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FORTALEZA
2013
O ESTILO DA LIDERANÇA DE CRISTO APLICADO
ÀS ORGANIZAÇÕES MODERNAS1
RESUMO
Este artigo faz uma abordagem sobre o estilo da liderança de Cristo aplicado às organizações
modernas, com enfoque no cotidiano de um líder organizacional. O estudo tem como objetivo
geral verificar se o estilo de liderança de Cristo causaria impacto nos resultados da
organização se estudado e aplicado na identificação e formação de líderes coaching. Os
objetivos específicos visam conceituar líder e liderança; enumerar os tipos de liderança e
apontar as características e funções de um líder de futuro. A metodologia baseia-se numa
representativa revisão bibliográfica, cujo marco teórico fundamenta-se nos estudos de Kouzes
e Posner (2003), Bergamini (1994), Briner (1977), Chiavenato (2005), Hunter (2006),
Maximiano (1997), White e Lippitt (1960), dentre outros, com grande conhecimento a
respeito do assunto em questão. Em suma, constata-se que o estilo da liderança de Cristo pode
influenciar e causar um grande impacto no resultado das organizações modernas; pela atitude,
sabedoria, inspiração, carisma, autoridade, dedicação, motivação, força de persuasão,
espontaneidade e, sobretudo, pela visão de novas possibilidades de ação. Assim, se as
empresas conseguirem aplicar esses adjetivos aos seus gestores, poderão ter um estilo de
liderança capaz de motivar seus funcionários no caminho dos objetivos almejados. Por fim,
cabe afirmar que a liderança Jesus é um desafio compartilhado mesmo depois de mais de
2000 anos.
ABSTRACT
This paper presents an approach about the style of leadership of Christ applied in modern
organizations, focusing on the daily life of a organizational leader. The study aims to verify
whether the general style of leadership Christ would have a profound impact on the
organization‟s results are studied and applied in the identification of training and coaching
leaders. Specific objectives aim to conceptualize leader and leadership; enumerate the kinds
of leadership and point out the features and functions of a future leader. The methodology is
based on a representative literature review, theoretical framework which is based on the
studies Kouzes and Posner (2003), Bergamini (1994), Briner (1997), Chiavenato (2005),
1
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Curso de Administração da Faculdade Cearense – FaC. Fortaleza,
2013.
2
Graduando em Administração da Faculdade Cearense – FaC e autor do artigo. E-mail:
sidneydreger@hotmail.com.
3
Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (1991), mestrado em
Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (1996) e doutorado em Sociologia pela Universidade Federal do
Ceará (2003). Atualmente é professor de ensino superior da Faculdade Integrada da Grande Fortaleza, do Centro
de Ensino Superior do Ceará – Faculdade Cearense e da Faculdade Farias Brito – orientador da pesquisa:
alexandre@faculdadescearenses.edu.br.
2
Hunter (2004), Maximiano (1997), White and Lippitt (1960), among others, with great
knowledge about the subject matter. In short, it appears that the style of leadership of Christ
can influence and make a big impact on the result of the modern organizations, the attitude,
wisdom, inspiration, charisma, authority, dedication, motivation, persuasiveness, spontaneity,
and especially by the vision of new possibilities for action. Thus, if firms can apply these
adjectives to their managers, can have a style of leadership that can motivate their employees
in the way of the intended goals. Finally, we say that Jesus is a shared challenge even after
more than 2000 years.
1 INTRODUÇÃO
talvez tivessem a capacidade de motivar e conduzir pessoas e grupos aos objetivos propostos
por eles de forma convincente, levando-os a confiar naquilo que foi estabelecido. Todos esses
“lideres” conseguiram de alguma forma mudar com suas ideias e estilos de liderança o curso
da política, da filosofia, das ciências e até da religião com suas características próprias de
líder, pela forma como influenciaram seus liderados e/ou seguidores, pois, para exercer a
liderança deve haver seguidores.
Houve, no entanto, um homem, filho de um simples carpinteiro, que foi capaz não
só de abalar os pensamentos de sua época, mas de mudar para sempre o próprio curso da
história e a trajetória da humanidade. Esse homem foi Jesus de Nazaré que através de seu
carisma se fazia obedecer de uma forma motivada e espontânea, levando seus seguidores na
direção dos objetivos. Ele transmitia admiração e confiança; empolgava e motivava seus
liderados sempre a seguir em frente; conseguia encarnar e personificar as crenças e os valores
mais importantes e preciosos para o grupo ao qual pertencia.
