Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
E NO BRASIL
revista,
atualizada e
reformulada
Capítulo IV
PLURALIDADE DO DIREITO
NA AMÉRICA LUSO-HISPÂNICA 1
Trata-se de capítulo revisto, publica do originar iamente em: WOLKM ER, Antonio
Carlos (Org.). Direito e Justiça na América Indígena. Da Conquista n Colonização.
Porto alegre: Livraria do Advoga do, 1998.
90 1 HISTÓRIA DO DIREITO - Antonio Carlos Wolkmer
PRA DO, Maria Ligia. A formação das nações latino -mnericanns. 12. ed. São Paulo:
Atual, 1994. p. 18.
FftANCO JÚNIOR, 1-filúrio e CHACON, Paulo Pan. Op. cit., p. 172. Sobre a discussão
acerca de um "cap italismo colonial" vigente ao longo do período econômico luso-
-hi spân ico, observar as interpretaçôes clássicas de BAGÚ, Sergio. Economía de la
sociedad Colonial. Ensayo de Historia Compa rada de América Latina. Buenos Aires:
EI Ateneo, 1949.
Parte li • Cap. IV· PLURALIDADE DO DIREITO NA AMÉRICA LUSO-HISPÂNICA 1 93
FRANCO JÚNIOR. Hilário e CHACON, Paulo Pan. Op. cit., p. 172. Vide também:
LOPEZ, Luiz Roberto. Op. cit., p. 32-33; CARDOZO, Efraim. La legislación de Indias.
Apuntes de historia cultural dei Paraguay. Assunción, s/d., P· 67-72.
9
PRADO, Maria Ligia. Op. cit., p. 6-7.
94 1 HISTÓRIA DO DIREITO - Antonio Carlos Wolkm er
e cns. t1amzat
. . . os 11 u'lt 1·vos· , ,
imnlantando
r-
ce rtas obrigações e incumbências aos
co iorn.za d Oh.,,.,.. ,s. 'º
Se a coloni zação cspi! n hola se voltou basicamente para_ a aquisição de
met~1ís preciosos, dei x:11H.lo de lado a explora çã~ agrkoJa) o sistema_ co.lonial
na América port ugucsa prí mou pela exp loraçao de produtos trop1ca1s que
passa ram a ser co merc iali zados na Europa pela ~~trópole. Nesse co~texto,
a re ntabilidade da produção açucareira, o extermm10 das culturas nativas e a
resistencia à escravidão por parte dos índios abriram espaço para que esta fosse
:-ubstituída pe.l a mão de obra do negro africano. A plantação açucareira, expli-
ca Ignacio Sotelo) "utilizando o trabalho escravo, constitui a base da primeira
colonização portuguesa no Nordeste do Brasil, chegando ao auge em fins do
século XVI e começo do século XVII': 11 O prejuízo para a colônia lusa em
função da concorrência comercial das Antilhas anglo-francesas bem como a
crise na produção açucareira em fins do século XVIII desencadearam um novo
ciclo econômico que veio a implantar a colonização assentada no minério. 12
Em suma, a economia das colônias ao longo dos primeiros séculos após a
conquista orientou-se no sentido de produzir aqueles bens que eram exigidos
pelas metrópoles ibéricas, tanto os metais preciosos (Espanha), quanto os
produtos agrícolas (Portugal). Nesse afã, o início da modernidade do Ocidente
foi profundamente marcado pela interação do discurso evangelizador com a
prática mercantil. Sem dúvida, foi o triunfo de uma combinação ideológica
bem articulada, em que o mercantilismo e a evangelização se revelaram, no
dizer de Héctor H. Bruit, as duas faces "da mesma moeda, e seria impossível
entender o processo de conquista, eliminando ou negando a importância
de um deles. Contraditórios em princípio, ambos se complementaram na
prát ica, sem que os colonizadores tivessem a pretensão de esconder um atrás
do out ro". 13
ProbJematizada a conquista e a colonização luso-hispânica, bem como
algumas ca ra cterizações de sua estrutura político-administrativa e suas
w ~obre o 1,isten~a da "e nco mi end a", co nsultar: HOFFN ER, Jose ph. Co/011i.:nç,io t'
evangelho - f:t,ca r/(1 co/011iznçiio cspw,/iola 110 século de ouro. 3. ed . Ri o dt: Janeiro:
Pre~ença , 1~86 . p. 168 - 17 1; OTS Y C APDEQUI, José M. E/ Estado Espanol en las
111d1 ~s. ~éx_ico : F_o ndo de Cultu ra Econó mica , 1993 . p. 25 -27; ZAVALA, Silvio A
La s mst1tu c1011es ;11rfdicns m la rn nq11ista de J\ 111 ericn. 2. ed. México: Porrúa, 1971;
MAH N-LOT, Ma rienne, Op. cit. , p. 7 1.
