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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Educação e Comunicação


Cadeira: Auditoria Fiscal
Docente: Paulo Henriques, MA.
Estudantes: Braimo Racide
Kelton Bernardo Sino
José Perma José
Juvito João Paulino Justo Cumalembe
Yunnus Ibraimo Ali

Execução da Auditoria Fiscal

O processo de execução de uma auditoria compreende o conjunto de fases destinado a examinar a


regularidade e avaliar a eficiência da gestão administrativa e dos resultados alcançados, bem como
apresentar subsídios para o aperfeiçoamento dos procedimentos administrativos e controles
internos de uma organização. Para atingir esse objectivo, o auditor necessita planear
adequadamente seu trabalho a fim de avaliar o sistema de controles internos relacionados com a
matéria auditada e estabelecer a natureza, a extensão e a profundidade dos procedimentos de
auditoria a serem realizados, bem como colher as evidências comprobatórias de suas constatações
para a formação de sua opinião. Nesse caso o presente trabalho tem como objectivo falar sobre as
fases execução da auditoria fiscal, tendo em conta os seus processos de auditoria fiscal, suas fases
que são: o planeamento, a execução, e a fase do relato. Para a elaboração e desenvolvimento do
presente trabalho a metodologia usada foi a de pesquisa bibliográfica. Quanto a estrutura, o
presente trabalho é composto por introdução, desenvolvimento, conclusão e suas respectivas
referências bibliográficas.

O conceito de auditoria em termos gerais consiste numa investigação independente sobre uma
actividade em particular. Limitando o âmbito às demonstrações financeiras, pode-se definir como:
“Processo sistemático de obtenção e avaliação objectivas da prova relacionada com as asserções
acerca dos factos e acontecimentos económicas, certificando o grau de correspondência entre essas
asserções e os critérios estabelecidos, e de comunicação dos resultados aos utentes interessados,
(Canedo, Guedes & Monteiro, 2007, p. 15)”.

Processo de Auditoria Fiscal


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O processo de se efectuar uma auditoria deve contemplar as seguintes fases e cada uma das quais
constituídas por diversas etapas:

✓ 1ª Fase - Planeamento
✓ 2ª Fase – Execução
✓ 3ª Fase – Relato
O processo de desenvolvimento de todas as fases do processo da auditoria tributária deve assentar
em princípios geralmente aceites da auditoria contabilística ou financeira, sendo fundamental,
nomeadamente, que:
I. O trabalho seja devidamente planeado e acompanhado;
II. Seja suficientemente compreendido o negócio, a organização e gestão da empresa
(sistemas de contabilidade, informática e controlo interno) e a sua situação fiscal por
forma a determinar os procedimentos adequados;
III. Os procedimentos aplicados permitam obter durante a auditoria uma razoável base para
aferir do grau de cumprimento fiscal da empresa;
IV. O trabalho efectuado e as conclusões obtidas sejam apropriadamente registados.
De acordo com os autores Canedo, Guedes & Monteiro (2007, p. 20), cada uma das fases referidas
do processo de auditoria, deve considerar no seu desenvolvimento as seguintes etapas:

1ª Fase - Planeamento
De acordo com o Canedo, Guedes & Monteiro (2007, p. 49), em auditoria todo o trabalho deve ser
planeado, entendendo-se o planeamento como o desenvolvimento de uma estratégia geral e de uma
metodologia detalhada quanto às esperadas natureza, tempestividade e extensão da
revisão/auditoria, de modo que os respectivos trabalhos sejam executados de uma maneira eficiente
e eficaz.
Por sua vez as Normas Técnicas de Revisão Auditoria, referem no seu paragrafo 15 que:

“O revisor/auditor deve planear o trabalho de campo e estabelecer a natureza, extensão, profundidade


e oportunidade dos procedimentos a adoptar, com vista a atingir o nível de segurança que deve
proporcionar e tendo em conta a determinação do risco da revisão/auditoria e a sua definição dos
limites de materialidade”.

O planeamento contribui para assegurar que:


✓ Seja prestada atenção apropriada a áreas importantes;

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✓ Potenciais problemas sejam identificados;
✓ O trabalho seja completado de forma expedita;
✓ Se efectue uma correcta atribuição de tarefas aos membros das equipas envolvidas;
✓ O trabalho seja acompanhado pelos coordenadores de equipa e pelos chefes de divisão.

Canedo, Guedes & Monteiro (2007, p. 23), a fase de planeamento da auditoria é constituída por
três etapas:
1. Avaliação do risco de incumprimento fiscal;
2. Definição da estratégia - plano de abordagem à auditoria;
3. Programação do trabalho.