A ênfase desse estudo são situações práticas e decisivas nas empresas que
apostam nos seus gestores e na função deles em despertar nas pessoas a vontade do
conhecimento, a capacidade de conhecer a si mesmo, a valorizar o outro, a conhecer as
emoções que o conduz, sentimentos que muitas vezes determinam decisões. Nesse sentido, o
presente artigo inquire acerca da contribuição do estilo da liderança de Jesus Cristo para a
organização empresarial, considerando a importância de seu nome na história, havendo,
inclusive, um calendário que considera seu nascimento como principal marco, e o poder que
demonstrou em reunir pessoas para o seguirem, levando seu nome de geração em geração.
Sem dúvida, alguns questionamentos invariavelmente surgirão: Quais
características da liderança de cristo podem ser aplicadas na gestão organizacional moderna e
quais os resultados que poderiam ser esperados a partir dessa aplicação?
Justifica-se a escolha do tema no interesse pelo estudo de formação de lideranças,
onde as organizações buscam líderes que levem os colaboradores a atingir os objetivos
propostos, atuando também na formação de novos lideres e na busca constante de novos
diferenciais competitivos, pois esses são alguns dos problemas que abrangem a nova realidade
de desafios no mundo contemporâneo.
Contemplando essa visão, o objetivo geral do estudo consiste em verificar se o
estilo de liderança de Cristo causaria um impacto eficiente e positivo nos resultados da
organização, se estudado e aplicado na identificação e formação de líderes coaching4. Os
4
“A palavra coaching significa “treinamento”, tem origem na língua inglesa (coach) [...]. Um processo de
coaching é conduzido por um profissional denominado coach” (MARQUES, 2012, online).
4
objetivos específicos visam identificar os conceitos líder e liderança aplicáveis a Jesus em sua
liderança tácita; apontar os tipos de liderança e suas características e funções de um líder de
futuro sobre a sombra dos aspectos apresentados por Jesus.
Para tanto, o método de pesquisa adotado foi tipicamente bibliográfico,
abrangendo os estudos de Kouzes e Posner (2003), Bergamini (1994), Briner (1997),
Chiavenato (2005), Hunter (2006), Maximiano (1997), White e Lippitt (1960), e outros
estudiosos do tema em questão. Conforme Marconi e Lakatos (1996, p. 66):
A liderança não deixa de ser um processo social e interpessoal, por isso é visto
como algo complexo, segundo McGregor (apud MAXIMIANO, 2004, p. 217), “a liderança
não é apenas um atributo de uma pessoa ou de um grupo, mais um processo social complexo.
Nesse processo, as motivações dos liderados representam o principal elemento”.
Considerando as definições sobre liderança, pode-se dizer que elas têm como
características em comum, a capacidade de influenciar pessoas, sendo esta uma das grandes
características de um líder, levando os liderados a alcançarem voluntariamente os objetivos e
metas traçados. Outra característica percebida é a busca do bem comum, o que leva as pessoas
em uma direção, em que elas têm total consciência de que todos serão beneficiados, ou seja,
em prol do bem comum. O líder deve criar energia e visão, na busca de resultados eficazes
otimizando os processos de gestão (DRUCKER, 2001).
Na arte da orientação dos processos, um ator fundamental é o líder. O líder é
aquele que exerce influência sobre ou outros e desperta neles a motivação para trabalhar por
seus objetivos e por sua causa. De acordo com Maximiano (1997, p. 176), “liderança é o
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3 TEORIAS DE LIDERANÇA
Entretanto, essa teoria foi vista como simplista por muitos autores devido as suas
limitações de considerar apenas os aspectos inerentes ao líder sem considerar a influência e
reação dos liderados, ela ignora as diferentes situações em que um líder se envolve e que
exige atitudes e reações diferentes para cada ocasião.
No que concerne à Teoria dos Estilos de Liderança apresentada por White e
Lippitt, em 1939, diferentemente da teoria dos traços, ela busca abordar aquilo que o líder faz
e não o que ele é (WHITE; LIPPITT, 1960). Essa teoria surge como uma forma de explicar o
comportamento do líder em relação ao subordinado (CHIAVENATO, 2000).
