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Saúde e segurança da criança

Devido as amplas campanhas de imunização, diversas doenças da infância hoje são


muito menos comuns nas nações ocidentais industrializadas. Porém, nos países em
desenvolvimento, doenças que podem ser evitadas pela vacinação como sarampo, tosse
comprida e tétano ainda custam caro demais. Até mesmo nas sociedades avançadas, esta
é uma época menos saudável para algumas crianças do que para outras.

 Prevenção da obesidade

De acordo com relatos da Organização Mundial da Saúde, a prevalência de obesidade


infantil tem crescido em torno de 10 a 40% na maioria dos países europeus nos últimos
10 anos. A obesidade ocorre mais freqüentemente no primeiro ano de vida, entre 5 e 6
anos e na adolescência.

Segundo Belizzi (2002), no mundo todo, estimados 22 milhões de crianças com menos
de 5 anos são obesas. À medida que as comidas de lanchonete e industrializadas se
espalham para o mundo em desenvolvimento, cerca de 20 a 25% de crianças de 4 anos
de idade em alguns países, como Egito, Marrocos, e Zâmbia, são obesas – uma
proporção maior do que as que são desnutridas.

Uma tendência à obesidade pode ser hereditária, mas os principais fatores que levam a
obesidade são ambientais (AAP, 2004). O ganho de peso excessivo deve-se à ingestão
calórica e à falta de exercício (AAP Committee on Nutrition, 2003).

No Brasil, já foram realizados estudos verificando o aumento da obesidade infantil,


como apresentado na Tabela 1.

A obesidade está presente nas diferentes faixas econômicas no Brasil, principalmente


nas faixas de classe mais alta. A classe socioeconômica influencia a obesidade por meio
da educação, da renda e da ocupação, resultando em padrões comportamentais
específicos que afetam ingestão calórica, gasto energético e taxa de metabolismo.

A prevenção da obesidade nos primeiros anos de vida é crítica. Crianças acima do peso
tendem a tornar-se adultos obesos, e o excesso de massa corporal é uma ameaça à
saúde. Sendo assim, a segunda infância é considerada um momento adequado para tratar
o sobrepeso, quando a dieta da criança ainda está sujeita à influência dos pais.
Uma solução para prevenir a obesidade pode ser garantir que sejam servidas porções
adequadas às crianças em idade escolar mais velhas – e não forçá-las a limpar seus
pratos.

Dados coletados sobre aproximadamente 8.550 crianças em idade pré-escolar sugerem


que três fatores são críticos na prevenção da obesidade:

1. Comer regularmente uma refeição noturna junto com a família;


2. Ter uma quantidade adequada de horas de sono;
3. Assistir menos de 2 horas de televisão por dia.

 Subnutrição

A subnutrição é uma causa subjacente em mais da metade de todas as mortes antes dos 5
anos de idade. Dados da pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE mostram que, no
Brasil, a baixa renda familiar está diretamente relacionada à prevalência da desnutrição
infantil. Segundo Monteiro, a pobreza não deve ser considerada a causa da desnutrição,
mas é certo que há uma estreita ligação entre ambas.

Sabe-se que uma alimentação saudável passa inevitavelmente pela renda familiar; por
isso, a realidade da pobreza e da desigualdade social, que há longos anos perdura no
Brasil, tem sido apontada como uma das causas mais relevantes na gênese da
desnutrição, levando-a a ser entendida como uma questão de saúde pública. Outros
fatores como desnutrição intrauterina e pós-natal, partos prematuros, rápido abandono
do leite materno, doenças, infecções repetidas, ingestão insuficiente de alimentos
capazes de suprir as necessidades da criança, tanto de energia quanto de proteína, falta
de conhecimentos básicos sobre higiene, desemprego, proles numerosas e o vínculo
mãe/filho enfraquecido também podem ser considerados como relevantes na origem da
desnutrição.

A desnutrição também afeta o desenvolvimento infantil de forma significativa. Há


evidências de que o organismo de uma criança desnutrida promove uma diminuição da
atividade perceptível quando comparada às atividades de crianças que se alimentam de
maneira adequada.

As consequências da desnutrição no desenvolvimento infantil são numerosas, incluindo


o retardo no crescimento, retardo mental, atraso do neurodesenvolvimento, baixa
capacidade para resolução de problemas e recorrência de infecções, entre outras.

