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SAE:
Estabilidade e Estruturas
Imagem com a linha de referência para o cálculo do CG. A linha adotada se localiza no nariz do
avião, com sentidos verticais a esse ponto, logo, uma linha paralela ao eixo vertical:
Uma vez determinada a posição do centro de gravidade, este pode ser representado em
função da corda na raiz da asa aplicando-se a Equação (5.2) apresentada a seguir:
Para a estabilidade estática, temos dois pré-requisitos cruciais que o avião deve apresentar:
Geralmente os três componentes que são analisados para a obtenção dos critérios de
estabilidade longitudinal estática de uma aeronave são a asa, a fuselagem e a superfície
horizontal da empenagem.
Análise e contribuição da Asa
Para se avaliar a contribuição da asa na estabilidade longitudinal estática de uma aeronave é
necessário o cálculo dos momentos gerados ao redor do CG da aeronave devido às forças de
sustentação e arrasto além de se considerar o momento ao redor do centro aerodinâmico da
asa.
hcg hac
Cm ₀ w=Cmac+ Cl ₀∗( − )
cma cma
E para a derivada do coeficiente de momento de arfagem da asa em relação ao ângulo de
ataque α, teremos:
Analisando a última equação acima, e já sabendo que normalmente o hcg (‘xcg’ em outras
convenções) é maior que o hac (‘xac’ da asa em outras convenções), o valor da derivada do
coeficiente de momento de arfagem da asa em relação ao ângulo de ataque sera positivo,
logo, normalmente a asa possui uma tendencia de gerar instabilidade estática no avião, fato
que deve e é contrabalanceado pelas empenagens (EH).
Resumo da Contribuição da Asa na Estabilidade Longitudinal Estática do Avião:
Como vimos anteriormente, o momento de arfagem em torno do CG do avião gerado
exclusivamente pela contribuição da asa se dá pela seguinte equação:
Cl∗( hcg−hac )
Cmcgw=Cmac +
cma
Podemos substituir o coeficiente de sustentação através da seguinte equação:
Cl=Cl ₀+a∗α
Logo, temos:
Mcgt=−¿∗¿
Dessa forma, podemos perceber que à grosso modo, a empenagem horizontal (EH)
contribui na geração de estabilidade longitudinal principalmente através do seu braço
de momento e da sua Força de Sustentação (Lt).
1 2
¿= ∗ρ∗v ∗St∗Clt
2
2∗¿
Clt= = ¿
ρ∗v ∗St q ͚ ∗St
2
que:
2) Para atender ao segundo requisito de estabilidade estática que diz que a derivada
de Cm versus alpha deve ser negativa, devemos virar nossas atenções para a
equação 5.43. Nela podemos ver que com um aumento do Volume de Cauda (VH),
o resultado da equação será cada vez mais negativo, ajudando nesse quesito. Além
disso, tornando o valor da inclinação da curva Clt versus alpha, ou seja, Clαt cada
vez maior, o resultado da equação será cada vez mais negativo, também ajudando
nesse quesito de estabilidade.
Com isso, podemos perceber que o projetista pode alterar as características de estabilidade do
avião por meio de manipulações de uma série de variáveis relacionadas a EH, como, por
exemplo, o braço de momento ‘lt’, a área da EH, a inclinação da curva clt versus alpha e por ai
vai.....
Exemplo de Exercício
Solução:
0.0767
a=
57.3∗0.0767
1+( )
π∗0.98∗6.7
0.0767 −1
a= =0.0632 grau
1+(0.2130)
Agora sim a variável acima representa o valor da inclinação da curva ‘Cl’ versus ‘alpha’ da asa
finita real.
Continuando, e considerando o ângulo de ataque para sustentação nula igual a -10°, temos
que para uma reta linear y = ax + b, e, considerando os dois pontos já conhecidos (-10,0) e
(0,b), podemos determinando o valor de 'b' da seguinte forma:
Logo, o valor de ‘b’ que seria no caso o valor do coeficiente de sustentação para alpha nulo, ou
melhor , vale (0,632).