A esse respeito, demonstra-se no Quadro 1 a seguir, um perfil de um líder e seus
principais aspectos:
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“Entende-se por feedback o processo (parte de uma cadeia de causa e efeito), onde uma informação sobre o
passado influencia um mesmo fenômeno no presente e/ou no futuro, permitindo ajustes que mantenham um
sistema funcionando corretamente” (HILSDORF, 2012, online).
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situação ou do liderado, bem como usar com o mesmo membro da equipe de vários padrões
de liderança.
Para salientar e fixar bem as diferenças entre os vários estilos e os tipos de
liderança, enfatiza-se alguns tipos para facilitar a compreensão do panorama geral deste
assunto. Constata-se que cada um desses tipos está ligado, evidentemente, à personalidade do
líder.
Contudo, em lugar de sugerir uma escolha entre os diversos estilos de liderança,
aqui apontados, oferta-se todo um espaço com enfoques precisos dos estilos, sem sugestão
que um esteja sempre certo e o outro errado, para que cada pessoa com senso crítico apurado
possa refletir em cima dessas considerações, haja vista um estilo apropriado de liderança
depender de situações e personalidades.
Entretanto há alguns anos, Hunter (2004; 2006) através dos seus livros “O Monge
e o Executivo” e “Como se tornar um líder servidor”, originou uma nova tendência de modelo
de liderança que para muitos será o modelo mais utilizado nas décadas vindouras e vem a
cada dia ganhando mais notoriedade nas organizações empresarias. Trata-se do modelo de
liderança servidora.
Não se deve confundir os termos servil e servidor. O servil refere-se ao trabalho
servil referente ao servo, submisso, que segue estritamente o original ou o modelo, conforme
destaca Ferreira (1988). Assim, nesse conceito tem-se o estilo criticado pelos teóricos de
liderança, onde o líder possui uma visão estreita, não estando aberto a ideias. Já o servidor é
aquele que serve a alguém, orientando o caminho a ser seguido e, mais do que isso, sendo o
exemplo para os demais. Em relação ao servidor, Hunter (2004, p. 60) cita as palavras de
Jesus Cristo: “Quem quiser ser líder, deve ser primeiro servidor. Se você quiser liderar, deve
servir”.
Hunter (2006, p. 12) afirma que para ser um líder servidor faz-se necessário “estar
disposto a explorar antigos comportamentos, identificando e mudando o que for necessário e
começando a aprender novos hábitos quanto for o caso”.
O modelo de liderança servidora consiste em focar não só o negocio da
organização, mas também as pessoas que fazem parte dela, sendo essa a mais importante
transformação para deixar as empresas mais competitivas. Para Lacerda (2005), o maior
objetivo desse modelo de liderança é ajudar sua equipe a se desenvolver e a preocupação
maior é servir do que dá ordens.
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A base desse modelo de liderança, para Hunter (2006), consiste em cuidar bem
das pessoas que cuidam do negócio, usar a autoridade como princípio de influência, mostrar
que caráter é essência do líder servidor, e que o amor é à base de tudo.
Considerando aqui o conceito de amor dado pelo Dicionário Aurélio tem-se que:
“1. Sentimento que predispõe alguém a desejar outrem; 2. Sentimento de dedicação absoluta
de um ser a outro, ou uma coisa; 3. Inclinação ditada por laços de família” (FERREIRA,
1998). Para efeito deste estudo, toma-se a segunda definição, sentimento de dedicação
absoluta de um ser a outro, ou a uma coisa, e complementa-se com o conceito dado por Platão
(1991, p. 51): “É no amor-eros que entramos em comunhão com o bem e o uno. É perfeito o
homem que está possuído por esse amor; ele é capaz de ultrapassar-se e de contemplar [...]”.
Considerando tais conceitos para o mundo das organizações empresariais é possível perceber
a importância do amor nesse âmbito. O amor traz a dedicação com a função realizada, com os
objetivos traçados, sendo capaz de tornar o trabalho em equipe harmonioso, visto que o líder
que se utiliza do amor é capaz de trazer consigo todos os seus subordinados direcionados a
um mesmo objetivo.
