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PARA REFLETIR: GESTÃO DO LADO DE LÁ E DO LADO DE CÁ.

A GESTÃO DO LADO DE LÁ...


TÚNEL SAINT-GOTHARD:
No dia 01/06/2016, a Suíça inaugurou o tú nel ferroviário de Saint-Gothard (São Gotardo),
o mais longo do mundo, com 57 km que exigiu 17 anos de obras e entrará realmente em
operação em dezembro, apó s meses de testes sem passageiros.

A obra custou 12,2 bilhõ es de francos suíços (US$ 12,276 bilhõ es) e, foi concluída no prazo e
no orçamento aprovado. Isso é um exemplo de gestão eficiente e causa inveja e indignação
tanta competência na gestão do projeto.

A GESTÃO DO LADO DE CÁ...


MARACANÃ:
Investimento Inicial: R$ 705 milhõ es em 2010
Investimento Final: R$1,2 bilhã o em 2014, apó s receber 16 aditivos.
Apesar das severas críticas, tudo isso fazia parte do jogo entre empreiteiras e
autoridades. Vergonha!

CICLOVIA:
Na verdade foram para o ralo os 44,7 milhõ es de reais gastos pela Prefeitura apó s o
desabamento ocorrido em 21 de abril 2016, decorrente de visível falta de
responsabilidade dos organismos da Prefeitura, além da comprovada ocorrência de
erros graves de engenharia, causando a morte de duas pessoas e manchando a imagem
da cidade das Olimpíadas 2016. Vergonha!

METRÔ LINHA 4 - RJ:


Investimento inicial aprovado: R$ 5 bilhõ es.
Investimento final previsto: R$ 9,7 bilhõ es.
Extensão: 16 km de extensã o, considerada uma das linhas mais caras do Brasil.
Testes sem passageiros, período previsto: outubro 2014 a setembro 2015 foi
encurtado de um ano para dois meses.
Testes com passageiros, período previsto: outubro de 2015 a janeiro de 2016.
Prazo Inicial para Inauguração: fevereiro 2016
Prazo Previsto para Inauguração: 1º de agosto 2016 onde o pú blico da Olimpíada
servirá de cobaia para os testes com passageiros.
Prazo previsto para conclusão: 2018
Preço médio mundial / km: R$ 200 milhõ es / km.
Preço médio no RJ / km: R$ 610 milhõ es/km, cujo projeto foi alterado 24 vezes em 20
anos, o custo aumentou 21 vezes e ainda querem mais R$ 1 bilhã o. Vergonha!
METRÔ LINHA 6 - SP:
Investimento previsto: R$ 9,6 bilhõ es
Extensão: 15,9 km
Preço médio / km em SP: R$ 603 milhõ es
Prazo inicial: 2018
Prazo previsto conclusão: 2020

ENERGIA ELÉTRICA:
Desperdício Brasileiro: R$12. Bilhõ es nos ú ltimos cinco anos (Dados da Abesco).
Perdas Linhas de Transmissão: Brasil 20% - Chile < 6% - Europa 7%. (Dados 2012)
Em uma aná lise do Conselho Americano para Economia Energeticamente Eficiente
(ACEEE, na sigla em inglês), que avaliou as 16 maiores economias do mundo, o Brasil
obteve a pior avaliaçã o no segmento industrial e também obteve o pior nú mero entre
os países analisados.

De acordo com os dados do Ministério de Minas e Energia (MME) – BEN 2014, o setor
industrial é o maior consumidor de energia do país, respondendo por 33,9% de todo o
consumo final. “Os gestores das indústrias precisam saber que a energia
representa um custo fixo significativo e esse recurso pode ser mais bem
administrado com a implantação de programas de eficiência energética visando
aumentar sua competitividade e produtividade”.

Os equipamentos consumidores de energia elétrica em todos os setores por estarem


ficando mais velhos causam grande desperdício de energia. A eficiência
energética em todos os setores se mostra mais do que necessária e a Gestão da
Manutenção é imprescindível para melhorar essa eficiência.

CUSTOS DA FALTA DE GESTÃO DA MANUTENÇÃO:


O que foi exposto até agora mostra alguns pontos em que a falta de uma Gestã o de
Manutençã o gera custos e é apenas a ponta visível de um iceberg, correspondendo aos
custos com mã o de obra, ferramentas e instrumentos, material aplicado nos reparos,
custo com subcontrataçã o e outros.