A avaliação do risco de incumprimento fiscal da empresa, consiste em recolher e avaliar toda a


informação que permite determinar as probabilidades do não cumprimento das normas fiscais,
sendo composta por três pontos de avaliação:
a) Análise da informação financeira e fiscal disponível/revisão analítica global –
identificação de riscos específicos;
b) Conhecimento do negócio e da proactividade fiscal - avaliação dos riscos inerentes;
c) Controlo interno - organização contabilística, ambiente de controlo e procedimentos
de controlo – avaliação do risco de controlo.

Plano de abordagem: Identificação das Matérias Relevantes para Auditoria

Após a avaliação do risco de incumprimento fiscal o inspector/auditor está em condições de


identificar as matérias relevantes para a auditoria e as áreas contabilístico-fiscais que devem ser
objecto de auditoria, ou seja, definir a estratégia da auditoria, considerada como o caminho a
percorrer para obter a prova do nível de cumprimento fiscal da empresa.
A consubstanciação desta estratégia é o plano de abordagem à auditoria, o qual deve ter em
consideração:
i. Identificação de riscos específicos que correspondem às conclusões sobre a revisão
analítica da informação financeira e fiscal, decorrente das incoerências e valores/variações
anormais face a períodos homólogos nas contas e nas declarações fiscais,
ii. Probabilidade de ocorrência e impacto dos riscos inerentes no apuramento dos resultados
fiscais que correspondem às conclusões sobre o conhecimento do negócio, da gestão e da
proactividade fiscal do contribuinte.
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iii. Pontos fracos nos controlos dos registos das transacções e nos apuramentos fiscais extra-
contabilísticos que correspondem às conclusões sobre o sistema contabilística, o ambiente
de controlo e os procedimentos de controlo da empresa.

Programação do Trabalho
Os programas de trabalho consistem na descrição detalhada do conjunto de técnicas e
procedimentos que devem ser aplicados no decurso de uma auditoria e dos resultados da execução
desses mesmos procedimentos, sendo por isso um instrumento imprescindível na organização do
trabalho e na obtenção da prova.

Na prespectiva dos autores Canedo, Guedes & Monteiro (2007, p. 64), os programas de trabalho
têm como finalidades principais:
✓ definir os objectivos específicos e a abordagem técnica adequada - função enquadramento;
✓ orientar o Inspector na execução do trabalho - função guia;
✓ garantir que todas as verificações previstas são cumpridas adequadamente - função
controlo.

Os objectivos específicos da inspecção/auditoria para cada área contabilístico-fiscal determinam a


selecção dos procedimentos de auditoria, os quais devem cobrir o risco de incumprimento fiscal
avaliado durante as partes anteriores do planeamento.
O conjunto de procedimentos a efectuar constituem o programa de trabalho e devem ser desenhados
a partir de padrões definidos para cada área contabilístico-fiscal a auditar, conforme se desenvolve
nos pontos seguintes do Manual, devidamente ajustados tendo em conta as especificidades da cada
empresa e de cada situação concreta.
❖ A função enquadramento permite definir os procedimentos por cada uma das áreas
contabilístico-fiscais a auditar relativamente às matérias específicas que no seu âmbito
devem ser verificadas por forma a atingir os objectivos delineados.
❖ A função guia dos programas de trabalho permite que o Inspector/Auditor responsável pela
acção execute todos os procedimentos previstos, minimizando o risco de omissão de algum
procedimento ou da sua não execução no momento oportuno, já que os mesmos estão
escritos de forma organizada e sistematizada facilitando assim o desenvolvimento do
trabalho.

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❖ A função controlo permite que o trabalho seja devidamente acompanhado, assegurar que
todas as verificações foram efectuadas e avaliar o respectivo nível de qualidade.
2ª Fase - Execução
De acordo o Do Rosário, Furtado & Canedo, segunda fase corresponde ao trabalho de
aplicação dos procedimentos e testes substantivos de detalhes de transacções e de
saldos definidos nos programas de trabalho e de revisão analítica final, executados
com vista a atingir os objectivos específicos traçados na fase do planeamento, (2018,
p. 22).

