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Departamento de Contabilidade
Módulo: ADG025005191
Nível: CV5C
Elaborar o Orçamento e
Apurar os Desvios Orçamentais
Julho, 2021
PASCOAL PEREIRA
Descrição da Unidade de Competência:
Efectuar a quantificação do plano operacional através da elaboração
do orçamento anual e proceder ao control e análise de desvios.
Critério de Desempenho
a) Identifica os elementos necessários para a realização do controlo orçamental
O Controlo Orçamental
Programa:
Previsão:
decisões sobre planos Orçamento
definição de objectivo
de acção
Demonstração
de Resultados
• Proveitos
• Custos
Acções correctivas
Tomada de decisões
Balanços
Meio • Activos
• Recursos
envolvente Financeiros
Responsabilidade Tesouraria
Previsional
• Recebimentos
• Pagamentos
Controlo
Avaliação
Desvios comparação do
apuramento e orcamento com os
análise das causas resultados reais
de desvios
Requisitos do Controlo Orçamental Importância do Controlo Orçamental
• Tudo o que for objecto de controlo deve ter sido • Melhora o funcionamento futuro da empresa,
previamente orçamentado. conhecendo o passado e conhecendo os erros que
• Todos os desvios têm uma ou mais causas. Podem dever- determinaram os desvios.
se a falhas de programação ou de orçamento, a • Obriga os gestores a estabelecer objectivos alcançáveis
anomalias na execução das actividades, ou a ambas. e a escolher planos de acção exequíveis.
• Cada um dos desvios deve poder ser atribuído a um • Obriga a um acompanhamento da actividade,
responsável concreto por forma a permitir análises mais comparando as realizações com as previsões
detalhadas. efectuadas.
• Os desvios podem exigir medidas correctivas, • Obriga a que sejam realizadas acções correctivas, face
encarando-se o controlo orçamental como um processo aos desvios verificados, concebendo novas ideias, novos
de melhoria continua e não como uma forma de métodos e recursos alternativos.
intimidar os gestores. • Influencia os colaboradores a terem comportamentos
para aumentar a produtividade, para se atingirem os
resultados fixados pela organização.
• Pode auxiliar na redução de custos, melhorar a
organização da empresa e permitir que o controlo de
tesouraria seja mais eficaz.
A Gestão Orçamental pode ser definida como o
planeamento sistemático das actividades numa
organização, que se traduz no orçamento (expressão Resumidamente, o Controle Orçamentário é de vital
quantitativa dos objectivos da empresa), comparando-se, importância para qualquer empresa/organização. Uma vez
periodicamente, o real com o orçamentado. O Controlo que serve de acompanhamento e análise de possíveis
Orçamental, parte integrante do controlo de gestão de desvios no planeamento do exercício, e também, envolve a
uma empresa, é um instrumento de excelência que permite actualização contínua do planeamento e reorganização
aos gestores um controlo de gestão eficaz do orçamento das contas e sustentabilidade financeira de qualquer
da sua empresa e uma observação da evolução dos centro.
resultados económico-financeiros.
Vantagens do Controlo Orçamental Desvantagens do Controlo Orçamental
• Oportunidade de fazer mudanças. • Dependência de dados numéricos, por vezes em
• Identifica discrepâncias entre custos previstos e as detrimento de outras informações úteis.
receitas e os números reais. • Decisões baseadas em controlo orçamental.
• Ajuda aos agentes financeiros a tomarem decisões • Os custos da recolha de dados e análise de orçamentos.
correctivas. Dependência directa sobre as opiniões e julgamentos
• Redução de custos e despesas. dos líderes.
• Controlo de tesouraria mais eficaz.
• Elaborar previsões, sendo avaliado o risco das decisões a
tomar.
• Assenta na investigação das causas dos desvios.
• Permite conhecer o comportamento dos desvios com a
finalidade de controlar os mais relevantes.
• Possibilita realizar uma análise contínua dos
acontecimentos para alterar os programas ou proceder
à sua actualização.
Limitações do Controlo Orçamental
Limitações
Como
da Análise
minimizar?
de Desvios
• Sistema independente de
Dependência da Contabilidade.
