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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ

FACULDADE CEARENSE – FaC


CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

SIDNEY DRÉGER DA SILVA FERREIRA

O ESTILO DA LIDERANÇA DE CRISTO APLICADO


ÀS ORGANIZAÇÕES MODERNAS

FORTALEZA
2013
O ESTILO DA LIDERANÇA DE CRISTO APLICADO
ÀS ORGANIZAÇÕES MODERNAS1

Sidney Dréger da Silva Ferreira2


Alexandre Carneiro de Souza3

RESUMO

Este artigo faz uma abordagem sobre o estilo da liderança de Cristo aplicado às organizações
modernas, com enfoque no cotidiano de um líder organizacional. O estudo tem como objetivo
geral verificar se o estilo de liderança de Cristo causaria impacto nos resultados da
organização se estudado e aplicado na identificação e formação de líderes coaching. Os
objetivos específicos visam conceituar líder e liderança; enumerar os tipos de liderança e
apontar as características e funções de um líder de futuro. A metodologia baseia-se numa
representativa revisão bibliográfica, cujo marco teórico fundamenta-se nos estudos de Kouzes
e Posner (2003), Bergamini (1994), Briner (1977), Chiavenato (2005), Hunter (2006),
Maximiano (1997), White e Lippitt (1960), dentre outros, com grande conhecimento a
respeito do assunto em questão. Em suma, constata-se que o estilo da liderança de Cristo pode
influenciar e causar um grande impacto no resultado das organizações modernas; pela atitude,
sabedoria, inspiração, carisma, autoridade, dedicação, motivação, força de persuasão,
espontaneidade e, sobretudo, pela visão de novas possibilidades de ação. Assim, se as
empresas conseguirem aplicar esses adjetivos aos seus gestores, poderão ter um estilo de
liderança capaz de motivar seus funcionários no caminho dos objetivos almejados. Por fim,
cabe afirmar que a liderança Jesus é um desafio compartilhado mesmo depois de mais de
2000 anos.

Palavras-chave: Líder. Liderança. Administração. Organização.

ABSTRACT

This paper presents an approach about the style of leadership of Christ applied in modern
organizations, focusing on the daily life of a organizational leader. The study aims to verify
whether the general style of leadership Christ would have a profound impact on the
organization‟s results are studied and applied in the identification of training and coaching
leaders. Specific objectives aim to conceptualize leader and leadership; enumerate the kinds
of leadership and point out the features and functions of a future leader. The methodology is
based on a representative literature review, theoretical framework which is based on the
studies Kouzes and Posner (2003), Bergamini (1994), Briner (1997), Chiavenato (2005),

1
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Curso de Administração da Faculdade Cearense – FaC. Fortaleza,
2013.
2
Graduando em Administração da Faculdade Cearense – FaC e autor do artigo. E-mail:
sidneydreger@hotmail.com.
3
Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (1991), mestrado em
Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (1996) e doutorado em Sociologia pela Universidade Federal do
Ceará (2003). Atualmente é professor de ensino superior da Faculdade Integrada da Grande Fortaleza, do Centro
de Ensino Superior do Ceará – Faculdade Cearense e da Faculdade Farias Brito – orientador da pesquisa:
alexandre@faculdadescearenses.edu.br.
2

Hunter (2004), Maximiano (1997), White and Lippitt (1960), among others, with great
knowledge about the subject matter. In short, it appears that the style of leadership of Christ
can influence and make a big impact on the result of the modern organizations, the attitude,
wisdom, inspiration, charisma, authority, dedication, motivation, persuasiveness, spontaneity,
and especially by the vision of new possibilities for action. Thus, if firms can apply these
adjectives to their managers, can have a style of leadership that can motivate their employees
in the way of the intended goals. Finally, we say that Jesus is a shared challenge even after
more than 2000 years.

Keywords: Leader. Leadership. Administration. Organization.

SUMÁRIO: 1 Introdução; 2 Aspectos fundamentais e conceitos de líder


e liderança; 3 Teorias de liderança; 4 Organizações modernas:
desenvolvimento histórico e modernidade; 5 Espiritualidade nas
organizações; 6 O estilo de liderança de Jesus; 7 O estilo de liderança de
Jesus e a organização empresarial; Considerações Finais; Referências.

1 INTRODUÇÃO

A história das civilizações se confunde com a própria história da liderança. Bass


(2007, p. 1) defende a ideia de que “desde sua infância, o estudo da história tem sido o estudo
dos líderes – o quê e por que eles fizeram o que fizeram”. O desejo de descobrir o que essas
pessoas tinham de especial despertou uma busca que resultou no surgimento de inúmeras
correntes de pensamento e interpretações ao longo da história no sentido de explicar o
fenômeno da liderança, que segundo Bergamini (1994, p. 25), “a liderança tem sido
investigada há muito e como tal é justo que apresente inúmeras interpretações”.
Em uma economia globalizada, onde a velocidade das mudanças e o ritmo
frenético das transformações levam as organizações a buscarem constantemente novos
diferenciais competitivos visando atender as necessidades e desejos dos públicos-alvo com
maior eficiência e lucratividade, surge a necessidade de um novo projeto de liderança que
melhor se adeque as novas exigências do mercado e da sociedade, onde a assimilação dos
conceitos de liderança de Jesus podem ser capazes de tornar o líder mais eficiente e a
internalização desses conceitos podem desenvolver uma motivação intrínseca e potencializar
as habilidades dos liderados na busca dos resultados organizacionais.
Pode-se observar que durante toda a história da humanidade surgiram lideres com
formação militar como Alexandre, o Grande, Júlio Cesar e Napoleão Bonaparte; religiosos
como Buda, Maomé e Gandhi; monarcas como Henrique VI e a Rainha Vitória I; intelectuais
como Marx, Platão e Einstein; dentre outros. Esses líderes podem ter se destacado por
possuírem algumas características diferentes dos outros indivíduos em determinada época;
3

talvez tivessem a capacidade de motivar e conduzir pessoas e grupos aos objetivos propostos
por eles de forma convincente, levando-os a confiar naquilo que foi estabelecido. Todos esses
“lideres” conseguiram de alguma forma mudar com suas ideias e estilos de liderança o curso
da política, da filosofia, das ciências e até da religião com suas características próprias de
líder, pela forma como influenciaram seus liderados e/ou seguidores, pois, para exercer a
liderança deve haver seguidores.
Houve, no entanto, um homem, filho de um simples carpinteiro, que foi capaz não
só de abalar os pensamentos de sua época, mas de mudar para sempre o próprio curso da
história e a trajetória da humanidade. Esse homem foi Jesus de Nazaré que através de seu
carisma se fazia obedecer de uma forma motivada e espontânea, levando seus seguidores na
direção dos objetivos. Ele transmitia admiração e confiança; empolgava e motivava seus
liderados sempre a seguir em frente; conseguia encarnar e personificar as crenças e os valores
mais importantes e preciosos para o grupo ao qual pertencia.
A ênfase desse estudo são situações práticas e decisivas nas empresas que
apostam nos seus gestores e na função deles em despertar nas pessoas a vontade do
conhecimento, a capacidade de conhecer a si mesmo, a valorizar o outro, a conhecer as
emoções que o conduz, sentimentos que muitas vezes determinam decisões. Nesse sentido, o
presente artigo inquire acerca da contribuição do estilo da liderança de Jesus Cristo para a
organização empresarial, considerando a importância de seu nome na história, havendo,
inclusive, um calendário que considera seu nascimento como principal marco, e o poder que
demonstrou em reunir pessoas para o seguirem, levando seu nome de geração em geração.
Sem dúvida, alguns questionamentos invariavelmente surgirão: Quais
características da liderança de cristo podem ser aplicadas na gestão organizacional moderna e
quais os resultados que poderiam ser esperados a partir dessa aplicação?
Justifica-se a escolha do tema no interesse pelo estudo de formação de lideranças,
onde as organizações buscam líderes que levem os colaboradores a atingir os objetivos
propostos, atuando também na formação de novos lideres e na busca constante de novos
diferenciais competitivos, pois esses são alguns dos problemas que abrangem a nova realidade
de desafios no mundo contemporâneo.
Contemplando essa visão, o objetivo geral do estudo consiste em verificar se o
estilo de liderança de Cristo causaria um impacto eficiente e positivo nos resultados da
organização, se estudado e aplicado na identificação e formação de líderes coaching4. Os

