ser considerada uma linguagem simbólica que expressa relações espaciais
e de quantidade. Sua função, assim como a da linguagem, é desenvolver o pensamento. Os
números são instrumentos usados para se registrar ou comunicar ideias e relações de
quantidade.
A RELAÇÃO DA CRIANÇA COM NÚMEROS

O biólogo suíço Jean Piaget (1953), importante teórico usado na educação


infantil, considera um erro supor que a criança apenas adquira a noção de
número quando ensinada. Ele afirma que a relação da criança com números
se inicia muito cedo, nas relações com objetos, brinquedos e com o
desenvolvimento da linguagem. A escola, segundo ele, precisa tomar cuidado
para não alfabetizar a criança muito precocemente (nem em letras, nem em
números) para não prejudicar a aquisição do letramento, tornando o processo
excessivamente mecânico.
As primeiras interações da criança com os números são bastantes lúdicas e
naturais. À medida que brinca com formas, com quebra-cabeças e com caixas
que cabem dentro de caixas, a criança adquire uma noção do conceito pré-
simbólico de tamanho, de número e de forma. Ao enfiar contas em um
barbante ou colar figuras, adquire a noção de sequência e de ordem. E Piaget e os tipos de
quando utiliza as palavras “não cabe mais” e “acabou”, vai adquirindo a noção
de quantidade. Assim, importantes ações lógicas são construídas conhecimento:
mentalmente nessas relações com os objetos, tais como: https://www.soescola.com/2017/09/jean-
piaget-e-os-tipos-de-conhecimento.html
Analisar; Sintetizar; Comparar; Transformar; Relacionar; Generalizar/
implicar; Classificar; Criar e Ordenar.
Etapas do Raciocínio Lógico-Matemático

 Identificação: Tendo um elemento à sua frente, ela vai identificá-lo e


conhecer esse material exposto. Por isso observar cor, tamanho e forma;
desse modo, estará percebendo os atributos inerentes ao material.
Nessa etapa, é importante que entre em contato com um material de
cada vez;
 Relação: Após conhecer os atributos de cada elemento, ela terá
condições de estabelecer relações, isto é, de perceber o que é comum a
dois elementos, selecionando-os segundo as semelhanças;

Classificação: Nesta etapa as crianças já têm o


conceito de igualdade. Poderão assim, classificar e
nomear os atributos semelhantes e agrupá-los. Essa
classificação de acordo com uma propriedade lhes dará
a ideia de pertinência, isto é, todos os elementos com
aqueles mesmos atributos pertencem a um só conjunto.
Seres e atributos podem ser classificados segundo uma
hierarquia de valores, ou sua utilidade, denominação,
etc.
A fase de classificação envolve muitas ações e muitas
formas de raciocinar, assim ela também apresenta
algumas etapas, que podem ser descritas assim:

• Aos 4 anos: As crianças já classificam por


identidade os objetos equivalentes pela
semelhança. Depois, trabalham com mais de dois
objetos, “este é igual a este” e “aquele é igual a
estes dois”;

• Aos 5 anos: São capazes de certa generalização e


agrupam maior número de objetos, procurando o Imagens: criando com apego.
atributo que os torna equivalentes. Já conseguem
formar subgrupos;

• Aos 6 anos: Estabelecem relações, separam


subgrupos e sabem que são partes de um grupo
maior. Já definem atributos pelos quais o objeto foi
classificado.
ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DO RACIOCÍNIO LÓGICO-
MATEMÁTICO: CONTINUAÇÃO.