Estar à frente de uma liderança, de acordo com Kets de Vriés (1997), é servir
a todos com dedicação, servir a vida, despertar criatividade nas pessoas, delegar
responsabilidades, ousar com determinação no campo da responsabilidade social. Nestas
relações, ainda de acordo com o autor, os gestores operam com uma visão ampla, os
conhecimentos devem estar além do ambiente interno, a noção do todo precisa ser algo
sempre em estudo, desenvolvendo relacionamentos externos e conhecendo outros tipos de
negócios, isso mostra um impacto positivo nas tomadas de decisões.
De acordo com Kotler (1998), são prerrogativas de um líder ter uma visão de
futuro, delegar poder, transmitir energia e motivar seus liderados, estruturar, projetar,
controlar e recompensar comportamentos.
A arte da liderança é criar o tipo de ambiente em que as pessoas tenham grandes
experiências e, envolvidas na excitação com suas tarefas, percam seu sentido de tempo.
Agora, para isso acontecer o líder precisa desempenhar o seu papel, despertando a confiança e
a segurança, orientando o caminho a ser seguido (ALMEIDA, 1996).
Assim, conforme destaca Hunter (2004), liderar não é utilizar o poder, mas sim a
autoridade que é conquistada por meio do amor, da dedicação e do sacrifício. Diferenciando
poder e autoridade, com base no autor, tem-se que o primeiro consiste na facilidade de forçar
ou coagir alguém a fazer sua vontade, tendo como premissa a posição ou força, mesmo que
não fosse vontade da pessoa em fazer. Já a autoridade trata-se da habilidade de levar as
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pessoas a fazerem de boa vontade o que você quer por causa de sua influência pessoal, sem se
utilizar, para tanto, de sua posição hierárquica ou força.
Para alcançar essa autoridade faz-se necessária dedicação, a preocupação com o
outro. Tomando-se o exemplo de Jesus Cristo, tem-se a sua dedicação em relação ao seu
povo, Briner (1997) destaca a dedicação, mencionando os ensinamentos de Jesus Cristo,
direcionando-se a cada um em particular, o serviço às famílias e a preparação para dias
difíceis. Nas palavras do autor:
Jesus frequentemente era chamado de rabi, que significa mestre, pois ele estava
sempre ensinando. [...] Sua habilidade como professor também é demonstrada pelo
sucesso de seus alunos, de seus discípulos, à medida que eles executavam seus
programas e planos de trabalho. [...] Jesus ensinou em todas as situações. Ele falou a
grandes multidões, aos presentes em jantares festivos e a grupos eclesiásticos (das
sinagogas). Entretanto, o seu ensino mais importante e significativo foi reservado a
pequenos grupos, particularmente aqueles amigos mais chegados e que conviviam
com ele em maior intimidade. [...] Jesus não dirigia uma organização democrática.
Ele nunca chamou seus discípulos para votar quanto ao que deveriam fazer. Ele
assumiu a responsabilidade. Jesus baseava sua autoridade nas escrituras e na
incumbência que recebera de seu Pai. [...] O primeiro milagre realizado por Jesus foi
a pedido de sua mãe. Outro de seus primeiros milagres foi a cura da sogra de Pedro.
É instrutivo observar com que frequência ele interviu junto a membros da família de
um dos seus seguidores, o irmão de alguém, o filho ou a filha de alguém. Para
demonstrar que se importava com aqueles que lhe eram íntimos, Jesus mostrou que
se importava com os que eram íntimos deles. Essa é uma lição poderosa e de valor.
(BRINER, 1997 p. 21-82).
Assim, a dedicação demonstrada por Jesus Cristo pode ser aplicada dentro das
organizações, sendo a dedicação com as pessoas e com o trabalho fator fundamental para a
obtenção de êxito.
6
O modelo T da Ford foi um automóvel que revolucionou a indústria automobilística, era fabricado sempre na
cor preta e os preços eram acessíveis (MANSUR, 2007).
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Deve-se destacar que a espiritualidade não está separada do mundo material, ela
assume com este um equilíbrio.
A quebra de paradigmas e a criação de novos tem sido uma constante no ambiente
das organizações modernas que necessitam de uma grande capacidade de adaptação e
sensibilidade para se manterem competitivas no mercado.