4
“A palavra coaching significa “treinamento”, tem origem na língua inglesa (coach) [...]. Um processo de
coaching é conduzido por um profissional denominado coach” (MARQUES, 2012, online).
4

objetivos específicos visam identificar os conceitos líder e liderança aplicáveis a Jesus em sua
liderança tácita; apontar os tipos de liderança e suas características e funções de um líder de
futuro sobre a sombra dos aspectos apresentados por Jesus.
Para tanto, o método de pesquisa adotado foi tipicamente bibliográfico,
abrangendo os estudos de Kouzes e Posner (2003), Bergamini (1994), Briner (1997),
Chiavenato (2005), Hunter (2006), Maximiano (1997), White e Lippitt (1960), e outros
estudiosos do tema em questão. Conforme Marconi e Lakatos (1996, p. 66):

A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundarias, abrange toda bibliografia já


tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins,
jornais, revistas [...]. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com
tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto.

Pode-se perceber que a respeito da pesquisa bibliográfica, Marconi e Lakatos


(1996) a caracterizam como uma espécie de resumo sobre as principais obras já realizadas e
revestidas de importância sobre o assunto, sendo elas capazes de fornecer dados atuais e
relevantes em relação ao tema estudado. Assim, o procedimento metodológico conformado à
luz dos teóricos citados, acerca de líder e de liderança, contemplando o conceito, os estilos, as
características, as funções e o perfil do líder de futuro, averiguando o estilo de liderança de
Cristo e sua aplicação às organizações modernas.

2 ASPECTOS FUNDAMENTAIS E CONCEITOS DE LÍDER E LIDERANÇA

A literatura apresenta diversos conceitos sobre líder e liderança e muitos autores


dedicados ao estudo do tema têm contribuído com posicionamentos e conceitos. A verdade é
que a cada dia mais livros são lançados sobre o assunto.
Iniciando pelo conceito de liderança têm-se inúmeros atores que buscam defini-la.
Bass e Stogdill‟s (1991, p. 11) destacam que “existe quase o mesmo número de definições
distintas sobre liderança quanto ao número de pessoas que tentaram defini-la”. Por isso,
pretende-se citar a definição de alguns autores sobre o que venha a ser o conceito de
liderança.
Hunter (2004, p. 28) conceitua liderança como sendo “a habilidade de influenciar
pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir objetivos comuns, inspirando
confiança por meio da força do caráter”, e segundo Kouzes e Posner (2003), liderança é a arte
5

de mobilizar as outras pessoas a trabalharem por objetivos comuns, constituindo-se desta


forma a liderança como um instrumento, e não um fim.
Para Hemphill e Coons (1957, p. 7), “liderança é o comportamento de um
indivíduo quando está dirigindo as atividades de um grupo em direção a um objetivo comum”,
e segundo Tannenbaum, Massarik e Weschler (1961, p. 24), liderança é “uma influência
pessoal, exercida em uma situação e dirigida através do processo de comunicação, no sentido
de atingir um objetivo específico”.
Pode-se observar que esses autores têm como uma das principais características da
liderança a busca de levar os liderados ao alcance dos objetivos estabelecidos. Maximiano
(2000, p. 388) menciona que “a liderança consiste em líderes que induzem seguidores a
realizar certos objetivos que representam os valores e as motivações – desejos e necessidades,
aspirações e expectativas”.
Carter (apud KOONTZ; O‟DONNEL, 1992, p. 195) apresenta cinco abordagens à
definição de liderança:

1) polarização dos membros de um grupo em torno de algum personagem central; 2)


a pessoa capaz de dirigir um grupo a seus objetivos; 3) a pessoa selecionada por
membros do grupo para os chefiar; 4) a pessoa capaz de movimentar um grupo ao
longo de uma dimensão específica, tal como sociabilidade ou integração; e 5) a
pessoa que possui um comportamento determinado.

A liderança não deixa de ser um processo social e interpessoal, por isso é visto
como algo complexo, segundo McGregor (apud MAXIMIANO, 2004, p. 217), “a liderança
não é apenas um atributo de uma pessoa ou de um grupo, mais um processo social complexo.
Nesse processo, as motivações dos liderados representam o principal elemento”.
Considerando as definições sobre liderança, pode-se dizer que elas têm como
características em comum, a capacidade de influenciar pessoas, sendo esta uma das grandes
características de um líder, levando os liderados a alcançarem voluntariamente os objetivos e
metas traçados. Outra característica percebida é a busca do bem comum, o que leva as pessoas
em uma direção, em que elas têm total consciência de que todos serão beneficiados, ou seja,
em prol do bem comum. O líder deve criar energia e visão, na busca de resultados eficazes
otimizando os processos de gestão (DRUCKER, 2001).
Na arte da orientação dos processos, um ator fundamental é o líder. O líder é
aquele que exerce influência sobre ou outros e desperta neles a motivação para trabalhar por
seus objetivos e por sua causa. De acordo com Maximiano (1997, p. 176), “liderança é o
6

processo de conduzir as ações ou influenciar o comportamento e a mentalidade de outras


pessoas”.
Os líderes apresentam na verdade uma complexidade de fatores que influenciam
diretamente no exercício da liderança, e entende-se que embora apresentem múltiplas
variáveis, duas são comuns, a existência de um grupo, “liderados” e o conjunto de relações
interpessoais com seu poder de influenciar essas relações. Nesse sentido, Berredo (2007, p. 2)
afirma:

Embora existam múltiplas definições para a liderança, é possível encontrar dois


elementos comuns em todas elas: por um lado é um fenômeno de grupo e, por outro,
envolve um conjunto de influências interpessoais e recíprocas, exercidas num
determinado contexto através de um processo de comunicação humana com vista à
obtenção de determinados objetivos específicos.

Os líderes motivam as pessoas a trabalhar com maior empenho, zelo e confiança.


De acordo com Koontz e O‟Donnel (1992, p. 197), “o zelo reflete ardor, seriedade e
intensidade na execução de atribuições: a confiança reflete experiência e habilidade técnica.
Na situação normal de trabalho, o administrador exerce muito pouca liderança”.
Houaiss (2009) define liderança como o espírito de chefia, função, posição,
caráter de líder. Na opinião de Koontz e O‟Donnel (1992, p. 214), “a liderança precisa ser
exercida para que novos equilíbrios de poder não tenham o efeito de mudar a direção da
empresa”. A função da liderança é ganhar a aprovação dos diversos grupos a fim de
maximizar seu zelo e confiança.
Para Berredo (2007), os líderes são empreendedores porque são pessoas de visão,
sempre enxergam mais longe do que os outros, percebem oportunidades onde muita gente vê
dificuldades e crises. No entendimento de Godoy (2005), o caminho rumo à adaptação nesse
novo contexto é repleto de desafios e compete a cada um encontrar sua rota e suas
prioridades.
Diante das inúmeras definições sobre liderança, foi adotada para esse estudo a
definição de Hunter (2004, p. 28), “habilidade de influenciar pessoas para trabalharem
entusiasticamente visando atingir objetivos comuns, inspirando confiança por meio da força
do caráter”, visto ser, a mais completa para proposta dessa pesquisa por engloba três
habilidades inerentes à liderança: influenciar pessoas, conduzir ao alcance dos objetivos
comuns e inspirar confiança através do caráter.
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3 TEORIAS DE LIDERANÇA