11
SOTELO, Ignacio. Op. cit. , p. 63.
12
Idem, ibidem.
13
BRUIT, Hécto~ Hernan. Bartolomé de Las Casns e a simulação dos vencidos. Campinas:
UNICAMP/Sao Paulo: Iluminuras, 1995. p. 89.
Parte li· Cap. IV· PLURALIDADE DO DIREITO NA AMÉRICA LUSO-HISPÂNICA 1 95
14
Observar, a propósito: TAU ANZOÁTEGUI, Víctor. El Poder de la Costumbre. Estu-
dios sobre el Derecho Consuetudinario en América Hispana hasta la Emancipación.
Buenos Aires: Instituto de Investigaciones de Historia del Derecho, 2001. Sobre o
Direito Indiano nas colônias hispânicas de América, ver: DOUGNAC RODRf GUEZ,
Antonio. Manual de História de[ Derecho Indiano. 2. ed. México: UNAM, 1998. LE-
VAGGI, Abelardo. Manual de História dei DerechoArgentino (Castellano - Indiano/
Nacional). Tomo 1 Parte General. Buenos Aires: Depalma, 1991. p. 144-153;RA-
BINOVICH -BERKMAN, Ri ca rdo D. Direito Indiano na América Hispânica. ln:
WOLKMER, Antonio C. Fundamentos de Historia do Direito. Op. cit., p. 429-442; TAU
ANZOÁTEGUI, Víctor. Qué fue e/ Derecho Indiano? 3. ed. Buenos Aires: Perrot, 2004.
15
Cf. OTS Y CAPD EQ UÍ, José M. Historia dei Derecho Espafíol en America y de[ Derecho
Indiano. Madrid: Aguilar, 1968. p. 34 e 45; El Estado Espafwl en las Indias. p. 9-10.
96 1 HISTÓRIA DO DIREITO - Antonio Carlos Wolkmer
16
OTS Y CAPDEQU Í, José M. Historia del Derecho Espafzol en America y del Derecho
Indiano. Op. cit., p. 45.
17
OTS Y CAPDEQU Í, José M. Op. cit., p. 44 e 46. Vide também sobre o pluralismo
legal no período da colonização: GARCÍA-GALLO, Alfonso. La penetració n de los
Derechos Europeos y el pluralismo jurídico en la América espafiola 1492-1824. ln:
DAL RI, Luciene; DAL RI JR., Arno (Orgs.). Latinidade da América Latina. Enfoques
histórico-jurídicos. São Paulo: Hucitec, 2008, p. 97-107; GONZÁLE Z HERNANDEZ,
Juan Carlos. Influencia dei Derecho Esparzo[ en América. Madrid: Fundación Mapfre,
1992.
18
BRUIT, Héctor Hernan. Op. cit., p. 22.
19
OTS Y CAPDEQU I, José M. El Estado Espanol en las Jndias. p. 15-17. Ver também:
ZAVALA, Silvio A. Las instituciones jurídicas en la conquista de América. p. 1O1-1 OS;
Tomás YValiente, Francisco. Manual de Historia dei Derecho Espafwl. 4. ed.Madrid:
Tecnos, 1997.
Parte li• Cap. IV· PLURALIDADE DO DIREITO NA AMÉRICA LUSO-HISPÂNICA 1 97
S1·1 · O · 123-131
· • d . TOMÁS y VALIENTE, Francis-
vio. P· cit., P·
o
22 Cf O
· CAR~OZ ' rai~.
Ef ·
f·
co. Op. c1t., p. 34_1,-345, LA
cit p 64-66. Ver am a.