E a partir de 1980, em uma reação à ganância coorporativa, começa o despertar
espiritual no ambiente de trabalho como uma nova forma de motivar e engajar as equipes de
trabalho na direção dos objetivos organizacionais. Tal reação foi percebida inicialmente nos
Estados Unidos, quando a indústria norte-americana passou a divulgar informações nessa
área, nomeando a década de “Década da Alma” (KIVITZ, 2007).
A chegada ao Brasil da espiritualidade no mundo das organizações se deu em
decorrência de estudiosos que estavam nos Estados Unidos voltarem ao Brasil com palestras e
cursos na área, implantando o tema no país, que só começou a ser percebido o final da década
14
de 1990, com uma publicação da revista Você S.A., em janeiro de 1999, que trazia o seguinte
tema: “A Espiritualidade chega às empresas”:
Os lideres corporativos estão finalmente começando a entender que, para ter sucesso
no competitivo e globalizado mundo dos negócios, eles precisam descobrir os meios
de extrair criatividade e inovação – em outras palavras, o poder divino – de dentro
das pessoas.
(2003), e o segundo (Figura 1), com base em Hunter (2004). Ambos possuem ligação com o
modelo de liderança de Jesus Cristo, com práticas exercidas por ele que podem ser aplicadas
dentro das organizações empresariais, o exemplo, a inspiração, o desafio, a autoridade, a
motivação, o serviço e o sacrifício, e o amor são demonstrados como atitudes basilares para
que a liderança possa ser exercida com o sucesso almejado:
Regra Compromisso
- Descobrir sua voz, esclarecendo seus valores pessoais;
Apontar o caminho
- Dar o exemplo, alinhando ações com valores compartilhados.
Inspirar uma visão - Antecipar o futuro imaginando possibilidades empolgantes e enobrecedoras;
compartilhada - Envolver os outros em uma visão comum apelando para as aspirações compartilhadas
- Buscar oportunidades procurando maneiras inovadoras de mudar, crescer e melhorar;
Desafiar o
- Experimentar e se arriscar gerando constantemente pequenas vitórias e aprendendo
estabelecido
com os próprios erros.
Permitir que os - Fomentar a colaboração ao promover metas de cooperação e desenvolver a confiança;
outros ajam - Fortalecer os outros compartilhando poder e autoridade.
Encorajar o - Reconhecer contribuições valorizando as qualidades individuais;
coração - celebrar os valores e as vitórias criando um espírito de comunidade.
Quadro 2 – Cinco práticas para uma liderança exemplar
Fonte: Kouzes e Posner (2003, p. 7).
Liderança
Autoridade
Serviço e sacrifício
Amor
Vontade
Apontar o caminho significa antes de tudo definir quais são os seus valores
pessoais, dando o exemplo e alinhando suas ações com suas palavras, bem como planejar
como alcançaram as vitórias. Conforme destaca Hunter (2006, p. 29):
É possível ver o exemplo de Jesus Cristo que mostrava claramente quais eram os
seus valores pessoais, como se pode ver no Sermão da Montanha que ele ensina a regra de
ouro, de tratar o próximo da mesma forma que gostaria de ser tratados (MATEUS, 7:12), em
outra ocasião ela dá o exemplo lavando os pés dos seus discípulos e proclama uma lição de
humildade e liderança pelo exemplo e serviço, pois, mesmo sendo ele o mestre lavou os pés
dos discípulos, assim, os discípulos deveriam agir da mesma forma com seu semelhante
(JOÃO, 13:1-20).
Portanto, fica claro que Jesus além expor seus valores e crenças pessoais traduzia
isso em ações que comprovavam aquilo que ele falava, liderando pelo exemplo e com serviço
oferecia uma direção segura aos liderados e era resoluto no alcance dos objetivos. Assim, de
um ponto de vista organizacional, pode-se dizer que o líder deve ter seus objetivos traçados
claramente, compartilhando com seus subordinados, fazendo mais do que apontar o caminho
a ser seguido, dando o exemplo de como deve ser feito, com foco nos resultados.