A liderança tem sido aplicada em diferentes áreas, como política, negócios,


esportes, religião, entre outros. Para Chiavenato (2005), a Teoria das Relações Humanas deu
início ao interesse em constatar a influência que a liderança exerce sobre o comportamento
das pessoas em geral, essa teoria foi primeiramente desenvolvida nos Estados Unidos (EUA)
por Elton Mayo, onde ele avaliou o ser humano como foco central de uma liderança eficaz e
bem sucedida e deu caráter central as habilidades das pessoas. A partir desses estudos surgem
três teorias sobre liderança, sendo elas: teoria dos traços de personalidade; teoria dos estilos
de liderança e teoria situacional. Vale destacar que essas teorias foram estudadas por
inúmeros autores, todavia, esse estudo baseia-se no proposto por Chiavenato (2000).
A teoria dos traços da personalidade foi a primeira que buscou uma explicação
para o fenômeno da liderança e das razões do poder de influência do líder nas pessoas
pertencentes ao grupo. Esta teoria tinha como ênfase as qualidades pessoais do líder, que o
caracterizava e capacitava para o exercício da função de liderança, ou seja, o líder nascia com
certos traços específicos de personalidade levando-o a sobressair-se e gerando um poder de
influenciar o comportamento dos outros. Para Chiavenato (2000, p. 90), os traços mais
importantes são:

1) Traços físicos: como energia, aparência pessoal, estatura e peso; 2) Traços


intelectuais: adaptabilidade, agressividade, entusiasmo e autoconfiança; 3)Traços
sociais: cooperação, habilidades interpessoais e habilidades administrativas;
4)Traços relacionados com a tarefa: impulso de realização, persistência e iniciativa.

Entretanto, essa teoria foi vista como simplista por muitos autores devido as suas
limitações de considerar apenas os aspectos inerentes ao líder sem considerar a influência e
reação dos liderados, ela ignora as diferentes situações em que um líder se envolve e que
exige atitudes e reações diferentes para cada ocasião.
No que concerne à Teoria dos Estilos de Liderança apresentada por White e
Lippitt, em 1939, diferentemente da teoria dos traços, ela busca abordar aquilo que o líder faz
e não o que ele é (WHITE; LIPPITT, 1960). Essa teoria surge como uma forma de explicar o
comportamento do líder em relação ao subordinado (CHIAVENATO, 2000).
A esse respeito, demonstra-se no Quadro 1 a seguir, um perfil de um líder e seus
principais aspectos:
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Cronograma Liderança Liderança Liderança


de Trabalho Autocrática Democrática Liberal
Apenas o líder decide As diretrizes são debatidas Total liberdade para a tomada
Tomada de e fixa as diretrizes sem e decididas pelo grupo que de decisões grupais ou
Decisões qualquer participação é estimulado e assistido individuais, com participação
do grupo. pelo líder. mínima do líder.
O líder determina O próprio grupo esboça
A participação do líder no
providências para a providências e técnicas
debate é limitada apresentando
execução das tarefas, para atingir o alvo com o
Programação apenas alternativas ao grupo,
uma por vez, na medida aconselhamento técnico
dos Trabalhos esclarecendo que poderia
em que são necessárias e do líder. As tarefas ganham
fornecer informações desde
de modo imprevisível novos contornos com
que solicitada.
para o grupo. os debates.
O líder determina qual Tanto a divisão das tarefas
A divisão das tarefas fica a
a tarefa que cada um quanto à escolha dos colegas
Divisão do critério do grupo e cada
deverá executar e ficam por conta do grupo.
Trabalho membro tem liberdade de
qual seu companheiro Com absoluta falta de
escolher seus próprios colegas.
de trabalho. participação do líder.
O líder pessoal é O líder procura ser um O líder não faz nenhuma
Participação dominador nos elogios membro normal do grupo. tentativa de avaliar o curso das
do Líder e nas críticas ao É objetivo e estimula com coisas. Faz apenas comentários
trabalho de cada um. fatos, elogios ou críticas. quando perguntado.
Quadro 1 – Estilos de liderança de White e Lippitt
Fonte: White e Lippitt (1960).

O líder autocrático é aquele que define a direção a ser seguida, as tarefas, os


processos sem a participação dos outros indivíduos do grupo, o comando é centralizado na
figura do líder e o grupo apenas cumpre o que foi determinado por ele.
No estilo democrático, o líder incentiva todos os envolvidos a participarem dos
processos de tomada de decisão, delega autoridade aos subordinados e cria um ambiente onde
o feedback5 é estimulado, ou seja, mesmo o líder sendo a figura central, outros participantes
são estimulados a contribuir com suas opiniões para democraticamente escolherem a melhor
direção a ser seguida.
O líder liberal (laissez-faire) é o líder que deixa a equipe à vontade para tomar
decisões, ele atua como membro do grupo e o controle praticamente não existe. Na verdade
são os liderados que decidem como fazer, quando fazer, quanto e porque realizar os trabalhos
a serem executados.
Já a teoria de liderança situacional tem uma maior abrangência que as outras, pois,
segundo Chiavenato (2000, p. 92), “aumentam as opções e possibilidades de mudar a situação
para adequá-las a um modelo de liderança ou então mudar o modelo de liderança para adequá-
lo a situação”. Portanto, o líder pode assumir diferentes padrões de liderança dependendo da