 Seriação (ordenação): a criança precisa estabelecer as diferenças para saber seriar o que é igual
(estabelecer uma sequência, organizar uma fileira). Nesta etapa, o professor pode trabalhar com todos os
conceitos matemáticos: grande e pequeno, grosso e fino, largo e estreito, alto e baixo. O professor pode
fazer diversas atividades com materiais como: grãos, pedaços de madeira, contas, blocos, etc. É importante
que a criança trabalhe concretamente porque, além de verbalizar, estará lidando objetivamente com a
linguagem matemática;
 Sintetização (composição): A criança consegue estruturar seu conhecimento e fazer uma análise dos
objetos. Ainda não usa o conceito de tridimensionalidade, mas já tem noção de tamanho, de distância e sabe
que pode mudar os elementos diferentes, formando novos conjuntos;
 Transformação: a criança percebe que pode fazer mudanças, substituições, mas não tem condições ainda
de perceber a constância, pois não tem a noção de reversibilidade, ou seja, a noção de que, se um elemento
muda de aparência, não significa que ele seja outra coisa. Exemplo: ao dar à criança um pedaço de
massinha em cilindro e uma mesma quantidade em forma de bola, a criança não conseguirá perceber que
ambas têm a mesma quantidade embora estejam em formas diferentes. Tais alterações somente serão
percebidas à medida da experiência, na medida em que faz e desfaz.
PROVAS OPERATÓRIAS DE JEAN PIAGET

ATIVIDADES COM BLOCOS LÓGICOS


NA EDUCAÇÃO INFANTIL:
https://www.ensinandomatematica
.com/atividades-com-blocos-
logicos-na-educacao-infantil/

Provas operatórias de Jean Piaget e sua


teoria de desenvolvimento:
http://www.helioteixeira.org/ciencias-da-
aprendizagem/teoria-do-desenvolvimento-
cognitivo-de-jean-piaget/
 Implicação (generalização): Nesta etapa, a criança já
adquiriu uma série de conceitos e já consegue estendê-los
para outras áreas de sua vida. Implicação significa
resultado final de uma ação, é a dedução feita a partir da
observação dos elementos expostos. Sua compreensão
depende da noção que a criança consegue ter inicialmente
a respeito de causa e efeito. Exemplo: “e eu caio de uma
escada, posso quebrar o braço”. E também da noção de
antes e depois. A cada novo conceito é necessário que a
criança integre os já conhecidos. Por isso, cada etapa
deve respeitar a sequência estabelecida;

 Equivalência: A noção de equivalência é fundamental


para que a criança possa comparar dois elementos. Tanto
as noções de volume como de quantidade deverão ser
trabalhadas concretamente. Materiais a serem usados:
líquidos, grãos em recipientes como caixas, copos, etc.

Atividades com blocos lógicos:


https://www.semprefamilia.com.br/blogs/cantinhoped
agogicodasil/atividades-com-blocos-logicos/
O ambiente escolar precisa oferecer: cores, formas, densidades,
texturas e tamanhos para os objetos. Estes, são percebidos pela
criança pela sua observação e vivência das seguintes experiências:

- Manipulação de objetos, separando-os ou agrupando-os


segundo seus atributos;
- Nomear objetos e seus atributos;
- Seriar objetos (ordenar por tamanhos e quantidades);
- Classificar objetos (os de papel, os de madeira, os de metal,
os de vidro).

A construção do conceito de número não pode ser ensinada; é uma


ideia construída internamente pela criança a partir de relações entre
quantidades. Por exemplo:

- Ordenar objetos para contá-los (não precisa ordená-los


espacialmente, mas sim, mentalmente);
- Concluir que as quantidades contadas independem da
disposição dos objetos e estão dentro do todo que os integra.
DISTÚRBIOS DE
APRENDIZAGEM

AVALIAÇÃO CONTÍNUA E INTERDISCIPLINAR


INTRODUÇÃO

No cotidiano escolar, podemos notar que muitas crianças têm problemas para aprender, para se
adaptar, para se sentirem integradas e acolhidas. Atualmente, a escola tem tentado ensinar, de
modo justo, a todos os alunos que recebe. Porém, com a grande diversidade do seu público,
essa tarefa tem sido bastante trabalhosa, já que além de atender muitos alunos, estes também
apresentam ritmos de aprendizagem diferenciados.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996 afirma que todas as crianças entre 4 e 17
anos devem estar matriculadas e frequentando a escola. Sendo assim, existe uma grande
quantidade e variedade de alunos que a escola recebe, os educadores então, identificam
dificuldades e problemas de vários níveis que interferem no progresso de alguns alunos. Antes
de se encaminhar para uma intervenção, o educador precisa ter algumas informações sobre
essas dificuldades, então, é importante que diferenciemos os conceitos antes de nos
aprofundarmos mais especificamente nos distúrbios.
DIFICULDADE, DISTÚRBIO, DEFICIÊNCIA