A prática de inspirar uma visão compartilhada constitui em imaginar um futuro
com grandes oportunidades e envolver as outras pessoas na busca de conquistas e realizações
que sejam compartilhadas e para o bem de todos. Jesus soube como ninguém inspirar uma
visão compartilhada e recrutar pessoas para a realização do seu objetivo; conforme verifica-se
no evangelista Marcos (1:16-20) quando Jesus chamou os discípulos “eles imediatamente
deixaram as redes e o seguiram”, e destaca Hunter (2006, p. 18): “Se liderança tem a ver com
influência – e sabemos que tem -, desafio qualquer um a indicar um ser humano na história do
mundo mais influente do que Jesus”.
Para Robbins (2005, p. 281), “os líderes podem usar a linguagem para influenciar
a percepção que seus seguidores terão do mundo, o significado dos acontecimentos, as
crenças sobre causas e consequências e as visões do futuro”.
Nessa linha de pensamento, Matos (2002) aponta que o líder é geralmente
identificado por seu carisma, que se traduz por peculiaridades marcantes, personalidade forte
e integrador. A grande motivação no trabalho, que é realizar realizando-se, é a referência
fundamental à liderança para converter sonhos e ideias em sinergia de equipe.
O fato de desafiar o estabelecido pode ser visto na obra de Briner (1997) quando
afirma que Jesus baseava sua autoridade nas Escrituras e na incumbência que recebera de seu
Pai. De fato, ele se submetia a uma autoridade maior: “Não se faça a minha vontade, e, sim, a
tua” (LUCAS, 22:42). Segundo Baker (2005), Jesus tinha um objetivo, uma missão. No
entanto, sabia que tinha que enfrentar muitas barreiras, entre elas, o fato de as pessoas ficarem
presas às suas antigas convicções e formas de pensar.
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Nesse contexto, Kouzes e Posner (2003) admite que os líderes são pioneiros –
pessoas dispostas a partir para o desconhecido, a assumir riscos, a inovar e experimentar para
descobrir novas e melhores maneiras de fazer as coisas. Machado (2008) acrescenta que com
a sua atuação carismática Jesus conseguiu que o grupo atingisse as metas com mais eficiência
e disseminasse a sua palavra.
Jesus foi um agente de mudanças e de transformações que impactaram
profundamente não só a sua época, mas alteraram para sempre o curso da história humana
e os reflexos de sua liderança desafiadora podem ser visto em todos os continentes.
A prática de permitir que os outros ajam dá a ideia do trabalho em equipe, onde
todos devem contribuir com seu trabalho e sua opinião, respeitando a dos demais. Hunter
(2006, p. 14) destaca que:
Jesus escolheu seus discípulos, sendo a maioria deles homens rudes e pescadores e
durante três anos os preparou e capacitou sempre incutindo uma visão compartilhada
do seu propósito e missão, constantemente ele era chamado de rabi, que significa
mestre, porque sempre se mostrava disposto a ensinar aqueles que queriam ouvir.
A sua linguagem era contextualizada para aqueles que o estavam ouvindo, quando
lhe faziam perguntas respondia com parábolas visando estimular o raciocínio para que cada
ouvinte tirasse suas próprias conclusões (LUCAS, 10:25-28). Assim, os grandes líderes de
alguma maneira envolvem “aqueles que devem viver com os resultados e tornam possível
para outros, efetuar um bom trabalho. Eles encorajam a colaboração, montam equipes e
delegam autoridade a outras pessoas. Eles capacitam outros para agir” (KOUZES; POSNER,
2003, p. 10).
Quanto a encorajar o coração, cabe afirmar que Jesus acrescentou o conceito de
compaixão à liderança, como observa-se em Mateus (9:36): “vendo ele as multidões,
compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas, como ovelhas que não tem pastor”.
Aqui, pode-se dizer que essa prática está relacionada a encorajar cada um de seus
subordinados, motivando-os no alcance de seus resultados, passando o feedback de seu
trabalho e recebendo o feedback dos mesmos.
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Ressalta-se que o feedback não consiste em apenas elogiar o colaborador, mas sim
mencionar seu trabalho, destacando os pontos em que pode melhorar, fazendo o funcionário
buscar cada vez mais melhorias em seu trabalho, com a certeza de que será reconhecido pelas
mesmas.