5
“Entende-se por feedback o processo (parte de uma cadeia de causa e efeito), onde uma informação sobre o
passado influencia um mesmo fenômeno no presente e/ou no futuro, permitindo ajustes que mantenham um
sistema funcionando corretamente” (HILSDORF, 2012, online).
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situação ou do liderado, bem como usar com o mesmo membro da equipe de vários padrões
de liderança.
Para salientar e fixar bem as diferenças entre os vários estilos e os tipos de
liderança, enfatiza-se alguns tipos para facilitar a compreensão do panorama geral deste
assunto. Constata-se que cada um desses tipos está ligado, evidentemente, à personalidade do
líder.
Contudo, em lugar de sugerir uma escolha entre os diversos estilos de liderança,
aqui apontados, oferta-se todo um espaço com enfoques precisos dos estilos, sem sugestão
que um esteja sempre certo e o outro errado, para que cada pessoa com senso crítico apurado
possa refletir em cima dessas considerações, haja vista um estilo apropriado de liderança
depender de situações e personalidades.
Entretanto há alguns anos, Hunter (2004; 2006) através dos seus livros “O Monge
e o Executivo” e “Como se tornar um líder servidor”, originou uma nova tendência de modelo
de liderança que para muitos será o modelo mais utilizado nas décadas vindouras e vem a
cada dia ganhando mais notoriedade nas organizações empresarias. Trata-se do modelo de
liderança servidora.
Não se deve confundir os termos servil e servidor. O servil refere-se ao trabalho
servil referente ao servo, submisso, que segue estritamente o original ou o modelo, conforme
destaca Ferreira (1988). Assim, nesse conceito tem-se o estilo criticado pelos teóricos de
liderança, onde o líder possui uma visão estreita, não estando aberto a ideias. Já o servidor é
aquele que serve a alguém, orientando o caminho a ser seguido e, mais do que isso, sendo o
exemplo para os demais. Em relação ao servidor, Hunter (2004, p. 60) cita as palavras de
Jesus Cristo: “Quem quiser ser líder, deve ser primeiro servidor. Se você quiser liderar, deve
servir”.
Hunter (2006, p. 12) afirma que para ser um líder servidor faz-se necessário “estar
disposto a explorar antigos comportamentos, identificando e mudando o que for necessário e
começando a aprender novos hábitos quanto for o caso”.
O modelo de liderança servidora consiste em focar não só o negocio da
organização, mas também as pessoas que fazem parte dela, sendo essa a mais importante
transformação para deixar as empresas mais competitivas. Para Lacerda (2005), o maior
objetivo desse modelo de liderança é ajudar sua equipe a se desenvolver e a preocupação
maior é servir do que dá ordens.
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A base desse modelo de liderança, para Hunter (2006), consiste em cuidar bem
das pessoas que cuidam do negócio, usar a autoridade como princípio de influência, mostrar
que caráter é essência do líder servidor, e que o amor é à base de tudo.
Considerando aqui o conceito de amor dado pelo Dicionário Aurélio tem-se que:
“1. Sentimento que predispõe alguém a desejar outrem; 2. Sentimento de dedicação absoluta
de um ser a outro, ou uma coisa; 3. Inclinação ditada por laços de família” (FERREIRA,
1998). Para efeito deste estudo, toma-se a segunda definição, sentimento de dedicação
absoluta de um ser a outro, ou a uma coisa, e complementa-se com o conceito dado por Platão
(1991, p. 51): “É no amor-eros que entramos em comunhão com o bem e o uno. É perfeito o
homem que está possuído por esse amor; ele é capaz de ultrapassar-se e de contemplar [...]”.
Considerando tais conceitos para o mundo das organizações empresariais é possível perceber
a importância do amor nesse âmbito. O amor traz a dedicação com a função realizada, com os
objetivos traçados, sendo capaz de tornar o trabalho em equipe harmonioso, visto que o líder
que se utiliza do amor é capaz de trazer consigo todos os seus subordinados direcionados a
um mesmo objetivo.
Estar à frente de uma liderança, de acordo com Kets de Vriés (1997), é servir
a todos com dedicação, servir a vida, despertar criatividade nas pessoas, delegar
responsabilidades, ousar com determinação no campo da responsabilidade social. Nestas
relações, ainda de acordo com o autor, os gestores operam com uma visão ampla, os
conhecimentos devem estar além do ambiente interno, a noção do todo precisa ser algo
sempre em estudo, desenvolvendo relacionamentos externos e conhecendo outros tipos de
negócios, isso mostra um impacto positivo nas tomadas de decisões.
De acordo com Kotler (1998), são prerrogativas de um líder ter uma visão de
futuro, delegar poder, transmitir energia e motivar seus liderados, estruturar, projetar,
controlar e recompensar comportamentos.
A arte da liderança é criar o tipo de ambiente em que as pessoas tenham grandes
experiências e, envolvidas na excitação com suas tarefas, percam seu sentido de tempo.
Agora, para isso acontecer o líder precisa desempenhar o seu papel, despertando a confiança e
a segurança, orientando o caminho a ser seguido (ALMEIDA, 1996).
Assim, conforme destaca Hunter (2004), liderar não é utilizar o poder, mas sim a
autoridade que é conquistada por meio do amor, da dedicação e do sacrifício. Diferenciando
poder e autoridade, com base no autor, tem-se que o primeiro consiste na facilidade de forçar
ou coagir alguém a fazer sua vontade, tendo como premissa a posição ou força, mesmo que
não fosse vontade da pessoa em fazer. Já a autoridade trata-se da habilidade de levar as
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pessoas a fazerem de boa vontade o que você quer por causa de sua influência pessoal, sem se
utilizar, para tanto, de sua posição hierárquica ou força.
Para alcançar essa autoridade faz-se necessária dedicação, a preocupação com o
outro. Tomando-se o exemplo de Jesus Cristo, tem-se a sua dedicação em relação ao seu
povo, Briner (1997) destaca a dedicação, mencionando os ensinamentos de Jesus Cristo,
direcionando-se a cada um em particular, o serviço às famílias e a preparação para dias
difíceis. Nas palavras do autor:

Jesus frequentemente era chamado de rabi, que significa mestre, pois ele estava
sempre ensinando. [...] Sua habilidade como professor também é demonstrada pelo
sucesso de seus alunos, de seus discípulos, à medida que eles executavam seus
programas e planos de trabalho. [...] Jesus ensinou em todas as situações. Ele falou a
grandes multidões, aos presentes em jantares festivos e a grupos eclesiásticos (das
sinagogas). Entretanto, o seu ensino mais importante e significativo foi reservado a
pequenos grupos, particularmente aqueles amigos mais chegados e que conviviam
com ele em maior intimidade. [...] Jesus não dirigia uma organização democrática.
Ele nunca chamou seus discípulos para votar quanto ao que deveriam fazer. Ele
assumiu a responsabilidade. Jesus baseava sua autoridade nas escrituras e na
incumbência que recebera de seu Pai. [...] O primeiro milagre realizado por Jesus foi
a pedido de sua mãe. Outro de seus primeiros milagres foi a cura da sogra de Pedro.
É instrutivo observar com que frequência ele interviu junto a membros da família de
um dos seus seguidores, o irmão de alguém, o filho ou a filha de alguém. Para
demonstrar que se importava com aqueles que lhe eram íntimos, Jesus mostrou que
se importava com os que eram íntimos deles. Essa é uma lição poderosa e de valor.
(BRINER, 1997 p. 21-82).

Assim, a dedicação demonstrada por Jesus Cristo pode ser aplicada dentro das
organizações, sendo a dedicação com as pessoas e com o trabalho fator fundamental para a
obtenção de êxito.

4 ORGANIZAÇÕES MODERNAS: DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO E


MODERNIDADE

A Revolução Industrial ocorrida no século XIX trouxe grandes transformações


que alteraram profundamente a organização do trabalho e criaram uma nova estrutura social,
já que antes a agricultura constituía a base da sociedade, onde dominava uma estrutura social
patriarcal e altamente rígida.
A chamada era industrial deu início à produção em massa, ao trabalho assalariado
e, consequentemente, à criação dos sindicatos que contribuíram para criação de uma nova
estratificação social, sendo “características da sociedade industrial, relações alteradas nas
12

famílias, educação em massa, canais de comunicação abertos, separação entre produtor e


consumidor, padronização da organização do trabalho, especialização” (REIS, 2002, p. 14).
A partir das mudanças ocorridas, aparece a necessidade de dinamizar o trabalho
aumentando a produção e reduzindo os custos, surge então Taylor nos EUA com a abordagem
científica trazendo os conceitos de organização racional do trabalho, do estudo de tempos e de
movimentos, da divisão do trabalho e da especialização da mão de obra. De outro lado, Fayol,
na França, com uma abordagem clássica que tinha ênfase na estrutura organizacional e no
funcionamento da organização. Mas foi a partir de Henry Ford que os conceitos
desenvolvidos foram primariamente aplicados e os resultados obtidos, embora elementares,
tornaram-se relevantes. O modelo T de Ford6 representou um marco inicial, pois, materializou
conceitos teóricos e conferiu a importância ao processo de fabricação em série que obedecia
fielmente aos princípios estabelecidos por Taylor.
Fatores como a Revolução Industrial, o crescimento acelerado do consumo e da
produção e o desenvolvimento tecnológico que tem ocorrido nos últimos tempos contribuíram
para o processo de globalização, que insere as empresas, independentemente do seu porte, em
um mercado cada vez mais competitivo. Este fenômeno é caracterizado entre outras coisas
pelo estreitamento das fronteiras culturais, políticas e econômicas. Com a quebra de
tais barreiras, a busca constante de conhecimento e de informação se tornaram vitais para
a sobrevivência das empresas. Esse ambiente onde a atuação passou a ser de ordem
global com consumidores mais exigentes, levou as empresas a operarem em um regime
de hipercompetividade, devido às condições impostas pela globalização (TEIXEIRA;
SILVEIRA; BASTOS NETO, 2006).
Os grandes desafios das organizações modernas, além da hipercompetitividade e
da exigência dos consumidores, são a capacidade de adaptação em um mundo imprevisível e
de alta instabilidade econômica e social. E, ainda, a busca de uma estrutura flexível e
adaptável às novas exigências do mercado, a criação de um ambiente, onde a cultura
coorporativa evidencie atitudes positivas no cumprimento dos objetivos da organização
através da valorização do capital intelectual e do desenvolvimento de uma cultura de
constante desenvolvimento e aprendizagem. Deve-se considerar que atualmente o foco das
empresas está na captação e desenvolvimento dos talentos humanos que formam o maior ativo
das organizações modernas (PACHECO; SCOFANO; BECKERT, 2006).