Contabilidade (pessoal, stocks, etc)
Elementos de Competência:
3. Controlar a implementação do plano
Critério de Desempenho
b) Descreve a importância do recurso aos orçamentos flexíveis para a realização da análise do desvio
Para que se possam calcular desvios operacionais significativos, os orçamentos devem ser flexíveis para reflectirem com mais
precisão o nível de actividade actual alcançado num período. Na determinação destes orçamentos devemos ter em conta o
facto de as alterações no volume de produção ou nos níveis de actividade terem consequentemente impactos nos níveis de
gastos isto porque, ao contrário dos gastos fixos, os gastos variáveis alteram-se em função do volume de produção. Então, se os
níveis de actividade excederem os esperados, os gastos variáveis deverão ser maiores. Isto torna assim relevante a análise dos
gastos fixos e variáveis de modo a prever as despesas para os diferentes níveis de actividade.
Os orçamentos flexíveis têm assim em conta como é que as alterações nos níveis de actividade influenciam os gastos. Eles
ajustam-se a diferentes níveis de actividade, calculando os rendimentos e os gastos orçamentados baseando-se nos níveis de
actividade do final do período orçamental, quando o nível de produção actual já é conhecido, mediante a realização de
análises de sensibilidade acerca da evolução desses rendimentos ou gastos, permitindo assim perspectivar o grau de eficiência
das operações futuras.
Estes orçamentos vem fazer face às limitações dos orçamentos estáticos na avaliação do controlo de gastos, já que se as
actividades actuais divergirem do planeado será errado comparar os gastos actuais com os estáticos, mantendo este orçamento
inalterado. Estes orçamentos, ao serem baseados num nível particular de actividade, tornam-se assim inconsequentes na
preparação e avaliação de relatórios de performance periódicos a na análise dos desvios entre os gastos orçamentados e os
gastos actuais. Os desvios entre os orçamentos estáticos e flexíveis são então chamados de desvios de planeamento, enquanto
que os desvios entre os resultados actuais e o orçamento flexível são chamados de desvios operacionais.
Resumidamente, sendo o Orçamento Flexível aquele que é elaborado para vários níveis de actividade, tem uma vantagem de
permitir a comparação da actividade real com a prevista em qualquer que seja o nível de actividade, revelar variações devidas
a um bom controle de custos ou à falta de controle de custos e de ser útil na avaliação do desempenho. Assim, em qualquer
momento pode-se alterar o orçamento tendo em conta os aspectos positivos ou negativos e com mais precisão. Já que também
a gestão orçamental é uma ferramenta flexível, logo facilita a identificação dos desvios orçamentais.
Análise do Desvio Orçamental
ORÇAMENTO Meio
EXÓGENOS Ambiente
Responsabilização
Comparação DESVIOS
ESTRUTURA
Alheio ao Gestor
ENDÓGENOS
GESTOR
REAL
VARIAÇÕES
• volume
• mix (peso de vendas de um produto
no total dos produtos)
• eficiência ou produtividade Segmentos da empresa onde se verificam
• taxa de câmbio ONDE? os desvios (ex: canal, centro de
• preço de venda responsabilidade, etc.)
• mercado
• quota do mercado
• variação nos preços dos inputs
• alterações tecnológicas
• ocorrência de operações ineficientes Causas que estiveram na origem dos
• ocorrência de situações imprevisíveis PORQUÊ? desvios (ex: volume, preço, mix, procura,
• falhas de comunicação (padrões e etc.)
metas orçamentais)
Critério de Desempenho
c) Aplica a metodologia da orçamentação flexível para identificar os desvios
Um ponto fulcral na abordagem dos orçamentos flexíveis é a definição de padrões orçamentais que podem ser reportados aos
gastos, preços e quantidades. No entanto, quando os padrões são usados para obter quantidades e preços orçamentados dos
recursos, os termos padrão e orçamentado representam o mesmo, ou seja, um padrão se refere a um item orçamentado no
orçamento flexível.