Agora trabalhando com os coeficientes de momento da asa, temos que:
Com isso, teremos que para alpha igual a zero, o coeficiente de momento ‘Cm₀w’ será:
0.1587−0.1225
Cm ₀ w=−0.23+0.632∗( )
0.37
Cm ₀ w=−0.1682
Lembrando que o valor de Cmac da fórmula acima foi encontrado no gráfico de coeficiente de
momento versus alpha do perfil, considerando o alpha de interesse, no caso, o nulo.
∂ Cm 0.1587−0.1225
=0.0632∗( )
∂α 0.37
∂ Cm
=0.00618=Cmαw
∂α
Com isso, a curva do coeficiente de momento de arfagem da asa versus o ângulo de ataque
pode ser representada da seguinte forma:
Cm=Cmαw∗α +Cm ₀ w
Cm=0.00618∗α −0.1682
Plotando o gráfico:
Como podemos ver, o gráfico de Cm versus alpha para a asa finita nos mostra que a asa finita é
uma produtora de instabilidade estática longitudinal para o avião. Isso porque o Cm ₀ w é
∂ Cm
negativo, e, além disso, é positivo, o que não respeita os dois pré-requisitos iniciais de
∂α
estabilidade.
Agora, seguindo para as análises de estabilidade longitudinal na EH, temos a seguinte equação:
Tomando o gráfico de cl versus α do perfil aerodinâmico presente na EH, ou seja, o perfil E169,
temos:
0.1333
at=
57.3∗0.1333
1+( )
π∗1∗3.15
0.1333 0.1333 −1
at= = =0.07522 grau =Clαt
1+ ( 0.7720 ) 1.7720
Lembrando que como o perfil da EH é simétrico, o ângulo de ataque que gera uma sustentação
nula seria o ângulo nulo.
Cm ₀ t=0.45∗0.95∗0.07522∗(5−0+ ε ₀)
Cm ₀ t=0.0322∗(5+ε ₀)
Para calcular o ângulo de ataque induzido ε, temos:
Logo, temos:
57.3∗2∗0.632
ε ₀= =3.44 °
π∗6.7
Retomando:
Cm ₀ t=0.0322∗(5+3.44)=0.2718
dε 57.3∗2∗0.0632
= =0.3441
dα π∗6.7
Voltando a inclinação da curva de coeficiente de momento da EH versus alpha, temos:
É muito importante que se projete uma fuselagem para uma aeronave destinada a
participar da competição AeroDesign com as menores dimensões possíveis, pois desse modo é
possível se reduzir o arrasto parasita do avião e o peso estrutural. A partir da teoria
aerodinâmica, o melhor modelo para uma fuselagem é aquele no qual o comprimento é maior
que a largura ou altura.
Por meio dos estudos de Multhopp, podemos encontrar as seguintes equações.
Ponto Neutro
O ponto neutro seria o ponto mais traseiro (posterior) em que o CG do avião poderia
se posicionar para que a aeronave apresentasse alguma estabilidade estática.
Agora, a curva azul seria o caso especial comentado anteriormente, aonde a posição do CG do
avião coincide com a posição do ponto neutro dele, logo, hcg = hnp. Como podemos notar
também, nessa situação, a derivada dessa curva azul seria zero e assim, temos uma aeronave
com estabilidade longitudinal estática neutra. Ou seja, se o avião estiver nessa situação e o
piloto variar o ângulo de ataque com algum comando no manche, a aeronave não terá
teoricamente nenhuma tendência de recuperar seu ângulo de ataque inicial, isso considerando
qualquer ângulo de ataque plausível.
Por fim, a curva verde seria uma curva de Cmcg versus alpha com uma derivada (coeficiente
angular) positiva, logo, não atendendo ao critério inicial de estabilidade estática longitudinal, e
obviamente proporcionando uma aeronave instável. Tal situação ocorre quando o
posicionamento do CG do avião se encontra atrás (posterior) a posição do ponto neutro.
Vale ressaltar que na figura acima, o Cm₀ é o mesmo para as três curvas e esse é positivo, com
isso, atendendo um dos critérios iniciais na análise de estabilidade estática longitudinal de uma
aeronave.