 Dificuldade de aprendizagem: inadequação de rendimento, sem déficit cognitivo, prejuízo


sensorial, mental ou físico. Geralmente têm problemas de atenção, baixa autoestima,
dificuldades de memória, problemas linguísticos, atrasos motores;
 Distúrbio de aprendizagem: são caracterizados por problemas neurológicos. O cérebro
funciona de um modo que perturba a relação com a oralidade, a escrita, o raciocínio lógico
ou outros fatores. Exemplos: dislalia, dislexia, disgrafia;
 Deficiência de aprendizagem (deficiência mental): incapacidade intelectual acentuada,
geralmente com algum grau de retardo mental e comprometimento cognitivo, motor e social;
isso causa um atraso no aprendizado e desenvolvimento do aluno.
POSSIBILIDADES ATUAIS

Podemos entender que existem problemas que podem ser resolvidos dentro da escola, já que estão ao
alcance desta, porém, existem outros que fogem da responsabilidade da mesma e precisam de uma
intervenção que envolva não só um diagnóstico, mas o tratamento de uma equipe multidisciplinar. Essa
possibilidade de tratamento, porém, é algo bem recente. Até o século XX, muitas crianças com dificuldades
simples de aprendizado, acabaram estigmatizadas e ridicularizadas por falta de conhecimento científico
sobre os distúrbios de aprendizagem. A escola era padronizada de tal forma que alunos que não se
adaptassem aos métodos tradicionais de ensino acabavam reprovados e em algum tempo abandonavam
os estudos.
A partir de 1980, a Psicopedagogia começa a trabalhar com uma visão global da aprendizagem e seus
decorrentes processos. Atua desde então, frente aos casos mais frequentes de problemas de
aprendizagem, tais como: disgrafias, discalculias, dislexias, hiperatividades, que sempre causaram
estigmas aos estudantes, considerados “incapazes para aprender” .
ESTRATÉGIAS DE ENSINO

 Usar as metodologias ativas: o método tradicional de ensino não dá conta de ensinar alunos com
problemas de aprendizagem, eles precisam que os conteúdos sejam aplicados de forma ativa, ou seja, com
atividades práticas e significativas;
 Atentar para o aspecto individual: cada aluno precisa ser acompanhado individualmente, pelo menos nas
avaliações, com tarefas e provas adaptadas. Por exemplo, o aluno disléxico precisa de um ledor para sua
prova. Além disso, o progresso avaliado não deve ser comparado ao dos outros alunos;
 Usar o lúdico: a escola deve contar com as atividades lúdicas para estimular o desenvolvimento cognitivo e
social dos alunos;
 Investir em tecnologias: muitos programas de computador têm sido desenvolvidos para auxiliar pessoas
com problemas de aprendizagem. Também há aplicativos e recursos de tecnologia de assistiva, materiais
didáticos adaptados, atividades digitalizadas, entre outros;
 Criar uma rede de apoio: através de grupos em redes sociais, a escola pode criar uma rede de troca de
informações e ideias, que envolva pais, professores, psicopedagogos e gestores.
AVALIAÇÃO INTERDISCIPLINAR
TECNOLOGIAS ALIADAS DA ESCOLA

 Programas tutoriais: existem muitos vídeos na internet ensinando a fazer todo tipo de coisas, como
cozinhar, consertar objetos, fazer artesanato. Com os conteúdos acadêmicos não é diferente, existem
muitos tutoriais ensinando as matérias que são aprendidas na escola. A vantagem dos tutoriais é o fato
de o computador poder apresentar o material com outras características que não são permitidas no
papel como a animação, sons e a possibilidade de interação;
 Programa de exercício e prática: os programas de exercício e prática são utilizados para revisar o
material visto em classe principalmente o que envolve memorização e repetição, como matemática e
vocabulário. A vantagem desse tipo de programa é o fato do professor dispor de uma infinidade de
exercícios que o aprendiz pode resolver de acordo com o seu grau de conhecimento e interesse;
 Jogos educacionais: é um recurso que une o aspecto lúdico e a aprendizagem, ou seja, através dos
jogos eletrônicos didáticos, o aluno aprende e se diverte.
Google Forms: para fazer suas próprias questões. Site: https://workspace.google.com/intl/pt-
BR/products/forms/?utm_source=google&utm_medium=cpc&utm_campaign=latam-BR-all-pt-dr-bkws-all-
all-trial-e-dr-1009103-LUAC0011908&ut
DICAS