Este sistema de controlo permite que os desvios orçamentais sejam analisados em detalhe e um controlo mais efectivo dos
gastos, sendo os gastos padrão, obtidos pelo produto entre as quantidades padrão, ou seja, as quantidades de inputs que
deveriam ser utilizadas por unidade de output; e os preços padrão, isto é, o montante que deveria ser pago pela quantidade de
input a ser empregue na produção.
Há padrões ideais, isto é, aqueles que expressam um desempenho mais eficiente possível tendo em conta os recursos e
especificações disponíveis, e onde não existiriam desperdícios, avarias ou qualquer outra falha, pese embora o facto de estes
serem raramente utilizados.
Além destes, são considerados também os padrões atingíveis, isto é, aqueles que embora representando alvos difíceis, são
atingíveis e que incorporam à partida os desperdícios, perdas e falhas que pontualmente acontecem na grande maioria das
operações, ou seja, antecipam algumas ineficiências.
Os gastos padrão são determinados normalmente através da análise de dados históricos passados para estimar as actividades.
da realização de estudos que envolvem a análise de um conjunto de informação acerca das especificações técnicas dos
produtos, equipamentos e padrões de produção, da análise das operações de outras empresas, através de técnicas de
benchmarking tornando-se então possível comparar o nível de desempenho das actividades com os melhores níveis de
desempenho, normalmente verificados em empresas concorrentes ou em empresas com processos semelhantes. Também pode-
se estabelecer os limites de controlo mediante a fixação de um padrão situado entre um limite superior e inferior, entre os quais a
investigação dos desvios se torna aceitável.
Uma vez determinados os padrões, podemos então passar à análise dos desvios em relação ao orçamento flexível. A estas
diferenças é dado o nome de desvios orçamentais, que são calculados pela diferença entre valores reais e os valores
orçamentados (desvios = valores reais - valores orçamentados) podendo ser favoráveis ou desfavoráveis, conforme o respectivo
sinal e a natureza do que se está a calcular. Os desvios são favoráveis quando os resultados actuais excedem os orçamentados,
isto no caso dos ganhos e rendimentos, contrariamente aos gastos. O inverso se passa no caso dos desvios desfavoráveis.
Perante um desvio orçamental desfavorável, a análise do mesmo enche-se de particular importância dado que conduz à
escolha das medidas correctivas a tomar de modo a minimizá-lo ou eliminá-lo.
A análise dos desvios orçamentais fornece uma informação mais precisa acerca da performance das actividades onde as
operações não decorrem conforme o planeado, direcionando os esforços dos gestores para as áreas que merecem mais
atenção, ou seja, onde os desvios são mais significativos e ajudando a identificar formas de melhorar as decisões e resultados
futuros, podendo até conduzir a uma alteração da estratégia da empresa através do fornecimento de informação relevante
para o planeamento futuro, permitindo uma gestão por excepção.
Este tipo de análises permite também a produção de relatórios periódicos sobre os desvios que devem ser relevantes,
atempados, precisos e efectivos.
Exemplo
XYZ é uma empresa que teve grande vendas num determinado ano (125.000 unidades). No entanto, para a decepção desta
empresa, o relatório de orçamento no seu custo total relatou grandes diferenças desfavoráveis.
Para cada categoria de despesas, foi calculado uma variação, identificando desvios desfavoráveis em materiais indirectos, na
mão de obra indirecta, salários de supervisores e despesas (água, energia, telefone). Somente manteve-se o aluguer e a
depreciação porque são custos fixos.
O total de custos desta empresa excedeu o orçamento em 25.000 MT.
Os gestores cometeram um erro de tratar os custos variáveis como fixos. Afinal, as porções de custo total, tal como materiais
indirectos, parecem ser custos variáveis.
Se a empresa aumenta a produção de 100.000 unidades para 125.000 unidades, estes custos variáveis também devem aumentar.
Empresa: XYZ
Relatório de Orçamento em 31 Dez 2021
Depois de ajustar a mudança no nível de produção, a variação dos custos totais passou a ser favorável, com 355.000 MT para
o actual contra 362.500 MTdo orçamento flexivel, ou seja, menos 7.500 MT.