6
O modelo T da Ford foi um automóvel que revolucionou a indústria automobilística, era fabricado sempre na
cor preta e os preços eram acessíveis (MANSUR, 2007).
13

Sendo assim, é nesse clima em que o mundo atravessa a fase de mudanças e


de transformações aceleradas, que exigem das organizações novas informações capazes de
incrementar o conhecimento.
A busca constante por novos diferenciais também é exigida, um projeto de
liderança com capacidade voltada para a quebra de paradigmas é fundamental para o
desenvolvimento das organizações, que são sinalizadoras na sociedade. Para as organizações
caminharem de forma a atender as necessidades, é importante que estas se habilitem a fazer
parte desse novo mundo de transformações.

5 ESPIRITUALIDADE NAS ORGANIZAÇÕES

A espiritualidade em linhas gerais pode ser vista como o conhecimento de si


mesmo, sendo intrínseca a cada ser humano, mas não, necessariamente, cultivada. Para
Giovanetti (2005, p. 138):

O termo „espiritualidade‟ designa toda vivência que pode produzir mudança


profunda no interior do homem e o leva à integração pessoal e à integração com
outros homens. A espiritualidade tem relação com valores e significados: o espírito
nos permite fazer a experiência da profundidade, da captação do simbólico, de
mostrar que o que move a vida é um sentido, pois só o espírito é capaz de descobrir
um sentido para a existência.

Deve-se destacar que a espiritualidade não está separada do mundo material, ela
assume com este um equilíbrio.
A quebra de paradigmas e a criação de novos tem sido uma constante no ambiente
das organizações modernas que necessitam de uma grande capacidade de adaptação e
sensibilidade para se manterem competitivas no mercado.
E a partir de 1980, em uma reação à ganância coorporativa, começa o despertar
espiritual no ambiente de trabalho como uma nova forma de motivar e engajar as equipes de
trabalho na direção dos objetivos organizacionais. Tal reação foi percebida inicialmente nos
Estados Unidos, quando a indústria norte-americana passou a divulgar informações nessa
área, nomeando a década de “Década da Alma” (KIVITZ, 2007).
A chegada ao Brasil da espiritualidade no mundo das organizações se deu em
decorrência de estudiosos que estavam nos Estados Unidos voltarem ao Brasil com palestras e
cursos na área, implantando o tema no país, que só começou a ser percebido o final da década
14

de 1990, com uma publicação da revista Você S.A., em janeiro de 1999, que trazia o seguinte
tema: “A Espiritualidade chega às empresas”:

Algumas companhias brasileiras já estão pedindo ajuda aos céus literalmente.


Empresas como Mercedes-Benz, Magazines Luiza, Computer Associates e
Superbom abriram espaço para a „espiritualidade‟ dentro de seus escritórios. O que
seria isso? Basicamente, é abrir espaço, no ambiente profissional, para a vivência
religiosa, na suposição de que os cuidados com a alma ajudem na solução de
conflitos no dia-a-dia do trabalho. A espiritualidade no local de trabalho já é uma
forte tendência nos EUA. No ano passado, o The New York Times informou que as
barreiras entre trabalho e religião estão caindo por terra. O jornal falou de uma
crescente aceitação dos comportamentos abertamente religiosos nas empresas e citou
alguns exemplos: na Boeing há pessoas estudando o Alcorão, na Microsoft os
funcionários tem aulas de Torá, na Intel grupos de estudos islâmicos se reúnem
regularmente. (COLOMBINI, 1999, online)

O que desencadeou a busca pelo espiritual, pelo etéreo, foi a necessidade de


mudanças e de transformações nas organizações. Os gestores começaram a perceber que se
essas mudanças ocorressem individualmente e interiormente, as pessoas acabariam por
exteriorizar essas transformações motivando os outros ao seu redor, ou seja, os outros
colaboradores da organização, levando-os ao comprometimento e a geração de valores que
corroborariam na criação de um clima organizacional favorável e no cumprimento da missão
e dos objetivos organizacionais. Segundo o Dalai-Lama, a espiritualidade é aquilo que produz
mudanças interiores nos seres humanos (BOFF, 2001).
O grande dilema dos gestores se encontra em separar a espiritualidade da religião,
que são dois conceitos diferentes. De acordo com Guillory (2000, p. 43), “a espiritualidade é a
nossa consciência interior. É a fonte de inspiração, criatividade e sabedoria. O que é espiritual
vem de dentro e transcende nossas crenças e valores programados”. Já a religião, segundo
Durkheim (2003, p. 32), consiste em “um sistema solidário de crenças e práticas relativas a
coisas sagradas, isto é, separadas, proibidas, crenças e práticas que reúnem numa mesma
comunidade moral, chamada igreja, pessoas que a elas aderem”.
Assim, pode-se dizer que a religião é a espiritualidade sendo praticada, conforme
elucida Guillory (2000, p. 43): “a espiritualidade é uma maneira de ser que predetermina
como vamos reagir às experiências da vida ao passo que a religião implica incorporar e
implementar sistemas de crenças organizadas”.
O que implica que é mais aceitável incorporar a prática da espiritualidade nas
organizações como agente de inspiração e flexibilização na sensibilidade as mudanças.
Entretanto, quando se faz a opção pela religião, há sempre a possibilidade de comprometer
15

a aceitação, em razão de seus conceitos não permitirem muita formulação ou serem


pouco maleáveis.
Os preceitos religiosos na organização podem se aproximar de uma dogmática
rígida ficando, inclusive, próxima de inibir ou transpor práticas religiosas pessoais. Caso isso
venha a acontecer é possível que todo o sistema pereça, pois, em suma parece uma imposição,
com uma única diferença entre a rigidez de outros sistemas: a abordagem religiosa.
Entretanto, as empresas devem desenvolver uma cultura aberta, flexível e
participativa onde a valorização do capital intelectual e humano deve ser evidenciada.
A espiritualidade não deve ritualizar a cultura, mas antes gerar um clima favorável às
mudanças de atitude. A empresa que adere a era da espiritualidade acaba por se antecipar
ao futuro (ou pertencer a ele) e se mostra mais preparada para enfrentar a avalanche
de transformações nesse mercado globalizado, devido à capacidade de adaptação e
comprometimento que a cultura espiritualizada evidencia nos membros da organização
através da interiorização dos valores percebidos. Na visão de Aburdene (2010, p. 86):

Os lideres corporativos estão finalmente começando a entender que, para ter sucesso
no competitivo e globalizado mundo dos negócios, eles precisam descobrir os meios
de extrair criatividade e inovação – em outras palavras, o poder divino – de dentro
das pessoas.

Cavalcanti (2012) destaca que a liderança baseada nos preceitos da espiritualidade


conduz para um estado onde o ser humano encontra-se em conexão com sua consciência
maior, desenvolvendo valores essenciais ao líder e liderados. Dessa forma, o líder trata-se da
pessoa mais importante para buscar o objetivo vislumbrado, e, portanto, deve mostrar atitude,
idealismo e perseverança.