12 aplicativos para aprender


matemática:
https://novosalunos.com.br/conheca
-12-aplicativos-de-matematica-para-
aprender-no-dia-a-dia/
AVALIAÇÃO FORMATIVA E CUMULATIVA

 Prestar atenção diária a esses alunos, atentando-se às suas dificuldades,


auxiliando-os sempre que possível;
 Adotar um método flexível de ensino, que valorize as habilidades dos alunos;
 Adotar avaliações adaptadas aos alunos com distúrbios e outras dificuldades;
 Estar sempre atualizado sobre atividades e práticas pedagógicas adequadas
para os distúrbios de aprendizagem;
 Não estigmatizar, nem humilhar, nem repreender excessivamente alunos com
dificuldades, devemos lembrar que a criança não tem culpa do distúrbio;
 Manter o psicopedagogo e a família informados sobre o rendimento do aluno;
 Acolher e motivar o aluno com dificuldade, mostrando a ele que pode ensiná-lo
e que ele é capaz de aprender.
O USO DE JOGOS MATEMÁTICOS NO TRATAMENTO
DOS DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM

BRINQUEDOS, JOGOS E BRINCADEIRAS


SISTEMA ESAR

Esse método foi elaborado pela psicóloga canadense Denise Garon,


em 1982. Sua sigla significa: E de exercício, S de símbolo, A de
acoplagem (montagem, encaixe) e R de regra simples. Se trata de
um esquema de análise das etapas de interação das crianças com
brinquedos, brincadeiras e jogos e foi inspirado da teoria piagetiana
de desenvolvimento cognitivo.
Trata-se de um sistema para análise e classificação dos brinquedos
de maneira lógica e eficaz, que considera as dimensões educativas
dos jogos e dos brinquedos, e cujas categorias são referidas em
linguagem psicopedagógica, apresentadas numa ordem cumulativa
e hierárquica.
JOGOS LÚDICOS
• Jogo de exercício: jogo sensorial do tipo visual, auditivo, tátil,
olfativo, gustativo; jogo motor; jogo de manipulação. Dica:
https://grupotavarua.wordpress.com/2017/08/08/jogos-
recreativos-e-sensoriais/
• Jogo simbólico: de faz-de-conta, de representação de papéis;
• Jogo de construção: de montagem, de arranjo de peças, de
construções mecânicas, eletromecânicas, elétricas, científicas
e artísticas;
• Jogos de regras simples: loto, dominó, de sequência, de
circuito, de destreza, jogo esportivo elementar, jogo
estratégico elementar, jogos de azar, de questões/resposta
elementar, de vocabulário, de matemática, de teatro;
• Jogos de regras complexas: de reflexão, esportivo complexo,
estratégia complexa, de azar, questões/respostas complexas,
vocabulário complexo, análise matemática complexa, de
montagem complexa, de representação complexa, de cenas
complexas.
CONDUTAS COGNITIVAS

• Conduta sensório-motora: de repetição, de reconhecimento


sensório-motor, de generalização sensório-motora, de
raciocínio prático;
• Conduta simbólica: evocação simbólica, ligações
imagens/palavras, expressão verbal, pensamento
representativo;
• Conduta intuitiva: triagem, pareamento, discriminação das
cores, de tamanhos, de formas, de texturas, discriminação
temporal, espacial, associação de ideias, raciocínio intuitivo;
• Conduta operatória-concreta: classificação, seriação,
correspondência de agrupamento, relação imagens/palavras,
enumeração, operações numéricas, conservação de
quantidades físicas, relações espaciais e temporais,
coordenadas simples, raciocínio concreto;
• Conduta operatória-formal: raciocínios hipotéticos,
dedutivos, indutivos, combinatório, sistema de
representações complexas e de coordenadas complexas.
HABILIDADES FUNCIONAIS