Empresa: XYZ
Relatório de Orçamento em 31 Dez 2021
Os Desvios
Matérias (MD)
• Considerar as quantidades a consumir e o preço esperado de aquisição.
• O desvio no consumo de matérias resulta da diferença entre: Custo real das matérias consumidas e custo padrão das matérias
consumidas.
• O desvio de preços de matérias pode ser calculado no momento da compra ou na altura em que as mesmas são consumidas.
Fórmulas:
Desvio Total (DT) Desvio de Preço (DP) Desvio de Quantidade (DQ) Preço (P) Mix
DT = Qr x Pr – Qp x Pp DP = Qr (Pr – Pp) DQ = Pp (Qr – Qp) P = Qp (Pr – Pp) Mix: (Qr – Qp) x (Pr – Pp)
Qr = unid x Qr
Qp = unid x Qp
Terminologia:
Qr – Quantidade real das matérias consumidas
Pr – Preço real das matérias consumidas
Qp – Quantidade padrão das matérias consumidas
Pp – Preço padrão das matérias consumidas
Mão de Obra (MOD)
• Distinguir mão-de-obra directa da indirecta.
• O preço a aplicar é muitas vezes resultante de negociações individuais ou colectivas, dados históricos, valores estimados.
• Considerar: horas consumidas e o valor a atribuir a cada hora.
Fórmulas:
Hr = unid x Hr
Hp = unid x Hp
Terminologia:
Hr – Horas reais de mão-de-obra
Hp – Horas padrão de mão-de-obra
Pr – Preço real de mão-de-obra
Pp – Preço padrão de mão-de-obra
Fórmulas:
Desvio Total (DT) ou das Vendas Orçamento Ajustado (OA) Orçamento (O) Desvio de Volume (DV)
DT = Qr x Pr – Qo x Po OA = Qr x Po O = Qo x Po DV = Qr x Po – Qo x Po
ou = OA – O
DC = Qr (Pr – Po) DF = Qr x (CIPAr – CIPAo DCV = CIPAo (Qr – Po) Dvq = Po (Qr – Qo)
Qr = unid x Qr
Qp = unid x Qp
Terminologia:
Qr – Quantidade real
Qo – Quantidade orçamentado
Pr – Preço real
Po – Preço orçamentado
CIPAr – Custo indirecto de Produtos Acabados real
CIPAo – Custo Indirecto de Produtos Acabados orçamentado
EXERCICIOS
1.
Identifique as causas de:
• Desvio de Preço
• Desvio de Quantidade
• Desvio de Taxa
• Desvio de Eficiencia
2.
Certa empresa, para produzir 1000 unidades do produto A tem como base consumir 2,1 unidades da matéria-prima X, mas na
realidade consumiu 2 unidades desta matéria-prima para cada unidade do produto fabricado.
O preço de aquisição estava orçamentado em 4,5 MT/unidade e no dia da compra pagaram 5 MT/unidade.
Calcule:
• Desvio do preço
• Desvio da quantidade
• Desvio total
• Preço
• Mix
3.
Do orçamento relativo a um determinado ano, consta os seguintes dados:
Critério de Desempenho
d) Elabora um relatório com base na análise dos desvios
Relatórios de Gestão
O passo a seguir ao apuramento e identificação dos desvios e as causas que os originaram, é a elaboração dos respectivos
relatórios de gestão. O grau de detalhe dos relatórios deverá depender da estrutura do orçamento e da decomposição com que
foi elaborado. Trata-se de um sistema de informação e aperfeiçoamento para conseguir um acompanhamento mais eficaz da
empresa.
A informação que consta nos relatórios deve ser precisa e de acordo com a relevância que assume para o utilizador final.
Idealmente, a elaboração de relatórios para a gestão de topo deve conter informação referente à eficiência organizacional no
que diz respeito ao desempenho global da empresa.
Var. Var.
Real Orç. Flexível Orç. Geral (fixo)
Orç. Flexível Orç. Geral (fixo)
Unidades 9,000 - 9,000 1,000 10,000
Receita 198,000 18,000 180,000 (20,000) 200,000
Custos Variáveis