6 O ESTILO DE LIDERANÇA DE JESUS

Atualmente muitos autores têm se dedicado ao estudo da liderança de Cristo e


destacam-se inúmeras obras no mercado como: Jones (2006), em “Jesus, o maior líder que já
existiu”; Baker (2005), em “Jesus, o maior psicólogo que já existiu”; Briner (2007), em “Os
métodos de administração de Jesus”; Hybels, Blanchard e Hodges (2001), em “Liderando
com a Bíblia”.
Demonstram-se aqui dois modelos de liderança, expondo as práticas necessárias
para uma liderança exemplar, sendo o primeiro (Quadro 2), com base em Kouzes e Posner
16

(2003), e o segundo (Figura 1), com base em Hunter (2004). Ambos possuem ligação com o
modelo de liderança de Jesus Cristo, com práticas exercidas por ele que podem ser aplicadas
dentro das organizações empresariais, o exemplo, a inspiração, o desafio, a autoridade, a
motivação, o serviço e o sacrifício, e o amor são demonstrados como atitudes basilares para
que a liderança possa ser exercida com o sucesso almejado:

Regra Compromisso
- Descobrir sua voz, esclarecendo seus valores pessoais;
Apontar o caminho
- Dar o exemplo, alinhando ações com valores compartilhados.
Inspirar uma visão - Antecipar o futuro imaginando possibilidades empolgantes e enobrecedoras;
compartilhada - Envolver os outros em uma visão comum apelando para as aspirações compartilhadas
- Buscar oportunidades procurando maneiras inovadoras de mudar, crescer e melhorar;
Desafiar o
- Experimentar e se arriscar gerando constantemente pequenas vitórias e aprendendo
estabelecido
com os próprios erros.
Permitir que os - Fomentar a colaboração ao promover metas de cooperação e desenvolver a confiança;
outros ajam - Fortalecer os outros compartilhando poder e autoridade.
Encorajar o - Reconhecer contribuições valorizando as qualidades individuais;
coração - celebrar os valores e as vitórias criando um espírito de comunidade.
Quadro 2 – Cinco práticas para uma liderança exemplar
Fonte: Kouzes e Posner (2003, p. 7).

Liderança

Autoridade

Serviço e sacrifício

Amor

Vontade

Figura 1 – Pirâmide de Hunter


Fonte: Hunter (2004, p. 73).

Apontar o caminho significa antes de tudo definir quais são os seus valores
pessoais, dando o exemplo e alinhando suas ações com suas palavras, bem como planejar
como alcançaram as vitórias. Conforme destaca Hunter (2006, p. 29):

Os líderes servidores mais eficazes possuem a extraordinária capacidade de


demonstrar ao mesmo tempo um rigor implacável e uma afeição sincera. Podem ser
muito exigentes em suas buscas da excelência, mas demonstram igual empenho em
manifestar seu interesse e amor pelas pessoas.
17

É possível ver o exemplo de Jesus Cristo que mostrava claramente quais eram os
seus valores pessoais, como se pode ver no Sermão da Montanha que ele ensina a regra de
ouro, de tratar o próximo da mesma forma que gostaria de ser tratados (MATEUS, 7:12), em
outra ocasião ela dá o exemplo lavando os pés dos seus discípulos e proclama uma lição de
humildade e liderança pelo exemplo e serviço, pois, mesmo sendo ele o mestre lavou os pés
dos discípulos, assim, os discípulos deveriam agir da mesma forma com seu semelhante
(JOÃO, 13:1-20).
Portanto, fica claro que Jesus além expor seus valores e crenças pessoais traduzia
isso em ações que comprovavam aquilo que ele falava, liderando pelo exemplo e com serviço
oferecia uma direção segura aos liderados e era resoluto no alcance dos objetivos. Assim, de
um ponto de vista organizacional, pode-se dizer que o líder deve ter seus objetivos traçados
claramente, compartilhando com seus subordinados, fazendo mais do que apontar o caminho
a ser seguido, dando o exemplo de como deve ser feito, com foco nos resultados.
A prática de inspirar uma visão compartilhada constitui em imaginar um futuro
com grandes oportunidades e envolver as outras pessoas na busca de conquistas e realizações
que sejam compartilhadas e para o bem de todos. Jesus soube como ninguém inspirar uma
visão compartilhada e recrutar pessoas para a realização do seu objetivo; conforme verifica-se
no evangelista Marcos (1:16-20) quando Jesus chamou os discípulos “eles imediatamente
deixaram as redes e o seguiram”, e destaca Hunter (2006, p. 18): “Se liderança tem a ver com
influência – e sabemos que tem -, desafio qualquer um a indicar um ser humano na história do
mundo mais influente do que Jesus”.
Para Robbins (2005, p. 281), “os líderes podem usar a linguagem para influenciar
a percepção que seus seguidores terão do mundo, o significado dos acontecimentos, as
crenças sobre causas e consequências e as visões do futuro”.
Nessa linha de pensamento, Matos (2002) aponta que o líder é geralmente
identificado por seu carisma, que se traduz por peculiaridades marcantes, personalidade forte
e integrador. A grande motivação no trabalho, que é realizar realizando-se, é a referência
fundamental à liderança para converter sonhos e ideias em sinergia de equipe.
O fato de desafiar o estabelecido pode ser visto na obra de Briner (1997) quando
afirma que Jesus baseava sua autoridade nas Escrituras e na incumbência que recebera de seu
Pai. De fato, ele se submetia a uma autoridade maior: “Não se faça a minha vontade, e, sim, a
tua” (LUCAS, 22:42). Segundo Baker (2005), Jesus tinha um objetivo, uma missão. No
entanto, sabia que tinha que enfrentar muitas barreiras, entre elas, o fato de as pessoas ficarem
presas às suas antigas convicções e formas de pensar.
18

Nesse contexto, Kouzes e Posner (2003) admite que os líderes são pioneiros –
pessoas dispostas a partir para o desconhecido, a assumir riscos, a inovar e experimentar para
descobrir novas e melhores maneiras de fazer as coisas. Machado (2008) acrescenta que com
a sua atuação carismática Jesus conseguiu que o grupo atingisse as metas com mais eficiência
e disseminasse a sua palavra.
Jesus foi um agente de mudanças e de transformações que impactaram
profundamente não só a sua época, mas alteraram para sempre o curso da história humana
e os reflexos de sua liderança desafiadora podem ser visto em todos os continentes.
A prática de permitir que os outros ajam dá a ideia do trabalho em equipe, onde
todos devem contribuir com seu trabalho e sua opinião, respeitando a dos demais. Hunter
(2006, p. 14) destaca que:

Jesus escolheu seus discípulos, sendo a maioria deles homens rudes e pescadores e
durante três anos os preparou e capacitou sempre incutindo uma visão compartilhada
do seu propósito e missão, constantemente ele era chamado de rabi, que significa
mestre, porque sempre se mostrava disposto a ensinar aqueles que queriam ouvir.

Para Briner (1997, p. 17):

A história demonstra que Jesus fez um trabalho extraordinário ao selecionar sua


equipe. E se você entender bem o plano dele saberá que até mesmo Judas, o traidor
fazia parte desse plano, afinal, qual o processo de seleção seria capaz de escolher o
candidato certo em cada 11 de 12 tentativas?

A sua linguagem era contextualizada para aqueles que o estavam ouvindo, quando
lhe faziam perguntas respondia com parábolas visando estimular o raciocínio para que cada
ouvinte tirasse suas próprias conclusões (LUCAS, 10:25-28). Assim, os grandes líderes de
alguma maneira envolvem “aqueles que devem viver com os resultados e tornam possível
para outros, efetuar um bom trabalho. Eles encorajam a colaboração, montam equipes e
delegam autoridade a outras pessoas. Eles capacitam outros para agir” (KOUZES; POSNER,
2003, p. 10).
Quanto a encorajar o coração, cabe afirmar que Jesus acrescentou o conceito de
compaixão à liderança, como observa-se em Mateus (9:36): “vendo ele as multidões,
compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas, como ovelhas que não tem pastor”.
Aqui, pode-se dizer que essa prática está relacionada a encorajar cada um de seus
subordinados, motivando-os no alcance de seus resultados, passando o feedback de seu
trabalho e recebendo o feedback dos mesmos.
19