R·RE RANGEL, Jesus Antonio. Notas histórico-jurídicas
O . _ ; SANCHEZ, Luiz Alberto. América
21 22
sobre la fundacwn de Aguascaltentes. P: . , M drid· E-DAF' 1981. p. 213-218·'
precolombian a, descu brzmien °
· · t y colonzzacwn
144
·
157
a
65
·
23
~RUIT, Héctor H. Op. cit., p. 27-28. Idem: TOMÁS Y VALIENTE, Francisco. Op.
p. 332-335.
Clt.,
24
BRUIT, Héctor ~- Op. cit., p. 29. Para uma leitura na íntegra da Bula Inter Caetera de
1493 , do Requerimento de 1513, da Lei de Burgos de 1512 e das Leis Novas de 1s43 ,
ver: SUESS, Paulo (Org.). A conquista espiritual da América Espanhola. Petrópolis:
Vozes, 1992.
Parte li· Cap. IV· PLURALIDADE DO DIREITO NA AMÉRICA LUSO-HISPÂNICA 1 99
zação dos pagãos implicaria a guerra e a servidão dos indígenas. Diante dos
acontecimentos, afloraram duas tendências sobre os fundamentos jurídicos
e sobre a questão da justiça da invasão e da ocupação hispânica na América.
Uma prüneira tendência, buscando sustentação na autoridade temporal
do Papa e na jurisdição universal do Rei, advogava que, em função da supe-
rioridade e universalidade dos valores ocidentais e da condição de bárbaros
e pecadores dos aborígenes, o domínio jurídico dos europeus se legitimava,
cabendo aos índios o dever de submeter-se pacificamente, e que, se resistis-
sem, poder-se-ia declarar-lhes guerra justa. 25 Nesse contexto de controvérsias,
surge o famoso Requerimento, documento jurídico datado de 1514 e escrito
por Palacios Rubios, conselheiro dos Reis Católicos. Tal instrumento do
legalismo hispânico autorizava claramente a intervenção estatal nas Índias
e estatuía que a declaração de guerra seria considerada justa se os indígenas
não aceitassem a entrada dos conquistadores em suas terras. 26
Como reação à irracionalidade desses argumentos e às arbitrariedades
de documentos como o Requerimento, surgem a contestação e o repúdio de
um grupo de teólogo-juristas, a "segunda escolásticà' (Francisco de Vitória,
Domingo de Soto, Francisco Suarez) e de religiosos missioneiros (Montesinos,
Las Casas, Alonso de Vera Cruz, Vasco de Quiroga y Valdivieso). Aparece,
assim, uma segunda tendência representada por esses que, amparados num
Direito natural, entendiam não ser correto colocar a jurisdição dos coloni-
zadores para além de suas fronteiras, e que os indígenas, ainda que gentios,
possuíam dignidade e direitos humanos. Esses doutrinadores não reconhe-
ciam o poder do Papa e a pretensa jurisdição universal dos monarcas sobre
os infiéis. 27
É nessa perspectiva que urna primeira frente contestatária pode ser
representada pela Escola de Salamanca e por seu renomado professor,
Francisco de Vitória (1480-1546), o mais contundente e crítico das políticas
de conquista, administração e legislação espanhola do século XVI, desen-
volvendo teses marcadas pela preocupação em proteger com dignidade a
condição de vida e de existência das nações nativas. Partindo de assertivas
tomistas, Vitória arguia da existência de uma lei natural comum a cristãos e
25
Cf. ZAVALA, Sílvio. Op. cit., p. 15.
26
Cf. DAYRELL, E. G., AZEVEDO, F. L. N., SCHMIDT, G. G. (Orgs). Op. cit.,
p. 169-170.
27
Cf. ZAVALA, Sílvio. Op. cit., p. 16. Sobre Alonso de Vera Cruz e Vasco de Quiroga,
consultar: ROSILLO MARTINEZ, Alejandro. La Tadición Hispoamericana de De-
rechos Humanos. Quito: Corte Constitucional dei Ecuador/CED,2012. p. 223-449.