Os procedimentos de auditoria definem-se como o conjunto de técnicas utilizadas pelos auditores


para executar o seu trabalho com vista a atingir os objectivos gerais da função.
Na mesma perspectiva o Arens (2007), define os procedimentos de auditoria como sendo
instrumentos detalhados para a obtenção de provas.
Estes procedimentos de auditoria podem variar conforme o trabalho, e estabelecem-se de acordo
com o julgamento profissional que o auditor faz do trabalho a desenvolver. Podem ser
procedimentos gerais, ou seja, têm, aplicação em várias fases da execução do exame ou então
procedimentos específicos, que são utilizados em situações muito concretas no decorrer da
auditoria.
Na ISA 500 estão evidenciados os sete procedimentos gerais de auditoria, nomeadamente a
inspeção, observação, confirmação externa, recalculo, reexecução, procedimentos analíticos e
indagação.
Os testes sendo também procedimentos de auditoria relacionam-se mais especificamente com
objectivos que se visam atingir. A execução de um trabalho de inspecção obriga à utilização de
técnicas de verificação adequadas e consistentes.
o Testes de controlo que respeitam à obtenção da evidência de que os procedimentos de
controlo interno são efectivos e consistem em geral em obter conclusões do tipo sim/não,
certo/errado, determinando taxas de ocorrência, tendo por isso apenas o objectivo de testar
atributos e não valores.
o Testes substantivos que respeitam à confirmação do adequado processamento
contabilístico, expressão financeira e suporte documental das operações, comprovando o
correcto tratamento fiscal.
Os testes substantivos dividem-se ainda em duas categorias:
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• Analíticos - correspondem ao estudo e comparação entre os registos contabilísticos e a
informação relacionada, procurando determinar a coerência entre os valores registados e
declarados e identificar variações anómalas nas contas;
• De conteúdo - correspondem à verificação do processamento de operações consideradas
individualmente através da análise dos documentos e respectivos registos contabilísticos.
Os testes de conteúdo correspondem à análise dos movimentos e saldos das contas e de
outros registos contabilísticos com a finalidade de se obter a evidência da sua credibilidade.
Por exemplo, se a aplicação de um procedimento de inspecção a um documento visar assegurar a
sua validade e do respectivo registo poderemos designar este procedimento como um teste
substantivo. Se a inspecção a um documento visar assegurar que é aplicada uma medida de controlo
interno, então estaremos perante um teste de controlo. Isto significa que ao olhar para um
documento se está a aplicar um procedimento de inspecção, variando o tipo de teste relacionado
com o procedimento conforme os objectivos que se pretendam alcançar.

3ª Fase - Relato

Na terceira fase refere-se à obtenção das conclusões gerais sobre o grau de cumprimento fiscal do
contribuinte, verificando cuidadosamente se as provas obtidas são competentes e suficientes, de
modo a garantir, nomeadamente, uma adequada fundamentação das correcções que porventura
hajam que realizar e concluir o relatório, (Canedo, Guedes & Monteiro, 2007, p. 19).
Quanto ao relatório propriamente dito, deve contemplar as actividades e programas ou projectos
auditados e observar, correcta e imparcialmente, os factos constatados. O relatório deverá ser
elaborado tendo em consideração objectivos de clareza, concisão e exactidão, que terão de se achar
sempre presentes face à necessidade de apreensão correcta do respectivo conteúdo por parte dos
destinatários. Igualmente haverá que colocar especial cuidado na fundamentação e na comprovação
das conclusões expendidas.
Fazendo uma síntese do trabalho, é possível chegar a seguinte conclusão: as fases de execução de
uma auditoria resumem-se em planeamento, execução e relato. Onde, o adequado planeamento de
uma auditora é muito importante, pois permite ao auditor recolher prova suficiente e apropriada
para suportar as suas conclusões minimizando as possibilidades de litígio, mantendo a relação
custo/beneficio num patamar aceitável e cumprindo as datas de conclusão do trabalho com que se
comprometeu com eu cliente. A fase de execução compreende a realização de provas e reunião de

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evidências em quantidade e qualidade, baseando-se nos objectivos, critérios e na metodologia
seleccionada durante o planeamento.
O relatório de auditoria é a fase final do processo auditória e consiste em uma narração ou descrição
escrita, ordenada e minuciosa dos factos que foram constatados, com base em evidência concreta,
durante o transcurso dos exames de auditoria. Representa a fase mais significativa do trabalho e se
constitui no seu produto final.

Referências Bibliográficas

Almeida, Marcelo Cavalcanti. (2009). Auditoria: um curso moderno e completo. (6ª edição). São
Paulo, Atlas.

Arens, A.A.; Elder, R. J. e Beasley, M. S. (2007). Auditing and Assurance Services – An Integrated
Approach (9.ª Edição). New Jersey: Prentice Hall.

Canedo, J. Morais., Guedes, Olga & Monteiro, A. I. Cordeiro. (2007). Auditoria: Manual
Tributario. São Paulo: DGCI

Do Rosário, Leonor & Furtado, Mesquita. (2018). Manual de Auditoria. Inspecção Geral das
Actividades em Saúde.

International Federation of Accountants (IFAC), ISA 500 – Prova de Auditoria. International


Federation of Accountants (IFAC), ISA 520 – Procedimentos Analíticos.

OROC-Normas Técnicas de Revisão/Auditoria.

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