Ressalta-se que o feedback não consiste em apenas elogiar o colaborador, mas sim
mencionar seu trabalho, destacando os pontos em que pode melhorar, fazendo o funcionário
buscar cada vez mais melhorias em seu trabalho, com a certeza de que será reconhecido pelas
mesmas.
Analisando a pirâmide de Hunter, deve-se destacar que a liderança é colocada no
topo da pirâmide por ser o assunto tratado e o objetivo almejado. Sendo considerada pelo
autor como a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente na busca
dos objetivos identificados como sendo para o bem comum. Hunter (2004) destaca que a
liderança deve ser construída com base na autoridade, esta que compõe a segunda zona da
pirâmide.
A autoridade consiste na capacidade de levar as pessoas a executarem suas
atividades de boa vontade, sem utilizar para tanto de hierarquia ou força, e sim de sua
influência pessoal. Pode-se aqui mencionar Jesus e seu modelo de liderança, ele não usava do
poder “faculdade de forçar ou coagir alguém a fazer sua vontade, por causa de sua posição ou
força, mesmo que a pessoa preferisse não o fazer” (HUNTER 2004, p 13). O que Jesus
possuía era influência pessoal, que fazia com que as pessoas realizassem as atividades de
boa vontade.
Para que a autoridade fosse alcançada, faz-se necessário o serviço e o sacrifício,
que estão na terceira zona da pirâmide. O serviço e o sacrifício são exemplificados por Hunter
(2004, p. 66) na figura de Jesus Cristo:

Jesus disse que a influência e a liderança são construídas sobre o serviço. [...] Ele
mudou o mundo sem exercer poder, só influência. De fato, recentemente fiz um
sermão sobre isso. Jesus disse uma vez: “Eu trarei todos os homens para mim se me
levantar.” Ele estava de fato descrevendo seu sacrifício de ser erguido numa cruz. E,
certamente arrastou muitos, como resultado de seu sacrifício.

Assim, é sendo o exemplo, servindo e fazendo sacrifícios que Jesus conseguiu sua
influência pessoal. Para tudo isso, faz-se necessário o amor, que compõe a quarta zona da
pirâmide, devendo este ser fundamentado na última zona da pirâmide, ou seja, na vontade.
Olhando a pirâmide e analisando-a em seu geral, pode-se dizer que a vontade é a
base de tudo, para desenvolver qualquer atividade faz-se necessário ter vontade, por meio dela
é possível sintonizar as intenções do indivíduo. Sendo necessário se ter vontade para escolher
amar, sentindo as reais necessidades, e para atendê-las faz-se necessário dispor de serviço e
sacrifício. A partir do momento que o indivíduo serve e se sacrifica ele passa a exercer
influência ou autoridade, ganhando, portanto, o direito de ser líder.
20

Assim, tem-se nesses dois modelos, Kouzes e Posner (2003) e Hunter (2004),
práticas de liderança que trazem o modelo exercido por Jesus Cristo, tendo como umas das
principais premissas o serviço para a conquista da autoridade e, consequentemente, da
liderança.

7 O ESTILO DE LIDERANÇA DE JESUS E A ORGANIZAÇÃO EMPRESARIAL

Durante muitos anos a liderança empresarial foi alicerçada praticamente no


respeito imposto e não no respeito conquistado, as pessoas eram tratadas como maquinas úteis
a organização e não como seres humanos dotados de sentimento e emoções. Hoje tudo está
diferente, a velocidade das transformações, a busca constante de competitividade em uma
economia global, tem levado às organizações a compreensão que o segredo para manter a
empresa viva e competitiva são as pessoas. Jesus já fazia isso há dois mil anos atrás.
Nesse contexto, o modelo de liderança de Cristo surge como uma forma de
diferenciar as empresas que o estudam e o adotam na busca de sobreviver no mercado. Já que
os padrões clássicos de estilos de liderança se mostram ineficientes na atualidade.
A definição de missão e valores de uma organização aponta o caminho que ela
deve seguir, mas o que está escrito e pendurado em quadros deve ser exercitado na prática, ou
seja, “palavras e planos não são suficientes. Os lideres defendem suas crenças. Eles praticam
aquilo que pregam. Mostram os outros, através de exemplos próprios, que vivem pelos
valores que professam” (KOUZES; POSNER, 2003, p. 183).
Assim como Jesus que viveu aquilo que pregou conquistando o respeito e
admiração dos seus seguidores, formando uma organização respeitada mundialmente, o
cristianismo. Toda empresa que queira sobreviver diante do aumento da exigência dos
consumidores e da sociedade deve ser exemplo para os seus clientes.
Na opinião de Koontz e O‟Donnel (1992, p. 214), “um novo líder precisa exercer
uma administração mais efetiva e flexível”. Desde que o ambiente na qual a empresa opera
certamente mude, e desde que as atitudes e as motivações das pessoas também variem, é
imprescindível a prática da flexibilidade.

O novo líder será alguém capaz de desenvolver uma cultura ou sistema de valor
baseado em princípios. Desenvolver um sistema de valor em uma empresa torna-se
um desafio extraordinário e empolgante nesta nova era. E somente será alcançado
por líderes, sejam estes emergentes ou sazonais, com visão de coragem e humildade
para aprender e crescer continuamente (BERREDO, 2007, p. 3).
21

A criação de uma cultura coorporativa baseada no modelo de Cristo parece vital


para sobrevivência das organizações, ele tinha um sonho, uma visão e compartilhava com os
outros e conseguia através do seu carisma e personalidade envolver as pessoas em busca dos
objetivos propostos. A integridade e honestidade eram sua bandeira e o amor e respeito pelos
liderados seu estandarte, o foco central de sua atuação não era seu negócio, mais as pessoas
envolvidas nele.
Na percepção de Wedel (apud VEIGA FILHO, 2013), a vida deve ser pautada por
uma conduta ética, equilibrando o material e o espiritual. Assim, a espiritualidade deve ser
buscada pelo indivíduo, todavia, o material não pode ser deixado de lado, sendo necessário
que ele consiga o equilíbrio entre esses dois fatores.
A quebra de paradigmas foi umas das marcas da liderança de Jesus que com
coragem e conhecimento desafiava o estabelecido. Os novos líderes surgem constantemente
com desafios e ideias empreendedoras, inovadoras e inteligentes. De acordo com Koontz e
O‟Donnel (1992, p. 391), “os desafios de uma sociedade melhor, através da prática
aperfeiçoada da administração em todo tipo de empresa e os envolvidos na liderança são
impressionantes”. Matos (2002, p. 18) expõe os ensinamentos:

Não são tecnologias que integram lideranças, mas ideias, ideais, sentimentos,
objetivos e resultados. A grande motivação no trabalho que é realizar, realizando-se,
é a referência fundamental à liderança para converter sonhos e idéias em sinergia de
equipe. Pensamento, visão, ação estratégica, integração e a liderança fazendo
acontecer: eis a fórmula do sucesso.

Nessa linha de pensamento, todos os seguidores de um líder lutam por um mesmo


objetivo, com ardor e comprometimento.
Segundo Baker (2005, p. 52), “Jesus ensinou que as pessoas que estão crescendo
são sempre capazes de mudar sua maneira de pensar a respeito das coisas, pois, à medida que
nos desenvolvemos e mudamos, antigas convicções deixam de funcionar para nós”. Para Shea
(2007), a autoridade de Jesus se estabelece sobre a vida daqueles que voluntariamente se
submetem à sua liderança.
Na opinião de Berredo (2007, p. 12), “o novo líder é aquele que consegue obter a
cooperação e o comprometimento de seus liderados na execução daquilo que foi planejado
através do empreendedorismo, inovação e inteligência”.
Na atualidade, os grandes desafios perseguidos pelas consultorias e recursos
humanos no campo da formação e aperfeiçoamento de liderança abrangem comunicação,
atitude, tática e estratégia. Neste sentido, Robbins (2005) enfatiza que atualmente, a principal
22