100 1 HISTÓRIA DO DIREITO -Antonio Carlos Wolkmer
-
pagaos, e que estes teriam soberanos que não poderiam d
ser destituídos sob
1
t xto de infidelidade. Além de questiona r o po er tempora do Papa _
o pre e
sua tarefa era essencialmente esp1ntual - apregoava que "o o·ir:1to .
. .
de levar
0
Evangelho ao mundo inteiro subsistia, mas a recusa dos pagaos de acei-
tarem a Boa Nova nem por isso autorizava a guerra contra eles, sobretudo
quando a revelação cristã lhes era apresentada, (... ), por ~r~st_ãos de conduta
escandalosà? 8 Inegavelmente, a influência da obra de Vitona desencadeou
assertivas possibilitadoras, tanto do moderno direito internacional, quanto
da doutrina filosófica de uma comunida de político-cristã.
Outro teólogo de Salamanca que granjeou prestígio a favor da legitimi-
dade da causa indígena foi Domingo de Soto, assumind o algumas posturas
até mais extremadas do que seu mestre Vitória. 29
Ainda que tenha sido professor em diversas universid ades da época, o
jesuíta Francisco Suarez (1548-1617) integrou, também, o grupo de Salaman-
ca, expressando, em matéria de filosofia jurídica e de apreciação da lei, a clara
transição "do sistema tomista medieval para a nova escolástica católica da
contrarre forma (... ). Suárez, pode-se dizer, é um voluntari sta na concepção
do direito. Já não se reconhece nele a filosofia tomista da lei como regra de
razão. A lei é ordem e comando, logo, a obediência à lei pode ser submissão
a um soberano por conveniência ou por temor. Não é difícil para a filosofia
de Suárez justificar fórmulas modernas de Estado e até de absolutismo:' 30
Um direcionamento prático, ardoroso e mais radical, não só com relação
à conquista, mas contra toda a política de colonização espanhol a na América,
28
MAHN-LOT, Marianne. Op. cit., p. 118. Para um aprofunda mento sobre Francisco de
Vitória e sobre a Escola de Salamanca, ver: VITÓRIA, Francisco de. Doctrina sobre los
índios. Salamanca: Editorial San Esteban, 1992; Os Índios e o Direito da Guerra. Ijuí:
Unijuí, 2006; PRATS, Jaime Brufau. La Escuela de Salamanca ante el descubrimiento
dei Nuevo Mundo. Salamanca: Editorial San Esteban, 1989; _ _ . La Ley. Estudio
preliminar y traducción de Luis Frayle Delgadoi. Madrid: Tecnos, l 995;TRUYOL
Y SERRA, Antonio. Historia de la filosofia dei derecho y dei Estado. II v. II, Madrid:
Rev~sta de Occidente, 1976. p. 53-58; HÕFFNER , Joseph. Op. cit., p. 227-237; PEREZ
LUNO, Antonio-H enrique. La polémica sobre el Nuevo Mundo. Madrid: Trota, 1992;
RUIZ, Rafael. Francisco de Vitoria e os Direitos dos Índios Americanos. A Evolução
da Legislação Indígena Espanhola no Século XVI. Porto alegre: PUC/RS, 2002.
29
WOLKMER, Antonio C. (Org.). Direito e Justiça na América Indígena. p. 84.
30
LOP~S, José Reinaldo de L. Op. cit., p. 169; FASSÔ, Guido. Op. cit., v. 2. p. 64-66.
~ma I~teressante análise sobre os juristas-teó logos de Salamanca , ver: DUSSEL, En-
r
nque. Las Casas, Vitoria and Suárez, 1514-161 ln: BARRETO, José-Manuel (Ed.)
Human Rights from a Third World Perspective: Critique, History and International
Law. UK: Cambridge Scholars Publishing , 2012. p. 172-207.