Analisando a pirâmide de Hunter, deve-se destacar que a liderança é colocada no
topo da pirâmide por ser o assunto tratado e o objetivo almejado. Sendo considerada pelo
autor como a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente na busca
dos objetivos identificados como sendo para o bem comum. Hunter (2004) destaca que a
liderança deve ser construída com base na autoridade, esta que compõe a segunda zona da
pirâmide.
A autoridade consiste na capacidade de levar as pessoas a executarem suas
atividades de boa vontade, sem utilizar para tanto de hierarquia ou força, e sim de sua
influência pessoal. Pode-se aqui mencionar Jesus e seu modelo de liderança, ele não usava do
poder “faculdade de forçar ou coagir alguém a fazer sua vontade, por causa de sua posição ou
força, mesmo que a pessoa preferisse não o fazer” (HUNTER 2004, p 13). O que Jesus
possuía era influência pessoal, que fazia com que as pessoas realizassem as atividades de
boa vontade.
Para que a autoridade fosse alcançada, faz-se necessário o serviço e o sacrifício,
que estão na terceira zona da pirâmide. O serviço e o sacrifício são exemplificados por Hunter
(2004, p. 66) na figura de Jesus Cristo:
Jesus disse que a influência e a liderança são construídas sobre o serviço. [...] Ele
mudou o mundo sem exercer poder, só influência. De fato, recentemente fiz um
sermão sobre isso. Jesus disse uma vez: “Eu trarei todos os homens para mim se me
levantar.” Ele estava de fato descrevendo seu sacrifício de ser erguido numa cruz. E,
certamente arrastou muitos, como resultado de seu sacrifício.
Assim, é sendo o exemplo, servindo e fazendo sacrifícios que Jesus conseguiu sua
influência pessoal. Para tudo isso, faz-se necessário o amor, que compõe a quarta zona da
pirâmide, devendo este ser fundamentado na última zona da pirâmide, ou seja, na vontade.
Olhando a pirâmide e analisando-a em seu geral, pode-se dizer que a vontade é a
base de tudo, para desenvolver qualquer atividade faz-se necessário ter vontade, por meio dela
é possível sintonizar as intenções do indivíduo. Sendo necessário se ter vontade para escolher
amar, sentindo as reais necessidades, e para atendê-las faz-se necessário dispor de serviço e
sacrifício. A partir do momento que o indivíduo serve e se sacrifica ele passa a exercer
influência ou autoridade, ganhando, portanto, o direito de ser líder.
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Assim, tem-se nesses dois modelos, Kouzes e Posner (2003) e Hunter (2004),
práticas de liderança que trazem o modelo exercido por Jesus Cristo, tendo como umas das
principais premissas o serviço para a conquista da autoridade e, consequentemente, da
liderança.
O novo líder será alguém capaz de desenvolver uma cultura ou sistema de valor
baseado em princípios. Desenvolver um sistema de valor em uma empresa torna-se
um desafio extraordinário e empolgante nesta nova era. E somente será alcançado
por líderes, sejam estes emergentes ou sazonais, com visão de coragem e humildade
para aprender e crescer continuamente (BERREDO, 2007, p. 3).
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Não são tecnologias que integram lideranças, mas ideias, ideais, sentimentos,
objetivos e resultados. A grande motivação no trabalho que é realizar, realizando-se,
é a referência fundamental à liderança para converter sonhos e idéias em sinergia de
equipe. Pensamento, visão, ação estratégica, integração e a liderança fazendo
acontecer: eis a fórmula do sucesso.
abordagem sobre liderança é a teoria da meta e do caminho. Essa teoria argumenta que a
função do líder é ajudar os subordinados no alcance de suas metas, fornecendo a orientação
necessária para atingir aquilo que foi determinado. O perfil do novo líder não requer somente
proporcionar resultados eficazes para a empresa ou utilizar as ferramentas administrativas
contemporâneas, as novas práticas administrativas empregadas pelos líderes empresariais
englobam o respeito pelo ser humano, a responsabilidade social, o respeito à cidadania e ao
meio ambiente, para a construção de uma sociedade global mais qualificada e humanizada.
De acordo com Machado (2008), durante toda a vida terrena Jesus viveu
intensamente com seus doze apóstolos para que todos tivessem uma visão igualitária do que é
a vida plena. Em suas reuniões, tinha sempre o objetivo de inspirar uma visão compartilhada.