Abaixo dessa parte visível do iceberg, estã o os maiores custos, invisíveis, que sã o os
decorrentes da indisponibilidade do equipamento, concentrando-se naqueles
decorrentes da perda de produçã o, da nã o qualidade dos produtos, da recomposiçã o da
produçã o e das penalidades comerciais, com possíveis consequências sobre a imagem
da empresa.

A produtividade do trabalho no país corresponde a menos de um quinto da dos Estados


Unidos, cerca de um quarto da Alemanha e pouco menos de um terço da Coreia do Sul.
É ainda inferior à da Federaçã o Russa, do México, da Argentina e da Á frica do Sul,
embora seja ligeiramente superior à da China e praticamente o dobro da registrada na
Índia. (http://www.portaldaindustria.com.br/)
PESQUISA ABRAMAN 2015:
Disponibilidade do parque fabril: caiu de 89,3% para 88,7%
Paradas para manutenção: subiram para 6,32%, 0,17% superior a 2013.
Idade média dos equipamentos: 19,7 anos.
Treinamentos na Manutenção: 2,7% em 2015 e 3,9% em 2013.
Custo Médio Brasileiro em Manutenção: > 4,5% do PIB, sendo 34% em Pessoal, 31%
Material, 25% Serviços Contratados e 10% outros.

Mesmo diante desse quadro negativo, muitas empresas ainda se mostram resistivas em
adotar uma Gestã o Estratégica de Manutençã o:

1... Classificam os treinamentos como despesa, resistindo a treinar os Manutentores.

2... Acham desnecessá rio um Gerente de Manutençã o qualificado e com experiência de


gestor e quando promovem ou contratam, pensam apenas em conserto e tarefa.

3... Insistem em querer adotar programas de empresas de Classe Mundial (Lean e suas
ferramentas: seis sigma, RCM, TPM, etc...) sem ter a Equipe qualificada para o bá sico e
ainda esperam atingir resultados excelentes.

4... O Departamento / Setor / Á rea de Manutençã o, normalmente nã o tem o mesmo


peso da Produçã o, Qualidade, RH, Finanças, Ti e acabam ficando fora das decisõ es
estratégicas apesar de ser uma das maiores contas do orçamento anual.

5... Compram Sistemas Informatizados para pessoas despreparadas utilizarem e


acabam pagando caro para gerar Ordens de Serviço, muitas delas desnecessá rias.

6... Exigem 100% de utilizaçã o da mã o de obra, induzindo aos Manutentores a


reportarem seus serviços de forma incorreta para atingir esta meta.

7... Querem criar Indicadores de Desempenho – MTTR, MTBF, Disponibilidade, Custos,


etc... com uma organizaçã o, planejamento e filosofia de trabalho deficientes, além de
pessoal com pouca qualificaçã o técnica.

8... Acham que a Manutençã o Preventiva deve ser utilizada em 100% dos
equipamentos, mas, exigem economia dos estoques, nã o permitem paradas dos
equipamentos e acabam aumentando o desperdício por total desconhecimento e falta
de Gestã o da Manutençã o.

Esses dados mostram de forma inequívoca a necessidade de Gestão em


Manutenção, mais investimentos e, principalmente, que esses investimentos
podem ser amortizados num tempo relativamente curto.

Pelo exposto e comparado com a Gestã o do lado de Lá e do lado de Cá , nã o é difícil


entender porque estamos sempre correndo de um lado para outro, o dia inteiro,
criando mutirõ es com dois ou três meses antes das auditorias, investindo em
treinamentos de NR´s 10, 12 e outras para atender as exigências dos fiscais em vez de
investir em Gestã o da Segurança com pessoal qualificado.

Os Unifilares, Fluxogramas dos insumos, Manuais de Equipamentos, Circuitos elétricos


e eletrô nicos, fluxogramas pneumá ticos, hidrá ulicos, refrigeraçã o e á gua,
aprovisionamento de peças, prioridades e complexidades dos equipamentos, quando
existem, em grande parte estã o incompletos e nã o recebem a importâ ncia devida.

Reflitam e respondam se adotam o Modelo de


Gestão do lado de LÁ ou do lado de CÁ.

Os prazos, custos e qualidade dos serviços são


iguais aos do Lado de LÁ ou do Lado de CÁ?

Marcio Cotrim
Sócio da MC CONSULTORES
Coordenador Regional do COPIMAN
Comite Panamericano de Ingeniería
De Mantenimiento.

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