Parte 11 • Cap. IV· PLURALIDADE DO DIREITO NA AMÉRICA LUSO-HISPÂNICA 1101
31 Para uma leitura mais atenta sobre Bartolomé de Las Casas, ver: LAS CASAS, Frei
Bartolomé de. O Paraíso Destruído. A Sangrenta história da conquista da América
1:·
espanhola. 5. ed. Porto Alegre: LPM, 1991; BRUIT, Héctor, Bartolomé de Las Ca~as
e a simulação dos vencidos; TORRE RANGEL, Jes~s Antomo_ de 1~. El uso a~ternatzvo
dei Derecho por Bartolomé de Las Casas. Aguascahe~tes: Umvers1_dad Autonom~ de
Aguascalientes, 1991; VÁRIOS AUTOR~S. ~~ el quzn~o centenano de B~:tolome de
Las Casas. Madrid: Ediciones Cultura H1spamca/Inst1tuto de Cooperac1on Iberoa-
mericana 1986; DUSSEL, Enrique D. Caminhos de libertação Latino Americana. t.
2. São Pa~lo: Paulinas, 1985. p. 135-150; HANKE, Lewis. La lucha por la justicia en
la conquista espanola de América. Madrid: Aguilar, 1967.
32 LOSADA, Angel. Bartolomé de Las Casas - ~ Apóstol~ dos índios da América
Espanhola no século XVI. Correio da Unesco. Rio de Janeuo: FGV, p. 9.
102 1 HISTÓRIA DO DIREITO - Antonio Carlos Wolkmer
33
QUEVEDO, Julio. As Missões - Crise e Redefinição. p. 93-95. Sobre as Reduções
Jesuíticas, observar também: KERN, Arno A. Missões: uma utopia política. Porto
Alegre: Mercado Aberto, 1982; BRUXEL, Arnaldo. 2. ed. Os trinta povos Guaranis.
Porto Alegre: EST/Nova Dimensão, 1987; MELIA, Bartomeu; NAGEL, Liane M.
Guaraníes Y Jesuitas en Tiempo de las Misiones. Una bibliografia didáctica. Santo
Angelo: CEPAG/URI,1995; EISENBERG, José. As Missões Jesuíticas e o Pensamento
Político Moderno. Encontros culturais, Aventuras teóricas. Belo Horizonte: UFMG,
2000.
34
FLORES, Moacyr. Colonialismo e missões jesuíticas. Porto Alegre: EST/ICHRS, 1983 ·
p. 7-18.
35
· RUSCHEL, Ruy Ruben. O direito de propriedade dos índios missioneiros. Veritas.
Porto Alegre: PUC. v. 33, n. 153, março 1994, p. 107.
Parte li. Cap. IV· PLURALIDADE DO DIREITO NA AMÉRICA LUSO-HISPÂNICA 1 103
36
KERN, Arno A. Op. cit. p. 57-59. Para maior aprofundamento acerca do Direito e
da Justiça na experiência das reduções guaraníticas, ~xaminar: HERRERO, Beatriz
Fernández. La Utopía de América: Teoría, Leyes, Exper~me~tos. B~rcelona: A~t?ropo~,
1992; CHASE-SARDI, Miguel. El Derecho Consuetudinarw Indigena y su Bibliografia
Antropológica en el Paraguay. Assunción: Biblioteca ~~ragua~a de ~ntro~ol?gia, 1990'.
COLAÇO, Thais L. Incapacidade indígena: tutela religiosa e vwla~ao do direito guaram
nas missões jesuíticas. Curitiba: Juruá, 2~00;_ M~~HAD~, ~lm1res M.; O~TIZ, ~o-
salvo Ivarra. o Sistema Jurídico Guaram: H1stona, Memoria e Cosmologia. Revista
Jurídica UNIGRAN. Dourados, MS. V.20, nº 40,jul./dez. 2018. p. 61-79; MOREIRA,
Manuel. La Cultura Jurídica Guaraní: Aproximación Etnogr~fica a la Justicia Mbya-
-Guaraní. Buenos Aires: Centro de Estudios de Antropologia e Derecho, 2005.
104 1 HISTÓRIA DO DIREITO -Antonio Carlos Wolkmer
4
° Cf. THOMAS Georg Pol't' · d' ·
· 1 ica m igemsta portuguesa no Brasil· 1500-1640 São Pau10 ··
Loyo Ia, 1982, 'p. 34, 36-37. · ·
41
THOMAS, Georg. Op. cit., p. 60 _
Parte li· Cap. IV· PLURALIDADE DO DIREITO NA AMÉRICA LUSO-HISPÂNICA 1 107
42
THOMAS, Georg. Op. cit., p. 62 e 93.