, onde, como está mostrado acima, ħcg seria o valor da posição do CG no eixo longitudinal do
bordo de ataque dividido pela corda média aerodinâmica. De maneira análoga, ħpn seria a
medida do ponto neutro medido do bordo de ataque da asa em relação ao eixo longitudinal, e
dividido pela corda média aerodinâmica.
Apenas como forma de ilustração, temos a figura abaixo que exemplifica um posicionamento
de CG e de ponto neutro em que provavelmente teremos ao menos a estabilidade longitudinal
estática garantida devido a posição dianteira do CG em relação ao ponto neutro:
Para podermos definir a posição do ponto neutro matematicamente, podemos utilizar a
seguinte equação abaixo:
Como sabemos, na situação em que o ponto neutro e o CG estão coincidentes, temos que a
derivada ou coeficiente angular da curva de Cmcg versus alpha é zero, logo, podemos igualar a
equação acima a zero, da seguinte forma:
Como foi mencionado, para podermos tomar a equação acima igual a zero, devemos
considerar que o CG e o ponto neutro são coincidentes, logo, hcg = hpn. Isso porque, a única
situação em que a equação acima seria zero seria nesse caso, em que sua estabilidade estática
está neutra.
Seguindo a mesma analogia, cada vez mais que o CG é trago para frente da sua posição original
e esperada de projeto, a derivada de Cmcg versus alpha fica cada vez mais negativa, e o avião
fica cada vez mais estável, ou seja, retornando a sua posição de estabilidade (ângulo de
trimagem) com mais rapidez e efetividade.
Margem Estática
A margem estática seria um parâmetro importante e bem útil na determinação do grau de
estabilidade estática longitudinal de uma aeronave.
, podemos notar que o valor de ME deve ser sempre positivo. Além disso, podemos notar que
quanto maior for o valor positivo de ME, maior o grau de estabilidade do avião, pois assim,
teremos um CG mais dianteiro e distante do ponto neutro.
Como podemos notar na figura abaixo, alterações na posição do CG irão alterar a margem
estática e obviamente a estabilidade longitudinal estática do avião. Trazendo o CG cada vez
mais para frente e distante do ponto neutro, teremos uma reta do gráfico Cmcg versus alpha
cada vez mais negativamente inclinada, como é mostrada a seguir:
Conceitos Fundamentais sobre Controle Longitudinal
Como já estamos familiarizados com o gráfico abaixo, todo avião que apresenta um certo grau
de estabilidade estática longitudinal apresentará um gráfico do tipo abaixo, de Cmcg versus
alpha:
O gráfico nos diz que de acorda com os critérios de estabilidade, o avião apresentará um
ângulo de ataque específico, conhecido como ângulo de trimagem, no qual o coeficiente de
momento de arfagem será nulo, e, consequentemente, o próprio momento de arfagem do
avião é zero.
Entretanto, para se obter essa situação específica de ângulo de ataque de trimagem durante
um voo nivelado e estável, o avião terá que possuir uma velocidade específica de voo. Pois
assim, o avião estará em equilíbrio, voando de forma estável (momento de arfagem nulo) e
sem a necessidade da atuação das superfícies de comando, como no caso da análise
longitudinal, o profundor.
Essa velocidade específica de voo se chama velocidade de trimagem, e pode ser calculada da
seguinte forma:
Por exemplo, caso o piloto deseje voar com uma velocidade inferior a velocidade de trimagem,
será necessário que o ângulo de ataque do avião aumente para se manter a força de
sustentação e compensar essa queda no valor da velocidade. Com isso, teremos uma variação
na distribuição de forças, e, provavelmente, sem a deflexão do profundor, esse novo ângulo de
voo não estaria em uma condição balanceada, o que resultaria em momentos de arfagem
querendo tirar o avião dessa atitude. Com isso, o piloto deve defletir o profundor para gerar
forças aerodinâmicas que contraponham esse momento de arfagem e permitindo que o avião
consiga voar nesse novo ângulo de ataque de forma estável, ou seja, sem ‘lutar’ contra
momentos de arfagem.