abordagem sobre liderança é a teoria da meta e do caminho. Essa teoria argumenta que a
função do líder é ajudar os subordinados no alcance de suas metas, fornecendo a orientação
necessária para atingir aquilo que foi determinado. O perfil do novo líder não requer somente
proporcionar resultados eficazes para a empresa ou utilizar as ferramentas administrativas
contemporâneas, as novas práticas administrativas empregadas pelos líderes empresariais
englobam o respeito pelo ser humano, a responsabilidade social, o respeito à cidadania e ao
meio ambiente, para a construção de uma sociedade global mais qualificada e humanizada.
De acordo com Machado (2008), durante toda a vida terrena Jesus viveu
intensamente com seus doze apóstolos para que todos tivessem uma visão igualitária do que é
a vida plena. Em suas reuniões, tinha sempre o objetivo de inspirar uma visão compartilhada.
Como ninguém ele investiu no capital intelectual e nos talentos humanos dos seus liderados,
atuou como um líder coach, selecionou cada discípulo, treinou-os durante três anos, delegou
autoridade e os enviou com instruções que os levariam a cumprir os objetivos propostos,
mostrou para as organizações modernas como deve ser um processo de escolha e capacitação
de lideres.
Na realidade, o objetivo de Jesus sempre foi descentralizar o seu trabalho para
garantir cada vez mais seguidores. Ele possuía um enorme aprofundamento acerca das
escrituras e usava o seu conhecimento para profetizar e proclamar os seus propósitos.
Portanto, as organizações precisam de líderes, como Jesus Cristo para causar
impacto nas organizações através de carisma, atitude, meta, confiança, presença, dedicação,
exemplo, motivação, força de persuasão, espontaneidade, compartilhamento, visão e ação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se concluir que essas práticas/caminhos de liderança, onde a espiritualidade


está no centro das ações, tendo-se como principal exemplo Jesus Cristo, estão em consonância
com que há de melhor na literatura sobre o tema e que se aplicados dentro de qualquer
organização por seus lideres, com certeza os resultados seriam significativos.
Encontra-se na história um exemplo de liderança que transcende às questões
militares e de certo modo não obedece ao modelo de liderança tipicamente religioso. Jesus
sempre representou para o ocidente um modelo de piedade e sensibilidade às questões
humanas. Assim, muitos enxergam qualidades gerenciais em Jesus que poderiam ser
utilizadas eficientemente nas organizações.
23

De conformidade com o tema expendido acerca do estilo da liderança de Cristo


aplicado nas organizações modernas pode-se perceber os seus grandes ensinamentos acerca
dos caminhos para a liderança. Foi percebido que o amor pode ser transportado para o mundo
empresarial, podendo ser percebido na motivação aos funcionários, na harmonia em equipe,
enfim, no poder do líder em transformar as atividades em algo prazeroso.
Com base na revisão de literatura, destaca-se o enriquecimento deste estudo, sobre
a liderança, como uma das tendências mais importantes da atualidade, uma vez que a
liderança consiste em assumir uma missão plena de desafios que vai além dos conceitos
apresentados.
Observa-se que liderança significa somatório de forças, conhecimentos,
tecnologias e demais outros processos trabalhados em sintonia e conjuntamente. Cabe ao líder
não só ter consciência do seu papel como será preciso ter atitude para o efetivo exercício de
liderança.
Na verdade, pode-se afirmar com convicção que o modelo de Jesus está em
consonância com as práticas modernas de liderança, um líder que lidera pelo exemplo. A
capacidade de liderar deriva-se do apoio daqueles que cercam aquele que comanda. Hoje, os
líderes empresariais descobriram através dos ensinamentos de Jesus Cristo que a única
maneira de garantir a sua empresa viva é valorizando o trabalho de grupo, de equipe, seres
humanos plenos de ideias e de sonhos.
Com base no estudo, pode-se dizer que o estilo de liderança de Jesus Cristo é o de
servidor, onde ele ao invés de apenas apontar o caminho a ser seguido, dar o exemplo de
como seguir pelo menos, escutando sua equipe e compartilhando suas ideias em busca de seus
objetivos, transformando-as em uma só. Uma filosofia de liderança – o exemplo determinado
de Jesus.
Destaca-se que a natureza empresarial difere-se da natureza religiosa, onde se
manifestou a liderança de Jesus Cristo. Dois mundos opostos, mas onde é possível conciliar
os ensinamentos de um para o outro, pois em ambos para alcançar os objetivos e conseguir
seguidores dedicados, faz-se necessário usar o amor em equilíbrio com a autoridade, não
sendo apenas aquele que diz o que deve ser feito, mas que acima de tudo, é exemplo do que
pode ser feito.
No que concerne aos obstáculos que o meio empresarial apresenta para que o
modelo de liderança de Cristo seja exercido têm-se as rotinas diárias que exigem cada vez
mais dos colaboradores e gestores, a própria competitividade existente não só entre as
empresas, mas dentro dela mesma, na própria equipe. Enfim, é necessário que o líder consiga
24

transpor tais barreiras, demonstrando que todos podem participar com ideias, com o próprio
trabalho e que ele não está ali apenas para mandar que uma atividade seja executada, mas ele
próprio também a executará. Além do posicionamento do próprio líder, aplicar a liderança de
Jesus Cristo nas organizações exige atitudes bem mais complexas, de natureza estrutural da
própria organização e de quebra de paradigmas, sendo necessário modificar os
comportamentos adquiridos e transmitidos no decorrer do tempo. Esse processo de mudança é
muito complexo, e exige cuidado e tempo, devendo ser modificadas as restrições
organizacionais que operam sobre os funcionários.
Cabe aqui uma indagação: A busca por espiritualidade nas empresas seria uma
técnica de produtividade? Pressupõe-se que sim, visto que as organizações empresariais visam
o lucro, assim, pode-se dizer que, em certa medida, de fato consiste em uma estratégia para o
aumento da produtividade, visto que perceberam que a maior estratégia de uma empresa é
investir em pessoas. Talvez seja a motivação, a variável mais complexa na equação da
produtividade, pois, é a que leva uma pessoa a agir de determinada maneira.
No entanto, mesmo que seja evidente o ideal do aumento de produtividade no uso
da técnica de espiritualidade no ambiente empresarial, se deve considerar que a estratégia
fortalece o movimento pela humanização do trabalho, agrega conquistas ao trabalho
assalariado e timbra novos paradigmas na relação hierárquica das organizações. É possível
que um futuro bem próximo evidencie ganhos significativos que contemplem patrões e
empregado, líderes e liderados, benefícios que se estendam a organização como um todo.
Pode-se dizer que o projeto de espiritualidade na organização possui um duplo
foco: a pessoa e a produtividade. Se de um lado não é possível negar o cuidado diferenciado
com a pessoa; de outro, não é possível simular o interesse na produtividade, visto que se
percebeu que se as pessoas fossem motivadas e estivessem satisfeitas com o seu trabalho,
melhor seria sua produtividade e, consequentemente, maior o lucro empresarial.
Em suma, constata-se que o estilo da liderança de Cristo pode influenciar e causar
um grande impacto no resultado das organizações modernas; pela atitude, sabedoria,
inspiração, carisma, autoridade, dedicação, motivação, força de persuasão, espontaneidade e,
sobretudo, pela visão de novas possibilidades de ação. Nesse contexto, tem-se no modelo de
liderança de Jesus Cristo, onde a vontade e o amor são basilares para que seja feito o serviço e
o sacrifício, alcançando, com isso, a influência e a autoridade, e chegando ao topo, atingindo,
consequentemente a liderança. Assim, se as empresas conseguirem aplicar esses adjetivos aos
seus gestores poderão ter um estilo de liderança capaz de motivar seus funcionários no
caminho dos objetivos almejados.
25

Esse estudo pouco representa diante do que há ainda para ser explorado mesmo
não sendo um tema de abordagem recente ainda é pouco trabalhado no Brasil. Sugere-se e,
certamente ocorrerá, que outros estudos e pesquisas venham ser desenvolvidos sobre
empresas que adotem os princípios aqui mencionados, aprofundando o modelo de liderança
de Jesus e os estudos de Kouzes e Posner e de Hunter no que diz respeito à espiritualidade nas
organizações.

REFERÊNCIAS

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Elsevier, 2010.

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Dame: University of Notre Dame Press, 2007. Disponível em: <http://www.http://search.
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BASS, B. M.; STOGDILL, R. M. Handbook of Leadership: theory, research, and


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