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TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL PARA CRIANÇAS

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma abordagem terapêutica muito utilizada


para ajudar crianças que enfrentam desafios emocionais e comportamentais. Essa forma de
terapia parte do princípio de que nossos pensamentos influenciam nossas emoções e
comportamentos, e busca auxiliar as crianças a reconhecer e modificar padrões de
pensamento negativos ou prejudiciais.
Nesse sentido, a modalidade de terapia psicológica é adaptada especificamente para atender
às necessidades e capacidades do desenvolvimento infantil. Geralmente, é realizada com a
colaboração dos pais ou responsáveis, bem como com a participação ativa da criança. A
terapia pode ser oferecida tanto individualmente quanto em grupo, dependendo das
necessidades específicas da criança. Assim, vindo a proporcionar o tratamento de uma ampla
série de problemas emocionais e comportamentais, tais como ansiedade, depressão,
transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), problemas de comportamento,
transtorno opositivo desafiador (TOD), transtornos alimentares, enurese noturna, entre outros.
A terapia deve ser realizada de forma individual, destacando a variação de comportamento de
um paciente para outro. Dessa forma, almejando o tratamento do transtorno de uma forma
gradual e suave, evitando medidas bélicas.
Nessa conjuntura, Martin e Pear afirmam:

“Crianças frequentemente, têm adultos como modelo e os imitam. Se os adultos aplicam


punição em crianças, as crianças aprendem a fazer o mesmo com os outros. Então, punindo a
criança, nós podemos, inadvertidamente, estar provendo um modelo a ser seguido por elas,
qual seja apresentar estímulos aversivos aos outros. Por exemplo, crianças que foram
ensinadas a brincar com um jogo no qual elas eram multadas pelos comportamentos
incorretos,multavam outras crianças para as quais elas ensinavam o jogo” (pág. 157)
Portanto, é evidente que as crianças tendem a observar e imitar o comportamento dos adultos
ao seu redor. Se os adultos utilizam a punição como método de disciplina, as crianças
aprendem que é aceitável e até mesmo necessário punir os outros quando eles cometem erros
ou se comportam de maneira inadequada.
Ao punir uma criança, sem intenção consciente, estamos inadvertidamente fornecendo a ela
um modelo de comportamento a ser seguido. Isso ocorre porque as crianças aprendem através
da observação e imitação dos adultos, especialmente aqueles que são importantes para elas,
como pais, professores ou cuidadores.
Nesse contexto, o exemplo mencionado na citação ilustra como que são ensinadas a brincar
com um jogo que impõe multas por comportamentos incorretos acabam replicando o mesmo
padrão de punição em outras crianças. Essas crianças demonstram um comportamento de
multar os colegas com base no que aprenderam, estabelecendo um ciclo no qual a punição é
perpetuada.
Nesse sentido, é importante destacar sobre o tipo de modelo de terapia que os profissionais
direcionam a esse público. É fundamental que os adultos sejam conscientes de suas próprias
práticas disciplinares e busquem utilizar métodos que promovam o desenvolvimento saudável
e o bem-estar emocional das crianças, evitando a perpetuação de um ciclo de punição e
estímulo de estímulos aversivos aos outros.
Portanto, em concordância com os argumentos apresentados, é importante lembrar que
existem diferentes abordagens para disciplinar as crianças, e a punição nem sempre é a mais
eficaz e adequada. Métodos baseados em incentivos, reforços positivos e comunicação
assertiva são alternativas que podem promover um ambiente mais saudável e estimular
comportamentos desejáveis nas crianças.
Além das abordagens mencionadas, é relevante explorar a importância da criação de um
ambiente emocionalmente seguro durante o processo terapêutico. A Terapia
Cognitivo-Comportamental para crianças busca não apenas identificar e modificar padrões de
pensamento, mas também promover a expressão saudável de emoções.
A inclusão de atividades lúdicas e técnicas terapêuticas adaptadas à faixa etária da criança
pode facilitar a comunicação e o entendimento dos sentimentos. Isso contribui para que a
terapia seja percebida como um espaço acolhedor, permitindo que a criança desenvolva
habilidades emocionais e sociais de forma natural.
Além disso, a colaboração ativa dos pais ou responsáveis é essencial para o sucesso do
tratamento. Envolver a família no processo terapêutico fortalece as estratégias aprendidas
durante as sessões e promove a continuidade do suporte emocional em casa.
A flexibilidade na aplicação da Terapia Cognitivo-Comportamental é outra consideração
importante. Adaptar as técnicas terapêuticas conforme as necessidades individuais de cada
criança garante uma abordagem personalizada, levando em conta fatores como personalidade,
interesses e estilo de aprendizado.
Dessa forma, ao incorporar esses elementos, a Terapia Cognitivo-Comportamental para
crianças se torna não apenas um meio de tratar desafios específicos, mas também uma
oportunidade de promover o desenvolvimento global da criança, fortalecendo suas
habilidades emocionais, sociais e cognitivas.

REFERÊNCIAS
1.MARTIN, G.; PEAR, J. Modificação do comportamento: o que é e como fazer. 9. ed.
São Paulo: Roca, 2020.
2.NEUFELD, C. B. (Org.). Terapia cognitivo-comportamental em grupo para crianças e
adolescentes. Porto Alegre: Artmed, 2015.
3.CONCEIÇÃO, J.; BUENO, G. (Orgs.). 101 técnicas da terapia
cognitivo-comportamental. Canoinhas: Editora da UnC, 2020.
Disponível em: https://repositorio.unc.br:8443/xmlui/handle/123456789/200 Acesso em:
08 jan. 2024
4.BECK, J. S. Terapia cognitivo-comportamental: teoria e prática. Porto Alegre:
Artmed, 2007.
5. BECK, J. S. Terapia cognitivo-comportamental: teoria e prática. 2. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2013.
6. BECK, J. S. Terapia cognitivo-comportamental: teoria e prática. 3. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2021.

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