 Alergias alimentares

Uma alergia alimentar é uma resposta anormal do sistema imunológico a um alimento


específico. As reações podem variar de formigamento na boca e urticária a reações mais
sérias e potencialmente fatais como falta de ar e mesmo morte. Noventa por cento das
alergias alimentares podem ser atribuídas a sete alimentos: leite, ovos, nozes,
amendoim, peixe, soja e trigo. As alergias alimentares são mais prevalentes em crianças
do que em adultos, e a maioria das crianças superarão suas alergias. Em 2007, 4 em
cada 100 crianças já sofreram de algum tipo de alergia alimentar.

 Mortes e ferimentos acidentais


Mais de 800 mil crianças morrem no mundo todo a cada ano por queimaduras,
afogamento, acidentes de automóvel, quedas, envenenamentos e outros acidentes. A
maioria das mortes por lesões entre crianças em idade escolar ocorrem em casa –
frequentemente por incêndios, afogamento em banheiras, sufocação, envenenamento ou
quedas.

Para melhorar a segurança da criança, existem leis federais exigindo o uso de


cadeirinhas nos automóveis, tampas à prova de crianças nos vidros de remédio e em
outros produtos domésticos perigosos, a regulamentação da segurança dos produtos,
capacetes obrigatórios para ciclistas e armazenamento seguro de armas de fogo e de
remédios. Tornar as pracinhas mais seguras também é outra medida valiosa.

A saúde no contexto: influência ambientais

Algumas crianças têm mais doenças que outras devido aos fatores genéticos e condições
médicas. Entretanto, fatores ambientais também desempenham papéis importantes no
aumento de doenças na fase infantil.

1. Nível socioeconômico e raça/etnia:

Quanto mais baixo o nível socioeconômico (NSE) de uma família, maiores os riscos de
a criança enfrentar doenças, lesões e morte. As crianças pobres têm mais probabilidade
do que outras de terem condições crônicas e limitações de atividade, de não terem
planos de saúde e de não terem suas necessidades médicas e dentárias atendidas.

O acesso a cuidados de saúde de qualidade é um problema particularmente entre


crianças negras e de origem latina, especialmente as que são pobres ou quase pobres. De
acordo com o Children’s Defense Fund (2008), 1 em cada 5 crianças latinas e 1 em cada
8 crianças negras não tem plano de saúde comparado com uma taxa de 1 em cada 13
para crianças brancas.

Nos Estados Unidos, em 1997, o governo federal criou o State Children’s Health
Insurance Program (SCHIP) para ajudar os estados a estender a cobertura de cuidados
de saúde a crianças não seguradas de famílias pobres e quase pobres. Agora conhecida
simplesmente como CHIP, a lei aprovada em 2009 expandiu o programa e estendeu a
cobertura de 7 milhões para 11 milhões de crianças.

2. Falta de moradia:

Muitas crianças sem moradia passam seus primeiros anos em ambientes instáveis,
inseguros e frequentemente anti-higiênicos. Elas podem não ter fácil acesso a
tratamento médico e educação. Essas crianças sofrem de mais problemas de saúde do
que as crianças pobres que têm moradia, e têm mais probabilidade de morrer na
infância. As crianças sem moradia também tendem a sofrer de depressão e ansiedade e a
ter problemas acadêmicos e de comportamento.

3.1. Exposição a fumaça de cigarro:

O dano potencial causado pela exposição ao tabaco é maior durante os primeiros anos
de vida, quando os corpos das crianças ainda estão se desenvolvendo. Crianças expostas
ao tabagismo dos pais ou responsáveis têm um risco aumentado de infecções
respiratórias como bronquite e pneumonia, problemas de ouvido, agravamento da asma
e desenvolvimento pulmonar retardado.

3.2. Exposição à poluição do ar:

A poluição atmosférica está associada a riscos aumentados de morte e de doença


respiratória crônica. Os contaminantes ambientais também podem desempenhar um
papel em certos tipos de câncer, transtornos neurológicos, transtorno de déficit de
atenção/hiperatividade e retardo mental da infância.

3.3. Exposição a pesticidas:

As crianças são mais vulneráveis que os adultos ao dano crônico causado por pesticidas.
A exposição a pesticidas é maior entre crianças de famílias de agricultores e de famílias
pobres.

3.4. Exposição ao chumbo:

As crianças podem apresentar concentrações elevadas de chumbo pela ingestão de


alimentos ou água contaminados, por resíduos industriais no ar, por colocar dedos
contaminados na boca ou por inalar poeira ou brincar com lascas de tinta em lugares
onde haja raspagem de tinta à base de chumbo. O envenenamento por chumbo pode
interferir no desenvolvimento cognitivo e pode levar a problemas neurológicos e
comportamentais irreversíveis.

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