Como ninguém ele investiu no capital intelectual e nos talentos humanos dos seus liderados,
atuou como um líder coach, selecionou cada discípulo, treinou-os durante três anos, delegou
autoridade e os enviou com instruções que os levariam a cumprir os objetivos propostos,
mostrou para as organizações modernas como deve ser um processo de escolha e capacitação
de lideres.
Na realidade, o objetivo de Jesus sempre foi descentralizar o seu trabalho para
garantir cada vez mais seguidores. Ele possuía um enorme aprofundamento acerca das
escrituras e usava o seu conhecimento para profetizar e proclamar os seus propósitos.
Portanto, as organizações precisam de líderes, como Jesus Cristo para causar
impacto nas organizações através de carisma, atitude, meta, confiança, presença, dedicação,
exemplo, motivação, força de persuasão, espontaneidade, compartilhamento, visão e ação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
transpor tais barreiras, demonstrando que todos podem participar com ideias, com o próprio
trabalho e que ele não está ali apenas para mandar que uma atividade seja executada, mas ele
próprio também a executará. Além do posicionamento do próprio líder, aplicar a liderança de
Jesus Cristo nas organizações exige atitudes bem mais complexas, de natureza estrutural da
própria organização e de quebra de paradigmas, sendo necessário modificar os
comportamentos adquiridos e transmitidos no decorrer do tempo. Esse processo de mudança é
muito complexo, e exige cuidado e tempo, devendo ser modificadas as restrições
organizacionais que operam sobre os funcionários.
Cabe aqui uma indagação: A busca por espiritualidade nas empresas seria uma
técnica de produtividade? Pressupõe-se que sim, visto que as organizações empresariais visam
o lucro, assim, pode-se dizer que, em certa medida, de fato consiste em uma estratégia para o
aumento da produtividade, visto que perceberam que a maior estratégia de uma empresa é
investir em pessoas. Talvez seja a motivação, a variável mais complexa na equação da
produtividade, pois, é a que leva uma pessoa a agir de determinada maneira.
No entanto, mesmo que seja evidente o ideal do aumento de produtividade no uso
da técnica de espiritualidade no ambiente empresarial, se deve considerar que a estratégia
fortalece o movimento pela humanização do trabalho, agrega conquistas ao trabalho
assalariado e timbra novos paradigmas na relação hierárquica das organizações. É possível
que um futuro bem próximo evidencie ganhos significativos que contemplem patrões e
empregado, líderes e liderados, benefícios que se estendam a organização como um todo.
Pode-se dizer que o projeto de espiritualidade na organização possui um duplo
foco: a pessoa e a produtividade. Se de um lado não é possível negar o cuidado diferenciado
com a pessoa; de outro, não é possível simular o interesse na produtividade, visto que se
percebeu que se as pessoas fossem motivadas e estivessem satisfeitas com o seu trabalho,
melhor seria sua produtividade e, consequentemente, maior o lucro empresarial.
Em suma, constata-se que o estilo da liderança de Cristo pode influenciar e causar
um grande impacto no resultado das organizações modernas; pela atitude, sabedoria,
inspiração, carisma, autoridade, dedicação, motivação, força de persuasão, espontaneidade e,
sobretudo, pela visão de novas possibilidades de ação. Nesse contexto, tem-se no modelo de
liderança de Jesus Cristo, onde a vontade e o amor são basilares para que seja feito o serviço e
o sacrifício, alcançando, com isso, a influência e a autoridade, e chegando ao topo, atingindo,
consequentemente a liderança. Assim, se as empresas conseguirem aplicar esses adjetivos aos
seus gestores poderão ter um estilo de liderança capaz de motivar seus funcionários no
caminho dos objetivos almejados.
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Esse estudo pouco representa diante do que há ainda para ser explorado mesmo
não sendo um tema de abordagem recente ainda é pouco trabalhado no Brasil. Sugere-se e,
certamente ocorrerá, que outros estudos e pesquisas venham ser desenvolvidos sobre
empresas que adotem os princípios aqui mencionados, aprofundando o modelo de liderança
de Jesus e os estudos de Kouzes e Posner e de Hunter no que diz respeito à espiritualidade nas
organizações.
REFERÊNCIAS
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