• Exploração: percepções visuais, auditivas, táteis,


gustativas, olfativas; localização visual e auditiva; preensão;
deslocamento; movimento dinâmico no espaço;
• Imitação: reprodução de ações, de objetos, de eventos, de
papéis, de modelos, de palavras, de sons, aplicação de
regras, atenção visual e auditiva, discriminação tátil,
gustativa, olfativa, memória visual, tátil, gustativa, olfativa,
coordenação olho – mão, olho - pé, orientação espacial,
orientação temporal;
Artes na Educação
• Performance: acuidade visual e auditiva, destreza, Infantil:
flexibilidade, agilidade, resistência, força, rapidez, http://blog.bestplay.com.
precisão, paciência, concentração, memória lógica; br/atividades-de-artes-
• Criação: criatividades expressivas, produtivas, inventivas. para-educacao-infantil/
ATIVIDADES SOCIAIS E LINGUÍSTICAS
Atividades Sociais
• Atividade individual: atividade solitária e atividade paralela;
• Participação coletiva: atividades associativas, competitivas, cooperativas;
• Participação variável: atividade solitária ou paralela; solitária associativa; solitária
competitiva; solitária cooperativa.
Habilidades Linguísticas
• Linguagem receptiva oral: discriminação verbal, pareamento verbal, decodificação
verbal;
• Linguagem produtiva oral: expressão pré-verbal, reprodução verbal de sons,
nomeação verbal, sequência verbal, expressão verbal, memória fonética, memória
semântica, memória léxica, consciência da linguagem, reflexão sobre a língua;
• Linguagem receptiva escrita: discriminação de letras, correspondência letra-som,
decodificação silábica, decodificação de palavras, decodificação de frases e de
mensagens;
• Linguagem produtiva escrita: memória ortográfica, gráfica, gramatical, sintática,
expressão escrita.
CONDUTAS AFETIVAS

• Confiança: não diferenciação, sorriso como


resposta social, apego a um objeto transacional,
angústia frente ao desconhecido;
• Autonomia: conhecimento do nome, do corpo, de
si;
• Iniciativa: diferenciação de sexos, identificação
parental, aprendizagem de papéis sociais;
• Trabalho: curiosidade intelectual, reconhecimento
social, identificação extrafamiliar;
Dinâmicas de grupo para Educação
• Identidade: procura de uma personalidade, Infantil:
aprendizagem de formas de aprendizagem social. http://cantinhodosaber.com.br/dinamicas/dina
mica-de-grupo-para-a-educacao-infantil-e-
ensino-fundamental/
BRINQUEDOS POR FAIXA ETÁRIA
• Para as crianças de 2 a 4 anos: brinquedos ou jogos de encaixar
(figuras geométricas), empilhar (vários tamanhos), enroscar,
manipular, de ligar peças. Blocos grandes de armar, quebra-
cabeças, bolas, carrinhos de empurrar ou arrastar, conjuntos
plásticos de brincar na areia, roupas de super-heróis, personagens
infantis, bichos, maquiagem, perucas, etc.;

• Para as crianças de 4 a 6 anos: jogos de ensinar a contar, a


reconhecer tamanhos e cores, blocos de armar, blocos lógicos,
dominós, jogos de correspondência numérica, de memória,
quebra-cabeças (encaixes de 20 a 50 peças), roupas, sapatos,
bolsas, chapéus, óculos, perucas, maquiagem, outros adereços
para dramatização, panelinhas, fogões, kit para cozinha,
vassourinhas, pás, kit para limpeza, maleta do médico,
ferramentas para consertos, bonecas, roupinhas, banheira,
cadeirinha, carrinho de passear, berço, carrinho de feira,
prateleiras de mercado, frutinhas plásticas, etc.
Sala dos cantinhos simbólicos
• Cantinho da leitura;
• Cantinho de passear;
• Cantinho de cozinhar: fogãozinho, panelinhas, comidinhas plásticas,
mamadeiras;
• Cantinho da feira: carrinho de feira, barracas, frutinhas e legumes plásticos;
• Cantinho do supermercado: carrinho de supermercado, sucatas de embalagens;
• Cantinho do banho: banheira, bonecas plásticas, roupinhas para trocar, pentes
e adereços para enfeitar os cabelos das bonecas;
• Cantinho de dormir: bonecas, caminhas, bercinhos, travesseiros, panos;
• Cantinho das profissões: cabelereira, costureira, médico, dentista, marceneiro,
sapateiro;
• Cantinho dos transportes: caminhões, blocos de madeira, carrinhos de
empurrar e de puxar;
• Cantinho do faz-de-conta/ teatros (fantasias, roupas, chapéus, espelho, Como organizar:
maquiagem, perucas). http://www.professorasnaweb.c
om/2014/08/o-que-sao-os-
cantinhos-diversificados.html
JOGOS DE PERCURSO