Com isso, resumindo, para que uma aeronave possa ser trimada em diferentes condições de
voo é necessário que ocorra uma deflexão da superfície de comando criando um incremento
na força de sustentação capaz de gerar o momento de equilíbrio ao redor do CG para
balancear a aeronave em um novo ângulo de ataque.
Vale ressaltar que com a atuação das superfícies de controle, como o profundor, será criado
um diferente momento de controle ao redor do CG capaz balancear a aeronave para novos
valores de ângulo de ataque e velocidade. Ou seja, o gráfico Cmcg versus alpha será
alterado, mas como?
É importante ressaltar que com a atuação dessas superfícies, o que se altera nesse gráfico
será o valor de Cm₀ do avião total, mas não a inclinação da reta do gráfico de Cmcg versus
alpha. Isso porque para se alterar essa inclinação/derivada, ou seja, Cmα, temos que alterar
a posição do CG ou os valores da Margem Estática.
A seguir temos a ilustração do sentido positivo e negativa de deflexão de um profundor:
A equação a seguir é detalhada melhor no livro, porém, por meio dela podemos notar algumas
questões. O valor da deflexão do profundo altera o valor do coeficiente de arfagem da
aeronave geral, afetando
∂ Cm
Para se alterar a inclinação dessa curva, ou seja, para se alterar o valor de =Cmαw ,
∂α
precisaríamos alterar a posição do CG da aeronave. Com isso, em aeronaves que participam da
competição AeroDesign, como CG é um ponto fixo durante os voos, o valor do coeficiente
∂ Cm
angular da reta desse gráfico, ou seja, =Cmαw se mantém sempre constante.
∂α
Dessa forma, chegamos à conclusão que a atuação do profundor faz com que a reta desse
gráfico ‘suba’ ou ‘desça’, ou seja, possua novos valores de Cmcg0, e, consequentemente,
novos valores de ângulo de trimagem, como mostrado na figura 5.33 acima.
Daremos agora um exemplo de como a atuação do profundor é essencial na geração de novos
pontos de estabilidade dentro do envelope de voo. Como já comentado, por meio do projeto é
possível encontrar o ângulo de trimagem para o caso de não atuação das superfícies de
comando, ou seja, o ângulo de trimagem natural. Esse ângulo de trimagem ocorre obviamente
com uma velocidade de trimagem associada, responsável por produzir os valores de cl e
momentos que geram a situação de trimagem.
Entretanto, vamos analisar o caso acima. Nosso avião está em uma condição extrema de voo,
onde o piloto precisa voar com a velocidade máxima. Da fórmula de sustentação, teremos que
com esse elevado valor de velocidade, será necessário que o ângulo de ataque do avião seja
reduzido para compensar esse alto valor de velocidade e gerar momentos nulos no CG. Com
isso, com o intuito de se reduzir o ângulo de ataque da aeronave, reduzindo a sustentação na
asa, e aumentar a sustentação na EH para balancear com a sustentação da asa, teremos que
atuar com o profundor de forma positiva, aumentando seu ângulo de ataque.
Isso tudo é feito para que o Cmcg seja nulo, e assim, em ângulo novo ângulo de trimagem a asa
produzira um momento de arfagem positivo, tendendo a levantar o bico do avião, e a EH com
o profundor flexionado de forma positiva, produzira sustentação e assim gerara um momento
de arfagem negativo no CG, balanceando os momentos.
Ângulos de Trimagem da Aeronave e Ângulos de Deflexão do Profundor
E com isso, será possível encontrar um valor de ângulo de ataque específico capaz de zerar o
valor de Cmcg do avião. Obviamente esse valor de ângulo de ataque, também chamado de
ângulo de trimagem apresentara uma velocidade de trimagem específica.
Entretanto, como também já mencionado, caso seja de interesse voar com outros valores de
ângulo de ataque diferentes desse ângulo de trimagem natural do avião, porém, com a
aeronave também apresentando estabilidade estática, podemos utilizar a atuação da EH com o
seu profundor.
Dessa forma, se torna de grande interesse calcular os novos ângulos de trimagem possíveis
para cada deflexão específica do profundor. Além disso, entender como o profundor é capaz
de alterar as características de estabilidade do avião.