43
THOMAS, Georg. Op. cit., p. 104.
108 1 HISTÓRIA DO DIREITO -Antonio Carlos Wolkmer
44
Trata-se
.
· J·á_ expostas e adaptadas, originariamente, em textos
aqui d 0 re~ga te d e I·d e ias
anteriores: Humanismo e Cultura Ju rídica no Brasil. Florianópolis: Fundação BoiteUX,
2004. p. 22 -36.
45
Obse~var, a ~r?p_ósito: CANNATA, Cario A. Op. cit., p. 148-149; COSTA, Mario J. de
Almeida. Historia do Direito Português. 3. ed. Coimbra: Almedina, 1999. p. 319-3 24 ·
Parte li· Cap. IV· PLURALIDADE DO DIREITO NA AMÉRICA LUSO-HISPÂNICA 1 109
46
COSTA, Mário J. de Almeida. Op. cit., p. 321 -322.
11 O I HISTÓRIA DO DIREITO - Antonio Carlos Wolkmer
Certam ente, a cultura jurídic a moder na e europe ia, formal izada teórica
e instrum entalm ente entre os séculos XVII e XVIII, teve, como uma de suas
diretriz es fundan tes, um jusnatu ralism o human ista de base racionalista.
No cenário da socied ade moder na, pode-s e destac ar dois momen tos dessa
tradição centrad a em princíp ios do human ismo realista e secularizado de
ruptura . Primei rament e, a manife stação renova dora e raciona lista de um
human ismo que se opôs ao model o jurídic o-pena l e proces sual - ligado à
tradição clerical inquisitorial e à antiga estrutu ra monár quica de privilégios.
Assim, em oposição ao discurs o intoler ante dos proces sos inquisitoriais e
ao absolutismo sacralizado emerge o jusraci onalism o, como base de uma
nova cultura jurídica, enquan to expressão da vontad e e razão humanas. Esse
processo de laicização do Direito decorr eu, no dizer de Salo de Carvalho, da
práxis jurispr udenci al revolucionária dos magist rados, do human ismo penal
47
Cf. CANNATA, Cario A. Op. cit., p. 148-149; SKINNER, Quentin . Op. cit., P· 220 -
227; CAENEGEM, R. C. van. Op. cit., p. 58-61.
48
Cf. TOUCH ARD, Jean. Op. cit., v. II, p. 34.
49
Cf. TOUCH ARD, Jean. Op. cit., p. 34.
Parte li• Cap. IV• PLURALIDADE DO DIREITO NA AMÉRICA LUSO-HISPÂNICA 1 111
5()
CARVALHO, Saio de. "Da D escon strução do Modelo Jurídico Inquisito rial''. ln:
WOLKM ER, Anto ni o C. (Org.). Funda mentos de História do Direito. 9. ed. Belo
Horizonte: Dei Rey, 201 6. p. 316-3 17.
Si
WOLKME R, An to nio C. Ideologia, .Estado e Direito. 2. ed. São Paulo : Revista dos
Tri bunais, 1995. p. 59
52
DAL RI JÚ NI OR , Arn o. " Hum a ni sm o La tino e C ultu ra Jurídi ca''. ln: PAVIANI,
Jayme; DAL RI JÚNI O R, Arn o (Org.) . Globalização e Hu manismo Latino. Po rto
Alegre: ED IP UC/RS - Cassa m arca, 2000. p. 133 - 134.
112 1 HISTÓRIA DO DIREITO -Anton io Carlos Wo/kmer
53
CHATELET, François; PISIER-KOUCHNER, Évelyne. As Concepções Política
s do
Século XX. História do pensam ento político. Rio de Janeiro: Zahar, 1983. p. 84.
54
Cf. KAPLAN, Marcos. Formación dei Estado Nacional en América Latina.
Buenos
Aires: Amorr ortu, 1983. p. 55.
55
Cf. WIAR DA, Howar d J. O Modelo Corporativo na América Latina e a
Latino-
-Americanização dos Estados Unidos. Petrópolis: Vozes, 1983. p. 17.
56
WIARDA, Howar d J. Op. cit., p. 17.
57
Idem.