Jogos Matemáticos para alfabetização:


O que são os jogos de percurso:
https://novaescola.org.br/conteudo/4726/b
https://bosquedasletras.com.br/voce-conhece-jogos-
log-de-alfabetizacao-jogos-incriveis-e-
de-percurso/
simples-para-a-alfabetizacao-matematica
DISCALCULIA
Uma abordagem à luz da Educação
Matemática
INTRODUÇÃO
A discalculia é um problema de aprendizagem que interfere muito no cotidiano
de quem tem esse distúrbio. A matemática, mesmo que não percebamos, faz
parte de várias atividades diárias, dentro e fora da escola.
Sendo assim, uma educação matemática voltada para a superação da discalculia
deve envolver aspectos da vida do aluno, atividades práticas, conteúdo
contextualizado, entre outras adaptações. Nesta aula, iremos entender como o
ensino de matemática deve ser aplicado para que ela deixe de ser um tabu.
Novo Paradigma Educacional
• Escola de elite  escola popular.
• Diversidade.
• Gerações acostumadas às tecnologias da informação.
• Diferentes ritmos de aprendizagem.
• Crescimento dos problemas de aprendizagem.
• Discalculia: desafio para o professor.
• Parceria entre família, professores, psicopedagogo e
outros profissionais. Troca de informações e ideias.
NEUROPSICOLOGIA
• Problemas de memória;
• Melhorias na coordenação motora, fina e grossa;
• Percepção sensorial mais efetiva;
• Desenvolvimento da linguagem e da
comunicação;
• Treinamento do raciocínio lógico.
Aprendizagem Significativa
O método tradicional de ensino de matemática, somente com aulas teóricas e
expositivas, usando cópia e lousa, não dá conta mais de ensinar sequer os alunos mais
hábeis, quem dirá os que têm problemas de aprendizagem. Não se concebe mais um
ensino de matemática que seja descontextualizado e desprovido de significação.
Assim, a Teoria de Aprendizagem Significativa, desenvolvida pelo psicólogo
americano David Ausubel, é de imensa importância da atualidade quando pensamos
em pedagogias mais ativas. Ausubel afirma que a aprendizagem deve fazer sentido para
quem aprende. O conteúdo ensinado deve ter alguma relação com a realidade do aluno
e também com o que este já aprendeu.
JOGOS MATEMÁTICOS
Através da conexão entre jogos, brincadeiras e a matemática, o professor pode criar situações
na sala de aula que impulsione os alunos à compreensão e à familiarização com a linguagem
matemática, estabelecendo ligações cognitivas entre a linguagem materna, conceitos da vida real
e a linguagem matemática formal, dando oportunidades para eles escreverem e falarem sobre o
vocabulário matemático, além de desenvolverem habilidades de formulação e resolução de
problemas, enquanto desenvolvem noções e conceitos matemáticos (SILVA, 2008, p. 29).
• Resolução de situações-problema;
• Aplicação da teoria.
O jogo e o Raciocínio
• Entender o enunciado, ler e reler;
• Organizar as informações fornecidas no enunciado;
• Elaborar um esquema de como usar essas
informações em seus cálculos;
• Selecionar conhecimentos para resolver o problema,
como buscar fórmulas, por exemplo;
• Calcular e analisar resultados;
• Verificar se a solução encontrada é adequada ao que
foi pedido.
SITUAÇÃO-
PROBLEMA

Fonte: Atividades de
Matemática. Disponível em:
https://www.atividadesmatema
tica.com/2017/05/atividades-
situacao-problema-3o-ano.html
DICAS DE JOGOS

Palitos:
MATIX https://catracalivre.com.br/criatividade/exercite
-sua-logica-com-o-lendario-jogo-dos-palitos/
Jogo dos Hexágonos
DICAS DE LIVROS

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